Você está na página 1de 63

_______________________________________________________

CAMILA DE FÁTIMA REZENDE

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

DO SOLO DO CAMPO EXPERIMENTAL DE ENGENHARIA

GEOTÉCNICA

DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

__________________________________________________________

Londrina
2006
CAMILA DE FÁTIMA REZENDE

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

DO SOLO DO CAMPO EXPERIMENTAL DE ENGENHARIA

GEOTÉCNICA

DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial para a
obtenção do grau de engenheira civil.

Orientador: Prof. Dr. Carlos José Marques


da Costa Branco.
Londrina
2006
CAMILA DE FÁTIMA REZENDE

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

DO SOLO DO CAMPO EXPERIMENTAL DE ENGENHARIA

GEOTÉCNICA

DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial para a
obtenção do grau engenheira civil.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Carlos José Marques da Costa


Branco
Universidade Estadual de Londrina

Prof. Mestre Gustavo Garcia Galego

Campos

Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Sidnei Helder Cardoso Teixeira

Campos

Universidade Estadual de Londrina


Londrina, ____ de _____________ de 2006.

DEDICATÓRIA – A Deus, à minha


família e aos amigos que me
acompanharam e me apoiaram
durante os anos da graduação.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, inicialmente, aos meus pais pela paciência, amor e carinho sempre

demonstrados.

À Mariana pela amizade presente em todos os momentos.

Aos meus eternos amigos Priscila, Kelly e Eduardo, com quem dividi os trabalhos, as

angústias e os estudos nestes últimos anos; tendo a certeza de que a vida nos

proporcionará tantos outros bons momentos.

Agradeço também aos meus amigos Murilo, Cristiane e Inês, aos meus irmãos,

Daniela e Alexandre, e às minhas tias Agda e Sônia por estarem presentes na

minha vida.

Amo todos vocês!


REZENDE, Camila de Fátima. Determinação da Resistência ao Cisalhamento do

solo do campo geotécnico da Universidade Estadual de Londrina. Trabalho de

Conclusão do Curso de Engenharia Civil – Universidade Estadual de Londrina.

RESUMO

O presente trabalho trata da determinação da resistência ao cisalhamento do solo do


Campo Experimental de Engenharia Geotecnica da Universidade Estadual de
Londrina. Os ensaios foram executados em corpos de prova talhados a partir de
quatro blocos de amostras indeformadas coletados entre as profundidades de 1 e 11
m. Os ensaios foram do tipo CD, drenados ao ar e com baixa velocidade de
aplicação da tensão normal.

Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento do solo; ensaios drenados ao ar CD.

REZENDE, Camila de Fátima. Determinación de la Resisténcia al Corte del suelo

del campo geotecnico de la Universidad Estadual de Londrina. Trabajo de

conclusión del corso de Enginiaria Civil - Univerdidad Estadual de Londrina .


RESUMEN

Este trabajo trata de la determinación de la resisténcia del suelo del Campo


Experimental de la Universidad Estadual de Londrina. Los ensayos fueran
ejecutados em cuerpos de prueba moldados a partir de cuatro bloques de muestras
indeformadas colectadas entre las profundidades de 1 a 11 metros. Los ensayos
fueran del tipo CD, drenado al aire com baja velocidad de la aplicación de la tensión
normal.

Palavras clave: Resistencia del suelo; ensayos drenados al aire CD.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Forma simplificada do deslizamento por atrito....................................................................07

Figura 2 – CEEG...................................................................................................................................14

Figura 3 – Etapas de extração de amostras indeformadas..................................................................17

Figura 4 – Modelo do Equipamento Triaxial.........................................................................................21

Figura 5 – Equipamento de compressão triaxial...................................................................................22

Figura 6a – Moldagem de corpo de prova ...........................................................................................22

Figura 6b – Moldagem de corpo de prova............................................................................................23

Figura 6c – Moldagem de corpo de prova............................................................................................23

Figura 6d – Moldagem de corpo de prova............................................................................................24

Figura 7 – Pesagem do corpo de prova................................................................................................24

Figura 8 – Medição da altura do corpo de prova..................................................................................25

Figura 9 – Medição do diâmetro do corpo de prova.............................................................................25

Figura 10 – Posicionamento do corpo de prova na base da câmara entre os filtros e as pedras


porosas..................................................................................................................................................26

Figura 11 – Colocação da membrana de látex.....................................................................................26

Figura 12 – Corpo de prova montado com os anéis de vedação.........................................................27

Figura 13 – Lubrificação do encaixe da câmara...................................................................................27

Figura 14 – Fechamento da câmara.....................................................................................................28

Figura 15 – enchimento da câmara com água.....................................................................................28

Figura 16 – Acoplagem do eliminador de atrito....................................................................................29

Figura 17 – Regulagem do manômetro................................................................................................29

Figura 18 – Visualização geral da câmara............................................................................................30

Gráfico 1 – Tensão de Pré-adensamento x Profundidade...................................................................32


Gráfico 2 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 1m...............................................................33
Gráfico 3 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 1m..........................................................................34
Gráfico 4 – Envoltória de Tensões – profundidade 1 m.......................................................................34
Gráfico 5 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 5m...............................................................36
Gráfico 6 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 5m..........................................................................36
Gráfico 7 – Envoltória de Tensões – profundidade 5m........................................................................37
Gráfico 8 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 8m...............................................................38
Gráfico 9 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 8m..........................................................................39
Gráfico 10 – Envoltória de Tensões – profundidade 8m......................................................................39
Gráfico 11 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 11m...........................................................41
Gráfico 12 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 11m......................................................................41
Gráfico 13 – Envoltória de Tensões – profundidade 11m....................................................................42
Gráfico 14 – c x Profundidade..............................................................................................................43
Gráfico 15 - φ x Profundidade...............................................................................................................43
Gráfico 16 – s x Profundidade..............................................................................................................44
Gráfico 17 – e x Profundidade..............................................................................................................44
Gráfico 18 – w x Profundidade.............................................................................................................45
Gráfico 19 – γ x Profundidade...............................................................................................................45
Gráficos 20,21,22 – Resultados do Ensaio CPT para os poços P 9 e P 14.........................................47

Gráficos 23, 24, 25 – Resultados do Ensaio DMT para os poços P 9 e P 14......................................47


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tensões de pré-adensamento............................................................................................31

Tabela 2 – Resultados 1 m...................................................................................................................33

Tabela 3 – Resultados 5 m..................................................................................................................35

Tabela 4 – Resultados 8 m...................................................................................................................38

Tabela 5 – Resultados 11 m.................................................................................................................40

Tabela 6 - Parâmetros determinados nos ensaios................................................................................42


Tabela 7 – Comportamento do solo .....................................................................................................46
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

CEEG Campo experimental de Engenharia Geotécnica


UEL Universidade Estadual de Londrina
σa Tensão de pré-adensamento
σ3 Tensão Confinante
φ Ângulo de atrito
C Intercepto de coesão
s Resistência ao cisalhamento
e Índice de vazios
w Teor de umidade
T Força cisalhante
N Força Normal
R Força resultante
V velocidade
γ peso específico
p’ Medida das tensões principais
q Semidiferença das tensões principais
NA Argila normalmente adensada
SA Argila sobre-adensada
L Índice de laterização Ignatius
CPT Cone Penetration Test – Ensaio do cone
DMT Dilatômetro de Marchetti
SPT Standard Penetration Test
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................01

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................02

2.1 SOLOS, ORIGEM E FORMAÇÃO.......................................................................02

2.2 SOLOS NÃO SATURADOS................................................................................03

2.3 SOLOS LATERÍTICOS........................................................................................04

2.4 SOLOS COLAPSÍVEIS........................................................................................05

2.5 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS...........................................05


2.5.1 Atrito.................................................................................................................06
2.5.2 Coesão..............................................................................................................08

2.6 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS.............08

2.7 TIPOS DE ENSAIOS PARA A DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO


CISALHAMENTO.......................................................................................................09

3. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................12

3.1 MATERIAIS - SOLO TÍPICO DO CAMPO EXPERIMENTAL DE ENGENHARIA


GEOTÉCNICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA...........................12

3.2 MÉTODOS...........................................................................................................15

3.2.1 Tipo de Ensaio Adotado.................................................................................15


3.2.2 Justificativa......................................................................................................15
3.2.3 Método do Ensaio............................................................................................16
4. RESULTADOS E ANÁLISE .............................................................31

4.1 PROFUDIDADE 1 m............................................................................................32

4.2 PROFUDIDADE 5 m............................................................................................35

4.3 PROFUDIDADE 8 m............................................................................................37


4.4 PROFUDIDADE 11 m..........................................................................................40

4.5 ANÁLISE GERAL................................................................................................42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................52

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................53
1

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a cidade de Londrina tem experimentado um


grande desenvolvimento que é refletido também na construção civil, este fato pode
ser notado através de edifícios cada vez mais altos, escavações mais profundas e
aterros de maior porte, o que tornou os problemas igualmente complexos.

Porém os dados de parâmetros de resistência que se tem são os


mesmos de duas décadas atrás, os quais são insuficientes para tais complexidades.
Assim, as soluções acabam apresentando custos maiores.

O presente trabalho busca a melhoria do conhecimento dos


parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo da região, através do que deverá
ser possível atingirem-se soluções mais racionais e econômicas na elaboração de
projetos geotécnicos, com reflexos positivos e diretos na área da construção civil.

No desenvolvimento deste trabalho, foram executados ensaios


laboratoriais de determinação da resistência ao cisalhamento em amostras
indeformadas coletadas no Campo Experimental de Engenharia Geotécnica (CEEG),
da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O local foi escolhido por apresentar um
perfil geotécnico considerado representativo da região.
2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente estudo tem como objetivo determinar os parâmetros de


resistência do solo do CEEG o qual, possui camada superficial, formada por argila
residual de basalto, porosa, laterizada, colapsível (TEIXEIRA et al, 2003 ). Para se
entender melhor sobre os termos citados, a seguir serão descritos alguns conceitos.

2.1 Solos, Origem e Formação

Solo é um material resultante de processos físicos e químicos, que,


quando em seu estado natural, é composto por partes sólidas, líquidas e gasosas
(PINTO, 2002).

Todo solo se origina de rochas que constituíam a crosta terrestre, e


todos são formados pela decomposição desta. A decomposição é decorrente de
intemperismo físico-químico e origina, a princípio, solos residuais.

Entretanto, os solos também estão sujeitos a agentes da natureza,


como chuva e vento, que transportam materiais de outras formações residuais, que,
se depositam em um local diferente, originando um novo tipo de solo, nas camadas
superficiais (MIGUEL et al, 1999; PINTO, 2002).

O solo pode ser chamado de residual, transportado e orgânico,


devido às suas formações (MIGUEL e TEIXEIRA, 1999).

• Residual: é aquele que permanece sobre a rocha de origem.


Apresentam uma grande heterogeneidade nos tamanhos das
partículas, pois a decomposição dos materiais não é uniforme;

• Transportado: é formado sobre a rocha matriz e removido por


agentes transportadores. Estes apresentam uma maior uniformidade
no tamanho das partículas, pois, os meios de transporte acabam
3

promovendo uma seleção granulométrica natural, que está relacionada


a força do agente transportador sobre a massa das partículas;

• Orgânico: é aquele formado pela mistura de organismos com


sedimentos já existentes.

2.2 Solos não saturados

Solo não saturado é aquele que possui seus vazios preenchidos por
água e ar; comum em regiões áridas, semi-áridas e tropicais. Há alguns anos o
estudo deste tipo de solo vem crescendo, pois os conceitos e modelos utilizados na
mecânica dos solos eram baseados em solos secos ou saturados, o que não retrata
a situação das regiões citadas (TEIXEIRA, 1994).

Conhecer o estado real em que o solo se apresenta é importante,


pois é possível prever o comportamento de alguns solos diante das variações do
teor de umidade, que podem promover variações de volume, expansão e/ou colapso
e interfirir na resistência ao cisalhamento do solo, ou seja, é importante em termos
técnicos da mecânica dos solos, e também em termos de economia e segurança
(TEIXEIRA, 1994).

Como o material em estudo é uma argila não saturada, vale


considerar que qualquer carregamento provoca uma compressão no ar, a qual é
igual à compressão na estrutura sólida do solo. O que significa que a força aplicada
é suportada pelo solo, dessa forma há um aumento da tensão efetiva (PINTO, 2002).

Nos vazios, o ar é encontrado com pressão diferente da tensão da


água. Devido a esta diferença (superior no ar), um desequilíbrio de forças atrativas é
provocado, o qual faz com que as moléculas de água da superfície de contato
tendam para interior do meio líquido, o que causa contração na interface,
manifestando assim forças superficiais. Essa diferença de pressão entre ar e água é
chamada de pressão de sucção (PINTO, 2002).
4

Os volumes ocupados pelo ar e pela água nos solos não saturados


podem se dar nos seguintes arranjos (PINTO, 2002):

• Bolhas de ar envolvidas por água e por partículas sólidas, que


não se comunicam (este fenômeno ocorre quando há um alto grau
de saturação – cerca de 85% a 90%);

• Ar todo intercomunicado, assim como a água, formando canais


que se entrelaçam;

• Ar todo interconectado e a água concentrada nos contatos entre


partículas (este fato ocorre quando o grau de saturação é muito
baixo).

Nestes dois últimos itens citados o solo está sujeito à pressão


atmosférica e à pressão neutra que, neste caso, é negativa, devido aos efeitos de
capilaridade. Essa pressão neutra negativa aumenta a tensão efetiva no solo.

2.3 Solos Lateríticos

Os solos lateríticos são solos típicos da evolução em climas quentes


e úmidos e invernos secos, encontrados principalmente nas regiões tropicais (entre
paralelos 30º Norte e 30º Sul). Geralmente possui fração de argila constituída
predominantemente por minerais cauliníticos e elevada concentração de ferro e
alumínio na forma de óxidos e hidróxidos, o que caracteriza a coloração
avermelhada deste tipo de solo. Estes óxidos e hidróxidos são encontrados
recobrindo agregações de partículas argilosas (MELFI, 1997).

O Brasil é um país de dimensões continentais que possui,


aproximadamente, 60% do seu solo de formação laterítica, com cobertura
heterogênea. São encontrados vários tipos de materiais lateríticos e podem ser
vistos diferentes traços regionais, tais como os demonstrados por Melfi (1997):

• Norte (Amazônia): a cobertura laterítica é constituída por


goethita e gibbsita, às vezes hematita subordinada;
5

• Nordeste: tem como característica predominante a geothita na


fase ferrífera;

• Região Central: encontram-se três oxihidróxidos metálicos:


goethita, hematita e gibbsita;

• Sul: as formações lateríticas são formadas sobre rochas


vulcânicas, como na bacia do Paraná, onde o material que origina o
principal constituinte ferrífero é a hematita.

Encontrados na natureza na forma não-saturada, apresentam


elevados índices de vazios, por isso possuem pequena capacidade de suporte. No
entanto, quando compactado, sua capacidade de suporte aumenta, tornando-o mais
resistente. Apresenta baixa expansão na presença de água, sendo, por isso muito,
utilizado em pavimentação e aterros (MELFI, 1994).

2.4 Solos Colapsíveis

Solos colapsíveis são solos não saturados que podem apresentar


uma considerável e rápida redução volumétrica quando submetidos a um aumento
de umidade sem que varie a tensão total a que estejam submetidos (PINTO, 2002).

O colapso se dá devido ao aumento do raio dos meniscos capilares,


responsáveis pela tensão de sucção, e/ou por reduzir o grau de cimentação
provocado por sais que mantém os agregados às partículas. Este fenômeno diminui
a resistência destes solos, pois o aumento do teor de umidade é um dos parâmetros
que se reflete na resistência.

2.5 Resistência ao Cisalhamento dos Solos


6

Resistência ao cisalhamento do solo, ou simplesmente resistência


do solo, é de fundamental importância na engenharia geotécnica. As propriedades
de engenharia dos solos são: a resistência, a permeabilidade e a compressibilidade;
e formam o suporte básico para a resolução de problemas práticos de engenharia de
solos (BUENO E VILAR, 2004). Dentre esses problemas destacam-se a estabilidade
de taludes, a capacidade de carga de fundações e os empuxos de terra.

Estes problemas são geralmente analisados empregando os


conceitos de equilíbrio limite, o qual leva em consideração a ruptura (as tensões
atuantes se igualam à resistência do solo, sem considerar deformações que surgem
com estas tensões).

A resistência ao cisalhamento do solo pode ser definida como a


máxima tensão que um solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tensão de
cisalhamento do solo no plano em que a ruptura estiver ocorrendo (PINTO, 2002).

A caracterização da resistência ao cisalhamento é feita, comumente,


pelo critério da envoltória de Mohr-Coulomb, definido por uma reta cujo ângulo de
inclinação representa o ângulo de atrito interno do solo e o intercepto de coesão
(BUENO E VILAR , 2004).

De forma geral, é correto afirmar que a resistência dos solos é


proporcionada por causas físicas, como atrito e coesão, as quais variam para um
mesmo solo. Para melhor entender o que passa no processo da resistência do solo
devem ser analisados esses fatores físicos (PINTO, 2002; BUENO; VILAR, 2004).

2.5.1 Atrito

A resistência por atrito pode ser demonstrada de forma simplificada


por analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície.
Sendo N a força vertical transmitida pelo corpo (conhecida como força normal), T a
força tangencial necessária para fazer o corpo deslizar, esta deverá ser maior que a
7

força N multiplicada por um coeficiente de atrito entre os dois materiais (PINTO,


2002) conforme a Figura 1.

Figura 1 – Forma simplificada do deslizamento por atrito


Sendo: f = φ
Segundo as considerações de Terzaghi (apud Pinto, 2002), pela
teoria adesiva do atrito, conclui-se que a parcela de resistência por atrito depende da
força normal, pois aumentando esta, aumenta-se a área real de contato (por causa
da plastificação que ocorre no contato entre as partículas).

O fenômeno de atrito nos solos se diferencia do atrito entre dois


corpos, pois o deslocamento se dá envolvendo muitos grãos, os quais deslizam ou
rolam entre si, e se acomodam em vazios que encontram no percurso (PINTO, 2002,
BUENO E VILAR, 2004).

Há também diferença entre as forças transmitidas nos contatos dos


grãos de areia e os de argila. Nos primeiros, as força transmitidas são suficientes
para expulsar a água da superfície e os contatos ocorrem entre os minerais. Como
no caso das argilas, é maior o número de partículas a força entre contatos também é
menor, sendo assim, as forças de contato não são capazes de remover as
partículas, pois estas estão envolvidas por moléculas de água quimicamente
adsorvidas, que são as responsáveis pela transmissão das forças (PINTO, 2002).
8

2.5.2 Coesão

É chamada coesão, a atração química existente entre as partículas


que provoca uma resistência independente da tensão normal atuante no plano.

Em solos sedimentares esta coesão é pequena, entretanto em solos


cimentados, aqueles que apresentam partículas cimentícias que são proporcionadas
por carbonatos, sílicas, óxidos de ferro, entre outros, essa parcela de coesão é
bastante significativa (PINTO, 2002).

Existem duas parcelas de coesão, a real e a aparente, que devem


ser bem diferenciadas entre si. A coesão aparente é na realidade atrito, e a tensão
normal que a determina só aparecem em solos não saturados, onde há a tensão
entre as partículas (a tensão capilar). Quando o solo passa por um aumento do grau
de saturação, ela diminui, por isso é denominada coesão aparente.

Já a coesão real, que é o fenômeno de ligação química, é a parcela


de resistência que existe no solo, independente de quaisquer tensões aplicadas e
que se mantém mesmo que estas sejam retiradas (PINTO, 2002).

2.6 Resistência ao cisalhamento de solo não saturado

Nos solos a resistência é caracterizada pela tensão efetiva e, se o


solo for de granulação fina e não saturado, a existência de tensões capilares,
provoca atração interpartículas, que aumentam as tensões efetivas e,
conseqüentemente, a resistência.

No entanto, é mais difícil utilizar conceitos do princípio das tensões


efetivas na determinação de resistência de solos não saturados, devido à
complexidade dos fluidos que preenchem os vazios deste solo (água + ar).
9

Os comportamentos dos solos não saturados submetidos a alguns


tipos de ensaios são descritos logo abaixo:

a. Ensaios drenados, tipo CD: com drenagem plena do ar e da


água, se esperam resistências semelhantes às obtidas em ensaios
para solos saturados ou não saturados – porque na condição
drenada tem-se pressão neutra (µ) igual a zero;

b. Ensaios drenados, tipo UU: ocorre uma redução volumétrica


com a aplicação da tensão confinante, devido a alta
compressibilidade do ar. Há um ganho de resistência que depende
do grau de saturação inicial, que cessa quando todo ar é dissolvido
na água intersticial. O corpo de prova tende a saturar-se por efeitos
crescentes das tensões confinantes e a envoltória de tensões totais
é curva, porém aproxima-se a uma reta média;

c. Ensaios adensados rápidos, tipo CU: o comportamento pode


ser semelhante ao descrito acima, desde que na fase de
cisalhamento ocorram variações volumétricas devidas a compressão
do ar que ainda seja encontrado nos vazios.

2.7 Tipos de ensaios para a determinação da resistência ao cisalhamento

Para retratar adequadamente a resistência do solo de forma mais fiel


às condições de campo podem-se adotar os seguintes ensaios, que são processos
laboratoriais usados para a determinação de parâmetros de coesão (c) e ângulo de
atrito (φ) :

a. Ensaio de compressão triaxial: os principais tipos para a


determinação da resistência do solo, são as seguintes:

a.1. Ensaio triaxial não drenado, ou ensaio rápido (UU) – este não
permite a dissipação de pressão neutra durante a aplicação das
tensões confinantes (σ3) e nem durante o cisalhamento do corpo de
10

prova. Nesse ensaio é possível medir a pressão neutra


desenvolvida;

a.2. Ensaio adensado-rápido ou pré-adensado (CU) – é permitido a


dissipação da pressão neutra que a tensão confinante origina no
corpo de prova. Durante a ruptura a dissipação da pressão neutra é
impedida, mas é possível medi-la durante o ensaio;

a.3. Ensaio lento ou drenado (CD) – permite a dissipação da pressão


neutra em todas as fases do ensaio (aplicação da tensão confinante
e na ruptura);

b. Ensaio de compressão simples: corresponde ao ensaio triaxial


rápido, em termos de dissipação da pressão neutra, na condição
tensões confinantes igual à pressão atmosférica (σ3=0).

c. Ensaio de cisalhamento direto: promove o deslizamento de uma


metade do corpo de prova do solo em relação à outra, determinando
para cada tensão normal (σ) o valor do esforço cortante (τ)
necessário para causar ruptura. O ensaio se dá mantendo-se
constante a tensão normal, e há três modalidades deste ensaio:

c.1. Ensaio de cisalhamento direto rápido – ocorre a aplicação da


tenção cisalhante e imediatamente após a aplicação da tensão
normal, que provavelmente irá aumentar até a ruptura;

c.2. Ensaio de cisalhamento direto adensado rápido – aplica-se a


tensão normal até a estabilização das deformações verticais, esta
tensão que será mantida sobre o corpo de prova, após a
estabilização é aplicada a cisalhante que será crescente até a
ruptura;

c.3. Ensaio de cisalhamento direto lento – é aplicado a tensão


normal, e após o adensamento da amostra aplica-se a tensão
cortante gradativamente até a ruptura do corpo de prova. A
velocidade de aplicação da cortante e/ou a velocidade de
11

deformação do corpo de prova deverá ser mínima de ordem de


10-4mm/min.
12

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais - Solo típico do Campo Experimental de Engenharia Geotécnica

da Universidade Estadual de Londrina

O Campo Experimental de Engenharia Geotécnica (CEEG) da


Universidade Estadual de Londrina foi fundado em 1998, possui área de 2900 m2 e é
utilizado como campo de experimentos geotécnico com a finalidade de promover o
conhecimento geólogico-geotécnico do solo de Londrina e região, para sua melhor
utilização e emprego.

A cidade de Londrina está situada na região norte do estado do


Paraná, sul do Brasil, a 220 km leste do Rio Paraná. O relevo da região é ondulado
suave e o substrato rochoso é basalto proveniente dos derrames, sem cobertura de
rocha sedimentar, esse local se caracteriza por apresentar clima quente e úmido no
verão e inverno frio e seco, clima típico de regiões tropicais. Tais condições causam
intemperismo intenso no substrato do solo que atuam até grandes profundidades
formando camadas espessas de solo.

Segundo Branco et al. (apud, TEIXEIRA, 2003), o solo superficial da


região de Londrina é composto por uma argila siltosa porosa de coloração vermelha
escura, com consistência variável de mole a média. Este solo apresenta um baixo
grau de saturação (cerca de 50%) e elevada porosidade (aproximadamente 60%),
alta massa específica dos sólidos (em torno de 2,95 e 3,26 g/cm3), características
estas que lhe confere características de solo colapsível e laterizado.

Segundo Miguel et al (2002), abaixo da camada superficial há na


seqüência uma camada de argila siltosa, de consistência média a rija, muitas vezes
existe presença do nível d´água a mais ou menos 15 m de profundidade, e também
rocha composta de silte argiloso ou arenoso duro ou muito compacto. Estas
camadas profundas são utilizadas como apoio para fundações de edifícios altos,
13

apesar do pouco conhecimento do comportamento delas, pois as informações que


se tem são na maioria das vezes do ensaio de campo Standard Penetration Test
(SPT). Em alguns lugares da cidade encontra-se camada de matacões, conhecidos
na região com pedra-bola, intercalada com a camada superficial e a camada de solo
residual. A camada de matacões gera problemas de ordem construtiva na execução
de fundações, escavações e contenções.

A seguir Croqui do CEEG: Figura 2 – CEEG


14
15

3.2 Métodos

3.2.1 Tipo de Ensaio Adotado

Para este estudo foi escolhido o ensaio a compressão triaxial


drenado ao ar (CD), durante a fase de adensamento e de cisalhamento, pois devido
às condições de campo achou-se que este método laboratorial é o que melhor se
adequa a ela.

Neste ensaio há drenagem permanente do corpo de prova. Uma


tensão confinante (σ3) é aplicada sob velocidade baixa (v=1,19 x 10-1 mm/min), com
o intuito de atingir as condições de drenagem através da deformação do corpo de
prova.

Essa tensão axial é aplicada até a ruptura. Assim a pressão neutra


durante o carregamento permanece praticamente nula e as tensões efetivas
medidas são as tensões totais (STANCATI et al, 1981).

Este ensaio é chamado de drenado ou adensado drenado, e


representado pelos símbolos CD (Consolidated Drained).

3.2.2 Justificativa

Diante das dificuldades para a determinação dos parâmetros de


resistência de solos não saturados e das limitações do laboratório de geotecnia da
UEL, foi escolhido o ensaio drenado (CD), porque não há equipamentos adequados
que tornasse possível a realização de ensaio com sucção controlada.
16

3.2.3 Método do Ensaio

Para a realização do ensaio citado acima primeiro retiraram-se


amostras indeformadas do solo do CEEG, pois estas são representativas do solo
quanto à estrutura, umidade, constituição mineralógica, massa específica, entre
outras características. No caso as amostras foram retiradas ao longo da escavação
do poço P14.

A coleta dessas amostras pode ser feita através de amostradores


especiais (NOGUEIRA, 1977 apud STANCATI et al, 1981 1977), por retiradas em
bloco ao longo da escavação do poço, ou no talude de um corte. A aparelhagem
utilizada e o procedimento utilizado na retirada das amostras foram as seguintes,
segundo Stancati (1981):

1. Equipamentos:

• Moldes para retirada de amostras indeformadas;

• Pá, enxada, faca, espátulas;

• Fogareiro a gás;

• Parafina;

• Estopa ou talagarças;

• Etiquetas.

2. Procedimento:

• O poço foi aberto até aproximadamente 10 cm acima da cota de


onde vai se retirar o bloco;

• O encarregado por retirar a amostra alisa a superfície do solo,


deixando-o aproximadamente 3 cm acima da cota zero;

• O molde foi colocado com a ponta voltada para o solo;

• O operador cortou o solo exterior ao molde e pressioná-lo ao


mesmo tempo para que penetre no solo;
17

• Quando a parede do molde ficou no fundo do poço, colocou-se


parafina no topo do bloco e na face superior;

• A separação do bloco do restante do solo é feita cortando-se


horizontalmente por baixo, até que possa ser retirado ou tombado;

• Alisou-se a face inferior do bloco colocou-se parafina e em


seguida sua tampa interior;

• Retirou-se o molde, e as faces laterais foram parafinadas com


uma camada de aproximadamente 5 cm de espessura, envolta por
estopa e parafinada novamente por uma camada de 5 cm. Dessa
maneira preparada, a amostra foi estocada sem perder umidade
(Stancati et al, 1981 apud Nogueira, 1977).

A seguir, a Figura 2 mostra as etapas de retirada de amostras


indeformadas.

Figura 3 – Etapas de extração de amostras indeformadas.


Fonte: Stancati et al, 1981

Após as amostras coletadas, estas foram levadas ao laboratório de


Geotecnia da UEL, e então selecionadas quatro nas seguintes profundidades: 1 m,
18

5 m, 8 m e 11 m para a realização do ensaio de compressão triaxial na modalidade


ensaio drenado (CD), o qual será descrito a seguir os equipamentos e
procedimentos necessários para sua realização:

1. Equipamentos:

• Prensa de compressão triaxial;

• Câmara triaxial;

• Painel de medidas;

• Balança com capacidade de 1000 g e precisão 0,01g;

• Talhador a berço ou cilindro;

• Estufa;

• Facas, cápsulas de alumínio, paquímetro;

2. Procedimento:

2.1 Preparo do corpo de prova:

• Retirou-se de um bloco de solo uma amostra prismática com


altura e lados da base suficientes para talhagem de um corpo de
prova cilíndrico com altura aproximadamente igual a 2,5 a 3 vezes o
diâmetro;

• A amostra indeformada retirada do bloco teve as estratificações


orientadas na mesma direção no campo e na câmara;

• Colocou-se a amostra indeformada no berço e acertar as seções


transversais de topo e base, até que as faces estivessem paralelas e
planas;

• Transferiu-se a amostra do berço para o talhador sem esquecer


as orientações de topo e base, cortaram-se as pontas do prisma até
que se obtivesse um cilindro;

• Recolheram-se as raspas do material cortado e colocou-as em


cápsulas metálicas para determinação de umidade;
19

• Mediu-se o diâmetro do corpo de prova no mínimo em três locais


(base, centro e topo) e a altura também em três determinações;

• Pesou-se o corpo de prova.

2.2 Execução do ensaio:

• Verificou-se se todas as torneiras do painel estão fechadas;

• Abriram-se as torneiras para a entrada de água ;

• Regulou-se o manômetro do painel para aplicação da tensão


confinante σ3;

• Colocou-se o corpo de prova na base da câmara triaxial;

• Colocou-se a membrana de látex envolvendo o corpo de prova,


tomando cuidado de prendê-la com anéis de borracha na base de
apoio da câmara e no cabeçote de lucite;

• Colocou-se a face superior da câmara fixando-a bem;

• Conectou-se a tubulação do painel à câmara;

• Encheu-se a câmara de água;

• Após a câmara cheia de água se fechou as torneira;

• Lubrificou-se o encaixe guia do pistão na câmara e colocou-se o


pistão;

• Abrir a torneira para retirada do ar que estivesse dentro da


câmara;

• Ajustou-se a câmara na prensa triaxial;

• Ajustou-se o extensômetro para aplicação de acréscimos de


tensões através do pistão;

• Ligou-se a prensa para aplicação de acréscimo de tensões (σ1 -


σ3) através do pistão;

• Fizeram-se leituras da deformação do corpo de prova e do


dinamômetro que aplicou a força a intervalos regulares;
20

• Levaram-se as leituras até que o extensômetro da mola


indicasse a distensão da mesma, ou seja, a ruptura do corpo de
prova;

• Retirou-se a tensão confinante do sistema;

• Fecharam-se todas as torneiras do painel, desligaram-se as


conexões, retirou-se a câmara da prensa;

• Tirou-se a água da prensa, retirou-se o corpo de prova e em


seguida a membrana de látex;

• Passaram-se todos os dados coletados para a planilha


eletrônica e obteve-se a curva característica.
21

Figura 4 – Modelo do Equipamento Triaxial


Fonte: Stancati et al, 1981
22

Figura 5 – Equipamento de compressão triaxial

Seqüência de execução do ensaio.

Figura 6a – Moldagem de corpo de prova


23

Figura 6b – Moldagem de corpo de prova

Figura 6c – Moldagem de corpo de prova


24

Figura 6d – Moldagem de corpo de prova

Figura 7 – Pesagem do corpo de prova


25

Figura 8 – Medição da altura do corpo de prova

Figura 9 – Medição do diâmetro do corpo de prova


26

Figura 10 – Posicionamento do corpo de prova na base da câmara entre os filtros e as pedras

porosas

Figura 11 – Colocação da membrana de látex


27

Figura 12 – Corpo de prova montado com os anéis de vedação

Figura 13 – Lubrificação do encaixe da câmara


28

Figura 14 – Fechamento da câmara

Figura 15– enchimento da câmara com água


29

Figura 16 – Acoplagem do eliminador de atrito

Figura 17 – Regulagem do manômetro


30

Figura 18 – Visualização geral da câmara


31

4 RESULTADOS E ANÁLISE

As quatro profundidades de solo do poço P14 analisadas em


laboratório apresentaram comportamentos distintos entre si. Estas diferenças podem
ser notadas nos gráficos de envoltória de tensões, na variação da resistência e de
seus parâmetros (atrito e coesão) que cada uma apresentou e nas diferenças visual-
táteis, cor e texturas diferentes.

Para cada profundidade foi realizada ensaio de compressão triaxial


CD, com tensões confinantes de σ3 = 50 kPa, σ3 = 100 kPa e σ3 = 300 kPa. Todos
os ensaios foram executados com velocidade controlada e deformação máxima em
torno 20%.

A seguir, estão apresentadas a tabela das tensões de pré-


adensamento do solo e o gráfico que demonstra estas no teor de umidade de
campo, para mostrar uma eventual correlação do comportamento do solo, sob
diversas confinantes, com sua tensão de pré-adensamento.

Tabela 1 – Tensões de pré-adensamento (Teixeira et all,2003)

Amostra saturada Amostra na w campo


Prof. σv
σa Cc σa Cc
1m 14 kPa 46 kPa 0,66 61 kPa 0,68
2m 27 kPa 51 kPa 0,66 75 kPa 0,70
3m 41 kPa 78 kPa 0,56 80 kPa 0,20
4m 55 kPa 75 kPa 0,53 92 kPa 0,23
5m 69 kPa 90 kPa 0,56 110 kPa 0,48
6m 99 kPa 130 kPa 0,50 120 kPa 0,54
7m 105 kPa 150 kPa 0,37 210 kPa 0,40
8m - - - 188 kPa -
11 m - - - 249 kPa -
As tensões de pré-adensamento para as profundidades 8 e 11 metros são valores estimados com
base no gráfico 1.
32

300 kPa
y = 20,25x + 25,857

Tensão de pré-adensamento
R2 = 0,9056
250 kPa

200 kPa
σ

(kPa)
150 kPa
Linear (s)
100 kPa

50 kPa

0 kPa
0m 5m 10 m 15 m
profundidade (m)
Gráfico 1 – Tensão de Pré-adensamento x Profundidade

Com a realização dos ensaios foram determinados os seguintes


resultados.

4.1 Profundidade de 1 m

Esta profundidade trata de uma camada mais superficial do solo,


que apresentou, além de solo, materiais orgânicos, coloração marrom escura e teor
de umidade médio de w = 24,73 %.

Notou-se que o solo, para as confinantes maiores, apresentou


deformações menores, como pode ser visto no gráfico (σ1 – σ3) x (ε %), e, para uma
mesma deformação, uma variação volumétrica maior para as tensões confinantes
maiores.

Na envoltória de Mohr-Coulomb obteve-se um ângulo de atrito φ=34º


e intercepto de coesão c= 121 kPa.
33

Tabela 2 – Resultados 1 m

σ3 σ τ
tensões

50 kPa 137,6 kPa 201,4 kPa


100 kPa 272,4 kPa 324,3 kPa
300 kPa 565,5 kPa 499,3 kPa
c=121
φ, c φ=34°
kPa
1,39
γ, σv 1,39 kPa
kN/m³
s=121
s
kPa

sxσ
1400

1200
y = 0,6802x + 120,5
1000
R2 = 0,988
s (kPa)

800

600

400

200

0 σ (kPa)
0 500 1000 1500 2000 2500

50 kPa 100 kPa 300 kPa


envoltória Gráfico Linear (envoltória)

Gráfico 2 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 1m.


34

2500
σ 1 -σ 3 x ε (%)

2000

1500

σ 1 -σ 3
1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30
ε (%)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Gráfico 3 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 1m.

q x p'
1200

1000

800

600
q

400

200

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

50 kPa 100 kPa p'


300 kPa

Gráfico 4 – Envoltória de Tensões – profundidade 1 m


35

4.2 Profundidade de 5 m

Nesta profundidade, a camada de solo apresentou coloração


marrom avermelhada, textura fina e teor de umidade médio de w = 34,09 %.

Notou-se que o solo, para as confinantes maiores, apresentou


deformações menores, como pode ser visto no gráfico (σ1 – σ3)x(ε %) e, para uma
mesma deformação, uma variação volumétrica maior para as tensões confinantes
maiores. Para a máxima tensão confinante apresentou um pico de resistência, com
diminuição da resistência até a resistência residual.

Na envoltória de Mohr-Coulomb obteve-se um ângulo de atrito φ=48º


intercepto de coesão c= 46 kPa.

Tabela 3 – Resultados 5 m

σ3 σ τ
tensões

50 kPa 121,9 kPa 173,6 kPa


100 kPa 239,8 kPa 329,2 kPa
300 kPa 544,7 kPa 654,4 kPa
φ, c φ=48° c=46 kPa
1,16
γ, σv 5,78 kPa
kN/m³
s s=53 kPa
36

1400 sxσ
1200 y = 1,1231x + 46,411
R2 = 0,9976
1000

800

s (kPa)
600

400

200

0 σ (kPa)

0 500 1000 1500 2000 2500

50 kPa 100 kPa 300 kPa


envoltória Gráfico Linear (envoltória)

Gráfico 5 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 5m.

2500
σ 1 -σ 3 x ε (%)

2000

1500
σ 1 -σ 3

1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30
ε (%)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Gráfico 6 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 5m.


37

q x p'
1200

1000

800

600

q 400

200

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

50 kPa 100 kPap' 300 kPa

Gráfico 7 – Envoltória de Tensões – profundidade 5m.

4.3 Profundidade de 8 m

Esta profundidade tratou de uma camada mais profunda do solo, a


qual apresentou coloração marrom escuro e teor de umidade médio de w = 42,06 %.

Para tensões confinantes menores, apresentou deformações


maiores, como pode ser visto no gráfico (σ1 – σ3)x(ε %) e uma variação volumétrica
maior para uma mesma deformação.

Na envoltória de Mohr-Coulomb obteve-se um ângulo de atrito φ=42º


intercepto de coesão c= 35 kPa.
38

Tabela 4 – Resultados 8 m

σ3 σ τ
tensões

50 kPa 118,2 kPa 133,9 kPa


100 kPa 213,7 kPa 238,3 kPa
300 kPa 534,4 kPa 514,4 kPa
φ, c φ=42° c=35 kPa
1,52
γ, σv 12,18 kPa
kN/m³
s s=46 kPa

1400 sxσ
1200
y = 0,9007x + 35,433
1000 R2 = 0,9977

800
s (kPa)

600

400

200

0 σ (kPa)
0 500 1000 1500 2000 2500

50 kPa 100 kPa 300 kPa


envoltória Gráfico Linear (envoltória)

Gráfico 8 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 8m.


39

2500
σ 1 -σ 3 x ε (%)

2000

1500

σ 1 -σ 3
1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30
ε (%)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Gráfico 9 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 8m.

q x p'
1200

1000

800

600
q

400

200

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

50 kPa 100 kPa p'


300 kPa

Gráfico 10 – Envoltória de Tensões – profundidade 8m.


40

4.4 Profundidade de 11 m

Nesta profundidade a uma camada de solo, apresentou coloração


marrom escura, textura fina e teor de umidade médio de w = 56,8 %.

Notou-se que o solo para as confinantes menores ele apresentou


deformações maiores, como pode ser visto no gráfico (σ1 – σ3)x(ε %) e, para uma
mesma deformação, uma variação volumétrica maior para as tensões confinantes
maiores. Ocorreu pico de resistência e diminuição da resistência até que atingisse
uma resistência residual.

Na envoltória de Mohr-Coulomb obteve-se um ângulo de atrito φ=


33º intercepto de coesão c= 205 kPa.

Tabela 5 – Resultados 11 m

σ3 σ τ
tensões

50 kPa 260,4 kPa 371,9 kPa


100 kPa

300 kPa 663,7 kPa 630,0 kPa


c=205
φ, c φ=33°
kPa
γ, σv 1,42 kN/m³ 15,62 kPa
s s=215 kPa
41

1400 sxσ
1200

1000 y = 0,64x + 205,25


R2 = 1
800

s (kPa)
600

400

200

0 σ (kPa)
0 500 1000 1500 2000 2500

50 kPa 100 kPa 300 kPa


envoltória Gráfico Linear (envoltória)

Gráfico 11 – Envoltória de Mohr Coulomb – profundidade 11.

2500
σ 1 -σ 3 x ε (%)

2000

1500
σ 1 -σ 3

1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30
ε (%)
50 kPa 100 kPa 300 kPa

Gráfico 12 – (σ1−σ3) x Deformação – profundidade 11m.


42

q x p'
1200

1000

800

600

q 400

200

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

50 kPa 100 kPa p'300 kPa

Gráfico 13 – Envoltória de Tensões – profundidade 11m.

4.5 Análise geral

A seguir serão apresentados e analisados os resultados obtidos nas


amostras ensaiadas.

Tabela 6 - Parâmetros determinados nos ensaios

PROFUNDIDADE s (kPa) C (kPa) φ w (%) γd (kN/m3) e


1m 112 102 36º 24,73 13,9 1,63
5m 110 33 49º 34,09 13,4 1,86
8m 146 36 42º 42,06 15,2 1,67
11 m 304 57 56º 56,80 14,2 2,15

Levando em consideração o atrito e a coesão, os dois parâmetros


que influenciam na resistência, constata-se que a coesão inicia-se com um valor alto
no primeiro metro, então este valor diminui no quinto metro, e aumentando
novamente no oitavo e no décimo primeiro metro (Gráfico 18).
43

120
y = -4,4384x + 84,74
y = -0,1607x3 + 4,8571x2 - 41,411x + 138,71
R2 = 0,3545

Intercepto de coesão (kPa)


2
100 R =1

80

60

40 Seqüência1

20 Linear
(Seqüência1)
0 Polinômio
0m 5m 10 m 15 m (Seqüência1)
Profundidade (m)
Gráfico 14 – c x Profundidade

O ângulo de atrito iniciou-se com um valor no primeiro metro e


apresentou um comportamento de aumento com o aumento da profundidade,
havendo um desvio no oitavo metro (Gráfico 19).

60º y = 1,6301x + 35,562


R2 = 0,6473
50º

40º Seqüência1

30º Linear
φ

y = 0,1964x 3 - 3,5476x 2 + 18,446x + (Seqüência1)


20º 20,905 Polinômio
R2 = 1 (Seqüência1)
10º


0m 5m 10 m 15 m
profundidade (m)

Gráfico 15 - φ x Profundidade

Este comportamento descrito acima, junto a outros que serão


descritos logo abaixo resultaram no aumento da resistência, conforme o aumento da
profundidade. Como pode ser observado no gráfico 20 e na tabela 6 que
correlacionam estes parâmetros com a profundidade.
44

350 y = 17,79x + 56,813


3 2
y = 0,4992x - 5,2032x + 15,244x + R2 = 0,68
300
101,46
250 R2 = 1
Seqüência1
200
s Linear
150 (Seqüência1)
100 Polinômio
(Seqüência1)
50

0
0m 5m 10 m 15 m
profundidade (m)
Gráfico 16 – s x Profundidade

Com o aumento da profundidade, também foram determinados


outros parâmetros, como: índice de vazios (e), teor de umidade (w) e peso
específico (γ), os quais obtiveram os seguintes comportamentos.

O índice de vazios e o teor de umidade aumentaram e o peso


específico apresentou uma tendência constante.

2,5
y = 0,0411x + 1,5704
2 R2 = 0,5488
Índice de Vazios

1,5
e
1 Linear (e)

0,5

0
0m 5m 10 m 15 m
Profundidade
Gráfico 17 – e x Profundidade
45

60,00 y = 3,1226x + 19,904


R2 = 0,9649
50,00

Teor de Umidade %
40,00
w%
30,00
Linear (w%)
20,00

10,00

0,00
0m 5m 10 m 15 m
profundidade (m)
Gráfico 18 – w x Profundidade

17 y = 0,0801x + 13,674
15 R2 = 0,1951
Peso específico (kN/m 3)

13

11
γ
9
3 2
y = -0,0265x + 0,4773x - 2,1721x + 15,621 Linear (g)
7 Polinômio (g)
R2 = 1
5
3

1
0m 5m 10 m 15 m
profundidade (m)

Gráfico 19 – γ x Profundidade

A partir destas características descritas, pode-se dizer que o perfil


possui comportamento variável característico de argilas lateríticas.

Dependendo da tensão confinante que se aplicou nas amostras o


solo apresentou comportamento sobre-adensado ou de solo normalmente
adensado.

Como visto na tabela 1, observa-se que o solo estudado apresenta


tensões de pré-adensamento (σa) diferentes para cada profundidade, que foram
46

comparadas com as tensões confinantes (σ3) aplicadas nos ensaios de compressão


triaxial.

Quando a tensão confinante (σ3) aplicada foi menor que a tensão de


pré-adensamento, para a profundidade analisada, o solo estava sendo ensaiado em
condição de sobre-adensamento, e quando a tensão de confinamento (σ3) é maior
que a tensão de pré-adensamento, então estava sendo ensaiado em condição de
solo normalmente adensado.

O estudo mostrou que aplicando tensões confinantes diferentes para


todas as profundidades, obtiveram-se comportamentos variáveis em cada uma
dessas profundidades, como pode ser visto na tabela abaixo.

Tabela 7 – Comportamento do solo

Parâmetros m 1 5 8 11

Pré-adensamento (kPa) 61 110 188 249


Tensão confinante
(kPa) Comportamento
50 SA SA SA SA
100 NA SA SA SA
300 NA NA NA NA
N A = argila normalmente adensada S A = argila sobre-adensada

Este comportamento variável condiz com o que se espera deste


solo, uma argila siltosa colapsível laterítica, a qual se comporta como material
granular em campo, como foi constatado nos ensaios de CPTs (Gráficos 24, 25 e
26) e DMTs (Gráficos 27, 28 e 28) realizados no CEEG. As análises dos resultados
destes ensaios de campo identificaram este solo como sendo um silte, porém o
ensaio de granulometria prova tratar de uma argila siltosa. O fato de o solo se
comportar como granular se dá através de como estes grãos estão unidos.
47

qc (kPa) fs (kPa) FR (%)


0 5 10 15 0 100 200 300 400 500 0% 100% 200% 300% 400%
0 0 0

1 1 1
CPT9 CPT9 CPT9
2 2 2
CPT14 CPT14 CPT14
3 3 3

4 4 4

5 5 5

6 6 6

7 7 7

Prof. (m)
Prof. (m)

Prof. (m)
8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11

12 12 12

13 13 13

14 14 14

15 15 15

16 16 16

17 17 17

18 18 18

19 19 19

20 20 20

Gráficos 20,21,22 – Resultados do Ensaio CPT para os poços P 9 e P 14. Fonte: Teixeira et all, 2006
ED (kPa) KD ID
0 50 100 150 200 0 20 40 60 80 100 0 5 10 15 20 25
0 0 0

1 1 1
DMT9 DMT9 DMT9
2 2 2
DMT14 DMT14 DMT14
3 3 3

4 4 4

5 5 5

6 6 6

7 7 7
Prof. (m)

Prof. (m)

Prof. (m)

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11

12 12 12

13 13 13

14 14 14

15 15 15

16 16 16

17 17 17

18 18 18

19 19 19

20 20 20

Gráficos 23, 24, 25 – Resultados do Ensaio DMT para os poços P 9 e P 14.


Fonte: Teixeira et all, 2006
48

É importante relatar que algumas amostras mostraram


comportamento diferenciado, no tocante a deformação. As amostras relativas às
profundidades de 1 m e de 8 m apresentaram deformação excessiva sem que
houvesse um plano de ruptura visível, ou seja, apresentaram um comportamento
não frágil. Este fenômeno não ocorreu para as demais amostras (profundidades de 5
m e de 11 m), onde o comportamento detectado foi o frágil. Nessas, o solo
deformou-se até uma variação de tensão máxima e depois esta variação passou a
decrescer - este comportamento resultou na ruptura nítida do corpo de prova, com a
definição de um plano visível de ruptura.
49

5 CONCLUSÃO

Durante a execução destes ensaios foi possível confirmar a


heterogeneidade do solo quanto a características visuais e táteis, seu
comportamento diferenciado devido, provavelmente, à laterização e ao seu
comportamento quanto à resistência ao cisalhamento de cada camada.

A laterização deste solo foi confirmada por Decourt (2002), através


de ensaios na determinação do Índice de Laterização de Ignatius (L) obtido foi de
1,54, valor este maior que 0,3, o que caracteriza solo laterítico. O autor citado
também constatou que o solo é colapsível.

Concluiu-se que a resistência permanece constante até o quinto


metro e cresce com o aumento da profundidade, o que pode ser comprovado
também nos ensaios de CPT e DMT, provando que o solo se torna mais resistente
nas camadas mais profundas, porém podendo apresentar comportamento frágil.

Todos os resultados obtidos levam a salientar e a confirmar a


importância de estudos mais detalhados sobre este solo, para que melhor e mais
eficazes sejam os resultados dos futuros projetos de engenharia geotécnica que irão
refletir diretamente na construção civil.
50

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, Benedito de Souza; VILAR, Orencio Monge. Mecânica dos Solos. Vol. 2.
São Carlos: EESC – USP, 2004.

MELFI, Adolpho José. Lateritas e Processos de Laterização (Aula Inaugural de


1994). São Carlos: EESC – USP, 1997.

MIGUEL, Miriam Gonçalves; TEIXEIRA, Raquel Souza. Notas de Aula: Mecânica


dos Solos. Londrina: Disciplina 3CIV018 – Mecânica dos Solos – Universidade
Estadual de Londrina, 1999.

PADILHA, Ana Carolina Ciriaco; MIGUEL, Miriam Gonçalves; TEIXEIRA, Raquel


Souza. Curvas Características de Sucção do Solo Laterítico da Região de
Londrina/PR. In: REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA, jul./dez. 2004, v. 12,
Piracicaba. Piracicaba: UNIMEP, 2004, p. 63-74.

PINTO, Carlos de Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas. 2ª ed.
São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

RÖHM, Sérgio Antônio. Solos não saturados – Monografia Geotécnica no4. São
Carlos: EESC – USP, 1997.

STANCATI, Gene; NOGUEIRA, João Baptista; VILAR, Orencio Monge. Ensaios de


Laboratório em Mecânica dos Solos. São Carlos: EESC – USP, 1981.

TEIXEIRA, Raquel Souza. SGS-833: Seminários Gerais em Geotécnica. Tema:


Resistência ao Cisalhamento de um Solo Compactado Parcialmente Saturado.
Orient. Orencio Monge Vilar. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC), Universidade de São Paulo (USP), 1994.

TEIXEIRA, Raquel Souza; MIGUEL, M. G.; PINESE, José Paulo Peccinini; BRANCO,
Carlos José Marques da Costa: Caracterização geológico-geotécnica do Campo
Experimental de Engenharia Geotécnica Prof. Saburo Morimoto da Universidade
Estadual de Londrina. I Encontro Geotécnico do Terceiro Planalto Paranaense,
Maringá, PR, v. 1, n. 1, p. 165-182, 2003.

TEIXEIRA, Raquel Souza; LOPES, Fabiana Flore; BELINCANTA, Antonio; MIGUEL,


M. G.; BRANCO, Carlos José Marques da Costa: Comportamento colapsível da
camada de primeiro estrato da cidade de Londrina/PR. I Encontro Geotécnico do
Terceiro Planalto Paranaense, Maringá, PR, v. 1, p. 183-199, 2003.

Você também pode gostar