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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
1. Introdução
Kitapci et al. (2013) concluíram por meio de uma pesquisa realizada em supermercados da
Turquia, que a empatia, a tangibilidade, agilidade e confiabilidade são fatores que estão
positivamente relacionados com a satisfação do cliente, o que está diretamente relacionado
com sua fidelização.
2. Referencial teórico
Segundo Maldonado et al. (2009, p. 8) “a gestão dos serviços tem evoluído principalmente
nos últimos cinquenta anos, e a importância do setor de serviços nas economias do mundo
fazem com que esta tendência de crescimento acentue-se nos próximos anos.”
Ferreira (2014) mostra que, a partir de dados divulgados pelo IBGE, “a faixa ocupada pelos
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serviços subiu 4,6 pontos porcentuais, de 64,8% do PIB para 69,4% do PIB” comparados os
anos de 2003 e 2013.
Para Kotler (1998, p. 412) “serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte possa
oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulte na propriedade de nada.
Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico”. Já para Maglio et al. (2006)
as definições sobre serviço evoluíram e hoje é considerado um sistema de redes de criação de
valor formado por pessoas, tecnologias e processos. Desse modo é um sistema complexo,
interligado por fluxos de informação e conhecimento estando sujeito à quantidade e qualidade
das tecnologias, pessoas e organizações envolvidas em sua rede de criação. Segundo Johnston
e Clark (2010, p.30) serviço é a “combinação dos resultados e experiências proporcionadas ao
cliente e recebidos por ele. Assim, os clientes julgam a qualidade do serviço tanto pela
experiência quanto pelo resultado”.
Silveira (2013, p.48 - 49) afirma que esta ferramenta, “consiste numa representação visual dos
atores (clientes, funcionários da linha de frente e retaguarda) e das atividades existentes no
processo”.
Vinagre e Neves (2008) afirmam que entre as teorias de satisfação dos consumidores, alguns
pesquisadores, incluindo Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985), definem qualidade do
serviço como a lacuna entre as expectativas dos clientes e a real percepção do serviço.
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Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) propõem o modelo dos gap´s para identificar a
qualidade do serviço dada pela comparação entre a expectativa do cliente e a performance
atingida pelo cliente. De acordo com Grönroos (2004), para analisar fontes de falhas na
qualidade dos serviços e auxiliar os gerentes a compreender como podem melhorar a
qualidade dos serviços. Silva (1997) descreve o gap 5 como o afastamento entre as
expectativas do cliente antes do serviço prestado e a percepção dele quanto a este serviço,
depois de sua execução. Os demais gap’s para Silva (1997, p.2) são definidos da seguinte
forma:
Ao identificar as fontes de falhas, os gestores podem trabalhar com toda a equipe visando
reduzí-las, melhorando, assim, a qualidade do serviço prestado.
2.2 Logística
Para Carvalho e Maia (2010), a demanda por serviços logísticos passa por uma transformação
em que o mercado busca não só operações de transporte, mas procura por empresas que
agreguem valor por meio da melhoria da qualidade dos serviços, possibilidades de otimização
dos custos totais desses serviços, melhoria nos relacionamentos entre os elos da cadeia
logística, processos mais ágeis e simples e capacidade de inovação tecnológica.
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Marchesini (2012) destaca que é o objetivo do serviço logístico é entregar o produto certo e
em quantidade certa, dentro do prazo de entrega previamente combinado, na condição certa
(sem avarias), para o cliente correto, no local requisitado e a um custo aceitável.
Lee et al. (2011) destaca que o nível de serviços tem sido identificado como uma estratégia-
chave para aumentar o nível de satisfação do cliente e sua intenção de voltar ao
estabelecimento, que segundo Tam (2004); Ueltschy et al. (2007) e Lee et al. (2011) são
descritos como condições prévias para fidelização dos mesmos e uma fonte para aumentar a
rentabilidade da empresa. Para Alcântara (1997), o nível de serviço disponibilizado pode ser
um diferencial competitivo, e fatores como maior disponibilidade em estoque, transporte
especial, processamento rápido de pedidos e menor perda ou dano de transporte, influenciam
positivamente os clientes e, consequentemente, as vendas.
Shapiro, Rangan e Sviokla (1992) afirmam que por meio do acompanhamento do ciclo do
pedido passo a passo, pode-se melhorar o serviço oferecido e identificar onde a empresa
satisfaz, ou não, seu consumidor.
São várias as formas de dividir em componentes o ciclo de pedido. Algumas são mais
detalhadas e outras menos, sendo que, de acordo com a empresa estudada, determina-se a
divisão mais adequada para o contexto. No presente trabalho será utilizada a proposta de
Ballou (2004) apresentada na Figura 1.
Para Ballou (2004, p.97) “o ciclo do pedido abrange todos os eventos mensuráveis em tempo
do prazo total para a entrega de uma encomenda.” A Figura 1, ilustra as etapas do ciclo
segundo o autor.
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Dessa forma, segundo Ballou (2004), o ciclo do pedido tem quatro etapas principais:
transmissão do pedido, processamento e montagem do pedido, aquisição de estoque adicional
e entrega.
3. Metodologia de pesquisa
O desenvolvimento deste trabalho foi dividido em dois momentos. Na primeira parte utilizou-
se de abordagem qualitativa, tendo o estudo de caso como procedimento de pesquisa. O
objetivo foi conhecer a fundo o serviço de entrega realizado pela empresa, seus
procedimentos e as falhas que podem apresentar em função da não conformidade dos
objetivos logísticos, assim como suas causas. Utilizou-se para análise a ferramenta blueprint.
A coleta de dados da pesquisa se deu a partir de observações diretas, visitas in loco e
entrevistas semiestruturadas.
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descritiva. O objetivo do survey foi conhecer a configuração das falhas no serviço de entrega
durante um período determinado de tempo, de modo a validar a análise qualitativa realizada.
4. Caso prático
Para atender aos casos supracitados, a empresa tem como recursos próprios 4 caminhões baú,
1 sprinter e 1 fiorino. O departamento de entrega possui 14 funcionários: 6 motoristas, 6
ajudantes e 2 responsáveis pelo departamento.
Os dois tipos de entrega realizados pela empresa (entrega a partir de compra presencial e
entrega solicitada a partir de pedidos via telefone, fax ou email) são oferecidos gratuitamente
aos clientes do supermercado que realizam compras a partir de R$50,00.
Após mapear os processos de entrega com o auxílio da ferramenta blueprint, foi possível
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A fim de validar essa análise qualitativa de falhas, foi realizado um survey, um diagnóstico
quantitativo. O questionário base para esta pesquisa possui quatro questões que visam saber
qual tipo de entrega, o bairro e a rota a que pertence o pedido, a etapa do ciclo do pedido em
que ocorreu a falha, qual foi ela e os detalhes da mesma para que fosse conhecida sua causa.
A respeito das rotas, o que foi possível perceber é que os bairros não influenciaram
diretamente na incidência das falhas coletadas no referido período. Para todas as falhas
identificadas, as causas foram erros internos à empresa, por nada influenciados pela rota de
entrega.
No survey foram identificadas sete causas para as falhas que aconteceram no período da
pesquisa, que estão descritas na Tabela 1.
INCIDÊN-
TIPOS DE FALHAS
CAUSAS CIA DAS
ASSOCIADAS ÀS CAUSAS
CAUSAS
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A maior parte das causas de falhas está associada a atividades relacionadas ao preenchimento
adequado da ordem de entrega, correto condicionamento dos produtos nas caixas usadas para
a entrega e colocação ordenada das caixas dentro do departamento da entrega, todas previstas
no projeto para execução do serviço. As falhas acontecem, portanto, porque essas atividades
não são executadas corretamente. Existe assim uma lacuna entre a especificação do serviço e
o serviço de fato prestado (gap 3).
Essa percepção é importante para que a proposição de melhorias possa abranger ações
visando reduzir a incidência desse gap, com o propósito de aprimorar a qualidade do serviço
de entrega.
Cabe ressaltar, que foram propostas ações que condizem com as recomendações de Gianesi e
Corrêa (2009) para prevenir e tratar as falhas ocasionadas pelo gap 3, relacionado às causas
de falhas encontradas no serviço. Essas visam adequar o processo de desenvolvimento do
serviço às expectativas dos clientes, complementar o treinamento de funcionários e criar
medidas que auxiliem na avaliação de desempenho do serviço. O Quadro 2 apresenta um
resumo das propostas de melhorias e os benefícios que cada uma pode proporcionar.
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5. Resultados e conclusões
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Durante a análise das falhas e das causas, foi possível perceber que das 21 falhas ocorridas, 9
foram „entregar fora do prazo requisitado (com atrasos)‟. Dessas 9 falhas, 8 aconteceram
devido a erros solucionados antes de o veículo sair da empresa para realizar as entregas. Estes
erros fizeram com que o tempo gasto para identificá-los e resolvê-los, atrasasse o
carregamento do veículo. Isso mostra que mesmo que alguns erros sejam resolvidos na
retaguarda, mais precisamente nos processos de apoio, ainda assim o serviço apresenta falhas
visíveis aos clientes.
Uma limitação da pesquisa foi quanto ao número de falhas analisadas. Por mês, são realizadas
aproximadamente 3300 entregas. No período estudado, apenas 21 falhas foram conhecidas
pelo responsável e puderam ser analisadas. Quando acontece algum problema, ele
normalmente é relatado na respectiva ordem de entrega (OE), para que possa ser solucionado.
Porém, como não há um controle formal sobre as falhas que ocorrem no serviço de entrega,
muitas delas são resolvidas pelos próprios funcionários durante o dia de trabalho e não são
relatadas na OE. Sendo assim, não é possível afirmar que foram analisadas todas as falhas que
aconteceram no período da pesquisa.
Todas as propostas foram validadas pelos funcionários envolvidos, podendo ser implantadas a
critério da empresa. Os dados desta pesquisa também poderão ser utilizados para comparações
futuras sobre o desenvolvimento de serviços de entrega em estabelecimentos de varejo, como
o estudado.
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