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Como o Francisco bem referiu, e como está bem documentado ao longo da História, os media podem-se
tornar um excelente aliado quando queremos promover o ódio, a intolerância e mesmo a violência em
relação não só aos imigrantes, mas também em relação a outros grupos minoritários de uma sociedade.
Não é por acaso que, nos regimes ditatoriais, uma das primeiras medidas é exactamente controlar os
meios de comunicação...
Um exemplo claro e já estudado, foi a influência dos media na legitimação do genocídio do Ruanda.
Recordo-me de ver um filme - Hotel Ruanda - que retrata os primeiros dias do conflito e onde,
insistentemente, é-nos introduzida a voz de um locutor de uma rádio nacional a apelar à morte das
"baratas" (os tutsis) e ao uso das machetes.
A título de exemplo, e para quem tiver tempo :-), fica aqui um link para um trabalho sobre esta questão
http://www.usp.br/celacc/ojs/index.php/extraprensa/article/view/epx6-a03/epx6-a03
Gostaria ainda de referir uma outra intencionalidade que pode mover alguns media a acentuar
(sobretudo pelo seu lado negativo) as questões da imigração: o aumento de vendas/ o lucro.
Como sabemos, notícias relacionados com crimes e violência, são (infelizmente) um poderoso pólo de
atracção. Atracção esta que (infelizmente) aumenta quando está em causa o "outro", como se aquela
notícia viesse apenas confirmar aquilo que já sabemos - que os ciganos, por exemplo, estão ligados ao
tráfico de droga.
Assiste-se, assim, a que jornais mais "populares", que adoptam esta abordagem, acabam por estar entre
os mais vendidos em Portugal. O Correio da Manhã parece-me um exemplo bem claro...
Tenho uma amiga que trabalha na Agência Lusa onde, há uns tempos atrás, foi definida uma linha
editorial em relação às referências aos imigrantes: a menção da nacionalidade/ minoria étnica da
pessoa em causa só é feita quando ela tem realmente significado para a notícia; caso contrário, ela é
simplesmente "esquecida".
Até já,
Olá a todos,
O video da Isabel fez-me lembrar um programa a que assisti há uns meses atrás...
No talk-show da Tyra Banks (para quem não conhece, é uma espécie de Oprah Winfrey), fizeram, o que
a apresentadora chama, uma "experiência social" com adolescentes - Teenville.
Basicamente, numa mesma sala, a qual representava uma cidade, foram reunidos 5 rapazes e 5
rapagrigas norte-americanos, de origens étnicas diferentes e também de diferentes estados do país.
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Entre eles tinham de discutir e executar várias tarefas como atribuir a cada um deles uma profissão
(desde banqueiro, polícia ou prostituta), até construir a bandeira daquela cidade ou "casarem" entre
eles.
Apesar de não ter propriamente um rigor científico, este programa acabou por confirmar a presença
constante dos estereótipos na nossa forma de construir a realidade.
Só para vos deixar alguns exemplos, o lugar de presidente da câmara ficou para o rapaz branco, com ar
conservador; o de polícia para o afro-americano e a prostituta para a rapariga branca, loira.
Um dos momentos mais tensos, foi o desenhar da bandeira da cidade, altura em que a questão religiosa
dividiu os participantes, no sentido em que se devia ou não marcar presença.
Quantos aos casamentos, engraçado verificar que o presidente da câmara casou com a prostituta :-) A
rapariga mais gordinha ficou, se não me engano, sem par, além de ter sido anteriormente identificada
com o papel de desempregada/ sem-abrigo.
Por último, os adolescentes tinham de expulsar da cidade algum dos seus elementos: e a escolha recaiu
na prostituta.
Não consegui encontrar a totalidade do programa na Internet, mas deixo-vos um trecho da Teenville -
http://www.youtube.com/watch?v=njSV8LRfcEg
Até já,
Olá Fernanda,
Para acrescentar à tua reflexão e aos videos disponibilizados, apresento-vos (ou talvez já conheçam) a
dupla Ro et Cut.
É o olhar humorístico de dois jovens (um luso-descendente, outro de origem árabe) sobre a comunidade
portuguesa emigrante em França - está lá tudo, desde a barriga grande, o bigode, o regresso anual à
"terra", à mistura do português e do francês numa mesma frase, ao terço no carro ou as referências ao
vinho.
Podem saber mais sobre esta dupla, mas também sobre as reacções que tem provocado, neste artigo do
Público, em http://www.publico.pt/Media/cest-lhumour-lusofrances-pa_1467767?p=2
Nesta reportagem é entrevistada Ana Veloso, uma emigrante da nova vaga, que vive em França há 11
anos, e que faz uma declaração interessante:
"Confesso que até fiquei surpreendida com o entusiasmo da segunda geração em relação a este tipo de
escárnio, porque alguns desses jovens foram vítimas dos estereótipos ligados à comunidade portuguesa.
Muitos foram gozados por alguns hábitos que os pais trouxeram de Portugal (folclore, música popular,
religião...). Ou mesmo pelas condições sociais dos pais. Por exemplo, o tipo de trabalho que se associa
logo a portugueses: homens a trabalhar na construção civil e mulheres a trabalhar nas limpezas."
"Ora" (...) estes sketches até tiveram o efeito contrário. São uma espécie de catarse: partiram dos
estereótipos veiculados na sociedade francesa sobre os portugueses e reuniram-nos todos e levaram-nos
ainda mais longe, até ao limite, sem complexos, o que acabou por surtir um efeito libertador e
realmente cómico."
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E como não é possivel agradar a gregos e troianos, podemos fazer um scroll rápido pelos comentários
(não muito simpáticos) deixados pelos leitores do Público online à notícia...
Se quiserem ver por vocês próprios, ficam aqui dois exemplos... Atenção que a linguagem pode ser
imprópria para menores - tentei escolher os videos com menos asneiras :-)
http://www.youtube.com/watch?v=aBkUs5AYPU0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=ZYgipJToMyU&feature=related
Até já,