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COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL – PARTICIPAÇÃO FÓRUM II

Globalização, Comunicação e Identidades: paradoxos do discurso identitário nas


sociedades multiculturais

Data: 1 de Dezembro de 2010 Sub-tema: Media e Estereótipos


Olá!

Como o Francisco bem referiu, e como está bem documentado ao longo da História, os media podem-se
tornar um excelente aliado quando queremos promover o ódio, a intolerância e mesmo a violência em
relação não só aos imigrantes, mas também em relação a outros grupos minoritários de uma sociedade.

Não é por acaso que, nos regimes ditatoriais, uma das primeiras medidas é exactamente controlar os
meios de comunicação...

Um exemplo claro e já estudado, foi a influência dos media na legitimação do genocídio do Ruanda.

Recordo-me de ver um filme - Hotel Ruanda - que retrata os primeiros dias do conflito e onde,
insistentemente, é-nos introduzida a voz de um locutor de uma rádio nacional a apelar à morte das
"baratas" (os tutsis) e ao uso das machetes.

A título de exemplo, e para quem tiver tempo :-), fica aqui um link para um trabalho sobre esta questão
http://www.usp.br/celacc/ojs/index.php/extraprensa/article/view/epx6-a03/epx6-a03

Gostaria ainda de referir uma outra intencionalidade que pode mover alguns media a acentuar
(sobretudo pelo seu lado negativo) as questões da imigração: o aumento de vendas/ o lucro.

Como sabemos, notícias relacionados com crimes e violência, são (infelizmente) um poderoso pólo de
atracção. Atracção esta que (infelizmente) aumenta quando está em causa o "outro", como se aquela
notícia viesse apenas confirmar aquilo que já sabemos - que os ciganos, por exemplo, estão ligados ao
tráfico de droga.

Assiste-se, assim, a que jornais mais "populares", que adoptam esta abordagem, acabam por estar entre
os mais vendidos em Portugal. O Correio da Manhã parece-me um exemplo bem claro...

Tenho uma amiga que trabalha na Agência Lusa onde, há uns tempos atrás, foi definida uma linha
editorial em relação às referências aos imigrantes: a menção da nacionalidade/ minoria étnica da
pessoa em causa só é feita quando ela tem realmente significado para a notícia; caso contrário, ela é
simplesmente "esquecida".

Se posta em prática de forma eficaz, parece-me ser este o melhor caminho...

Até já,

Data: 2 de Dezembro de 2010 Sub-tema: Media e Estereótipos

Olá a todos,

O video da Isabel fez-me lembrar um programa a que assisti há uns meses atrás...

No talk-show da Tyra Banks (para quem não conhece, é uma espécie de Oprah Winfrey), fizeram, o que
a apresentadora chama, uma "experiência social" com adolescentes - Teenville.

Basicamente, numa mesma sala, a qual representava uma cidade, foram reunidos 5 rapazes e 5
rapagrigas norte-americanos, de origens étnicas diferentes e também de diferentes estados do país.

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Entre eles tinham de discutir e executar várias tarefas como atribuir a cada um deles uma profissão
(desde banqueiro, polícia ou prostituta), até construir a bandeira daquela cidade ou "casarem" entre
eles.

Apesar de não ter propriamente um rigor científico, este programa acabou por confirmar a presença
constante dos estereótipos na nossa forma de construir a realidade.

Só para vos deixar alguns exemplos, o lugar de presidente da câmara ficou para o rapaz branco, com ar
conservador; o de polícia para o afro-americano e a prostituta para a rapariga branca, loira.

Um dos momentos mais tensos, foi o desenhar da bandeira da cidade, altura em que a questão religiosa
dividiu os participantes, no sentido em que se devia ou não marcar presença.

Quantos aos casamentos, engraçado verificar que o presidente da câmara casou com a prostituta :-) A
rapariga mais gordinha ficou, se não me engano, sem par, além de ter sido anteriormente identificada
com o papel de desempregada/ sem-abrigo.

Por último, os adolescentes tinham de expulsar da cidade algum dos seus elementos: e a escolha recaiu
na prostituta.

Não consegui encontrar a totalidade do programa na Internet, mas deixo-vos um trecho da Teenville -
http://www.youtube.com/watch?v=njSV8LRfcEg

Até já,

Data: 3 de Dezembro de 2010 Sub-tema: A Rota dos Blogues

Olá Fernanda,

Primeiro, parabéns por esta "viagem" :-)

Para acrescentar à tua reflexão e aos videos disponibilizados, apresento-vos (ou talvez já conheçam) a
dupla Ro et Cut.

É o olhar humorístico de dois jovens (um luso-descendente, outro de origem árabe) sobre a comunidade
portuguesa emigrante em França - está lá tudo, desde a barriga grande, o bigode, o regresso anual à
"terra", à mistura do português e do francês numa mesma frase, ao terço no carro ou as referências ao
vinho.

Ou seja, é o "paraíso" dos nossos estereótipos :-)!

Podem saber mais sobre esta dupla, mas também sobre as reacções que tem provocado, neste artigo do
Público, em http://www.publico.pt/Media/cest-lhumour-lusofrances-pa_1467767?p=2

O sucesso tem sido grande, sobretudo entre a segunda geração, obviamente...

Nesta reportagem é entrevistada Ana Veloso, uma emigrante da nova vaga, que vive em França há 11
anos, e que faz uma declaração interessante:

"Confesso que até fiquei surpreendida com o entusiasmo da segunda geração em relação a este tipo de
escárnio, porque alguns desses jovens foram vítimas dos estereótipos ligados à comunidade portuguesa.
Muitos foram gozados por alguns hábitos que os pais trouxeram de Portugal (folclore, música popular,
religião...). Ou mesmo pelas condições sociais dos pais. Por exemplo, o tipo de trabalho que se associa
logo a portugueses: homens a trabalhar na construção civil e mulheres a trabalhar nas limpezas."
"Ora" (...) estes sketches até tiveram o efeito contrário. São uma espécie de catarse: partiram dos
estereótipos veiculados na sociedade francesa sobre os portugueses e reuniram-nos todos e levaram-nos
ainda mais longe, até ao limite, sem complexos, o que acabou por surtir um efeito libertador e
realmente cómico."

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E como não é possivel agradar a gregos e troianos, podemos fazer um scroll rápido pelos comentários
(não muito simpáticos) deixados pelos leitores do Público online à notícia...

Se quiserem ver por vocês próprios, ficam aqui dois exemplos... Atenção que a linguagem pode ser
imprópria para menores - tentei escolher os videos com menos asneiras :-)

http://www.youtube.com/watch?v=aBkUs5AYPU0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ZYgipJToMyU&feature=related

Até já,

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