Você está na página 1de 3

COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL – PARTICIPAÇÃO FÓRUM I

Discursos sobre Comunicação Intercultural e Alteridade: Agentes, Intencionalidades e


Contextos

Data: 21 de Outubro de 2010 Sub-tema: Abertura do Tema 1

Olá a todos,

Depois de ler os comentários já colocados no fórum, aproveito o espaço para manifestar algum pessimismo...

Na verdade, parece que se colocam cada vez mais entraves ao projecto de uma Europa multicultural.

Talvez pela crise económica, pelo aumento do desemprego, pela ameaça do terrorismo, assistimos cada vez mais ao
tomar de decisões contrárias a este espírito, algumas aqui já referidas - da expulsão dos ciganos em França, até à
proibição de construção de novos minaretes na Suíça!!!

Decisões estas da responsabilidade não do cidadão comum, mas dos próprios líderes políticos, os mesmos que
depois vêm acusar outros países (como o Irão) de violação dos direitos humanos.

Ou seja, parece-me encontrar aqui uma certa ironia - como sabemos, a Declaração dos Direitos Humanos foi,
essencialmente, elaborada pelos países ocidentais (sendo muitas vezes criticada neste sentido), os mesmo que,
agora, promulgam leis que restrigem as liberdades individuais.

Tudo isto ganha eco na Comunicação Social e na própria opinião pública, sendo perfeitamente comum encontrar,
por exemplo, no jornal Público (versão online), comentários a notícias que abordam estas questões, onde cidadãos
comuns apelam à expulsão de certas minorias e "destilam" sentimentos racistas.

Mas não querendo terminar numa nota negativa, na verdade também ainda gozamos da liberdade de expressão e
não há como uma boa gargalhada, para combater os radicalismos :-)

Data: 24 de Outubro de 2010 Sub-tema: Conceitos e Preconceitos

Olá a todos!

Após o visionamento dos dois vídeos, sinto que cada um apresenta uma abordagem diferente tendo em conta,
sobretudo, o "tom" que foi dado a cada peça.

Começando pelo vídeo do programa do Nilton, parece-me que o principal objectivo do seu autor foi caricaturar as
pessoas que partilham dos estereótipos mencionados.

A selecção das entrevistadas mostra bem isso... Por exemplo, temos uma senhora mais velha que, sem qualquer
ponto de vista crítico, se limita a listar ideias-feitas sobre cada um dos grupos abordados. Mesmo a sua forma de
falar e a maneira como se refere aos "outros", acabam por descredibilizar (e, se calhar, até ridicularizar) o seu
testemunho.

1
Ou seja, esta escolha não foi feita em vão - com certeza que o "jornalista" teria encontrado depoimentos mais
construtivos, mas menos interessantes para atingir o seu objectivo.

Apesar desta visão caricata, podemos destacar, no entanto, alguns pontos fortes deste vídeo:

- ao mostrar-nos diferentes gerações, mostra-nos também como os mesmos estereótipos se perpetuam;

- no caso da rapariga mais nova, atesta a passagem desses preconceitos dentro da mesma comunidade (no caso
específico, dentro da família);

- a pouca preocupação (pelo menos aparente) do entrevistador em tentar aprofundar a questão, ou seja, em não
questionar/ confrontar as entrevistadas, deixando-as discorrer livremente sobre o assunto.

No que diz respeito ao vídeo sobre as mulheres brasileiras em Portugal, noto aqui uma abordagem mais informativa
e "séria", no sentido de que se aproxima de um trabalho jornalístico sobre a questão.

Aqui também a escolha dos entrevistados não foi feita "às escuras" - desde a artísta plástica ao cidadão comum,
mas todos eles com testemunhos objectivos e construtivos.

Destaque ainda para o facto da jornalista não só ouvir os dois lados da questão, como também procurar explicar a
evolução desse preconceito na sociedade portuguesa.

Ou seja, e resumindo, temos aqui dois exemplos claros de como uma mesma questão, pode ser abordada de várias
maneiras diferentes...

Aliás, num estudo conduzido pela Dr.ª Isabel Ferin Cunha, sob o título "Mundos Imaginados: as Brasileiras e os
Media em Portugal"*, prova-se que, sobre uma mesma notícia, "a imprensa de qualidade é mais cautelosa no
tratamento destas matérias que a imprensa popular ou regional, sendo comum a estas últimas utilizar a temática de
forma espectacular. Assim, nos textos escritos predomina, na imprensa de qualidade, a notícia factual, nos jornais
populares e regionais a norma é a narrativa fait-divers, acentuada pela dramaticidade e pelo apelo à moral e aos
bons costumes" (Cunha, pág. 14)

Ou seja, manipulando as suas variáveis (entrevistados, forma de abordagem, intervenção do autor, objectivos
definidos), as mensagens finais podem ser distintas.

Aliás, é muito provável que a leitura que acabei de fazer sobre os vídeos, seja diferente em parte, ou na sua
totalidade, das leituras dos meus colegas :-)

Até já,

Rita

* CUNHA, Isabel Ferin, Mundos Imaginados: as Brasileiras e os Media em Portugal, in Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação, 2005, Rio de Janeiro

Data: 12 de Novembro de 2010 Sub-tema: Comentário e Desafio

Olá a todos!

Depois da leitura dos textos e das mensagens deixadas neste fórum, gostaria de também dar o meu contributo
quanto ao desafio lançado pela professora.

A minha questão já foi, de alguma forma, abordada pela Fernanda Soares e pela Lénia...

E ela é: Dado optimismo que parece rodear o conceito de Comunicação Intercultural, não poderemos estar a
exagerar no alcance dos seus resultados? Ou seja, não serão ainda grandes os obstáculos à sua aplicação na

2
prática, no dia-a-dia? Poderá esta ser vista como uma espécie de novo D. Sebastião que vem resolver todos os
problemas?

É uma abordagem um pouco pessimista, eu sei ;-)

Até já,

Rita

Data: 4 de Novembro de 2011 Sub-tema: Comunicação e Alteridades

Olá Arminda e todos,

Como sabemos, a questão da lapidação está na ordem do dia por causa do caso de Sakineh, acusada de adultério no
Irão.

Ainda ontem ponham a hipótese da sentença ser executada, mas estive a confirmar as últimas notícias e esta não se
verificou - mas, dizem, continua iminente.

Sem conhecimentos de fundo, parece que realmente o Corão faz referência à lapidação como "castigo" para as
mulheres adúlteras... Mas claro que a sua aplicação nos nossos dias é feita por países que fazem uma leitura
ortodoxa, como Irão ou a Nigéria.

Aliás, segundo uma notícia do Expresso, para além do caso de Sakineh, no Irão estão 26 mulheres e homens
acusados de adultério e homossexualidade a aguardar a mesma sentença.

Entretanto parece que Teerão está a rever a sentença de Sakineh, mas afirma que ela realmente cometeu um crime
e que neste caso o Ocidente está a ser insolente, ao transformá-lo num questão de direitos humanos...

Temos estado a falar aqui nos fóruns sobre comunicação entre culturas, em reconhecer as diferenças, na
necessidade de promover o diálogo mas, na verdade, como ultrapassar barreiras tão fortes como as impostas pelos
extremismos?

Como comunicar, quando o "outro" parece que não nos quer ouvir?

Até já,

Rita

Você também pode gostar