1) O autor discute como a revolução digital trouxe uma "embriaguez consciente" onde as escolhas individuais são influenciadas pela mídia em vez de pela razão;
2) Ele argumenta que a falta de distância proporcionada pelas mídias digitais destrói o respeito, essencial para o funcionamento da sociedade;
3) A sociedade atual é caracterizada pela "indignação", com comunicação falha e falta de diálogo.
1) O autor discute como a revolução digital trouxe uma "embriaguez consciente" onde as escolhas individuais são influenciadas pela mídia em vez de pela razão;
2) Ele argumenta que a falta de distância proporcionada pelas mídias digitais destrói o respeito, essencial para o funcionamento da sociedade;
3) A sociedade atual é caracterizada pela "indignação", com comunicação falha e falta de diálogo.
1) O autor discute como a revolução digital trouxe uma "embriaguez consciente" onde as escolhas individuais são influenciadas pela mídia em vez de pela razão;
2) Ele argumenta que a falta de distância proporcionada pelas mídias digitais destrói o respeito, essencial para o funcionamento da sociedade;
3) A sociedade atual é caracterizada pela "indignação", com comunicação falha e falta de diálogo.
Resenha da Obra Pietra Moraes Correia Longo Turma: 200M
Han, Byung- Chul. No Enxame: perspectivas do digital
Editora Vozes, Petrópolis, 2018
Byung-Chul Han (1959-), é um filósofo coreano situado na Alemanha, onde leciona
atualmente como professor de Filosofia e Estudos culturais na Universidade de Berlin. Também realizou sua graduação e doutorado na Alemanha, sendo respectivamente em Munique e Friburgo. O filósofo leva a influência de Michel Foucault e principalmente de Martin Heidegger, objeto de estudo de seu doutorado, para suas obras, como: Sociedade do Cansaço (2010), Agonia do Eros (2012) e Sociedade da Transparência (2012). Na Obra “No Enxame”, o autor aborda a crise atual como uma resposta à transição crítica da revolução digital, em que indivíduos singularizados compõem as relações de poder. Entretanto, o grupo de pessoas que se forma no âmbito digital não pode ser chamado de “massa”, uma vez que não se reside alma (Seele) nem espírito (Geist) no conjunto desses indivíduos. Não se tem a unificação que decorre da presença da alma e do espírito, portanto o autor os denomina de enxame digital. No Prefácio (pg.07), Han discorre sobre a mudança social que cerca a mídia digital, ele pontua que o despreparo e desconhecimento desse novo formato de mundo resulta numa “embriaguez consciente”, em que a dição de uma transformação nas sensações, pensamentos e decisões alteram o comportamento da vida em sociedade, implicando uma “cegueira” e “estupidez” simultâneas. A ascensão repentina digital destacada pelo autor pode ser relacionada com o comportamento de manada desenvolvido pela filosofia de Friedrich Nietzsche, uma vez que as ações, o raciocínio e as decisões são tomadas com base no que é ditado pela mídia digital, ou seja, as escolhas são conscientes, mas não necessariamente racionais, além de não serem formadas pela individualidade intelectual do indivíduo e sim pela influência midiática na sociedade. No capítulo Sem Respeito (pg.08-10), o respeito é, em primeiro plano, descrito como um olhar para trás (Zurückblicken), um olhar para a distância. Embora que hoje ele tenha sido ressignificado, não se tem mais a distância, a consideração em controlar o observar (Hinsehen) curioso pelo outro. A distância funciona com determinante na diferença entre o respectare e o spectare, onde o respectare exprime a distância como elemento de respeito, e o spectare a desconsidera por valorizar uma visão sem uma consideração distanciada. Logo, o autor relaciona a crise social presente hoje à ausência do respeito pela distância na sociedade. A digitalização dos meios de comunicação já resulta na desconstrução da distância, tanto espacial quanto mental, e isto infere na desconstrução do respeito, ou melhor, na construção do desrespeito. O respeito é diretamente ligado ao funcionamento de uma sociedade, visto que sem ele, a sociedade desmorona. As esferas de uma sociedade, a pública e a privada, requerem diferentes Colégio Dom Bosco Resenha da Obra Pietra Moraes Correia Longo Turma: 200M tipos de distância, mas a exposição provida pela comunicação digital quebra a barreira que divide o público e o privado, causando um efeito de mistura que torna impossível retornar a uma esfera privada. Refere-se também à questão da anonimidade como meio de exclusão do respeito, uma vez que rompe a ponte pela ausência de nomes. Para o autor, nome e respeito estão ligados, de modo que um é a base do outro, e que juntos constroem a responsabilidade, a confiança e a promessa. A mídia impede a formação desse relacionamento entre mensagem, mensageiro e remetente, tudo isso pela ausência nominal. O autor fala também sobre um fenômeno chamado Shitstorm, que ressalva o contraponto entre o desrespeito e a indiscrição e a instantaneidade do transporte de afetos, que é maior que qualquer aparelho analógico. Essa simetria de posse das informações refletem uma perda de poder hierárquico e ainda é mais notório em lugares que são majoritariamente ocupados por poder e autoridade, e representam o começo da desconstrução desse poder. O poder comunicacional reduz o ruído, o barulho. Ele marca o silêncio para a desenvoltura das ações. O respeito comunicacional funciona de maneira similar, onde a imitação corresponde a obediência e o shitstorm vem da desintegração dos valores e desse respeito. Desse modo, exerce a soberania no mundo pós-revolução digital quem dispõe do shitstorm dentro das redes. No capítulo Sociedade da indignação (pg.11), Byung-Chul aponta a sociedade da indignação como desobediente, histérica, rebelde, escandalosa. Exprime a comunicação falha por meio da ausência de diálogo e discurso, estas apontam a fraqueza do elo com a comunidade como característica de indignação, uma vez que os indivíduos são, em maior escala, egocêntricos. A indignação pode levar também a um estado de fúria, que exprime a capacidade de interromper e recomeçar estados afetivos. Em contrapartida, falta à massa de indignação, a geração de um futuro. No capítulo No Enxame, o autor reitera que o enxame digital não pode ser considerado massa por conta da sua estrutura, os indivíduos que formam um enxame não são unificados, eles não formam uma coletividade, um “nós”. Não possuem características ou ações que os levem a união e não representam, de forma alguma, a coerência. Mesmo na forma de externalização, não existe voz, existe o ruído, o barulho que deriva do Shitstorm. O autor ainda compara o ser humano das massas com o habitante digital, o homem das massas é um espectador que se torna um ninguém em um estádio global, ele tem seu sujeito, sua identidade dissolvida e absorvida pelas massas e é isto que o diferencia, o homem das massas não pode ser anônimo, e o digital, pode. O habitante da rede não se reúne, não pertence, e tão tem uma unidade como o se humano de massa. É a ausência de essência, alma e espírito, que garantem a singularidade dos habitantes digitais. A efemeridade do enxame, é o que impede sua desenvoltura política de acontecer, a formação fraca do meio digital permite uma rápida dissolução de seu ambiente o que destaca ainda mais a individualidade de seus habitantes. Colégio Dom Bosco Resenha da Obra Pietra Moraes Correia Longo Turma: 200M