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A ÉTICA E O CONTADOR

Gisley Ribeiro Pimentel

RESUMO
O presente trabalho busca aprofundar os conhecimentos referentes no que diz respeito a ética
e a moral, e como esses princípios se relacionam com o cidadão e com o profissional da
contabilidade. Além disso, as virtudes morais de Aristóteles também são apresentadas e
analisadas, sendo destacada e comentada cada ponto. A ética no ambiente organizacional
também, aqui, é tratada. A pesquisa foi, exclusivamente, bibliográfica, o que propiciou
informações relevantes e descrição de vários aspectos ligados a ética humana.

1. INTRODUÇÃO

A ética no ambiente profissional é uma questão relevante, pois corrobora para o


correto desempenho da atuação de um profissional dentro de sua classe. O profissional
sempre deve estar atento às responsabilidades de sua profissão. Agir segundo os princípios
éticos e morais estabelecidos no código de ética conduzem o profissional a obter uma postura
que lhe garanta credibilidade e respeito perante a sociedade. A valorização da ética tem sido
cada vez mais forte, tornando-se uma tendência mundial, e vem sendo exigida nas empresas
como um dos pontos fundamentais para a condução do desenvolvimento profissional, a
capacitação, preparação e comprometimento devem estar presentes não só para os
profissionais em contabilidade, mas também em todas as categorias e na vida de cada
indivíduo.

Seguir uma conduta ética deve ser visada pelo profissional como um ponto
fundamental de sua carreira, pois pode definir os rumos que esta tomará. O sujeito ético
precisa desenvolver a sua consciência moral para que diante das situações do dia a dia
profissional, busque identificar a melhor tomada de decisão e uma análise pautada em
princípios e valores morais condizentes com a realidade apresentada.

O Contador deve ter consciência que se alguma empresa/instituição para qual presta
serviço acatar solicitações incondizentes com os padrões contábeis, passarem por uma
fiscalização, sua integridade e moral serão fortemente prejudicadas, dessa maneira, sua
preocupação em manter sua clientela sofrerá consequências no momento em que o nome do
profissional estiver envolvido em questões antiéticas, sendo o mesmo responsabilizado por
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seus atos que ferem as leis e os princípios contábeis.

É fundamental que os profissionais da área contábil considerem todos os tipos de


situação antes de aceitar qualquer forma de manipulação na prestação dos serviços contábeis
das empresas que são suas clientes

E por fim, vale mencionar que o comportamento ético exige mais que leis, normas e
regulamentos. O profissional deve por si só, fazer um julgamento subjetivo sobre o
comportamento ético. Sendo assim, muitas doutrinas e princípios que servem de base aos
diversos sistemas existentes na sociedade (religiosos, políticos, filosóficos e científicos)
também sofrem modificações ao longo do tempo. Por isso, em qualquer profissão, os
princípios éticos devem ser respeitados, valorizados e enaltecidos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Antes de tudo, é fundamental ressalvar que Aristóteles foi o primeiro filósofo a estudar
os assuntos inerentes a ética. Em sua obra, Ética a Nicômaco, ele apresenta os primeiros
princípios éticos da civilização humana.

O mesmo parece suceder nas disposições constitucionais, o homem que não contribui com
nada para o bem comum não é honrado, pois o que pertence ao público é dado a quem o
beneficia, e a honra pertence ao público. (ARISTÓTELES, 2001, p.20)

É importante diferenciar a ética da moral. Sobre isso, de acordo com Vasquez (1989)
"a ética não é a moral", entretanto, ambas estão entrelaçadas no objeto de estudo da ciência.

(...) Certamente, moral vem do latim mos ou mores, “costumes”, no sentido de


conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. A moral se refere, assim, ao
comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo homem. Ética vem do
grego ethos, que significa analogamente, “modo de ser” ou “caráter” enquanto
forma de vida também adquirida ou conquistada pelo homem (VÁSQUEZ, 1989, p.
14).

Contextualizando, a ética e a moral possuem finalidade semelhante. Ambas são


responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem determinando seu
caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e se comportar em
sociedade.

A filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os costumes, também se
busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral
individual. (CHAUI, 2004, p.310)

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Rezende (2006) elucida que a Ética e a Moral, desde antigamente, inspiravam
preocupações da sociedade como um todo, que busca sempre aperfeiçoar a relação pessoal de
seus componentes. Sendo assim, o autor também diz que a sociedade compreende toda a
estrutura das relações humanas, buscando definir limites, apresentando comportamentos bons
ou maus identificados pelos conceitos éticos e morais.

Outra diferenciação é dada por Pedro (2014) afirmando que a ética envolve a moral,
enquanto matéria-prima das suas reflexões e sem a qual não existiria, assim como a moral
envolve a ética no sentido de repensar as ações, deixando assim, entre ambas uma importante
relação de complementaridade.

Ainda sobre o que versa a moral, algo fundamental para um bom profissional contábil,
Aristóteles apresentou o seguinte pensamento:

[...] a moral é uma arte, e como toda arte deve preencher certos requisitos. A
primeira é determinar que a moral trate das ações humanas. A segunda é que ela
trate de determinadas ações voluntárias, mais especificamente as que partem da
escolha. (ARISTÓTELES, 2001, p. 25).

Segundo Kant (1985), a essência da moralidade está atrelada ao conceito de lei e só


um ser racional pode atuar segundo a idéia de lei, por vontade própria.

A moral só existe quando o homem atua segundo o dever. Não basta que o ato seja
tal como o dever pode prescrever. O negociante honesto por interesse ou o homem
bondoso por impulso não são virtuosos. A essência da moralidade deriva do
conceito de lei; porque embora tudo na natureza atue segundo leis, só um ser
racional pode atuar segundo a idéia de lei, isto é, por vontade. A idéia de um
princípio objetivo, que impele a vontade, chama-se uma ordem da razão e a fórmula
é o imperativo. (KANT,1985).

No que tange a ética, mais especificamente, esta pode ser definida como a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade. Aqui, a ética é vista como ciência, ja que
possui objeto de estudo e leis próprias. O seu objeto de estudo é a moral. Portanto, a Ética é o
ramo da Filosofia que tem como objeto a moral, um dos aspectos do comportamento humano.
Logo, a ética configura-se como sendo a ciência do comportamento dos homens em sociedade
(NALINI, 2001).

Ainda sobre a ética, Lopes Sá (2000, p.33) faz a seguinte ponderação:

A ética é um estado de espírito é quase hereditário e vem da formação e do meio


social no qual a criança teve sua personalidade moldada, burilada para ingressar no
convívio da sociedade, que é o que popularmente se denomina berço; e moral é
adquirida por meio da educação formal e da experiência de vida.

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Clolet (1986), em outro prisma sobre ética, comenta que a mesma tem por objetivo
facilitar a realização das pessoas, isto é, que o ser humano chegue a realizar-se a si mesmo
como tal, ou seja, como pessoa. A ética se ocupa e pretende alcançar a perfeição do ser
humano.

Para um melhor entendimento, o quadro a seguir apresenta, de forma clara e objetiva,


as diferenças existentes entre ética e moral:

ÉTICA MORAL
Princípios Costumes
Adquirida pela reflexão Adquirida no meio em que se vive
Imutável (ou mais resistente à mudança) Mutável (ou mais aberta à mudança)
Valores Práticas
Imposta pelo indivíduo a si mesmo Imposta pela sociedade
Mais abrangente que a moral Decorrente da ética
Universal Cultural

De acordo com Lisboa (2011) independentemente da sua vontade, todo ser humano, a
partir de sua existência material, passa a se integrar em uma sociedade e, obrigatoriamente,
terá seu convívio ligado ao de seus semelhantes, através de relacionamentos que serão
mantidos até o fim de sua vida. Dessa forma, tendo em vista que esse relacionamento precisa
ser mantido, faz-se necessário que suas atitudes e comportamentos permaneçam dentro de um
nível aceitável pela sociedade, visto que cada pessoa possui crenças e valores diferentes, ou
seja, muda de indivíduo para indivíduo.

3. AS VIRTUDES ÉTICAS DE ARISTÓTELES

A ética está relacionada com a virtude. Segundo Lopes Sá (1996, p.65) “Na conduta
ética, a virtude é condição basilar, ou seja, não se pode conceber o ético sem o virtuoso como
princípio, nem deixar de apreciar tal capacidade em relação a terceiros”.

Podemos identificar duas espécies de virtudes existentes: as intelectuais e as morais.


As virtudes intelectuais estão relacionadas com o ensino, e por isso precisam de experiência e
tempo. Já as virtudes morais são adquiridas em resultado do hábito, da prática, e elas não
surgem naturalmente em nós, mas a partir da vivência e da convivência com o meio que nos
cerca.

A importância do desenvolvimento da excelência moral está diretamente relacionada

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com as ações e emoções, e estas relacionadas com o prazer ou sofrimento, é a capacidade que
se desenvolve para lidar com as emoções e ações na relação direta com o prazer ou
sofrimento, o bom uso de ambos.

São nas situações do dia a dia, nos atos praticados por nós que nos tornamos justos ou
injustos. Por isso, é essencial que pensemos e reflitamos bastante sobre cada ação efetiva
tomada, tudo depende delas, desde o início da juventude existe a necessidade de
compreendermos o quão fundamental é a prática de atos virtuosos.

Ainda no que versa as virtudes, o excesso ou a falta são destrutivos, porque a virtude é
mais exata que qualquer arte, pois possui como atributo o meio-termo - mas é em relação à
virtude moral; é ela que diz respeito a paixões e ações, nas quais existe excesso, carência e
meio-termo. O excesso é uma forma de erro, mas, o meio-termo é uma forma digna de louvor;
logo, a virtude é uma espécie mediana, um conceito interessante e curioso a se refletir.

É meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta. Mas, nem toda ação
e nem toda paixão admitem meio-termo, é absurdo procurar meio-termo em atos injustos; do
excesso ou da falta, não há meio termo.

Segundo Aristóteles (2001) as virtudes morais como disposições ou atitudes para a


ação, adquiridas mediante o exercício e aperfeiçoadas pela prática. Daí a importância do
hábito no desenvolvimento desta excelência; as pessoas não nascem boas, porém nascem com
a capacidade de se tornarem boas caso desenvolvam as disposições apropriadas mediante a
prática reiterada de boas ações.

O homem justo é construído a partir da prática dos atos justos. É pela prática de atos
temperantes que se gera o homem temperante; é através da ação que existe a possibilidade de
alguém tornar-se bom.

Desse modo, o homem bom é aquele que exerce com sucesso suas funções se
realizando, elevando sua vida até a mais alta excelência de que é capaz, vivendo bem e feliz.
A virtude está em nosso poder de escolha, e a escolha envolve um princípio racional, ela é
aquilo que colocamos diante de outras coisas, o objeto da escolha é algo que está em nosso
alcance e este é o desejado após a deliberação, as ações devem estar em consonância com as
escolhas feitas e serem, ainda, voluntárias. Depende de nós sermos nobres ou não.

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As virtudes morais, de acordo com Aristóteles (2001), são:

CORAGEM - pode ser descrita como o meio-termo em relação ao sentimento de medo e de


confiança, a bravura relaciona-se com as coisas mais nobre como a morte na guerra, e bravo é
aquele que se mostra destemido em face a uma morte honrosa, os bravos, embora temam
aquelas coisas que estão acima das forças humanas, caracterizam-se por enfrentá-las como se
deve; já aquele que diz não ter medo, e o homem temerário, ele simula possuir coragem, mas
não é corajoso.

TEMPERANÇA - é o meio-termo em relação aos prazeres e dores, as espécies dos prazeres


com que se relaciona são os prazeres corporais, Ao intemperante somente interessa o prazer
do objeto e si, no ato de se alimentar e beber e na união dos sexos. Por causa dos prazeres, a
intemperança é, dentre os vícios, a mais difundida. No homem temperante, o elemento
apetitivo harmoniza-se ao racional, o que ambos tem em mira é o nobre.

LIBERALIDADE - pode ser definido como o meio-termo no dar e no receber dinheiro. O


excesso é a fartura e a deficiência é a avareza.

MAGNIFICÊNCIA - define-se como um meio-termo quanto ao dinheiro dado em grandes


quantias; o excesso é a vulgaridade e o mau gosto, a deficiência é a mesquinhez. A deficiência
a essa disposição de caráter é a mesquinhez. O excesso é a vulgaridade, porque gasta além do
que é justo. Por exemplo, dá um jantar de amigos na escala de um banquete de núpcias.

JUSTO ORGULHO - é o meio-termo em relação à honra e à desonra. O excesso é algo


supérfluo e vazio e a deficiência é a humildade indébita.

CALMA - é o meio termo em relação á cólera; aquele que excede é o exaltado, o que fica
aquém é o pacato.

JUSTIÇA - aqui, é necessário diferenciar as duas espécies e mostrar em que sentido cada uma
delas é um meio-termo. A justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a
fazer o que é justo e a desejar o que é just. Sendo assim, a justiça é uma virtude, talvez a
maior delas.

Peixe (2000, p. 96) relata o ABC da antiética e de valores morais, sendo:

a) AMOR – varia conforme o pacto que se estabelece em toda relação.


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b) BELEZA EXTERIOR – valorizar as aparências como forma de beleza.

c) CASA & FAMÍLIA – não respeitar, individualmente, as diferenças: pai ou mãe que, para
compensar as frustrações do que não realizou, impõe ao filho carreira que este não desejou...

d) CULTURA – usar o nome feito para autopromover-se, mediante lobby, pressão de grupo e
até suborno...

e) DIREITO – fazer acordo contra o cliente. Falsear, inventar dados e provas.

f) ENSINO – arvorar-se de dono da verdade; falar do alto em vez de aprender junto; não
preparar para a vida.

g) FÉ – utilizar a religião como meio de vida para se manter, economicamente, explorando os


humildes, desprovidos do saber, ou seja, pouco instruídos.

h) FIDELIDADE – não ser fiel aos seus princípios; não ser leal com a família, amigos,
empregados, colegas e com o seu país.

i) GRANDEZA – não saber conviver com a vitória, com a glória, para ter humildade para
aprender a aprender.

j) HONESTO – não ser sincero, franco, enganar...

k) IDEALISTA – o falso idealista, que defende princípios enquanto demonstra outra faceta na
ação.

l) INTEGRIDADE – não ter inteireza moral, retidão, honestidade, imparcialidade, ou seja,


agir segundo suas convicções em prol de si mesmo.

m) JUSTO – não ser justo e não admitir seus erros.

n) JORNALISMO – incentivar preconceitos, prejudicar, perder de vista o bem comum,


preocupar-se pouco ou nada com os mais fracos, desprezar valores de sua gente.

o) LEI – desobedecer e tentar burlar as leis, como regra natural de comportamento individual
na sociedade.

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p) MEDICINA – tratar o paciente não como ser humano, mas como objeto de estudo...

q) NEGÓCIO – agredir a natureza na busca de lucro a curto prazo, sem planejamento e


desenvolvimento autossustentado, visando as gerações futuras.

r) OUVIR – não saber ouvir sem fazer prejulgamento.

s) POLÍCIA – julgar e dar julgamento diferente aos cidadãos, conforme a classe social, cor,
profissão e etnia.

t) PROPAGANDA – usar a mulher como objeto e a criança para vender, criando falsas
necessidades.

u) QUALIDADE – oferecer produtos que não possuem a qualidade divulgada.

v) RESPEITO – não respeitar o próximo na sua individualidade.

w) SINAL – desrespeitar os sinais de trânsito.

x) TRABALHO – encará-lo como emprego e não como trabalho para manter a perenidade do
negócio, ou seja, não se esmerar.

y) URBANO – degradar áreas pela má utilização do solo.

4. A ÉTICA NO TRABALHO

Qualquer pessoa que vislumbre ter uma carreira profissional de sucesso deve buscar
atributos e requisitos que a molde para isso. Ter conhecimentos técnicos, talento e capacidade,
além de estratégias bem desenvolvidas são fundamentais. O bom relacionamento com os
colegas é outro ponto importante, assim como a comunicação.

De acordo com Teixeira (1998, p. 15) a ética:

Constitui o respaldo filosófico sobre o qual são desenvolvidos os padrões de


comportamentos e as atividades, também representando o parâmetro sob o qual se
analisam conceitos, perfis e a relação de compatibilidade entre si e entre eles e a
organização.

Para Chiavenato (2000, p. 55) “A cultura ocidental contém uma marca qualificada
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como individualista, desde que calcada no interesse por si mesmo e no desenvolvimento de
regras neste sentido”.

Lisboa (1999) considera que o profissional de contabilidade rotineiramente é


submetido a provar seus valores éticos, pois, trabalha com informações que pertencem a
terceiros (clientes) e que são de grande importância para a economia. Além disso, o contador
geralmente trabalha na companhia de outras pessoas tanto como líder ou liderado e nessa
relação deve prevalecer o comportamento ético. Outro ponto importante que requer
condicionamento ético são os recursos disponíveis para a execução das atividades, que podem
ser próprios ou de terceiros.

Nos dias atuais, praticamente todas as empresas possuem um código de ética, com o
intuito de incentivar cada funcionário da organização a trabalhar de forma honesta,
respeitando os colegas e tendo uma conduta profissional esperada pela alta administração.
Esses valores coletivos avançaram de alguns anos para cá, em uma tentativa de tornar os
ambientes organizacionais mais agradáveis.

Barros (2010) agrega que a Ética Profissional pode ser definida como um conjunto de
normas e valores que direcionam as condutas dos colaboradores para que estes mantenham
uma reputação positiva no ambiente de trabalho. O mesmo autor ainda destaca que um círculo
organizacional onde os indivíduos possuem ética profissional, o clima tende a ser bem
agradável, e refletir assim no rendimento de toda a equipe.

Indubitavelmente, a ética é indispensável ao profissional, pois ,na ação humana, “o


fazer” e “o agir” convergem diretamente, onde o fazer diz respeito à competência, que trata da
eficiência que cada um deve ter, com o intuito de exercer bem a sua profissão, e o agir se
refere à sua conduta, ou seja, ao conjunto de atitudes que o mesmo deve assumir ao
desempenhar seu trabalho.

Oliveira (2012) pondera que na fase de formação profissional, o aprendizado das


competências e habilidades, inerentes à prática específica em uma determinada área, devem
incluir a reflexão, antes do início dos estágios, sendo assim, ao concluir a formação em nível
superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e comprometimento com a
categoria profissional, em que a partir daquele momento formalmente participa. Isso
caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, ou seja, é a adesão voluntária a um

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conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o exercício de sua
profissão.

Um ponto importante é que o contador deve incluir ás suas atribuições, ser um


gerenciador de informações, isso o diferenciará dos demais, fará com que ele não seja
somente mais um no mercado, para isso, ele deverá possuir uma visão globalizada do mundo
e, também, ser capaz de converter o seu conhecimento em benefícios para a própria
organização.

Segundo o Conselho Federal de Contabilidade - CFC - (2010), o profissional contábil


no exercício da sua profissão deve estar atento aos doze princípios básicos, que são: 1. exercer
a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observando sempre a
legislação vigente; 2. guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional
lícito; 3. zelar pela sua competência na orientação técnica dos serviços que se encontram a seu
cargo; 4. comunicar, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual
acontecimento que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar
trabalho; 5. antes de emitir opinião sobre quaisquer casos, inteirar-se de todas as
circunstâncias; 6. renunciar às funções que exerce, logo que seja configurada falta de
confiança por parte do cliente ou empregador; 7. caso seja substituído em seu serviço,
repassar as informações para seu substituto, com o intuito de manter a boa qualidade do
serviço; 8. manifestar a existência de qualquer impedimento para o exercício da profissão; 9.
ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional; 10. cumprir os
Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecidos pelo CFC; 11. comunicar ao
CRC quaisquer alterações cadastrais; e 12. auxiliar a fiscalização do exercício profissional.

O Conselho Federal de Contabilidade - CFC - (2010) ainda elucida que qualquer


desvio ao Código de Ética do Profissional Contábil, é passível de punição, entre as possíveis
infrações mais praticadas pelo profissional da contabilidade, podem-se citar as seguintes:
buscar clientes por meio de agenciador; deixar de realizar os serviços contábeis para os quais
foi expressamente contratado; inexecução de serviços contábeis obrigatórios; atitudes
fraudulentas na escrita ou em documentos, com o fim de favorecer a si mesmo ou a clientes;
apropriação indébita; incapacidade técnica; entre outros.

Portanto, o contador sempre encontrará conflitos éticos e morais durante o exercício


de sua profissão, porém, por toda a base que possui, deve se pautar nas virtudes morais para

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tomar a decisão correta, respeitando o seu Código de Ética, os seus clientes e sua consciência
moral.

METODOLOGIA

Segundo GIL (2002, p. 17) a pesquisa é “o procedimento racional e sistemático que


tem por objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Para a elaboração deste artigo, primeiramente foi realizado um levantamento de dados


e informações referentes a todos os aspectos relacionados a ética e moral. Este levantamento
aconteceu a partir da pesquisa e análise bibliográfica, que se deu através de livros, artigos, e
outras ferramentas de pesquisa, buscando informações importantes para a construção do
referencial teórico do artigo.

Portanto, o artigo se caracterizou como uma pesquisa de abordagem qualitativa,


descrevendo as situações e nuances inerentes à moral e a ética.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada sociedade de acordo com sua cultura e história estabelece requisitos éticos a
serem seguidos pelas pessoas que a compõe, partindo deste ponto temos dentro de cada
sociedade grupos que se formam e por sua vez criam para si o que chamam de valores éticos
sempre tendo como base os valores já estabelecidos pela sociedade de modo geral. Essa
vivencia em sociedade ou em grupos sociais sempre estará amparada por regras e normas de
conduta inerentes ao indivíduo, algo fundamental para a convivência.

A ética é condição imprescindível para que o profissional da contabilidade adquira e


mantenha credibilidade social, pois caso a sociedade não perceba a disposição dos
profissionais em proteger os valores éticos, certamente ela passará a não acreditar na
profissão.

O contador é quem constrói a sua própria valorização, a sua imagem, em um


concorrido mercado, por meio de suas atitudes, levando-o a refletir sobre suas ações, que, por
sua vez, implica pensar eticamente antes de decidir. O profissional precisa refletir sobre o seu

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papel frente as questões de valores morais, nas quais uma base ética torna-se necessária para
limitar a falibilidade humana, principalmente no mundo dos negócios no qual o contador está
inserido.

A ética propõe obrigações e deveres que os indivíduos possuem com os outros


integrantes da sociedade, na sua convivência diária. E o profissional contábil deve se valer
dos seus princípios morais em qualquer ocasião, assumir uma posição de idoneidade, não
submetendo-se a atitudes e conluios ignóbeis, algo cada vez mais frequente no competitivo
mercado de trabalho, infelizmente.

REFERÊNCIAS

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Cultural, 2001.

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2010. Disponível em:
<http://sinescontabil.com.br/monografias/trab_profissionais/rosiane.pdf>. Acesso em: 17 de
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