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ii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Divisão de Informação e Documentação
Lousada Jr, Sergio L.
Análise Comparativa de Winglets em uma Aeronave Regional de Última Geração / Sergio Luiz Lousada Jr.
São José dos Campos, 2011.
70f.

Dissertação de mestrado – Engenharia Aeronáutica e Mecânica – Área de Aerodinâmica.


Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2011. Orientadores: Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Soviero.

1. Winglets. 2. Túnel de Vento. 3. Análise Comparativa. I. Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial.


Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Aeronáutica e Mecânica. II. Análise Comparativa
de Winglets em uma Aeronave Regional de Última Geração.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LOUSADA JR, S. L. Análise Comparativa de Winglets em uma Aeronave Regional de


Última Geração. 2011. 70f. Dissertação de Mestrado Aerodinâmica – Instituto Tecnológico
de Aeronáutica, São José dos Campos.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Sergio Luiz Lousada Júnior


TÍTULO DO TRABALHO: Análise Comparativa de Winglets em uma Aeronave Regional de
Última Geração
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação de Mestrado Profissional / 2011

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta


dissertação e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação
pode ser reproduzida sem a sua autorização (do autor).

___________________________
Sergio Luiz Lousada Jr
R. Mons. José Alves de Moura 108.
Jardim Russi, Taubaté /SP - Brasil.
iii

Análise Comparativa de Winglets em uma Aeronave Regional de


Última Geração

Sergio Luiz Lousada Jr

Composição da banca examinadora:

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Soviero Orientador /Presidente – ITA

Fabrício Porto Co-Orientador - EMBRAER

Prof. Roberto Gil Annes da Silva Membro interno - ITA

Fernando Fialho Membro Externo - EMBRAER

ITA
iv

No princípio, Deus criou os céus e a terra.

E a terra estava sem forma e vazia;

As trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.

E Deus disse: “Faça-se luz”, e fez-se luz.

E Deus viu que a luz era boa: e dividiu a luz das trevas.

E Deus chamou a luz de Dia, e as trevas de Noite;

E a tarde e a manhã formaram o primeiro dia.

E Deus disse: “Faça-se um firmamento entre as águas, e separe as águas das águas”.

E Deus dividiu as águas abaixo do firmamento das águas acima, e assim foi feito.

E Deus chamou o firmamento de Céu.

E a tarde e a manhã formaram o segundo dia.

E Deus disse: “Deixai as águas abaixo dos céus se juntarem em um lugar, e a terra seca

aparecer”, e assim foi.

E Deus chamou a terra seca de Terra e o ajuntamento das águas Mar.

E Deus viu que isso era bom.

Gênesis – 1
v

AGRADECIMENTOS

Do primeiro ao último dia que trabalhei nesta dissertação, tive a felicidade de contar

com pessoas de extremo conhecimento, e enorme generosidade, dentre elas devo mencionar:

O Mestre Soviero, pelas aulas, orientação e inspiração; Marcelo Mayall, pela mentoria,

ensinamentos e paciência; Antonini P. Macedo pelo apoio; aos amigos do grupo de Ensaios

em Túnel, que foram cruciais para este estudo, me ajudando sempre de pronta vontade:

Komatsu, Shunsuke, Washington, Takara, e Pablo; a Fabrício Porto pela co-orientação, e aos

conselhos que levo pra minha vida.

Devo mencionar também o apoio da EMBRAER, empresa que me oferece oportunidades

desde quando era estudante de engenharia, ao ITA, instituição que acolhe os que amam e se

dedicam à ciência.

E não posso me esquecer de quem divide comigo a caminhada há anos: Minha mãe

Cristina, pelo amor irrestrito, meu pai Sergio, pelo exemplo de retidão e ética, meu irmão

Lucas, pela amizade mais importante.

A Deus, pela luz.

A todos:

Muito obrigado

Sergio Luiz Lousada Jr


vi

RESUMO

O presente trabalho visa determinar, via análises de dados de túnel de vento, o impacto

aerodinâmico em arrasto da instalação de dispositivos de ponta de asa em uma aeronave

transônica de transporte moderna, para averiguar o ganho atingido com os atuais métodos de

projeto de winglets.

São comparados 3 dispositivos de ponta de asa, em uma campanha de ensaios em túnel. Os

ensaios foram realizados à pressão total constante, fazendo o uso dos mesmos suportes, e

realizando as mesmas variações no escoamento. Os dados colhidos em diversas rodadas de

túnel foram então analisados procurando estabelecer qual a influência de cada dispositivo sob

o arrasto da aeronave, em regimes subsônicos e transônicos.

As comparações puderam estabelecer que o atual estado da arte oferece reduções

significativas de arrasto em cruzeiro, proporcionando melhorias no alcance e outras

características de desempenho da aeronave, vindo a comprovar a teoria e os dados históricos

de desempenho destes dispositivos.


vii

ABSTRACT

The present work aims to assess, via wind tunnel testing data, the aerodynamic impact due to

the installation of winglets in a modern transonic transport aircraft, in order to determine the

gain obtained by the use of these devices designed with current methodologies.

Three different winglets are tested during a wind tunnel testing campaign, which made use of

constant pressure runs, the same model support, and the same flow variations. The acquired

data of this runs was then analyzed to establish the influence of each device in many

aerodynamic aspects in subsonic and transonic regime.

The comparisons provided means to state that the current state-of-the-art of winglets design

provides significant reductions in drag during cruise, providing means to enhance range and

other performance aspects of an aircraft, thus corroborating the historical performance data of

these devices.
viii

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

figura 1 – DC-10 Utilizado no programa ACEE ...................................................................... 16

figura 2 – Modelo Learjet 55 em ensaios em túnel de vento .................................................... 17

figura 3 – Raked wingtips instaladas em um Boeing P8-A Poseidon ...................................... 20

figura 4 – Típica wingtip fence utilizada nas aeronaves da airbus ........................................... 21

figura 5 – EMB-145 AEW&C – Primeira aeronave da embraer a contar com winglets. ........ 22

figura 6 – Estimativa de arrasto de uma aeronave de transporte segundo Martin(10), os números

são estimados, devido a grande dependência da configuração da aeronave em sua geração de

arrasto. ...................................................................................................................................... 25

figura 7 – Escoamento típico sobre uma asa ............................................................................ 27

figura 8 – Vórtice de ponta de asa do modelo de um cessna 182, realizado em túnel de vento

do Rensselaer Polytechnic Institute. ......................................................................................... 28

figura 9 – Componentes de forças e ângulos de escoamento em um aerofólio ........................ 29

figura 10 – Forças resultantes sobre uma winglet .................................................................... 30

figura 11 – Arranjo de winglets superiores e inferiores. .......................................................... 36

figura 12 – Polar de arrasto comparativa mach 0.3. ................................................................. 48

figura 13 – Polar de arrasto comparativa Mach 0.5.................................................................. 49

figura 14 – Escala de cor para classificação ............................................................................. 50

figura 17 – Polar transônica comparativa Mach 0.70 ............................................................... 52

figura 16 – Comparação entre winglets em Mach 0.8 .............................................................. 54

figura 17 – Comparação entre winglets em Mach 0.82 ............................................................ 55

figura 18 – Drag Rise comparativo a CL 0.2............................................................................ 56

figura 19 – Drag Rise comparativo a CL 0.35.......................................................................... 56

figura 20 – Drag Rise comparativo a CL 0.5............................................................................ 57


ix

figura 21 – ΔCd compressibilidade para cl 0.2 ........................................................................ 58

figura 22 – ΔCd compressibilidade para cl 0.35 ...................................................................... 58

figura 23 – ΔCd compressibilidade para cl 0.5 ........................................................................ 59

figura 24 – Curva Cl x alpha comparativa entre winglets ........................................................ 61

figura 25 – Clmax das configurações ensaiadas em túnel ........................................................ 62

figura 26 – ΔCD X Cl subsônico das winglets estudadas ........................................................ 63

figura 27 – Clmax das configurações ensaiadas em túnel ........................................................ 64

figura 28 – Comparativo de diversos aspectos das winglets estudadas.................................... 65

figura 29 – Comparativo de arrasto total do modelo ensaiado com as winglets estudadas...... 65


x

LISTA DE SÍMBOLOS

A Alongamento

b Envergadura, [m]

c Corda, [m]

D Força de Arrasto da aeronave, [N]

Di Força de Arrasto Induzido, [N]

k Razão de coeficiente de arrasto induzido de uma asa plana


de corda unitária e o coeficiente de arrasto induzido de uma
asa não-plana, representando um conjunto asa/winglet
vertical.

L Força de Sustentação, [N]

l Altura de uma winglet, [m]

MDD Mach de divergência

q Pressão dinâmica (N/m2)

t Espessura, [m]

W Peso da aeronave, [N]

α Ângulo de ataque, [°]

αCl=0 Ângulo de ataque para Coeficiente de arrasto nulo, [°]


xi

Coeficiente de arrasto

C Di
Coeficiente de arrasto induzido

CL
Coeficiente de sustentação

Cl0 Coeficiente de sustentação nulo

Clβ Derivada de rolagem devido à derrapagem

Cnβ Coeficiente de guinada devido à derrapagem

CYβ
D i
Coeficiente de força lateral devido à derrapagem

ΔCd Comp Arrasto de Compressibilidade

CTR Área de Controle Terminal


xii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14

1.1. MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................................ 14

1.2. REVISÃO HISTÓRICA ........................................................................................................................... 15

1.3. WINGLETS NA AVIAÇÃO EXECUTIVA ................................................................................................... 18

1.4. WINGLETS NA AVIAÇÃO COMERCIAL .................................................................................................. 19

1.5. WINGLETS NA EMBRAER ................................................................................................................. 22

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ..................................................................................... 24

2.1. ARRASTO ............................................................................................................................................ 24

2.2. ARRASTO INDUZIDO ............................................................................................................................ 26

2.3. MECANISMOS DE ATUAÇÃO DE WINGLETS .......................................................................................... 29

2.4. EFEITOS DE VARIAÇÕES PARAMÉTRICAS ............................................................................................. 36

2.5. TIPOS DE WINGLETS ............................................................................................................................ 41


2.5.1. WINGLETS SUPERIORES ................................................................................................................................................... 41

2.5.2. WINGLETS INFERIORES .................................................................................................................................................... 41

3. ANÁLISE EXPERIMENTAL ....................................................................................... 43

3.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 43

3.2. CARACTERÍSTICAS DO TÚNEL DE VENTO ............................................................................................. 44

3.3. CONFIGURAÇÕES DO MODELO DE ENSAIO ........................................................................................... 44

3.4. MATRIZ DE ENSAIO ............................................................................................................................. 47

3.5. POLARES DE ARRASTO ........................................................................................................................ 48


3.5.1. REGIME SUBSÔNICO .......................................................................................................................................................... 48

3.5.2. REGIME TRANSÔNICO ....................................................................................................................................................... 51

3.6. DRAG RISE .......................................................................................................................................... 55


xiii

3.7. ARRASTO DE COMPRESSIBILIDADE ..................................................................................................... 57

3.8. MACH DE DIVERGÊNCIA DE ARRASTO ................................................................................................ 59

3.9. CL X ALPHA ...................................................................................................................................... 60

3.10. CL MAX .............................................................................................................................................. 62

3.11. ∆CD X CL ........................................................................................................................................... 63

4. RESUMO DOS RESULTADOS ................................................................................... 65

5. CONCLUSÃO................................................................................................................. 66

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 68
14

1. Introdução

1.1. Motivação

A determinação do ganho atingido com a instalação de winglets vem sendo assunto de

discussão técnica desde que tais dispositivos começaram a ser desenvolvidos. Trabalhos

pioneiros como os de Whitcomb et al (1) (3), forneceram dados comparativos da instalação de

winglets em aeronaves comerciais a jato de segunda geração. No entanto, as aeronaves

comerciais atuais não só possuem winglets desenvolvidas com métodos muito mais modernos

que os então utilizados pelas referências citadas anteriormente, como as próprias aeronaves

atuais possuem seu ponto ótimo em regimes diferentes daqueles das aeronaves utilizadas nos

trabalhos pioneiros. Propõe-se, portanto, analisar qual o impacto em arrasto que winglets

projetadas com recursos atuais geram em aeronaves regionais atuais.

Com uma crescente preocupação ecológica, e com o mercado aeronáutico sempre em

acirrada disputa, economias geradas pela instalação de dispositivos de ponta de asa sempre

foram temas de interesse para a indústria. Logo, faz-se necessário analisar o atual estado da

arte de winglets para balizar decisões de engenharia de projetos futuros. O presente trabalho

analisará diferentes winglets em um modelo de aeronave comercial transônica sob o aspecto

de arrasto, utilizando dados de túnel de vento realizados durante o desenvolvimento da

mesma, para averiguar o impacto aerodinâmico que winglets impõem na aeronave, e

ultimamente, fornecer dados comparativos para desenvolvimentos futuros.


15

1.2. Revisão Histórica

O início do desenvolvimento de winglets remonta 1897, quando Frederick W.


(9)
Lanchaster patenteou o conceito de endplates . Baseado em estudos teóricos e

experimentais, observou-se a considerável redução de arrasto acarretada pela instalação destes

dispositivos de ponta de asa.

Outros estudos referentes ao assunto também foram publicados em décadas seguintes


(4) (5)
por Nagel e Hemke , que através de metodologias teóricas e experimentais conseguiram

estudar os efeitos de variações geométricas de diversas endplates em asas, em regime

subsônico.

No entanto, estudos posteriores, como o de Weber (6), levantaram a perda de eficiência

que estes dispositivos sofrem em aeronaves em regime transônico por fenômenos de

descolamento em sua extensão, e conseqüente aumento de arrasto viscoso.

A procura por meios de mitigação do arrasto induzido continuou focando na


(7)
otimização de endplates para o regime transônico, culminando na patente de Vogt , que

desenvolveu endplates com torção geométrica, procurando reduzir a intensidade dos vórtices

de ponta.

A partir de 1974, liderados por Withcomb, um time de pesquisa do Centro Langley da

NASA, se dedicou a detalhar e analisar a aerodinâmica de pontas de asa, e desenvolver

dispositivos que melhorassem a eficiência aerodinâmica das mesmas.


(7)
Utilizando como base o trabalho de Vogt , o grupo liderado por Withcomb utilizou perfis

aerodinâmicos no lugar dos perfis das superfícies desenvolvidas por Vogt, e a partir de uma
16

série de estudos e ensaios em túneis com modelos representativos, os ganhos decorrentes da

adição dessas superfícies foram averiguados. Tais dispositivos, que tornam asas em

superfícies não planares, chamaram a atenção por oferecerem o melhor compromisso entre a

redução de arrasto induzido e efeitos indesejáveis decorrentes da instalação dos mesmos,

como aumento do peso estrutural, e desempenho em regimes de alto e baixo Cl. Whitcomb et

al (1), nomearam o dispositivo juntando as palavras em inglês para Asa e Eficiência (“Wing” e

“Efficient”), o nome revela o objetivo por trás do projeto de winglets: Aumentar a eficiência

aerodinâmica de asas.

De 1974 a 1976 o grupo realizou extensivos ensaios em túneis transônicos, onde a

viabilidade do conceito de winglets, e metodologias de desenvolvimento foram testadas.

FIGURA 1 – DC-10 UTILIZADO NO PROGRAMA ACEE

Os estudos, quando publicados em 1976, geraram grande interesse por parte de

fabricantes, forças aéreas e centros de pesquisa, gerando outras iniciativas de estudo.

O emprego por parte das fabricantes de aeronaves comerciais de transporte civil desses

dispositivos também foi rápido; Após a publicação em 1976, a Douglas realizou em parceria
17

com a NASA, sob programa ACEE (sigla para Eficiência Energética de Aeronaves, em

inglês: “Aircraft Energy Efficiency”), campanhas de ensaio vôo, em aviões DC-10 Serie 10,

arrendados da Continental Airlines em 1981.

O conhecimento adquirido durante estes ensaios foi aplicado no projeto do MD-11,

que teve o lançamento de seu programa em 1986. Em 1977, um ano após a divulgação dos

estudos de Withcomb, a Learjet começou sem fomento de instituições de pesquisa, a voar um


(8)
Learjet Model 28 com winglets batizadas de Longo chifre (do inglês “Longhorn”) , para

servir de plataforma de prova de conceito do desenvolvimento do Model 55.

FIGURA 2 – MODELO LEARJET 55 EM ENSAIOS EM TÚNEL DE VENTO

A Gulfstream também realizou seu desenvolvimento de forma independente, e voou o

Gulfstream III dotado de winglets pela primeira vez em 1978.


18

Hoje o uso de winglets foi extrapolado para todos os ramos da aviação, da aviação de

transporte, ao mercado de aviação geral, incluindo aeronaves destinadas à construção amadora

e planadores.

1.3. Winglets na aviação executiva

A indústria de aviação executiva foi a primeira a implementar winglets em uma


(8)
aeronave a jato de produção . Realizando seu trabalho de desenvolvimento por conta

própria, a Learjet testou em 1977, o Model 28, essencialmente um protótipo de

desenvolvimento que originaria o Model 55. Os ensaios em vôo identificaram um aumento de

6.5% no alcance da aeronave, e aumento significativo de estabilidade direcional do modelo

em questão(8), encorajando a companhia a utilizar winglets em suas aeronaves. De fato, desde

então winglets foram adotadas nos Models 55,31,60,45, e no futuro Model 85.

A empresa Gulfstream também foi uma pioneira na utilização de winglets, sendo

contemporânea da Learjet no estudo destes dispositivos, empregando-os nos modelos

Gulfstream III, IV, e V, o último modelo sendo o detentor de vários recordes.

A empresa Bombardier, hoje proprietária da Learjet, também utiliza estes dispositivos em

suas aeronaves executivas, notadamente as da família Challenger e Global Express.

A Dassault Aviation, tradicional fabricante francesa de aeronaves executivas, com a família

Falcon, aderiu ao projeto de winglets recentemente, com o Falcon 2000LX e 900LX, com um
19

projeto desenvolvido pela empresa Aviation Partners, a modificação exigiu mudanças no

revestimento das asas da aeronave, na região das pontas, mas trouxe ganhos de alcance para a

plataforma, da ordem de 5%, a Mach 0.8, que justificaram o oferecimento do dispositivo

como opcional para os clientes da empresa, e como item de modificação de Falcons 2000

anteriores.

A Aviation Partners, empresa do conglomerado Boeing, se dedica a fazer projetos de

winglets e outras modificações para diferentes aeronaves de diversos fabricantes. A Hawker

Beechcraft utilizou seus serviços para o projeto das winglets dos Hawker 800XP e SP,

levando a um aumento no alcance de 180 nm, os resultados foram tão satisfatórios, que a

empresa incorporou winglets no projeto dos Hawker 900 e 850 XP.

1.4. Winglets na aviação comercial

A introdução de winglets em projetos como o MD-11, e a divulgação pela NASA do

trabalho impulsionou o interesse por parte das grandes fabricantes de aeronaves comerciais no

dispositivo. A Boeing incorporou winglets pela primeira vez no B-747-400, com um aumento
(9)
no alcance da ordem de 3% , a empresa continuou a pesquisa no tema, desenvolvendo e

patenteando o conceito de Blended winglet, winglets com transição suave, que procuram

reduzir o arrasto de interferência gerado na região da transição. Outros dispositivos também

foram aplicados em projetos originalmente com pontas de asa convencional, como o Boeing

767-400 ER, que contou com a adição de pontas de asa estendidas.


20

FIGURA 3 – RAKED WINGTIPS INSTALADAS EM UM BOEING P8-A POSEIDON

A empresa adotou o conceito de Blended winglets como item de produção na família

737 Next Generation, e no BBJ, aeronave executiva derivada do 737-600. No entanto, Raked

Wingtips (winglets com diedro nulo) foram escolhidas como dispositivos de ponta de asa para

a nova família 787, e utilizará winglets para a versão de curto-alcance da família.


21

FIGURA 4 – TÍPICA WINGTIP FENCE UTILIZADA NAS AERONAVES DA AIRBUS

A Airbus, empresa pertencente ao conglomerado europeu EADS, começou a utilizar

dispositivos de ponta de asa desde a primeira família de aeronaves projetada pela companhia,

aeronaves da família A300 já contavam com com Wingtip fences, dispositivo também foi

utilizado na família Airbus A320 (Foram instalados nas aeronaves A320,A319,A318 e

A319CJ), e adotados no Airbus A380. A companhia também fez uso de dispositivos de ponta

de asa para a família A330 e A340, sucessores da família A300, que contam com winglets

convencionais.

A empresa desenvolveu recentemente junto com a Aviation Partners, winglets para a

família A320, realizando ensaios em voo com um protótipo equipado com Blended winglets,

para prover dados de comprovação do projeto.

Para a nova família de aeronaves A350, após ensaios em túnel e utilização de técnicas

de Dinâmica dos Fluidos Computacional (mais conhecido pela sigla CFD, do inglês:

“Computational Fluid Dynamics”), foi definido na fase de maturidade do projeto a utilização

de winglets, otimizadas para o Mach de cruzeiro da aeronave, M0.85.


22

1.5. Winglets na EMBRAER

Este histórico do emprego de winglets na Embraer teve como grande fonte de

referência o trabalho de Pinto (9). A empresa iniciou o desenvolvimento de winglets em 1989,

em parceria com o então CTA-Centro Técnico Aeroespacial para a realização de ensaios e

experimentos em túnel de vento. A empresa chegou a voar um protótipo do CBA-123 com a

finalidade de obtenção de dados de vôo para o desenvolvimento de dispositivos de ponta de

asa. (9)

FIGURA 5 – EMB-145 AEW&C – PRIMEIRA AERONAVE DA EMBRAER A CONTAR COM

WINGLETS.

A primeira aeronave da empresa a ser equipada com winglets foi a aeronave de alerta

aéreo antecipado EMB-145 AEW&C, cujo projeto foi realizado utilizando diversos softwares

de análise de escoamentos, e uma metodologia desenvolvida internamente, baseada nas

experiências anteriores de desenvolvimento.


23

A empresa também empregou o dispositivo de ponta de asa em sua linha de aeronaves

agrícolas Ipanema-202, inclusive na primeira aeronave de produção movida a etanol, o EMB-

202A.

Devido às altas velocidades de cruzeiro, para as quais as aeronaves Legacy, e a versão

ERJ-145 XR foram projetadas, a companhia decidiu desenvolver novas winglets, otimizadas

para os novos regimes de cruzeiro dessas aeronaves. A empresa conseguiu proporcionar

melhorias nas aeronaves em que as winglets foram instaladas, como: melhor desempenho de

pista, eficiência da asa em subida, e redução no arrasto de cruzeiro máximo.

Winglets foram também projetadas durante o desenvolvimento da família de E-Jets. A

família, composta por 4 aeronaves: ERJ-170, ERJ-175, ERJ-190 e ERJ-195. A família de E-

jets marcou o início da inclusão de winglets em aeronaves desde seu desenvolvimento, pois

até então, a empresa havia apenas adicionado os dispositivos em plataformas já desenvolvidas

e certificadas sem winglet.

Com a experiência adquirida, as aeronaves da nova linha de jatos executivos da

empresa Phenom 300, Legacy 450 e Legacy 500, serão todos certificados com winglets, seu

desenho tendo sido trabalhado desde o anteprojeto.


24

2. Fundamentos Teóricos

2.1. Arrasto

O arrasto, força que se opõe ao escoamento de um material em um fluido, é uma

variável de suma importância em um projeto aeronáutico. A intensidade desta força, afeta

diversos aspectos da aeronave de forma direta ou indireta, desde seu desempenho, a arranjos

estruturais, de seu custo de operação a sua aceitação no mercado.

A procura pela redução desta variável é impulsionada por diversas razões, entre as

principais: desempenho, e consumo de combustível.

O desempenho de uma aeronave e o consumo de combustível tem impacto direto na

escolha de um cliente por um produto ou outro. Desde as missões que um determinado tipo de

aeronave se propõe a realizar, às restrições econômicas de preço de combustível aeronáutico,

a redução do arrasto é uma das principais tarefas durante o desenvolvimento de uma aeronave.

O arrasto total de uma aeronave em um determinado regime de vôo é composto por

diversas fontes, que segundo Martin(10), podem ser divididos como mostrado na figura 6.
25

FIGURA 6 – ESTIMATIVA DE ARRASTO DE UMA AERONAVE DE TRANSPORTE, OS NÚMEROS

SÃO ESTIMADOS, DEVIDO A GRANDE DEPENDÊNCIA DA CONFIGURAÇÃO DA AERONAVE

EM SUA GERAÇÃO DE ARRASTO.

Os dispositivos de ponta de asa como winglets procuram mitigar a fonte de arrasto

devido a vórtices de ponta de asa. Este tipo de arrasto tem sua intensidade ligada à sustentação

desenvolvida pela asa, e varia de acordo com diversas variáveis, uma explicação sobre o

assunto é um dos próximos tópicos.

A adição de qualquer dispositivo aerodinâmico em uma aeronave gera uma adição em

arrasto, esta quantidade é variável de acordo com o regime de voo em que a aeronave se

encontra. A eficiência de uma winglet (cujo principal objetivo é reduzir o arrasto de ponta de

asas), só é benéfica quando tal redução em arrasto se mantém pela maior parte dos regimes
26

voados pela aeronave. Segundo Pinto(9), quando, analisando somente do ponto de vista

aerodinâmico, wingelts tem de maximizar a parte direita da equação 1.

ΔDvis cos o < ΔDinduzido (equação 1)

A eficiência da instalação de uma winglet também envolve outros aspectos que não

aerodinâmicos, como impacto estrutural, peso, estabilidade e controle, como serão vistos mais

adiante.

2.2. Arrasto induzido

Arrasto induzido compreende todo arrasto devido à geração de sustentação. Ele leva

esse nome, devido à similaridade do padrão fluido-dinâmico deste tipo de arrasto, com um

campo magnético “induzido” por condutores elétricos, similaridade essa identificada por

Prandtl e sua equipe em Göttingen no início do Sec XX (11).

O mecanismo físico para a geração de sustentação por uma asa é o diferencial de


(12)
pressão entre o intradorso e o extradorso extradorso da mesma , devido à aceleração do

escoamento no extra-dorso, a pressão nessa região da asa é menor do que aquela

experimentada pela região do intradorso, a diferença de pressão gera uma força perpendicular

ao vetor de velocidade, denominada Sustentação. Uma vez que a asa é uma superfície finita, o

ar procura na região das pontas equalizar o diferencial de pressão, curvando-se para chegar na

região de baixa pressão do extradorso. Como resultado, no intradorso cria-se uma componente

de escoamento no sentido da envergadura, da raiz da asa para as pontas, e no extradorso da


27

ponta para a raiz, como mostrado na figura 7, onde é possível visualizar de forma geral o

escoamento em vistas frontais e de topo da asa.

Esta tendência do ar, de, como destacado por Anderson(12), “vazar” pelas pontas,

estabelece um movimento circular à jusante da asa, chamado de vórtice de ponta, que induz

uma componente de velocidade descendente, chamada Downwash.

FIGURA 7 – ESCOAMENTO TÍPICO SOBRE UMA ASA

Segundo Martin(10), as características destes vórtices de ponta de asa são altamente

dependentes do formato e da incidência da ponta da asa, e influem na distribuição de pressão

da asa. É observada uma redução de sucção do extradorso na região. De fato os vórtices

influenciam todo o campo ao redor das pontas da asa. A energia para manter estes vórtices é

retirada do escoamento, e, ultimamente da tração dos motores da aeronave, prejudicando o

desempenho da mesma
28

Estes vórtices podem induzir gradientes de velocidade tão severos, que podem causar

acidentes quando outras aeronaves passaram na esteira de uma aeronave inadvertidamente,

razão pela qual são adotados tempos mínimos entre operações de pouso e decolagem entre

aeronaves, em aeroportos que recebem aeronaves de grande porte.

FIGURA 8 – VÓRTICE DE PONTA DE ASA DO MODELO DE UM CESSNA 182, REALIZADO EM

TÚNEL DE VENTO DO RENSSELAER POLYTECHNIC INSTITUTE.

Segundo Pinto(9) e Martin(10), o arrasto induzido está diretamente ligado com a

intensidade dos vórtices de ponta, pois o downwash resultante dos vórtices de ponta, afeta o

escoamento nas estações da asa, gerando dois efeitos:

1- Redução do ângulo de incidência efetivo da asa

2- Aparecimento de uma componente de força contrária ao escoamento, denominado

Arrasto induzido, devido à redução do ângulo de ataque efetivo.

A decomposição das forças pode ser observada na figura 9.


29

FIGURA 9 – COMPONENTES DE FORÇAS E ÂNGULOS DE ESCOAMENTO EM UM AEROFÓLIO

Pode-se concluir que o aparecimento do arrasto induzido, é um fenômeno dependente

dos vórtices de ponta de asa, e a intensidades dos dois possui grande ligação.

2.3. Mecanismos de atuação de winglets

Na tentativa de reduzir a parcela de arrasto induzido gerado por uma aeronave,

desenvolveram-se extensões de ponta de asa que procuram modificar o escoamento na ponta,

a fim de minimizar a geração de arrasto induzido.

A ampla literatura sobre o assunto descreve diversos mecanismos de atuação de

winglets para alcançar este objetivo. Pinto(9), Martin(10) e Mattos(13), descrevem como fatores

de redução de arrasto de uma winglet o comportamento similar a uma vela de navio sob

influência de um vento, gerando uma componente de tração contrária ao arrasto, com o fim de

reduzir a energia cinética rotacional e translacional consumida pelos vórtices de ponta (Como
30

descrito na figura 10), em conjunto com efeitos de redução de fluxo no sentido da

envergadura, gerando uma difusão do vórtice de ponta, e atenuando sua intensidade. Este

fator, aliado à redistribuição de pressão na asa, devido à adição da superfície, que reduz o

carregamento na raiz, gera a redução da parcela de arrasto induzido que torna o dispositivo

benéfico.

FIGURA 10 – FORÇAS RESULTANTES SOBRE UMA WINGLET

No entanto, McLean(14), descreve que a geração de uma força tratora resultante do

efeito similar a uma vela é ínfima, e que o grande responsável pela redução de arrasto é a

melhor distribuição de sustentação sob a envergadura, reduzindo a intensidade dos vórtices de

ponta. Tal mudança na distribuição de sustentação acarreta em variações no número de

Oswald da asa, à medida que a distribuição de sustentação se distancia ou se aproxima da

distribuição elíptica de sustentação sobre a mesma geometria alar. É importante, no entanto,

ressaltar a natureza do número de eficiência de Oswald, que consiste em um fator de correção

numérico da modelagem quadrática do arrasto induzido, comparando o mesmo com aquele

gerado pela distribuição elíptica da sustentação.


31

Por atuar na difusão dos vórtices de ponta de asa, via redistribuição da sustentação

sobre a asa, winglets, quando bem projetadas, além de gerar redução de arrasto no cruzeiro,

também provêm melhoras no desempenho em decolagem e subida, em aeroportos de grande

altitude e em condições climáticas quentes, operações em que a asa gera grande arrasto

induzido. Estudos da Boeing também descrevem a redução da tendência de rolamento durante

o estol, devido ao fato de winglets prevenirem estol de ponta de asa (9).

Segundo Pinto(9), o efeito da instalação da winglet no carregamento sob a asa está

ligado a um aumento de sustentação na ponta da mesma, e à redução dos coeficientes de

sustentação em que as estações da raiz atuam. Em cruzeiro, tal efeito pode reduzir ou

aumentar os efeitos de compressibilidade gerados na ponta da asa; já que o arrasto de

compressibilidade é dependente da sustentação.

(1)
Whitcomb et al em 1976 também descrevem como efeitos da redução do

escoamento no sentido da envergadura, o aumento do fluxo de ar sob o extra-dorso da

winglet. Tal aumento do fluxo de ar pode levar a formação de regiões sônicas em velocidades

de cruzeiro mais elevadas.

De fato, em regime transônico, se torna mandatório o projeto de winglets com

ausência de ondas de choques de grande intensidade, devido aos altos números de Mach, e da

grande variação de valores de coeficiente de sustentação encontrados em sua superfície (13).


32

Tais choques causam o espessamento da camada limite, e, em casos extremos, o

descolamento da mesma, gerando aumento do arrasto de forma, e reduzindo a vantagem da

instalação de uma winglet.

No entanto em baixas velocidades e em regimes de alto Cl, cuidados devem ser

tomados para analisar o comportamento da região das pontas, a perfilagem das estações da

mesma deve ser projetada para estolar somente após o estol da asa, nunca o inverso, sob pena

de perdas no valor de Cl max da aeronave, assim como incrementos no momento de


(9)
rolamento pós estol , comportamento de grande importância durante campanhas de

certificação do produto.

Como visto, os coeficientes de estabilidade da aeronave são modificados com a instalação de

winglets. Um momento adicional de rolagem é introduzido quando a aeronave é guinada,

devido ao binário gerado pelas forças resultantes nas winglets. Tal efeito, segundo Nickel &
(15)
Wohtfahrt , é equivalente ao momento de rolagem devido à derrapagem de uma asa

convencional com o ângulo de diedro equivalente calculado da seguinte forma:

20hwt
EDA = (equação 2)
s

Onde:

EDA – ângulo de diedro equivalente

hwt – Altura da winglet

s – Semi-envergadura da asa.
33

Tal aumento no valor de ângulo de diedro pode acarretar na necessidade de instalação

de Strakes ou fins para reduzir a derivada de derrapagem da aeronave, gerando mais arrasto e

reduzindo a vantagem de instalação do dispositivo.

Nos estudos realizados em aeronaves gerais por van Dam et al (16), foi percebido que a

winglets podem acarretar em respostas reduzidas ou reversas de ailerons em aeronaves que

não foram originalmente projetadas com o dispositivo. Efeito possivelmente gerado pelo
(15)
aumento do ângulo de diedro efetivo descrito por Nickel & Wohtfahrt . O estudo dos

efeitos em estabilidade longitudinal apontou que para asa não enflechadas, winglets não

alteram significativamente as características de resposta de período curto e fugóide.

No entanto, o autor ressalta que grandes mudanças em estabilidade látero-direcional

podem ser geradas pela instalação de winglets, primariamente na derivada de rolagem devido

à derrapagem, C lβ aumentando na maioria das vezes em pequena magnitude a freqüência

natural não-amortecida de Dutch roll, e na derivada de força lateral devido à derrapagem

( CYβ ), tal derivada tendo seus valores modificados de forma a aumentar a estabilidade sob

este aspecto.

Para aeronaves com asas não enflechadas, C nβ não será afetado na maioria das vezes,

no entanto, em alguns casos winglets podem reduzir tais valores.

Descolamentos de camada limite também devem ser evitados em baixas velocidades,

pois podem impactar no desempenho durante a decolagem e aproximação. Problemas como

buffet devido à separação do escoamento foram experimentados durante os primeiros ensaios

em vôo com DC-10 modificados pela NASA/Douglas; Originado no descolamento do


34

escoamento nas winglets inferiores e superiores com a presença de flaps, o efeito se estendia

para a toda a estação de transição Asa/winglet. Este problema foi sanado com mudanças no

enflechamento do bordo de ataque das winglets, e projeto de droop (nome dado à uma

modificação na geometria do bordo de ataque do perfil, aproximando-o de um slat fixo).

Logo, ficam evidentes os conflitantes requisitos do projeto de uma winglet: Para evitar

o descolamento da camada limite, em regimes de Cl max local, os perfis da winglet devem ter

uma espessura efetiva alta, e ao mesmo tempo pequena o suficiente para não aumentar o

arrasto em altas velocidades, e garantir que o peso estrutural do componente fique em

patamares aceitáveis, já que o mesmo tende a aumentar com winglets de espessuras efetivas

pequenas (9).

Para Whitcomb (1) o projeto dos perfis da seção da winglet podem ser similares aos da

NASA, porém com maiores valores de arqueamento, quando comparados aos da asa. O valor

de 8% de espessura relativa do perfil é considerado adequado pelo autor. Segundo Pinto (9), o

perfil também deve ser projetado para prover os coeficientes de força normal desejados para

os maiores valores de coeficientes de sustentação e Mach de projeto da asa. Para casos de

projeto supersônico e transônico, o perfil deve ser projetado para evitar a ocorrência de fortes

choques em sua superfície, e minimizar a velocidades induzidas pelo winglet na ponta de asa.

Dentre os efeitos acarretados pela instalação de winglets, está o aumento do momento

fletor na raiz da asa. Quando comparado com extensões de ponta de asa, winglets oferecem

menores momentos, devido ao braço de atuação reduzido (que é composto principalmente

pela envergadura da winglet apenas; já uma extensão de asa tem o braço de atuação
35

correspondente à toda a semi-envergadura da asa, com a adição da componente da extensão

propriamente dita). Estes esforços adicionais, advindos da instalação de um dispositivo de

ponta se traduzem em peso estrutural, e impactam no desempenho da aeronave. É

importantíssimo averiguar qual a extensão necessária de reforços para a instalação de

winglets, já que corre-se o risco da massa adicional deste reforços anular qualquer ganho

proporcionado pela winglet.


(13)
Segundo Mattos et al , outro aspecto que deve ser observado durante o projeto de

winglets versus Extensões de ponta de asa, reside na necessidade de se instalar em tais

dispositivos sistemas anti-gelo e degelo, que geram demanda adicional de ar sangrado dos

motores, reduzindo a eficiência do grupo moto-propulsor, e podendo impactar na performance

geral da aeronave e em outros sistemas internos da mesma.

Outros arranjos de winglets também foram testados, adicionando winglets inferiores

no intradorso da ponta de asa.


36

FIGURA 11 – ARRANJO DE WINGLETS SUPERIORES E INFERIORES.

O objetivo de se instalar winglets inferiores é reduzir a velocidade induzida máxima

na região dianteira do intradorso da winglet superior em altos coeficientes de sustentação. No

entanto, elas aumentam as cargas na região da ponta das asas, acarretando em maiores valores

de momento fletor na junção fuselagem-asa.

Existem também efeitos favoráveis de adição de winglets inferiores em regime de

cruzeiro, pois os mesmos reduzem as velocidades induzidas da região dianteira do intradorso

da ponta da asa, com conseqüente redução de separação induzida por ondas de choque.

2.4. Efeitos de variações paramétricas

(17)
Segundo Heyson et al , por estar ligada à diminuição do arrasto induzido, winglets

geram mais benefício à medida que o alongamento da asa diminui.

Tal fenômeno se deve a dois fatores:

1. À razão de L/D diminuir quando o alongamento de uma asa decresce; Fazendo asas

com baixo alongamento gerarem mais arrasto que asas alongadas quando a

sustentação é fixada em um valor comum.

2. Devido à porcentagem de redução de arrasto gerado por uma winglet ser independente

do Alongamento da asa em que é instalada, e sim da envergadura, para menores

envergaduras, alcança-se maiores reduções de arrasto induzido com winglets.


37

(18)
O estudo de Kuhlman & Liaw , utilizou um modelo de Plano de Trefftz para

predizer o impacto causado no coeficiente de arrasto induzido por um conjunto asa/winglet.

Fazendo o coeficiente de arrasto induzido como:

C L2
C Di =
(πAk ) (equação 3)

Onde:

C Di - Coeficiente de arrasto induzido

C L - Coeficiente de sustentação da asa

A - Alongamento

k - Razão de coeficiente de arrasto induzido de uma asa planta de corda unitária e o

coeficiente de arrasto induzido de uma asa não-plana, representando um conjunto asa/winglet

vertical.

É possível representar de forma dimensional a Equação 4 :

Di = ( L / b) 2 / (πqk ) ) (equação 4)

Onde:

q - Pressão dinâmica

b - a envergadura da asa.

L – Sustentação gerada pela asa

k - Razão de coeficiente de arrasto induzido de uma asa planta de corda unitária e o

coeficiente de arrasto induzido de uma asa não-plana, representando um conjunto asa/winglet

vertical.
38

A variável k pode ser analisada no plano de Trefftz, comparando as asas para um

mesmo Cl. Fazendo l e b, representarem a altura da winglet vertical, e a envergadura da asa, é

possível se chegar na variação de k em relação a variação de l/(b/2), mostrada na figura 12.

FIGURA 12 – VARIAÇÃO DE K COM PARÂMETROS GEOMÉTRICOS DE UMA WINGLET

VERTICAL NO PLANO DE TREFFTZ.

A análise da variação mostra que a eficiência aerodinâmica de uma winglet vertical

aumenta linearmente com a razão entre envergadura da winglet e a semi-envergadura da asa.

No entanto, o aumento indiscriminado da envergadura da winglet gera não somente esforços

estruturais maiores, levando a aumento do peso estrutural de todo o conjunto, como afeta a

qualidade de vôo, e introduz área molhada.


39

Quanto maior a superfície de uma winglet, maior sua área molhada, fator que acarreta

em ganhos em arrasto viscoso, que em regimes de baixo Cl (onde a geração de arrasto

induzido diminui), associado aos baixos números de Reynolds da região das winglets, torna a

determinação de uma área ótima do dispositivo, uma tarefa multidisciplinar de extrema

importância durante o projeto do mesmo (9).

Outros parâmetros que podem ser variados localmente buscando melhorar

globalmente o resultado do dispositivo são:

1.Variações nos ângulos de Wash-in de seções da winglet.

Tal parâmetro pode ser variado quando se busca reduzir o carregamento a que

uma determinada região da winglet está sujeito e evitar condições de estol do winglet,

no entanto é necessário levar em conta o comportamento da seção em outros regimes

de vôo, a fim de evitar impactos no desempenho da aeronave, devido a uma seção

winglet que origine efeitos indesejados.

2. Redução do t/c local com a extensão das cordas na região da transição.

Em regiões delicadas como a da transição asa-winglet, efeitos de Mach podem

ser amplificados devido à distribuição de pressão da ponta da asa e da base da winglet

serem muito próximas das seções da transição, facilitando a geração de ondas de

choque.

Para combater este efeito é necessário deixar a distribuição de pressão na transição o

mais suave possível em relação aos valores experimentados pela ponta da asa e pela

winglet, e uma das tratativas para o problema é aumentar a corda na região, levando o

perfil a uma relação t/c menor, mais favorável para altos números de Mach. Tal
40

extensão já foi explorada em aeronaves executivas, e deve-se tomar cuidado ao adotar

esta solução para não infringir patentes.

3. Mudanças geométricas dos perfis das seções, via projeto direto ou indireto.

Devem ser utilizadas constantemente durante o desenvolvimento dos perfis que

irão compor a winglet. Mudanças na geometria, como nas linhas de intradorso e

extradorso, mudanças no raio do bordo de ataque, ou variação de t/c devem ser

utilizadas para procurar as seções de melhor compromisso para o projeto do

dispositivo.

Com o advento de softwares de otimização, a análise da variação desses parâmetros se

tornou um processo muito mais automático do que em épocas anteriores, e livra mais tempo

para os engenheiros focarem no pós-processamento dos dados e tomada de decisão; No

entanto, para otimizar o tempo de máquina, é sempre interessante iniciar os estudos globais de

dimensionamento da winglet com softwares que solucionem métodos computacionalmente

mais leves, mas condizentes com o problema estudado, e o projeto fino dos perfis da winglet

seja realizado em etapas posteriores. Metodologias de projeto e análise de winglets, no

entanto, saem do escopo do presente trabalho.


41

2.5. Tipos de winglets

2.5.1. Winglets Superiores

Winglets superiores são encontradas na maioria dos projetos, se caracterizam por

superfícies com uma forma em planta similar a uma asa, que crescem a partir das pontas das

asas, no sentido do extradorso da mesma; Possuem bordo de fuga ou ataque alinhados com os

bordos da asa, e seus ângulos de diedro geralmente se aproximam de 90.

2.5.2. Winglets Inferiores

Winglets inferiores foram aplicadas em algumas plataformas, mas seu uso é menos

usual que o de winglets superiores, geralmente possuem área menor que as winglets

superiores, bordo de ataque coincidente com o bordo de ataque da asa, e são otimizadas para

desempenhar em situações de alto ângulo de ataque da asa. São superfícies que dependendo

de seu comprimento, oferecem potenciais riscos de choque em operações aeroportuárias, e por

essa razão foram retiradas de projetos de aeronaves como o Boeing 747-400.

A junção das winglets também é classificada em junção com quina ou junção suave.

Um descritivo dos ângulos e tipos de winglets é apresentado na figura 13.


42

FIGURA 13 – DESCRITIVO DOS DIFERENTES TIPOS DE WINGLETS.


43

3. Análise Experimental

3.1. Introdução

As análises comparativas dos dispositivos de ponta de asa do presente trabalho foram

feitas com base nos ensaios em um túnel de vento transônico, de um modelo de aeronave de

transporte regional, com 2 motores subalares.

O objetivo dos ensaios realizados foi determinar o comportamento aerodinâmico de

diferentes dispositivos de ponta de asa instalados em uma configuração de referência (descrito

posteriormente), em condições de cruzeiro e baixa velocidade.

Todos os ensaios foram longitudinais (Apenas variações em α), em configuração de

cruzeiro, visando à obtenção da determinação da parcela contribuinte de cada elemento no

arrasto da aeronave.

As corridas foram selecionadas de forma que pudessem oferecer uma comparação

entre diferentes configurações de dispositivos de ponta de asa (Mesma condição de

escoamento, mesmo suporte de modelo, etc). O modelo ensaiado foi projetado em escala 1:21,

contando com 256 tomadas de pressão nas asas, em 8 seções, com 32 tomadas cada.
44

3.2. Características do túnel de vento

Os ensaios foram realizados em um túnel de vento transônico de circuito fechado, com

controle de densidade, que contém uma seção de testes de 2 X 1.8 m2. O túnel possui uma

faixa de atuação de 0 a 1.3 Mach, e capacidade de variação de pressão entre 0.125 atm e 4

atm, possibilitando alcançar uma ampla gama de números de Reynolds para corridas.

O túnel não possui efeitos de parede medidos em modelos de aeronaves civis limitados

a 70% da largura da seção de teste, e pode utilizar diversos suportes de modelo, dependendo

da análise em questão.

3.3. Configurações do modelo de ensaio

O modelo de ensaio era composto por: Asas, fuselagem, pilones, nacelles, empenagem

vertical, carenagem asa-fuselagem, e carenagens dos trilhos dos flaps. Foram ensaiados 3

tipos diferentes de pontas de asa para esta configuração:

1. Ponta de asa convencional

Consiste da asa projetada originalmente para o modelo da aeronave a ser

ensaiado, com ponta arredondada sem qualquer dispositivo de ponta de asa, como

mostrado na figura 15.


45

FIGURA 15 – PONTA DE ASA CONVENCIONAL NO MODELO DE TÚNEL.

2. Winglet Derivada

A winglet Z1, foi derivada da winglet utilizada em uma aeronave menor que a

do modelo ensaiado em túnel, mas conservando grandes semelhanças. Esta winglet foi

projetada para uma asa de envergadura e áreas menores, mas para o mesmo regime de

voo para o qual a aeronave ensaiada foi desenvolvida.


46

FIGURA 16 – MODELOS DAS WINGLETS Z3 (ESQ.) E Z2.

3. Winglet de Referência

A winglet Z2, designada como referência, foi desenvolvida especificamente

para o modelo da aeronave ensaiada, ela conta com o maior alongamento das winglets

estudadas neste trabalho, e bordo de ataque deslocado do bordo de ataque da asa,

reduzindo gradativamente o t/c na transição.

4. Winglet de baixo alongamento, com alto t/c.

A winglet Z3 foi projetada utilizando baixo alongamento e fazendo o Bordo de

Ataque coincidente com o bordo de ataque da asa, mantendo a transição o mais

próxima possível da ponta da asa original.


47

3.4. Matriz de ensaio

Para se poder avaliar as características de cada um dos dispositivos supracitados,

foram analisadas cinco corridas de túnel, todas longitudinais (apenas variação de α), em

configuração de cruzeiro (Sem deflexão de nenhuma superfície de controle).

A matriz de ensaio, com os dados de cada corrida de túnel, utilizada neste estudo se encontra

na tabela 1.

NÚMERO DE MACH
CORRIDA
CONFIG. DE WINGLET Data
DE TUNEL # 0,30 0,50 0,65 0,70 0,73 0,75 0,77 0,78 0,79 0,80 0,81 0,82 0,83 0,85 0.875 0,90 0,92 0,95

1 Winglet Z2 X X X 26-abr-01
2 Winglet Z2 X X X X X X X X X X X X X X X 26-abr-01
3 Ponta Convencional X X X X X X X X X X X X X 26-abr-01
4 Winglet Z3 X X X X X X X X X X X X X 27-abr-01
5 Winglet Z1 X X X X X X X X X X X X 01-mai-01

TABELA 1 – MATRIZ DE ENSAIO

As rodadas foram realizadas à pressão constante, com variações de AOA, de -3º a 15º, em

incrementos de 0.2º, limitadas pelo surgimento de buffet, quebra da curva Cl X α, ou 2º após o

estol.

A seguir, serão apresentados os comparativos dos dispositivos testados no modelo de túnel,

sob diversos aspectos.


48

3.5. Polares de Arrasto

As polares de arrasto foram analisadas nos regimes subsônicos (Mach 0.30 e 0.50), e

em regime transônico, em velocidades típicas de cruzeiro, e MMO do projeto, e são

apresentadas a seguir.

3.5.1. Regime Subsônico

Em Mach 0.3, foram comparados todos os dispositivos de ponta de asa estudados

neste trabalho, conforme Figura 12.

CMT1 -Polar de Arrasto Subsônica


RESULTADOS FINAIS

Corridas @ M.30 & Re 1.2e6

Cd

Corrida 7301 - Ponta de asa convencional


Corrida 7101 - Winglets Z2
Corrida 9602 - Winglets Z1
Corrida 9201 - Winglets Z3

0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 Cl 0,60

FIGURA 12 – POLAR DE ARRASTO COMPARATIVA MACH 0.3 (RESOLUÇÃO: 5 COUNTS)

Dado que os modelos utilizados nas corridas que compuseram esta polar não possuíam

configuração com asa com flaps extendidos, é possível observar como para valores maiores
49

de Cl, o arrasto gerado pela asa com ponta de asa convencional gera mais arrasto que os

modelos com winglets, tal diferença chega a 2.5% para Cl = 0.55. Embora para valores de Cl

abaixo de 0.3 (onde a geração de arrasto induzido possui valores menores), os dispositivos

possuem valores de Cd muito próximos, com diferenças na ordem de 1 Drag count (saindo da

margem de precisão das balanças do túnel), a partir de Cl = 0.45 a diferença em arrasto da asa

com ponta convencional, em comparação com as winglets Z1 e Z3, chegando ao patamar de

1.3% neste Cl, e cresce à medida que o coeficiente de sustentação aumenta, confirmando a

teoria. Observa-se também que todas as asas equipadas com winglets desenvolveram menos

arrasto que a asa com ponta convencional neste regime.

CMT1 -Polar de Arrasto Subsônica


RESULTADOS FINAIS

Corridas @ M .50 & Re 1.85e6

Cd
Corrida 7302 - Ponta de asa convencional

Corrida 7102 - Winglets Z2

Corrida 9202 - Winglets Z3

0.50 0.53 0.55 0.58 0.60 0.63 0.65 0.68 0.70


Cl

FIGURA 13 – POLAR DE ARRASTO COMPARATIVA MACH 0.5 (RESOLUÇÃO: 5 COUNTS)

Para Mach 0.5, regime de voo típico experimentado em voos comercias durante

transições de aerovias para CTRs, foram comparadas as winglets Z2 e Z3 com a ponta de asa

convencional, onde se observou a equiparação dos dois dispositivos neste regime de

escoamento, e a menor geração de arrasto das asas equipadas com winglets quando
50

comparadas com a asa com ponto de asa convencional, alcançando uma redução de 4.5% nos

valores de Cd das asas com winglets para Cl = 0.65.

Os valores de Cd das corridas utilizadas na comparação subsônica foram interpolados

para 3 coeficientes de sustentação, e classificados em uma escala de cor, mostrada na figura

14, e seus valores percentuais em relação à asa com ponta convencional, foram organizados

nas tabelas 2 e 3, demonstrando numericamente a variação da redução do arrasto gerado por

asas equipadas com winglets, em função do coeficiente de sustentação.

Pior ( >= 2 Drag Counts)


Equivalente ( +- 1 Drag Count)
Melhor ( <= 2 Drag Counts)
FIGURA 14 – ESCALA DE COR PARA CLASSIFICAÇÃO

% Cd total - Mach 0.3


Cl Cd Z1 Cd Z2 Cd Z3
0.20 +1.36% +1.36% +1.02%
0.35 -0.3% 0.3% -0.3%
0.50 -2.0% -0.7% -1.7%
TABELA 2 – COMPARAÇÃO ENTRE WINGLETS EM MACH 0.3

% Cd total - Mach 0.5


Cl Cd Z1 Cd Z2 Cd Z3
0.20 - +1.7% 1.0%
0.35 - 0.4% 0.2%
0.50 - -1.1% -1.4%
TABELA 3 – COMPARAÇÃO ENTRE WINGLETS EM MACH 0.5
51

3.5.2. Regime Transônico

É no regime transônico, que as aeronaves comerciais de passageiros permanecem

grande parte de suas rotas, fazendo com que este seja o principal cenário para o qual diversos

dispositivos aerodinâmicos são otimizados, e onde a geração de economia é mais perceptível

financeiramente.

Neste regime, efeitos de compressibilidade devido ao alto número de Mach, são

geradas variações no arrasto de forma, influenciadas por ondas de choque que interagem com

a camada limite, e afetam toda a região adjacente às mesmas, aumentando o arrasto de forma.

Particularmente na ponta da asa, que experimenta menores valores de Reynolds, a camada

limite é ainda mais suscetível a descolamentos causados por ondas de choque e distribuições

de pressão com variações bruscas.

Para averiguar o comportamento das winglets projetadas para este modelo nesse

regime, foram realizados ensaios para os números de Mach típicos de cruzeiro do modelo de

aeronave ensaiado: 0.70, 0.75, 0.77, 0.79, 0.80, 0.82 e 0.85

A Mach 0.70, considerado Mach de cruzeiro econômico manteve-se a mesma

tendência de ΔCd entre asas equipadas com winglets e asa com ponta convencional observada

anteriormente, quando o valor de Cl é aumentado. No entanto, devido aos baixos coeficientes

de sustentação desenvolvidos pelas aeronaves na fase de cruzeiro, o arrasto devido à

sustentação também possui valores menores, fazendo com que a diferença entre os

dispositivos comece a ficar pequena, como pode ser observado nas figuras 15 e 16.
52

CMT1 -Polar de Arrasto Transônica


RESULTADOS FINAIS
Cd
Corridas @ M .70 & Re 2.35e6

Corrida 7303 - Ponta de asa convencional

Corrida 7201 - Winglets Z2

Corrida 9605 - Winglets Z1

Corrida 9203 - Winglets Z3

0.35 0.38 0.40 0.43 0.45 0.48 0.50 0.53 0.55 0.58 0.60
Cl

FIGURA 15 – POLAR TRANSÔNICA COMPARATIVA MACH 0.70 (RESOLUÇÃO: 10 COUNTS)

Nota-se que os dispositivos de ponta de asa geram menos arrasto que a asa

convencional, embora a winglet Z3 tenha um resultado pior que o da asa sem winglets em Cls

baixos. As winglets Z1 e Z2, se mostraram equivalentes (Variação <= 1 drag count), entre si

durante o intervalo de Cl estudado, e para Cls acima de 0.35 geraram os menores valores de

arrasto para a configuração estudada. Os resultados desta polar, interpolados para Cl=0.35 são

apresentados segundo a escala de cor da figura 14, na tabela 4.

% Cd total
M Cd Z1 Cd Z2 Cd Z3
0.30 -0.3% 0.3% -0.3%
0.70 -0.3% -0.7% 0.1%
0.75 0.2% 0.1% 1.0%
0.78 -0.2% -0.2% 0.5%
0.80 -0.2% -0.4% 0.4%
0.82 -0.6% -0.7% 0.0%
0.85 -0.9% -1.2% 0.2%
0.90 -0.7% 0.0% -2.0%

TABELA 4 – VARIAÇÃO TRANSÔNICA DE CD PARA AS WINGLETS ESTUDADAS,

INTERPOLADOS PARA CL 0.35


53

Analisando a tabela 4, visualiza-se como para valores de Cl baixos, as diferenças entre

asas com winglets e sem winglets, são pequenas, chegando a sair da margem de precisão das

balanças do túnel de vento, e podendo ter sua origem em fatores que não são ligados

diretamente ao fenômeno estudado. Tal comportamento de Cd fica claro quando se observa o

valor da winglet que gera o menor arrasto em Mach 0.7, a winglet Z2, desenvolve 0.7%

arrasto a menos que a asa convencional, um valor bem pequeno para medição com as

balanças de túnel. Para valores de Cl maiores de 0.38, os valores de Cd das winglets Z1e Z2

foram no mínimo 3 counts menores que a asa convencional.

Em Mach 0.80, Mach para cruzeiro ótimo da aeronave, a equivalência (Variação <= 1

drag count) em valores de Cd das winglets Z1 e Z2 fica ainda mais clara, com os dispositivos

apresentando valores iguais por toda a polar de arrasto, e destaca-se a ineficiência da winglet

Z3, que gera mais arrasto que a asa com ponta de asa convencional por grande parte da polar,

apenas invertendo este comportamento em Cl = 0.37.

O uso de winglet Z2 em Cl=0.35 gera uma redução de 0,6% no valor de Cd da aeronave, e

para Cl=0.45, uma redução de 2.4% no coeficiente de arrasto, a maior redução em arrasto das

configurações estudadas para este número de Mach.


54

CMT1 - Polar de Arrasto Transônica


RESULTADOS FINAIS

Corridas @ M.80 & Re 2.5e6

Corrida 7308 - Ponta de asa convencional

Corrida 7207 - Winglets Z2

Corrida 9610 - Winglets Z1

Corrida 9208 - Winglets Z3

Cd

0.30 0.33 0.35 0.38 0.40 0.43 0.45 0.48 0.50


Cl

FIGURA 16 – COMPARAÇÃO ENTRE WINGLETS EM MACH 0.8 (RESOLUÇÃO: 5 COUNTS)

A análise da polar de arrasto a Mach 0.82, considerado o MMO da aeronave, mostrou

a winglet Z2 como a que melhor desempenhou no regime de Cl baixo (que caracteriza a

operação de uma aeronave neste número de Mach). Para Cl=0.35 a winglet Z2 gerou -0,7% a

menos de arrasto que a ponta de asa convencional, mantendo a mesma tendência observada

nas outras polares de gerar cada vez menos arrasto à medida que o Cl diminui.
55

CMT1 - Polar de Arrasto Transônica


RESULTADOS FINAIS

Corridas @ M .82 & Re 2.5e6

Corrida 7310 - Ponta de asa convencional


Corrida 7209 - Winglets Z2
Cd Corrida 9612 - Winglets Z1
Corrida 9210 - Winglets Z3

0.30 0.33 0.35 0.38 0.40 0.43


Cl 0.45

FIGURA 17 – COMPARAÇÃO ENTRE WINGLETS EM MACH 0.82 (RESOLUÇÃO: 5 COUNTS)

3.6. Drag Rise

O aumento de arrasto correspondente ao aumento do número de Mach em um

escoamento acarreta no surgimento de efeitos de compressibilidade e efeitos viscosos que

aumentam o Mach local no extradorso e intradorso, chegando ao Mach Crítico (onde um

aerofólio possui um ponto sônico ao longo de sua superfície), e gerando ondas de choque que

modificam a camada limite, culminando no aumento do arrasto. À medida que se acelera

rumo à velocidade do som, tais choques se tornam grandes o suficiente para gerar mudanças

bruscas na distribuição de pressão ao longo das seções da asa, levando ao descolamento da

camada limite, e conseqüente aumento vertiginoso do arrasto. O Mach em que tal fenômeno

ocorre é chamado Mach de Divergência, e o gradual aumento do arrasto durante a elevação do

número de Mach até a divergência de arrasto, chama-se Drag Rise. A comparação de Drag
56

Rise foi realizada para diferentes valores de Cl de voo, para uma gama compreensiva de

Mach, que pudesse mostrar a evolução do Drag Rise das asas com as diferentes winglets

estudadas, resultando nos gráficos mostrados nas figuras 18, 19, e 20, apresentados com

resolução de 5 counts.

Cd X Mach
Cl=0.2

Cd

Conventional Wingtip
Winglets Z1
Winglets Z2
Winglets Z3

0,70 0,73 0,75 0,78 0,80 0,83


Mach 0,85

FIGURA 18 – DRAG RISE COMPARATIVO A CL 0.2

Cd X Mach
Cl=0.35

Cd

Ponta de asa convencional


Winglets Z1
Winglets Z2
Winglets Z3

0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82


Mach

FIGURA 19 – DRAG RISE COMPARATIVO A CL 0.35


57

Cd X Mach
Cl=0.5

Ponta de asa convencional


Cd Winglets Z1
Winglets Z2
Winglets Z3

0,73 0,76 0,78 0,81 0,83


Mach

FIGURA 20 – DRAG RISE COMPARATIVO A CL 0.5

3.7. Arrasto de Compressibilidade

Analisar isoladamente o ∆Cd de cada winglet em relação ao valor de Cd em um nº de

Mach que garantidamente não sofra de efeitos de compressibilidade, fornece meios de

determinar o incremento em arrasto advindo de compressibilidade, ∆Cd Comp.

Face às grandes diferenças de Reynolds entre as rodadas transônicas e subsônicas, e a

limitações das geometrias analisadas, foi decidido realizar a comparação de ∆Cd Comp das

rodadas tendo por base Mach 0.7, realizando correções de Reynolds entre as rodadas para

garantir a qualidade da comparação.

Os gráficos mostrados na figura 21,22 e 23 abaixo comparam as 3 winglets deste

estudo sob este aspecto.


58

∆ Cd Compressibilidade X Mach

Cl 0.2
∆ Cd 0.0030

Ponta de asa convencional


0.0020 Winglets Z1
Winglets Z2
Winglets Z3

0.0010

0.0000
0.65 0.68 0.71 0.74 0.77 0.80 0.83

-0.0010

Mach

FIGURA 21 – ΔCD COMPRESSIBILIDADE PARA CL 0.2

∆ Cd Compressibilidade X Mach

Cl 0.35

∆ Cd
0.0020

Ponta de asa convencional


Winglets Z1
0.0015 Winglets Z2
Winglets Z3

0.0010

0.0005

0.0000
0.68 0.70 0.72 0.74 0.76 0.78 0.80 0.82 0.84

Mach

FIGURA 22 – ΔCD COMPRESSIBILIDADE PARA CL 0.35


59

∆ Cd Compressibilidade X Mach

Cl 0.5

∆ Cd0.0030

0.0025
Ponta de asa convencional
Winglets Z1
0.0020 Winglets Z2
Winglets Z3

0.0015

0.0010

0.0005

0.0000
0.65 0.68 0.71 0.74 0.77 0.80

Mach

FIGURA 23 – ΔCD COMPRESSIBILIDADE PARA CL 0.5

Analisando os gráficos é possível concluir que as winglets geraram um pequeno

aumento no arrasto de compressibilidade em comparação com a asa convencional, tal

aumento é pequeno, e pode-se julgar como equivalente aos resultados da asa com ponta

convencional. O aumento pode ser explicado pela redistribuição de sustentação ao longo da

envergadura, que teve sua extensão aumentada pela winglet, a diferença entre as áreas das

duas asas explica o incremento observado nos gráficos.

3.8. Mach de Divergência de Arrasto

O fenômeno de divergência de arrasto é experimentado em aeronaves que se

aproximam da velocidade do som, e é caracterizado pelo brusco aumento no coeficiente de

arrasto experimentado pela aeronave, causado pela formação tanto no intradorso, como no

extradorso da asa de choques devido ao alto número de Mach local. Tais choques podem

induzir o descolamento da camada limite, e impõem a necessidade de mais empuxo aos


60

motores da aeronave para ultrapassar esse estágio do voo supersônico. Em aeronaves

comerciais transônicas, esta velocidade é limitante, e para tanto foi analisado pelo método da

Boeing se o Mach de divergência dos modelos com winglets foi afetado de alguma forma.

O método da Boeing classifica o início da Divergência quando o ΔCd da curva Cd x

Mach para um determinado Cl alcança 20 counts. Utilizando este método, foi elaborada a

tabela 5.

Mach de Divergência
Cl Z1 Z2 Z3
0,20 0,2% -0,1% 0,1%
0,35 0,0% 0,0% 0,0%
0,50 0,0% 0,0% 0,1%

TABELA 5 – MACH DE DIVERGÊNCIA DAS CONFIGURAÇÕES COM AS WINGLETS

ESTUDADAS, EM RELAÇÃO À PONTA DE ASA CONVENCIONAL

É possível observar pelos resultados obtidos, que a influência foi negligenciável,

alcançando apenas variações de 0.2% a mais que o MDD do modelo com ponta de asa

convencional em condições de alto Cl para o Mach analisado. Tal efeito praticamente nulo em

todas as winglets é devido ao fato das mesmas terem sido projetadas para não influenciar

negativamente tal propriedade.

3.9. Cl x ALPHA

Para se averiguar a influência que a instalação de winglets poderia acarretar na curva

Cl x α da aeronave estudada, o modelo sem deflexão de flaps foi analisado em Mach 0.30,

com o gráfico sendo mostrado abaixo.


61

CMT1 - Cl x α

0º Flaps
Corridas @ M .30 & Re 1.2e6

Cl

Ponta de asa convencional


Winglet Z2
Winglet Z1
Winglet Z3

α (º)

FIGURA 24 – CURVA CL X ALPHA COMPARATIVA ENTRE WINGLETS

É possível observar pelo gráfico que a presença das winglets não alterou de forma

alguma a curva Cl x α da aeronave, os valores de Cl0 e αCl=0 não variaram de forma

significativa. Nota-se que para um mesmo α, o Cl das asas com winglet aumentam

ligeiramente.

∂Cl
É importante ressaltar que mesmo com tais variações, a derivada de todas as asas
∂α

equipadas com winglet mantiveram-se iguais ao da asa com pontas de asa convencionais.
62

3.10. Cl Max

A importância de se projetar winglets que estolem depois da asa foi enfatizada

anteriormente neste estudo. Para visualizar se as mesmas estavam modificando as

características de estol da aeronave, foram analisadas as rodadas feitas para a obtenção da

curva de Cl x α em ângulos próximos ao de estol, gerando o gráfico da figura 25.

CMT1 -Clmax

0º Flaps
Corridas @ M .30 Re 1.2e6

Cl

Ponta de asa convencional


Winglet Z2
Winglet Z1
Winglet Z3

α (º)

FIGURA 25 – CLMAX DAS CONFIGURAÇÕES ENSAIADAS EM TÚNEL

Observou-se que as winglets pouco modificaram os valores de Cl max da aeronave. A

variação foi sempre positiva em relação à asa com ponta convencional, mas de pequena

magnitude, com variações na ordem de 1 lift count a mais para a winglet Z3, em relação a

ponta convencional. As variações em αestol foram negligenciáveis, mostrando como as

winglets estudadas não afetaram este aspecto da aeronave.


63

3.11. ∆Cd X Cl

Ao se buscar a comparação da eficácia de uma winglet, observa-se a dependência que

estes dispositivos possuem para com o Cl experimentado pela asa. Logo, faz-se necessário

analisar comparativamente com os resultados de Cd x Cl da asa com ponta convencional qual

é o ∆Cd de cada winglet para incrementos em Cl.

Interpolando em 2º ordem os resultados de ∆Cd x Cl, é possível observar de forma

gráfica a redução ou piora que cada winglet gera na asa estudada.

FIGURA 26 – ΔCD X CL SUBSÔNICO DAS WINGLETS ESTUDADAS

Observa-se pelo gráfico mostrado na figura 26, que em regime subsônico as winglets

Z1 e Z3 oferecem quase a mesma redução em arrasto, alcançando em Cl=0.6 uma redução de

11 drag counts em relação à asa com ponta convencional. Observa-se que em regime

subsônico a winglet Z2 oferece a menor redução em arrasto dentre as winglets estudadas.


64

FIGURA 27 – CLMAX DAS CONFIGURAÇÕES ENSAIADAS EM TÚNEL

Em regime transônico, também se observou que a winglet Z2 gerou os menores

valores de arrasto obtidos nos ensaios em Mach 0.78. A winglet Z1 gerou durante esta rodada

uma média de um drag count a mais que a winglet Z2 por toda a variação de alpha realizada

neste Mach. No entanto, para variações de Cl de 0.5 a 0.6, conforme o gráfico da figura 27

(altos valores de Cl de uma aeronave típica deste segmento em regime transônico), o

comportamento da winglet Z2 e da winglet Z1 foi equivalente.


65

4. Resumo dos resultados

À seguir é apresentado nas figuras 28 e 29 um resumo dos aspectos aerodinâmicos das

winglets estudadas neste trabalho, utilizando a classificação mostrada na figura 14, e tomando

a asa com ponta de asa convencional como referência.

Transonic Subsonic
∆ Cd Comp ∆ Cd X Cl ∆ Cd X Cl
Low Cl High Cl Low Cl High Cl Low Cl High Cl
Winglet Z1
Winglet Z2
Winglet Z3

FIGURA 28 – COMPARATIVO DE DIVERSOS ASPECTOS DAS WINGLETS ESTUDADAS

Arrasto total
Subsonico Transonico
Baixo Cl Alto Cl Baixo Cl Alto Cl
Winglet Z1
Winglet Z2
Winglet Z3

FIGURA 29 – COMPARATIVO DE ARRASTO TOTAL DO MODELO ENSAIADO COM AS

WINGLETS ESTUDADAS
66

5. Conclusão

O atual estado da arte de projeto de winglets continua oferecendo os mesmos ganhos

significativos em arrasto observados nos trabalhos pioneiros estudados durante a pesquisa

deste trabalho, no entanto, demandam um amplo trabalho de otimização global do dispositivo

para garantir que a eficiência global da aeronave seja melhorada, uma vez com winglets

instaladas.

Foram observadas reduções da ordem de 2.5% em arrasto total para regimes

transônicos típicos de cruzeiro, ganho este, considerável para questões de desempenho,

aumentando o L/D, e fazendo com que a razão de subida da aeronave seja melhorada. No

entanto, no que tange o projeto aerodinâmico, é necessário enfatizar a necessidade de análises

do escoamento transônico de forma a garantir que efeitos de Mach e de compressibilidade não

venham a retirar eventuais ganhos em arrasto induzido proporcionados pelo dispositivo. Fica

evidente pelos dados analisados no presente trabalho que a ordem de grandeza da redução em

arrasto, advinda da instalação destes dispositivos, é de 1 drag count em regimes de alto Cl.

Valores estes que muitas vezes estão fora da resolução máxima da balança de muitos túneis de

vento de ensaio transônico. Tais ganhos mínimos em arrasto podem estar sendo mascarados

por incertezas da balança ou por efeitos de túnel de vento, e devem ser analisados com

parcimônia, assim como em análises utilizando CFD (já que tal ordem de grandeza é difícil de

ser atingida com precisão via modelagem de camada limite), e ensaios em voo. Durante

regimes de baixo Cl, em que a geração de arrasto induzido é menor, deve ser tomado cuidado

para evitar que o arrasto de forma da winglet não seja grande demais para não compensar sua
67

instalação. Por se tratar de um dispositivo fixo, é evidente que o mesmo desenvolverá seu

efeito ótimo em apenas uma faixa de variação do escoamento, fato este que torna o projeto

aerodinâmico do dispositivo um exercício desafiador.

É possível se concluir que tais dispositivos apresentam melhor eficiência em

aeronaves de baixo alongamento, originalmente não projetadas com o dispositivo (devido ao

menor valor de L/D original da aeronave); em aeronaves concebidas com winglets; e em

aeronaves já desenvolvidas para um determinado regime, que devem ser adaptadas para

cumprir outro tipo de missão em Cl de cruzeiro maior. No entanto o projeto de winglets deve

sempre determinar a eficiência da instalação de tal dispositivo na aeronave, analisando

aspectos que vão desde aerodinâmica, estabilidade e controle, sistemas, cargas,

aeroelasticidade, certificação, comportamento em ambientes favoráveis à formação de gelo, e

financeiros.
68

6. Referências

1. FLECHNER, S. G.; JACOBS, P. F.; WHITCOMB, R. T.; A high subsonic speed

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13. MATTOS, B. S.; MACEDO, A. P.; SILVA FILHO, D. H.; Considerations About

Winglet Design, In: Conferência de Aerodinâmica Aplicada, 21. , 23-26 June, 2003,

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18. KUHLMAN, J. M.; LIAW, P..; Winglets on Low-Aspect Ratio Wings, In:

Conferência de Aerodinâmica Aplicada, 5., 1987, Monterey, CA.

Proceedings...Reston: American Institute of Aeronautics and Astronautics, 1987.


71

FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO


1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS

DP 19 de abril de 2011 DCTA/ITA/DP-029/2011 70


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:

Análise comparativa de winglets em uma aeronave regional de última geração


6.
AUTOR(ES):

Sergio Luiz Lousada Junior


7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):

Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA


8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Winglets, Análise Comparativa, Arrasto, Aeronave Regional

9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:


Desempenho de aeronaves; Análise comparativa; Vórtices de ponta de asa; Redução de arrasto;
Aerodinâmica; Engenharia aeronáutica
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado Profissional em Engenharia Aeronáutica. Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica. Orientador: Paulo Afonso de Oliveira Soviero.

Defesa em 07/04/2011. Publicada em 2011.

11.
RESUMO:

O presente trabalho visa determinar, via análises de dados de túnel de vento, o impacto aerodinâmico em

arrasto da instalação de dispositivos de ponta de asa em uma aeronave transônica de transporte moderna, para

averiguar o ganho atingido com os atuais métodos de projeto de winglets.

São comparados 3 dispositivos de ponta de asa, em uma campanha de ensaios em túnel. Os ensaios foram

realizados à pressão total constante, fazendo o uso dos mesmos suportes, e realizando as mesmas variações no

escoamento. Os dados colhidos em diversas rodadas de túnel foram então analisados procurando estabelecer qual a

influência de cada dispositivo sob o arrasto da aeronave, em regimes subsônicos e transônicos.

As comparações puderam estabelecer que o atual estado da arte oferece reduções significativas de arrasto em

cruzeiro, proporcionando melhorias no alcance e outras características de desempenho da aeronave, vindo a

comprovar a teoria e os dados históricos de desempenho destes dispositivos.

12.
GRAU DE SIGILO:(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO

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