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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
___________________________
Sergio Luiz Lousada Jr
R. Mons. José Alves de Moura 108.
Jardim Russi, Taubaté /SP - Brasil.
iii
ITA
iv
E Deus viu que a luz era boa: e dividiu a luz das trevas.
E Deus disse: “Faça-se um firmamento entre as águas, e separe as águas das águas”.
E Deus dividiu as águas abaixo do firmamento das águas acima, e assim foi feito.
E Deus disse: “Deixai as águas abaixo dos céus se juntarem em um lugar, e a terra seca
Gênesis – 1
v
AGRADECIMENTOS
Do primeiro ao último dia que trabalhei nesta dissertação, tive a felicidade de contar
com pessoas de extremo conhecimento, e enorme generosidade, dentre elas devo mencionar:
O Mestre Soviero, pelas aulas, orientação e inspiração; Marcelo Mayall, pela mentoria,
ensinamentos e paciência; Antonini P. Macedo pelo apoio; aos amigos do grupo de Ensaios
em Túnel, que foram cruciais para este estudo, me ajudando sempre de pronta vontade:
Komatsu, Shunsuke, Washington, Takara, e Pablo; a Fabrício Porto pela co-orientação, e aos
desde quando era estudante de engenharia, ao ITA, instituição que acolhe os que amam e se
dedicam à ciência.
E não posso me esquecer de quem divide comigo a caminhada há anos: Minha mãe
Cristina, pelo amor irrestrito, meu pai Sergio, pelo exemplo de retidão e ética, meu irmão
A todos:
Muito obrigado
RESUMO
O presente trabalho visa determinar, via análises de dados de túnel de vento, o impacto
transônica de transporte moderna, para averiguar o ganho atingido com os atuais métodos de
projeto de winglets.
ensaios foram realizados à pressão total constante, fazendo o uso dos mesmos suportes, e
túnel foram então analisados procurando estabelecer qual a influência de cada dispositivo sob
ABSTRACT
The present work aims to assess, via wind tunnel testing data, the aerodynamic impact due to
the installation of winglets in a modern transonic transport aircraft, in order to determine the
gain obtained by the use of these devices designed with current methodologies.
Three different winglets are tested during a wind tunnel testing campaign, which made use of
constant pressure runs, the same model support, and the same flow variations. The acquired
data of this runs was then analyzed to establish the influence of each device in many
The comparisons provided means to state that the current state-of-the-art of winglets design
provides significant reductions in drag during cruise, providing means to enhance range and
other performance aspects of an aircraft, thus corroborating the historical performance data of
these devices.
viii
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
figura 5 – EMB-145 AEW&C – Primeira aeronave da embraer a contar com winglets. ........ 22
arrasto. ...................................................................................................................................... 25
figura 8 – Vórtice de ponta de asa do modelo de um cessna 182, realizado em túnel de vento
LISTA DE SÍMBOLOS
A Alongamento
b Envergadura, [m]
c Corda, [m]
t Espessura, [m]
Coeficiente de arrasto
C Di
Coeficiente de arrasto induzido
CL
Coeficiente de sustentação
CYβ
D i
Coeficiente de força lateral devido à derrapagem
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
5. CONCLUSÃO................................................................................................................. 66
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 68
14
1. Introdução
1.1. Motivação
discussão técnica desde que tais dispositivos começaram a ser desenvolvidos. Trabalhos
comerciais atuais não só possuem winglets desenvolvidas com métodos muito mais modernos
que os então utilizados pelas referências citadas anteriormente, como as próprias aeronaves
atuais possuem seu ponto ótimo em regimes diferentes daqueles das aeronaves utilizadas nos
trabalhos pioneiros. Propõe-se, portanto, analisar qual o impacto em arrasto que winglets
acirrada disputa, economias geradas pela instalação de dispositivos de ponta de asa sempre
foram temas de interesse para a indústria. Logo, faz-se necessário analisar o atual estado da
arte de winglets para balizar decisões de engenharia de projetos futuros. O presente trabalho
subsônico.
desenvolveu endplates com torção geométrica, procurando reduzir a intensidade dos vórtices
de ponta.
aerodinâmicos no lugar dos perfis das superfícies desenvolvidas por Vogt, e a partir de uma
16
adição dessas superfícies foram averiguados. Tais dispositivos, que tornam asas em
superfícies não planares, chamaram a atenção por oferecerem o melhor compromisso entre a
como aumento do peso estrutural, e desempenho em regimes de alto e baixo Cl. Whitcomb et
al (1), nomearam o dispositivo juntando as palavras em inglês para Asa e Eficiência (“Wing” e
“Efficient”), o nome revela o objetivo por trás do projeto de winglets: Aumentar a eficiência
aerodinâmica de asas.
O emprego por parte das fabricantes de aeronaves comerciais de transporte civil desses
dispositivos também foi rápido; Após a publicação em 1976, a Douglas realizou em parceria
17
com a NASA, sob programa ACEE (sigla para Eficiência Energética de Aeronaves, em
inglês: “Aircraft Energy Efficiency”), campanhas de ensaio vôo, em aviões DC-10 Serie 10,
que teve o lançamento de seu programa em 1986. Em 1977, um ano após a divulgação dos
Hoje o uso de winglets foi extrapolado para todos os ramos da aviação, da aviação de
e planadores.
então winglets foram adotadas nos Models 55,31,60,45, e no futuro Model 85.
Falcon, aderiu ao projeto de winglets recentemente, com o Falcon 2000LX e 900LX, com um
19
revestimento das asas da aeronave, na região das pontas, mas trouxe ganhos de alcance para a
como opcional para os clientes da empresa, e como item de modificação de Falcons 2000
anteriores.
Beechcraft utilizou seus serviços para o projeto das winglets dos Hawker 800XP e SP,
levando a um aumento no alcance de 180 nm, os resultados foram tão satisfatórios, que a
trabalho impulsionou o interesse por parte das grandes fabricantes de aeronaves comerciais no
dispositivo. A Boeing incorporou winglets pela primeira vez no B-747-400, com um aumento
(9)
no alcance da ordem de 3% , a empresa continuou a pesquisa no tema, desenvolvendo e
patenteando o conceito de Blended winglet, winglets com transição suave, que procuram
foram aplicados em projetos originalmente com pontas de asa convencional, como o Boeing
737 Next Generation, e no BBJ, aeronave executiva derivada do 737-600. No entanto, Raked
Wingtips (winglets com diedro nulo) foram escolhidas como dispositivos de ponta de asa para
dispositivos de ponta de asa desde a primeira família de aeronaves projetada pela companhia,
aeronaves da família A300 já contavam com com Wingtip fences, dispositivo também foi
A319CJ), e adotados no Airbus A380. A companhia também fez uso de dispositivos de ponta
de asa para a família A330 e A340, sucessores da família A300, que contam com winglets
convencionais.
família A320, realizando ensaios em voo com um protótipo equipado com Blended winglets,
Para a nova família de aeronaves A350, após ensaios em túnel e utilização de técnicas
de Dinâmica dos Fluidos Computacional (mais conhecido pela sigla CFD, do inglês:
asa. (9)
WINGLETS.
A primeira aeronave da empresa a ser equipada com winglets foi a aeronave de alerta
aéreo antecipado EMB-145 AEW&C, cujo projeto foi realizado utilizando diversos softwares
202A.
melhorias nas aeronaves em que as winglets foram instaladas, como: melhor desempenho de
jets marcou o início da inclusão de winglets em aeronaves desde seu desenvolvimento, pois
empresa Phenom 300, Legacy 450 e Legacy 500, serão todos certificados com winglets, seu
2. Fundamentos Teóricos
2.1. Arrasto
diversos aspectos da aeronave de forma direta ou indireta, desde seu desempenho, a arranjos
A procura pela redução desta variável é impulsionada por diversas razões, entre as
escolha de um cliente por um produto ou outro. Desde as missões que um determinado tipo de
a redução do arrasto é uma das principais tarefas durante o desenvolvimento de uma aeronave.
diversas fontes, que segundo Martin(10), podem ser divididos como mostrado na figura 6.
25
devido a vórtices de ponta de asa. Este tipo de arrasto tem sua intensidade ligada à sustentação
desenvolvida pela asa, e varia de acordo com diversas variáveis, uma explicação sobre o
arrasto, esta quantidade é variável de acordo com o regime de voo em que a aeronave se
encontra. A eficiência de uma winglet (cujo principal objetivo é reduzir o arrasto de ponta de
asas), só é benéfica quando tal redução em arrasto se mantém pela maior parte dos regimes
26
voados pela aeronave. Segundo Pinto(9), quando, analisando somente do ponto de vista
A eficiência da instalação de uma winglet também envolve outros aspectos que não
aerodinâmicos, como impacto estrutural, peso, estabilidade e controle, como serão vistos mais
adiante.
Arrasto induzido compreende todo arrasto devido à geração de sustentação. Ele leva
esse nome, devido à similaridade do padrão fluido-dinâmico deste tipo de arrasto, com um
campo magnético “induzido” por condutores elétricos, similaridade essa identificada por
experimentada pela região do intradorso, a diferença de pressão gera uma força perpendicular
ao vetor de velocidade, denominada Sustentação. Uma vez que a asa é uma superfície finita, o
ar procura na região das pontas equalizar o diferencial de pressão, curvando-se para chegar na
região de baixa pressão do extradorso. Como resultado, no intradorso cria-se uma componente
ponta para a raiz, como mostrado na figura 7, onde é possível visualizar de forma geral o
Esta tendência do ar, de, como destacado por Anderson(12), “vazar” pelas pontas,
estabelece um movimento circular à jusante da asa, chamado de vórtice de ponta, que induz
influenciam todo o campo ao redor das pontas da asa. A energia para manter estes vórtices é
desempenho da mesma
28
Estes vórtices podem induzir gradientes de velocidade tão severos, que podem causar
razão pela qual são adotados tempos mínimos entre operações de pouso e decolagem entre
intensidade dos vórtices de ponta, pois o downwash resultante dos vórtices de ponta, afeta o
dos vórtices de ponta de asa, e a intensidades dos dois possui grande ligação.
winglets para alcançar este objetivo. Pinto(9), Martin(10) e Mattos(13), descrevem como fatores
de redução de arrasto de uma winglet o comportamento similar a uma vela de navio sob
influência de um vento, gerando uma componente de tração contrária ao arrasto, com o fim de
reduzir a energia cinética rotacional e translacional consumida pelos vórtices de ponta (Como
30
envergadura, gerando uma difusão do vórtice de ponta, e atenuando sua intensidade. Este
fator, aliado à redistribuição de pressão na asa, devido à adição da superfície, que reduz o
carregamento na raiz, gera a redução da parcela de arrasto induzido que torna o dispositivo
benéfico.
efeito similar a uma vela é ínfima, e que o grande responsável pela redução de arrasto é a
Por atuar na difusão dos vórtices de ponta de asa, via redistribuição da sustentação
sobre a asa, winglets, quando bem projetadas, além de gerar redução de arrasto no cruzeiro,
altitude e em condições climáticas quentes, operações em que a asa gera grande arrasto
sustentação em que as estações da raiz atuam. Em cruzeiro, tal efeito pode reduzir ou
(1)
Whitcomb et al em 1976 também descrevem como efeitos da redução do
winglet. Tal aumento do fluxo de ar pode levar a formação de regiões sônicas em velocidades
ausência de ondas de choques de grande intensidade, devido aos altos números de Mach, e da
tomados para analisar o comportamento da região das pontas, a perfilagem das estações da
mesma deve ser projetada para estolar somente após o estol da asa, nunca o inverso, sob pena
certificação do produto.
devido ao binário gerado pelas forças resultantes nas winglets. Tal efeito, segundo Nickel &
(15)
Wohtfahrt , é equivalente ao momento de rolagem devido à derrapagem de uma asa
20hwt
EDA = (equação 2)
s
Onde:
s – Semi-envergadura da asa.
33
de Strakes ou fins para reduzir a derivada de derrapagem da aeronave, gerando mais arrasto e
Nos estudos realizados em aeronaves gerais por van Dam et al (16), foi percebido que a
não foram originalmente projetadas com o dispositivo. Efeito possivelmente gerado pelo
(15)
aumento do ângulo de diedro efetivo descrito por Nickel & Wohtfahrt . O estudo dos
efeitos em estabilidade longitudinal apontou que para asa não enflechadas, winglets não
podem ser geradas pela instalação de winglets, primariamente na derivada de rolagem devido
( CYβ ), tal derivada tendo seus valores modificados de forma a aumentar a estabilidade sob
este aspecto.
Para aeronaves com asas não enflechadas, C nβ não será afetado na maioria das vezes,
escoamento nas winglets inferiores e superiores com a presença de flaps, o efeito se estendia
para a toda a estação de transição Asa/winglet. Este problema foi sanado com mudanças no
enflechamento do bordo de ataque das winglets, e projeto de droop (nome dado à uma
Logo, ficam evidentes os conflitantes requisitos do projeto de uma winglet: Para evitar
o descolamento da camada limite, em regimes de Cl max local, os perfis da winglet devem ter
uma espessura efetiva alta, e ao mesmo tempo pequena o suficiente para não aumentar o
patamares aceitáveis, já que o mesmo tende a aumentar com winglets de espessuras efetivas
pequenas (9).
Para Whitcomb (1) o projeto dos perfis da seção da winglet podem ser similares aos da
NASA, porém com maiores valores de arqueamento, quando comparados aos da asa. O valor
de 8% de espessura relativa do perfil é considerado adequado pelo autor. Segundo Pinto (9), o
perfil também deve ser projetado para prover os coeficientes de força normal desejados para
projeto supersônico e transônico, o perfil deve ser projetado para evitar a ocorrência de fortes
choques em sua superfície, e minimizar a velocidades induzidas pelo winglet na ponta de asa.
fletor na raiz da asa. Quando comparado com extensões de ponta de asa, winglets oferecem
pela envergadura da winglet apenas; já uma extensão de asa tem o braço de atuação
35
winglets, já que corre-se o risco da massa adicional deste reforços anular qualquer ganho
dispositivos sistemas anti-gelo e degelo, que geram demanda adicional de ar sangrado dos
entanto, elas aumentam as cargas na região da ponta das asas, acarretando em maiores valores
da ponta da asa, com conseqüente redução de separação induzida por ondas de choque.
(17)
Segundo Heyson et al , por estar ligada à diminuição do arrasto induzido, winglets
1. À razão de L/D diminuir quando o alongamento de uma asa decresce; Fazendo asas
com baixo alongamento gerarem mais arrasto que asas alongadas quando a
2. Devido à porcentagem de redução de arrasto gerado por uma winglet ser independente
(18)
O estudo de Kuhlman & Liaw , utilizou um modelo de Plano de Trefftz para
C L2
C Di =
(πAk ) (equação 3)
Onde:
A - Alongamento
vertical.
Di = ( L / b) 2 / (πqk ) ) (equação 4)
Onde:
q - Pressão dinâmica
b - a envergadura da asa.
vertical.
38
estruturais maiores, levando a aumento do peso estrutural de todo o conjunto, como afeta a
Quanto maior a superfície de uma winglet, maior sua área molhada, fator que acarreta
induzido diminui), associado aos baixos números de Reynolds da região das winglets, torna a
Tal parâmetro pode ser variado quando se busca reduzir o carregamento a que
uma determinada região da winglet está sujeito e evitar condições de estol do winglet,
choque.
mais suave possível em relação aos valores experimentados pela ponta da asa e pela
winglet, e uma das tratativas para o problema é aumentar a corda na região, levando o
perfil a uma relação t/c menor, mais favorável para altos números de Mach. Tal
40
3. Mudanças geométricas dos perfis das seções, via projeto direto ou indireto.
dispositivo.
tornou um processo muito mais automático do que em épocas anteriores, e livra mais tempo
entanto, para otimizar o tempo de máquina, é sempre interessante iniciar os estudos globais de
mais leves, mas condizentes com o problema estudado, e o projeto fino dos perfis da winglet
superfícies com uma forma em planta similar a uma asa, que crescem a partir das pontas das
asas, no sentido do extradorso da mesma; Possuem bordo de fuga ou ataque alinhados com os
Winglets inferiores foram aplicadas em algumas plataformas, mas seu uso é menos
usual que o de winglets superiores, geralmente possuem área menor que as winglets
superiores, bordo de ataque coincidente com o bordo de ataque da asa, e são otimizadas para
desempenhar em situações de alto ângulo de ataque da asa. São superfícies que dependendo
A junção das winglets também é classificada em junção com quina ou junção suave.
3. Análise Experimental
3.1. Introdução
feitas com base nos ensaios em um túnel de vento transônico, de um modelo de aeronave de
arrasto da aeronave.
escoamento, mesmo suporte de modelo, etc). O modelo ensaiado foi projetado em escala 1:21,
contando com 256 tomadas de pressão nas asas, em 8 seções, com 32 tomadas cada.
44
controle de densidade, que contém uma seção de testes de 2 X 1.8 m2. O túnel possui uma
faixa de atuação de 0 a 1.3 Mach, e capacidade de variação de pressão entre 0.125 atm e 4
atm, possibilitando alcançar uma ampla gama de números de Reynolds para corridas.
O túnel não possui efeitos de parede medidos em modelos de aeronaves civis limitados
a 70% da largura da seção de teste, e pode utilizar diversos suportes de modelo, dependendo
da análise em questão.
O modelo de ensaio era composto por: Asas, fuselagem, pilones, nacelles, empenagem
vertical, carenagem asa-fuselagem, e carenagens dos trilhos dos flaps. Foram ensaiados 3
ensaiado, com ponta arredondada sem qualquer dispositivo de ponta de asa, como
2. Winglet Derivada
A winglet Z1, foi derivada da winglet utilizada em uma aeronave menor que a
do modelo ensaiado em túnel, mas conservando grandes semelhanças. Esta winglet foi
projetada para uma asa de envergadura e áreas menores, mas para o mesmo regime de
3. Winglet de Referência
para o modelo da aeronave ensaiada, ela conta com o maior alongamento das winglets
foram analisadas cinco corridas de túnel, todas longitudinais (apenas variação de α), em
A matriz de ensaio, com os dados de cada corrida de túnel, utilizada neste estudo se encontra
na tabela 1.
NÚMERO DE MACH
CORRIDA
CONFIG. DE WINGLET Data
DE TUNEL # 0,30 0,50 0,65 0,70 0,73 0,75 0,77 0,78 0,79 0,80 0,81 0,82 0,83 0,85 0.875 0,90 0,92 0,95
1 Winglet Z2 X X X 26-abr-01
2 Winglet Z2 X X X X X X X X X X X X X X X 26-abr-01
3 Ponta Convencional X X X X X X X X X X X X X 26-abr-01
4 Winglet Z3 X X X X X X X X X X X X X 27-abr-01
5 Winglet Z1 X X X X X X X X X X X X 01-mai-01
As rodadas foram realizadas à pressão constante, com variações de AOA, de -3º a 15º, em
estol.
As polares de arrasto foram analisadas nos regimes subsônicos (Mach 0.30 e 0.50), e
apresentadas a seguir.
Cd
Dado que os modelos utilizados nas corridas que compuseram esta polar não possuíam
configuração com asa com flaps extendidos, é possível observar como para valores maiores
49
de Cl, o arrasto gerado pela asa com ponta de asa convencional gera mais arrasto que os
modelos com winglets, tal diferença chega a 2.5% para Cl = 0.55. Embora para valores de Cl
abaixo de 0.3 (onde a geração de arrasto induzido possui valores menores), os dispositivos
possuem valores de Cd muito próximos, com diferenças na ordem de 1 Drag count (saindo da
margem de precisão das balanças do túnel), a partir de Cl = 0.45 a diferença em arrasto da asa
1.3% neste Cl, e cresce à medida que o coeficiente de sustentação aumenta, confirmando a
teoria. Observa-se também que todas as asas equipadas com winglets desenvolveram menos
Cd
Corrida 7302 - Ponta de asa convencional
Para Mach 0.5, regime de voo típico experimentado em voos comercias durante
transições de aerovias para CTRs, foram comparadas as winglets Z2 e Z3 com a ponta de asa
escoamento, e a menor geração de arrasto das asas equipadas com winglets quando
50
comparadas com a asa com ponto de asa convencional, alcançando uma redução de 4.5% nos
14, e seus valores percentuais em relação à asa com ponta convencional, foram organizados
grande parte de suas rotas, fazendo com que este seja o principal cenário para o qual diversos
financeiramente.
geradas variações no arrasto de forma, influenciadas por ondas de choque que interagem com
a camada limite, e afetam toda a região adjacente às mesmas, aumentando o arrasto de forma.
limite é ainda mais suscetível a descolamentos causados por ondas de choque e distribuições
Para averiguar o comportamento das winglets projetadas para este modelo nesse
regime, foram realizados ensaios para os números de Mach típicos de cruzeiro do modelo de
tendência de ΔCd entre asas equipadas com winglets e asa com ponta convencional observada
sustentação também possui valores menores, fazendo com que a diferença entre os
dispositivos comece a ficar pequena, como pode ser observado nas figuras 15 e 16.
52
0.35 0.38 0.40 0.43 0.45 0.48 0.50 0.53 0.55 0.58 0.60
Cl
Nota-se que os dispositivos de ponta de asa geram menos arrasto que a asa
convencional, embora a winglet Z3 tenha um resultado pior que o da asa sem winglets em Cls
baixos. As winglets Z1 e Z2, se mostraram equivalentes (Variação <= 1 drag count), entre si
durante o intervalo de Cl estudado, e para Cls acima de 0.35 geraram os menores valores de
arrasto para a configuração estudada. Os resultados desta polar, interpolados para Cl=0.35 são
% Cd total
M Cd Z1 Cd Z2 Cd Z3
0.30 -0.3% 0.3% -0.3%
0.70 -0.3% -0.7% 0.1%
0.75 0.2% 0.1% 1.0%
0.78 -0.2% -0.2% 0.5%
0.80 -0.2% -0.4% 0.4%
0.82 -0.6% -0.7% 0.0%
0.85 -0.9% -1.2% 0.2%
0.90 -0.7% 0.0% -2.0%
asas com winglets e sem winglets, são pequenas, chegando a sair da margem de precisão das
balanças do túnel de vento, e podendo ter sua origem em fatores que não são ligados
valor da winglet que gera o menor arrasto em Mach 0.7, a winglet Z2, desenvolve 0.7%
arrasto a menos que a asa convencional, um valor bem pequeno para medição com as
balanças de túnel. Para valores de Cl maiores de 0.38, os valores de Cd das winglets Z1e Z2
Em Mach 0.80, Mach para cruzeiro ótimo da aeronave, a equivalência (Variação <= 1
drag count) em valores de Cd das winglets Z1 e Z2 fica ainda mais clara, com os dispositivos
apresentando valores iguais por toda a polar de arrasto, e destaca-se a ineficiência da winglet
Z3, que gera mais arrasto que a asa com ponta de asa convencional por grande parte da polar,
para Cl=0.45, uma redução de 2.4% no coeficiente de arrasto, a maior redução em arrasto das
Cd
operação de uma aeronave neste número de Mach). Para Cl=0.35 a winglet Z2 gerou -0,7% a
menos de arrasto que a ponta de asa convencional, mantendo a mesma tendência observada
nas outras polares de gerar cada vez menos arrasto à medida que o Cl diminui.
55
aerofólio possui um ponto sônico ao longo de sua superfície), e gerando ondas de choque que
rumo à velocidade do som, tais choques se tornam grandes o suficiente para gerar mudanças
camada limite, e conseqüente aumento vertiginoso do arrasto. O Mach em que tal fenômeno
número de Mach até a divergência de arrasto, chama-se Drag Rise. A comparação de Drag
56
Rise foi realizada para diferentes valores de Cl de voo, para uma gama compreensiva de
Mach, que pudesse mostrar a evolução do Drag Rise das asas com as diferentes winglets
estudadas, resultando nos gráficos mostrados nas figuras 18, 19, e 20, apresentados com
resolução de 5 counts.
Cd X Mach
Cl=0.2
Cd
Conventional Wingtip
Winglets Z1
Winglets Z2
Winglets Z3
Cd X Mach
Cl=0.35
Cd
Cd X Mach
Cl=0.5
limitações das geometrias analisadas, foi decidido realizar a comparação de ∆Cd Comp das
rodadas tendo por base Mach 0.7, realizando correções de Reynolds entre as rodadas para
∆ Cd Compressibilidade X Mach
Cl 0.2
∆ Cd 0.0030
0.0010
0.0000
0.65 0.68 0.71 0.74 0.77 0.80 0.83
-0.0010
Mach
∆ Cd Compressibilidade X Mach
Cl 0.35
∆ Cd
0.0020
0.0010
0.0005
0.0000
0.68 0.70 0.72 0.74 0.76 0.78 0.80 0.82 0.84
Mach
∆ Cd Compressibilidade X Mach
Cl 0.5
∆ Cd0.0030
0.0025
Ponta de asa convencional
Winglets Z1
0.0020 Winglets Z2
Winglets Z3
0.0015
0.0010
0.0005
0.0000
0.65 0.68 0.71 0.74 0.77 0.80
Mach
aumento é pequeno, e pode-se julgar como equivalente aos resultados da asa com ponta
envergadura, que teve sua extensão aumentada pela winglet, a diferença entre as áreas das
arrasto experimentado pela aeronave, causado pela formação tanto no intradorso, como no
extradorso da asa de choques devido ao alto número de Mach local. Tais choques podem
comerciais transônicas, esta velocidade é limitante, e para tanto foi analisado pelo método da
Boeing se o Mach de divergência dos modelos com winglets foi afetado de alguma forma.
Mach para um determinado Cl alcança 20 counts. Utilizando este método, foi elaborada a
tabela 5.
Mach de Divergência
Cl Z1 Z2 Z3
0,20 0,2% -0,1% 0,1%
0,35 0,0% 0,0% 0,0%
0,50 0,0% 0,0% 0,1%
alcançando apenas variações de 0.2% a mais que o MDD do modelo com ponta de asa
convencional em condições de alto Cl para o Mach analisado. Tal efeito praticamente nulo em
todas as winglets é devido ao fato das mesmas terem sido projetadas para não influenciar
3.9. Cl x ALPHA
Cl x α da aeronave estudada, o modelo sem deflexão de flaps foi analisado em Mach 0.30,
CMT1 - Cl x α
0º Flaps
Corridas @ M .30 & Re 1.2e6
Cl
α (º)
É possível observar pelo gráfico que a presença das winglets não alterou de forma
significativa. Nota-se que para um mesmo α, o Cl das asas com winglet aumentam
ligeiramente.
∂Cl
É importante ressaltar que mesmo com tais variações, a derivada de todas as asas
∂α
equipadas com winglet mantiveram-se iguais ao da asa com pontas de asa convencionais.
62
3.10. Cl Max
CMT1 -Clmax
0º Flaps
Corridas @ M .30 Re 1.2e6
Cl
α (º)
variação foi sempre positiva em relação à asa com ponta convencional, mas de pequena
magnitude, com variações na ordem de 1 lift count a mais para a winglet Z3, em relação a
3.11. ∆Cd X Cl
estes dispositivos possuem para com o Cl experimentado pela asa. Logo, faz-se necessário
Observa-se pelo gráfico mostrado na figura 26, que em regime subsônico as winglets
11 drag counts em relação à asa com ponta convencional. Observa-se que em regime
valores de arrasto obtidos nos ensaios em Mach 0.78. A winglet Z1 gerou durante esta rodada
uma média de um drag count a mais que a winglet Z2 por toda a variação de alpha realizada
neste Mach. No entanto, para variações de Cl de 0.5 a 0.6, conforme o gráfico da figura 27
winglets estudadas neste trabalho, utilizando a classificação mostrada na figura 14, e tomando
Transonic Subsonic
∆ Cd Comp ∆ Cd X Cl ∆ Cd X Cl
Low Cl High Cl Low Cl High Cl Low Cl High Cl
Winglet Z1
Winglet Z2
Winglet Z3
Arrasto total
Subsonico Transonico
Baixo Cl Alto Cl Baixo Cl Alto Cl
Winglet Z1
Winglet Z2
Winglet Z3
WINGLETS ESTUDADAS
66
5. Conclusão
para garantir que a eficiência global da aeronave seja melhorada, uma vez com winglets
instaladas.
aumentando o L/D, e fazendo com que a razão de subida da aeronave seja melhorada. No
venham a retirar eventuais ganhos em arrasto induzido proporcionados pelo dispositivo. Fica
evidente pelos dados analisados no presente trabalho que a ordem de grandeza da redução em
arrasto, advinda da instalação destes dispositivos, é de 1 drag count em regimes de alto Cl.
Valores estes que muitas vezes estão fora da resolução máxima da balança de muitos túneis de
vento de ensaio transônico. Tais ganhos mínimos em arrasto podem estar sendo mascarados
por incertezas da balança ou por efeitos de túnel de vento, e devem ser analisados com
parcimônia, assim como em análises utilizando CFD (já que tal ordem de grandeza é difícil de
ser atingida com precisão via modelagem de camada limite), e ensaios em voo. Durante
regimes de baixo Cl, em que a geração de arrasto induzido é menor, deve ser tomado cuidado
para evitar que o arrasto de forma da winglet não seja grande demais para não compensar sua
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instalação. Por se tratar de um dispositivo fixo, é evidente que o mesmo desenvolverá seu
efeito ótimo em apenas uma faixa de variação do escoamento, fato este que torna o projeto
aeronaves já desenvolvidas para um determinado regime, que devem ser adaptadas para
cumprir outro tipo de missão em Cl de cruzeiro maior. No entanto o projeto de winglets deve
financeiros.
68
6. Referências
Langley, NASA Langley Research Center, 1983. (NASA Contractor Report 3677).
subsonic speeds for wing-tip mounted winglets, Langley, NASA Langley Research
5. HEMKE, P. E.; Drag of Wings with End-Plates, Langley Field; Langley Memorial,
6. WEBER, J.; Theoretical load distribution on a wing with vertical plates, R&M nº
7. VOGT, R.; Twisted Wing Tip Fin, U.S n. PI 2.576.981, 8 Fev. 1949, Dez. 1951.
2004.
Cranfield, 2006.
13. MATTOS, B. S.; MACEDO, A. P.; SILVA FILHO, D. H.; Considerations About
Winglet Design, In: Conferência de Aerodinâmica Aplicada, 21. , 23-26 June, 2003,
14. MCLEAN, D.; Wingtip devices: What they Do and How They Do it, Boeing,
Everett, 2005.
15. NICKEL K.; WOHLFAHRT, M.; Tailless Aircraft in Theory and Practice.
16. VAN DAM; C. P.; HOLMES; B. J. ; PITTS; C.; Effect of Winglets on Performance
17. HEYSON, H. H.; RIEBE, G. D.; FULTON, C. L.; Theoretical Parametric Study of
18. KUHLMAN, J. M.; LIAW, P..; Winglets on Low-Aspect Ratio Wings, In:
11.
RESUMO:
O presente trabalho visa determinar, via análises de dados de túnel de vento, o impacto aerodinâmico em
arrasto da instalação de dispositivos de ponta de asa em uma aeronave transônica de transporte moderna, para
São comparados 3 dispositivos de ponta de asa, em uma campanha de ensaios em túnel. Os ensaios foram
realizados à pressão total constante, fazendo o uso dos mesmos suportes, e realizando as mesmas variações no
escoamento. Os dados colhidos em diversas rodadas de túnel foram então analisados procurando estabelecer qual a
As comparações puderam estabelecer que o atual estado da arte oferece reduções significativas de arrasto em
12.
GRAU DE SIGILO:(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO