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HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I

A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:


ALEMANHA, JAPÃO E ESTADOS UNIDOS

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Analisar o processo de expansão do modelo industrial;

2- Comparar a industrialização de alguns países que participaram da Segunda Revolução Industrial;

3- Relacionar a industrialização com a prática imperialista.

Introdução

Nesta aula, veremos a Segunda Revolução Industrial, ocorrida no século XIX e destacaremos os processos

industriais alemão, japonês e norte-americano, ressaltando suas peculiaridades e a importância para a política

imperialista.

1 O início
“A partir do século XIX, o modelo produtivo industrial estabelecido um século antes, na Inglaterra, espalha-se

pela Europa e por alguns países fora do continente.”

Esta expansão foi denominada de Segunda Revolução Industrial e seria um dos pontos fundamentais para a

política imperialista que dominaria os continentes africanos e asiáticos até o século XX.

A França colocava-se então como a principal rival inglesa, como vimos nas aulas anteriores. Mas a derrota na

Guerra Franco-prussiana prejudicou seu desenvolvimento contínuo e, por outro lado, alavancou a

industrialização alemã.

Figura 1 - Filmes tempos modernos

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Figura 1 - Filmes tempos modernos

Como se deu a unificação alemã?

Itália e Alemanha tinham mantido, até finais do século XIX, sua estrutura interna fragmentada em diversos

reinos. Somente entre os anos de 1870 e 1871 é que houve a unificação.

Tal unificação foi fundamental para o desenvolvimento industrial alemão, que se baseou, sobretudo, nas

enormes reservas de minério que o país possuía. O final do século XIX vê a Alemanha surgir como potência.

Saiba Mais

A principal figura da unificação alemã foi Otto von Bismarck (foto), o chanceler de ferro. Após a unificação,

Bismarck constrói uma constituição que estabelece um Império Federal, cujo poder central era exercido pelo

Kaiser, com a cidade de Berlim como capital do império.

Segundo o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva:

“(...) existia, entretanto, uma câmara baixa ou Reichstag, eleita por sufrágio universal masculino (todos os

homens acima de 25 anos), o que era na época um avanço bastante democrático (nem Inglaterra nem França

possuíam um sistema eleitoral tão amplo). Contudo, esse parlamento resultante do sufrágio universal não podia

nomear ou demitir o chanceler ou qualquer um de seus ministros. Assim, o “parlamentarismo” alemão fica, em

seu topo, truncado com as eleições – verdadeiramente amplas-, não resultando na formação de gabinetes e no

jogo sucessório de poder. Alguns historiadores denominaram tal sistema de “parlamentarismo de fachada”. Da

mesma forma, os regimes ducais e reais subsistentes à fundação do Reich eram mantidos, com as casas

dinásticas guardando seus atributos localmente. Assim, continuavam a existir “cortes” em Munique ou Stutgart.

Contudo, tais “monarcas” ficavam impedidos de qualquer iniciativa em política externa, defesa, organização

militar ou política aduaneira ou fiscal. Nesse sentido, a federação alemã era na verdade uma liga de príncipes,

regida de Berlim de forma bastante autoritária.”

SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. O projeto prussiano de Império Alemão. In: TEIXEIRA, Francisco Carlos,

MUNHOZ, Sidney, CABRAL, Ricardo. Os impérios na História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 232.

Ainda que tenha se industrializado tardiamente, a Alemanha não ocupava um lugar de menor importância na

economia europeia.

Mesmo antes da sua Revolução Industrial, os reinos alemães possuíam importantes portos, bancos e cidades

comerciais, que dinamizavam suas economias internas.

Sua unificação em torno da Prússia permitiu a diminuição da dependência de produtos industrializados,

diminuindo as importações especialmente de mercadorias francesas e inglesas.

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2 Intervenção do Estado
A estrutura política ao qual se refere Francisco Carlos, no trecho que citamos anteriormente, permite uma forte

intervenção do Estado na economia.

Houve um desenvolvimento especialmente no tocante às indústrias químicas e elétricas, tanto pelo investimento

e pesquisa quanto pela disponibilidade de matérias-primas.

Saiba Mais

As indústrias naval e de base também deram um salto de desenvolvimento. A conquista dos territórios da Alsácia

Lorena, na Guerra Franco-prussiana, permitiria a exploração de jazidas de ferro e carvão, que havia naquele

território.

A Segunda Revolução Industrial marca a expansão deste modelo econômico também para fora do continente

europeu. Dois países destacaram-se neste processo: Japão e Estados Unidos.

3 A Era Meiji
A industrialização japonesa esbarrou, inicialmente, em entraves de cunho geográfico. O país possui um território

restrito, por tratar-se, afinal de uma ilha, com poucas terras férteis e grande atividade vulcânica, sendo também

pobre em minérios e em combustíveis fósseis, como o petróleo.

Atenção

A grande virada econômica e política ocorreu no século XIX, com o fim do sistema de xogunatos, que

caracterizava o Japão feudal. A restauração do império deu início a Era Meiji, que promoveu o grande salto

industrial tornando o Japão na potência econômica pelo qual passou a ser reconhecido até os dias atuais.

O imperador empreendeu um investimento de longo prazo em uma área que raramente é encarada como

estratégica: a educação. Sabemos que o investimento em educação não pode ser percebido em um curto prazo de

tempo, levando décadas até que se obtenha retorno.

Entretanto, países que investiram nesta área e na consequente qualificação de mão de obra obtiveram um

crescimento sólido como é o caso da Coreia do Sul.

E o do Brasil?

Outros, como o Brasil, mantêm o discurso de crescimento econômico separado do investimento na qualificação

profissional, criando uma contradição e enfraquecendo seu modelo de consolidação econômica.

Apoiado pelo texto constitucional que estabelecia o poder imperial e a instituição de um parlamento, foram

feitas diversas reformas, para além da qualificação de mão de obra, como investimento em infraestrutura e

abertura ao mercado externo, quebrando o isolamento econômico da ilha.

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Saiba Mais

Mas os problemas estruturais eram grandes. O acesso a matérias-primas era escasso, a demanda por energia era

muito maior do que as fontes disponíveis e o mercado interno era bastante limitado. A solução encontrada foi

expandir em direção ao continente, com uma política militar de invasão que provocou diversos conflitos.

A prática de expansão territorial, característica do imperialismo, foi o fundamento da primeira Guerra Sino-

japonesa, ocorrida no início do século XIX. Esta guerra teve como objetivo a disputa pela Coreia.

O interesse pela Coreia

A Coreia era um Estado vassalo da China desde o século XVII. As necessidades industriais japonesas fizeram este

país voltar-se para o domínio do território coreano, entrando em guerra contra a China.

A Coreia ocupava uma posição estratégica, mas estava diretamente exposta a três grandes impérios: Japão,

Rússia e China. O Japão tinha não só interesses econômicos, mas também militares no domínio desta área.

Era necessário assegurar o domínio sobre esta região ou, ao menos, desvinculá-lo da posição de submissão à

China. Os japoneses consideravam a Coreia um punhal no coração do Japão, pois sua localização geográfica

facilitava sobremaneira um ataque chinês à ilha.

Do ponto de vista econômico, a Coreia mantinha-se fechada ao comércio exterior, o que era extremamente

prejudicial ao Japão, que necessitava de parceiros comerciais e, sobretudo, de mercado consumidor.

Dessa forma, o Japão iniciou uma série de pressões militares que culminaram na assinatura do Tratado de

Amizade Japão-Coreia ou Tratado de Kanghwa, em 1876, que articulava a abertura do comércio internacional e

forçava os coreanos a abrirem três portos destinados a comércio com o Japão.

Atenção

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O tratado é fruto da supremacia militar japonesa frente a uma Coreia debilitada e estabelecia condições

desiguais, que favoreciam muito mais ao Japão do que à Coreia.

4 Japão x China
Entre 1894 e 1895, eclodiu a guerra entre o Japão e a China pelo controle da Coreia.

A China foi derrotada e obrigada a assinar o Tratado de Shimonoseki, onde reconhecia a independência coreana

e se comprometia a ceder alguns territórios ao Japão, dentre eles, Taiwan, além de pagar uma indenização e

sofrer sanções econômicas.

A vitória japonesa acabou abrindo espaço para a anexação da Coreia em 1910. Devemos atentar para o

significado deste conflito. Ele demonstra a superioridade militar, tanto do exército imperial quanto da armada

japonesa fruto das reformas da Era Meiji.

No plano internacional, essa superioridade fez com que o Japão passasse a ser considerado uma potência bélica,

e abriu caminho para a política imperialista do país.

Figura 2 - Imagem que simboliza “grande-China”, sendo derrotada pelo “pequeno-Japão”.

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4.1 Guerra de Secessão

Nos Estados Unidos, também eclodiu um intenso conflito, mas no plano interno, na grande guerra civil, que ficou

conhecida como Guerra de Secessão.

Após sua independência, em 1776, os EUA estabeleceram uma república federativa. Este sistema dava

autonomia às antigas ex-colônias e permitia que elas mantivessem suas estruturas próprias, especialmente no

tocante à economia, o que acabou criando uma enorme desigualdade já que os estados do Sul mantiveram a

escravidão enquanto os estados do Norte haviam aderido ao trabalho assalariado.

A instituição do modelo federativo foi necessária para garantir a unidade do país, já que as diversidades

regionais intensas, sobretudo no tocante ao ordenamento econômico, sempre foram uma ameaça separatista.

Saiba mais
Também houve uma enorme expansão territorial, através da compra de territórios, como é o
caso da Louisianna, que pertencia à França; a anexação; e a guerra, especialmente a travada
contra o México, que culminou com a derrota deste e a perda de boa parte de seu território,
que passaria a fazer parte dos Estados Unidos. Essa expansão teve como base ideológica e
filosófica o chamado Destino Manifesto, segundo o qual os Estados Unidos estariam destinados
por Deus a expandir-se até o Pacífico.

4.2 Resultado da Guerra

O final da Guerra de Secessão permitiu aos EUA dar um salto em direção à industrialização maciça.

Não só o Sul passava por um intenso processo de reconstrução, como o investimento na expansão da malha

ferroviária e o estabelecimento de diversas indústrias mudaria definitivamente a economia norte-americana,

que aderia, definitivamente, à Revolução Industrial.

A prosperidade atraiu milhares de imigrantes, sobretudo europeus, que constituíam o contingente de trabalho

fabril.

As dimensões continentais do país faziam que houvesse abundância de matéria-prima, como carvão e ferro.

Logo, as forças armadas americanas se tornaram uma das mais poderosas do continente, sendo comparadas ao

poderio bélico dos Estados europeus.

A necessidade de mercados consumidores e de novas fontes de matéria-prima impulsionou a política

imperialista americana rumo a América Latina, em uma política de intervenções militares que perduraria até o

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século XX. Nascia assim o mais poderoso país das Américas e uma das principais forças políticas do mundo

contemporâneo.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• A expansão europeia
• As justificativas políticas e ideológicas para o expansionismo
• Imperialismo norte-americano na América Latina.
• Na próxima aula veremos a industrialização experimentada a partir do século XVII como o motor da
política imperialista. Os estados europeus estabelecem domínios no continente asiático e africano, em
uma política neocolonial, que só teria fim em meados do século XX.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu a importância da industrialização para a transformação ocorrida no sistema capitalista do
século XIX;
• Relacionou argumentos para compreender a especificidade dos processos industriais;
• Avaliou a Segunda Revolução Industrial e seu significado para a política imperialista.

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