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ELEITORAL
Inelegibilidades II
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO ELEITORAL
Inelegibilidades – II
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Sumário
Inelegibilidades II . ......................................................................................................................4
1. Inelegibilidades Infraconstitucionais ....................................................................................4
1.1. Inelegibilidade Decorrente da Condenação Criminal – Alínea e . ....................................4
1.2. Inelegibilidade Decorrente da Indignidade do Oficialato – Alínea f . ........................... 10
1.3. Inelegibilidade Decorrente da Rejeição de Contas – Alínea g . ...................................... 11
1.4. Inelegibilidade Decorrente do Abuso do Poder Econômico ou Político por
Detentores de Cargo na Administração Pública – Alínea h . ...............................................23
1.5. Inelegibilidade Daqueles que Possuem Cargo ou Função em Instituições
Financeiras Liquidandas – Alínea i . .......................................................................................26
1.6. Inelegibilidade Decorrente da Condenação por Corrupção Eleitoral, por Captação
Ilícita de Sufrágio, por Doação, Captação ou Gastos Ilícitos de Recursos de Campanha
ou por Conduta Vedada aos Agentes Públicos – Alínea j ....................................................27
1.7. Inelegibilidade Decorrente da Renúncia ao Mandato – Alínea k .................................. 31
1.8. Inelegibilidade Decorrente da Condenação pela Prática de Improbidade
Administrativa – Alínea l ........................................................................................................34
1.9. Inelegibilidade Decorrente da Exclusão do Exercício Profissional – Alínea m . ......... 41
1.10. Inelegibilidade Decorrente da Simulação de Desfazimento do Vínculo Conjugal
– Alínea n . ................................................................................................................................42
1.11. Inelegibilidade Decorrente da Demissão do Serviço Público – Alínea o . ...................44
1.12. Inelegibilidade Decorrente da Doação de Recursos para Campanhas Eleitorais
acima do Limite Legal – Alínea p . .........................................................................................45
1.13. Aposentadoria Compulsória, Perda do Cargo ou Exoneração de Magistrados e
Membros do MP – Alínea q .....................................................................................................47
2. Momento de Aferição das Causas de Inelegibilidade . ................................................... 48
3. O Artigo 26-C da LC n. 64/1990 e a Suspensão da Inelegibilidade . .............................52
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divisão
de custos
CONCURSOS
CURSOS PARA
Gmail
Resumo .....................................................................................................................................56
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 66
Gabarito ....................................................................................................................................87
Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 88
Referências Bibliográficas . .................................................................................................. 125
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INELEGIBILIDADES II
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Na primeira parte aula, continuaremos estudando as causas de inelegibilidades infracons-
titucionais, previstas na Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/1990), com as modi-
ficações promovidas pela Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa).
Findo o estudo das hipóteses de inelegibilidade dispostas no art. 1º, I, da LC, discorrere-
mos, na segunda parte da aula, sobre o momento em que tais impedimentos podem se argui-
dos ou afastados na análise dos requerimentos de registro de candidatura apresentados à
Justiça Eleitoral.
Sem demoras, vamos lá!
1. InelegIbIlIdades InfraconstItucIonaIs
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5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação
para o exercício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei Complementar n. 135,
de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; (Incluído pela
Lei Complementar n. 135, de 2010)
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; (Incluído pela Lei Complementar n.
135, de 2010)
Note, inicialmente, que essa inelegibilidade exige o trânsito em julgado de decisão penal
mantida por órgão colegiado. Além disso, também haverá a incidência da presente inelegibi-
lidade nas hipóteses de processos que tramitam de forma originária nos tribunais e nos quais
Em outras palavras, se houver decisão penal condenatória pelo juiz singular e, na sequ-
ência, o trânsito em julgado em razão da ausência de recurso, essa decisão e apta a atrair a
inelegibilidade. De igual modo, se houver recurso de decisão penal condenatória do juiz sin-
publicação do acórdão, mesmo sem o trânsito em julgado da ação. Neste último caso, incide a
Direto do TSE
1. Nos termos do art. 1º, inciso I, alínea e, item 7, da Lei Complementar n. 64/1990, tor-
na-se inelegível, pelo prazo de oito anos, desde a condenação, o candidato condenado
por órgão colegiado pela prática de crime de tráfico de entorpecentes.
2. A oposição de embargos declaratórios à decisão colegiada não suspende a incidência
da respectiva inelegibilidade.
(REspe n. 122-42/CE, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 9.10.2012)
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Incorre em inelegibilidade aquele que foi condenado por crime doloso contra a vida jul-
gado pelo Tribunal do Júri, que é órgão judicial colegiado, atraindo a incidência do dis-
posto no art. 1º, inciso I, alínea e, n. 9, da LC n. 64/1990, com as modificações introdu-
zidas pela LC n. 135/2010”.
(REspe n. 611-03/RS, rel. designada Laurita Vaz, DJe de 13.8.2013)
Por restringir direitos, a incidência dessa causa de inelegibilidade somente pode advir
do cometimento de crimes enquadráveis em uma das categorias listadas no dispositivo em
análise, ou seja, necessariamente um crime contra o patrimônio, contra a economia popular,
contra a fé pública etc.
Nada obstante, uma vez categorizado o crime em uma das hipóteses listadas na alínea e,
não importa, para a incidência dessa inelegibilidade, em qual diploma normativo ele está tipi-
ficado, podendo ser no Código Penal – CP – ou em legislação penal extravagante, conforme
já decidiu por diversas vezes o TSE: Confira:
Direto do TSE
INELEGIBILIDADE – CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ATIVIDADE CLAN-
DESTINA DE TELECOMUNICAÇÃO. O desenvolvimento clandestino de atividades de tele-
comunicação configura crime contra a Administração Pública, presente o bem prote-
gido, a teor do disposto no artigo 183 da Lei n. 9.472/1997.
(REspe n. 76-79/AM, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 28.11.2013)
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Direto do TSE
Súmula 61 – O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da
LC n. 64/1990 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa
de liberdade, restritiva de direito ou multa.
Logo, podemos concluir que é apta a atrair essa inelegibilidade uma decisão condenatória
transitada em julgada no primeiro grau ou proferida por órgão colegiado pelo cometimento de
um crime enquadrável nas hipóteses legais, ainda que esteja tipificado em legislação extrava-
gante, e desde que não seja culposo, de menor potencial ofensivo ou de ação penal privada.
Não confunda essa inelegibilidade, cuja incidência reclama apenas uma decisão colegiada,
com a suspensão dos direitos políticos, hipótese restritiva da cidadania prevista no art. 15, III,
da CF/1988, que remete seus efeitos necessariamente ao trânsito em julgado da decisão e
dura apenas enquanto durarem os efeitos da condenação. Diversamente, a hipótese de inelegi-
bilidade decorrente da vida pregressa produz o seu efeito de limitação do exercício da cidada-
nia pelo prazo de oito anos após o cumprimento da pena.
Ademais, a causa de inelegibilidade tolhe apenas a capacidade eleitoral passiva, ou seja,
o direito de se apresentar como candidato, enquanto a suspensão dos direitos políticos afeta
tanto a capacidade eleitoral passiva, quanto a ativa, de modo que, neste caso, o cidadão sequer
poderá votar.
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Nessa compreensão, transcrevo valioso resumo de José Jairo Gomes (2017, p. 240) a
respeito da dinâmica dos efeitos de uma condenação colegiada sobre a capacidade eleitoral
ativa e passiva do cidadão.
Direto do Doutrina
I – O réu ficará o réu inelegível no intervalo situado entre (a) a publicação da decisão
condenatória até (b) o seu trânsito em julgado; (ii) a partir desse evento (trânsito em jul-
gado), seus direitos políticos estarão suspensos até (c) o cumprimento ou a extinção da
pena; (iii) finalmente, ficará inelegível por oito anos após o cumprimento ou a extinção
da pena.
Acrescento a esse esquema didático: (i) entre (a) e (B), o cidadão poderá votar, mas não
poderá ser votado; (ii) entre (b) e (c), o cidadão não poderá votar nem ser votado; (iii) depois
de (C), o cidadão poderá votar, mas não poderá ser votado nos oito anos subsequentes.
Esquematicamente o resumo fica assim:
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Note, do esquema didático, que da decisão condenatória até o trânsito em julgado já incide
sobre o réu a inelegibilidade. Por ser um prazo incerto, podendo inclusive ser bastante longo a
depender do número de recursos interpostos, Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 213)
nos lembra de que, no julgamento das ADCs 29 e 30, no STF, o rel. Ministro Luiz Fux levantou
teses acerca da possibilidade de detração do prazo de oito anos de inelegibilidade – o período
que transcorreu entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da decisão. Segundo essa
tese, caso transcorressem quatro anos, por exemplo, entre a decisão colegiada e o trânsito em
julgado, incidiriam apenas mais quatro anos de inelegibilidade após o cumprimento da pena,
em virtude da exclusão do período anterior. Essa tese, contudo, foi vencida. Portanto, não há
detração penal na contagem do prazo de inelegibilidade da alínea e.
Destaco, no ponto, quais são os efeitos da incidência da prescrição da pretensão punitiva
e da pretensão executória do crime praticado sobre a incidência dessa inelegibilidade decor-
rente da vida pregressa.
A prescrição pode ser da pretensão punitiva ou da pretensão executória.
Na prescrição da pretensão punitiva, não há que se falar em inelegibilidade – efeito secun-
dário da pena –, porquanto ela extingue a possibilidade de o Estado instaurar a ação penal ou,
se já instaurada, impede a aplicação da sanção penal de forma definitiva. Inexiste, portanto,
condenação penal ou, se já existente (antes de seu trânsito em julgado), desconstitui os seus
efeitos.
De modo diverso, com o trânsito em julgado da decisão, surge para o Estado a pretensão
de executar a pena imposta, nos prazos legais. É possível, todavia, que a inércia estatal ope-
re a prescrição da pretensão executória, com a consequente perda do direito de executar a
sanção penal. Conquanto esse fenômeno jurídico fulmine a possibilidade do cumprimento da
pena principal, não compromete seus efeitos secundários, entre eles, a inelegibilidade, a teor
do que dispõe a Súmula n. 60 do TSE:
Direto do TSE
Súmula n. 60 do TSE – O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC
n. 64/1990 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão
executória e não do momento de sua declaração judicia.
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A Justiça Eleitoral, todavia, não é competente para, na análise dos processos de registro
de candidatura, verificar e decretar a prescrição da pretensão punitiva ou executória de penas
impostas pela Justiça Comum. A Justiça especializada eleitoral apenas reconhece, com base
na certidão trazida pelo interessado aos autos, o evento jurídico e suas consequências eleito-
rais. É o que afirma a Súmula n. 58 do TSE:
Direto do TSE
Súmula n. 58 do TSE – Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de
candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e
declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum.
Anoto, por fim, que a concessão da graça ou do indulto presidencial alcançam apenas a
pena principal, permanecendo incólumes os efeitos extrapenais, como a inelegibilidade (AR
n. 318-52/RJ, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26/8/2016). Já a concessão de anistia fulmina com a
inelegibilidade, ainda que não haja essa previsão específica na lei.
A letra do dispositivo nos leva à imediata conclusão de que essa inelegibilidade afeta so-
mente os oficiais das forças armadas, ou seja, o posto de tenente ou superior.
A condição sine qua non para a incidência dessa causa de inelegibilidade é a aplicação
pela Justiça Militar da pena de indignidade ou incompatibilidade com o oficialato, cujas hipóte-
ses de incidência, listadas no Código Penal Militar – CPM –, estão relacionadas, em regra, com
a quebra de confiança entre o militar e a pátria, tais como a traição, a covardia, a espionagem,
entre outros.
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Com efeito, a rejeição de contas de gestor de entidade de direito privado, ainda que receba
recursos públicos, não é apta a atrair a inelegibilidade da alínea g. Nesse sentido:
Direto do TSE
A rejeição das contas seja verificada em entidade privada, ainda que seja destinatária de
recurso público, não há óbice ao deferimento de registro de candidatura.
(RO n. 0600902-96/SC, rel. Min. Edson Fachin, PSESS de 27.11.2018)
Os gestores públicos têm o dever de prestar contas do uso dos recursos públicos sob sua
responsabilidade. Essa exigência decorre do princípio republicano, que exige a responsabiliza-
ção daqueles que exercem cargos, empregos ou funções públicas.
A competência para julgar as contas dos gestores públicos, à exceção dos chefes do Po-
der Executivo, é dos Tribunais de Contas, nos termos do art. 71, II, da CF/1988 (REspe n.
13174/BA). Também nesse sentido:
Direto do TSE
Compete ao Tribunal de Contas julgar as contas de presidente de Câmara Municipal, nos
termos do art. 71, inciso II, da CF/1988, norma de reprodução obrigatória para os Esta-
dos da Federação (art. 75 da CF/1988). Precedentes.
(REspe n. 965-58/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 11.11.2014)
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Se o recurso for de origem federal, o Tribunal de Contas da União – TCU – será o compe-
tente; se for de origem estadual ou municipal, o Tribunal de Contas do Estado – TCE –, consi-
derando que não previsão legal para a criação de Tribunal de Contas Municipal.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas da União, ao qual compete:
(…)
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públi-
cos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu-
laridade de que resulte prejuízo ao erário público; (Grifo nosso)
No caso dos chefes do Poder Executivo, há uma peculiaridade. As contas apresentadas po-
dem se referir a contas de governo ou simplesmente à ordenação diária de despesas – contas
de gestão.
Nas contas de governo, segundo José Jairo Gomes (2017, p. 251):
Direto da Doutrina
O julgamento em foco envolve questões atinentes à execução do orçamento votado e
aprovado pelo Poder Legislativo, no qual importa averiguar se os projetos, as metas,
as prioridades e os investimentos estabelecidos na lei orçamentária foram atingidos, se
as políticas foram implementadas.
Neste caso, a competência para o julgamento das contas de gestão é do Poder Legislati-
vo, nos termos do art. 71 c/c o art. 49, IX, da CF/1988, com reprodução obrigatória, consoante
dispõe o art. 75 também do texto constitucional:
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(…)
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção [Da Fiscalização contábil e Financeira] aplicam-
-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
De outro modo, no julgamento das contas relativas à atuação do chefe do Poder Exe-
cutivo como ordenador de despesas, ensina José Jairo Gomes (2017, p. 251):
Direto da Doutrina
O foco é bem diferente da anterior [contas de gestão], pois se trata de perscrutar a
responsabilidade do ordenador de despesas. É certo não se cuidar de responsabi-
lidade política pela execução orçamentária em seu conjunto, mas, sim, de respon-
sabilidade técnico-jurídica pela ordenação específica de despesas, pela gestão de
recursos públicos.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, me– diante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma
da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anu-
almente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
Municipal.
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Com a edição da LC n. 135, em 2010, esse entendimento foi posto à prova, tendo em vista
que a parte final do dispositivo legal afirma expressamente que se aplica o disposto no inciso
II do art. 71 da Constituição Federal, que remete aos tribunais de contas a competência para
julgar as contas do ordenador de despesa, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão
de mandatários que houverem agido nessa condição.
A partir de então, o TSE passou a entender que os Tribunais de Contas seriam competen-
tes para julgar as contas de gestão, permanecendo com o Poder Legislativo a competência
para julgar as contas de governo (RO n. 87945/CE, rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de
18.9.2014)
No julgamento do RE n. 848826, com repercussão geral, o STF decidiu definitivamente a
questão, nos seguintes termos:
Direto do STF
Para os fins do art. 1º, inciso I, alínea “g”, da Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de
1990, alterado pela Lei Complementar 135, de 4 de junho de 2010, a apreciação das
contas de prefeitos, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câma-
ras Municipais, com o auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio
somente deixará de prevalecer por decisão de 2/3 dos vereadores” (Tema 835).
(RE n. 848826/CE, rel. para o acórdão o Min. Ricardo Lewandoski, DJe de 24.8.2017)
Segundo o STF, a parte final do art. 1º, I, g, da LC n. 64/1990 não altera a competência da
Câmara Municipal, cujas balizas são definidas no próprio texto constitucional, mas, tão so-
mente, cria hipótese de inelegibilidade.
Não obstante, como ressaltado na parte final do julgado acima referido, quando o prefei-
to estiver apresentando contas cujos valores são provenientes de outros entes federativos,
a competência para julgamento das contas relativas a esses recursos é do Tribunal de Contas
do respectivo ente federativo que repassou os recursos.
Direto do STF
Na linha da jurisprudência do TSE, compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar e
julgar as prestações de contas de prefeito relativas a convênio que envolve repasses de
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recursos federais ao município (CF, art. 71, VI), e às cortes de contas estaduais fiscalizar
e julgar as prestações de contas de convênio relativas a repasses de recursos estaduais.
Precedentes.
(RO n. 060475207/SP, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, PSESS de 25.10.2018)
Direto do TSE
In casu, a tese defendida pela Embargante – houve aprovação das suas contas de
governo do ano 2009, pela Câmara Municipal, quando a pretensa candidata acumulou
os cargos de Prefeita e de Gestora – não é suficiente, per se, a afastar o julgamento rea-
lizado pelo Tribunal de Contas. Primeiro porque o próprio Parecer ministerial deixa claro
ter a Câmara julgado somente as contas de governo (fls. 259 e Parecer Prévio do TCM
de fls. 28-49), e segundo porque não se está a falar em hierarquia, mas, sim, em com-
petência, não havendo, bem por isso, que se aceitar que ato supostamente emanado de
autoridade incompetente suplantando decisão posta pelo órgão competente.
(RO n. 357-45/BA, rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 13.11.2014)
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Para finalizar, para configuração da inelegibilidade da alínea g, exige-se, entre outros re-
quisitos, uma decisão de rejeição de contas. Não há que se falar na sua incidência em decor-
rência do decurso de prazo conferido à Câmara Municipal para julgar o parecer prévio emitido
pelo Tribunal de Contas relativo às contas de Prefeito. (REspe n. 44-74/GO, rel. Min. Dias
Toffoli, DJe de 6/5/2013).
Direto do TSE
A Justiça Especializada Eleitoral detém competência constitucional e legal complemen-
tar para aferir, in concrecto, a configuração de irregularidade de cariz insanável, ex vi dos
arts. 14, § 9º, da CF/1988 e 1º, I, g, da LC n. 64/1990, outrossim examinar se aludido vício
qualifica-se juridicamente como ato doloso de improbidade administrativa.
(REspe n. 34-64/RN, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 21.9.2016)
A Justiça Eleitoral, sem alterar as premissas e conclusões do órgão competente para jul-
gamento das contas, assenta a insanabilidade dos vícios ensejadores da rejeição de contas
quando decorrem de atos de má-fé, contrários ao interesse público e marcados por desvio de
valores ou benefício pessoa (AgR-REspe 631-95, rel. Min. Dias Toffoli, PSESS em 30.10.2012).
Assim, o TSE já pacificou o entendimento de que se constituem em vícios insanáveis, entre
outros:
• o pagamento indevido de diárias (REspe n. 63-30/SE);
• o pagamento de subsídio a vereadores em desacordo com os limites constitucionais e
legais (REspe n. 60-85/RJ);
• a inobservância às normas de procedimento licitatório e concreto dano ao erário (RO n.
0600508-68/PA);
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DIREITO ELEITORAL
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No particular, saliento que a omissão do dever de prestar contas, prevista no art. 11,
VI, da Lei n. 8.429/1992, constitui falha insanável, apta a atrair a inelegibilidade da alínea g
(060237478/SP, rel. Min. Admar Gonzaga, PSESS de 20.11.2018)
Para finalizar, não é suficiente a devolução integral ou parcial de valores utilizados indevi-
damente pelo gestor público, com vistas a afastar a configuração de insanabilidade dos vícios
ensejadores da rejeição de contas e, por conseguinte, a incidência da inelegibilidade da alínea
g (RO n. 060050868/PA, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 1º/4/2019).
Não é qualquer vício apontado pela Corte de Contas que atrai a incidência da inelegibilida-
de da alínea g, mas apenas aqueles que sejam reconhecidos pela Justiça Eleitoral como atos
dolosos de improbidade administrativa.
Conforme nos lembra José Jairo Gomes (2017, p. 248), não é exigida a prévia condenação
do agente por ato de improbidade administrativa, tampouco que haja ação de improbidade
em curso na Justiça Comum para que a Justiça Eleitoral o reconheça como um agente ímpro-
bo. Obviamente que, nos casos em que houver condenação por improbidade administrativa,
com trânsito em julgado, emanada da Justiça Comum, não há como a Justiça especializada
negar a existência da improbidade, sob pena de violação ao Enunciado 41 de sua Súmula,
segunda a qual, não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões
proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa
de inelegibilidade.
Não é necessário o dolo específico de causar prejuízo ao Erário para atrair a incidência
da inelegibilidade da alínea g. Basta a simples presença do dolo genérico, que se configura
quando o administrador assume os riscos de não atender aos comandos constitucionais,
legais e contratuais que vinculam a Administração Pública. (REspe 364-74/SP, rel. Min. Edson
Fachin, DJe de 15.8.2019).
Em situações de dúvida sobre o caráter doloso na conduta do candidato, deve prevalecer
o direito fundamental ao ius honorum, que se traduz em corolário do princípio da cidadania,
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Assentado, no acórdão regional, que os embargos opostos perante a Corte de Contas
são dotados de efeito suspensivo, nos termos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas
dos Municípios, não se verifica a irrecorribilidade da decisão, elemento indispensável à
configuração da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar n. 64/1990.
(REspe n. 178-96/GO, rel. Min. Dias Toffoli, j. 28.2.2013)
Direto do TSE
Havendo previsão específica no regimento interno do TCU a respeito dos recursos a
que se atribui efeito suspensivo, e em se tratando de procedimento administrativo, não
incide o a regra genérica do art. 1.026 do CPC/2015.
(RCED n. 060189569/RR, rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 18.9.2019)
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À luz do contido do Enunciado n. 41 da Súmula deste Tribunal não cabe a esta Jus-
tiça especializada analisar eventual desacerto no processo de contas que configure
causa de inelegibilidade. Qualquer vício ou desacerto no processo que desaguou na
rejeição da contabilidade, inclusive, como no caso, quanto à suposta incompetência
do Órgão de Contas do Estado, deverá ser deduzido no âmbito do próprio TCE ou da
Justiça Comum.
(REspe n. 364-74/SP, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 15.8.2019)
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INELEGIBILIDADE – ARTIGO 1º, INCISO I, ALÍNEA G, DA LEI COMPLEMENTAR N. 64/1990
– PERÍODO – TERMO INICIAL. O termo inicial do período de inelegibilidade – oito anos
– coincide com a data da publicação da decisão mediante a qual rejeitadas as contas,
não cabendo olvidar a norma.
(REspe n. 51-63/BA, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 28.5.2013)
Consoante expusemos no item anterior, a decisão de rejeição de contas pode ter seus
efeitos suspensos provisoriamente por decisão judicial. Uma vez cassada essa decisão, o pe-
ríodo de suspensão deve ser subtraído da contagem do prazo de oito anos previsto em lei.
Nesse sentido:
Direto do TSE
Da contagem do prazo de oito anos previsto na alínea g do inciso I do art. 1º da LC
n. 64/1990, com a redação conferida pela LC n. 135/2010, deve ser desconsiderado o
período no qual suspensos os efeitos da decisão de rejeição das contas, por força de
liminar deferida em ação anulatória, retomada a contagem do prazo da inelegibilidade,
pelo tempo faltante, a partir da data em que julgado improcedente o pedido de anulação.
Precedentes.
À luz do aresto recorrido, rejeitadas as contas em 14.3.2008, suspensos os efeitos do
Decreto Legislativo, entre 14.7.2008 e 27.8.2009, por força de liminar concedida em ação
anulatória, revogada a medida de urgência em 27.8.2009, quando julgado improcedente
o pedido, inelegível o primeiro agravante, titular da chapa, até 27.02.2017.
(REspe n. 560-46/SP, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 20.6.2017)
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Para finalizar o estudo da alínea g, vamos tecer algumas considerações sobre a famosa
lista de gestores com contas rejeitadas, encaminhadas pelos tribunais de contas à Justiça
Eleitoral.
Para operacionalizar a aplicação e o reconhecimento da inelegibilidade decorrente da re-
jeição de contas, o art. 11, § 5º, da Lei das Eleições, estabelece que, até o dia 15 de agosto
do ano da eleição, atual data limite para o registro de candidatura, os Tribunais e Conselhos
de Contas devem disponibilizar para a Justiça Eleitoral a relação dos que tiveram suas contas
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e
por decisão irrecorrível, salvo quando a decisão tiver sido anulada ou com efeitos suspensos
pelo Poder Judiciário.
De posse dessas informações, a Justiça Eleitoral poderá, se constatar a presença de todos
os requisitos exigidos na lei, indeferir, de ofício, o pedido de registro de candidatura do cidadão,
sem prejuízo dessa atuação por qualquer um dos legitimados, que poderão, pelo mesmo mo-
tivo, ajuizar uma Ação de Impugnação de Registro de Candidatura na tentativa de inviabilizar a
candidatura daquele constante da mencionada lista.
É de se notar que o mero fato de o nome do cidadão constar na lista encaminhada pelo
Tribunal ou Conselho de Contas não é motivo suficiente para que a inelegibilidade em análise
incida sobre ele, impedindo-o de participar das eleições. Na verdade, apesar de ter seu nome
incluído nessa relação, para que esteja impedido de se candidatar, os demais requisitos pre-
vistos na alínea ‘g’ do inc. I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/1990 devem ser aferidos pela
Justiça Eleitoral. Essa é a jurisprudência do TSE. Confira:
Direto do TSE
A mera inclusão do nome do agente público na lista remetida à Justiça Eleitoral pelo
Órgão de Contas, nos termos do § 5º do art. 11 da Lei n. 9.504/97, não gera, por si só,
presunção de inelegibilidade e nem com base nela se pode afirmar ser elegível o candi-
dato, por se tratar de procedimento meramente informativo. Precedentes.
(REspe n. 427-81/RS, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 11.4.2017)
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ou transitada em julgado, proferida pela Justiça Eleitoral ou pela Justiça Comum, que tenha
Vê-se, portanto, que a incidência dessa norma exige cumulativamente a presença de:
em julgado, nos casos em que não há recurso da decisão singular, ou, havendo, decisão cole-
caraterizado pelo uso excessivo de recursos financeiros com fins eleitorais, enquanto o
segundo, ocorre quando o detentor de cargo público utiliza do seu cargo para auferir de
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a lisura do pleito, previstas no art. 14, § 9º, da CF/1988. Assim, forte no entendimento
de que as inelegibilidades não podem ser interpretadas extensivamente, não incide, na
linha da jurisprudência do TSE, a inelegibilidade da alínea h nos casos de condenação
por conduta vedada. Confira:
Direto do TSE
A inelegibilidade disposta no art. 1º, I, h, da LC n. 64/1990 diz apenas com a hipótese de
condenação por abuso de poder político ou econômico, não incidindo em casos de con-
duta vedada. Precedentes.
(REspe n. 84-64/AL, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 18.4.2017)
Direto do TSE
Súmula n. 69 do TSE – Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I
do art. 1º da LC n. 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo
final no dia de igual número no oitavo ano seguinte
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Com efeito, não importa, para fins de contagem desse prazo, a data da decisão colegiada
ou do trânsito em julgado da condenação por abuso de poder, mas, sim, a data da eleição em
que praticado o ilícito. Confira:
Direto do TSE
O prazo da inelegibilidade prevista na alínea h do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990
não se conta da decisão colegiada ou do trânsito em julgado da condenação por abuso
do poder econômico ou político, mas, sim, da data da eleição, observando-se a regra do
§ 3º do art. 132 do Código Civil, verbis: “Os prazos de meses e anos expiram no dia de
igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência”.
(CTA n. 131-15/DF, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 20.8.2014)
O TSE, na mesma linha do que decidido para as alíneas d e j, fixou a data de realização
do primeiro turno das eleições, tendo em vista que o segundo turno de votação não configu-
ra nova eleição propriamente dita, entendida como nova verificação de preenchimento das
condições de elegibilidade ou de eventual incidência em causa de inelegibilidade, mas critério
constitucional para alcançar o princípio da maioria absoluta, estabelecido para a eleição de
presidente da República, governador de estado e prefeito de municípios com mais de 200 mil
eleitores (arts. 28, 29, inciso II, e 77, da CF/1988) (RO n. 566-35/PB, rel. Min. Gilmar Mendes,
PSESS de 16.9.2014).
Finalizando, confira, para afastar qualquer dúvida, um caso clássico de inelegibilidade da
alínea h, em que o prefeito pratica abuso de poder em benefício de candidatos a sua suces-
são. Note, também, como se dá na prática a contagem do prazo de inelegibilidade.
Direto do TSE
Abelardo Rodrigues Filho foi condenado na AIJE n. 71/2008 por ter, na qualidade de pre-
feito, praticado abuso de poder em benefício de Francisco de Assis Pinheiro e Francisco
Paiva da Silva, então candidatos a prefeito e vice-prefeito do Município de Alto do Rodri-
gues/RN, nas eleições de 2008;
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Essa inelegibilidade atinge os que exerceram, nos doze meses anteriores à decretação de
liquidação judicial ou extrajudicial, cargo ou função de direção, administração ou representa-
ção, em estabelecimento de crédito, financiamento ou seguro.
A respeito do processo de liquidação, José Jairo Gomes (2017, p. 264) consigna:
Direto da Doutrina
A liquidação tem como pressuposto a insolvência da entidade. As atividades desta ficam
paralisadas com a instauração do procedimento, apenas sendo praticados atos, pelo
liquidante, com o objetivo de adimplir as obrigações remanescentes.
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ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em cam-
panhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a
contar da eleição. (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
Direto do TSE
A causa de inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea j, da LC n. 64/1990 decor-
rente da prática de conduta vedada a agente público exige o pronunciamento judicial de
cassação do registro ou do diploma do representado.
(REspe n. 79-22/PA, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 19.4.2017)
Assentada essa premissa, vamos prosseguir com o detalhamento de cada uma das hipó-
teses de incidência.
Como causa de pedir da AIME, a palavra “corrupção”, referida no art. 14, § 10, da CF/1988,
não se refere ao termo técnico próprio do direito penal. A CF/1988 preferiu, com o fito de me-
lhor cumprir os seus eminentes fins tutelares, utilizar a expressão no sentido coloquial [não
tecnicamente penal] de “conspurcação”, “degeneração”, “putrefação”, “degradação”, “depra-
vação” (REspe n. 28.040/BA, rel. Min. Ayres Britto, DJ de 1º/7/2008).
A procedência do pedido da AIME por corrupção implica necessariamente a cassação do
mandato do autor do ilícito. Noutro falar, inexiste a possibilidade de dosar a sanção diante das
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circunstâncias do caso concreto, aplicando, por exemplo, apenas multa. Assim, a procedência
do pedido da ação pela prática de atos de corrupção necessariamente atrai a incidência, de
forma reflexa, da inelegibilidade da alínea j sobre o autor do ilícito.
A captação ilícita de sufrágio, hospedada no art. 41-A da Lei n. 9.504/97, consiste nas
ações de doar, oferecer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vanta-
gem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública.
Julgada procedente a representação do art. 41-A, incidem sobre o representado as san-
ções de cassação de registro ou diploma e multa. A reprimenda é incindível, de modo que, jul-
gada procedente o pedido da ação, não há como dosar sua aplicação, com base nas circuns-
tâncias do caso concreto, para aplicar somente multa (RO 1715-30, rel. Min. Arnaldo Versiani,
PSESS em 2.9.2010).
É comum, embora equivocado, o dispositivo da condenação pelo art. 41-A fazer referência
apenas à sanção de multa quando o representado for candidato não eleito. Neste caso, não
há óbice algum à incidência da inelegibilidade da alínea j, porquanto, ainda que não explicitado
no dispositivo da representação, a condenação também implicou, pela natureza incindível da
sanção, a cassação do registro de candidatura do representado.
Direto do TSE
Transitada em julgado condenação por captação ilícita de sufrágio, é de se reconhecer a
inelegibilidade da alínea j do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/1990, acres-
centada pela Lei Complementar n. 135/2010, ainda que a condenação somente tenha
imposto a respectiva multa, em virtude de a candidata não haver sido eleita.
Recurso ordinário provido.
(RO n. 1715-30/DF, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 2.9.2010)
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Registro. Condenação eleitoral. Conduta vedada.
1. A inelegibilidade referente à condenação por conduta vedada, por órgão colegiado
ou com trânsito em julgado, prevista na alínea j do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990,
somente se configura caso efetivamente ocorra a imposição da sanção de cassação de
registro ou de diploma no respectivo processo.
2. Evidencia-se não configurada a hipótese de inelegibilidade da alínea j se o candidato
foi condenado pelas instâncias ordinárias apenas ao pagamento de multa pela prática
de conduta vedada.
Agravo regimental não provido.
(REspe n. 230-34, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 30.10.2012)
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Súmula n. 69 do TSE – Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I
do art. 1º da LC n. 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo
final no dia de igual número no oitavo ano seguinte.
Com efeito, friso, não importa, para fins de contagem desse prazo, a data da decisão co-
legiada ou do trânsito em julgado da condenação por uma das hipóteses previstas na alínea
j, mas, sim, a eleição em que praticado o ilícito.
O TSE, na mesma linha do que decidido para as alíneas d e h, fixou a data de realização do
primeiro turno das eleições, tendo em vista que:
O segundo turno de votação não configura nova eleição propriamente dita, entendida
como nova verificação de preenchimento das condições de elegibilidade ou de even-
tual incidência em causa de inelegibilidade, mas critério constitucional para alcançar o
princípio da maioria absoluta, estabelecido para a eleição de presidente da República,
governador de estado e prefeito de municípios com mais de 200 mil eleitores (arts. 28,
29, inciso II, e 77, da CF/1988) (RO n. 566-35/PB, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de
16.9.2014)
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Essa causa de inelegibilidade alcança os mandatários de cargo eletivo dos Poderes Exe-
cutivo e Legislativo.
Orgânica do Município.
responsável pela emissão de parecer sobre sua admissibilidade, nos termos do Regimento
momento a partir do qual o pedido de renúncia do mandatário será capaz de atrair a inelegi-
bilidade da alínea k, ou seja, se torna capaz de autorizar a abertura do processo, nos termos
sário para, uma vez admitida, atrair a inelegibilidade em estudo. Basta apenas que as condi-
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Direto do TSE
A jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que, para a incidência da alínea k do
inciso I do art. 1º da LC 64/1990, é desnecessário o conhecimento oficial do par-
lamentar acerca do oferecimento de representação perante a Câmara Legislativa.
Precedentes.
(REspe n. 149-53/PR, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 10/3/2017)
Para fins de inelegibilidade, não cabe à Justiça Eleitoral, na análise do pedido de registro
de candidatura, apreciar o quão justo foram os motivos que ensejaram a renúncia, tampouco
adentrar em aspectos formais alusivos ao trâmite da representação instaurado no Poder Le-
gislativo.
Direto do TSE
Não compete à Justiça Eleitoral adentrar questões interna corporis referentes ao trâmite
do procedimento instaurado no Poder Legislativo.
(RESpe n. 149-53/PR, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 10.3.2017)
Não obstante bem assentadas as premissas teóricas para a incidência da alínea k, co-
lhe-se da jurisprudência do TSE dois julgados em que, em razão das circunstâncias do caso
concreto, o plenário do Tribunal entendeu por afastá-la.
No primeiro, foram apresentadas duas representações lastreadas nos mesmos fundamen-
tos. Após a apresentação da primeira, o mandatário renunciou. Contudo, na tramitação da
segunda representação, a Casa Legislativa apreciou e arquivou o pedido. Esse novo fato foi
considerado pelo TSE como suficiente para modificar o quadro fático-jurídico do recorrente e
afastar a incidência da inelegibilidade. Confira:
Direto do TSE
A instauração de representação por quebra de decoro parlamentar, lastreada nos
mesmos fundamentos de representação anterior – em vista da qual o candidato
havia renunciado no primeiro mandato – dessa vez apreciada e arquivada pela
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No segundo caso, contrariando toda a lógica jurídica erigida pelo Legislador, que assentou
ser a simples renúncia ato, por si só, suficiente para atrair a inelegibilidade da alínea k, o TSE,
por maioria, entendeu que a absolvição do renunciante na Justiça Comum da imputação que
dera causa a sua renúncia é suficiente para afastar a inelegibilidade em questão.
Direto do TSE
Consideradas a absolvição do recorrente, em decisão transitada em julgado, da prática
do crime motivador da renúncia e a não instauração do processo por quebra de decoro
parlamentar, conclui-se não ser aplicável ao caso específico a inelegibilidade prevista na
alínea k do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990, acrescida pelo art. 2º da LC n. 135/2010.
(RO n. 1011-80/PA, rel. designado Min. Gilmar Mendes, PSESS de 2.10.2014)
Por fim, no que concerne ao prazo da inelegibilidade, o renunciante ficará inelegível pelo
período restante do mandato para o qual foi eleito, bem como nos oito anos subsequentes.
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Segundo o art. 37, § 4º, da CF/1988, a condenação pela prática de atos de improbidade
administrativa importa a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível. Esse rol exemplificativo de sanções foi ampliado pela Lei n.
8.429/1992, que estabeleceu ainda a possibilidade de aplicação de multa e de proibição de
contratar com o poder público.
Não bastasse isso, a LC n. 135/2010, guiada pelo princípio da moralidade administrativa,
albergado no art. 14, § 9º, da CF/1988, introduziu na LC n. 64/1990 mais um gravame a ser
suportado pelos condenados pela prática de atos de improbidade. Trata-se da hipótese de
inelegibilidade prevista no art. 1º, I, , da Lei das Inelegibilidades, cujo objetivo é o de impedir o
acesso a qualquer cargo público de pessoas que:
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para configurá-la, por exemplo, não é necessário que a decisão da Justiça Comum faça men-
ção expressa à existência de dolo ou ao enriquecimento ilícito próprio ou de terceiro, basta
que a Justiça Eleitoral, com base no quadro fático delineado na decisão, identifique a presen-
ça dos elementos exigidos pela lei. Nesse sentido:
Direto do TSE
É possível à Justiça Eleitoral reconhecer a existência de enriquecimento ilícito que
não conste do decreto condenatório da Justiça comum sem que isso represente
inelegibilidade eterna do agente. A aferição, pela Justiça Eleitoral, de que o ato pra-
ticado pelo agente causou não apenas dano ao erário, mas, também, enriqueci-
mento ilícito possui relevância apenas para fins de análise das causas de inelegibi-
lidade, matéria eminentemente eleitoral.
(RO n. 0600687-93/SE, rel. Min. Og Fernandes, DJe de 18.12.2018)
Direto do TSE
Embora a Justiça Eleitoral possa extrair da fundamentação do decreto condenatório os
requisitos para incidência da referida inelegibilidade, descabe, por outro vértice, alterar
as respectivas premissas fáticas, sob pena de invadir a competência jurisdicional de
outros órgãos do Poder Judiciário. Precedentes.
(RO n. 0600204-47/RO, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 19.12.2018)
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No dispositivo da condenação por ato de improbidade pela Justiça Comum, deve vir ex-
pressa a sanção de suspensão dos direitos políticos, sob pena de torná-la insuficiente para
atrair a inelegibilidade da alínea . Confira:
Direto do TSE
Na espécie, a despeito de o candidato ter sido condenado em duas ações de improbidade
administrativa, em nenhuma delas houve a cominação da pena de suspensão dos direitos
políticos, o que impossibilita a incidência da cláusula de inelegibilidade em questão [alínea ].
(REspe n. 187-74/MT, rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 30.9.2016)
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1. A incidência da inelegibilidade prevista na alínea l do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990
não pressupõe o dolo direto do agente que colaborou para a prática de ato ímprobo,
sendo suficiente o dolo eventual, presente na espécie.
2. É prescindível que a conduta do agente, lesadora do patrimônio público, se dê no
intuito de provocar, diretamente, o enriquecimento de terceiro, sendo suficiente que, da
sua conduta, decorra, importe, suceda, derive tal enriquecimento, circunstância que,
incontroversamente, ocorreu no caso dos autos.
(RO n. 2373-84/SP, rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 23.9.2014)
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Todavia, anoto que o dolo, ainda que eventual, deve ser necessariamente do agente cau-
sador do dano, não se afigurando suficiente que terceiros beneficiados pelas condutas osten-
tem essa condição (RO n. 0600204-47/RO).
Assim, a contrário senso, o condenado por ato de improbidade administrativa em que se
verifica apenas culpa, seja por imperícia, negligência ou imprudência, estará a salvo da pecha
da inelegibilidade da alínea . Nesse sentido:
Direto do TSE
Na espécie, embora a agravada – candidata não eleita ao cargo de deputado estadual
por Rondônia nas Eleições 2018 – ostente condenação em ação civil pública, com ter-
ceiros, em primeiro e segundo graus, à suspensão de direitos políticos por improbidade
administrativa (art. 10, caput, I, II e XI, da Lei n. 8.429/1992), consta de modo claro e
expresso do decreto condenatório que ela, especificamente, não agiu com o “cuidado
necessário ao destino dos recursos”, não havendo falar em dolo de sua parte.
(RO n. 0600204-47/RO, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 19.12.2018)
Embora haja vozes discordantes, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, para a inci-
dência da inelegibilidade da alínea , o TSE tem mantido o entendimento de que é necessário
que a condenação por ato doloso de improbidade administrativa implique, cumulativamente,
o enriquecimento ilícito e o dano ao Erário, previstos respectivamente nos arts. 9º e 10 da Lei
n. 8.429/1992.
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Direto do TSE
A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, firmada nas Eleições de 2012 e reafirmada
nos pleitos subsequentes (2014, 2016 e, ainda, 2018), é no sentido de que a incidência da
inelegibilidade descrita no art. 1º, I, l, da Lei Complementar n. 64/1990 demanda conde-
nação judicial, transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, na qual se impo-
nha a penalidade de suspensão dos direitos políticos, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe cumulativamente dano ao erário e enriquecimento ilícito.
A pretendida leitura mais ampla da causa de inelegibilidade, para considerar exigível tão
somente o dano ao erário ou o enriquecimento ilícito, contraria, a um só tempo, a decisão
soberana do Poder Legislativo, que incluiu no projeto de lei a partícula aditiva, e a regra
segundo a qual as causas restritivas de direitos fundamentais não devem ser objeto de
analogia ou de interpretação extensiva.
(RO n. 0600981-06/BA, rel. Min. Admar Gonzaga, PSESS de 27.11.2018)
A ideia de que a partícula “e” do texto legal da alínea poderia ser compreendida como
“ou”, a fim de se aplicar a inelegibilidade quando a conduta praticada implicasse apenas dano
ao erário ou enriquecimento ilícito não foi acolhida pela TSE.
Contudo, relembro, a Justiça Eleitoral pode extrair dos fundamentos da decisão da Justiça
Comum a presença do enriquecimento ilícito ou do dano ao erário, ainda que o dispositivo da
decisão condenatória não faça referência a ambos. Nessa linha interpretativa, o TSE tem re-
conhecido a incidência da inelegibilidade da alínea , mesmo quando o dispositivo da decisão
condenatória da Justiça Comum faz referência apenas ao art. 9º – enriquecimento ilícito – ou
apenas no art. 10 – dano ao erário –, ambos da Lei n. 8.429/1992, desde que, é claro, possa ser
extraída dos fundamentos da decisão a consequência não explicitada no dispositivo da decisão.
Até as eleições de 2016, o TSE não autorizava aplicar esse modelo interpretativo para ex-
trair o dano ao erário e o enriquecimento ilícito dos fundamentos da decisão condenatória da
Justiça Comum, quando o cidadão era condenado apenas no art. 11 da Lei de Improbidade,
que cuida de violação a princípios da Administração.
Não obstante, a partir das eleições de 2018, o TSE passou a reconhecer a incidência da
inelegibilidade da alínea também nos casos em que o cidadão foi condenado pela Justiça
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Comum apenas no art. 11 da Lei de Improbidade, desde que, friso, seja possível extrair dos
fundamentos da decisão a existência de ambos os ilícitos: enriquecimento ilícito (art. 9º) e
dano ao erário (art. 10). Essa é a atual jurisprudência do TSE:
Direto do TSE
A jurisprudência do TSE (RO n. 380-23/MT) orienta-se na linha de que, para fins de inci-
dência da causa de inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC n. 64/1990, é possível extrair dos
fundamentos da decisão do juízo de improbidade a presença do enriquecimento
ilícito (art. 9º) e do dano ao erário (art. 10) decorrentes do ato doloso de improbi-
dade administrativa, ainda que o réu tenha sido condenado apenas no art. 11 da
referida lei.
(RO n. 060123-55/RJ, rel. Min. Og Fernandes, PSESS de 27.11.2018)
Por último, informo que a existência de enriquecimento ilícito na conduta pode ser com-
provada com o benefício do próprio agente que praticou o ato ímprobo ou de terceiros, ainda
que estes não tenham sido levados ao polo passivo da ação de improbidade processada na
Justiça Comum (RO n. 0600687-93/SE, rel. Min. Og Fernandes, PSESS de 18.12.2018).
Deve ser compreendido não apenas a partir do exaurimento da suspensão dos direi-
tos políticos e do ressarcimento ao erário, mas a partir do instante em que todas
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Note que a inelegibilidade incide apenas nas sanções impostas por órgão profissional
competente que exclua o condenado do exercício da profissão, em decorrência de infração
ético-profissional. Caso o cidadão seja, pelo cometimento dessas infrações, punido com outra
sanção que não a exclusão do exercício da profissão, como, por exemplo, advertência, multa,
ou suspensão do exercício profissional, não haverá a incidência da inelegibilidade em estudo.
Eventuais vícios procedimentais que contaminem a decisão que culminou na exclusão de
cidadão do exercício da profissão não são objeto de análise pela Justiça Eleitoral nos pedidos
de registro de candidatura. Não obstante isso, nada impede que, no juízo competente, o preju-
dicado consiga um provimento, liminar ou definitivo, que afaste os efeitos da decisão conde-
natória e viabilize o deferimento do seu registro de candidatura (REspe n. 344-30/BA, rel. Min.
Henrique Neves da Silva, DJe de 25.3.2013).
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A Constituição Federal, em seu art. 14, § 7º, prescreve que são inelegíveis, na circunscri-
ção do titular, o cônjuge, bem como os parentes consanguíneos, ou afins até o segundo grau,
ou por adoção dos Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governador e Prefei-
to), e de quem os houver substituído nos seis meses anteriores à data da eleição, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Para o STF, a dissolução do vínculo conjugal no curso do mandato não afasta essa inele-
gibilidade, a teor do que dispõe a Súmula Vinculante n. 18:
Direto do STF
Súmula Vinculante n. 18 – A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso
do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da Constituição
Federal.
A Súmula do STF não faz distinção se a dissolução da sociedade conjugal ocorreu por
causas reais ou consistiu em uma fraude. Em regra, a notícia da dissolução não autoriza a
candidatura do ex-cônjuge na circunscrição do pleito do titular do chefe do Poder Executivo,
a não ser que este se desincompatibilize seis meses antes das eleições. Ressalto, por opor-
tuno, que, se o vínculo for desfeito pelo evento morte, não se aplica a Súmula Vinculante 18
do STF, conforme já decidido no RE 843.455, estando o cônjuge sobrevivente livre para se
candidatar.
No ano seguinte à edição da Súmula Vinculante n. 18, a LC n. 135/2010 incluiu, na Lei de
Inelegibilidades – LC n. 64/1990 –, a autorização para a Justiça Eleitoral, no exame dos pe-
didos de registro de candidatura, reconhecer a incidência da inelegibilidade da alínea n sobre
aqueles que tiverem contra si decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado,
em razão de terem desfeito ou simulado desfazer o vínculo conjugal ou união estável com a
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Direto do TSE
A causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea n, da LC n. 64/1990 sanciona “os
que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judi-
cial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de
união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos
após a decisão que reconhecer a fraude”. Pressupõe ação judicial que condene a parte
por fraude, ao desfazer ou simular desfazimento de vínculo conjugal ou de união estável
para fins de inelegibilidade.
A negativa de um fato (de união estável em 2004), em recurso contra expedição de
diploma, não pode conduzir à conclusão de que a candidata praticou um ato ilícito
(desfez ou simulou o desfazimento da união estável para fins de inelegibilidade). Trata-
-se de mera presunção, que não pode atrair a inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I,
alínea n, da LC n. 64/1990.
(REspe n. 397-23/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 5.9.2014)
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Nesses termos, pode se tornar inelegível o servidor público que, após o regular desenvol-
vimento de um processo judicial ou administrativo, perder o seu cargo em virtude da aplica-
ção da penalidade de demissão, ou qualquer outra nomenclatura que implique a extinção do
vínculo com a Administração (RO n. 57827), pelo cometimento de infração disciplinar de na-
tureza grave. Destaco que, para a incidência da inelegibilidade em comento, exige-se a apli-
cação de sanção capaz de extinguir o vínculo com a Administração, motivo pelo qual o TSE
afastou a incidência dessa inelegibilidade e deferiu o registro de candidato que foi “licenciado
a bem da disciplina” das fileiras da Polícia Militar do Espírito Santo (RO n. 0600469-39/ES, rel.
Min. Luís Roberto Barroso, PSESS de 13.11.2018).
Recentemente, julgando um pedido de registro de candidatura relativo às eleições de 2018,
o TSE decidiu, modulando os efeitos da decisão para os pleitos seguintes, aplicar aos milita-
res a inelegibilidade da alínea o que se impuserem sanções que, a despeito da nomenclatura
diversa, produzam efeitos análogos à demissão. Confira excerto da ementa do leading case:
Direto do TSE
A causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, o, da Lei Complementar n. 64/1990 apli-
ca-se aos militares a que se impuserem sanções que, a qualquer título, produzam efei-
tos análogos à demissão. Isso porque: (i) a interpretação literal não é recomendável,
na medida em que, nos regimes jurídicos estabelecidos pelos entes públicos para seus
servidores civis ou militares, pode-se utilizar termos diferentes – como “exclusão a bem
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Com a finalidade de evitar a prática de abuso de poder econômico, a Lei n. 9.504/1997 de-
talhou a arrecadação e os gastos de recursos em campanhas eleitorais. A referida lei, mais co-
nhecida como Lei das Eleições, dispõe sobre quem, quando e, principalmente, o quanto poderá
ser doado, com vistas a evitar que a normalidade e a legitimidade das eleições sejam afetadas
pelo abuso do poder econômico.
Especificamente quanto ao limite máximo de recursos doados às campanhas eleitorais,
o art. 23, caput e § 1º, da mencionada Lei, estabelece que o montante da doação de pessoas
físicas está limitado ao teto máximo de 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior
às eleições. Por oportuno, transcrevo o dispositivo legal:
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Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campa-
nhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei.
§ 1º As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a 10% (dez por cento) dos
rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição.
A violação dessa regra sujeita o doador em excesso a ter contra si ajuizada uma Represen-
tação por doação acima do limite legal pelo Ministério Público Eleitoral, nos termos do art. 24-
C, § 3º, da Lei n. 9.504/1997.
§ 3º A Secretaria da Receita Federal do Brasil fará o cruzamento dos valores doados com os rendi-
mentos da pessoa física e, apurando indício de excesso, comunicará o fato, até 30 de julho do ano
seguinte ao da apuração, ao Ministério Público Eleitoral, que poderá, até o final do exercício finan-
ceiro, apresentar representação com vistas à aplicação da penalidade prevista no art. 23 e de outras
sanções que julgar cabíveis.
Anoto que, embora o texto legal faça menção à possibilidade de doação de pessoa jurídica
às campanhas eleitorais, essa prática foi considerada inconstitucional pelo STF, no julgamento
da ADI 4650. Posteriormente, esse entendimento jurisprudencial foi ratificado pelo legislador,
que, ao editar a Lei n. 13.165/2015, revogou o art. 81 da Lei n. 9.504/1997.
Essa declaração de inconstitucionalidade de doações de pessoas jurídicas, contudo, não
implicou a isenção dos responsáveis que ao tempo de vigência da norma tenham realizado do-
ações acima do limite legal – aplicável ao caso o princípio tempus regit actum (AI n. 159-50/PI).
Não é qualquer condenação por doação em excesso para campanhas eleitorais que atrai a
inelegibilidade da alínea p. Para fazer incidi-la, a jurisprudência do TSE fixou entendimento de
que é necessário:
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Não é qualquer condenação, por doação acima do limite legal, que gera a inelegibilidade
prevista no art. 1º, I, p, da LC n. 64/1990, mas apenas aquelas que observando o rito pre-
visto no artigo 22 da LC n. 64/1990, afetem a normalidade e legitimidade das eleições e
visem à proteção contra o abuso do poder econômico ou político.
(REspe n. 245-93/SC, rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 29.11.2016)
Por último, a exemplo das demais inelegibilidades – à exceção da alínea d, em que a ine-
legibilidade é cominada no próprio dispositivo da AIJE por abuso de poder –, a inelegibilidade
da alínea p é reflexa, constituindo-se em efeito secundário da condenação, verificável em
eventual pedido de registro de candidatura.
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Nada impede que, no mesmo prazo de cinco dias, qualquer cidadão no gozo de seus di-
reitos políticos apresente notícia de inelegibilidade ao órgão competente para apreciação do
registro de candidatura. Nesse caso, o cidadão não se torna impugnante, até mesmo porque
lhe falta legitimidade para o ato, nos termos da lei, mas apenas informante de eventual óbice
ao deferimento do pedido de registro. Apresentada a notícia de inelegibilidade, o juiz dará ime-
diata ciência do seu recebimento ao Ministério Público Eleitoral e poderá, se assim entender,
considerá-la na apreciação do pedido de registro de candidatura.
Ainda que não tenha havido a apresentação pelos legitimados de eventual causa de ine-
legibilidade, ou mesmo notícia de inelegibilidade pelo cidadão comum, o juiz ou relator, no
processamento do registro de candidatura, poderá reconhecê-la de ofício, desde que assegu-
rada a oportunidade de manifestação prévia do candidato, a teor do que dispõe a Súmula n.
45 do TSE:
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Súmula n. 45 do TSE – Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode
conhecer de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condi-
ção de elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa.
A parte final do art. 11, § 10, da Lei n. 9.504/1997, ressalva expressamente a possibilidade
de as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade
serem conhecidas no processo de registro de candidatura.
Essas causas supervenientes que beneficiam os candidatos podem ser conhecidas até o
último dia do prazo para a diplomação dos eleitos, em qualquer grau de jurisdição, inclusive
nas instâncias ordinárias.
Direto do TSE
A orientação jurisprudencial do colendo TSE é afirmativa de que os fatos supervenientes
à eleição, que afastem as causas de inelegibilidade listadas no art. 1º, I da LC 64/1990,
podem ser considerados e acolhidos, se ocorridos até o último dia do prazo para a diplo-
mação dos eleitos. Precedente: ED-REspe 166-29/MG, Rel. Min. Henrique Neves da Silva,
julgado em 7.3.2017.
(REspe n. 150-56/RR, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.6.2017)
Nesses termos, é admitido, até a diplomação, que o candidato com registro indeferido tra-
ga ao conhecimento da Justiça Eleitoral decisão, liminar ou definitiva, que implique a suspen-
são dos efeitos da inelegibilidade, a fim de ter deferido seu registro de candidatura. A Súmula
n. 70 do TSE nos brinda com exemplo bastante ilustrativo:
Direto do TSE
Súmula n. 70 do TSE – O encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da elei-
ção constitui fato superveniente que afasta a inelegibilidade, nos termos do art. 11, § 10,
da Lei n. 9.504/97.
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Esse prazo elastecido é possível em razão de o candidato com o registro indeferido poder
recorrer da decisão de indeferimento – registro sub judice – e, nos termos do art. 16-A da Lei
n. 9.504/1997, continuar realizando todos os atos de campanha, podendo culminar, inclusive,
com sua eleição e diplomação.
Contudo, no julgamento do RCAN n. 0600903-50/DF (registro de candidatura do LULA nas
eleições de 2018), o TSE decidiu que os efeitos do art. 16-A da Lei n. 9.504/1997 findam com a
decisão colegiada de seu plenário, independentemente do julgamento de eventuais embargos
de declaração, afastando o candidato da campanha eleitoral.
Direto do TSE
Desde o julgamento do ED-REspe n. 139-25, o Tribunal Superior Eleitoral conferiu alcance
mais limitado à expressão “registro sub judice” para fins de aplicação do art. 16-A da Lei
n. 9.504/1997, fixando o entendimento de que a decisão colegiada do TSE que indefere
o registro de candidatura já afasta o candidato da campanha eleitoral.
[…]
Tendo esta instância superior indeferido o registro do candidato, afasta-se a incidência
do art. 16-A da Lei n. 9.504/1997. Por consequência, (i) faculta-se à coligação substituir
o candidato, no prazo de 10 (dez) dias; (ii) fica vedada a prática de atos de campanha
presidencial pelo candidato cujo registro vem de ser indeferido; e (iii) determina-se a
retirada do nome do candidato da programação da urna eletrônica.
(RCAND n. 0600903-50/DF, rel. Min. Luís Roberto Barroso, PSESS de 1º.9.2018)
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§ 2º Publicado o acórdão referido no parágrafo anterior com decisão pelo indeferimento, cancela-
mento ou não conhecimento do registro de candidatura, será alterada a situação do candidato no
CAND e, se houver viabilidade técnica, promovida a exclusão de seu nome da urna.
Assim, muito embora o TSE não tenha alterado sua jurisprudência quanto ao prazo final para
acolher causas supervenientes que afastem a inelegibilidade, permanecendo a data da diplomação
como marco final, se o candidato tiver seu registro de candidatura indeferido pelo plenário do TSE
antes da data do pleito (o que é possível no caso de eleições presidenciais e eleições estaduais/
federais), ele não poderá participar das eleições. Se o indeferimento ocorrer depois de o candidato
ter sido eleito (muito provável em eleições municipais), o efeito prático será nenhum, pois já terá
sido realizado o pleito, e o candidato, se não deixar transitar o registro de candidatura, poderá obter
uma decisão que suspenda sua inelegibilidade até a data da diplomação, a fim de ser diplomado.
Destaque-se, ainda, que não obstante o art. 11, § 10, da Lei n. 9.504/1997, faça menção
apenas às causas que afastem a inelegibilidade, a jurisprudência do TSE é firme no sentido de
aplicá-lo também para causas que atraiam a inelegibilidade. Neste caso, elas podem ser leva-
das a efeito no registro de candidatura, desde que este ainda esteja tramitando nas instâncias
ordinárias e sejam observados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
Direto do TSE
Ressalte-se, entretanto, que, em se tratando de fatos ou circunstâncias supervenientes
ao registro que atraiam a inelegibilidade, é assente na jurisprudência do TSE, aplicada
aos pleitos de 2014 e 2016, que podem ser conhecidos nas instâncias ordinárias, desde
que observados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
(REspe n. 29-97/CE, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 6.2.2019)
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registros de candidatos. Esse enquadramento das causas supervenientes para fins de RCED
diverge frontalmente do contido na Súmula n. 47 do TSE. Confira:
Direto do TSE
Súmula n. 47 do TSE – A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição
de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleito-
ral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao
registro de candidatura, e que surge até a data do pleito.
Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões
colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1º poderá, em caráter cau-
telar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde
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que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da
interposição do recurso.
Em suma, esse dispositivo legal permite que o órgão competente para apreciar o recurso
contra as decisões colegiadas das quais decorram as inelegibilidades listadas nas alíneas d,
e, h, j, l e n, suspenda, em caráter cautelar, a inelegibilidade do candidato.
Perceba que a incidência desse dispositivo legal se restringe às inelegibilidades das alí-
neas d, e, h, j, l e n do art. 1º, I, da LC n. 64/1990. O rol é exaustivo, não cabendo aplicar a sis-
temática do art. 26-C a outras alíneas do art. 1º, I, da LC n. 64/1990.
Ademais, ainda que o texto legal faça referência à necessidade de decisão colegiada para
suspender a inelegibilidade, a jurisprudência do TSE é firme em admitir o deferimento liminar
também por meio de decisão monocrática, com fundamento no poder geral de cautela. Nesse
sentido, confira o teor da Súmula n. 44:
Direto do TSE
Súmula n. 44 do TSE – O disposto no art. 26-C da LC n. 64/1990 não afasta o poder geral
de cautela conferido ao magistrado pelo Código de Processo Civil.
Outro detalhe contido na norma se dirige ao órgão competente para julgar o recurso
que pretende a suspensão da inelegibilidade. Segundo o dispositivo, a decisão cautelar
somente pode ser concedida se houver plausibilidade da pretensão recursal e o pedido de
suspensão da inelegibilidade tenha sido formulado expressamente na peça recursal, sob
pena de preclusão.
Para afastar qualquer dúvida, vamos a uma hipótese didática:
Hipótese Didática
Imagine, por hipótese, que Fúlvio tenha sido condenado por decisão colegiada do TRF da 1ª
Região por crimes contra a Administração Pública. Dessa decisão, interponha recurso especial
para o STJ, requerendo, além de sua absolvição, a suspensão da inelegibilidade do art. 1º, inciso
I, alínea e, da LC n. 64/1990.
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Ao mesmo tempo, Fúlvio requer o seu registro de candidatura ao cargo de vereador perante o juiz
eleitoral.
Na primeira análise, o pedido é indeferido ante a presença de todos os requisitos para atrair a
inelegibilidade da alínea e.
Inconformado, nosso pacato cidadão recorre para o TRE. Antes, porém, da análise do recurso
pelo Regional, Fúlvio consegue uma decisão liminar, proferida pelo relator do processo criminal
do STJ.
Fúlvio, então, atravessa uma petição no processo de registro, juntando a decisão liminar que
obtivera e requer, com base no art. 26-C da LC n. 64/1990, o deferimento do seu pedido de regis-
tro.
Ante a decisão liminar juntada aos autos, o TRE defere seu pedido de registro de candidatura.
Evidentemente que essa decisão liminar, como qualquer outra, possui caráter precário.
Caso ela seja revogada, essa notícia poderá ser levada a efeito no processo de registro de
candidatura, momento em que órgão competente deve, então, analisar/confirmar a presença
dos requisitos da inelegibilidade indigitada ao candidato, conforme orientação contida na Sú-
mula 66 do TSE:
Direto do TSE
A incidência do § 2º do art. 26-C da LC n. 64/1990 não acarreta o imediato indeferimento
do registro ou o cancelamento do diploma, sendo necessário o exame da presença de
todos os requisitos essenciais à configuração da inelegibilidade, observados os princí-
pios do contraditório e da ampla defesa.
Há uma grande discussão sobre até que momento essa notícia de revogação da liminar
poderia ser levada ao processo de registro de candidatura.
Muito embora as recentes alterações no RCED, promovidas pela Lei n. 13.877/2019, pos-
sam vir a modificar a jurisprudência do TSE, atualmente o Tribunal tem decidido que a revo-
gação da liminar que sustentava o deferimento de pedido de registro de candidatura pode ser
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considerada até o esgotamento das instâncias ordinárias, desde que observados os princí-
pios do contraditório e da ampla defesa. Confira esse ilustrativo precedente:
Direto do TSE
A liminar deferida pela Justiça Comum, quando o recurso ordinário estava em trâmite
nesta Corte, foi revogada, mediante a confirmação da condenação criminal pelo Supe-
rior Tribunal de Justiça, fato superveniente que deve ser considerado no julgamento do
registro de candidatura, nos termos do art. 26-C, § 2º, da Lei Complementar n. 64/1990.
De acordo com a tese firmada no julgamento do REspe 383-75, de relatoria da Min.
Luciana Lóssio, PSESS em 23.9.2014, “no curso do processo de registro de candidatura,
a manutenção da decisão condenatória que causa a inelegibilidade ou a revogação da
liminar que suspendia seus efeitos podem ser conhecidas pelas instâncias ordinárias,
para os fins do § 2º, do art. 26-C da Lei Complementar n. 64/1990, desde que observa-
dos os princípios do contraditório e da ampla defesa”, requisitos observados na espécie.
(RO n. 0600972-44/BA, rel. Min. Admar Gonzaga, DJe de 5.1.22018)
Assim, esgotamos o estudo das inelegibilidades, espero que tenha gostado da aula e até
a próxima!
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Inelegibilidades – II
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RESUMO
Inelegibilidades Infraconstitucionais
Condenação Criminal – Alínea E
• São inelegíveis para qualquer cargo os que forem condenados, em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o trans-
curso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, pelos crimes listados na alí-
nea e do art. 1º, I, da LC n. 64/1990.
• Para o TSE, as decisões do tribunal do júri são consideradas aptas a atrair a inelegibili-
dade da alínea e.
• Uma vez categorizado o crime em uma das hipóteses listadas na alínea e, não importa,
para a incidência dessa inelegibilidade, em qual diploma normativo ele está tipificado.
• Penas privativas de liberdade, restritivas de direito ou simplesmente de multa são sufi-
cientes para atrair a inelegibilidade da alínea e.
• Não atraem a inelegibilidade da alínea e: crimes culposos, de menor potencial ofensivo
e de ação penal privada.
• No caso da alínea e: o réu ficará inelegível no intervalo situado entre (a) a publicação da
decisão condenatória até (b) o seu trânsito em julgado; (ii) a partir desse evento (trân-
sito em julgado), seus direitos políticos estarão suspensos até (c) o cumprimento ou a
extinção da pena; (iii) finalmente, ficará inelegível por oito anos após o cumprimento ou
a extinção da pena.
• Não há detração penal na contagem do prazo de inelegibilidade da alínea e.
• Na prescrição da pretensão punitiva, não há que falar em inelegibilidade da alínea e.
• Incide a inelegibilidade da alínea e mesmo quando se opera a prescrição da pretensão
executória.
• A concessão da graça ou do indulto presidencial alcança apenas a pena principal, per-
manecendo incólumes os efeitos extrapenais, como a inelegibilidade da alínea e.
• A concessão de anistia fulmina com a inelegibilidade, ainda que não haja essa previsão
específica na lei.
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• Para finalizar, não é suficiente a devolução integral ou parcial de valores utilizados inde-
vidamente pelo gestor público, com vistas a afastar a configuração de insanabilidade
dos vícios ensejadores da rejeição de contas.
• Não é qualquer vício apontado pela Corte de Contas que atrai a incidência da inelegibi-
lidade da alínea g, mas apenas aqueles que sejam reconhecidos pela Justiça Eleitoral
como atos dolosos de improbidade administrativa.
• Não é necessário o dolo específico de causar prejuízo ao Erário para atrair a incidência
da inelegibilidade da alínea g. Basta a simples presença do dolo genérico, que se confi-
gura quando o administrador assume os riscos de não atender aos comandos constitu-
cionais, legais e contratuais que vinculam a Administração Pública.
• Para a incidência da inelegibilidade da alínea g, é necessário que a decisão de rejeição
de contas seja irrecorrível na seara administrativa.
• Para a configuração da inelegibilidade da alínea g, é necessário que a decisão de rejeição
de contas esteja produzindo seus efeitos. Noutro falar, se houver decisão, ainda que pro-
visória, suspendendo ou anulando os efeitos da decisão de rejeição de contas, não incide,
durante esse período, a mencionada inelegibilidade, conforme ressalva expressa da lei.
• O prazo da inelegibilidade da alínea g começa a ser contado da publicação da decisão
irrecorrível que rejeitou as contas.
• o mero fato de o nome do cidadão constar na lista encaminhada pelo Tribunal ou Conse-
lho de Contas não é motivo suficiente para que a inelegibilidade em análise incida sobre
ele, impedindo-o de participar das eleições.
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• A condenação apta a gerar a inelegibilidade da alínea h pode ser proferida por qualquer
órgão do Poder Judiciário.
• Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º da LC n.
64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo final no dia de
igual número no oitavo ano seguinte, a teor da Súmula n. 69 do TSE.
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• Nada impede que, no mesmo prazo de cinco dias, qualquer cidadão no gozo de seus
direitos políticos apresente notícia de inelegibilidade ao órgão competente para aprecia-
ção do registro de candidatura.
• O juiz ou relator, no processamento do registro de candidatura, poderá reconhecer de
ofício causa de inelegibilidade, desde que assegurada a oportunidade de manifestação
prévia do candidato, a teor do que dispõe a Súmula n. 45 do TSE.
• As causas supervenientes que beneficiam os candidatos podem ser conhecidas até o
último dia do prazo para a diplomação dos eleitos, em qualquer grau de jurisdição, inclu-
sive nas instâncias ordinárias.
• As causas que atraem a inelegibilidade podem ser levadas a efeito no registro de candi-
datura, desde que este esteja ainda tramitando nas instâncias ordinárias e sejam obser-
vados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
• As causas de inelegibilidades supervenientes que atraiam a inelegibilidade também po-
dem ser levadas a efeito no Recurso Contra Expedição de Diploma – RCED.
• De acordo com a novel Lei n. 13.877/2019, a inelegibilidade superveniente apta a via-
bilizar o recurso contra a expedição de diploma, decorrente de alterações fáticas ou
jurídicas, deverá ocorrer até a data fixada para que os partidos políticos e as coligações
apresentem os seus requerimentos de registros de candidatos.
• Se a inelegibilidade superveniente for levada a efeito no âmbito do processo de registro,
não poderá ser deduzido no RCED, nos termos definidos na novel Lei n. 13.877/2019.
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• Atualmente o Tribunal tem decidido que a revogação da liminar que sustentava o defe-
rimento de pedido de registro de candidatura pode ser considerada até o esgotamento
das instâncias ordinárias, desde que observado os princípios do contraditório e da am-
pla defesa.
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QUESTÕES DE CONCURSO
(VUNESP/2019/PROCURADOR LEGISLATIVO/CÂMARA DE MAUÁ-SP) A Lei
Complementar no 135, de 2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, trouxe alterações
à Lei Complementar n. 64/1990, que contempla casos de inelegibilidade, na forma do
disposto no artigo 14 § 9º da Constituição Federal de 1988. Assinale a alternativa correta
de acordo com referidos diplomas legais.
a) É inelegível o que for condenado, em decisão transitada em julgado, em razão de ter
desfeito vínculo conjugal para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8
(oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude.
b) Logo após o cumprimento integral da pena, torna-se elegível a pessoa condenada em
decisão transitada em julgado por crime contra a economia popular.
c) É inelegível a pessoa condenada por qualquer crime eleitoral, em decisão transitada em
julgado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumpri-
mento da pena.
d) Assim que cumprida integralmente a pena, torna-se elegível a pessoa condenada em
decisão transitada em julgado, por crime de abuso de autoridade.
e) É automaticamente inelegível, pelo período de 8 (oito) anos, aquele que tiver suas con-
tas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas julgadas irregulares pelo Tribunal
de Contas.
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d) os que tenham contra si representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, desde que
por decisão transitada em julgado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou
político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que
se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes.
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c) Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena, pelos crimes praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.
d) Os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoria-
mente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham
pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo judicial, pelo prazo
de 8 (oito) anos.
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b) não gera inelegibilidade, por não se tratar de hipótese de lesão ao patrimônio público e en-
riquecimento ilícito;
c) não gera, por si mesma, a inelegibilidade, que pode, todavia, ser apurada em ação de Impug-
nação de Mandato Eletivo;
d) gerará inelegibilidade se houver expressa menção na decisão condenatória.
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GABARITO
1. a 28. C
2. E 29. E
3. E 30. a
4. E 31. c
5. C 32. e
6. E 33. e
7. a 34. d
8. E 35. d
9. C 36. E
10. d 37. C
11. d 38. a
12. C 39. E
13. e 40. C
14. a 41. E
15. c 42. C
16. d 43. E
17. c 44. b
18. a 45. E
19. b 46. E
20. a 47. b
21. d 48. b
22. c 49. b
23. b 50. C
24. c
25. b
26. a
27. c
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GABARITO COMENTADO
(VUNESP/2019/PROCURADOR LEGISLATIVO/CÂMARA DE MAUÁ-SP) A Lei
Complementar no 135, de 2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, trouxe alterações à Lei
Complementar n. 64/1990, que contempla casos de inelegibilidade, na forma do disposto no
artigo 14 § 9º da Constituição Federal de 1988. Assinale a alternativa correta de acordo com
referidos diplomas legais.
a) É inelegível o que for condenado, em decisão transitada em julgado, em razão de ter desfeito
vínculo conjugal para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após
a decisão que reconhecer a fraude.
b) Logo após o cumprimento integral da pena, torna-se elegível a pessoa condenada em deci-
são transitada em julgado por crime contra a economia popular.
c) É inelegível a pessoa condenada por qualquer crime eleitoral, em decisão transitada em
julgado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena.
d) Assim que cumprida integralmente a pena, torna-se elegível a pessoa condenada em deci-
são transitada em julgado, por crime de abuso de autoridade.
e) É automaticamente inelegível, pelo período de 8 (oito) anos, aquele que tiver suas con-
tas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas julgadas irregulares pelo Tribunal
de Contas.
Letra a.
Nos termos do art. 1º, I, n, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer
cargo, os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de
união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a
decisão que reconhecer a fraude.
No caso, por ter reproduzido a expressa previsão legal (apesar de não mencionar a decisão
proferida por órgão colegiado), considera-se a alternativa A como correta.
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Errado.
A configuração da inelegibilidade decorrente da rejeição de contas exige que as contas sejam
desaprovadas em razão de a irregularidade insanável decorrer da prática de um ato doloso de
improbidade administrativa.
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Errado.
A inelegibilidade do governador e do prefeito em razão da perda do mandato em razão da
violação de dispositivos da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal e das
Leis Orgânicas municipais incide pelo período remanescente do mandato e nos oito anos
subsequentes.
Errado.
O prazo de incidência da inelegibilidade decorrente da rejeição de contas incide pelo prazo de
oito anos, a contar da data decisão, nos termos do art. 1º, inc. I, alínea “g”, da Lei Complemen-
tar n. 64/1990, motivo pelo qual a presente assertiva está incorreta.
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Certo.
Essa assertiva retrata a inelegibilidade descrita no art. 1º, inc. I, alínea “e”, da Lei Complemen-
tar n. 64/1990, e tratou de forma adequada o prazo de incidência da inelegibilidade decorrente
do abuso de poder econômico ou do abuso do poder político.
Errado.
A inelegibilidade por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, capta-
ção ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos
em campanhas eleitorais apenas incide quando a decisão for proferida ou confirmada por
órgão colegiado ou transitar em julgado.
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Letra a.
São inelegíveis, para qualquer cargo, os que forem demitidos do serviço público em decor-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão,
salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário.
Por essa disposição legal, Ananias, condenado em processo administrativo pela prática de
ilícito funcional a perda do cargo sem que a decisão fosse suspensa pelo Poder Judiciário,
está inelegível pelo prazo de oito anos, motivo pelo qual a alternativa correta é a letra A.
Errado.
A inelegibilidade decorrente da prática de corrupção eleitoral está prevista no art. 1º, inc. I, alí-
nea “j”, da Lei Complementar n. 64/1990, e, sobre a incidência dessa causa de inelegibilidade,
o Tribunal Superior Eleitoral expediu a seguinte Súmula:
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TSE
Súmula n. 69 – Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do
art. 1º da LC n. 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo
final no dia de igual número no oitavo ano seguinte.
Certo.
De acordo com o entendimento sumulado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o encerramento
do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato superveniente que afasta a
inelegibilidade, nos termos do art. 11, § 10, da Lei n. 9.504/1997 (Súmula n. 70 do TSE).
Letra d.
A incidência da inelegibilidade decorrente do abuso de poder econômico incide desde a elei-
ção na qual o ilícito foi praticado até o dia de igual número do oitavo ano seguinte (Súmula n.
19 do TSE).
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contra o meio ambiente, e que, após interposição do competente recurso de apelação, teve sua
condenação confirmada por órgão judicial colegiado. Nessa situação hipotética, a partir das
regras decorrentes de inelegibilidade e da ficha limpa, é correto afirmar que o Vereador X
a) será considerado inelegível, automaticamente, pois a prática de crime doloso ou culposo
contra o meio ambiente é causa de inelegibilidade.
b) somente será considerado inelegível após o trânsito em julgado da decisão condenatória,
em atenção ao princípio da presunção de inocência.
c) será considerado inelegível a critério de prudência do Tribunal, no momento da prolação da
decisão colegiada.
d) não será considerado inelegível pela prática do crime contra o meio ambiente, pois no caso
hipotético, esse fora cometido de forma culposa.
e) não será considerado inelegível, desde que a pena aplicada tenha sido inferior a 2 anos de
reclusão, em regime aberto.
Letra d.
A condenação pela prática de crime culposo, ainda que integrante da lista de crimes previstos
na alínea e do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/1990, não atrai a incidência da
inelegibilidade decorrente da vida pregressa, motivo pelo qual a alternativa correta é a letra D.
Certo.
Conforme o entendimento firmado pelo Tribunal Superior Eleitoral, na Súmula n. 45, nos pro-
cessos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da existência de
causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade, desde que resguarda-
dos o contraditório e a ampla defesa.
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Letra e.
A condenação transitada em julgado pela prática de crime contra o patrimônio privada acarre-
ta a incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa pelo prazo de oito anos, a contar
da data do cumprimento da pena, motivo pelo qual Jacinto ainda está inelegível.
A seu turno, a condenação proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral em razão da prá-
tica de abuso de poder político atrai a incidência de inelegibilidade para a eleição para a qual
o ilícito foi praticado e naquelas realizadas nos oito anos seguintes. Logo, Wanda, na situação
narrada, também está inelegível.
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Por fim, a condenação transitada em julgado pela prática de crime doloso contra a vida atrai
a incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa pelo prazo de oito anos e, como
já transcorreu dez anos após o cumprimento integral da pena, Gilson poderá participar das
eleições.
Com essas considerações, pode-se afirmar que a alternativa correta é a letra E.
Letra a.
A inelegibilidade decorrente da rejeição de contas incide pelo prazo de oito anos, a contar da
data da decisão, motivo pelo qual a alternativa correta é a letra A.
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c) o fim da sua inelegibilidade após o decurso de oito anos contados da data em que ocorreu
a extinção da pretensão executória estatal.
d) o fim da sua inelegibilidade oito anos após a data da decisão da Justiça Comum que extin-
guiu a pretensão executória estatal.
e) a cessação da inelegibilidade assim que a Justiça Eleitoral receber a comunicação da de-
cisão proferida pela Justiça Comum.
Letra c.
no art. 1º, I, e, da LC n. 64/1990, projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja
Assim, a incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa incide pelo prazo de oito
anos, a contar da data da ocorrência da prescrição da pretensão executória, motivo pelo qual
mentar n. 64, de 18 de maio de 1990, que são inelegíveis para qualquer cargo os que forem
condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, des-
de a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, pelos
te a afirmativa anterior.
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Letra d.
A inelegibilidade decorrente da vida pregressa somente incide, em relação aos crimes de abu-
so de autoridade, apenas nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabi-
litação para o exercício de função pública.
Assim, a alternativa D não complementa corretamente a assertiva contida no enunciado.
Letra c.
Nos termos do art. 1º, inc. I, alínea “n”, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para
qualquer cargo, os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão tran-
sitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade ad-
ministrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a conde-
nação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena.
Por essa disposição, vê-se que o abuso de poder econômico não constitui requisito para a
incidência dessa inelegibilidade, motivo pelo qual a alternativa correta é a letra C.
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DIREITO ELEITORAL
Inelegibilidades – II
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Letra a.
O art. 1º, inc. I, alínea “d”, da Lei Complementar n. 64/1990, prescreve que a incidência da inele-
gibilidade decorrente da condenação por decisão da Justiça Eleitoral pela prática de abuso de
poder econômico ou abuso de poder político independe da diplomação do candidato.
Assim, a alternativa que não complementa corretamente o enunciado é a letra A.
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DIREITO ELEITORAL
Inelegibilidades – II
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Letra b.
Nos termos do art. 1º, § 4º, da Lei Complementar n. 64/1980, a inelegibilidade decorrente da
vida pregressa não incidirá nas condenações pela prática de crimes culposos, para aqueles
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada.
Logo, a assertiva correta é a letra B.
***
Letra a.
Nos termos do art. 22, XIV, da Lei Complementar n. 64/1990, em caso de ação de investiga-
ção judicial eleitoral pela prática de abuso de poder econômico ou de abuso de poder político,
julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal
declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do
ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito)
anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do
candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou
abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos
autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso,
e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar.
Desse modo, a alternativa correta é a letra A.
***
Letra d.
Conforme o entendimento sumulado n. 59 do Tribunal Superior Eleitoral, o reconhecimento da
prescrição da pretensão executória pela Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista
no art. 1º, I, e, da LC n. 64/1990, porquanto não extingue os efeitos secundários da condena-
ção.
***
Letra c.
Nos termos do art. 1º, I, j, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis para qualquer cargo
os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado
da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, capta-
ção ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos
em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8
(oito) anos a contar da eleição.
Conforme entendimento firmado pelo Tribunal Superior Eleitoral, esse prazo de inelegibilidade
tem termo inicial no dia do primeiro turno da eleição (primeiro turno) e termo final no dia de
igual número do oitavo ano seguinte (Súmula n. 69 do TSE).
***
Letra b.
A representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral em razão da prática de abuso de
poder econômico tem o condão de atrair a incidência da causa de inelegibilidade inscrita no
art. 1º, I, d, da Lei Complementar n. 64/1990, a partir do momento em que a decisão transitar
em julgado ou for proferida ou confirmada por órgão colegiado.
***
Letra c.
A condenação pela prática de crime contra o meio ambiente transitada em julgado ou profe-
rida/confirmada por órgão colegiado atrai a incidência da inelegibilidade decorrente da vida
pregressa, conforme prescrição contida no art. 1º, I, e, da Lei Complementar n. 64/1990.
Assim, a assertiva correta é a letra C.
As demais alternativas estão incorretas pelas seguintes razões:
a) Errada. A incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa incide desde o momen-
to em que a decisão for confirmada/proferida por órgão colegiado, sem que haja a necessida-
de de trânsito em julgado.
b) Errada. Desde o momento em que a decisão condenatória pela prática de crime doloso con-
tra a vida for proferida pelo tribunal do júri, que é um órgão colegiado, independendo de que
haja a confirmação da decisão pelo tribunal de justiça do respectivo estado.
d) Errada. O órgão competente para a rejeição das contas do prefeito é o Poder Legislativo
municipal, ou seja, a Câmara Municipal de Coari.
e) Errada. A condenação pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes atrai a inci-
dência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa a partir do momento em que for profe-
rida/confirmada por órgão colegiado ou transitar em julgado.
***
b) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão pro-
fissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito)
anos, salvo se o ato for suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário.
c) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena, por qualquer crime, desde que doloso.
d) os que tenham contra si representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, desde que
por decisão transitada em julgado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou
político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que
se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes.
Letra b.
São considerados inelegíveis, para qualquer cargo, os que forem excluídos do exercício da
profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de in-
fração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou
suspenso pelo Poder Judiciário.
Desse modo, a alternativa correta é a letra B.
As demais alternativas estão incorretas pelas seguintes razões:
a) Errada. A incidência da inelegibilidade decorrente da rejeição de contas apenas incide se a
rejeição das contas decorrer da prática de ato doloso de improbidade administrativa.
c) Errada. Apenas haverá a incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa em caso
de condenação transitada em julgado ou proferida/confirmada por órgão colegiado por um
dos crimes inscritos no art. 1º, I, e, da Lei Complementar n. 64/1990.
d) Errada. A condenação pela prática de abuso de poder econômico ou político, nos autos de
uma representação julgada pela Justiça Eleitoral, atrai a incidência da inelegibilidade desde o
momento em que houver o trânsito em julgado ou a sua confirmação/proferimento por órgão
colegiado.
***
Letra a.
A condenação pela prática de um dos crimes constantes no art. 1º, I, e, da Lei Complementar
n. 64/1990, atrai a incidência da inelegibilidade decorrente da vida pregressa ainda que a pena
privativa de liberdade seja substituída por penas restritivas de direito.
As demais alternativas estão corretas pelas seguintes razões:
b) Certa. Contém o teor da Súmula n. 59 do TSE.
c) Certa. Trata da redação da Súmula n. 60 do TSE.
d) Certa. Essa alternativa contém o entendimento da Súmula n. 61 do TSE.
e) Certa. Conforme o entendimento do TSE:
***
a pena, sendo mantidos os efeitos secundários” (Ac. de 4.11.2014 no RMS n. 15090, rel.
Min. Luciana Lóssio).
Letra c.
Nos termos do art. 1º, § 4º, da Lei Complementar n. 64/1990, não haverá a incidência da ine-
legibilidade decorrente da vida pregressa quando o crime for considerado culposo, de menor
potencial ofensivo ou sujeito à ação penal privada.
No caso, a alternativa C, apesar de conter um tipo de crime apto a atrair a incidência da inele-
gibilidade decorrente da vida pregressa (crime contra a saúde pública), contém um crime de
menor potencial ofensivo motivo pelo qual não há a incidência da causa impeditiva do direito
à elegibilidade.
Logo, essa é a alternativa a ser assinalada, pois está incorreta.
As demais alternativas contêm a descrição de crimes aptos a atraírem a incidência dessa
inelegibilidade.
***
Certo.
Conforme o art. 1º, I, m, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer cargo,
os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profis-
sional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos,
salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário.
Errado.
Os órgãos de primeiro grau de jurisdição são monocráticos (salvo o tribunal do júri), motivo
pelo qual, ainda que emitam decisões condenatórias pela prática de um dos crimes inscritos
no art. 1º, I, e, da Lei Complementar n. 64/1990, não haverá a incidência da inelegibilidade
decorrente da vida pregressa, salvo quando transitarem em julgado.
***
b) não poderá ser eleito Governador em 2018, pois é inelegível desde a condenação até o
transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, apenas na hipótese de ter a
decisão condenatória transitado em julgado.
c) poderá ser eleito Governador em 2018, pois a sua inelegibilidade recai apenas sobre o perío-
do do cumprimento da pena, na hipótese de ter a decisão condenatória transitado em julgado.
d) poderá ser eleito Governador em 2018, pois é inelegível apenas para o cargo ao qual con-
correu em 2012, ou seja, para Prefeito, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito
anos após o cumprimento da pena, desde que a condenação tenha transitado em julgado ou
sido proferida por órgão judicial colegiado.
e) não poderá ser eleito Governador em 2018, pois é inelegível desde a condenação até o
transcurso do prazo de oito anos após a condenação, desde que a decisão condenatória tenha
transitado em julgado ou sido proferida por órgão judicial colegiado.
Letra a.
A inelegibilidade decorrente da vida pregressa incide em caso de condenação pela prática de
crimes eleitorais quando a lei cominar a pena privativa de liberdade, desde o momento em que
for proferida/confirmada por órgão colegiado ou transitar em julgado.
***
Letra c.
Em caso de condenação transitada em julgado por crime ambiental, haverá a incidência da
inelegibilidade decorrente da vida pregressa, inscrita no art. 1º, I, e, da Lei Complementar n.
64/1990, pelo prazo de oito anos, a contar da data do cumprimento da pena.
Letra e.
Em caso de condenação pela prática de abuso de poder econômico ou político pela Justiça
Eleitoral, nos autos de representação, a partir em que proferida por órgão colegiado, atrai a in-
cidência da inelegibilidade da alínea d do inciso I do artigo 1º da Lei Complementar n. 64/1990
***
na eleição para a qual o candidato concorreu, bem como para aquelas que se realizarem nos
oito anos seguintes.
Letra e.
São considerados inelegíveis, para qualquer cargo, os que forem excluídos do exercício da
profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de in-
fração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou
suspenso pelo Poder Judiciário.
Assim, Antônio, excluído do exercício da profissão advocatícia pela OAB, será considerado
inelegível, nos termos do art. 1º, I, o, da Lei Complementar n. 64/1990, motivo pelo qual a al-
ternativa correta é a letra E.
***
Letra d.
Nos termos do art. 1º, I, q, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer
riamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham
***
mentar n. 64/1990, com as alterações introduzidas pela Lei Complementar n. 135/2010 (Lei
a) for condenado, com decisão proferida por órgão judicial colegiado, pelo crime de peculato
na modalidade culposa.
b) for condenado à suspensão dos direitos políticos, com decisão por órgão judicial colegiado,
pela prática de improbidade administrativa dolosa, mesmo que não haja enriquecimento ilícito
ou lesão ao erário.
c) tiver suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas, com deci-
são proferida por órgão colegiado de Tribunal de Contas, por irregularidade sanável que confi-
gure ato culposo de improbidade administrativa.
d) for condenado, com decisão proferida por órgão judicial colegiado, em razão de ter desfeito
ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inele-
gibilidade.
e) for condenado, com decisão proferida por órgão judicial colegiado, em razão da prática de
Letra d.
De acordo com o art. 1º, I, ‘n’, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer
cargo, os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de
união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a
decisão que reconhecer a fraude.
Assim, a alternativa correta é a letra D.
As demãos alternativas estão incorretas pelas seguintes razões:
***
a) Errada. A condenação pela prática de crimes culposos, ainda que integrantes do rol previs-
to no art. 1º, I, ‘e’, da Lei Complementar n. 64/1990, não atrai a incidência da inelegibilidade
decorrente da vida pregressa.
b) Errada. A condenação pela prática de ato doloso de improbidade administrativa apenas atrai
a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, l, da Lei Complementar n. 64/1990, se o ato
gerar lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.
c) Errada. Somente gera a inelegibilidade se a rejeição de contas for pela existência de irregu-
laridade insanável por ato doloso de improbidade administrativa.
e) Errada. A inelegibilidade decorrente da vida pregressa em caso de condenação pela prática
de crime eleitoral para os quais a lei preveja a pena privativa de liberdade.
Errado.
A inelegibilidade decorrente da rejeição de contas, prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complemen-
tar n. 64/1990, incide pelo prazo de oito anos, a contar da data da decisão, motivo pelo qual a
assertiva está incorreta.
***
aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo nem aos
crimes de ação penal privada.
Certo.
Nos termos do 1º, § 3º, da Lei Complementar n. 64/1990, a inelegibilidade prevista na alínea
e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como
de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada.
***
d) São inelegíveis os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo ad-
ministrativo ou judicial, pelo prazo de 6 (seis) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver
sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário.
Letra a.
Nos termos do art. 1º, I, b, da Lei Complementar n. 64/1990, o prazo de incidência da inelegi-
bilidade dos membros da das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde
o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por
infringência a Lei Orgânica do Município, será pelo período remanescente do mandato, bem
como para as eleições que se realizarem nos oito anos seguintes.
Desse modo, a assertiva correta é a letra A.
As demais assertivas estão incorretas pelas seguintes razões:
b) Errada. O prazo de incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, h, da Lei Complementar
n. 64/1990, será para a eleição para a qual o ilícito foi praticado, assim como naquelas que se
realizarem nos oito anos seguintes.
c) Errada. O prazo de incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, b, da Lei Complementar
n. 64/1990, será pelo período correspondente ao fim do mandato, bem como para as que se
realizarem nos oito anos seguintes.
d) Errada. A inelegibilidade prevista no art. 1º, I, o, da Lei Complementar n. 64/1990, incide
pelo prazo de oito anos, a contar da data da decisão de demissão do cargo.
Errado.
A exclusão do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional com-
petente, em decorrência de infração ético-profissional, atrai a incidência inelegibilidade inde-
pendentemente de pronunciamento judicial.
***
Certo.
A inelegibilidade decorrente da vida pregressa incidirá em caso de decisão transitada em
julgado ou proferida/confirmada por órgão colegiado em razão da prática do crime contra o
meio ambiente ou contra a saúde pública.
Errado.
Nos termos do art. 1º, I, h, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer
cargo, os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou
estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos
12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administra-
ção ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade.
***
de 12 (doze) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo
Poder Judiciário.
Certo.
A inelegibilidade prevista no art. 1º, I, o da Lei Complementar n. 64/1990, incide pelo prazo de
oito anos, a contar da data da decisão sancionatória.
Errado.
A condenação transitada em julgado ou proferida por órgão colegiada em razão da prática de
crimes contra a dignidade sexual incide pelo prazo de oito anos após o cumprimento da pena.
Letra b.
Conforme o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral:
***
Errado.
Nos termos do art. 1º, I, b, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis para qualquer
cargo os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legis-
lativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringên-
cia do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equiva-
lentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios
e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do
mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura.
***
Errado.
São inelegíveis, para qualquer cargo, os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou
extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo
ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de
qualquer responsabilidade.
Desse modo, em razão da caracterização da inelegibilidade, essa assertiva está incorreta.
***
Letra b.
Nos termos do art. 1º, I, o, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer car-
go, os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou
judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso
ou anulado pelo Poder Judiciário.
Dessa forma, a alternativa correta é a letra B.
As demais alternativas estão incorretas pelas seguintes razões:
a) Errada. A declaração de indignidade do oficialato acarreta a incidência da inelegibilidade
pelo prazo de oito anos, a contar da data da decisão.
c) Errada. A condenação pela prática de crime contra a administração pública não proferida
pelo juiz singular, mas ainda não transitada em julgado, não atrai a incidência da inelegibilidade
decorrente da vida pregressa.
d) Errada. O prazo de incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, o, da Lei Complementar
n. 64/1990, é de oito anos, a contar da data da decisão.
e) Errada. A condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que importa dano
ao erário e enriquecimento ilícito gera inelegibilidade desde o momento em que a decisão for
proferida/confirmada por órgão colegiado até oito anos após o cumprimento da pena de sus-
pensão dos direitos políticos.
***
Letra b.
A inelegibilidade decorrente do abuso de poder econômico ou político incide na eleição para
a qual o ilícito foi praticado (data do primeiro turno), assim como naquelas que se realizarem
até o dia igual número do oito ano seguinte.
***
Letra b.
A inelegibilidade decorrente da condenação pela prática de corrupção eleitoral, por captação
ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por
conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do
registro ou do diploma incide pelo prazo de oito anos, a contar da data da eleição para a qual
o ilícito foi praticado.
Certo.
Nos termos do art. 1º, I, q, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis, para qualquer
cargo, os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulso-
riamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham
pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo dis-
ciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos.
Assim, por corresponder à literalidade da disposição legal, essa assertiva está correta.
***
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BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral: teoria, jurisprudência e mais de 1000 questões
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VELLOSO, Carlos Mário da Silva. AGRA, Walber de Moura. Elementos de Direito Eleitoral. São
Paulo: Saraiva, 2009.
***
Weslei Machado
Weslei Machado é Promotor de Justiça Substituto no Ministério Público do Estado do Amazonas e
Promotor Eleitoral da 38ª Zona Eleitoral do Estado do Amazonas, Especialista em Direito Constitucional
– IDP, foi Analista Judiciário – Área Judiciária do TSE (2007/2017); foi Assessor de Desembargador no
TJDFT (2016/2017; professor de diversos cursos preparatórios para concursos em Brasília; professor e foi
Assessor do curso de Direito da Universidade Católica de Brasília.
Marcos Carvalhedo
Marcos Carvalhedo é Analista Judiciário do Tribunal Superior Eleitoral. Especialista em Direto Processual
Civil (LFG). Atualmente exerce a função de assessor de Ministro do TSE. Foi assessor da Presidência do
Tribunal (2015-2016); Coordenador de Autuação e Distribuição por duas vezes (2008-2009) (2017-2018);
Tutor do curso de formação de Juízes Eleitorais da ENFAM (2018).
***