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Copyright© 2011 Julia Mesquior Copyright da edigio brasileira © 2019 E Realizagdes Edivora eprvoR | Edson Manoel de Oliveira Filho Jodo Cezar de Castro Roc E Realzagies Editora jeraRAGKO DE TEXTO | Marta Almeida de Si evisto | Otaciio Palareti AGRAMAGKO I Nine Design / Mauricio Nisi Gongalves Liberal eS) ae — I = = a) Posescios ne Jodo Cezar de Castro Roc! Cliudio R Kai Felipe Se | JENTO LIBERAL! Alerma, faz-se mister a conjungio de constitucionalis. fe democratizagao da cidadania. Tor trés dessa universalizagio da cidadania, repon- 4 Maelo Marques Mo na tardia vit6ria de Arist6teles sobre Platio, Entre + cloisfl6sofos lavrow um dos dilemas politicos mais ios da Antigaidade: a alternativa entre 0 governo da © vere do angumento liberal é a velha ligio doria ou o governo da lei. Para Platdo, os homens Montesquieu: nio basta decidir sobre a base social jum set governados pelos sabios; a repablica ideal é 0 Poder ~ € igualmente importante determinar a for i dos filsoos. Para Aristteles, essa nobre aspiragio de governo e garantit que 0 poder, mesmo legitimo, usa num erro, 0 erro de julgar que adiferenca de qua- sua origem social, nfo se torne ilegitimo pelo event ile entre os homens possua uma extensZo e constincia arbitrio do seu uso. Na raiz da posigio liberal se jives de jstfiar a entrega permanente do poder aos contra sempre uma dose inata de desconfianca ante ores dentre eles. A sabedoria, ao ver do Estagirita, Poder ¢ sua inerente propensio a violéncia. Por iso, um atributo dstribuido de forma to nitida ou tio Primeiro principio liberal 6 0 constitucionalismo, isto a nas coleividades humanass e porque nio 0 6 no © reconhecimento da constante necessidade de limit vel preferir 0 governo dos sibios, da cata filoséfica, © fendmeno do poder. © mundo liberal é uma ord pério da lei, que jf prefigura a moderna preocupagio ‘monocritica ~ uma sociedade colocada sob o impé ll com a necessidade de imitar 0 poder. Assim Arist da lei, onde todo poder possa ser experimentado co sem ser democrata, a0 refutaro elitism filos6fico de awtoridade ¢ no como violencia, Kio, elincou um dos prineipais postalados liberais de Mas 0 constitucionalismo, condigio necessaria d jragio, em iltima analise, democratica cordem liberal, ndo chega a ser sua condigho sufi Porém Aristteles, tanto quanto Platdo, ainda esta- fe. Uma oligarquia liberal nao é hoje, um principio hem Longe da moral basilar do liberalismo: o indivi- legitimidade, embora o tenha sido em tempos como ism moderno, produto da complexa interagio de Inglaterra whig ou o Brasil da Primeira Repitblica, 5508 hist6ricos posteriores ao mundo clissico, a ue, em nossos dias, nZo ha legitimidade fora do id 1, naturalmente, pelo eristianismo e pelo capi ddemocritico, o que supde a universalidade da cidadani JF 0 individualismo moderno pode ser concebido os direitos politicos, e nio apenas ~ como na repiili 4 admissio, no nivel érico-politico, do eclipse, ou de tipo whig-a dos direitos civis. Nao és6 4 pura Jo, daqucle summum borwm em que a moral clis- do individuo que se consageas € também o seu diteito {@-clissico-crista) via 0 objero ea meta do bem vives iio politica (para nao falar de certos din ‘O substrato ético da ordem liberal moderna seria a sociais). Até nos socialismos de estado, © ideal dems fo do bem comum ~ a tendéncia a0 empirismo cratico nunca é negado, é meramente mediatizado pel sal, cua encarnagio mais caracteristica viria a ser Preocupacio ~ errdnea e fatal - de superar as “libe smo. des burguesas”, supostamente falsas, por meio de owirina liberal conhecen pelo menos trés fases nivelamento democritico dirigido pelo partidovest is: Locke © Montesquieu sio, por assim dizer, Por conseguinte, para a vigéncia de uma orden fi que fundadores, porque sua teorizagte Revolugio Industrial ¢ da Revo profindamente marcada por ambas. O que Locke e M Weal learam ao pensamemt liberal fi precisa Aaquele postulado: 0 imperativo da limitagao do poder he o aria do angulo da legtimidade, que dee et ppassou a repousar no consentimento individual (majori rule, minority hts) e Monten Montesquieu perseuiu © mea avo por meio da andise da mecinica dos poder © primeiro ato da épera liberal, apés essa imprescing vel ouverture, € 0 que we estende de Benjamin Cone (1767-1830) a Hebert Spence (1820-1905) ou PE Coan a Spence Nore pleoliberi eu maior mérito foi ter acrescentad A tora da tasfo do poder um concsto decivament ampliado liberdade. A liberdade classica, de participagio publi no pve, somavaseo leno recone d ibe de moderna, ou ive exeretioprivado de agree fea conforme a inclnago de cada um Em sue defo liberdade politica, baseada na autonoma do tnd cumpria adr a proegio da liberal cl na liceidade de suas agées. A insergio net an nt no se segue que ele posta se tender a tudo. Logo, € preciso limitato poder A Spon aber (num gra inferior de sofisticacto teres) fens ‘er a evolugao politica como o eiunta progrescve ipo, He va asta da Europ aang com vitria da limitagdo do poder na ester telgiea (i de de conn) eu soginda ana on ee mia (laissez-faire). ‘ Em compensa, es tip de liberalsmo se mos fia singolarmentecego ante a dimensio do cao, Ni Constant nem Spencersouberam er que vu Teequel ve o crescimento da liberdade civil fo acompanhad 2a relidade pressupés, de uma tremena expanat repulamentagzo da sociodade pela ist & pole como foc emis de dito 0 rouse siedade civil nio ocorreu conta o ext sim ub «wide, De modo queyaf pola volta do seco sins hepa yes \lo, refr3o da politica spenceriana, jé era sobretu- surcaismo sociolégico. O evolucionismo acertara (0 20 pintar 0 progresso como superagio do mi- (0 pelo industrialismo (do que Constant chama- into de conquista” pelo “espirito de comércio”), hem mesmo a persisténcia do fendmeno bélico fra franco-prussiana, nos conflitos balednicos e, ie, na “grande guerra dos homens brancos”, a fe de 1914-1918) desmentia, no ambito europeu, scéncia do imperialismo de cunho classico e dos tmarciais na culeura. Mas o erro do paleoliberalis- Wva em confundir essa tendéncia com um ilusério, ynto do estado. antes que a ideologia paleoliberal declinasse, Hse da histéria do liberalism comegou: a fase iberal. O centro da nova perspectiva seria a distin- fe liberdade social liberdade associal, devida a0 Leonard Trelawny Hobhouse, primeiro professor jologia na universidade Fabiana, a London School ypomics. A liberdade social, baseada na autodis @ algo a ser desfrutado por todos os membros da ules consiste “na liberdade de escolherlinhas de jue no envolvam dano a outrem”. Ha exatamente 10s, 0 filésofo neoidealista oxoniano Thomas Hill fedefiniu a liberdade como algo valioso apenas na fem que seja meio para um fim ~ 0 bem comum. festauragio da ideia de bem comum tinha en- hitidamente antiuiltarista. E seu sabor poten- ‘nti-individualista nao deixava de brigar com Jo dagueles que, como Constant ou, sobretudo, lart Mill, se haviam preocupado com padres de Jia moral ¢ intelectual, sem, no entanto, abando- idualista (tanto Constant quanto Mill fica humanista de Wilhelm von Noi desvio decisive em relagio A pritica pol dos dogmas antiestatis- coergio: W linico obstéculo a liberdade ~ barrel © sociais também 0 so, 0 que torna ke Ft remové-las, 0 recurso & ago do estado, odo, Mill preludiara esse social-liberalismo. Aceitar a legitimidade da intervencio previdencidria estado (que, aliés, nunca fora recusada por classi ‘como Adam Smith ou Bentham); mas Mill perman contrario a administragio permanente do bem-estar: letivo pelo estado, ¢ fel a concepcio minimalista ‘lkimo. Os sociais-liberais do fim do século, como Gr € Hobhouse, ou os economistas alemies da Verein Sozialpolitik, como o influente Gustav Schmoller, iam bem mais perto de um “liberalismo de estado”. beralismo de estado que, no caso desses sociais-i ingleses, prefigura o animo igualitario do credo “lib no sentido americano dos nossos dias. ‘A rigor, a época social-liberal pode ser colocada Mill e 0s liberals rooseveltianos ~ ou melhor, entre «© Keynes, jd que este foi seu grande economista, 0 nosticador e terapeuta das insuficiéncias do laissez De resto, a meia distancia entre Mill e Keynes, 0 p ‘mento socialliberal se veria reforcado pela emer «de uma importante dissociagdo: o divércio de liberal € ofimismo, De Constant a Spences,o liberalismo vi enchareado de otimismo hist6rico, persuadido de qh

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