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Infidelidade Conjugal – Classe Social e Género

Filomena Santos

Resumo: Este artigo apresenta os principais resultados de uma investigação que teve como
objectivo a análise das representações de homens e mulheres sobre a infidelidade conjugal e a relação do
casal em diferentes grupos sociais. Analisam-se os resultados de dois estudos: o primeiro, baseado na
associação livre de palavras, utilizou, na análise das representações, uma perspectiva teórica que relaciona
modelos ou tipos de conjugalidade com classes sociais e género; o segundo, que teve como suporte
empírico 24 casos ou histórias narradas, coloca o enfoque na assimetria dos juízos avaliativos e processos
de atribuição de causas aos comportamentos de infidelidade, perspectivados em função das
representações, amplamente consensuais, que os homens e as mulheres têm do masculino e do feminino, e
da sua adequação à própria identidade sexual e social, em termos de classe, dos indivíduos. A análise das
diferenças entre os sexos, é orientada segundo a hipótese da dominância simbólica do género masculino.
Conclui-se pela necessidade de articulação dos conceitos de género e classe social, isto é, para a
necessidade de considerar o efeito acumulado das representações associadas a diferentes contextos de
pertença.

1. INTRODUÇÃO

O tema da infidelidade conjugal não foi ainda, no nosso país, objecto de um

estudo sistemático ou específico de carácter científico. No entanto, pensa-se que ele

poderá constituir um forte indicador das transformações nos valores, atitudes e padrões

de comportamento face ao casamento e face aos papeis sexuais e, a um nível mais geral,

face às próprias práticas e representações sobre a família.

Apresentam-se neste texto, alguns resultados de uma investigação que teve como

objectivo principal a análise dos efeitos de diferentes identidades associadas à classe

social e ao género, na configuração das representações sobre a infidelidade conjugal e a

relação do casal.
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Em termos teórico-metodológicos, a pesquisa abrangeu dois estudos.

O primeiro, baseado na associação livre de palavras, utilizou, na análise das

representações, uma perspectiva teórica que relaciona modelos ou tipos de

conjugalidade com classes sociais e género ( Kellerhals,1982; Torres, 1990 ). Trabalhos

realizados no âmbito da sociologia da família, mostraram que, de uma maneira geral, o

predomínio da orientação expressiva, a emergência de novos modelos sexuais e

familiares (indiferenciação de papéis, autonomia dos cônjuges... ), se encontram

associados às estratégias específicas das classes médias, em particular dos casais

dotados de capitais escolares importantes, enquanto que as funções instrumentais da

família, o maior apego a valores como a fidelidade do casal e a valorização dos seus

aspectos institucionais, vistos como fonte de status e de identidade social, se encontram

sobretudo entre os grupos mais desfavorecidos ( e também do topo ) da hierarquia social

( Roussel, 1989 ; Kellerhals, 1982 e 1987 ).

O segundo estudo, por entrevista, teve como objectivo a análise da dimensão

avaliativa ou moral dos juízos sobre a infidelidade, bem como a atribuição de causas ao

comportamento dos outros masculinos e femininos e as justificações apresentadas pelos

sujeitos para o seu próprio comportamento.

A análise das diferenças entre os sexos, quer no primeiro, quer no segundo

estudo, foi orientada segundo a hipótese da dominância simbólica do género masculino

(Amâncio, 1994). Nesta perspectiva, a abordagem das identidades de género é colocada

em termos de uma assimetria nos recursos simbólicos que os homens e as mulheres têm

ao seu dispor para construir a sua individualidade. Enquanto que a representação do

masculino se confunde com o modelo dominante de pessoa, apresentando uma

diversidade de competências e orientações, a pessoa feminina situa-se nos estreitos

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limites da «feminilidade», definida em função da reprodução biológica e das relações

afectivas. Considerou-se ainda para efeitos deste estudo, que diferentes identidades

baseadas no género se manifestam quer através dos comportamentos que os homens e as

mulheres julgam adequados ao seu sexo, quer através das imagens que transmitem de si

próprios nas interacções sociais, os quais contribuem, por sua vez, para actualizar as

representações sociais amplamente partilhadas e difundidas sobre o masculino e o

feminino.

2. Representações sobre a Relação do Casal e a Infidelidade

Estudo 1 : A associação livre de palavras

População e Método

Participaram no estudo 200 indivíduos de ambos os sexos, de idades

compreendidas entre os 20 e os 55 anos, pertencentes ao Operariado, à Pequena

Burguesia Assalariada Sem Licenciatura (composta na sua maioria por elementos da

P.Burguesia de Execução), e à Pequena Burguesia Intelectual e Cientifica ( grupo dos

licenciados ) - todos residentes na cidade da Covilhã. A população estudada é mais

representativa de indivíduos casados e com idade inferior a 40 anos.

A classificação dos indivíduos em classes sociais ou fracções de classe, baseou-

se fundamentalmente nos indicadores profissão, situação na profissão e nível de

escolaridade.

Foi usado um protocolo que para além dos elementos de caracterização dos

indivíduos continha duas perguntas ou estímulos : « Quando pensa em ( relação do casal

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/ infidelidade conjugal ) o que é que lhe vem à ideia ? ». Pedia-se às pessoas para

responderem por meio de palavras, no máximo 10 para cada estímulo.

Os resultados que apresentamos a seguir foram obtidos a partir de um conjunto

de análises factoriais de correspondência (AFC) aplicadas, separadamente, às variáveis

grupo social, sexo, e grupo social x sexo, utilizando o programa informático SPAD

(Texto) para o tratamento dos dados. A representação gráfica dos campos semânticos

definidos pelos eixos factoriais relativamente ao cruzamento das variáveis grupo social

e sexo, que sintetiza os resultados obtidos para cada um dos estímulos, encontra-se no

final do texto (ver Figura 1 e 2 ).

Resultados

A análise incidindo sobre a variável grupo social mostrou que a concepção de

conjugalidade do grupo dos licenciados se opõe à concepção de conjugalidade dos

operários, já que a primeira é centrada no indivíduo e na relação através da importância

dada aos aspectos expressivos ( amizade, companheirismo, compreensão, partilha,

harmonia e amor ), e a segunda salienta as dimensões pragmáticas ligadas à

sobrevivência e à reprodução dos indivíduos ( casa, casamento, dinheiro e trabalho ) e,

ainda, a dimensão familialista através da importância dada aos filhos.

Os operários distanciam-se significativamente dos outros grupos por serem

aqueles que dão mais importância aos aspectos institucionais (casamento) da união

conjugal. Nota-se, de facto, neste grupo, um investimento intenso na família, como

forma privilegiada de procura de felicidade (felicidade), e os filhos representam ainda,

neste contexto específico, uma componente fundamental desse investimento, à volta dos

quais se mobilizam os recursos e as estratégias. O « nós-família » parece ainda sobrepôr-

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se ao « nós-casal » na construção da identidade dos indivíduos operários, afastando-os

assim dos modelos de conjugalidade idealizados pelos outros grupos, onde a orientação

conjugalista, ou mesmo individualista, no caso dos licenciados, tende a ser a orientação

dominante.

As representações sobre o casal no grupo dos operários, o mais desfavorecido

em recursos e capitais, estão indubitavelmente associadas a estratégias de reprodução e

conservação; na P.B. Assalariada, a preocupação com a dimensão estabilidade da união

conjugal é orientada não apenas numa perspectiva de sobrevivência dos indivíduos mas

como suporte para a realização, no plano simbólico e material, das aspirações de

mobilidade social, muito embora ela possa representar também uma forma deste grupo

se proteger de possíveis trajectórias descendentes.

A P.B.Assalariada tende a aproximar-se dos operários relativamente a uma

visão fusional e erotizada da relação do casal ( carinho, sexo, fidelidade, união ), e

partilha ainda com este grupo, embora em menor grau, as dimensões instrumentais do

funcionamento conjugal. Neste grupo intermédio, a relação do casal é orientada por uma

forte normatividade social que inclui a dimensão fidelidade; a P.B. Assalariada defende

a fidelidade mas opõe-se à partilha e ao companheirismo, dimensões características da

P.B.Intelectual que remetem para uma maior igualdade de estatutos e indiferenciação de

papeis entre os membros do casal.

Os resultados mostram também duas concepções de amor : o amor-paixão ou

amor-romântico que tende a ser adoptado pelos dois grupos com mais baixos recursos,

e, do lado oposto, o amor-companheirismo do grupo dos licenciados, para quem outras

alternativas se colocam em termos de realização pessoal e profissional que concorrem

com o investimento feito na família e no casal.

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A inclusão da variável sexo na AFC mostrou uma clara oposição entre as

concepções de conjugalidade dos homens e das mulheres. A análise orientada segundo a

problemática do género, mostra-se, pois, particularmente adequada à interpretação

dessas diferenças, que se traduzem na saliência dada, por parte dos homens, aos

aspectos instrumentais ( casa, dinheiro ) e aos valores e normas que orientam a relação

do casal (estabilidade, fidelidade, respeito, sexo, família ), e na valorização, por parte

das mulheres, dos aspectos afectivos, emocionais e da relação com o outro (amor,

companheirismo, diálogo, partilha ) .

Esta diferenciação tem subjacente uma assimetria nos significados das

representações do masculino e do feminino e dos papéis sexuais no seio da família. A

persistência das representações sobre a divisão de funções na equipe conjugal,

partilhadas por ambos os sexos, apesar das mudanças societais verificadas,

nomeadamente, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, remete os homens

para o papel instrumental de principais responsáveis pela manutenção económica da

família e as mulheres para o papel de mediadoras relacionais .

O cruzamento da variável grupo social com a variável sexo ( ver figura 1 ), veio

ainda acrescentar, em relação às análises anteriores, que a P.B. Assalariada partilha da

visão normativa que os homens em geral têm.

Relativamente ao estímulo infidelidade, os resultados obtidos para o conjunto da

população mostraram à partida diferentes maneiras possíveis de pensar a infidelidade,

em termos de causas e consequências, e em termos da polarização das explicações no

indivíduo, na relação do casal e na família.

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A análise incluindo a pertença dos sujeitos em termos de classe social fez surgir

uma vez mais uma forte oposição entre os Operários e a P.B.Intelectual. O que mais

caracteriza a representação dos operários sobre a infidelidade é a saliência dada à

dramatização do problema e às consequências negativas para a família, enquanto que o

que distingue os licenciados dos outros grupos é a saliência dada à dimensão hedonista.

A P.B.Intelectual pensa a infidelidade em termos de sentimentos e

comportamentos negativos dos indivíduos na relação ( insatisfação, insegurança,

infelicidade, mentiras e traição ) mas também do ponto de vista da realização pessoal e

da procura de prazer ( aventura, sexo ). Esta representação opõe-se à concepção

dos operários que avaliam a infidelidade de um ponto de vista exclusivamente negativo,

em termos de sentimentos e comportamentos disfuncionais para a família,

nomeadamente porque levam à ruptura do casal e à rejeição da responsabilidade perante

os filhos ( desamor, ciúme, discussões, ódio, divórcio, filhos ).

A P.B.Assalariada tem uma representação sobre a infidelidade ambígua ou de

contornos menos definidos, já que se aproxima dos licenciados, ainda que não

totalmente, quanto à dimensão hedonista centrada no indivíduo ( aventura ), e partilha

com os operários, embora de forma menos intensa, a dramatização e a atitude

aparentemente menos tolerante face à infidelidade (ódio, divórcio). Contudo, afasta-se

dos operários na medida em que neles as consequências da infidelidade para a família

constituem a preocupação dominante, e assemelha-se à P.B.Intelectual quanto à

centração do problema na relação do casal ( incompreensão e mentiras) que traduz em

ambos os casos uma orientação conjugalista.

A análise dos efeitos do género na definição das dimensões das representações

extraconjugais mostra também aqui uma diferenciação nítida entre homens e mulheres.

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O universo simbólico masculino caracteriza-se pela saliência dada, por um lado, às

consequências da infidelidade para a família ( filhos, problemas ) e, por outro, à

dimensão erótica das relações extraconjugais ( aventura, sexo ), enquanto que o universo

simbólico feminino salienta as consequências afectivas e emocionais da infidelidade

avaliada em termos de sentimentos negativos ( desamor, ciúme, ódio, incompreensão,

infelicidade ).

***

Os universos semânticos relativos à infidelidade e à relação do casal apontam

para a existência de diferentes modelos ou formas de conjugalidade associados a cada

um dos grupos. Numa tentativa de classificação, e recorrendo aos principais eixos

usados na construção de tipologias (orientação, coesão e regulação ) pelos sociólogos da

família (Kellerhals, 1987; Roussel, 1989 ), dir-se-ía que o grupo dos operários apresenta

um modelo de tipo Familialista-Conjugalista, a P.B.Assalariada de tipo Conjugalista, e a

P.B.Intelectual inclina-se para um modelo de tipo Individualista-Conjugalista.

Os Operários e a P.B.Assalariada tendem, de facto, a basear a coesão do casal na

fusão conjugal e o grupo dos licenciados na autonomia dos seus membros. A coesão de

tipo fusional no primeiro e no segundo grupo, surge associada a uma ideia de amor-

romântico em que a fidelidade ou a exclusividade do vínculo afectivo é, ao nível

representacional, o suporte da união conjugal e ao mesmo tempo uma norma ou dever

dos cônjuges. A maior independência e igualdade entre os membros do casal, no caso

dos licenciados, encontra-se associada a uma concepção de amor-companheirismo

menos exigente face à fidelidade, que é neste caso vivida já não como uma norma ou

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dever conjugal mas como a consequência “natural” dos sentimentos e da prioridade

dada ao casal como lugar de expressão dos indivíduos.

Quanto à dimensão regulação, na P.B.Intelectual as interacções que têm lugar no

interior do casal tendem a basear-se numa regulação de tipo relacional ou

comunicacional, por oposição à regulação de tipo normativo ( isto é, à importância da

regulação externa, dos valores e normas sociais no funcionamento do casal ),

característica dos outros dois grupos. Nos operários, a dimensão das normas e dos

valores que orientam a relação do casal, incluindo a dimensão fidelidade, surge menos

saliente, em comparação com a P.B.Assalariada, porque, neste grupo, os indivíduos

estão sobretudo preocupados com as condições sociais de existência e a família tende a

ser ainda a instância dominante e não o casal ou o indivíduo.

Os resultados deste estudo confirmam a nossa hipótese principal relativamente à

variável grupo social. A adesão aos valores e às representações tradicionais ligados à

fidelidade versus infidelidade, é mais forte nos grupos com mais fracos capitais

económicos e simbólicos, para quem a família e a coesão do casal têm um papel

fundamental enquanto fonte de realização e identidade, ou seja, nos grupos que adoptam

formas de conjugalidade de tipo fusional, como é nitidamente o caso dos Operários.

Inversamente, é nos grupos mais favorecidos, em particular nas classes médias dotadas

de capitais culturais importantes, como é o caso da P.B. Intelectual, e que aderem a

modelos e estilos de conjugalidade mais diversos (que se distanciam do modelo fusão),

que vamos encontrar a crença mais acentuada na autonomia do indivíduo face aos

constrangimentos do casal, e o maior relativismo face aos valores e às normas de

fidelidade conjugal.

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A P.B.Assalariada tem uma posição intermédia e ao mesmo tempo ambivalente.

Parece, de facto, existir uma tensão entre a defesa dos valores e normas de conduta

tradicionais associados ao casamento, nomeadamente a fidelidade conjugal, e a defesa

da liberdade dos indivíduos. Esta tensão “resolve-se” mediante a reivindicação da

liberdade sexual para os homens e a condenação moral dos comportamentos de

infidelidade das mulheres, como pudemos verificar a partir do segundo estudo. É, aliás,

em relação aos indivíduos do sexo masculino deste grupo que parece ser maior a

distância entre aquilo que se diz e aquilo que se faz.

Os resultados da associação livre de palavras confirmam também a hipótese

relativa ao género. Verificou-se que a categoria sexual de pertença dos indivíduos é um

importante factor de estruturação das representações, que produz efeitos diferenciadores

nos conteúdos associados à relação e à infidelidade conjugal.

Os estudos que abordaram as representações e as identidades de género

mostraram, com efeito, que o masculino está mais associado à cultura e à internalização

da moral social, ao trabalho e à instrumentalidade, enquanto que a representação do

feminino reune traços mais consistentemente orientados para os outros, seja em termos

relacionais ou expressivos ( Amâncio, 1994 ).

A análise mais atenta das articulações entre a variável sexo e grupo social, veio

revelar que as mulheres contribuem com um menor número de dimensões na definição

da representação conjugal característica do seu grupo social de pertença, à excepção das

mulheres do grupo com maiores recursos e capital escolar. As mulheres licenciadas,

conseguem fazer sobressair as dimensões específicas do universo simbólico feminino,

através da importância dada aos aspectos expressivos e relacionais, por oposição às

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dimensões instrumentais e normativas do grupo dos Operários e da P.B. Assalariada que

estão, pelo contrário, associadas ao universo simbólico masculino.

Devido à assimetria nos recursos simbólicos masculinos e femininos, as

estratégias identitárias das mulheres dos grupos mais desfavorecidos revelam uma

"gestão" cuidadosa dos constrangimentos inerentes, por um lado à sua condição de

classe, e por outro à sua identidade sexual, que se reflecte na escassez de traços

apresentados. Para as mulheres destes grupos, parece existir uma oposição entre as

imagens de si e as imagens do grupo sobre a conjugalidade; nos homens estas duas

imagens partilham do mesmo universo semântico.

Com efeito, os homens operários não entram em contradição com a sua

identidade masculina quando salientam as dimensões instrumentais da relação do casal

derivadas da sua condição de classe, enquanto que as mulheres operárias, se o fizessem,

entrariam em contradição com a sua identidade feminina definida quase exclusivamente

em termos expressivos e relacionais - daí a escassez de traços especificamente

femininos, quer na dimensão instrumental, quer na dimensão expressiva ( trabalho,

diálogo).

Da mesma maneira, os homens da P.B.Assalariada não entram em contradição

com a sua identidade de género quando salientam a moralidade social dominante, que é

também a sua, no que diz respeito ao funcionamento conjugal, ao passo que as mulheres

entrariam em contradição com as representações colectivas, características do seu grupo

acerca da conjugalidade, se opusessem um tipo de regulação do casal baseado numa

ética fundamentalmente relacional - daí que praticamente resumam a sua contribuição à

palavra confiança, por oposição às palavras fidelidade, sexo, estabilidade e família do

universo masculino.

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A análise cruzada dos universos semânticos associados à infidelidade conjugal

por sexo e grupo social, indica uma inversão de posições relativamente aos resultados

associados à relação do casal. Com efeito, nas representações sobre a infidelidade, são

os homens licenciados e as mulheres operárias que fornecem um maior número de

dimensões significativas, através, respectivamente, das palavras aventura, sexo,

insatisfação, e das palavras desamor, ciúme, ódio e discussões. Mas enquanto os

homens licenciados falam deles próprios, as mulheres operárias falam da infidelidade

deles ( homens operários ) .

Especialmente no grupo das operárias, a infidelidade é sempre pensada no

masculino. As ligações fora do casamento para estas mulheres, pertencem à esfera do

indizível, na medida em que no seu grupo de pertença a infidelidade feminina é

severamente criticada e fonte de estigmatização social enquanto que o adultério do

homem é mais frequentemente tolerado.

Nas representações deste grupo, a infidelidade é mais sofrida pelas mulheres do

que vivida por sua própria iniciativa. No entanto, constatamos que, de uma maneira

geral, o sexo feminino representa a infidelidade de forma reactiva e negativa (ciúme,

infelicidade...), enquanto que o sexo masculino a valoriza mais positivamente e de

forma afirmativa (aventura, sexo ).

Estes resultados reflectem simultaneamente a assimetria das representações

sobre o masculino e o feminino e as relações sociais de género. Em todos os contextos

analisados, os homens e as mulheres partilham um universo simbólico onde a

infidelidade está mais associada ao masculino do que ao feminino.

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2. Juízos Avaliativos e Causas da Infidelidade

Estudo 2 : As Entrevistas

População e Método

O estudo anterior mostrou como diferentes identidades sociais e de género

orientam formas específicas de representação do casal e da infidelidade conjugal.

Mantivemos por isso, como variáveis independentes, a classe social e o sexo dos

sujeitos.

Nesta segunda fase da investigação, optou-se pela realização de um estudo por

entrevista, em que o recurso à narração constituiu um dos seus principais componentes.

Foram entrevistados 12 indivíduos de ambos os sexos, das classes assalariadas

anteriormente estudadas e residentes mais uma vez na Covilhã, a quem foi pedido para

contar uma história de infidelidade com um protagonista masculino e uma história com

um protagonista feminino, num total de 24 episódios. No final da entrevista,

interrogaram-se também os sujeitos acerca dos seus próprios motivos ou justificações

face a um possível envolvimento extra-conjugal.

Em termos etários, o grupo dos operários tem uma média de 42 anos, o grupo

intermédio 33 anos e meio e o grupo dos licenciados cerca de 30 anos. Procurou-se

também controlar o efeito da variável situação conjugal, tendo como critério a não

inclusão de solteiros ou de indivíduos sem experiência de conjugalidade.

No que diz respeito ao tratamento das entrevistas, mais precisamente das

histórias, foram seleccionadas várias dimensões de análise que correspondem ao seu

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conteúdo temático e simultaneamente à estrutura da narração normalmente empregue

pelos entrevistados : 1 - O processo de sedução; 2 - A descoberta; 3 - As consequências;

4 - Causas e razões; 5 - O perfil psicológico das personagens; 6 - Público e Privado. O

principal objectivo era captar, através destes indicadores, se os discursos se tornavam

mais críticos e valorativos quando o protagonista da infidelidade era uma mulher.

Resultados

A partir da análise das 24 histórias de infidelidade relatadas, verificámos que em

todos os grupos sociais, e principalmente no meio operário onde o peso das relações de

sociabilidade é maior na regulação das relações privadas, a infidelidade da mulher é

avaliada de forma mais negativa que a infidelidade do homem. O envolvimento

extraconjugal dos actores masculinos é bastante melhor tolerado e vivido na esfera

privada enquanto que o comportamento extraconjugal dos actores femininos se torna

mais facilmente do domínio público e alvo de sanções morais - a mulher ganha “fama” e

o homem não.

As entrevistas mostraram também que os homens e as mulheres de todos os

grupos toleram melhor a infidelidade masculina por razões sexuais do que a infidelidade

feminina pelas mesmas razões. A primeira é encarada como a expressão “natural” da

virilidade masculina e a segunda como uma transgressão dos limites associados à

feminilidade. A infidelidade da mulher parece ser vista neste caso como a expressão de

uma sexualidade não tipicamente feminina, e julgada, por isso, de forma mais negativa,

uma vez que implica uma certa autonomia e iniciativa que ultrapassam as fronteiras

daquilo que se espera ser o comportamento e a sexualidade feminina, destinada, em

princípio, ao espaço privado da família e dos sentimentos. É precisamente porque o

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significado da feminilidade depende de um contexto e de uma função específicos, que

qualquer comportamento “desviante” adquire uma maior visibilidade e suscita juízos

mais negativos no caso das mulheres do que no caso dos homens (Amâncio, 1992 ).

Os resultados deste estudo, à semelhança de outros trabalhos realizados no

âmbito da psicologia social ( Amâncio, 1994 ), vieram, de facto, demonstrar, que os

juízos avaliativos emitidos em relação aos homens e às mulheres são influenciados pelas

expectativas de comportamento criadas a partir das representações dos géneros e, em

particular, dos estereótipos sobre a sexualidade masculina e feminina, que prescrevem

diferentes maneiras de ser e de se comportar para um e outro sexo. Associa-se

normalmente a conquista sexual e a procura de prazer intrínseco aos homens, enquanto

que a sexualidade das mulheres é vista como uma sexualidade de exposição ( espera-se

que as mulheres sejam o mais atractivas possível sem serem sexualmente activas ), e um

meio de exprimir sentimentos e ganhar afeição ( Bilton, 1981 ).

De acordo com as nossas hipóteses, verificou-se existirem duas modalidades de

avaliação no que diz respeito à infidelidade das mulheres. Quando se atribuem razões

emocionais aos comportamentos dos actores femininos, ligando sexualidade a

afectividade e tendo como pano de fundo um contexto conjugal extremamente negativo,

as mulheres são menos criticadas. Quando se atribuem razões exclusivamente sexuais,

fazendo-se nestes casos uma separação entre sexo e emoções que deveriam, pensa-se,

andarem juntos nas mulheres, os juízos tornam-se particularmente mais críticos e

penalizantes para as mulheres. Para os homens é justamente o contrário, a separação

entre sexualidade e afectividade, entre o domínio individual, secreto e privado das

relações extraconjugais e o domínio do casal e da família, surge a marcar os seus

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discursos ao mesmo tempo que justifica a maior tolerância em relação à infidelidade dos

homens em geral que deste modo não atinge nem põe em causa a relação conjugal.

As justificações apresentadas pelos indivíduos para o seu próprio

comportamento, vistas em função do género e da classe social, revelam também uma

certa coerência com as causas atribuídas aos outros.

Verificou-se que de uma maneira geral as mulheres apresentam sobretudo razões

emocionais e relacionadas com o contexto conjugal para explicar o seu próprio

comportamento, e também o comportamento dos outros femininos, e os homens

apresentam principalmente razões sexuais para si próprios, e também em relação ao

comportamento dos outros masculinos, em consonância, aliás, com os resultados de

outras investigações nesta área ( Glass e Wright,1992 ). As mulheres apresentam,

portanto, mais motivos negativos e contextuais para justificar a infidelidade e os homens

apresentam mais razões positivas e individuais.

O discurso da P.B.Assalariada oscila entre a liberdade individual ( para os

homens), asssociada às justificações hedonistas características do grupo com maiores

recursos e capital escolar, e as justificações negativas centradas no contexto conjugal

características dos operários.

No grupo dos licenciados, as razões que incluem a aventura, o erotismo e de uma

maneira geral a procura do prazer e da realização pessoal, que estão sobretudo do lado

masculino, e o contexto conjugal centrado nos problemas da relação do casal e nos

sentimentos, que estão sobretudo do lado feminino, revelam uma orientação de tipo

individualista-conjugalista neste grupo, e mostram também aqui a importância e a

maneira como se articulam diferentes identidades, em termos de género e classe social,

na configuração das representações sobre a infidelidade e o casal.

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3. Considerações Finais

Uma das preocupações com que começámos este trabalho referia-se à questão de

saber como é que os homens e as mulheres gerem ou negoceiam na esfera privada a sua

liberdade individual face aos aspectos institucionais e normativos da relação do casal.

Pensamos que da forma como os indivíduos resolvem ou jogam na sua vertente privada

a dimensão fidelidade e durabilidade das uniões, podem resultar diferentes modelos ou

estilos de conjugalidade.

Embora as práticas assumam neste trabalho um lugar de menos importância

porque analisámos essencialmente discursos, o primeiro e o segundo estudo efectuados

no âmbito desta pesquisa, contribuem de alguma maneira para responder à questão,

ainda que de forma provisória.

A dupla moralidade associada ao modelo tradicional de adultério, e também de

conjugalidade ( em que o divórcio é visto ainda com uma certa reprovação mas existe

bastante tolerância em relação à infidelidade dos homens, ao contrário da infidelidade

feminina que é condenada socialmente), está bastante vincada na P.B. Assalariada que,

diferentemente dos licenciados, encaram o divórcio com menos naturalidade, mas

encontra-se igualmente nos operários. A diferença entre estes últimos dois grupos, é que

a infidelidade para os homens operários não é tão declaradamente defendida como um

comportamento legítimo, dadas as consequências graves que pode ter para a família,

enquanto que no estrato social intermédio ela parece constituir um direito de liberdade

dos indivíduos do sexo masculino.

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Nos licenciados, esse duplo padrão tende a diminuir de intensidade. No entanto,

ambos os sexos continuam a tolerar melhor a liberdade sexual dos homens casados,

desde que não afecte a qualidade da relação conjugal, do que das mulheres casadas,

precisamente porque se pensa que os homens dissociam mais facilmente a sexualidade

da afectividade. As mulheres licenciadas dispõem, no entanto, de maior autonomia do

que as mulheres dos outros grupos para decidir se querem continuar ou não a relação

conjugal face a eventuais infidelidades dos maridos. As mais radicais tendem a defender

o padrão da monogamia sucessiva, que implica fidelidade mútua enquanto durar a

relação e divórcio se houver entorses a esse nível já que os comportamentos de

infidelidade são, neste caso, tomados como sintomas de que algo não vai bem na

relação. Os homens já não pensam tanto desta maneira, porque, à semelhança dos

homens dos outros grupos, separam a aventura extraconjugal da esfera da conjugalidade

e da família. Para os homens, insatisfação conjugal e infidelidade não estão

necessariamente ligadas.

Uma das primeiras interrogações que motivou esta investigação, referia-se

simultaneamente ao problema de saber se a infidelidade enquanto comportamento

potencialmente desviante face aos valores e às normas de conduta tradicionais ligados

ao casamento, conduz à ruptura ou à continuidade da relação conjugal; e se a

manutenção da família e da relação conjugal se desenvolve com base no cumprimento

da norma da exclusividade sexual característica do casamento monogâmico ( e do ideal

de amor-romântico ), ou se vive, pelo contrário, de amores clandestinos ou de

infidelidades suportadas, toleradas ou consentidas / negociadas pelo casal.

Os resultados desta pesquisa indicam que, mesmo no grupo dos licenciados, é

mais provável que a infidelidade feminina conduza à ruptura da relação do casal do que

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a infidelidade masculina. Os homens deste grupo, embora reagindo de forma menos

agressiva mostram-se pouco tolerantes face à infidelidade das suas companheiras

adoptando neste caso o divórcio.

O padrão da infidelidade consensual característica do “casamento aberto”, em

que os comportamentos extra-conjugais são do conhecimento e têm a tolerância de

ambas as partes, está longe de ter a aderência dos indivíduos que foram objecto do

primeiro e do segundo estudo, incluindo os licenciados. Defende-se aqui (

principalmente por parte dos indivíduos do sexo masculino ), o segredo e a privacidade

das relações extraconjugais como pertencendo à esfera estritamente individual, mais do

que uma inversão radical de valores. No entanto, os homens e as mulheres da P.B.

Intelectual encaram a separação por motivos de infidelidade, bem como o facto em si

mesmo, com maior à vontade e de forma menos dramática.

Quanto à P.B. Assalarida, este grupo ocupa uma posição intermédia na escala

social, que se traduziu também, na maior parte das vezes, numa posição intermédia ou

mesmo oscilante face às concepções sobre o casal e a infidelidade características dos

outros dois grupos. Os resultados revelaram que os homens deste grupo, e até certo

ponto também as mulheres, são mais parecidos com a generalidade dos indivíduos do

mesmo sexo, já que recorrem mais às dimensões estereotipadas das representações sobre

o masculino e o feminino.

Os resultados do primeiro estudo indicavam uma maior centralidade da

dimensão normativa, nomeadamente da fidelidade, nas representações masculinas sobre

a relação do casal, o que é consistente com a interpretação baseada no modelo da

assimetria das representações de género. A posição simbólica da masculinidade nas

relações de género, explica que os homens em geral sejam mais normativos no seu

19
discurso e menos no seu comportamento, como aliás, se pode inferir a partir da análise

das entrevistas realizadas no segundo estudo.

Parece-nos que enquanto para as mulheres a ideia de fidelidade está mais

intimamente ligada às representações sobre o amor-romântico, nos homens essa noção

parece inserir-se prioritariamente no sistema de normas que orientam a relação do casal.

Seguindo os nossos resultados, a uma ética normativa da relação a que os indivíduos do

sexo masculino estariam mais inclinados, opor-se-ia uma ética relacional mais

valorizada pelas mulheres. Sendo assim, as mulheres seriam fiéis « mais por amor » e

os homens «mais por princípio ».

Pensamos que a fidelidade versus infidelidade do casal, na medida em que põe

em jogo vários modos de funcionamento conjugal, no plano subjectivo e das práticas

dos actores, constitui uma dimensão central a incluir na definição dos conteúdos

dinâmicos dos modelos.

Os resultados desta pesquisa levantaram ainda um problema interessante do

ponto de vista sociológico, que é o da articulação entre o conceito de género e o

conceito de classe social.

Os resultados levam-nos a concluir que as identidades de classe e género se

articulam de forma diferente consoante o sexo, ou seja, a forma como elas se articulam

na configuração das representações sobre a conjugalidade, é reveladora da assimetria

simbólica entre os sexos. Em todos os contextos analisados, à excepção do grupo dos

licenciados, as mulheres participam relativamente aos homens com um menor número

de dimensões na definição dos conteúdos das representações características da classe

social a que pertencem, porque o universo simbólico feminino é mais reduzido do que o

universo dos significados masculinos.

20
A masculinidade parece estar simbolicamente comprometida com todas as

condições de classe, em especial nos grupos com menores recursos. Quando os

constrangimentos de classe são maiores, como é o caso dos Operários e da

P.B.Assalariada, é, de facto, a visão dos homens ( instrumental, normativa e

institucional ) que tende a prevalecer.

Segundo os estudos sobre a problemática do género, a dominância simbólica do

género masculino traduz-se na extensão dos seus significados para além do grupo

concreto dos homens ( Amâncio, 1993 ). É precisamente porque o significado do

masculino se estende a vários contextos, que os resultados do nosso estudo mostram a

sua maior adaptabilidade e adequação aos constrangimentos impostos pelas fronteiras da

classe social, face à relativa escassez dos significados especificamente femininos.

Tudo se passa, como se a identidade das mulheres, ao contrário da identidade

masculina, tivesse dificuldade em se exprimir e produzir os seus efeitos, em termos da

sua contribuição para a configuração das representações dominantes dos diferentes

grupos acerca da conjugalidade, excepto quando elas possuem recursos e capitais

importantes, como é o caso das mulheres da P.B. Intelectual e Científica. De facto, tal

como demonstraram alguns trabalhos sobre o género, já referenciados, a afirmação da

identidade masculina, ao contrário da identidade feminina, encontra-se menos

dependente, ou é menos influenciada, por outros contextos de pertença.

Os resultados deste estudo parecem sugerir que, para as mulheres, no processo

de construção das representações sobre a conjugalidade, e no caso em que a condição de

classe impõe maiores constrangimentos, é a sua identidade de classe que prevalece em

relação à sua identidade de género; no sexo masculino, a identidade social dos

indivíduos, em termos de classe, confunde-se com a sua identidade de género.

21
A investigação realizada na Suiça pela equipa de sociólogos dirigida por

Kellerhals, concluiu que a distinção entre diferentes tipos de representações conjugais se

devia fundamentalmente aos “capitais” das mulheres ( Kellerhals et al., 1982 ). No que

diz respeito ao nosso estudo, parece poder concluir-se que apenas quando os “capitais”

das mulheres são elevados, eles se tornam realmente importantes na diferenciação das

representações sobre a conjugalidade quando se considera simultaneamente o efeito do

género e da classe social.

A confirmação da hipótese da identidade dominante do género masculino com

base nos resultados obtidos nesta investigação, parece-nos que deverá, apesar de tudo,

ser relativizada.

Se é certo que as representações sobre o casal estão intimamente relacionadas

com os conteúdos simbólicos associados à categoria sexual masculina, no grupo dos

Operários e da P.B.Assalariada, no grupo dos Licenciados, o significado social do

masculino surge, aparentemente, em contradição com uma representação de

conjugalidade que privilegia as dimensões relacionais e emotivas específicas das

mulheres, o que poderá constituir uma fonte de tensão para a construção da identidade

dos indivíduos do sexo masculino deste grupo. São as mulheres da P.B. Intelectual que

contribuem, mais que os homens deste grupo, para a configuração das representações

sobre a relação do casal.

Seria interessante analisar, em futuras investigações, o que acontece ao nível da

articulação entre género e classe social, no processo de construção das representações

sobre a conjugalidade, noutros grupos diferentes dos estudados neste trabalho.

Na P.B. Intelectual, podemos pensar, que a identidade masculina, devido sempre

à extensão dos seus significados, se mostra maleável e capaz de incorporar, com

22
maiores ou menores tensões e conflitos, as dimensões expressivas, características das

mulheres, nos seus modelos de conjugalidade; ou se quisermos, numa perspectiva mais

alargada, as transformações da intimidade analisadas por Giddens, em relação às quais o

autor afirma que são, as mulheres, que desempenharam, e desempenham, o papel de

revolucionárias emocionais da modernidade ( Giddens, 1992 )2 .

Os resultados do primeiro e do segundo estudo confirmam, de uma maneira

geral, a hipótese da dominância simbólica do género masculino já fundamentada em

outros trabalhos ( Amâncio, 1994 ), mas vêm também chamar a atenção para a

necessidade de considerar o efeito acumulado das representações associadas a diferentes

contextos de pertença, como sejam a classe social e o género.

NOTAS

1. Os resultados empíricos analisados neste artigo têm por base uma investigação com o
mesmo título, realizada no âmbito de uma dissertação do mestrado em sociologia, da
família, do ISCTE ( 1993 / 95 ), orientada pela Prof ª. Dra Lígia Amâncio.

2. Giddens refere-se à centralidade emergente da relação pura e as suas conexões


próximas com o projecto reflexivo do self e com o modelo de amor confluente ;
conexão entre a sexualidade de “plástico”, intimidade e a construção reflexiva da auto-
identidade que os homens terão, segundo o autor, mais dificuldade em estabelecer.

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Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, ISCTE.

Filomena Santos. Socióloga, técnica do “Espaço de Informação” da Câmara Municipal


da Covilhã. Qualquer correspondência pode ser enviada para Rua Polónio Febrero
Júnior, nº 9, Cave 02 Dtª, Ramalha, 2800 Almada. Telef. : 01/ 274 1111 ou 075/ 256
99. (morada, telefone e profissão desactualizados)

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