Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
9
outros títulos da coleção cult Os textos aqui reunidos avaliam os estudos e as políticas públicas e A Coleção Cult, é uma iniciativa do
identitárias no Brasil, tendo como marco a revolta ocorrida no famoso Centro de Estudos Multidisciplinares
• Políticas Culturais na Ibero-América
• Estudos da Cultura no Brasil e de Portugal
bar de Nova Iorque, em 28 de junho de 1969, data apontada como
fundadora do movimento LGBT no mundo. A maioria dos textos foi
Stonewall 40 + o que no Brasil? em Cultura da ufba. Ela tem como
objetivo publicizar reflexões na
coleção
c u lt
• Transversalidades da Cultura
• Políticas Culturais no Governo Lula apresentada no evento realizado em 2010, o Stonewall 40 + o que no área de cultura, em uma perpectiva
• Políticas Culturais para as Cidades Brasil?, em Salvador, pelo grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade, Leandro Colling (Org.) multidisciplinar, ampliando o
• Políticas Culturais, Democracia & vinculado ao Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, da intercâmbio entre os estudiosos
Conselhos de Cultura Universidade Federal da Bahia. da cultura e contribuindo para
Para saber mais visite www.cult.ufba.br consolidar esta área de estudos.
Book_Cult10.indb 8 1/8/2011 19:33:36
Stonew a l l 4 0 + o que no B r a s il ?
Stonew a l l 4 0 + o que no B r a s il ?
Leandro Colling
(Organizador)
edufba
s a lva d o r , 2 0 1 1
CDD - 306.760981
EDUFBA
Rua Barão de Jeremoabo, s/n Campus de Ondina
CEP 40.170-115 Salvador-Bahia-Brasil
Telefax: (71) 3283-6160/6164
edufba@ufba.br www.edufba.ufba.br
Berenice Bento*
Introdução
Nomadismo, fragmento, diferença, pluralidade, 1
Agradeço a Leandro Colling, Larissa
esquisitices. Eis algumas das expressões que andam Pelúcio e a Pedro Paulo Gomes Pereira pela
leitura e críticas.
nos textos e bocas de pesquisadores/as brasileiros/
as que se dedicam ao estudo dos conflitos e fissuras *
Professora da Universidade Federal do
nas questões de gêneros e sexualidades. Aqui há um Rio Grande do Norte, coordenadora do
Núcleo de Estudos Interdisciplinares em
saudável incômodo em relação à velha dicotomia Diversidade Sexual, Gêneros e Direitos
“nós” e “eles”. A alteridade está em todos os lugares. Humanos, autora dos livros A (re)
invenção do corpo: sexualidade e gênero
Habita-nos. na experiência transexual e O que é
No mundo da vida, não encontramos a mulher, o transexualidade
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 79
80 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 81
82 b e r e n i c e b e n t o
Também não. O que faço não é absolutamente uma filosofia [...] Como me
definiria? Como um pirotécnico. Fabrico alguma coisa que serve, finalmente,
para um cerco, uma guerra, uma destruição. Não sou a favor, da destruição,
mas sou a favor de que se possa passar, de que posso avançar, de que se posso
fazer caírem os muros. Um pirotécnico é, inicialmente, um geólogo. Ele olha
as camadas do terreno, as dobras, as falhas. O que é fácil cavar? O que vai
resistir? Observa de que maneira as fortalezas estão implantadas. Perscruta
os relevos que podem ser utilizados para esconder-se ou lançar-se de assalto.
Uma vez tudo isto bem delimitado, resta o experimental, o tatear. Enviam-se
informes de reconhecimento, alocam-se vigias, mandam-se fazer relatórios.
Define-se, em seguida, a tática que será empregada. Seria o ardil? O cerco?
Seria a tocaia ou bem o ataque direto? O método, finalmente, nada mais é que
esta estratégia. (POL-DROIT, 2006, p. 70)
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 83
84 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 85
86 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 87
88 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 89
90 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 91
92 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 93
94 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 95
O cara pode fazer o que quiser na cama, mas não precisa achar que virou
mulher por causa disso e imitar a Madonna e a Cher na pista de dança. Não
tem nada mais ridículo que uma gorda peluda e barbuda dando uma de drag
queen...e ainda achar que pode ser chamada de urso! (FRANÇA, 2009)
96 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 97
98 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 99
100 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 101
102 b e r e n i c e b e n t o
Minha mãe era assim patologizada por seu generoso afeto, que era chamado
pelos ‘profissionais da saúde’ de superproteção e excessiva presunção, o que
me geraria um quadro de neuroses que estaria associado a um ódio das
mulheres que seria no fundo uma projeção de um ódio de minha mãe. Minha
mãe seria essencialmente patologizada por um excesso também, por um
excesso de masculinidade, que se expressava em sua relativa independência,
em sua voz, em suas maneiras (ou na ausência delas), e por ser a principal
provedora econômica em minha casa. Não apenas meu gênero era disciplinado,
o seu também era. (CORNEJO, 2010, p. 3)
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 103
104 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 105
106 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 107
Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Nordestino: uma
invenção do falo. Maceió: Catavento, 2003.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua.
Belo Horizonte: UFMG, 2002.
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1990.
BENJAMIN, Harry. El fenómeno transexual. Sevilla:[s.n.], 2001. .
Versión española del Dr. J. Fernández de Aguilar Torres.
BENTO, Berenice. Gênero: uma categoria cultural ou diagnóstica?
In: ARILHA, Margareth et al. Transexualidade, travestilidade e
direito à saúde. São Paulo: CCR, 2010.
______. O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense, 2008.
(Coleção Primeiros Passos).
______. A (re) invenção do corpo: sexualidade e gênero na
experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond/CLAM, 2006.
BRAZ, Camilo Albuquerque de. Men Only: clubes e bares de
sexo para homens em São Paulo (Brasil) e Madrid (Espanha).
CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 14., 2009, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: [S.n.], 2009.
BRAIDOTTI, Rosi. Sujetos nómades. Buenos Aires: Paidós, 2000.
BUTLER, Judith. Cuerpos que importan. Sobre los límites materiales
y discursivos del sexo. Buenos Aires: Paidós, 1999.
CABRAL, Mauro. Relatório do Seminário Transexualidade,
Travestilidade e Direito à Saúde. Arilha, Margareth (et alli). São
Paulo: CCR, 2010.
CARRARA, Sérgio. Só os viris e discretos serão amados? Folha de
São Paulo, 19 jun. 2005.
CORNEJO, Giancarlo. La guerra declarada contra el niño afeminado.
108 b e r e n i c e b e n t o
p o l í t i c a d a d i f e r e n ç a : f e m i n i s m o s e t r a n s e x u a l i d a d e s 109
110 b e r e n i c e b e n t o