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COOPERATIVIDADE 

SISTÊMICA: 
UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO 
DOS COLETORES DE MATERIAL 
 
RECICLADO DA CIDADE DE 
Vol. 2, Nº 1, 2009  FORTALEZA PARA A MOBILIZAÇÃO 
ISSN: 1982‐5447 
www.cgs.ufba.br 
DO CAPITAL SOCIAL EM FAVOR DO 
  DESENVOLVIMENTO LOCAL 
Revista  do  Centro  Interdisciplinar  de  Desenvolvimento  e  Gestão  Social  ‐ 
CIAGS   
Raquel Viana Gondim* 
 
*Graduada em Administração de Empresas (1994), Especialista 
em  Arte‐Educação  (1998)  e  Mestre  em  Administração  (2007) 
pela Universidade Estadual do Ceará ‐ UECE. Professora Titular 
da  Faculdade  Nordeste,  Faculdade  Integrada  do  Ceará, 
Faculdade Católica do Ceará.
E‐mail: gondim.raquel@gmail.com  
 
 
   
Resumo  elaboração  de  projetos,  da  busca  das  fontes  de 
  financiamento e implementação de soluções. 
O  desenvolvimento  local  não  está   
associado exclusivamente ao aspecto econômico.   
Este  é  também  percebido  como  um  processo  Palavras‐chave:  
multidimensional,  envolvendo  a  comunidade   
impregnada de história, relações, instituições e a  Capital  social.  Desenvolvimento  local. 
capacidade  de  conduzir  seu  próprio  destino.  O  Cooperatividade Sistêmica. 
capital  social  está  associado  à  ocorrência  de   
ajuda  mútua  por  razões  sociais,  de  lazer  ou   
econômicas.  Na  articulação  teórica  destes  Abstract:  
tópicos,  este  ensaio  teve  como  objetivo   
apresentar  uma  proposta  de  organização  dos  The  local  development  concepts  is  not 
coletores  de  material  reciclado  da  cidade  de  exclusively  linked  to  economic  aspects.  This  is 
Fortaleza  sob  a  forma  de  cooperatividade  also  perceived  as  a  multidimensional  process, 
sistêmica para a mobilização do capital social em  involving  a  community  full  of  history, 
favor do desenvolvimento local. A pesquisa foi de  interactions,  institutions,  and  able  to  shape  its 
natureza  bibliográfica  e  documental.  Assim,  a  own destiny in a permanent social capital motion 
cooperatividade  sistêmica  pode  ser  considerada  for common goals. The social capital is related to 
como  uma  forma  a  se  pensar  politicamente,  já  mutual  help  due  to  social,  leisure  and  economic 
que  o  desenvolvimento  de  uma  comunidade  factors. At the theoretic articulation among these 
resulta  da  sua  capacidade  contínua  de  issues,  this  essay  has  as  its  main  objective  to 
participação,  mobilização,  aprendizagem  e  present a way for an organization of collectors of 
organização traduzida pela proximidade, da   recycled  material  at  the  city  of  Fortaleza  in  the 
form of a cooperative system for the mobilization 
CADERNOS GESTÃO SOCIAL 

of  capital  seeking  local  development.  This  forma, o desenvolvimento local está associado à 


research was documental and bibliographic. As a  utilização  efetiva  do  potencial  das  pessoas  que 
result,  cooperative  overall  collectors  of  recycled  nele  habitam  associado  à  identidade  social  e 
material  can  be  considered  as  a  political  role  histórica  próprias,  territorialmente  limitadas. 
because  of  the  community  development  is  a  Ainda  pode  ser  considerado  como  grau  de 
consequence  of  continuous  participation,  interação  social  entre  as  pessoas,  grupos  e 
mobilization,  learning  and  organization  achieved  organizações,  através  dos  recursos  locais 
by  proximity,  project  elaboration,  the  search  for  disponíveis,  dos  estabelecimentos  das  normas  e 
financing sources and solution implementation.  regras,  da  confiança  e  da  cooperação.  Neste 
  sentido,  o  desenvolvimento  local  pode  ser 
  consequência  da  capacidade  das  comunidades 
Key‐words:  locais  em  conduzir  o  seu  próprio  destino  na 
  mobilização do capital social para causas comuns. 
Social  capital.  Local  development.  Cooperative    Articulando  esses  conceitos,  esse  ensaio 
overall  propõe  apresentar  uma  forma  de  organização 
  dos coletores de material reciclado da cidade de 
Fortaleza  sob  a  forma  de  cooperatividade 
INTRODUÇÃO  sistêmica  para  colaborar  na  mobilização  do 
capital  social  para  o  desenvolvimento  local.  É 
Das  muitas  ações  realizadas  pelos  importante  ressaltar  que  este  ensaio  é  fruto  de 
habitantes  das  cidades,  o  manejo  dos  resíduos  pesquisa  em  fase  inicial  de  desenvolvimento.  O 
sólidos  tem  demonstrado  um  desafio  particular  trabalho  está  estruturado  em  três  seções, 
às gestões dos municípios. Resíduo sólido “[...] é  cobrindo  os  seguintes  tópicos:  revisão  da 
todo  material  sólido  ou  semisólido  indesejável  e  literatura  de  suporte;  descrição  dos  sujeitos 
que  necessita  ser  removido  por  ter  sido  desse  trabalho,  baseada  em  dados  secundários 
considerado  inútil  por  quem  o  descarta,  em  da  pesquisa  intitulada  ‘Diagnóstico 
qualquer  recipiente  destinado  a  este  ato”  socioeconômico  e  cultural  do(a)  coletor(a)  de 
(MONTEIRO, 2001, p.25). Assim, o lixo produzido  materiais  recicláveis  de  Fortaleza’  realizada  pelo 
em  residências,  indústrias,  hospitais  é  Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e 
considerado resíduo sólido.   Recursos Humanos – IMPARH, no ano de 2006 e, 
A coleta do lixo urbano, seu tratamento e  por fim, as considerações finais do trabalho. 
sua  destinação  final  ficam  a  cargo  da 
administração  dos  municípios  e  de  uma  minoria   
protagonista  que,  ao  exercer  uma  atividade  de  1. O DESENVOLVIMENTO LOCAL: 
subsistência, age no anonimato, como um agente  CAPITAL SOCIAL, COOPERATIVIDADE 
ambiental que presta serviço social à população.  SISTÊMICA E PROTAGONISMO 
Os protagonistas em questão são os coletores de  COMUNITÁRIO 
material reciclado, em particular, os da cidade de   
Fortaleza.   O desenvolvimento, foco desse estudo, é 
Neste  trabalho,  ainda  em  fase  de  decorrente  das  ações  sociais  humanas 
desenvolvimento,  considera‐se  que  um  projeto  organizadas  ocorridas  em  um  espaço  físico 
de  desenvolvimento,  além  da  sua  dimensão  flexível  ou  territorializadas,  quando  a  efetivação 
socioeconômica,  está  atrelado  à  cultura  de  um  econômica  de  uma  atividade  depende  de  uma 
território,  de  um  espaço  concebido  como  um  localização.  Para  Santos  (2005),  o  local  é  o 
“ato de produção da ação social humana”. Dessa  território  apropriado  pelos  atores  sociais  que  o 

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utilizam  como  base,  suporte,  para  interagirem  No  âmbito  da  proposta  do 
numa dinâmica político‐econômica mais ampla.  desenvolvimento  local,  os  participantes  de  uma 
Para  Manfredini  e  Lopes  (2005,  p.2),  o  comunidade  ocupam  posições  relativas  na 
enfoque  do  local  no  âmbito  do  conceito  de  mobilização  de  recursos  e  na  elaboração  de 
desenvolvimento  é  justificado  “pelas  projetos  e  são  responsáveis  por  sua  gestão  e 
diversidades  existentes,  que  estabelecem  desenvolvimento.  A  participação  dos  membros 
condições  diferentes,  e,  por  isso,  precisam  da  comunidade  configura‐se,  portanto,  como 
soluções específicas e adequadas”. Ainda para os  primordial para o desenvolvimento  local e nessa 
autores,  novas  formas  e  instrumentos  são  acepção,  a  idéia  de  capital  social,  como 
necessários  e  devem  ser  pensados  para  expectativa  generalizada  de  cooperação 
possibilitar o relacionamento entre as pessoas da  (BERETTA;  CURINI,  2003),  emerge  como  uma 
localidade, assim como, capacitá‐los à autogestão  importante  dimensão,  influenciando  na 
dos processos de desenvolvimento, em conjunto.   realização  de  projetos  de  desenvolvimento 
Segundo  Milani  (2005),  o  alicerçados  nos  valores  culturais,  na  construção 
desenvolvimento  local  envolve  fatores  sociais,  do contexto relacional e nos recursos naturais da 
culturais  e  políticos  que  não  são  exclusivamente  comunidade.  Diante  disso,  reconhece‐se  que 
regulados pelo sistema de mercado. Dessa forma,  cada  localidade  tem  sua  própria  necessidade  e 
a  acepção  de  desenvolvimento  local  está  demanda.  Os  indivíduos  que  nela  atuam 
relacionada a formas de ação com competências  elaboram  respostas  particulares  e  diferentes  em 
de reconhecer a complexidade que se apresenta  termos  de  políticas  públicas  e  projetos  de 
em situações novas. Por sua vez, essas situações  desenvolvimento local. 
demandam,  na  maioria  das  vezes,  respostas  Fukuyama  (1996)  aborda  o  tema  do 
inéditas em relação à capacidade de proposição e  capital  social  através  da  perspectiva  social, 
de  ação  em  todos  os  níveis,  em  uma  dinâmica  qualificado  pela  confiança  e  cooperação 
horizontal  de  negociação  e  encontro  (FERRAZ,  manifesta nas ações em grupo. Para esse autor, o 
2001).  Assim,  o  desenvolvimento  envolve  capital social refere‐se à capacidade das pessoas 
escolhas  e  decisões  que  só  podem  ser  feitas  a  e  organizações  que  constituem  a  sociedade  civil 
partir  da  articulação  entre  o  local  e  o  global,  de  trabalharem  em  conjunto  para  a  persecução 
entre  o  indivíduo  e  o  coletivo  e  entre  as  de  causas  comuns.  A  capacidade  de  associação 
diferentes  esferas  sociais  (estado,  mercado  e  dos participantes de uma comunidade é algo que 
sociedade civil organizada) (ANDION, 2003).  depende do grau de partilha de normas e valores 
Enfatiza‐se ainda o desenvolvimento local  e  da  capacidade  destas  para  subordinarem  os 
como  forma  e  processo  de  cooperação  social  interesses individuais aos interesses coletivos dos 
entre os segmentos de uma comunidade que têm  grupos.  
interesses  e  preocupações  comuns  dada  à  O  capital  social  existente  em  uma 
mesma  posição  que  ocupam  no  processo  de  comunidade  depende  do  grau  de  confiança  e 
produção  das  condições  materiais  da  existência  cooperação  dos  participantes  da  comunidade 
humana  e  social  (SOUZA,  1996).  A  participação  entre si. Fukuyama (1996) ressalta que a relação 
social  ante  as  implicações  contraditórias  da  entre confiança e desenvolvimento é central nas 
realidade  social  supõe  um  conjunto  de  ações  discussões  acerca  do  capital  social,  pois  o  bem‐
coletivas  articuladas  em  função  de  objetivos  estar de uma nação está condicionado pelo “nível 
claros  definidos  pelos  diversos  atores  /  agentes  de  confiança  inerente  à  sociedade  em  causa” 
participantes  e  protagonistas  de  uma  (FUKUYAMA, 1996, p. 19).  
comunidade (SOUZA, 1996).  Assim  como  Fukuyama,  Putnam  (1996) 
atribui  que  a  confiança  é  fundamental  na 

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compreensão  do  conceito  de  capital  social.   da ação social humana com o objetivo da geração 


Putnam  (1996)  considera  que  os  estoques  de  e  gestão  de  projetos  e  trabalhos  de  uma 
capital social, ao incluir itens que constituem um  determinada  comunidade.  Esse  ponto  está 
bem  público  como  confiança,  normas,  sistemas  relacionado à cooperatividade sistêmica. 
de  participação  e  cadeias  de  relações  sociais,  O  cooperativismo  é  uma  doutrina 
“facilitam a cooperação para o benefício mútuo”  baseada  na  cooperação  que  opera  na  sociedade 
(CABREIRA, 2002, p.13), tendem a ser cumulativo  como  um  sistema  reformista  com  objetivos  de 
e a reforçar‐se mutuamente.  obter resultados favoráveis, fruto de um trabalho 
Esses  estoques  de  capital  social  coletivo que abrange o lado social (SILVA NETO et 
colaboram  na  construção  de  uma  “comunidade  al.,  2000).  O  trabalho  cooperativo  constitui  um 
cívica” por buscar alcançar equilíbrios sociais com  agrupamento  de  pessoas  em  torno  de  objetivos 
elevados  níveis  de  cooperação,  confiança,  comuns  com  a  capacidade  de  compartilhar 
reciprocidade,  civismo  e  bem  estar  coletivo.  experiências  e  recursos  disponíveis,  além  de 
(PUTNAM,  1996).  Em  seus  argumentos,  Putnam  “produzir  e  reproduzir  relações  úteis  e  duráveis 
(1996) advoga que baixos níveis de capital social  entre  si  e  com  outros  atores,  que  contribuam 
indicam baixos níveis de desenvolvimento social.  para  alcançar  os  objetivos  compartilhados” 
Ainda ressalta que o capital social diz respeito às  (JUNQUEIRA; TREZ, 2004, p.3). Esse agrupamento 
características  da  organização  social,  como  solidário garante a concentração do capital social 
confiança,  normas  e  sistemas,  que  contribuam  para  obter  lucros  materiais  ou  simbólicos 
para  aumentar  a  eficiência  da  sociedade,  (BOURDIEU, 1998). 
facilitando  as  ações  coordenadas  (PUTNAM,  Já  a  cooperatividade  sistêmica  está 
1996).  relacionada ao “grau mais elevado e a dimensão 
Segundo Brusco e Solinas (1999), em uma  mais  abrangente  de  aplicação  da  capacidade  de 
comunidade,  aquilo  que  rege  práticas  difusas  de  cooperar  em  processos  de  desenvolvimento” 
cooperação  e  possibilita  a  participação  é  um  (MONTEIRO;  MONTEIRO,  2002,  p.  6).  Ela  pode 
corpus  complexo  de  regras  –  um  código  de  ocorrer  quando  os  atores  sociais  componentes 
confiança  ‐  que  conforma  os  comportamentos  de  uma  determinada  localidade  cooperam  entre 
dos  atores  /  agentes.  Esse  código  de  confiança,  si,  gerando  benefícios  para  si,  para  todas  as 
intensamente  discutido  por  Fukuyama  (1996),  partes que formam esse todo e para o meio onde 
envolve  tanto  as  questões  relacionadas  à  vida  estão inseridos (MONTEIRO; MONTEIRO, 2002).   
nos  lugares  de  trabalho  como,  de  forma  mais  Na  organização  cooperativa  de  pessoas 
geral, às condições externas, a vida associada. O  historicamente excluídas ou à margem do acesso 
desenvolvimento  desse  ‘código  de  confiança’,  ao  conhecimento,  como  é  o  caso  dos 
que  conforma  o  comportamento  dos  atores  /  trabalhadores  em  questão,  é  necessário  um 
agentes  comunitários,  termina  por  influenciar  o  amplo  trabalho  de  formação  que  inclua 
processo  de  coletivização  das  ações  fazendo‐se  sensibilização  e  motivação,  preparação  técnica, 
necessária  a  constituição  de  uma  coordenação  estudo  da  história  do  cooperativismo  e  seus 
das diversas ações facilitando, enfim, as sinergias  problemas.  A  passagem  do  estágio  de  excluído 
e  garantindo  o  alcance  dos  objetivos  desejados  para  construtor  e  participante  de  uma 
(BRUSCO; SOLINAS, 1999).   cooperativa,  ou  seja,  protagonista,  demanda  um 
Um  ponto  em  comum  se  sobressai  nas  conjunto  de  rupturas  na  forma  tradicional  de 
colocações  acima,  referenciadas  acerca  do  concepção  do  trabalho.  A  autogestão,  o 
desenvolvimento  local  e  do  capital  social:  a  planejamento  da  produção,  a  construção  da 
necessidade  da  construção  contínua  de  um  relação  com  o  mercado,  são  algumas  das 
contexto  relacional,  tendo  por  base  a  produção  necessidades  que  se  impõem  ao  processo 

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cooperativo  e,  portanto,  exigem  conhecimento  centralização  do  poder  dos  brasileiros 
qualificado  por  parte  dos  participantes.  O  (HOLANDA, 1995; MONTEIRO; MONTEIRO, 2002).  
processo  de  formação  e  capacitação  dos  Portanto, as pessoas que não têm a prática 
participantes  é  importante  para  a  eficácia  da  do  protagonismo  na  construção  do  seu  destino, 
ação  cooperativa  e  se  constitui  necessidade  ficam  habituadas  a  querer  resultados  imediatos 
permanente  aos  grupos  interessados  na  geração  vindos  da  esfera  pública  (governantes),  privada 
de trabalho e renda (ANDRIOLI, 2002).   (patrões) ou da sociedade civil. Em contrapartida, 
Atores sociais que trabalham dentro de um  ressalta‐se  que  diante  da  grande  diversidade 
fazer  cooperativo  têm  como  característica  a  ética,  cultural  e  religiosa,  o  povo  brasileiro,  em 
autogestão, que propicia o processo de educação  especial  o  cearense,  demonstra‐se  apto  para  o 
dos  participantes.  O  exercício  da  participação  e  desenvolvimento  da  prática  de  cooperação 
da  convivência  constrói  novas  relações  entre  as  devido  a  determinadas  características 
pessoas,  o  que,  também,  se  reproduz  para  a  constitutivas  de  sua  cultura  como  flexibilidade, 
sociedade. As rupturas nas relações de produção  adaptação,  criatividade,  facilidade  de 
entre os cooperados, decorrentes da organização  comunicação,  cordialidade  que  favorecem  a 
coletiva,  refletem  no  seu  processo  de  cooperatividade  (HOLANDA,  1995;  MONTEIRO; 
consciência,  contribuindo  para  a  formação  de  MONTEIRO, 2002). 
lideranças  e  na  promoção  da  cidadania   
(ANDRIOLI, 2002; BURSZTYN et al., 2003).  Desse   
modo, a prática de uma cooperação em sistemas  2. O SENTIDO DE COMUNIDADE 
resulta em:   
  A  idéia  de  ‘comunidade’  tem  presença 
[...] ganhos sociais como a capacidade de viver  intermitente  na  historia  das  idéias.  Para  Sawaia 
em  comunidade;  ganhos  econômicos  como  o  (1996)  a  idéia  de  comunidade  aparece  e 
acesso  a  novos  mercados,  redução  de  custos,  desaparece  das  reflexões  sobre  o  homem  e 
aumento de poder de barganha em compras e  sociedade  em  consonância  às  especificidades  do 
vendas;  políticos,  como  a  melhoria  da  contexto  histórico  e  esse  movimento  explicita  a 
governabilidade; culturais, como a melhoria da 
dimensão  política  do  conceito,  objetivado  no 
qualidade  da  educação;  e  ambientais  como  a 
preservação  do  meio  ambiente  (MONTEIRO; 
confronto  entre  valores  coletivistas  e  valores 
MONTEIRO, 2002, p. 8).  individuais.  
  A  idéia  de  comunidade  (gemeinschaft) 
A  cooperatividade  sistêmica  já  está  está baseada em três eixos: o sangue, o lugar e o 
presente  em  várias  formas  de  iniciativas  no  espírito  ou  o  parentesco,  a  vizinhança  e  a 
território  brasileiro.  A  despeito  dessa  realidade,  amizade.  Todos  os  sentimentos  nobres  como  o 
ressalta‐se  que  a  implementação  desta  prática  amor,  a  lealdade,  a  honra,  a  amizade  são 
sofre,  em  determinados  locais,  resistências  emoções de comunidade, sendo que na idéia de 
provenientes  da  herança  histórica  do  sociedade  (gesellschaft),  os  homens  não  estão 
colonialismo  e  da  escravidão  que  produziu  vinculados,  mas  divididos.  Ela  aparece  na 
determinados fatores na cultura brasileira, como  atividade  aquisitiva  e  na  ciência  racional  e  sua 
o  assistencialismo,  o  paternalismo  e  o  base é o mercado, a troca e o dinheiro (SAWAIA, 
imediatismo,  presentes  em  vários  setores  da  1996).  
sociedade. Esses fatores ainda contribuem para o  Sawaia (1996) ressalta que mais que uma 
desenvolvimento  da  baixa  autoestima,  do  categoria científico–analítica, comunidade é uma 
conformismo,  da  apatia,  além  da  formação  da  categoria orientadora da ação e da reflexão e seu 
postura  da  esperteza,  do  individualismo  e  da  conteúdo,  extremamente  sensível  ao  contexto 

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social  em  que  se  insere,  pois  está  associada  ao  envolvidos  no  trabalho  de  catação  de  lixo.  A 
debate  sobre  exclusão  social  e  ética  do  bem  partir  da  amostragem,  75,6%  são  homens  e,  das 
viver.   mulheres  que  vivem  da  profissão,  a  maioria 
Desta  forma,  compreende‐se  nesse  acompanha  os  companheiros.  Cerca  de  27,8% 
estudo  que  os  indivíduos  que  trabalham  na  estão  entre  18  a  25  anos  e  pelo  menos  23,6% 
coleta,  na  seleção  e  no  transporte  de  materiais  estão entre 31 e 40 anos de idade. A dificuldade 
recicláveis  formam  uma  comunidade,  pois,  uma  em  conseguir  um  emprego  foi  a  causa  mais 
comunidade  pode  ser  definida  como  um  grupo  citada  pelo  ingresso  na  atividade  de  coletor.  Do 
de  pessoas  que  compartilham  de  uma  total  de  265  entrevistados,  22,6%  se  declararam 
característica comum, uma comum unidade, que  não‐alfabetizados.  
as  aproximam  e  pela  qual  são  identificadas  O  coletor  pertence  ao  grupo  de 
(NEUMANN;  NEUMANN,  2004a).  A  comum  trabalhadores  que  devido  a  condições  sociais  e 
unidade ressaltada pelos autores está associada a  baixa  escolaridade  não  encontram  lugar  no 
um  território,  região,  características,  origens,  mercado  formal  de  trabalho.  Esse  trabalhador, 
cultura,  crenças,  interesses  e  causas  partilhados.  que  faz  o  reaproveitamento  de  materiais 
Esses  elementos  configurantes  da  comum  recicláveis, atua, muitas vezes anonimamente, na 
unidade  encontram‐se  presentes  nos  problemática  questão  do  lixo  das  grandes, 
trabalhadores em estudo.  médias  e  pequenas  cidades.  Esse  coletivo  que 
vive  da  catação  de  materiais  recicláveis  tem 
papel  fundamental,  pois  seu  trabalho, 
3.  O  COLETOR  DE  MATERIAL  RECICLÁVEL  NOS  caracterizado  pela  coleta  e  reciclagem  dos 
ESPAÇOS DA CIDADE DE FORTALEZA  resíduos  sólidos,  é  responsável  por  produzir 
“uma  nova  lógica  de  produção  onde 
Estima‐se  que  o  número  de  coletores  de  desenvolvimento  sustentável  e  estímulo  ao 
materiais  recicláveis  no  Brasil  seja  de  crescimento econômico podem coexistir” (SILVA, 
aproximadamente  500.000  (quinhentos  mil).  2006, p.3). 
Conforme  o  ‘Diagnóstico  socioeconômico  e  O  trabalho  que  exercem  nem  de  longe 
cultural do (a) coletor (a) de materiais recicláveis  apresenta condições humanas dignas. De acordo 
de Fortaleza’, a estimativa é de que haja cerca de  com  Medeiros  e  Macedo  (2007),  a  rotina  de 
8  mil  coletores  na  capital  cearense  (IMPARH,  trabalho expõe o coletor a riscos para a saúde, a 
2006).  preconceitos  sociais  e  à  desregulamentação  dos 
À  medida  que  a  população  de  Fortaleza  direitos  trabalhistas  (segurança,  horas 
cresce,  cresce  também  a  quantidade  de  lixo  trabalhadas,  remuneração).  Magera  (2003) 
produzido. Esse acúmulo de resíduos dispersados  corrobora  esse  pensamento  quando  descreve  as 
todos os dias na cidade propicia o aparecimento  condições  precárias  do  exaustivo  trabalho 
de  uma  atividade  laboral  pouco  respeitada,  a  realizado  pelo  coletor:  muitas  vezes,  ultrapassa 
catação  de  lixo,  no  caso  específico,  a  coleta  doze horas ininterruptas; um trabalho exaustivo, 
seletiva  de  materiais  para  reciclagem.  Um  dos  visto  as  condições  a  que  estes  indivíduos  se 
responsáveis  por  essa  coleta  seletiva  é  o  coletor  submetem,  com  seus  carrinhos  puxados  pela 
de material reciclado, que apesar do seu trabalho  tração  humana,  carregando  por  dia  mais  de  200 
de  garimpagem  não  impede  o  depósito  de  quilos  de  lixo  (cerca  de  4  toneladas  por  mês),  
toneladas  de  lixo  reaproveitável  diariamente  no  percorrendo mais de vinte quilômetros por dia, e, 
aterro  sanitário.  De  acordo  com  a  pesquisa  ao final, muitas vezes explorados pelos donos dos 
anteriormente  citada,  nos  espaços  da  cidade  de  depósitos  de  lixo  (sucateiros)  que,  num  gesto 
Fortaleza transitam homens, mulheres e crianças  paternalista, trocam os resíduos coletados do dia 

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por  bebida  alcoólica  ou  pagam‐lhe  um  valor  4.  A  PROPOSTA  DE  ORGANIZAÇÃO  DOS 
simbólico,  insuficiente  para  sua  própria  COLETORES  DE  MATERIAIS  RECICLÁVEIS  DA 
reprodução como coletor de lixo (MAGERA, 2003,  CIDADE DE FORTALEZA 
p.34).   
Além  dessas  condições,  as  906  pessoas  As  condições  socioeconômicas  dos 
que trabalham na área, entrevistadas na pesquisa  coletores  da  cidade  de  Fortaleza  não  se 
realizada pelo IMPARH, afirmaram não utilizarem  diferenciam  muito  das  que  ocorrem  em  outros 
equipamentos  de  proteção  corporal  e  estarem  centros urbanos do Brasil. No entanto, conforme 
sempre expostos a acidentes na manipulação de  afirma  Carmo  (2005),  à  medida  que  o  tema 
vidros  ou  outros  materiais  cortantes.  O  estudo  reciclagem  passa  a  ser  discutido  em  uma 
mostrou também que grande parte dos coletores  sociedade  como  uma  das  formas  de  gestão 
preferencialmente trabalha no fim da tarde e no  sustentável  dos  resíduos  sólidos,  cresce  o 
período da noite, por coincidir com o horário em  interesse  econômico  pelo  assunto.  Isso  afeta 
que é realizada a coleta do lixo.  diretamente  os  modos  de  engajamento  do 
Na  retaguarda  de  toda  logística  dos  coletor na tarefa do manejo dos resíduos sólidos 
resíduos urbanos:  e consequentemente os seus ganhos.   
  Leal et al. (2002), citados por Medeiros e 
[...]  desde  a  coleta  até  sua  disposição  final,  Macedo  (2006,  p.  65),  concluem  que  o  “[...] 
encontra‐se  uma  complexa  rede  operacional  coletor  de  material  reciclável  participa  como 
extra‐oficial  de  grande  importância  para  a  elemento  base  de  um  processo  produtivo 
manutenção da dinâmica dos resíduos urbanos.  bastante  lucrativo,  no  entanto,  paradoxalmente, 
Nos  grandes  centros  urbanos,  milhares  de  trabalha  em  condições  precárias,  subumanas  e 
pessoas,  direta  ou  indiretamente,  tiram  o  seu 
não  obtém  ganho  que  lhe  assegure  uma 
sustento do lixo urbano (SILVA; LIMA, 2007, p. 
147).  
sobrevivência digna”.  
Nesse cenário, o que se propõe é pensar 
 
sobre  a  possibilidade  da  comunidade  dos 
A  logística  do  processo  de  trabalho  dos 
coletores da cidade de Fortaleza se organizar sob 
coletores  abrange  a  catação  dos  materiais  em 
forma de cooperatividade sitêmica para que eles, 
lixos distribuídos nos espaços públicos e privados 
de  maneira  organizada,  possam  articular  os 
das  cidades  e  a  separação  do  lixo  do  material 
recursos para o bem comum. Desta forma, esses 
reciclável  numa  quantidade  que  seja  suficiente 
trabalhadores  podem  ser  protagonistas  tanto  na 
para a venda. No que se refere à comercialização 
criação  como  na  gestão  do  seu  capital  social,  à 
desse  material,  aparece  o  atravessador,  e  esse 
medida que contribuem para o desenvolvimento 
tem como função o recebimento, a pesagem e o 
sustentável da cidade. Como dito anteriormente, 
estabelecimento  do  preço  a  ser  pago  pelo 
o exercício da cooperatividade sistêmica de uma 
material  reciclável  coletado.  Na  cidade  de 
cooperativa  vai  além  da  instituição  formalizada, 
Fortaleza,  onde  são  produzidas  15  mil  toneladas 
legal.  Ele  está  na  essência  dos  processos  que 
de  lixo  reciclável  por  mês  e  desse  total,  apenas 
geram  um  desenvolvimento  includente, 
4,9  mil  são  recicladas,  um  dia  de  trabalho  pode 
integrador e duradouro para o local. Desse modo, 
render  aos  coletores  em  torno  de  R$  60,  a 
assim  como  as  cooperativas,  grupos  voltados  à 
depender  da  quantidade  e  do  tipo  de  material 
prática  da  cooperatividade  sistêmica  podem  ser 
que recolhem. 
organizados  nos  mais  diferentes  setores  da 
 
economia,  no  campo  e  na  cidade.  Pode‐se 
 
afirmar  que  em  torno  de  qualquer  problema 
econômico  ou  social  é  possível  constituir  uma 

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CADERNOS GESTÃO SOCIAL 

unidade  de  trabalho  cooperativo.  Como  de  fatores  locacionais,  formação  de  parcerias 
instrumentos  de  geração  de  emprego  e  renda,  para  capacitação  de  pessoal,  convênio  de 
estas  unidades  podem  atuar  desde  os  processos  facilitação  fiscal  e  de  crédito,  ação  conjunta  de 
de  produção,  industrialização,  comercialização,  construção  de  uma  infraestrutura  de  suporte  a 
crédito e prestação de serviços (ANDRIOLI, 2002;  cursos  de  desenvolvimento  de  produtos 
MONTEIRO; MONTEIRO, 2002)  reciclados  e  comercialização  tanto  do  material 
E  nesse  processo,  as  políticas  públicas  coletado,  como  dos  bens  produzidos,  parcerias 
(governo,  empresas  e  sociedade  civil)  podem  e  com as universidades e faculdades da cidade para 
devem exercer papel relevante na promoção dos  o  desenvolvimento  tecnológico  e  aquisição  de 
processos  de  formação  de  lideranças,  tecnologias,  e  por  fim,  a  criação  de  uma 
emancipação,  conscientização  e  transformação  incubadora  que  prestaria  serviços  a 
da  condição  de  indivíduos  em  reais  sujeitos  de  empreendedores  locais  e/ou  projetos  com 
direito,  bem  como  igualmente  favorecer  o  objetivos  de  criação  de  microempresas  que,  ao 
desenvolvimento  e  a  qualidade  dos  serviços  ingressar  no  programa  de  incubação,  sejam 
públicos  prestados,  evitando  a  formação  de  sustentáveis e economicamente viáveis. 
guetos  discriminatórios.  Por  outro  lado,  esses   
indivíduos também são atores sociais que devem   
assumir  o  papel  de  protagonistas  nas  relações  5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
estabelecidas  entre  a  iniciativa  privada  e   
governo,  no  que  concerne  às  questões  A proposta deste ensaio é contribuir para 
relacionadas  à  cidade,  que  é  de  todos.  Juntos  a  reflexão  sobre  as  condições  de  trabalho  dos 
poderão  construir  estratégias  cooperativas.  No  coletores  de  lixo  da  cidade  de  Fortaleza.  Assim, 
entanto é importante que o manejo de condução  foi  proposto  um  meio  de  organizar  esses 
do  poder  também  seja  repensado  (questão  trabalhadores  sob  a  forma  de  uma 
cultural).   cooperatividade  sistêmica.  Pensar  em 
A  despeito  disso,  as  ações  de  cooperatividade sistêmica objetiva o rompimento 
cooperatividade  sistêmica  ocorrem  em  espaço  com  processos  políticos,  econômicos  e  sociais 
público  onde  um  novo  modelo  de  governança,  que  fomentam  o  desenvolvimento  baseado  no 
apropriado  às  práticas  includentes,  integradores  crescimento  econômico  de  poucos,  em 
e  promotoras  de  sustentabilidade  do  detrimento  da  qualidade  de  vida  de  todos,  na 
desenvolvimento, deve trabalhar o planejamento  destruição  irremediável  do  meio  ambiente, 
e  as  ações  de  parcerias  no  local  (MONTEIRO,  subtraindo a dignidade de muitos indivíduos.  
2003).   Na  essência,  todos  esses  indivíduos, 
Tais ações podem incluir um processo de  homens, mulheres, crianças e adolescentes serão 
resgate  à  cidadania  –  direitos  civis,  políticos  e  estimulados  a  pensar  em  soluções  para  os 
sociais  e  a  autoestima  desses  trabalhadores,  a  problemas que afetam a si, a sua família, o local 
busca  coletiva  e  compartilhamento  de  onde vivem. Serão também preparadas para agir 
conhecimentos  (educação  básica,  educação  para  em prol de tornar reais as soluções encontradas. 
o trabalho, formação de lideranças), a construção  À  medida  que  participam,  percebem  que  estão 
de visões de  futuro compartilhadas, a prática de  em um ambiente onde são ouvidas e respeitadas, 
discussão e construção conjunta de soluções para  em que a cooperação tem um sentido direto em 
os problemas comuns, debates para aprovação e  suas vidas.  
projetos  consensuais  de  desenvolvimento  para  Nesse  contexto  fica  facilitado  o 
comunidade, elaboração de agenda de trabalhos,  desenvolvimento  de  uma  consciência  coletiva 
identificação e busca por fomento compartilhado  crítica  da  realidade  social.  A  partir  dessa 

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consciência,  pode‐se  originar  a  vontade  deste   


coletivo  em  organizar  para  transformar,  o  que  BERETTA, S.; CURINI, L. Il ruolo della famiglia nel 
contribui  para  o  aumento  do  capital  social  de  generare  capitale  sociale:  um  approccio  di 
uma comunidade (MONTEIRO; MONTEIRO, 2002;  economia  política.  In:  DONATI,  Pierpaolo.  8º 
NEUMANN; NEUMANN, 2004b).   Rapporto  CISF  sulla  famiglia  in  Itália,  Milano:  S. 
Nessa  perspectiva,  a  implantação  da  Paolo, p. 290‐339, 2003. 
prática  de  cooperação  passa  por  uma  mudança   
cultural  dependente  de  vontade  política,  de  BOURDIEU,  Pierre.  O  capital  social  –  notas 
estratégias  e  ações  pela  delegação  de  provisórias  In:  NOGUEIRA,  Maria  Alice;  CATANI, 
responsabilidades  para  todos,  assim  como  de  Afrânio (orgs.). Escritos de educação. Petrópolis: 
iniciativas  orientadas  por  lideranças  do  Estado,  Vozes, p. 67‐69, 1998. 
do  mercado  e  da  sociedade  civil.  Dentro  desse   
enfoque,  a  cooperatividade  sistêmica  pode  ser  BRUSCO,  S.;  SOLINAS,  G.  Partecipazione 
considerada  como  forma  a  ser  pensada  necessaria  e  partecipazione  possibile.  L’impresa 
politicamente  na  busca  de  soluções  para  al  plurale.  Quaderni  della  partecipazione, 
problemas locais, pela organização e mobilização  Milano, n. 3‐4, p. 411‐428, 1999. 
de  uma  comunidade  para  que  a  mesma  possa   
discutir,  compreender  sua  realidade  e,  que  a  BURSZTYN, I.; et.al. Benchmark: Prainha do Canto 
partir  disso,  consiga  levantar  seus  saberes,  Verde.  Caderno  Virtual  de  Turismo,  Rio  de 
talentos e recursos disponíveis.   Janeiro,  v.3  n.3,  p.  18‐32,  2003.  Disponível  em: 
Ainda  há  muito  a  ser  feito.  No  que  diz  (http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/ojs/vie
respeito  à  pesquisa,  esta  caminha  para  o  warticle.php?id=39&layout=abstract).  Acesso 
entendimento  mais  profundo  sobre  os  atores  em: 28 nov. 2008. 
sociais em questão e seus fatores específicos que   
tendem a contribuir sobre as possibilidades dessa  CABREIRA,  Z.  Capital  social  como  fator  de 
forma de organização, assim como as estratégias  sustentabilidade  aos  programas  de 
de participação de governo, mercado e sociedade  desenvolvimento  local,  reflexões  sobre  uma 
civil  na  elaboração  de  políticas  públicas  em  prol  prática:  a  experiência  do  Sebrae  em  Lagoa  dos 
da  contínua  construção  e  mobilização  do  capital  Três  Cantos.  2002.  120p.  Dissertação  (Mestrado 
social  em  favor  do  desenvolvimento  dessa  em Administração) ‐ Programa de Pós‐Graduação 
comunidade de trabalhadores.   em  Administração,  Universidade  Federal  do  Rio 
  Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. 
   
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  como fator “positivo” à sobrevivência da Catação 
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local  sustentável.  Revista  de  Administração  recicladores  do  Rio  de  Janeiro.  In:  E,  ENCONTRO 
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exclusão.  Revista  Espaço  Acadêmico.  Ano  2,   
n.19,  2002.  Disponível  em:  FERRAZ,  S.  F.  de  S.  Competências  profissionais, 
(www.espacoacademico.com.br/019/19andrioli. mercado de trabalho e desenvolvimento local. In: 
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CADERNOS GESTÃO SOCIAL 

DOS  PROGRAMAS  DE  PÓS‐GRADUAÇÃO  EM  social,  participação  política  e  desenvolvimento 


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Vol.1, N.01 ‐ 2009 

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