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DIREITO INTERNACIONAL
03/02/2020
Aula 03
Leituras Obrigatórias
Celso – Capítulo II (parágrafo 14)
Guido – Não aborda
Accioly – Não aborda
Rezek – Não aborda
Leituras Avançadas
Dolinger – Capítulos I e X (recomendado)
Amaral Júnior – Parágrafo 1.4
Mazzuoli – Não aborda
Portela – Parágrafo 7 do Capítulo 1 da Parte I, e Capítulos I e II da Parte II
Finalidade principal das normas de Direito Internacional Privado. As normas desse ramo do
direito se preocupam com equacionar controvérsias que envolvem interesses particulares
quando presente um elemento de estraneidade.
Cuidado: se uma das partes na controvérsia for um ente público, se a controvérsia envolve
interesse público, então não será aplicado o DI Privado, será caso para a legislação doméstica
do país em questão.
Existem dois grandes conflitos que podem ser solucionados mediante recurso às normas de
Direito Internacional Privado, quais sejam:
2) Conflito de leis. DI Privado aponta, entre os direitos domésticos envolvidos, qual poderá
ser utilizado. VIP à nunca se pode começar a trabalhar com DI Privado pelo conflito de
leis, e sim pelo de jurisdições. A ordem deve ser estritamente respeitada. Na prática:
quando surge um conflito de DI Privado, a 1ª coisa a ser feita é resolver o conflito de
jurisdições; apenas após resolver isso, deve-se passar à resolução do conflito de leis.
DI Privado Brasileiro
Para nós, o que interessa é o DI Privado Brasileiro. É nesse contexto que o estudo de nossa lei
de introdução às normas do direito brasileiro faz sentido.
Surgindo uma situação multiconectada no Brasil, a primeira pergunta que precisa ser respondida
é a seguinte: um tribunal brasileiro pode julgar o litígio? No conflito de jurisdições,
originalmente, quando foi criada a LINDB, recorria-se ao seu art. 12. Hoje, essa discussão está
no atual Código de Processo Civil Brasileiro.
Exige o edital do CACD conhecimentos específicos de CPC? Não, exige conhecimentos de LINDB.
Mas vale a pena conhecer o que o CPC indica a respeito do tema.
Nas hipóteses de jurisdição concorrente de nossos tribunais, nada impede que o processo seja
movido no estrangeiro. Estrangeiro não é sinônimo de internacional. Quando se fala em
estrangeiro, fala-se em algo interno a outro Estado que não seja o Brasil.
A pergunta aqui é: se uma ação idêntica for promovida aqui no Brasil e alhures
simultaneamente?
Dois processos idênticos no Brasil não podem ocorrer simultaneamente. Nossa legislação proíbe
a litispendência. Mas nosso CPC (Código de Processo Civil) permite, em casos de jurisdição
concorrente, a litispendência internacional. Isso significa que é possível mover ações idênticas
tanto no Brasil quanto no estrangeiro ao mesmo tempo, desde que os requisitos jurídicos para
a questão sejam preenchidos.
Exemplo: art. 23, II à abertura de testamento particular e o inventário e a partilha de bens que
se encontram no Brasil precisam tramitar perante tribunais brasileiros. Afirma-se: se os bens
estão no Brasil, há interesse direto de nosso ordenamento jurídico para que esses bens sejam
distribuídos por tribunais brasileiros, até porque se paga imposto causa mortis para isso. Se
houver bens no estrangeiro ao mesmo tempo, dois processos então são abertos: um no Brasil,
para os bens daqui; um no estrangeiro, para os bens do estrangeiro.
VIP à É muito importante que se leia a legislação mencionada na aula de hoje (arts. 21, 22 e 23,
CPC).
É o DI Privado do país do tribunal que vai julgar a controvérsia, quando houver competência
para isso. Se for o tribunal brasileiro, por exemplo, ele usará as normas de DI Privado brasileiro.
Se for tribunal chileno, serão utilizadas normas de DI Privado chileno, e por aí vai, cada país
aplicando seu próprio DI Privado.
A LINDB contém, em seu art. 7º em diante, várias regras de conexão ou de sobredireito que
indicam a lei interna aplicável a cada situação.
Exemplos:
• art. 7º, caput, LINDB. Para controvérsias que envolvem capacidade civil, nome, início e
fim da personalidade jurídica e direito de família, a lei aplicável é a Lei do Domicílio.
• art. 8º. BENS. Se a situação envolve bens, deve-se levar em consideração a lei do local
onde o bem se encontra.
• art. 9º. CONTRATOS/OBRIGAÇÕES. A regra básica aqui é aplicação da lei do local do
contrato/obrigação. Para contratos à distância, art. 9º, parágrafo II: leva-se em
consideração a lei do local do proponente. Parágrafo 1º: se a obrigação decorrente do
contrato for executada no Brasil, deve ser aplicada a lei brasileira.
• art. 10º, caput. (VIP caiu no TPS 2019; do jeito que a prova pediu a temática de DI
Privado, tinha que decorar esses artigos, era decoreba; essa é uma das aulas mais
difíceis do semestre, trata-se de uma aula que, em faculdade, dura 1 semestre).
Retomando: art. 10º, CAPUT. INVENTÁRIO e PARTILHA. A lei a ser aplicada é a lei do
domicílio de quem faleceu, para questões de inventário e partilha.
• art. 10º, I. (também caiu no TPS 2019) Se o falecido tiver cônjuge ou herdeiros
brasileiros, aplica-se a lei brasileira sempre que ela for mais favorável.
• art. 11º. EMPRESAS. Para regular seu funcionamento, aplica-se a lei do local da sua
constituição, mas, no Brasil, uma empresa precisa também respeitar, em suas
atividades, a legislação brasileira.
[...]
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em
que estiverem situados.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele
trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa
apenhada.
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta
observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995)
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações,
obedecem à lei do Estado em que se constituirem.
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos
constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou
susceptiveis de desapropriação.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos
representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.
ANEXO | CPC – arts. 21 a 25
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção
de benefícios econômicos;
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de
tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença
judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste
Capítulo.