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Norma NP

ISO 26000
2011
Portuguesa
Linhas de orientação da responsabilidade social

Lignes directrices relatives à la responsabilité sociétale

Guidance on social responsibility

ICS HOMOLOGAÇÃO
03.020; 03.100.99; 13.020.10 Termo de Homologação n.º 185/2011 de 2011-09-27

DESCRITORES
Responsabilidade social; sistemas de gestão da qualidade;
gestão ambiental; organizações; responsabilidade legal;
economia; política de gestão; planeamento; auditoria da ELABORAÇÃO
qualidade; conformidade; documentos APEE

EDIÇÃO
CORRESPONDÊNCIA Outubro de 2011
Versão portuguesa da ISO 26000:2010
CÓDIGO DE PREÇO
X032

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Sumário Página
Introdução ................................................................................................................................................. 6
Preâmbulo ................................................................................................................................................. 13
1 Objectivo e campo de aplicação ........................................................................................................... 14
2 Termos e definições ............................................................................................................................... 14
3 Compreender a responsabilidade social .............................................................................................. 18
3.1 A responsabilidade social das organizações: contexto histórico .......................................................... 18
3.2 Tendências recentes da responsabilidade social ................................................................................... 18
3.3 Características da responsabilidade social............................................................................................ 19
3.4 O Estado e a responsabilidade social.................................................................................................... 23
4 Princípios da responsabilidade social .................................................................................................. 24
4.1 Generalidades ....................................................................................................................................... 24
4.2 Responsabilização ................................................................................................................................ 24
4.3 Transparência ....................................................................................................................................... 24
4.4 Conduta ética ........................................................................................................................................ 25
4.5 Respeito pelos interesses das partes interessadas ................................................................................. 26
4.6 Respeito pelo estado de direito ............................................................................................................. 26
4.7 Respeito pelas normas internacionais de conduta ................................................................................ 27
4.8 Respeito pelos direitos humanos .......................................................................................................... 27
5 Reconhecimento da responsabilidade social e envolvimento das partes interessadas .................... 28
5.1 Generalidades ....................................................................................................................................... 28
5.2 Reconhecimento da responsabilidade social ........................................................................................ 28
5.3 Identificação e envolvimento das partes interessadas .......................................................................... 31
6 Linhas orientadoras dos temas fundamentais da responsabilidade social ....................................... 34
6.1 Generalidades ....................................................................................................................................... 34
6.2 Governação organizacional .................................................................................................................. 36
6.3 Direitos humanos.................................................................................................................................. 38
6.4 Práticas laborais.................................................................................................................................... 50
6.5 Ambiente .............................................................................................................................................. 58
6.6 Práticas operacionais justas .................................................................................................................. 66
6.7 Questões relativas ao consumidor ........................................................................................................ 70
6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade ............................................................................... 79
7 Linhas orientadoras da integração da responsabilidade social na organização .............................. 89
7.1 Generalidades ....................................................................................................................................... 89
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7.2 A relação das características da organização com a responsabilidade social ...................................... 90


7.3 Compreender a responsabilidade social da organização...................................................................... 90
7.4 Práticas de integração da responsabilidade social na organização ...................................................... 94
7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social ..................................................................................... 96
7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à responsabilidade social ....................................................... 99
7.7 Rever e melhorar acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social 101
7.8 Iniciativas voluntárias de responsabilidade social ............................................................................... 104
Anexo A (informativo) Exemplos de iniciativas voluntárias e ferramentas para
a responsabilidade social ......................................................................................................................... 107
Anexo B (informativo) Abreviaturas....................................................................................................... 120
Bibliografia ............................................................................................................................................... 121
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Figuras
Figura 1 – Descrição geral esquemática da ISO 26000 .............................................................................. 10
Figura 2 – Relação entre uma organização, as suas partes interessadas e a sociedade .............................. 29
Figura 3 – Os sete temas fundamentais ...................................................................................................... 35
Figura 4 – Integrar a responsabilidade social na organização .................................................................... 89

Caixas
Caixa 1 – Síntese informativa para auxiliar os utilizadores da presente Norma ........................................ 12
Caixa 2 – Igualdade de género e responsabilidade social .......................................................................... 21
Caixa 3 – NP ISO 26000 e pequenas e médias organizações (PMOs) ....................................................... 21
Caixa 4 – Compreender a cumplicidade..................................................................................................... 27
Caixa 5 – Vantagens da responsabilidade social para uma organização .................................................... 35
Caixa 6 – A Carta Internacional dos Direitos Humanos e os instrumentos fundamentais dos direitos
humanos ..................................................................................................................................................... 38
Caixa 7 – Trabalho infantil......................................................................................................................... 49
Caixa 8 – A Organização Internacional do Trabalho ................................................................................. 50
Caixa 9 – Comissões mistas de trabalho/gestão da saúde e segurança ...................................................... 57
Caixa 10 – Exemplos de acções de adaptação às alterações climáticas ..................................................... 64
Caixa 11 – Directrizes da ONU para protecção dos consumidores............................................................ 70
Caixa 12 – Resolução de conflitos de consumidores ................................................................................. 77
Caixa 13 – Objectivos de Desenvolvimento do Milénio ............................................................................ 81
Caixa 14 – Contribuir para o desenvolvimento da comunidade através das actividades fundamentais
de uma organização .................................................................................................................................... 82
Caixa 15 – Comunicar sobre a responsabilidade social ............................................................................. 98
Caixa 16 – Iniciativas certificáveis e iniciativas relacionadas com interesses económicos e comerciais .. 106
Caixa 17 – Não endosso das iniciativas pela ISO ou pelo IPQ .................................................................. 108
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Introdução
Organizações de todo o mundo, e respectivas partes interessadas, estão cada vez mais conscientes da
necessidade e das vantagens de uma conduta socialmente responsável. O objectivo da responsabilidade
social é contribuir para o desenvolvimento sustentável.
O desempenho de uma organização em relação à sociedade na qual opera e ao seu impacte no ambiente
tornou-se uma parte fundamental da avaliação do seu desempenho global e da sua capacidade para continuar
a operar de forma eficaz. Isto é, em parte, um reflexo do crescente reconhecimento da necessidade de
assegurar ecossistemas saudáveis, igualdade social e boa governação organizacional. A longo prazo, todas as
actividades das organizações irão depender da saúde dos ecossistemas mundiais. As organizações estão
sujeitas a um maior escrutínio por parte das suas várias partes interessadas. A percepção e a realidade do
desempenho da organização sobre a responsabilidade social poderão influenciar, entre outras coisas:
− a sua vantagem competitiva;
− a sua reputação;
− a sua capacidade para atrair e manter trabalhadores ou membros, compradores, clientes ou utilizadores;
− a manutenção do moral, do empenho e da produtividade dos trabalhadores;
− a opinião de investidores, donos, dadores, patrocinadores e da comunidade financeira; e
− a sua relação com empresas, governos, os media, fornecedores, pares, clientes e a comunidade na qual
opera.
A presente Norma disponibiliza linhas de orientação quanto aos princípios fundamentais da responsabilidade
social, ao reconhecimento da responsabilidade social e envolvimento das partes interessadas, aos temas
fundamentais e às questões que dizem respeito à responsabilidade social (ver Quadro 2), bem como quanto
às formas de integrar uma conduta socialmente responsável na organização (ver Figura 1). A presente Norma
dá ênfase à importância dos resultados e das melhorias no desempenho em responsabilidade social.
A presente Norma destina-se a todos os tipos de organizações do sector privado, público e não lucrativo,
quer sejam grandes ou pequenas, e quer estejam a operar em países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Ainda que nem todas as secções da presente Norma tenham aplicação igual em todos os tipos de
organizações, todos os temas fundamentais são relevantes para todas as organizações. Todos os temas
fundamentais abrangem um número de questões, sendo a responsabilidade de cada organização identificar
individualmente que questões são relevantes e significativas para a organização abordar, mediante as suas
próprias considerações e o diálogo com as partes interessadas.
As organizações governamentais, como qualquer outra organização, poderão querer aplicar a presente
Norma. No entanto, esta não se destina a substituir, alterar ou, de alguma forma, modificar as obrigações do
Estado.
Cada organização é encorajada a tornar-se socialmente mais responsável aplicando a presente Norma.
Reconhecendo que as organizações se encontram em diferentes etapas na compreensão e integração da
responsabilidade social, a presente Norma destina-se a ser aplicada por quem começa a abordar a
responsabilidade social, assim como por aqueles que são mais experientes na sua implementação. O
utilizador principiante poderá considerar útil a leitura e a aplicação da presente Norma como um manual de
base da responsabilidade social, enquanto o utilizador mais experiente poderá querer usá-la para melhorar as
práticas existentes e integrar ainda mais a responsabilidade social na organização. Embora a presente Norma
se destine a ser lida e aplicada como um todo, os leitores que procurem informações específicas sobre
responsabilidade social poderão considerar úteis as linhas gerais do Quadro 1. A Caixa 1 apresenta uma
síntese informativa para auxiliar os utilizadores da presente Norma.
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A presente Norma fornece linhas de orientação aos utilizadores e não se destina nem é adequada a fins de
certificação. Qualquer oferta para certificar a NP ISO 26000 ou qualquer reivindicação de ser certificado
pela ISO 26000 será uma interpretação incorrecta da intenção e da finalidade da presente Norma.
A referência a qualquer iniciativa voluntária ou ferramenta no Anexo A da presente Norma não implica que a
ISO ou o IPQ recomendem ou concedam um estatuto especial a essa iniciativa ou ferramenta.
Quadro 1 - Linhas gerais da NP ISO 26000
Número da
Título da secção Descrição do conteúdo da secção
secção
Âmbito secção 1
Define o âmbito da presente Norma e identifica determinadas limitações e exclusões.

Termos e definições secção 2 Identifica e estabelece a definição dos principais termos que são de importância
fundamental para a compreensão da responsabilidade social e para a aplicação da
presente Norma.
Descreve os factores importantes e as condições que influenciaram o desenvolvimento
Compreender a da responsabilidade social e que continuam a afectar a sua natureza e prática. Também
secção 3
responsabilidade social descreve o próprio conceito de responsabilidade social – o que significa e como se
aplica às organizações. A secção inclui linhas de orientação para as pequenas e médias
organizações sobre a aplicação da presente Norma.

Princípios da secção 4 Apresenta e explica os princípios da responsabilidade social.


responsabilidade social

Reconhecimento da Aborda duas práticas da responsabilidade social: o reconhecimento por parte de uma
responsabilidade social organização da sua responsabilidade social assim como a identificação e o
secção 5 envolvimento das suas partes interessadas. Fornece linhas de orientação na relação
e envolvimento das
partes interessadas entre a organização, as suas partes interessadas e a sociedade, quanto ao
reconhecimento dos temas fundamentais e questões de responsabilidade social e quanto
à esfera de influência de uma organização.

Linhas orientadoras dos Explica os temas fundamentais e questões associadas relacionados com a
temas fundamentais da secção 6 responsabilidade social (ver Quadro 2). Para cada tema fundamental são
responsabilidade social disponibilizadas informações sobre o seu âmbito, a sua relação com a responsabilidade
social, os princípios e considerações relacionados e as acções e expectativas
relacionadas.
Dá linhas de orientação referentes à implementação da responsabilidade social numa
Linhas orientadoras da organização. Isto inclui linhas de orientação relacionadas com: a compreensão da
integração da responsabilidade social de uma organização, a integração da responsabilidade social
secção 7
responsabilidade social numaa organização, a comunicação relacionada com a responsabilidade social, a
na organização melhoria da credibilidade de uma organização relativamente à responsabilidade social,
a avaliação do progresso e respectiva melhoria do desempenho e a avaliação de
iniciativas voluntárias da responsabilidade social.
Exemplos de iniciativas
Anexo A Apresenta uma lista não exaustiva de iniciativas voluntárias e ferramentas relacionadas
voluntárias e
com a responsabilidade social que abordam aspectos de um ou mais temas
ferramentas para a
fundamentais ou a integração da responsabilidade social na organização.
responsabilidade social
Abreviaturas Anexo B Contém as abreviaturas utilizadas na presente Norma.
Bibliografia Inclui referências a reconhecidos instrumentos internacionais e às Normas ISO que são
referidos no corpo da presente Norma como fonte.
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Quadro 2 – Temas fundamentais e questões de responsabilidade social

Temas fundamentais e questões da responsabilidade social Abordado na


secção
Tema fundamental: Governação organizacional 6.2
Tema fundamental: Direitos humanos 6.3
Questão 1: Diligência devida 6.3.3
Questão 2: Situações de risco dos direitos humanos 6.3.4
Questão 3: Evitar a cumplicidade 6.3.5
Questão 4: Resolução de queixas 6.3.6
Questão 5: Discriminação e grupos vulneráveis 6.3.7
Questão 6: Direitos civis e políticos 6.3.8
Questão 7: Direitos económicos, sociais e culturais 6.3.9
Questão 8: Princípios e direitos fundamentais no trabalho 6.3.10
Tema fundamental: Práticas laborais 6.4
Questão 1: Emprego e relações de trabalho 6.4.3
Questão 2: Condições de trabalho e protecção social 6.4.4
Questão 3: Diálogo social 6.4.5
Questão 4: Saúde e segurança no trabalho 6.4.6
Questão 5: Desenvolvimento humano e formação no local de trabalho 6.4.7
Tema fundamental: Ambiente 6.5
Questão 1: Prevenção da poluição 6.5.3
Questão 2: Utilização sustentável dos recursos 6.5.4
Questão 3: Mitigação e adaptação às alterações climáticas 6.5.5
Questão 4: Protecção do ambiente, da biodiversidade e recuperação de habitats naturais 6.5.6
Tema fundamental: Práticas operacionais justas 6.6
Questão 1: Anti-corrupção 6.6.3
Questão 2: Envolvimento político responsável 6.6.4
Questão 3: Concorrência justa 6.6.5
Questão 4: Promoção da responsabilidade social na cadeia de valor 6.6.6
Questão 5: Respeito pelos direitos de propriedade 6.6.7
Tema fundamental: Questões relativas ao consumidor 6.7
Questão 1: Marketing justo, informação factual e imparcial e práticas contratuais justas 6.7.3
Questão 2: Proteger a saúde e a segurança dos consumidores 6.7.4
Questão 3: Consumo sustentável 6.7.5
Questão 4: Serviço e apoio ao consumidor e resolução de queixas e conflitos 6.7.6
Questão 5: Privacidade e protecção de dados do consumidor 6.7.7

(continua)
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Quadro 2 – Temas fundamentais e questões de responsabilidade social (conclusão)

Temas fundamentais e questões da responsabilidade social Abordado na


sessão
Questão 6: Acesso a serviços essenciais 6.7.8
Questão 7: Formação e sensibilização 6.7.9
Tema fundamental: Envolvimento e desenvolvimento da comunidade 6.8
Questão 1: Envolvimento da comunidade 6.8.3
Questão 2: Educação e cultura 6.8.4
Questão 3: Criação de emprego e desenvolvimento de competências 6.8.5
Questão 4: Desenvolvimento e acesso à tecnologia 6.8.6
Questão 5: Riqueza e criação de rendimento 6.8.7
Questão 6: Saúde 6.8.8
Questão 7: Investimento social 6.8.9
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Figura 1 – Descrição geral esquemática da NP ISO 26000


A Figura 1 apresenta uma visão geral da NP ISO 26000 e destina-se a auxiliar as organizações na
compreensão da aplicação desta Norma. Os pontos seguintes apresentam linhas de orientação quanto à
aplicação desta norma.
− Após serem consideradas as características da responsabilidade social e da sua relação com o
desenvolvimento sustentável (secção 3), sugere-se que a organização reveja os princípios de
responsabilidade social descritos na secção 4. Ao exercer a responsabilidade social, as organizações
deverão respeitar e abordar estes princípios, a par dos princípios específicos para cada tema fundamental
(secção 6).
− Antes de se analisarem os temas fundamentais e as questões de responsabilidade social, bem como cada
uma das expectativas e acções relacionadas (secção 6), uma organização deverá ponderar sobre duas
práticas fundamentais de responsabilidade social: o reconhecimento da sua responsabilidade social na sua
esfera de influência e a identificação e o envolvimento das suas partes interessadas (secção 5).
− Assim que os princípios tiverem sido compreendidos, os temas fundamentais e as questões relevantes e
significativas da responsabilidade social tiverem sido identificadas, uma organização deverá procurar
integrar a responsabilidade social através das suas decisões e actividades, recorrendo às linhas de
orientação disponibilizadas na secção 7. Isto envolve práticas como: tornar a responsabilidade social parte
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integrante das suas políticas, da sua cultura organizacional, das suas estratégias e operações; desenvolver
competências internas para a responsabilidade social; empreender comunicação interna e externa sobre a
responsabilidade social; e rever regularmente estas acções e práticas relacionadas com a responsabilidade
social.
− Mais linhas orientadoras quanto aos temas fundamentais e às práticas de integração da responsabilidade
social estão disponíveis a partir de autorizadas fontes (Bibliografia), de várias iniciativas voluntárias e de
ferramentas (alguns exemplos globais das mesmas são apresentados no Anexo A).
Quando se aborda e exerce a responsabilidade social, o objectivo global de uma organização é o de
maximizar a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
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Caixa 1 – Síntese informativa para auxiliar os utilizadores da presente Norma


A ISO define uma norma como um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo
reconhecido que disponibiliza regras, linhas de orientação ou características para actividades ou os seus
resultados, destinadas à aplicação comum e repetida, visando atingir um grau óptimo de ordem num dado
contexto (ISO/IEC Guia 2:2004 [39], definição 3.2).
Terminologia ISO (com base nas Directivas ISO/IEC, Parte 2, 2004, Anexo H)
A presente Norma não contém requisitos e, por conseguinte, a palavra “deve”, que indica um requisito na
linguagem ISO, não é utilizada. As recomendações utilizam a palavra “deverá”. Em alguns países,
determinadas recomendações da ISO 26000 estão incorporadas na lei e, consequentemente, são exigidas
por lei.
A palavra “poderá” é utilizada tanto para indicar que algo é permitido. A palavra “deve” é utilizada para
indicar que algo é possível, por exemplo, que uma organização ou um indivíduo tem capacidade para
fazer algo.
Uma Norma Internacional que seja um guia não contém requisitos, mas pode conter recomendações.
Nas Directivas ISO/IEC, Parte 2, uma recomendação é definida como “a expressão no conteúdo de um
documento que comunica que de entre várias possibilidades uma é recomendada como particularmente
adequada, sem mencionar ou excluir outras, ou que uma determinada acção é preferida, mas não é
necessariamente exigida ou que (na forma negativa) uma determinada possibilidade ou acção é
desaprovada, mas não é proibida”.
Termos que não estejam definidos na secção 2 são utilizados na acepção comum da palavra, assumindo o
significado contido no dicionário.
Finalidade do anexo informativo (com base nas Directivas ISO/IEC, Parte 2, 2004, 6.4.1)
O anexo A, informativo da presente Norma, fornece informações adicionais que se destinam a facilitar a
compreensão e a aplicação do documento; não constitui por si só, parte da orientação, nem é referido no
texto da presente Norma O Anexo A apresenta uma lista não exaustiva de iniciativas voluntárias e
ferramentas existentes relacionadas com a responsabilidade social. Mostra exemplos das mesmas e
chama a atenção para linhas de orientadoras adicionais que possam estar disponíveis, ajudando os
utilizadores a comparar as suas práticas com as de outras organizações. O facto de uma iniciativa ou
ferramenta estar listada no Anexo A não significa que essa iniciativa ou ferramenta tenha o aval da ISO.
Bibliografia
A Bibliografia, que é parte integrante da presente Norma, disponibiliza informações que permitem
identificar e localizar os documentos referidos no texto. Esta consiste em referências a instrumentos
internacionais que são considerados fontes autorizadas para as recomendações da presente Norma. Estes
instrumentos poderão conter linhas de orientadoras e informações adicionais úteis. Encoraja-se os
utilizadores da NP ISO 26000 a consultá-los para melhor se compreender e implementar a
responsabilidade social. As referências são apresentadas no texto em números, entre parêntesis rectos, e
colocados superiormemte à linha.
NOTA: Os números de referência não são atribuídos pela ordem dos documentos no texto. Os documentos ISO são listados
em primeiro lugar; depois os restantes documentos são listados por ordem alfabética da organização editora.

Caixas de texto
As caixas de texto contêm orientação adicional ou exemplos ilustrativos. O texto das caixas não deverá
ser considerado menos importante do que outro texto.
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Preâmbulo
A ISO (Organização Internacional de Normalização) é uma federação mundial de organismos de
normalização nacionais (organismos membros ISO). O trabalho de preparação de Normas Internacionais é,
geralmente, efectuado através das comissões técnicas ISO. Cada organismo membro interessado num
assunto para o qual foi criada uma comissão técnica tem o direito de estar representado nessa comissão.
Organizações internacionais, governamentais e não-governamentais ligadas à ISO também participam no
trabalho. A ISO colabora estreitamente com a Comissão Electrotécnica Internacional (IEC) em todos os
assuntos relacionados com normas electrotécnicas.
As Normas Internacionais são redigidas de acordo com as regras indicadas pelas Directivas ISO/IEC,
Parte 2.
A principal função da comissão técnica consiste em preparar as Normas Internacionais. O anteprojecto de
Normas Internacionais adoptadas pela comissão técnica circula entre os organismos membros para votação.
A publicação enquanto Norma Internacional exige a aprovação de, pelo menos, 75% dos organismos
membros que votem.
Chama-se a atenção para a possibilidade de alguns dos elementos deste documento poderem estar sujeitos a
direitos de patentes. A ISO não será responsável pela identificação de qualquer um ou de todos esses direitos.
A ISO 26000 foi preparada pelo Grupo de trabalho da ISO/TMB sobre responsabilidade social.
Esta Norma internacional foi desenvolvida recorrendo a uma abordagem multi-parte interessada, envolvendo
peritos de mais de 90 países e 40 organizações internacionais ou regionais envolvidas em diferentes aspectos
da responsabilidade social. Estes peritos pertenciam a seis diferentes grupos de partes interessadas:
consumidores; governo; economia; trabalho; organizações não-governamentais (ONGs); e serviço, suporte,
investigação, académicos e outros. Para além disto, foram tomadas providências específicas no sentido de se
conseguir um equilíbrio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como um equilíbrio de
género nos grupos do anteprojecto. Embora tivessem sido desenvolvidos todos os esforços para assegurar
uma participação equilibrada de todos os grupos de partes interessadas, o equilíbrio total de parte interessada
foi condicionado por vários factores, incluindo a disponibilidade de recursos e a necessidade de
conhecimentos de língua inglesa.
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1 Objectivo e campo de aplicação


A presente Norma disponibiliza linhas orientadoras para todos os tipos de organizações, independentemente
da sua dimensão ou localização, sobre:
a) os conceitos, termos e definições relacionados com a responsabilidade social;
b) o contexto, as tendências e as características da responsabilidade social;
c) os princípios e práticas relacionadas com a responsabilidade social;
d) os temas fundamentais e as questões da responsabilidade social;
e) a integração, implementação e promoção da conduta socialmente responsável em toda a organização e,
através das suas políticas e práticas, dentro da sua esfera de influência;
f) a identificação e envolvimento com as partes interessadas; e
g) a comunicação de compromissos, desempenho e outras informações relacionadas com a
responsabilidade social.
A presente Norma pretende auxiliar as organizações a contribuírem para o desenvolvimento sustentável.
Visa encorajá-las a ir além das obrigações legais, reconhecendo que a conformidade com a lei é um dever
fundamental de qualquer organização e uma parte essencial da sua responsabilidade social. Destina-se a
promover uma compreensão comum no campo da responsabilidade social e a complementar outros
instrumentos e iniciativas para a responsabilidade social, não a substituí-los.
Na aplicação da presente Norma, é aconselhável que uma organização tenha em consideração a diversidade
social, ambiental, legal, cultural, política e organizacional, bem como as diferenças nas condições
económicas, mantendo-se consistente com as normas internacionais de conduta.
A presente Norma não é uma norma de um sistema de gestão. Não se destina nem é adequada a fins de
certificação ou utilização reguladora ou contratual. Qualquer oferta para certificar, ou qualquer revindicação
de certificação de acordo com a NP ISO 26000 seria uma deturpação da sua intenção e finalidade e uma má
aplicação da presente Norma. Como a presente Norma não contém requisitos, tal certificação não seria uma
demonstração da conformidade com a presente Norma.
A presente Norma tem como finalidade fornecer às organizações linhas orientadoras relativamente à
responsabilidade social e poderá ser aplicada como parte das actividades de políticas públicas. No entanto,
para a finalidade do Acordo de Marraquexe que define a Organização Mundial do Comércio (OMC), não se
destina a ser interpretada como uma “norma internacional”, “linha de orientação” ou “recomendação”, nem
se destina a disponibilizar uma base para qualquer presunção ou descoberta de que uma medida é consistente
com as obrigações da OMC. Para além disso, não se destina a fornecer uma base para acções legais, queixas,
defesas ou outras pretensões em qualquer acção internacional, interna ou outra, nem se destina a ser citada
como prova da evolução do direito internacional consuetudinário.
A presente Norma não tem como objectivo evitar o desenvolvimento de normas nacionais que sejam mais
específicas, mais exigentes ou de um tipo diferente.

2 Termos e definições
Para os fins da presente Norma aplicam-se os seguintes termos e definições.

2.1 responsabilização (accountability)


Disponibilidade e capacidade para responder por decisões e actividades perante os órgãos dirigentes da
organização, as autoridades legais e, de forma genérica, às suas partes interessadas.
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2.2 consumidor
Pessoa singular que adquire ou utiliza bens, produtos ou serviços para fins privados.

2.3 comprador (customer)


Organização ou pessoa singular, do público em geral, que adquire bens, produtos ou serviços para fins
comerciais ou privados ou públicos.

2.4 diligência devida (due diligence)


Processo proactivo abrangente para identificar os impactes económicos, ambientais e sociais reais e
potencialmente negativos das decisões e actividades da organização ao longo de todo o ciclo de vida de um
projecto ou de uma actividade organizacional, com o propósito de evitar e mitigar os impactes negativos.

2.5 trabalhador subordinado (employee)


Pessoa singular, parte numa relação reconhecida como uma relação de trabalho de acordo com a lei ou
práticas nacionais.
NOTA: É um termo mais restrito do que trabalhador (2.27).

2.6 ambiente
Envolvente natural no qual uma organização opera, incluindo o ar, a água, o solo, os recursos naturais, a
flora, a fauna, as pessoas, o espaço exterior e as suas inter-relações.
NOTA: Meio envolvente neste contexto estende-se de uma organização para o sistema global.

2.7 conduta ética


Comportamento que está de acordo com os princípios aceites de correcta ou boa conduta no contexto de uma
situação específica e que é consistente com as normas internacionais de conduta (2.11).

2.8 igualdade de género


Tratamento equitativo para mulheres e homens.
NOTA: Isto inclui tratamento igual ou, em algumas situações, tratamento que seja diferente, mas considerado equivalente em
termos de direitos, benefícios, obrigações e oportunidades.

2.9 impacte de uma organização


impacte
Mudança positiva ou negativa na sociedade, na economia ou no ambiente (2.6), resultante na totalidade ou
em parte das decisões e actividades passadas e presentes dessa organização.

2.10 iniciativa da responsabilidade social


iniciativa
Programa ou actividade expressamente destinada a cumprir um objectivo particular relacionado com a
responsabilidade social (2.18).
NOTA: As iniciativas da responsabilidade social poderão ser desenvolvidas, patrocinadas ou administradas por qualquer tipo de
organização.
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2.11 normas internacionais de conduta


Expectativas de conduta organizacional socialmente responsável decorrentes do direito internacional
consuetudinário, de princípios geralmente aceites do direito internacional, e de acordos intergovernamentais
que sejam universalmente ou quase universalmente reconhecidos.
NOTA 1: Os acordos intergovernamentais incluem tratados e convenções.
NOTA 2: Embora o direito internacional consuetudinário, os princípios geralmente aceites do direito internacional, e acordos
intergovernamentais sejam direccionados principalmente para os Estados, expressam objectivos e princípios aos quais todas as
organizações poderão aspirar.
NOTA 3: As normas internacionais de conduta evoluem ao longo do tempo.

2.12 organização
Entidade ou grupo de pessoas e instalações com uma estrutura de responsabilidades, autoridades e relações e
com objectivos identificáveis.
NOTA 1: Para os fins da presente Norma, organização não inclui a actuação do governo no seu papel de soberania ao criar e
aplicar legislação, exercer autoridade judicial, levar a cabo o seu dever de definir políticas no interesse público ou honrar as
obrigações internacionais do Estado.
NOTA 2: O significado de pequenas e médias organizações (PMOs) é esclarecido no ponto 3.3.

2.13 governação organizacional


Sistema pelo qual uma organização (2.12) toma e implementa decisões para concretizar os seus objectivos.

2.14 princípio
Base fundamental da tomada de decisão ou da conduta.

2.15 produto
Artigo ou substância oferecidos para venda ou que fazem parte de um serviço prestado por uma organização
(2.12).

2.16 serviço
Acções de uma organização (2.12) para ir ao encontro de uma exigência ou necessidade.

2.17 diálogo social


Negociação, consulta ou simples troca de informações entre representantes de governos, empregadores e
trabalhadores, sobre assuntos de interesse comum relacionados com a política económica e social.
NOTA: Na presente Norma, a expressão diálogo social é utilizada apenas com o significado que lhe é dado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT).

2.18 responsabilidade social


Responsabilidade de uma organização (2.12) pelos impactes (2.9) das suas decisões e actividades na
sociedade e no ambiente (2.6), através de uma conduta ética (2.7) e transparente que:
− contribua para o desenvolvimento sustentável (2.23), incluindo saúde e bem-estar da sociedade;
− tenha em conta as expectativas das partes interessadas (2.20);
− esteja em conformidade com a lei aplicável e seja consistente com as normas internacionais de conduta
(2.11); e
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− esteja integrada em toda a organização (2.12) e seja praticada nas suas relações.
NOTA 1: As actividades incluem produtos, serviços e processos.
NOTA 2: As relações referem-se às actividades de uma organização na sua esfera de influência (2.19).

2.19 esfera de influência


Âmbito/extensão das relações políticas, contratuais, económicas ou outras através das quais uma
organização (2.12) tem capacidade para afectar as decisões ou actividades de indivíduos ou organizações.
NOTA 1: A capacidade para influenciar, só por si, não implica a responsabilidade de exercer influência.
NOTA 2: Sempre que esta expressão surja na presente Norma, deverá ser entendida no contexto das linhas de orientaçãodadas em
5.2.3 e 7.3.3.

2.20 parte interessada


Pessoa ou grupo que tem um interesse em qualquer decisão ou actividade de uma organização (2.12).

2.21 envolvimento de parte interessada


Actividade promovida para criar oportunidades de diálogo entre uma organização (2.12) e uma ou mais das
suas partes interessadas (2.20), com o objectivo de proporcionar uma base de informação para as decisões
da organização.

2.22 cadeia de fornecimento


Sequência de actividades ou parceiros que contribuem com produtos (2.15) ou serviços (2.16) para a
organização (2.12).
NOTA: Em alguns casos, a expressão cadeia de fornecimento é entendida como igual a cadeia de valor (2.25). Todavia, para os fins
da presente Norma, cadeia de fornecimento é utilizada como definida acima.

2.23 desenvolvimento sustentável


Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
NOTA: Desenvolvimento sustentável refere-se à integração dos objectivos de uma elevada qualidade de vida, saúde e prosperidade
com a justiça social, mantendo a capacidade do planeta para suportar a vida em toda a sua diversidade. Estes objectivos sociais,
económicos e ambientais são interdependentes e reforçam-se mutuamente. O desenvolvimento sustentável poderá ser tratado como
uma forma de expressar as expectativas mais amplas da sociedade como um todo.

2.24 transparência
Abertura em relação a decisões e actividades que afectam a sociedade, a economia e o ambiente (2.6) e
vontade de garantir a sua comunicação de um modo claro, preciso, atempado, honesto e completo.

2.25 cadeia de valor


Toda a sequência de actividades ou parceiros que fornecem ou recebem valor sob a forma de produtos
(2.15) ou serviços (2.16).
NOTA 1: Os parceiros que fornecem valor incluem fornecedores, trabalhadores (2.27) subcontratados, adjudicatários e outros.
NOTA 2: Os parceiros que recebem valor incluem compradores (2.3), consumidores (2.2), clientes, membros e outros utilizadores.
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2.26 grupo vulnerável


Grupo de pessoas que partilham de uma ou várias características que são causa de discriminação e ou de
circunstâncias sociais, económicas, culturais, políticas ou de saúde desfavoráveis, que fazem com que
careçam de meios para exercer os seus direitos ou de beneficiar de iguais oportunidades.

2.27 trabalhador
Pessoa singular que executa um trabalho, quer seja um trabalhador subordinado (2.5) ou um trabalhador
por conta própria.

3 Compreender a responsabilidade social

3.1 A responsabilidade social das organizações: contexto histórico


A expressão responsabilidade social passou a ser amplamente utilizada no início dos anos 70, muito embora
vários aspectos da responsabilidade social fossem objecto de acção por parte de organizações e governos já
desde o final do séc. XIX e, em algumas situações, até antes.
A atenção dada à responsabilidade social centrou-se, no passado, principalmente nas empresas. A expressão
“responsabilidade social empresarial” (RSE) é mais familiar para a maior parte das pessoas do que
“responsabilidade social”.
A ideia de que a responsabilidade social é aplicável a todas as organizações emergiu quando diferentes tipos
de organizações, não só aquelas no mundo empresarial, reconheceram que também tinham responsabilidade
na contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Os elementos da responsabilidade social reflectem as expectativas da sociedade num dado momento e estão,
por conseguinte, sujeitos à mudança. À medida que as preocupações da sociedade mudam, as suas
expectativas quanto às organizações também se alteram para reflectir essas preocupações.
Uma noção inicial de responsabilidade social centrou-se nas actividades filantrópicas, como os donativos a
causas de caridade. Temas como as práticas laborais e as práticas operacionais justas emergiram há mais de
um século. Outros temas, como os direitos humanos, o ambiente, a protecção dos consumidores e o combate
à fraude e à corrupção, foram sendo adicionados ao longo dos tempos, à medida que foram sendo alvo de
uma maior atenção.
Os temas fundamentais e as questões identificadas na presente Norma reflectem a visão actual das boas
práticas. A forma como as boas práticas são vistas irá, sem dúvida, mudar no futuro e questões adicionais
poderão passar a ser vistas como elementos importantes da responsabilidade social.

3.2 Tendências recentes da responsabilidade social


Por variados motivos, a consciencialização da responsabilidade social das organizações está a aumentar.
A globalização, o aumento da mobilidade e da acessibilidade e a crescente disponibilidade de comunicações
instantâneas tornam mais fácil para os indivíduos e para as organizações de todo o mundo ter conhecimento
das decisões e das actividades de organizações tanto perto como em locais mais distantes. Estes factores dão
a oportunidade às organizações para beneficiarem da aprendizagem de novas formas de agir e resolver
problemas. Isto significa que as decisões e actividades das organizações estão sujeitas a um maior escrutínio
por parte de uma grande variedade de grupos e indivíduos. As políticas ou práticas aplicadas pelas
organizações em diferentes locais poderão ser rapidamente comparadas.
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A natureza global de algumas questões ambientais e de saúde, o reconhecimento da responsabilidade


mundial pelo combate à pobreza, o crescimento financeiro e a interdependência económica e as cadeias de
valor mais dispersas geograficamente significam que os temas relevantes para uma organização poderão ir
bem além daqueles que existam nas imediações da organização. É importante que as organizações abordem a
responsabilidade social independentemente das circunstâncias sociais ou económicas. Instrumentos como a
Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento [158], a Declaração de Joanesburgo sobre o
Desenvolvimento Sustentável [151], os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio [153] e a Declaração
Relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT [54] dão ênfase a esta interdependência
mundial.
Ao longo das últimas décadas, a globalização deu origem a um aumento do impacte de diferentes tipos de
organizações –– incluindo as do sector privado, ONGs e governo –– nas comunidades e no ambiente.
As ONGs e as empresas tornaram-se prestadoras de muitos serviços geralmente oferecidos pelo governo,
particularmente em países onde os governos tiveram de enfrentar graves desafios e constrangimentos e têm
sido incapazes de prestar serviços em áreas como a saúde, educação e o bem-estar. À medida que a
capacidade dos governos nacionais se expande, os papéis do governo e das organizações do sector privado
têm estado a sofrer alterações.
Em períodos de crise económica e financeira, as organizações deverão procurar manter as suas actividades
relacionadas com a responsabilidade social. Essas crises têm um impacte significativo nos grupos mais
vulneráveis e isto sugere uma maior necessidade de acrescida responsabilidade social. Também apresentam
oportunidades particulares para integrar considerações sociais, económicas e ambientais mais eficazmente na
revisão de políticas e nas decisões e actividades organizacionais. O Governo terá um papel fundamental na
concretização destas oportunidades.
Os consumidores, compradores, doadores, investidores e donos estão, de várias formas, a exercer influência
financeira nas organizações no que diz respeito à responsabilidade social. As expectativas da sociedade
relativamente ao desempenho das organizações continuam a aumentar. A legislação de direito-à-informação
da comunidade, em muitos locais, dá às pessoas acesso a informações pormenorizadas sobre as decisões e
actividades de algumas organizações. Um número cada vez maior de organizações está em comunicação com
as suas partes interessadas, incluindo a elaboração de relatórios sobre responsabilidade social, para fazer face
às suas necessidades de informação sobre o desempenho da organização.
Estes e outros factores formam o contexto da responsabilidade social e contribuem para o apelo às
organizações para que demonstrem a sua responsabilidade social.

3.3 Características da responsabilidade social

3.3.1 Geral
A característica essencial da responsabilidade social (2.18) é a disponibilidade da organização para
incorporar considerações sociais e ambientais no seu processo de tomar decisões e ser responsabilizável pelo
impacte das suas decisões e actividades na sociedade e no ambiente. Isto implica uma conduta ética e
transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com a lei em
vigor e que seja consistente com as normas internacionais de conduta. Também implica que a
responsabilidade social seja integrada em toda a organização, que seja posta em prática nas suas relações e
que tenha em conta os interesses das partes interessadas.
Uma parte interessada tem um ou mais interesses que poderão ser afectados pelas decisões e actividades de
uma organização. Este interesse confere à parte interessada uma “posição” na organização que cria uma
relação com a organização. Esta relação não necessita de ser formal ou até reconhecida pela parte interessada
ou pela organização. As partes interessadas também podem ser referidas como accionistas. Ao determinar
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que interesses das partes interessadas reconhecer, uma organização deverá ter em conta a legitimidade desses
interesses e a sua consistência com as normas internacionais de conduta.

3.3.2 As expectativas da sociedade


A responsabilidade social envolve a compreensão das expectativas mais amplas da sociedade. Um princípio
fundamental da responsabilidade social é o respeito pelo estado de direito e a conformidade com as
obrigações legais. Todavia, a responsabilidade social também implica acções que vão além da conformidade
legal e o reconhecimento de obrigações para com os outros que não são juridicamente vinculativas. Estas
obrigações derivam dos valores éticos geralmente partilhados e de outros valores.
Embora as expectativas da conduta socialmente responsável variem entre países e culturas, as organizações
deverão respeitar as normas internacionais de conduta, como as reflectidas na Declaração Universal dos
Direitos Humanos [156], na Declaração de Joanesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentável [151] e em outros
instrumentos.
A secção 6 tem em consideração os temas fundamentais da responsabilidade social. Cada um destes temas
fundamentais inclui várias questões que permitem a uma organização identificar o seu principal impacte na
sociedade. A discussão de cada questão também descreve acções que abordam esse impacte.

3.3.3 O papel das partes interessadas na responsabilidade social


A identificação de, e o envolvimento com as partes interessadas, são fundamentais para a responsabilidade
social. Uma organização deverá determinar quem tem um interesse nas suas decisões e actividades, para que
possa compreender os seus impactes e como os abordar. Apesar de as partes interessadas poderem ajudar
uma organização a identificar a relevância de assuntos específicos nas suas decisões e actividades, as partes
interessadas não substituem a sociedade na determinação de normas e expectativas de conduta. Um assunto
poderá ser relevante para a responsabilidade social de uma organização, mesmo que não seja especificamente
identificado pelas partes interessadas que ela consulta. Linhas de orientação quanto a este assunto são
indicadas em 4.5 e na secção 5.

3.3.4 Integrar a responsabilidade social


Como a responsabilidade social diz respeito ao impacte potencial e real das decisões e actividades de uma
organização, as actividades diárias contínuas e regulares da organização constituem a conduta mais
importante a ser abordada. A responsabilidade social deverá ser parte integrante da estratégia organizacional
fundamental, com responsabilidades atribuídas e responsabilizações em todos os níveis adequados da
organização. Deverá reflectir-se no processo de tomada de decisões e ser tida em conta nas actividades de
implementação.
A filantropia (neste contexto entendida como donativos a causas de caridade) poderá ter um impacte positivo
na sociedade. Todavia, não deverá ser utilizada por uma organização como substituição da integração da
responsabilidade social na organização.
O impacte das decisões ou actividades de uma organização poderá ser grandemente afectado pelas suas
relações com outras organizações. Uma organização poderá ter de trabalhar com outras para abordar as suas
responsabilidades. Estas poderão incluir as organizações similares, os concorrentes (tomando cuidado para
evitar uma conduta anti-concorrencial), outras partes da cadeia de valor ou qualquer outra parte relevante no
âmbito da esfera de influência da organização.
A Caixa 2 descreve a importância da igualdade de género e como se relaciona com a responsabilidade social.
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Caixa 2 – Igualdade de género e responsabilidade social


Todas as sociedades atribuem papéis em função do género a homens e mulheres. Os papéis atribuídos em
função do género são condutas aprendidas que condicionam quais actividades e responsabilidades são
entendidas como masculinas e femininas. Estes papéis atribuídos em função do género por vezes
discriminam as mulheres, mas também os homens. Em todos os casos, a discriminação de género limita o
potencial de indivíduos, famílias, comunidades e sociedades.
Existe uma ligação positiva comprovada entre a igualdade de género e o desenvolvimento socioeconómico e
é por esse motivo que a igualdade de género é um dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. A
promoção da igualdade de género nas actividades e na doutrina publicitada da organização é um componente
importante da responsabilidade social.
As organizações deverão rever as suas decisões e actividades para eliminar os preconceitos relativamente ao
género e promover a igualdade de género. As áreas incluem:
− conjugação de homens e mulheres na estrutura administrativa e na gestão da organização, com o
objectivo de atingir progressivamente a paridade e eliminar as barreiras de género;
− tratamento igual de trabalhadores homens e mulheres no recrutamento, na atribuição de cargos, na
formação, nas oportunidades de progressão de carreira, nas compensações e na cessação do emprego;
− remuneração igual para trabalhadores homens e mulheres pelo trabalho de igual valor [57];
− possível impacte diferencial em homens e mulheres no que diz respeito ao local de trabalho e à segurança
e saúde da comunidade;
− decisões e actividades da organização que tenham consideração igual pelas necessidades de homens e
mulheres (por exemplo, verificar se há algum impacte diferencial em homens e mulheres que derive do
desenvolvimento de produtos ou serviços específicos ou rever as imagens de mulheres e homens
apresentadas em quaisquer comunicações ou publicidade da organização); e
− vantagens tanto para mulheres como para homens resultantes da doutrina publicitada, e as contribuições
para o desenvolvimento da comunidade, com uma possível atenção especial às áreas a corrigir onde
qualquer género esteja em desvantagem.
A igualdade de género no envolvimento das partes interessadas é uma forma importante de atingir a
igualdade entre os géneros nas actividades da organização.
Para promover a igualdade de género, as organizações poderão ainda considerar úteis os conhecimentos de
especialistas na abordagem de questões de género.
As organizações são encorajadas a utilizar indicadores, objectivos e referências das melhores práticas para
monitorizarem sistematicamente o progresso na obtenção da igualdade de género [133][149].
A Caixa 3 descreve de que forma é que esta Norma Internacional abrange as actividades das pequenas e
médias organizações (PMOs).
Caixa 3 – NP ISO 26000 e pequenas e médias organizações (PMOs)
Pequenas e médias organizações são organizações cujo número de trabalhadores subordinados ou cuja
dimensão e volume de actividades fica abaixo de determinados limites. Os limiares da dimensão variam de
país para país. Para os fins da presente Norma, as PMOs incluem as muito pequenas organizações referidas
como “micro” organizações.
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A integração da responsabilidade social numa PMO poderá ser levada a cabo através de acções práticas,
simples e económicas e não necessita ser complexa ou onerosa. Graças à sua dimensão mais pequena, e ao
seu potencial para serem mais flexíveis e inovadoras, as PMOs poderão até encontrar oportunidades
particularmente boas para a responsabilidade social. São geralmente mais flexíveis em termos de gestão
organizacional, têm frequentemente um contacto estreito com as comunidades locais e os quadros superiores
costumam ter uma influência mais imediata nas actividades da empresa.
A responsabilidade social envolve a adopção de uma abordagem integrada para gerir as actividades e o
impacte da organização. Uma organização deverá abordar e monitorizar o impacte das suas decisões e
actividades na sociedade e no ambiente de uma forma que tenha em conta tanto a dimensão da organização
como o seu impacte. Poderá não ser possível para uma organização remediar de imediato todas as
consequências negativas das suas decisões e actividades. Poderá ser necessário fazer escolhas e definir
prioridades.
As seguintes considerações poderão ser úteis. As PMOs deverão:
− ter em conta que procedimentos de gestão interna, comunicação com partes interessadas e outros
processos, poderão ser mais flexíveis e informais para as PMOs do que para organizações de maior
dimensão, desde que sejam mantidos os níveis adequados de transparência;
− estar cientes de que, quando revirem os sete temas fundamentais e identificarem as questões relevantes, o
contexto, as condições, os recursos e os interesses das partes interessadas da organização deverão ser
tidos em conta, reconhecendo que todos os temas fundamentais, mas não todas as questões, serão
relevantes para cada organização;
− centrar-se, no início, em questões e impactes que tenham maior significado para o desenvolvimento
sustentável. Uma PMO deverá também ter um plano para abordar as restantes questões e impactes de
forma atempada;
− procurar assistência junto de agências governamentais, organizações colectivas (como associações do
sector e organizações de pares) e organismos nacionais de normalização adequados para o
desenvolvimento de guias práticos e programas para a aplicação da presente Norma. Tais guias e
programas deverão ser adequados à natureza e às necessidades específicas das PMOs e das suas partes
interessadas; e
− onde adequado, agir colectivamente com os pares e organizações do sector, em vez de individualmente,
para poupar recursos e melhorar a capacidade de acção. Por exemplo, para organizações que operem no
mesmo contexto e sector a identificação de, e o empenhamento com, partes interessadas poderá, por
vezes, ser mais eficaz se feita colectivamente.
É provável que ser socialmente responsável seja benéfico para as PMOs pelos motivos mencionados na
presente Norma. As PMOs poderão dar-se conta de que outras organizações com as quais se relacionam
consideram que dar apoio aos esforços das PMO faz parte da sua própria responsabilidade social.
As organizações com maior capacidade e experiência em responsabilidade social poderão ponderar dar apoio
às PMOs, incluindo assisti-las na tomada de consciência sobre questões de responsabilidade social e boas
práticas.

3.3.5 Relação entre responsabilidade social e desenvolvimento sustentável


Embora muitas pessoas utilizem as expressões responsabilidade social e desenvolvimento sustentável
alternadamente, e haja uma estreita relação entre ambas, são conceitos diferentes.
Desenvolvimento sustentável é um conceito e objectivo orientador amplamente aceite que adquiriu
reconhecimento internacional a seguir à publicação, em 1987, do Relatório da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas: O Nosso Futuro Comum [174]. O desenvolvimento
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sustentável tem a ver com fazer face às necessidades da sociedade vivendo nos limites ecológicos do planeta
e sem pôr em risco a capacidade de gerações futuras fazerem face às suas necessidades. O desenvolvimento
sustentável tem três dimensões – económica, social e ambiental – que são interdependentes; por exemplo, a
eliminação da pobreza requer a promoção da justiça social e do desenvolvimento económico e a protecção
do ambiente.
A importância destes objectivos tem sido reiterada ao longo dos anos desde 1987 em variados fora
internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, e a
Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável, em 2002.
Responsabilidade social tem a organização como enfoque e diz respeito às responsabilidades da
organização para com a sociedade e o ambiente. A responsabilidade social está estreitamente ligada ao
desenvolvimento sustentável. Como o desenvolvimento sustentável tem a ver com objectivos económicos,
sociais e ambientais comuns a todas as pessoas, poderá ser utilizado como forma de resumir as expectativas
mais alargadas da sociedade que têm de ser tidas em conta pelas organizações que procurem agir
responsavelmente. Por conseguinte, um objectivo maior da responsabilidade social de uma organização
deverá ser contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Os princípios, as práticas e os temas fundamentais descritos nas seguintes Secções da presente Norma
constituem a base da implementação prática da responsabilidade social de uma organização e o seu
contributo para o desenvolvimento sustentável. As decisões e actividades de uma organização socialmente
responsável poderão dar um contributo significativo para o desenvolvimento sustentável.
O objectivo do desenvolvimento sustentável é alcançar a sustentabilidade para a sociedade como um todo e
para o planeta. Não diz respeito à sustentabilidade ou à viabilidade permanente de qualquer organização
específica. A sustentabilidade da organização individual poderá, ou não, ser compatível com a
sustentabilidade da sociedade como um todo, o que é conseguido através da abordagem de aspectos sociais,
económicos e ambientais de uma forma integrada. O consumo sustentável, a utilização sustentável dos
recursos e os meios de subsistência sustentáveis são relevantes para todas as organizações e estão
relacionados com a sustentabilidade da sociedade como um todo.

3.4 O Estado e a responsabilidade social


A presente Norma não poderá substituir, alterar ou de alguma forma modificar o dever do Estado de agir em
nome do interesse público. A presente Norma não apresenta linhas de orientação quanto ao que deverá estar
sujeito a obrigações juridicamente vinculativas, nem se destina a abordar questões que possam ser apenas
devidamente resolvidas através das instituições políticas. O Estado difere das organizações, já que tem o
poder exclusivo para criar e aplicar a lei. Por exemplo, o dever do Estado de proteger os direitos humanos é
diferente das responsabilidades das organizações relativamente aos direitos humanos abordadas na presente
Norma.
O funcionamento adequado do Estado é indispensável para o desenvolvimento sustentável. O papel do
Estado é fundamental para assegurar a aplicação efectiva de leis e regulamentos como forma de encorajar
uma cultura de conformidade com a lei. As organizações governamentais, como qualquer outra organização,
poderão desejar aplicar a presente Norma para transmitir as suas políticas, decisões e actividades
relacionadas com aspectos da responsabilidade social. Os governos poderão assistir as organizações nos seus
esforços para operar de uma forma socialmente responsável de muitas formas, tais como através do
reconhecimento e da promoção da responsabilidade social. No entanto, a promoção da responsabilidade
social das organizações não é e não pode substituir-se ao exercício efectivo dos deveres e responsabilidades
do Estado.
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4 Princípios da responsabilidade social

4.1 Generalidades
Esta secção apresenta linhas orientadoras a respeito de sete princípios da responsabilidade social.
Quando se abordar e exercer a responsabilidade social, o objectivo global para uma organização é maximizar
a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Dentro deste objectivo, embora não haja uma lista
definitiva de princípios de responsabilidade social, as organizações deverão respeitar os sete princípios a
seguir apresentados, bem como os princípios específicos de cada tema fundamental apresentado na secção 6.
As organizações deverão fundar a sua conduta em normas, linhas de orientação ou regras de conduta que
estejam de acordo com os princípios de direito ou boa conduta aceites no contexto de situações específicas,
mesmo quando essas situações forem exigentes.
Na aplicação da presente Norma é aconselhável que uma organização tenha em consideração a diversidade
societal, ambiental, legal, cultural, política e organizacional, assim como as diferenças nas condições
económicas, enquanto se mantém consistente com as normas internacionais de conduta.

4.2 Responsabilização
O princípio é: uma organização é responsabilizável pelo seu impacte na sociedade, na economia e no
ambiente.
Este princípio sugere que uma organização deverá aceitar um escrutínio adequado e também aceitar o dever
de responder a este escrutínio.
A responsabilização obriga a gestão a estar pronta a responder aos representantes dos interesses que
controlam a organização e a organização a responder perante as autoridades legais no que diz respeito a leis e
regulamentos. A responsabilização pelo impacte geral das suas decisões e actividades na sociedade e no
ambiente também implica que a resposta da organização perante aqueles afectados pelas suas decisões e
actividades, bem como perante a sociedade em geral, varie de acordo com a natureza do impacte e as
circunstâncias.
Ser responsabilizável terá um impacte positivo tanto na organização como na sociedade. O grau de
responsabilização poderá variar, mas deverá corresponder sempre à quantidade ou à extensão do poder. As
organizações com poder último são naturalmente as que deverão ter um maior cuidado com a qualidade das
suas decisões e supervisão. A responsabilização também envolve aceitar a responsabilidade por condutas
erradas, tomando as medidas adequadas para as remediar e agindo para evitar a sua repetição.
Uma organização deverá ser responsável por:
− o impacte das suas decisões e actividades na sociedade, no ambiente e na economia, especialmente as
consequências negativas significativas; e
− as acções tomadas para evitar a repetição de impactes negativos não intencionais ou imprevistos.

4.3 Transparência
O princípio é: uma organização deverá ser transparente nas suas decisões e actividades que tenham impacte
na sociedade e no ambiente.
Uma organização deverá revelar de uma forma clara, precisa e completa, e até ao ponto em que for razoável
e suficiente, as políticas, decisões e actividades pelas quais é responsável, incluindo o seu conhecido e
provável impacte na sociedade e no ambiente. Estas informações deverão estar prontamente disponíveis,
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directamente acessíveis e ser compreensíveis para aqueles que têm sido, ou possam vir a ser, afectados de
forma significativa pela organização. Deverão ser atempadas e factuais e apresentadas de uma forma clara e
objectiva para que as partes interessadas possam avaliar com precisão o impacte que as decisões e
actividades da organização têm nos seus respectivos interesses.
O princípio da transparência não exige que as informações protegidas ou críticas para a actividade sejam
públicas, nem envolve a disponibilização de informações que sejam privilegiadas ou que possam infringir
obrigações legais, comerciais, de segurança ou de privacidade pessoal.
Uma organização deverá ser transparente relativamente a:
− finalidade, natureza e localização das suas actividades;
− identidade de qualquer interesse que controle a actividade da organização;
− modo através do qual as suas decisões são tomadas, implementadas e revistas, incluindo a definição dos
papéis, responsabilidades, responsabilizações e poderes nas diferentes funções na organização;
− normas e critérios perante os quais a organização avalia o seu desempenho relativamente à
responsabilidade social;
− desempenho em questões de responsabilidade social relevantes e significativas;
− origens, quantias e aplicação dos seus fundos;
− impactes conhecidos e prováveis das suas decisões e actividades nas suas partes interessadas, sociedade,
economia e ambiente; e
− partes interessadas, critérios e procedimentos utilizados para os identificar, seleccionar e envolver.

4.4 Conduta ética


O princípio é: uma organização deverá agir de forma ética.
A conduta da organização deverá basear-se nos valores de honestidade, equidade e integridade. Estes valores
implicam uma preocupação para com as pessoas, o mundo animal e o ambiente e um empenhamento em
abordar o impacte das suas actividades e decisões nos interesses das partes interessadas.
Uma organização deverá promover activamente a conduta ética:
− identificando e indicando os seus valores e princípios fundamentais;
− desenvolvendo e utilizando estruturas de governação que ajudem a promover a conduta ética no seio da
organização, no seu processo de tomada de decisão e nas suas interacções com os outros;
− identificando, adoptando e aplicando normas de conduta ética adequadas à sua finalidade e às suas
actividades e consistentes com os princípios definidos na presente Norma;
− encorajando e promovendo a observância das suas normas éticas;
− definindo e comunicando as normas de conduta ética esperadas por parte da sua estrutura de governação,
pessoal, fornecedores, adjudicatários e, se adequado, donos e gestores e, particularmente, daqueles que
tenham a oportunidade, preservando a identidade cultural local, de influenciar significativamente os
valores, cultura, integridade, estratégia e o funcionamento da organização e das pessoas que agem em seu
nome;
− evitando ou resolvendo conflitos de interesse em toda a organização que poderiam, de outra forma,
conduzir a uma conduta não ética;
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− estabelecendo e mantendo mecanismos e controlos de supervisão para monitorizar, suportar e aplicar a


conduta ética;
− estabelecendo e mantendo mecanismos para facilitar a comunicação de conduta não ética sem medo de
represálias;
− reconhecendo e abordando situações onde leis e regulamentos locais ou não existam ou entrem em
conflito com a conduta ética;
− adoptando e aplicando normas de conduta ética internacionalmente reconhecidas quando se efectua
pesquisa em seres humanos [165]; e
− respeitando o bem-estar dos animais, quando se afectam as suas vidas e existência, proporcionando
condições decentes para manter, criar, produzir, transportar e utilizar animais [175].

4.5 Respeito pelos interesses das partes interessadas


O princípio é: a organização deverá respeitar, considerar e responder aos interesses das suas partes
interessadas.
Embora os objectivos de uma organização possam ser condicionados pelos interesses dos seus donos,
membros, compradores ou constituintes, outros indivíduos ou grupos poderão também ter direitos,
pretensões ou interesses específicos que deverão ser tidos em conta. Colectivamente, estes indivíduos ou
grupos são as partes interessadas da organização.
A organização deverá:
− identificar as suas partes interessadas;
− reconhecer e dar a devida atenção aos interesses, bem como aos direitos legais, das suas partes
interessadas e responder às preocupações expressas;
− reconhecer que algumas partes interessadas poderão afectar de forma significativa as actividades da
organização;
− avaliar e ter em conta a capacidade relativa das partes interessadas para contactar, envolver-se com e
influenciar a organização;
− ter em conta a relação dos interesses das suas partes interessadas quanto às expectativas mais amplas da
sociedade e ao desenvolvimento sustentável, assim como a natureza da relação das partes interessadas
com a organização (ver também 3.3.1); e
− considerar os pontos de vista das partes interessadas cujos interesses venham, provavelmente, a ser
afectados por uma decisão ou actividade, mesmo que eles não tenham qualquer papel formal na
governação da organização ou não estejam cientes destes interesses.

4.6 Respeito pelo estado de direito


O princípio é: uma organização deverá aceitar que o respeito pelo estado de direito é obrigatório.
O estado de direito refere-se à supremacia da lei e, em particular, à ideia de que nenhuma pessoa ou
organização está acima da lei e de que o governo também está sujeito à lei. O estado de direito contrasta com
o exercício arbitrário do poder. Está geralmente implícito na ordem jurídica que leis e regulamentos são
escritos, publicamente divulgados e aplicados de forma justa de acordo com procedimentos pré-definidos.
No contexto da responsabilidade social, o respeito pelo estado de direito significa que uma organização
cumpre todas as leis e regulamentos aplicáveis. Isto implica que deverá estar consciente das leis e
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regulamentos aplicáveis, informar aqueles que se encontram na organização da obrigação da sua observância
e implementar as medidas para o efeito.
Uma organização deverá:
− cumprir os requisitos legais em todas as jurisdições nas quais a organização opera, mesmo que essas leis e
regulamentos não sejam adequadamente respeitadas ao nível da sua aplicação;
− assegurar que as suas relações e actividades estão em conformidade com a quadro legal adequado e
aplicável;
− manter-se informada de todas as obrigações legais; e
− verificar periodicamente a sua conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis.

4.7 Respeito pelas normas internacionais de conduta


O princípio é: uma organização deverá respeitar as normas internacionais de conduta, enquanto adere ao
princípio do respeito pelo estado de direito.
− Em situações onde a lei ou a sua implementação não disponibilize salvaguardas ambientais ou sociais
adequadas, uma organização deverá procurar respeitar, pelo menos, as normas internacionais de conduta.
− Em países onde a lei ou a sua implementação entrem em conflito com as normas internacionais de
conduta, uma organização deverá procurar respeitar estas normas na maior extensão possível.
− Em situações onde a lei ou a sua implementação estejam em conflito com as normas internacionais de
conduta e onde a não observância dessas normas possa ter consequências significativas, uma organização
deverá, de forma exequível e adequada, rever a natureza das suas relações e actividades nessa jurisdição.
− Uma organização deverá atender às oportunidades legítimas e aos canais para procurar influenciar
organizações e autoridades relevantes para solucionar qualquer um desses conflitos.
− Uma organização deverá evitar ser cúmplice de actividades de outra organização que não sejam
consistentes com as normas internacionais de conduta.

Caixa 4 – Compreender a cumplicidade


A cumplicidade tem um significado jurídico e não jurídico.
No contexto jurídico, a cumplicidade tem sido definida em algumas jurisdições como participar num acto ou
omissão que tenha um efeito considerável na concretização de um acto ilegal, como um crime, com o
conhecimento ou a intenção de contribuir para esse acto ilegal.
A cumplicidade está associada ao conceito de ajuda ou conivência com um acto ou omissão ilegal.
No contexto não jurídico, a cumplicidade deriva de expectativas mais amplas da sociedade quanto à conduta.
Neste contexto, uma organização pode ser considerada cúmplice quando auxilia na prática de actos errados
ou outros que sejam inconsistentes com, ou desrespeitadores das normas internacionais de conduta que a
organização, através da diligência devida, sabia ou deveria saber que levariam a impactes negativos
substanciais na sociedade, na economia ou no ambiente. Uma organização pode também ser considerada
cúmplice quando fica em silêncio sobre ou beneficia desses actos errados.

4.8 Respeito pelos direitos humanos


O princípio é: a organização deverá respeitar os direitos humanos e reconhecer tanto a sua importância como
a sua universalidade (ver também o tema fundamental dos direitos humanos em 6.3).
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A organização deverá:
− respeitar e, onde possível, promover os direitos estipulados pela Carta Internacional dos Direitos
Humanos;
− respeitar a universalidade destes direitos, ou seja, que são indivisivelmente aplicáveis em todos os países,
culturas e situações;
− em situações onde os direitos humanos não estejam protegidos, tomar medidas para respeitar os direitos
humanos e evitar tirar partido dessas situações; e
− em situações onde a lei ou a sua implementação não providencie protecção adequada dos direitos
humanos, aderir ao princípio do respeito pelas normas internacionais de conduta (ver 4.7).

5 Reconhecimento da responsabilidade social e envolvimento das partes


interessadas

5.1 Generalidades
Esta secção aborda duas práticas fundamentais da responsabilidade social: o reconhecimento por parte da
organização da sua responsabilidade social e a identificação por parte da organização de, e empenhamento
com, suas partes interessadas. Tal como com os princípios descritos na secção 4, estas práticas deverão ser
levadas em conta quando se abordarem os temas fundamentais da responsabilidade social descritos na
secção 6.
O reconhecimento da responsabilidade social envolve a identificação de questões levantadas pelos impactes
das decisões e actividades da organização, bem como a forma como essas questões deverão ser abordadas
para que contribuam para o desenvolvimento sustentável.
O reconhecimento da responsabilidade social também envolve o reconhecimento das partes interessadas de
uma organização. Tal como descrito em 4.5, um princípio básico da responsabilidade social, é o dever da
organização de respeitar e considerar os interesses das suas partes interessadas, que possam vir a ser
afectados pelas suas decisões e actividades.

5.2 Reconhecimento da responsabilidade social

5.2.1 Impactes, interesses e expectativas


Ao abordar a sua responsabilidade social, uma organização deverá compreender três relações (ver Figura 2):
− Entre a organização e a sociedade: Uma organização deverá compreender e reconhecer como as suas
decisões e actividades têm impacte na sociedade e no ambiente. Uma organização deverá também
compreender as expectativas de conduta responsável da sociedade relativamente a estes impactes. Isto
deverá ser feito tendo em conta os temas fundamentais e as questões de responsabilidade social (ver
5.2.2);
− Entre a organização e as suas partes interessadas: Uma organização deverá estar ciente das suas
várias partes interessadas. Estas são as pessoas ou grupos cujos interesses poderão ser afectados pelas
decisões e actividades da organização (ver 3.3.1); e
− Entre as partes interessadas e a sociedade: Uma organização deverá compreender a relação entre os
interesses das partes interessadas que são afectados pela organização, por um lado, e as expectativas da
sociedade, por outro. Embora as partes interessadas façam parte da sociedade, elas poderão ter um
interesse que não seja consistente com as expectativas da sociedade. As partes interessadas têm interesses
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particulares relativamente à organização que poderão ser distintos das expectativas de conduta
socialmente responsável da sociedade em relação a qualquer questão. Por exemplo, o interesse de um
fornecedor em ser pago e o interesse da sociedade em que os contratos sejam honrados poderão ser
perspectivas diferentes da mesma questão.

NOTA: As partes interessadas poderão ter um interesse que não seja consistente com as expectativas da sociedade.

Figura 2 – Relação entre uma organização, as suas partes interessadas e a sociedade


Ao reconhecer a sua responsabilidade social, a organização terá necessidade de ter em conta as três relações.
A organização, as suas partes interessadas e a sociedade, provavelmente, terão perspectivas diferentes porque
os seus objectivos poderão não ser os mesmos. Deverá reconhecer-se que indivíduos e organizações poderão
ter muitos e diversos interesses que poderão ser afectados pelas decisões e actividades da organização.

5.2.2 Reconhecimento dos temas fundamentais e das questões relevantes da responsabilidade social
Uma forma eficaz da organização identificar a sua responsabilidade social é familiarizando-se com as
questões relativas à responsabilidade social nos seguintes sete temas fundamentais: governação
organizacional; direitos humanos; práticas laborais; ambiente; práticas operacionais justas; questões relativas
ao consumidor; e envolvimento e desenvolvimento da comunidade (ver 6.2 a 6.8).
Estes temas fundamentais abrangem os impactes económicos, ambientais e sociais mais prováveis que
deverão ser abordados pelas organizações. Cada um destes temas fundamentais é abordado na secção 6. A
discussão de cada tema fundamental abrange questões específicas que a organização deverá ter em conta
quando identificar a sua responsabilidade social. Cada tema fundamental, mas não necessariamente cada
questão, tem alguma relevância para cada organização.
As linhas orientadoras quanto a cada questão incluem um número de acções que a organização deverá ter e
expectativas sobre a forma como uma organização se deverá comportar. Ao considerar a sua
responsabilidade social, uma organização deverá identificar cada questão relevante para as suas decisões e
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actividades juntamente com as expectativas e acções relacionadas. Linhas de orientação adicionais quanto à
identificação de questões encontram-se em 7.2 e 7.3.
Os impactes das decisões e actividades de uma organização deverão ser ponderados tendo em vista estas
questões. Para além disto, os temas fundamentais e suas questões respectivas poderão ser descritos ou
categorizados de várias formas. Algumas considerações importantes, incluindo a saúde e a segurança, a
economia e a cadeia de valor, são abordadas em mais do que um tema fundamental na secção 6.
A organização deverá rever todos os temas fundamentais para identificar quais são as questões relevantes. À
identificação das questões relevantes deverá seguir-se uma avaliação da significância dos impactes da
organização. A significância de um impacte deverá ser ponderada com referência tanto às partes interessadas
envolvidas como à forma pela qual o impacte afecta o desenvolvimento sustentável.
No processo de reconhecimento dos temas fundamentais e das questões da sua responsabilidade social,
auxiliará uma organização a eventual interacção com outras organizações. Uma organização deverá também
ter em conta o impacte das suas decisões e actividades nas partes interessadas.
A organização que procure reconhecer a sua responsabilidade social deverá ponderar tanto as obrigações
legalmente vinculativas como outras que existam. As obrigações legais incluem as leis e regulamentos
aplicáveis, bem como as obrigações que dizem respeito a questões sociais, económicas ou ambientais que
possam existir em contratos com força jurídica. Uma organização deverá ponderar os compromissos que
assumiu relativamente à responsabilidade social. Tais compromissos poderão encontrar-se em códigos de
conduta ética ou linhas orientadoras ou nas obrigações dos membros de associações às quais pertença.
O reconhecimento da responsabilidade social é um processo contínuo. Os potenciais impactes das decisões e
actividades devem ser determinados e tidos em conta durante a fase de planeamento de novas actividades. As
actividades contínuas deverão ser revistas conforme seja necessário para que a organização possa ter a
certeza de que a sua responsabilidade social continua a ser abordada e possa determinar se é necessário ter
em conta questões adicionais.

5.2.3 Responsabilidade social e a esfera de influência da organização


A organização é responsável pelos impactes das decisões e actividades sobre as quais tem um controlo
formal e/ou de facto. (controlo de facto refere-se às situações em que uma organização tem capacidade para
ditar as decisões e actividades de outra parte, mesmo nas situações em que não tenha autoridade legal ou
formal para o fazer). Tais impactes poderão ser abrangentes. Para além de ser responsável pelas suas
decisões e actividades, uma organização poderá, em algumas situações, ter capacidade para afectar a conduta
de organizações/partes com as quais tenha relações. Essas situações são consideradas como fazendo parte da
esfera de influência da organização.
Esta esfera de influência inclui relações com e para além da cadeia de valor da organização. Todavia, nem
tudo na cadeia de valor da organização se enquadra necessariamente na sua esfera de influência. Poderá
incluir associações formais e informais nas quais participe, bem como organizações de pares ou
concorrência.
Uma organização nem sempre é responsável por exercer influência simplesmente porque tem capacidade
para o fazer. Por exemplo, não poderá ser considerada responsável pelos impactes de outras organizações
sobre as quais possa ter alguma influência, se os impactes não forem resultante das suas decisões e
actividades. No entanto, haverá situações nas quais uma organização será responsável por exercer influência.
Estas situações são determinadas pelo grau em que a relação da organização esteja a contribuir para os
impactes negativos.
Haverá também situações nas quais, apesar da organização não ser responsável pelo exercício da influência,
pode mesmo assim desejar, ou aceder a um pedido para, fazê-lo voluntariamente.
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A organização poderá decidir ter uma relação com outra organização e qual a natureza e abrangência dessa
relação. Haverá situações nas quais a organização é responsável por estar atenta aos impactes criados pelas
decisões e actividades de outras organizações e tomar medidas para evitar ou mitigar os impactes negativos
associados à sua relação com essas organizações.
Quando avaliar a sua esfera de influência e determinar as suas responsabilidades, uma organização deverá
exercer diligência devida para evitar contribuir para os impactes negativos nas suas relações. Mais linhas de
orientação encontram-se em 7.3.3.

5.3 Identificação e envolvimento das partes interessadas

5.3.1 Generalidades
A identificação e o envolvimento de partes interessadas são fundamentais para abordar a responsabilidade
social de uma organização.

5.3.2 Identificação de partes interessadas


Partes interessadas são organizações ou indivíduos que têm um ou mais interesses em qualquer decisão ou
actividade de umaa organização. Como esses interesses poderão ser afectados pela organização, é criada uma
relação com a organização. Esta relação não é necessariamente formal. A relação criada por este interesse
existe, quer as partes estejam conscientes dela ou não. A organização pode nem sempre estar ciente de todas
as suas partes interessadas, embora deva tentar identificá-las. De igual modo, muitas partes interessadas
poderão não estar cientes do potencial que a organização tem para afectar os seus interesses.
Neste contexto, o interesse refere-se à base real ou potencial de uma pretensão, ou seja, exigir algo que é
devido ou exigir respeito por um direito. Tal pretensão não envolve necessariamente exigências financeiras
ou direitos legais. Por vezes, pode ser simplesmente o direito a ser ouvido. A relevância ou significado de um
interesse determina-se melhor através da sua relação com o desenvolvimento sustentável.
Compreender como pessoas ou grupos são, ou poderão ser, afectados pelas decisões e actividades de uma
organização fará com que seja possível identificar os interesses que estabelecem uma relação com a
organização. Por conseguinte, a determinação da organização sobre o impacte das suas decisões e
actividades facilitará a identificação das suas partes interessadas mais importantes (ver Figura 2).
As organizações poderão ter muitas partes interessadas. Para além disto, diferentes partes interessadas têm
vários interesses e, por vezes, concorrentes. Por exemplo, os interesses dos residentes na comunidade
poderão incluir os impactes positivos de uma organização, como o emprego, bem como os impactes
negativos da mesma organização, como a poluição.
Algumas partes interessadas fazem parte integrante de uma organização. Estas incluem quaisquer membros,
trabalhadores ou donos da organização. Estas partes interessadas partilham um interesse comum na
finalidade da organização e no seu êxito. Contudo, isto não significa que todos os seus interesses
relativamente à organização sejam os mesmos.
Os interesses da maioria das partes interessadas poderão estar relacionados com a responsabilidade social da
organização e, frequentemente, são muito semelhantes a alguns dos interesses da sociedade. Um exemplo é o
interesse de um proprietário cuja propriedade perca valor devido a uma nova fonte de poluição.
Nem todas as partes interessadas de uma organização pertencem a grupos organizados que têm como
finalidade representar os seus interesses junto de organizações específicas. Muitas partes interessadas
poderão nem sequer estar organizadas e, por este motivo, poderão não ser vistas ou ser ignoradas. Este
problema pode ser particularmente importante relativamente a grupos vulneráveis e gerações futuras.
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Grupos que advoguem causas sociais ou ambientais poderão ser partes interessadas da organização cujas
decisões e actividades tenham um impacte relevante e significativo nestas causas.
Uma organização deverá examinar se os grupos que afirmam falar em nome de partes interessadas
específicas ou advogar causas específicas são representativos e credíveis. Em alguns casos, não será possível,
que interesses importantes, sejam directamente representados. Por exemplo, as crianças raramente possuem
ou controlam grupos organizados de pessoas; a vida selvagem não o pode fazer. Nesta situação, uma
organização deverá dar atenção aos pontos de vista de grupos credíveis que procurem proteger esses
interesses.
Para identificar as partes interessadas, uma organização deverá colocar a si própria as seguintes questões:
− Perante quem é que a organização tem obrigações legais?
− Quem poderá ser positiva ou negativamente afectado pelas decisões ou actividades da organização?
− Quem irá, provavelmente, expressar preocupação com as decisões e actividades da organização?
− Quem tem estado envolvido no passado, quando é necessário abordar preocupações semelhantes?
− Quem pode ajudar a organização a abordar impactes específicos?
− Quem pode afectar a capacidade da organização para cumprir as suas responsabilidades?
− Quem estará em desvantagem, se for excluído do envolvimento?
− Quem na cadeia de valor é afectado?

5.3.3 Envolvimento das partes interessadas


O envolvimento das partes interessadas engloba diálogo entre a organização e uma ou mais das suas partes
interessadas e auxilia a organização na abordagem à sua responsabilidade social, disponibilizando uma base
sustentada para as suas decisões.
O envolvimento das partes interessadas poderá ter diversas formas. Poderá ser iniciado por uma organização
ou poderá começar como uma resposta por parte da organização a uma ou mais partes interessadas. Pode ter
lugar em reuniões informais ou formais e poderá ter uma grande variedade de formatos, como reuniões
individuais, conferências, workshops, audições públicas, discussões em mesa redonda, comités consultivos,
procedimentos de consulta e informativos regulares e estruturados, negociação colectiva e fora da internet. O
envolvimento das partes interessadas deverá ser interactivo e destina-se a dar oportunidade para que os
pontos de vista das partes interessadas sejam ouvidos. A sua característica fundamental é envolver
comunicação bidireccional.
Há vários motivos para a organização se envolver com as suas partes interessadas. O envolvimento das
partes interessadas poderá ser utilizado para:
− aumentar a compreensão de uma organização das consequências prováveis das suas decisões e
actividades em partes interessadas específicas;
− determinar a melhor forma de aumentar os impactes benéficos das decisões e actividades da organização
e como diminuir qualquer impacte adverso;
− determinar se as declarações da organização sobre a sua responsabilidade social são entendidas como
credíveis;
− ajudar uma organização a rever o seu desempenho para poder melhorar;
− sanar conflitos que envolvam os seus próprios interesses, os das partes interessadas e as expectativas da
sociedade como um todo;
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− abordar a ligação entre os interesses das partes interessadas e as responsabilidades da organização para
com a sociedade;
− contribuir para uma aprendizagem contínua por parte da organização;
− cumprir obrigações legais (por exemplo, com trabalhadores subordinados);
− abordar interesses em conflito, seja entre a organização e a parte interessada ou entre partes interessadas;
− proporcionar à organização os benefícios de obter diferentes perspectivas;
− aumentar a transparência das suas decisões e actividades; e
− formar parcerias para atingir objectivos mutuamente vantajosos.
Na maior parte das situações, a organização já saberá, ou pode saber facilmente, quais são as expectativas da
sociedade relativamente à forma como a organização deverá abordar os seus impactes. Nessas circunstâncias,
não é necessário contar com o envolvimento de partes interessadas específicas para conhecer essas
expectativas, embora o processo de envolvimento das partes interessadas possa trazer outras vantagens. As
expectativas da sociedade também se encontram nas leis e regulamentos, nas expectativas sociais ou
culturais amplamente aceites e nas normas ou melhores práticas estabelecidas relativamente a assuntos
específicos. As expectativas que dizem respeito aos interesses das partes interessadas encontram-se nas
secções “Expectativas e acções relacionadas” a seguir a uma descrição das várias questões na secção 6. As
expectativas estabelecidas através do envolvimento das partes interessadas deverão ser um suplemento e não
substituir expectativas já estabelecidas relativamente à conduta da organização.
Deverá ser desenvolvido um processo justo e adequado com base no envolvimento das partes interessadas
mais relevantes. O interesse (ou interesses) de organizações ou pessoas identificadas como partes
interessadas deverá ser genuíno. O processo de identificação deverá procurar determinar se foram, ou se é
provável que venham a ser alvo do impacte de qualquer decisão e actividade. Onde possível e exequível, o
envolvimento deverá verificar-se com as organizações mais representativas que reflictam esses interesses. O
envolvimento efectivo das partes interessadas baseia-se na boa-fé e vai para além das relações públicas.
Ao envolver as partes interessadas, uma organização não deverá dar preferência a um grupo organizado
apenas porque é mais “cordial” ou porque apoia os objectivos da organização mais do que qualquer outro
grupo. Uma organização não deverá negligenciar o envolvimento das partes interessadas simplesmente por
estarem em silêncio. Uma organização não deverá criar ou apoiar grupos em particular para dar a ideia de ter
um parceiro de diálogo quando o suposto parceiro não é, de facto, independente. O diálogo genuíno com as
partes interessadas envolve partes independentes e a divulgação transparente de qualquer apoio financeiro ou
semelhante.
A organização deverá ter consciência do efeito das suas decisões e actividades nos interesses e nas
necessidades das suas partes interessadas. Deverá ter a devida consideração pelas suas partes interessadas,
bem como pelas suas variadas capacidades e necessidades de contacto e envolvimento com a organização.
É mais provável que o envolvimento das partes interessadas seja mais relevante quando os seguintes
elementos estiverem presentes: o objectivo claro para o envolvimento foi entendido; os interesses da parte
interessada foram identificados; a relação que estes interesses estabelecem entre a organização e a parte
interessada é directa ou importante; os interesses das partes interessadas são relevantes e significativos para o
desenvolvimento sustentável; e as partes interessadas dispõem das informações e dos conhecimentos
necessários para tomarem as suas decisões.
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6 Linhas orientadoras dos temas fundamentais da responsabilidade social

6.1 Generalidades
Para definir o âmbito da sua responsabilidade social, identificar questões relevantes e definir as suas
prioridades, uma organização deve abordar os seguintes temas fundamentais (ver também Figura 3):
− governação organizacional;
− direitos humanos;
− práticas laborais;
− ambiente;
− práticas operacionais justas;
− questões relativas ao consumidor; e
− envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Os aspectos económicos, assim como os aspectos relacionados com saúde e segurança e a cadeia de valor,
são abordados ao longo dos sete temas fundamentais, onde adequado. As diferentes formas através das quais
homens e mulheres poderão ser afectados por cada um dos sete temas fundamentais são também tidas em
consideração.
Cada tema fundamental inclui um leque de questões ligadas à responsabilidade social. São descritas nesta
secção juntamente com as expectativas e acções relacionadas. Como a responsabilidade social é dinâmica,
reflectindo a evolução de preocupações sociais, ambientais e económicas, outras questões poderão surgir no
futuro.
A acção a tomar relativamente a estes temas fundamentais e questões deverá basear-se nos princípios e
práticas da responsabilidade social (ver secções 4 e 5). Para cada tema fundamental, uma organização deverá
identificar e abordar todas as questões que sejam relevantes ou significativas para as suas decisões e
actividades (ver secção 5).
Quando avaliar a relevância de uma questão, deverão ser tidos em conta os objectivos a curto e a longo
prazo. Contudo, não há uma ordem predeterminada segundo a qual uma organização deverá abordar os temas
fundamentais e questões; isto irá variar de organização para organização e mediante a sua situação ou
contexto em particular.
Embora todos os temas fundamentais estejam interligados e sejam complementares, a natureza da
governação organizacional é, de certa forma, diferente da de outros temas fundamentais (ver 6.2.1.2). A
governação organizacional efectiva permite a uma organização agir sobre os outros temas fundamentais e
questões e implementar os princípios definidos na secção 4.
A organização deverá encarar os temas fundamentais holisticamente, ou seja, deverá considerar todos os
temas fundamentais e questões, e a sua interdependência, em vez de se concentrar numa única questão. As
organizações deverão estar cientes de que os esforços para abordar uma questão poderão envolver uma
solução de compromisso com outras questões. Melhorias particularmente orientadas para uma questão
específica não deverão afectar outras questões adversamente nem criar impactes adversos no ciclo de vida
dos seus produtos ou serviços, nas suas partes interessadas ou na cadeia de valor.
Mais linhas de orientação quanto à integração da responsabilidade social são disponibilizadas na secção 7.
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Figura 3 – Os sete temas fundamentais


Ao abordar estes temas fundamentais e questões, e integrando a responsabilidade social nas suas decisões e
actividades, a organização poderá obter vantagens importantes (ver Caixa 5).
Caixa 5 – Vantagens da responsabilidade social para uma organização
A responsabilidade social poderá proporcionar variadas vantagens a uma organização. Estas incluem:
− encorajar uma tomada de decisão mais informada, com base numa melhor compreensão das expectativas
da sociedade, das oportunidades associadas à responsabilidade social (incluindo um melhor conhecimento
dos riscos legais) e dos riscos de não ser socialmente responsável;
− melhorar as práticas de gestão de risco da organização;
− aumentar a reputação da organização e fomentar uma maior confiança do público;
− apoiar uma organização na sua licença para operar;
− gerar inovação;
− melhorar a competitividade da organização, incluindo o acesso a financiamento e ao estatuto de parceiro
preferencial;
− melhorar a relação da organização com as suas partes interessadas, deste modo, expondo a organização a
novas perspectivas, e contacto com uma gama diversificada de partes interessadas;
− aumentar a lealdade, o envolvimento, a participação e a motivação dos trabalhadores subordinados;
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− melhorar a segurança e a saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores subordinados;


− impactar positivamente na capacidade da organização para recrutar, motivar e manter os seus
trabalhadores;
− alcançar poupanças associadas ao aumento da produtividade e à eficiência dos recursos, à redução do
consumo de energia e de água, à diminuição dos resíduos e à recuperação de derivados com valor;
− melhorar a fiabilidade e a justiça das transacções através do envolvimento político responsável, da
concorrência justa e da ausência de corrupção; e
− prevenir ou reduzir potenciais conflitos com consumidores sobre produtos ou serviços.

6.2 Governação organizacional

6.2.1 Visão geral da governação organizacional

6.2.1.1 Organizações e governação organizacional


A governação organizacional é o sistema através do qual uma organização toma e implementa decisões para
atingir os seus objectivos.
A governação organizacional pode incluir tanto os mecanismos de governação formais baseados em
estruturas e processos definidos assim como os mecanismos informais que emergem ligados à cultura e aos
valores da organização, frequentemente influenciados pelas pessoas que lideram a organização. A
governação organizacional é uma função nuclear de todo o tipo de organizações, uma vez que consiste na
estrutura do processo de tomada de decisões na organização.
Os sistemas de governação variam, dependendo da dimensão e do tipo da organização e do contexto
ambiental, económico, político, cultural e social no qual ela opera. Estes sistemas são orientados por uma
pessoa ou grupo de pessoas (donos, membros, constituintes ou outros) com autoridade e responsabilidade
pelo cumprimento dos objectivos da organização.

6.2.1.2 Governação organizacional e responsabilidade social


A governação organizacional é o factor mais crucial na capacitação de uma organização em assumir a
responsabilidade pelos impactes das suas decisões e actividades, e na integração da responsabilidade social
em toda a organização assim como nas suas relações.
A governação organizacional no contexto da responsabilidade social possui a característica especial de ser
tanto um tema fundamental sobre o qual as organizações deverão agir, bem como uma forma de aumentar a
capacidade da organização para se comportar de uma forma socialmente responsável relativamente aos
outros temas fundamentais.
Esta característica especial deriva do facto de que uma organização que procure ser socialmente responsável
deverá possuir um sistema de governação organizacional, que possibilite que a organização providencie a
supervisão e coloque em prática os princípios da responsabilidade social mencionados na secção 4.

6.2.2 Princípios e considerações


A governação efectiva deverá basear-se na incorporação dos princípios da responsabilidade social (ver
secção 4) no processo de tomada e implementação de decisões. Estes princípios são a responsabilização, a
transparência, a conduta ética, o respeito pelos interesses das partes interessadas, o respeito pelo estado de
direito, o respeito pelas normas internacionais de conduta e o respeito pelos direitos humanos (ver secção 4).
Para além destes princípios, uma organização deverá considerar as práticas, os temas fundamentais e as
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questões da responsabilidade social quando estabelece e revê o seu sistema de governação. Mais linhas de
orientação quanto à integração da responsabilidade social em toda a organização são disponibilizadas na
secção 7.
A liderança também é fundamental para uma governação organizacional efectiva. Isto verifica-se não só para
o processo de tomada de decisão, mas também para a motivação do trabalhador subordinado para exercer a
responsabilidade social e para integrar a responsabilidade social na cultura organizacional.
A diligência devida poderá ser uma aproximação útil à organização ao abordar as questões da
responsabilidade social. Para mais linhas de orientação, ver 7.3.1.

6.2.3 Processos e estruturas de tomada de decisão

6.2.3.1 Descrição da questão


Os processos e as estruturas de tomada de decisão que conduzem à responsabilidade social são aqueles que
promovem a utilização dos princípios e práticas descritos nas secções 4 e 5.
Cada organização possui processos e estruturas de tomada de decisão. Em alguns casos, estes são formais,
sofisticados e até estão sujeitos a leis e regulamentos; noutros casos, são informais, enraizados nos seus
valores e na sua cultura organizacional. Todas as organizações deverão colocar em prática processos,
sistemas, estruturas ou outros mecanismos que possibilitem a aplicação dos princípios e práticas da
responsabilidade social [126][159].

6.2.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Os processos e estruturas de tomada de decisão da organização deverão permitir-lhe:
− desenvolver estratégias, objectivos e metas que reflictam o seu compromisso com a responsabilidade
social;
− demonstrar compromisso na liderança e responsabilização;
− criar e estimular um espaço organizacional e uma cultura nos quais os princípios de responsabilidade
social (ver secção 4) sejam praticados;
− criar um sistema de incentivos económicos e não-económicos relacionados com o desempenho da
responsabilidade social;
− utilizar os recursos financeiros, naturais e humanos de forma eficiente;
− promover uma oportunidade justa para que os grupos sub-representados (incluindo mulheres e grupos
raciais e étnicos) ocupem cargos de direcção ou chefia na organização;
− equilibrar as necessidades da organização e das suas partes interessadas, incluindo as necessidades
imediatas e as das gerações futuras;
− estabelecer processos de comunicação bidireccional com as suas partes interessadas, identificando áreas
de acordo e desacordo e negociando para resolver possíveis conflitos;
− encorajar a participação efectiva de trabalhadores subordinados de todos os níveis nas actividades de
responsabilidade social da organização;
− equilibrar o nível de autoridade, responsabilidade e capacidade das pessoas que tomam decisões em nome
da organização;
− monitorizar a implementação das decisões para assegurar que as mesmas são seguidas de uma forma
socialmente responsável e para determinar a responsabilização pelos resultados das decisões e actividades
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da organização, sejam positivas ou negativas; e


− rever e avaliar periodicamente os processos de governação da organização; ajustar os processos de acordo
com o resultado das revisões e comunicar as alterações a toda a organização.

6.3 Direitos humanos

6.3.1 Visão geral dos direitos humanos

6.3.1.1 Organizações e direitos humanos


Os direitos humanos são os direitos fundamentais aos quais todos os seres humanos têm direito. Há duas
grandes categorias de direitos humanos. A primeira categoria diz respeito aos direitos civis e políticos e
inclui direitos como o direito à vida e à liberdade, à igualdade perante a lei e à liberdade de expressão. A
segunda categoria diz respeito aos direitos económicos, sociais e culturais, e inclui direitos como o direito ao
trabalho, o direito à alimentação, o direito aos mais elevados possíveis níveis de saúde, o direito à educação e
o direito à segurança social.
Muitos preceitos morais, jurídicos e intelectuais baseiam-se na premissa de que os direitos humanos
transcendem as leis ou as tradições culturais. O primado dos direitos humanos foi enfatizado pela
comunidade internacional na Carta Internacional dos Direitos Humanos e nos instrumentos fundamentais de
direitos humanos (conforme referido na Caixa 6). Em traços gerais, as organizações beneficiarão de um
ordenamento social e internacional em que os direitos e as liberdades sejam totalmente concretizados.
Embora a maior parte da legislação sobre os direitos humanos se reporte às relações entre o Estado e as
pessoas, é amplamente reconhecido que as organizações não estatais poderão afectar os direitos humanos das
pessoas, pelo que têm a responsabilidade de os respeitar [42][43].
Caixa 6 – A Carta Internacional dos Direitos Humanos e os instrumentos fundamentais dos direitos
humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (Declaração Universal) [156] foi adoptada pela Assembleia-
Geral da ONU em 1948 e é o instrumento sobre direitos humanos mais reconhecido. Esta Declaração
constitui a base da legislação sobre direitos humanos e alguns dos seus elementos integram os princípios de
direito internacional geral ou comum a que estão sujeitos todos os Estados, pessoas e organizações. A
Declaração Universal apela a que todas as pessoas e todos os organismos da sociedade contribuam para
assegurar os direitos humanos. O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional
sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais foram tratados elaborados pela Assembleia-Geral da ONU,
para ratificação pelos Estados, em 1966 e entraram em vigor em 1976. A Carta Internacional dos Direitos
Humanos consiste na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, [143] no Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais [144] e nos
Protocolos Opcionais aos Pactos, um dos quais visa a abolição da pena de morte [152].
Para além destes, sete outros instrumentos internacionais fundamentais sobre direitos humanos fazem parte
da lei internacional dos direitos humanos, que se reportam: à eliminação de todas as formas de discriminação
racial [141], à eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres [133], a medidas para prevenir
e eliminar a tortura e outros tratamentos ou castigos cruéis, desumanos ou degradantes [132], aos direitos da
criança [135], ao envolvimento de crianças em conflitos armados [147], à venda de crianças, prostituição infantil
e pornografia infantil [148], à protecção de trabalhadores migrantes e suas famílias [78][79][80][142], à protecção de
todas as pessoas contra desaparecimentos forçados [140] e aos direitos das pessoas com deficiência [134].
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Considerados no seu conjunto, estes instrumentos constituem a base das normas Internacionais sobre os
direitos humanos universais. Estes instrumentos são obrigatórios para os Estados que os ratifiquem. Alguns
deles permitem a apresentação de queixas individuais, de acordo com regras de procedimento definidas em
protocolos opcionais.

6.3.1.2 Direitos humanos e responsabilidade social


O reconhecimento e o respeito pelos direitos humanos são amplamente considerados como essenciais para o
estado de direito e para os conceitos de justiça e equidade social, assim como o suporte fundamental das
instituições mais essenciais da sociedade, tal como o sistema judicial.
Os Estados têm o dever e a responsabilidade de respeitar, proteger e concretizar os direitos humanos. Uma
organização tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos, incluindo-os na sua esfera de
influência.

6.3.2 Princípios e considerações

6.3.2.1 Princípios
Os direitos humanos são inerentes, inalienáveis, universais, indivisíveis e interdependentes:
− são inerentes, porque pertencem a todas as pessoas pelo simples facto de serem humanas;
− são inalienáveis, porque ninguém pode consentir em abdicar deles ou ser deles privado pelos governos ou
por qualquer outra instituição;
− são universais, porque se aplicam a todos independentemente de qualquer estatuto;
− são indivisíveis, porque nenhum dos direitos humanos pode ser selectivamente ignorado; e
− são interdependentes, porque a concretização de um direito contribui para a concretização dos outros.

6.3.2.2 Considerações
Os Estados têm o dever de proteger as pessoas e os grupos da violação de direitos humanos, bem como, no
âmbito da sua jurisdição, respeitá-los e concretizá-los. Os Estados estão cada vez mais a tomar medidas para
encorajar as organizações incluídas na sua jurisdição a respeitarem os direitos humanos, mesmo quando
operam fora dessa jurisdição. É amplamente reconhecido que as organizações e as pessoas poderão afectar e
afectam, directa e indirectamente, os direitos humanos. As organizações têm a responsabilidade de respeitar
todos os direitos humanos, independentemente de o Estado ser incapaz ou não querer assegurar o
cumprimento do seu dever de protecção. Respeitar os direitos humanos significa, em primeiro lugar, não
infringir os direitos dos outros. Esta responsabilidade implica tomar medidas positivas para assegurar que a
organização recusa aceitar passivamente ou participar activamente na violação desses direitos. Desobrigar-se
da responsabilidade de respeitar os direitos humanos implica a diligência devida. Quando o Estado falha no
seu dever de protecção, a organização deverá ser particularmente vigilante para assegurar que cumpre a sua
responsabilidade de respeitar os direitos humanos; a diligência devida nos direitos humanos pode apontar
para a necessidade de acções para além do que é necessário no decorrer normal das operações.
Algumas normas fundamentais da lei criminal impõem aos indivíduos e às organizações, bem como aos
Estados, a responsabilização e a obrigação de indemnizar por violações graves dos direitos humanos
internacionais, nos quais se incluem a proibição da tortura, os crimes contra a humanidade, a escravatura e o
genocídio. Em alguns países, as organizações estão sujeitas ao abrigo da legislação nacional a processos
judiciais com base em crimes reconhecidos internacionalmente. Certos instrumentos de direitos humanos
determinam o âmbito das obrigações legais das organizações relativamente aos direitos humanos e à forma
da sua implementação e aplicação.
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O patamar mínimo de responsabilidade das organizações não estatais é respeitar os direitos humanos.
Todavia, uma organização pode deparar-se com expectativas das partes interessadas no sentido de ir para
além desse respeito, ou pode querer contribuir para a sua concretização. O conceito de esfera de influência
ajuda a organização a compreender a extensão das suas oportunidades para apoiar os direitos humanos entre
os diferentes detentores de direitos. Assim, poderá ser útil para uma organização analisar a sua capacidade
para influenciar ou encorajar outras partes, as áreas dos direitos humanos sobre as quais pode ter maior
impacte e os detentores de direitos que poderão ser envolvidos.
As oportunidades de uma organização para apoiar os direitos humanos serão frequentemente maiores nas
suas próprias operações e nos seus trabalhadores. Para além disto, a organização terá oportunidades de
trabalhar com os seus fornecedores, pares ou outras organizações e a sociedade em geral. Em alguns casos,
as organizações poderão desejar aumentar a sua influência através da colaboração com outras organizações e
pessoas. A avaliação das oportunidades de acção e de maior influência dependerá de circunstâncias
particulares, algumas específicas da organização e algumas específicas do contexto no qual ela opera. No
entanto, as organizações deverão ter sempre em consideração a possibilidade de consequências negativas, ou
não desejadas, quando procurarem influenciar outras organizações.
As organizações deverão considerar facilitar a educação em direitos humanos para promover a
consciencialização dos direitos humanos por parte dos detentores dos direitos e por aqueles com
possibilidade de terem impacte sobre eles.

6.3.3 Direitos humanos, questão 1: Diligência devida

6.3.3.1 Descrição da questão


Para respeitar os direitos humanos, as organizações têm a responsabilidade de exercer a diligência devida
para identificar, prevenir e abordar os impactes reais ou potenciais sobre os direitos humanos resultantes das
suas actividades ou das actividades daqueles com os quais se relacionam. A diligência devida poderá
também alertar uma organização para a responsabilidade de influenciar a conduta de outros, quando eles
puderem ser a causa de violações de direitos humanos nas quais a organização pode ser implicada.

6.3.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Porque a diligência devida se aplica a todos os temas fundamentais, incluindo os direitos humanos,
encontram-se mais linhas de orientadoras quanto à diligência devida em 7.3.1. No caso específico dos
direitos humanos, o processo relativo à diligência devida deverá, de uma forma que seja adequada à
dimensão e às circunstâncias da organização, incluir os seguintes componentes:
− uma política de direitos humanos para a organização que forneça linhas de orientadoras relevantes para os
que se encontram no seio da organização e para os que estão a ela estreitamente ligados;
− meios de avaliação sobre de que modo as actividades existentes e propostas poderão afectar os direitos
humanos;
− meios de integração da política de direitos humanos em toda a organização;
− meios de rastreio do desempenho ao longo do tempo, para conseguir fazer os ajustes necessários às
prioridades e à abordagem; e
− acções para abordar o impacte negativo das suas decisões e actividades.
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6.3.4 Direitos humanos, questão 2: situações de risco dos direitos humanos

6.3.4.1 Descrição da questão


Existem determinadas circunstâncias e ambientes onde as organizações têm mais probabilidade de enfrentar
desafios e dilemas relacionados com os direitos humanos e nas quais o risco de violação dos direitos
humanos pode aumentar. Estes incluem:
− conflito [129] ou instabilidade política extrema, falência do sistema democrático ou judicial, ausência de
direitos civis ou políticos;
− pobreza, seca, desafios extremos em matéria de saúde ou desastres naturais;
− envolvimento em actividades extractivas ou outras que possam afectar de forma significativa recursos
naturais, como a água, as florestas ou a atmosfera, ou perturbar as comunidades locais;
− proximidade das operações em relação a comunidades de povos indígenas [75][154];
− actividades que possam afectar ou envolver crianças [81][82][116][117][135][147][148];
− uma cultura de corrupção;
− cadeias de valor complexas que envolvam trabalho executado numa base informal sem protecção legal; e
− necessidade de amplas medidas para garantir a segurança de instalações ou de outros bens.

6.3.4.2 Expectativas e acções relacionadas


As organizações deverão ter particular atenção quando lidarem com as situações anteriormente
caracterizadas. Estas situações poderão requerer um processo de diligência devida reforçado para assegurar o
respeito pelos direitos humanos. Isto pode ser feito, por exemplo, através de uma avaliação independente do
impacte sobre os direitos humanos.
Quando operarem em ambientes nos quais uma ou mais destas circunstâncias se apliquem, é provável que as
organizações venham a enfrentar juízos difíceis e complexos sobre a forma como se deverão comportar.
Ainda que possa não existir uma fórmula ou solução simples, uma organização deverá basear as suas
decisões na responsabilidade primeira de respeitar os direitos humanos, enquanto contribui também para a
promoção e defesa da concretização geral desses direitos.
Em resposta, a organização deverá considerar as potenciais consequências das suas acções para que o
objectivo pretendido, que consiste em respeitar os direitos humanos, seja, efectivamente, alcançado. Em
particular, é importante não agravar ou criar outras violações. A complexidade de uma situação não deverá
ser utilizada como pretexto para não agir.

6.3.5 Direitos humanos, questão 3: evitar a cumplicidade

6.3.5.1 Descrição da questão


A cumplicidade tem um significado jurídico e não jurídico.
No contexto jurídico, a cumplicidade tem sido definida em algumas jurisdições como participar num acto ou
omissão que tenha um efeito considerável na concretização de um acto ilegal, como um crime, com o
conhecimento ou a intenção de contribuir para esse acto ilegal.
A cumplicidade está associada ao conceito de ajuda ou conivência com um acto ou omissão ilegal.
No contexto não jurídico, a cumplicidade deriva de expectativas mais amplas da sociedade quanto à conduta.
Neste contexto, uma organização poderá ser considerada cúmplice quando auxilia na prática de actos errados
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ou outros que sejam inconsistentes com, ou desrespeitadores das normas internacionais de conduta que a
organização, através da diligência devida, sabia ou deveria saber que levam a impactes negativos
substanciais na sociedade, na economia ou no ambiente. Uma organização poderá também ser considerada
cúmplice quando fica em silêncio sobre ou beneficia desses actos errados.
Uma vez que as suas fronteiras são imprecisas e evolutivas, poderão ser descritas três formas de
cumplicidade.
− Cumplicidade directa: Ocorre quando a organização conscientemente ajuda na violação de direitos
humanos.
− Cumplicidade em troca de benefícios: Envolve uma organização ou subsidiárias que beneficiam
directamente de violações de direitos humanos cometidas por terceiros. Os exemplos incluem a
organização que tolera actos por parte de forças de segurança para suprimir um protesto pacífico contra as
suas decisões e actividades ou fazer uso de medidas repressivas enquanto vigia as suas instalações, ou a
organização que beneficia economicamente com a violação dos direitos fundamentais no trabalho por
parte de fornecedores.
− Cumplicidade silenciosa: Poderá envolver a falta da organização em levantar junto das autoridades
competentes a questão das violações sistemáticas ou contínuas dos direitos humanos, como é o caso de
não se manifestar contra a discriminação sistemática de leis do trabalho contra grupos específicos.

6.3.5.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma área importante susceptível de criar cumplicidade na violação de direitos humanos relaciona-se com os
sistemas de segurança. A este respeito, entre outras coisas, a organização deverá verificar se os seus sistemas
de segurança respeitam os direitos humanos e são consistentes com as normas internacionais e os padrões de
aplicação da lei. O pessoal da segurança (empregado, contratado ou subcontratado) deverá ser
adequadamente formado, inclusivé na adesão aos instrumentos de direitos humanos, e às queixas sobre os
procedimentos ou o pessoal de segurança deverão ser tratadas e investigadas de imediato e, quando
adequado, de forma independente. Para além disto, uma organização deverá usar da diligência devida para
assegurar que não participa, nem facilita, nem beneficia de violações dos direitos humanos cometidas pelas
forças de segurança pública.
Para além disto, uma organização deverá:
− não fornecer bens ou serviços a qualquer entidade que os utilize para pôr em prática violações dos direitos
humanos;
− não entrar numa parceria ou numa relação contratual, formal ou informal, com um sócio que cometa
violações dos direitos humanos no contexto da parceria ou na execução do trabalho contratado;
− informar-se sobre as condições sociais e ambientais nas quais os bens e serviços adquiridos são
produzidos;
− assegurar que não é cúmplice de qualquer deslocação de pessoas das suas terras, a não ser que tal seja
feito em conformidade com a lei nacional e as normas internacionais, o que inclui a análise de todas as
soluções alternativas e o assegurar que as partes afectadas recebem a compensação adequada;
− considerar fazer declarações públicas ou adoptar outras acções que indiquem que não condena a violação
de direitos humanos, como actos de discriminação, que ocorram no emprego no país em questão; e
− evitar relações com entidades envolvidas em actividades anti-sociais.
Uma organização pode tomar consciência, prevenir e abordar os riscos de cumplicidade integrando, nos seus
processos de diligência devida, as características comuns de benchmarks legais e societais.
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6.3.6 Direitos humanos, questão 4: resolução de queixas

6.3.6.1 Descrição da questão


Mesmo onde as instituições operam de forma ideal poderão ocorrer conflitos sobre o impacte nos direitos
humanos das decisões e actividades de uma organização. Mecanismos eficazes de queixa desempenham um
papel importante no dever do Estado de proteger os direitos humanos. Igualmente, uma organização para se
exonerar da sua responsabilidade em matéria de respeito pelos direitos humanos, deverá estabelecer um
mecanismo para que aqueles que acreditam que os seus direitos humanos foram violados possam levar isso
ao conhecimento da organização e procurar reparação. Este mecanismo não deverá prejudicar o acesso aos
canais legais disponíveis. Os mecanismos não estatais não deverão pôr em causa o fortalecimento das
instituições estatais, particularmente dos mecanismos judiciais, mas poderão oferecer oportunidades
adicionais de recurso e reparação.

6.3.6.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá estabelecer, ou de outra forma assegurar a disponibilidade de mecanismos de
resolução de queixas para sua própria utilização e das suas partes interessadas. Para serem eficazes, estes
mecanismos deverão ser:
− legítimos: O que inclui estruturas de governação claras, transparentes e suficientemente independentes
para assegurar que nenhuma parte num particular processo de queixa poderá interferir na gestão justa
desse processo;
− acessíveis: A sua existência deverá ser divulgada e deverá ser disponibilizada assistência adequada às
partes queixosas que possam enfrentar barreiras no seu acesso, como a língua, iliteracia, ausência de
conhecimento ou de capacidade financeira, distância, deficiência ou medo de represálias;
− previsíveis: Os procedimentos deverão ser claros e conhecidos, uma moldura temporal clara para cada
etapa, clareza quanto aos tipos de processos e resultados que poderão ou não oferecer e uma forma de
monitorizar a implementação de qualquer resultado;
− equitativos: As partes queixosas deverão ter acesso a fontes de informação, conselhos e conhecimentos
especializados necessários para se envolverem num processo de queixa justo;
− compatíveis com os direitos: Os resultados e as soluções deverão estar em conformidade com as normas
internacionalmente reconhecidas de direitos humanos;
− claros e transparentes: Embora a confidencialidade possa, por vezes, ser conveniente, o processo e o
resultado deverão ser suficientemente abertos ao escrutínio público e deverão dar o devido peso ao
interesse público; e
− baseados em diálogo e mediação : O processo deverá procurar o compromisso entre as partes para as
suas queixas, através de soluções mutuamente aceites. Onde um juízo é preferível, as partes deverão
manter o direito de procurar obtê-lo através de mecanismos independentes e delas distintos.

6.3.7 Direitos humanos, questão 5: discriminação e grupos vulneráveis

6.3.7.1 Descrição da questão


A discriminação respeita a qualquer distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito a privação da
igualdade de tratamento ou de oportunidades, quando baseada no preconceito e não em fundamentos
legítimos. Os fundamentos ilegítimos para a discriminação incluem, mas não se limitam, à: raça, cor, género,
idade, língua, propriedade, nacionalidade ou origem nacional, religião, origem social ou étnica, casta,
situação económica, deficiência, gravidez, pertença a povos indígenas, filiação sindical, filiação política,
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opinião política ou outra. Os novos fundamentos proibidos incluem também o estado civil ou familiar, as
relações pessoais e o estado de saúde, como o estado de VIH/SIDA. A proibição de discriminação é um dos
princípios mais fundamentais da legislação internacional dos direitos humanos [71][78][133][134][136][137] [138][139]
[141][143][149][150][156]
.
A participação plena e efectiva de todos os grupos e a sua integração na sociedade, incluindo daqueles que
são vulneráveis, propicia e aumenta as oportunidades de todas as organizações, bem como das pessoas
envolvidas. Uma organização tem muito a ganhar ao ter uma abordagem activa, assegurando igualdade de
oportunidades e respeito por todas as pessoas.
Os grupos que sofreram discriminação persistente, levando a desvantagens profundas, estão vulneráveis a
mais discriminação e os seus direitos humanos deverão ser o centro de atenção adicional em termos de
protecção e respeito pelas organizações. Embora os grupos vulneráveis incluam habitualmente os
mencionados em 6.3.7.2, poderão existir outros grupos vulneráveis na comunidade particular onde a
organização opera.
A discriminação também poderá ser indirecta. Isto ocorre quando uma disposição, um critério ou uma prática
aparentemente neutra coloca as pessoas com um atributo particular em desvantagem quando comparadas
com outras pessoas, a não ser que essa disposição, critério ou prática seja objectivamente justificada por um
objectivo legítimo e as formas de atingir esse fim sejam adequadas e necessárias.

6.3.7.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá ter o cuidado de assegurar que não discrimina trabalhadores subordinados,
parceiros, compradores, partes interessadas, membros e qualquer outra pessoa com a qual tenha contacto ou
sobre a qual possa existir um impacte.
A organização deverá examinar as suas próprias operações e as de outras partes na sua esfera de influência
para determinar se existe discriminação directa ou indirecta. Deverá também assegurar-se de que não está a
contribuir para práticas discriminatórias em todas as relações ligadas às suas actividades. Se for este o caso,
uma organização deverá encorajar e apoiar outras partes na sua responsabilidade de prevenir a discriminação.
Se tal não for bem-sucedido, deverá reconsiderar as suas relações com essas organizações. Poderá, por
exemplo, efectuar uma análise das formas típicas através das quais interage com as mulheres, por
comparação com os homens, e considerar se as políticas e decisões a este respeito são objectivas ou
reflectem modelos estereotipados. Poderá desejar procurar aconselhamento junto de organizações locais ou
internacionais com competência na área dos direitos humanos. Uma organização poderá orientar-se pelos
resultados e recomendações de procedimentos de monitorização ou de investigação internacionais ou
nacionais.
Uma organização deverá ter em consideração facilitar a consciencialização dos seus direitos entre os
membros de grupos vulneráveis.
Uma organização deverá também contribuir para reparar a discriminação ou o legado de discriminações
passadas, sempre que praticável. Por exemplo, deverá esforçar-se por empregar ou fazer negócios com
organizações geridas por pessoas de grupos historicamente discriminados; quando exequível, deverá apoiar
esforços para aumentar o acesso à educação, às infra-estruturas ou aos serviços sociais por parte de grupos a
quem é negado acesso completo.
Uma organização poderá assumir uma visão positiva e construtiva da diversidade entre as pessoas com as
quais interage. Poderá considerar não só os aspectos dos direitos humanos, mas também os ganhos para as
suas próprias operações em termos de valor acrescentado pelo pleno desenvolvimento de relações e recursos
humanos multifacetados.
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Os seguintes exemplos de grupos vulneráveis são descritos juntamente com expectativas específicas e acções
relacionadas:
− Mulheres e meninas compreendem metade da população mundial, mas é-lhes frequentemente negado o
acesso a recursos e oportunidades em condições de igualdade com homens e rapazes. As mulheres têm o
direito de usufruir de todos os direitos humanos sem discriminação, incluindo na educação, no emprego e
nas actividades económicas e sociais, bem como o direito de decidir sobre assuntos relacionados com o
casamento e a família e o direito de tomar decisões sobre a sua saúde reprodutiva. As políticas e
actividades de uma organização deverão ter o devido respeito pelos direitos das mulheres e promover a
igualdade de tratamento entre mulheres e homens nas esferas económica, social e política [133][149].
− Pessoas com deficiência são frequentemente vulneráveis, em parte, devido a percepções erradas sobre as
suas competências e capacidades. Uma organização deverá contribuir para assegurar que seja reconhecido
aos homens e mulheres com deficiência dignidade, autonomia e plena participação na sociedade. O
princípio da não discriminação deverá ser respeitado e as organizações deverão considerar tomar as
medidas razoáveis para permitir a acessibilidade às instalações.
− Crianças são particularmente vulneráveis, em parte devido ao seu estatuto de dependentes. Ao ter uma
actuação que pode afectar crianças, a consideração fundamental deverá ser a do superior interesse da
criança. Os princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança, que incluem a não discriminação, os
direitos da criança à vida, à sobrevivência, ao desenvolvimento e à liberdade de expressão, deverão ser
sempre respeitados e tidos em consideração [81][82][116][117][135][147][148]. As organizações deverão ter políticas
para dissuadir que os seus trabalhadores se envolvam na exploração sexual e em outro tipo de exploração
de crianças.
− Povos indígenas poderão ser considerados um grupo vulnerável porque têm experimentado a
discriminação sistemática que inclui a colonização, a expropriação das suas terras, o estatuto distinto do
dos outros cidadãos e violações nos seus direitos humanos. Os povos indígenas gozam de direitos
colectivos e as pessoas que pertencem aos povos indígenas partilham dos direitos humanos universais, em
particular do direito à igualdade de oportunidades e de tratamento. Os direitos colectivos incluem: a auto-
determinação (que significa o direito de determinar a sua identidade, o seu estatuto político e a forma
como se pretendem desenvolver); o acesso a, e a gestão da terra, da água e dos recursos tradicionais; a
manutenção e o gozo dos seus costumes, cultura, língua e conhecimentos tradicionais, livres de qualquer
discriminação; e a gestão da sua propriedade cultural e intelectual [75][154]. Uma organização deverá
reconhecer e respeitar os direitos dos povos indígenas quando puser em prática as suas decisões e
actividades. Uma organização deverá reconhecer e respeitar o princípio da não discriminação e os direitos
das pessoas que pertençam a povos indígenas quando puser em prática as suas decisões e actividades.
− Migrantes, trabalhadores migrantes e suas famílias poderão também estar em situação vulnerável
devido à sua origem estrangeira ou regional, particularmente se forem migrantes em situação irregular ou
sem documentos. Uma organização deverá respeitar os seus direitos e contribuir para a promoção de um
clima de respeito pelos direitos humanos dos migrantes, dos trabalhadores migrantes e das suas famílias
[78][79][80][142]
.
− Pessoas discriminadas com base na ascendência, incluindo a casta. Centenas de milhões de pessoas
são discriminadas devido ao seu estatuto hereditário ou ascendência. Esta forma de discriminação baseia-
se num historial de violação de direitos justificado pela noção errada de que algumas pessoas são
consideradas impuras ou menos dignas devido ao grupo no qual nasceram. Uma organização deverá
evitar essas práticas e, quando exequível, procurar contribuir para a eliminação desses preconceitos.
− Pessoas discriminadas com base na raça. As pessoas são discriminadas por causa da sua raça,
identidade cultural e origem étnica. Existe um historial de violação de direitos, justificado pela noção
errada de que algumas pessoas são inferiores devido à cor da sua pele ou à sua cultura. O racismo está
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muitas vezes presente em regiões com um historial de escravatura ou de opressão de um grupo racial por
outro [141][150][156].
− Outros grupos vulneráveis incluem, por exemplo, os idosos, os deslocados, os pobres, os analfabetos, as
pessoas portadoras de VIH/SIDA e as minorias e grupos religiosos.

6.3.8 Direitos humanos, questão 6: direitos civis e políticos

6.3.8.1 Descrição da questão


Os direitos civis e políticos compreendem direitos absolutos, como o direito à vida, o direito à vida com
dignidade, o direito a não ser submetido a tortura, o direito à segurança da pessoa, o direito à propriedade
individual, à liberdade e integridade da pessoa, o direito ao respeito das garantias processuais legais e ao
direito de defesa quando se enfrentam acusações criminais. Incluem ainda a liberdade de opinião e de
expressão, a liberdade de reunião pacífica e de associação, a liberdade de adoptar e praticar uma religião, a
liberdade de crença, a liberdade contra interferências arbitrárias na privacidade, na família, no domicílio ou
na correspondência, o direito à honra ou à reputação, o direito de acesso a serviços públicos e o direito de
participar em eleições [143][152].

6.3.8.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá respeitar todos os direitos civis e políticos individuais. Os exemplos incluem, mas
não se limitam aos seguintes:
− vida humana;
− liberdade de opinião e de expressão. Uma organização não deverá suprimir os pontos de vista ou opiniões
de alguém, mesmo quando a pessoa fizer críticas à organização, interna ou externamente;
− liberdade de reunião pacífica e de associação;
− liberdade de procurar, receber e transmitir informações e ideias sob qualquer forma, independentemente
das fronteiras nacionais;
− o direito à propriedade, individualmente ou em associação com outros, e a garantia de não ser
arbitrariamente privado de propriedade; e
− acesso às garantias processuais e o direito a uma defesa justa antes de ser tomada qualquer medida
disciplinar interna. Qualquer medida disciplinar deverá ser proporcionada e não envolver castigo físico ou
tratamento desumano ou degradante.

6.3.9 Direitos humanos, questão 7: direitos económicos, sociais e culturais

6.3.9.1 Descrição da questão


Todas as pessoas, enquanto membros da sociedade, têm os direitos económicos, sociais e culturais
necessários à sua dignidade e ao seu desenvolvimento pessoal. Estes incluem o direito a: educação; trabalho
em condições favoráveis e justas; liberdade de associação; níveis de saúde adequados; níveis de vida
adequados à saúde mental e física e ao seu próprio bem-estar e da sua família; alimentação, roupa, habitação,
cuidados médicos e a necessária protecção social, tais como, segurança na eventualidade de desemprego,
doença, deficiência, morte de cônjuge, velhice ou outra carência de meios de subsistência em circunstâncias
que vão para além do seu controlo; a prática de uma religião e cultura; e oportunidades reais de participar
sem discriminação no processo de tomada de decisão que sustenta práticas positivas e desencoraja práticas
negativas em relação a esses direitos [144].
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6.3.9.2 Expectativas e acções relacionadas


Para respeitar estes direitos, uma organização tem a responsabilidade de exercer a diligência devida para
assegurar que não se envolve em actividades que infrinjam, obstruam ou impeçam o gozo desses direitos.
Seguem-se exemplos daquilo que uma organização deverá fazer para respeitar esses direitos. Uma
organização deverá avaliar os possíveis impactes das suas decisões, actividades, produtos e serviços, assim
como de novos projectos, nestes direitos, incluindo os direitos da população local. Para além disto, não
deverá nem directa nem indirectamente restringir ou negar o acesso a um produto ou recurso essencial, como
a água. Por exemplo, os processos de produção não deverão comprometer o abastecimento de recursos
escassos de água potável. As organizações deverão, quando adequado, considerar a adopção ou a
manutenção de políticas específicas para assegurar uma distribuição eficiente de bens e serviços essenciais,
onde esta distribuição estiver ameaçada.
Uma organização socialmente responsável poderá também contribuir para a concretização desses direitos,
quando adequado, tendo em mente os diferentes papéis e capacidades dos governos e de outras organizações
relacionados com a garantia destes direitos.
A organização poderá considerar, por exemplo:
− facilitar o acesso e, quando possível, disponibilizar apoio e instalações para educação e aprendizagem ao
longo da vida aos membros da comunidade;
− conjugar esforços com outras organizações e instituições governamentais que apoiem o respeito por e a
concretização dos direitos económicos, sociais e culturais;
− explorar formas relacionadas com as suas actividades fundamentais de contribuição para a concretização
desses direitos; e
− adaptar bens ou serviços ao poder de compra das pessoas em situação de pobreza.
Os direitos económicos, sociais e culturais, tal como qualquer outro direito, deverão também ser
considerados no contexto local. Mais linhas de orientação quanto a expectativas e acções relacionadas são
providenciadas em 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.

6.3.10 Direitos humanos, questão 8: princípios e direitos fundamentais no trabalho

6.3.10.1 Generalidades
Os princípios e direitos fundamentais no trabalho centram-se nas questões laborais. Foram adoptados pela
comunidade internacional como direitos humanos fundamentais e, como tal, estão abrangidos pela secção
dos direitos humanos.

6.3.10.2 Descrição da questão


A Organização Internacional do Trabalho (OIT) identificou os direitos fundamentais no trabalho [54].
Estes incluem:
− a liberdade de associação e reconhecimento efectivo do direito à negociação colectiva;
− a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório;
− a abolição efectiva do trabalho infantil; e
− a eliminação da discriminação relativamente ao emprego e ao trabalho.
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6.3.10.3 Expectativas e acções relacionadas


Apesar de estes direitos estarem consagrados em muitas jurisdições, uma organização deverá,
independentemente disso, assegurar que aborda as seguintes questões:
− liberdade de associação e negociação colectiva [62][103]: Os trabalhadores e os empregadores, sem
qualquer distinção, sujeitos apenas às regras da organização envolvida, têm o direito de estabelecer e de
se filiar em organizações da sua escolha sem autorização prévia. As organizações representativas
formadas ou constituídas por trabalhadores deverão ser reconhecidas para fins de negociação colectiva.
Os termos e condições de trabalho e emprego poderão ser estabelecidos por negociação colectiva
voluntária onde os trabalhadores assim escolham. Aos representantes dos trabalhadores deverão ser dadas
instalações adequadas que lhes permitiram fazer o seu trabalho eficazmente e lhes permitam desempenhar
o seu papel sem interferências. As convenções colectivas poderão incluir disposições de resolução de
conflitos. Os representantes dos trabalhadores deverão ter acesso à informação necessária para
negociações sérias. (ver 6.4 para mais informações sobre a liberdade de associação e sobre como a
liberdade de associação e negociação colectiva se relacionam com o diálogo social.)
− trabalho forçado [49][60]: A organização não deverá envolver-se nem beneficiar de qualquer utilização de
trabalho forçado ou obrigatório. Nenhum trabalho ou serviço deverá ser exigido a qualquer pessoa sob a
ameaça de qualquer penalização ou quando o trabalho não for efectuado voluntariamente. Uma
organização não se deverá envolver, nem beneficiar de trabalho prisional, a não ser que os presos tenham
sido condenados por um tribunal e o seu trabalho esteja sob supervisão e controlo de uma autoridade
pública. Para além disto, o trabalho prisional não deverá ser utilizado por organizações privadas, a não ser
que seja efectuado numa base voluntária, conforme evidenciado, entre outras coisas, por condições de
trabalho justas e dignas.
− igualdade de oportunidades e não discriminação [55][57][58]: Uma organização deverá confirmar que as
suas políticas de emprego não incluem qualquer discriminação com base na raça, cor, sexo, religião,
origem nacional, origem social, opinião política, idade ou deficiência. Fundamentos proibidos emergentes
também incluem o estado civil ou familiar, as relações pessoais e o estado de saúde, como o estado
VIH/SIDA. Estes estão de acordo com o princípio geral de que as políticas e práticas de contratação, os
rendimentos do trabalho, as condições de trabalho, o acesso à formação e à promoção e a cessação do
trabalho deverão basear-se apenas nos requisitos do trabalho. As organizações também deverão tomar
medidas para prevenir o assédio no local de trabalho:
− avaliando regularmente o impacte das suas políticas e actividades na promoção da igualdade de
oportunidades e não discriminação;
− adoptando acções positivas para proporcionar a protecção e o progressão de grupos vulneráveis; isto
poderá incluir a instalação de locais de trabalho para pessoas com deficiência para as ajudar a ganhar-a-
vida em condições adequadas e a definição, ou participação em programas que abordem questões como a
promoção do emprego para os trabalhadores jovens ou idosos, a igualdade das oportunidades de emprego
para as mulheres e uma representação mais equilibrada das mulheres em cargos de direcção ou chefia.
− trabalho infantil [81][82][116][117]: A idade mínima para o emprego é determinada através de instrumentos
internacionais (ver Caixa 7). As organizações não deverão envolver-se, nem beneficiar de qualquer
utilização do trabalho infantil. Se uma organização tiver trabalho infantil nas suas operações ou na sua
esfera de influência, deverá, tanto quanto possível, assegurar que não só as crianças são afastadas do
trabalho, como também que lhes são dadas alternativas adequadas, em particular, a educação. Não é
considerado trabalho infantil o trabalho leve que não prejudique a criança nem interfira com a frequência
escolar ou com outras actividades necessárias ao pleno desenvolvimento da criança (como as actividades
recreativas).
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Caixa 7 – Trabalho infantil


[81][116]
As Convenções da OIT disponibilizam o quadro para a lei nacional prescrever a idade mínima de
admissão ao emprego ou ao trabalho, que não pode ser inferior à idade de conclusão da escolaridade
obrigatória e, em qualquer caso, inferior a 15 anos de idade. Em países onde os recursos económicos e
educativos não estão suficientemente desenvolvidos, a idade mínima pode ser 14 anos de idade. Poderá haver
uma excepção para 13 ou 12 anos de idade para “trabalho leve” [81][82]. A idade mínima para trabalho
perigoso – trabalho susceptível de ser prejudicial para a saúde, segurança ou moralidade da criança, em
consequência da sua natureza ou das circunstâncias em que é efectuado – é 18 de idade em todos os países
[116][117]
(ver tabela abaixo).
A expressão “trabalho infantil” não deverá ser confundida com “trabalho de jovens” ou “trabalho de
estudantes”, que poderá ser legítimo e desejável, se efectuado como parte de uma aprendizagem ou de um
programa de formação genuíno que esteja em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis.
O trabalho infantil é uma forma de exploração que constitui uma violação de um direito humano. O trabalho
infantil prejudica o desenvolvimento físico, social, mental, psicológico e espiritual da criança. O trabalho
infantil priva os meninos e as meninas da sua infância e da sua dignidade. Eles são privados da escolaridade
e poderão ser afastados das suas famílias. As crianças que não concluem o ensino básico têm fortes
probabilidades de permanecerem analfabetas e de nunca adquirirem as competências necessárias para
arranjarem um trabalho que lhes permita contribuir para o desenvolvimento de uma economia moderna.
Consequentemente, o trabalho infantil resulta em trabalhadores não especializados e sem qualificações e
coloca em risco futuras melhorias das competências da força de trabalho e o desenvolvimento económico e
social futuro. O trabalho infantil pode também privar os trabalhadores jovens e adultos de trabalho e
pressionar a diminuição de salários.
Uma organização deverá esforçar-se por eliminar todas as formas de trabalho infantil. Os esforços para
eliminar as piores formas de trabalho infantil não deverão ser utilizados para justificar outras formas de
trabalho infantil. Uma organização deverá analisar as diferentes circunstâncias das meninas e dos meninos e
as diferentes formas pelas quais as crianças de populações étnicas ou populações que sejam alvo de
discriminação são afectadas, para que medidas de correcção e prevenção possam ser direccionadas e
eficazes.
Quando crianças com idade inferior à idade legal para trabalhar são descobertas no local de trabalho, deverão
ser tomadas medidas para as retirar do trabalho. Até onde for possível, uma organização deverá ajudar a
criança que foi retirada do local de trabalho e a sua família a terem acesso a serviços adequados e a
alternativas viáveis e, assim, assegurar que a criança não se voltará a encontrar na mesma situação ou numa
situação pior, seja a trabalhar noutro local ou a ser explorada.

A eliminação de forma eficaz do trabalho infantil exige a ampla colaboração da sociedade. Uma organização
deverá cooperar com outras organizações e agências governamentais de modo a libertar as crianças do
trabalho e dar-lhes uma educação livre, a tempo inteiro e de qualidade.

Países desenvolvidos Países em desenvolvimento

Trabalho regular pelo menos 15 anos pelo menos 14 anos


Trabalho perigoso 18 anos 18 anos
Trabalho leve 13 anos 12 anos
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6.4 Práticas laborais

6.4.1 Visão geral das práticas laborais

6.4.1.1 Organizações e práticas laborais


As práticas laborais de uma organização envolvem todas as políticas e práticas relacionadas com o trabalho
executado no seu seio, por ou em nome da organização, incluindo o trabalho subcontratado.
As práticas laborais ultrapassam a relação de uma organização com os seus trabalhadores subordinados
directos ou com as responsabilidades que uma organização tem num local de trabalho que possua ou controle
directamente.
As práticas laborais incluem o recrutamento e a promoção de trabalhadores; procedimentos disciplinares e de
resolução de conflitos; a transferência e deslocalização de trabalhadores; a cessação da relação de trabalho; a
formação e o desenvolvimento de competências; a saúde, segurança e higiene no trabalho; e qualquer
política ou prática que afectem as condições de trabalho, em particular, o tempo de trabalho e a remuneração.
As práticas laborais também incluem o reconhecimento das organizações representativas dos trabalhadores e
a representação e a participação tanto de organizações dos trabalhadores como dos empregadores na
negociação colectiva, no diálogo social e na consulta tripartida (ver Caixa 8) para abordar as questões sociais
relacionadas com o trabalho e o emprego.
Caixa 8 – A Organização Internacional do Trabalho
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência das Nações Unidas com uma estrutura
tripartida (governos, trabalhadores e empregadores) que foi estabelecida com o objectivo de definir normas
internacionais do trabalho. Estas normas mínimas constituem instrumentos jurídicos que definem princípios
fundamentais universais e direitos no trabalho. Elas dizem respeito aos trabalhadores de todo o mundo, que
trabalhem em qualquer tipo de organização e se destinam a evitar a concorrência desleal baseada na
exploração e no abuso. As normas da OIT são desenvolvidas por negociação tripartida ao nível internacional
entre governos, trabalhadores e empregadores e são adoptadas por votação dos três constituintes.
Os instrumentos da OIT mantêm-se actualizados através de um processo de revisão e através da
jurisprudência de um mecanismo formal de supervisão que interpreta o significado e a aplicação correcta das
normas da OIT. As Convenções e Recomendações da OIT, juntamente com a Declaração relativa aos
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT, de 1998 [54] e a Declaração de Princípios Tripartida
da Organização Internacional do Trabalho sobre Empresas Multinacionais e Política Social, de 1977 (última
revisão em 2006) [74], constituem as linhas de orientação mais importantes relativamente às práticas laborais
e a algumas outras questões sociais importantes.
A OIT procura promover oportunidades para mulheres e homens de conseguirem um trabalho digno e
produtivo, que se define como trabalho efectuado em condições de liberdade, equidade, segurança e
dignidade humana.

6.4.1.2 Práticas laborais e responsabilidade social


A criação de postos de trabalho, bem como salários e outras compensações a pagar pelo trabalho efectuado,
estão entre as mais importantes contribuições económicas e sociais de uma organização. O trabalho útil e
produtivo é um elemento fundamental no desenvolvimento humano; os níveis de vida são melhorados
através do pleno emprego e da segurança no emprego. A sua ausência é a principal causa dos problemas
sociais. As práticas laborais têm um enorme impacte no respeito pelo estado de direito e no sentido da justiça
presente na sociedade: práticas laborais socialmente responsáveis são fundamentais para a justiça social, a
estabilidade e a paz [67].
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6.4.2 Princípios e considerações

6.4.2.1 Princípios
Um princípio fundamental da Declaração de Filadélfia da OIT, de 1944 [72] é que o trabalho não é uma
mercadoria. Isto significa que os trabalhadores não deverão ser tratados como um factor de produção nem
deverão estar sujeitos às mesmas forças de mercado que se aplicam às mercadorias. A vulnerabilidade
inerente aos trabalhadores e a necessidade de proteger os seus direitos fundamentais encontram-se reflectidas
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais
e Culturais [144][156]. Os princípios envolvidos incluem o direito de todos ganharem a vida através de um
trabalho escolhido livremente e o direito a condições de trabalho justas e favoráveis.

6.4.2.2 Considerações
Os direitos humanos reconhecidos pela OIT como constituindo os direitos fundamentais no trabalho são
abordados em 6.3.10. Muitas outras convenções e recomendações da OIT complementam e reforçam as
várias disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os seus dois pactos mencionados na
Caixa 6 e poderão ser utilizados como fonte de linhas de orientação práticas quanto ao significado dos vários
direitos humanos.
A principal responsabilidade por assegurar um tratamento justo e equitativo dos trabalhadores cabe aos
governos. Isto consegue-se mediante:
− a adopção de legislação consistente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as normas do
trabalho aplicáveis da OIT;
− a aplicação dessa legislação, incluindo através do desenvolvimento e do financiamento de sistemas
nacionais de inspecção do trabalho; e
− a garantia que os trabalhadores e as organizações têm o indispensável acesso à justiça.
As leis e as práticas laborais variam de país para país.
Quando os governos falharem em legislar, uma organização deverá reger-se pelos princípios subjacentes a
estes instrumentos internacionais. Quando a legislação for adequada, a organização deverá obedecer à lei,
mesmo se a aplicação por parte do governo for inadequada.
É importante distinguir entre o papel do governo como órgão do Estado e o seu papel como um empregador.
Os organismos governamentais ou as organizações propriedade do Estado têm a mesma responsabilidade
pelas suas práticas laborais que as outras organizações.

6.4.3 Práticas laborais, questão 1: emprego e relações de trabalho

6.4.3.1 Descrição da questão


O significado do trabalho para o desenvolvimento humano é universalmente aceite. Enquanto empregadora,
uma organização contribui para um dos objectivos da sociedade mais amplamente aceites, nomeadamente a
melhoria dos níveis de vida através do pleno emprego, da segurança no emprego e do trabalho digno.
Cada país dispõe de um quadro legal que regula as relações entre empregadores e trabalhadores
subordinados. Embora os testes e os critérios precisos para determinar se existe uma relação de trabalho
variem de país para país, o facto de o poder das partes contratantes não ser igual e, por conseguinte, de os
trabalhadores necessitarem de uma protecção adicional, é universalmente aceite e constitui a base da
legislação laboral.
A relação de trabalho confere direitos e impõe obrigações tanto aos empregadores como aos trabalhadores
subordinados no interesse da organização e da sociedade.
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Nem todo o trabalho é efectuado no âmbito de uma relação de trabalho. O trabalho e os serviços são também
efectuados por homens e mulheres que são trabalhadores independentes; nestas situações, as partes são
consideradas independentes umas das outras e têm uma relação mais igualitária e comercial. A distinção
entre relações comerciais e de trabalho nem sempre é clara e é, por vezes, erradamente classificada, com a
consequência de os trabalhadores nem sempre receberem a protecção e os direitos de que são titulares. É
importante tanto para a sociedade como para as pessoas que realizam o trabalho que o quadro legal e
institucional adequado seja reconhecido e aplicado. Quer o trabalho seja realizado mediante contrato de
trabalho ou contrato comercial, todas as partes de um contrato têm o direito de conhecer os seus direitos e
responsabilidades e de dispor dos recursos adequados no caso de as condições do contrato não serem
respeitadas. [56].
Neste contexto, entende-se por trabalho, aquele que é efectuado para obter uma remuneração, pelo que não
inclui as actividades levadas a cabo por verdadeiros voluntários. Todavia, as organizações deverão adoptar
políticas e medidas para lidar com a sua responsabilidade legal e o seu dever de protecção em relação aos
voluntários.

6.4.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− ter a certeza de que todo o trabalho é efectuado por mulheres e homens que sejam legalmente
reconhecidos como trabalhadores subordinados ou como trabalhadores independentes;
− não procurar fugir às obrigações que a lei impõe ao empregador disfarçando relações que, de outro modo,
seriam reconhecidas como relações de trabalho, segundo a lei;
− reconhecer a importância da segurança no emprego tanto para o trabalhador individual como para a
sociedade: utilizar activamente o planeamento da força de trabalho para evitar recorrer a trabalho
efectuado de forma eventual ou o uso excessivo de trabalho efectuado de forma precária, excepto quando
a natureza do trabalho seja genuinamente de curto prazo ou sazonal;
− providenciar pré-avisos razoáveis, informação atempada e, juntamente com os representantes dos
trabalhadores, onde eles existam, considerar formas de mitigar o mais possível impactes adversos quando
se ponderem alterações nas suas operações, como encerramentos que afectem o emprego [107][108];
− assegurar a igualdade de oportunidades para todos os trabalhadores e não discriminar, directa ou
indirectamente, em qualquer prática laboral;
− eliminar quaisquer práticas de despedimento arbitrárias ou discriminatórias [107][108];
− proteger os dados pessoais e a privacidade dos trabalhadores [52];
− tomar medidas para assegurar que o trabalho é contratado ou subcontratado apenas a organizações que
sejam legalmente reconhecidas ou que sejam de outra forma capazes e dispostas a assumir as
responsabilidades de um empregador e a proporcionar condições de trabalho dignas. Uma organização
deverá recorrer apenas a intermediários de trabalho que sejam legalmente reconhecidos e onde outros
acordos para a realização do trabalho confiram direitos legais àqueles que executam o trabalho [95][96]. Os
trabalhadores no domicílio não deverão ser tratados de forma menos favorável do que outros
trabalhadores remunerados [68];
− não tirar benefícios de práticas laborais desleais, exploradoras ou abusivas dos seus parceiros,
fornecedores ou subcontratados, incluindo trabalhadores no domicílio. Uma organização deverá
desenvolver esforços razoáveis para encorajar as organizações na sua esfera de influência a prosseguirem
práticas laborais responsáveis, reconhecendo que um elevado nível de influência tem fortes hipóteses de
corresponder a um elevado nível de responsabilização por exercer essa influência. Dependendo da
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situação e da influência, esforços razoáveis poderão incluir: estabelecer obrigações contratuais com
fornecedores e subcontratados; fazer visitas inesperadas e inspecções; e exercer a diligência devida na
supervisão de subcontratados e intermediários. Quando é esperado que fornecedores e subcontratados
estejam em conformidade com um código de práticas laborais, o código deverá ser consistente com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e os princípios subjacentes às normas de trabalho aplicáveis
da OIT (ver 5.2.3 para informações adicionais sobre responsabilidades na esfera de influência); e
− quando operar internacionalmente, esforçar-se para aumentar o emprego, o desenvolvimento profissional
(ocupacional), a promoção e o progressão dos cidadãos do país anfitrião. Isto inclui fornecimento e
distribuição através de empresas locais, onde praticável [74].

6.4.4 Práticas laborais, questão 2: condições de trabalho e protecção social

6.4.4.1 Descrição da questão


As condições de trabalho incluem salários e outras formas de remuneração, tempo de trabalho, períodos de
descanso, férias, práticas disciplinares e de despedimento, protecção da maternidade e assuntos de bem-estar
como água potável segura, saneamento, cantinas e acesso a serviços médicos. Muitas das condições de
trabalho são definidas por leis e regulamentos nacionais ou por acordos juridicamente vinculativos entre
aqueles para quem o trabalho é efectuado e aqueles que efectuam o trabalho. O empregador determina muitas
das condições de trabalho.
As condições de trabalho afectam substancialmente a qualidade de vida dos trabalhadores e das suas famílias
e também o desenvolvimento económico e social. Deverá dar-se a atenção justa e adequada à qualidade das
condições de trabalho.
A protecção social refere-se a todas as garantias legais e às políticas e práticas organizacionais destinadas a
compensar a diminuição ou a perda de rendimento em caso de acidente de trabalho, doença, maternidade,
paternidade, velhice, desemprego, deficiência ou dificuldades financeiras e a proporcionar cuidados médicos
e apoios às famílias. A protecção social desempenha um papel importante na preservação da dignidade
humana e no estabelecimento de um sentido de equidade e justiça social. Geralmente, a responsabilidade
primária pela protecção social cabe ao Estado.

6.4.4.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− assegurar que as condições de trabalho cumprem as leis e regulamentos nacionais e são consistentes com
as normas internacionais do trabalho aplicáveis;
− respeitar os níveis mais elevados das disposições estabelecidas por outros instrumentos juridicamente
vinculativos aplicáveis, como os acordos (as convenções) colectivos;
− observar, pelo menos, as disposições mínimas definidas nas normas internacionais do trabalho conforme
estabelecido pela OIT, especialmente quando ainda não tiver sido adoptada legislação nacional;
− proporcionar condições de trabalho dignas relativamente à retribuição [83][84][97][98], duração do trabalho
[61][65][66][85][86][102]
, descanso semanal, férias [63][64][109][110][111], saúde e segurança, protecção da maternidade
[76][77][106]
e conciliação das responsabilidades profissionais e familiares [114][115];
− sempre que possível, permitir a observância das tradições e dos costumes nacionais ou religiosos;
− proporcionar condições de trabalho para todos os trabalhadores que permitam, o mais possível, o
equilíbrio trabalho-vida e sejam comparáveis com as oferecidas por empregadores semelhantes na
localidade em questão [74];
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− proporcionar salários e outras formas de remuneração de acordo com as leis, os regulamentos ou


convenções colectivas nacionais. Uma organização deverá pagar salários no mínimo adequados às
necessidades dos trabalhadores e das suas famílias. Ao fazê-lo, deverá ter em conta o nível geral dos
salários no país, o custo de vida, os benefícios da segurança social e os padrões de vida relativos de outros
grupos sociais. Deverá também ter em conta factores económicos, incluindo os requisitos do
desenvolvimento económico, os níveis de produtividade e a necessidade de atingir e manter um elevado
nível de emprego. Na determinação de salários e condições de trabalho que reflictam estas considerações,
uma organização deverá negociar colectivamente com os seus trabalhadores ou seus representantes, em
particular sindicatos, quando eles o desejarem, de acordo com os sistemas nacionais de negociação
colectiva [74][103];
− proporcionar pagamento igual por trabalho de igual valor [57][58];
− pagar directamente as retribuições aos trabalhadores em causa, salvo qualquer restrição ou dedução
permitida por lei, regulamento ou acordos colectivos [97][98][99];
− cumprir qualquer obrigação relacionada com as disposições de protecção social para trabalhadores no país
em que opera [74];
− respeitar o direito dos trabalhadores de praticar a duração de trabalho normal ou acordada definida nas
leis, regulamentos ou acordos colectivos. Deverá também proporcionar aos trabalhadores descanso
semanal e férias anuais pagas [63][64][109][110];
− respeitar as responsabilidades familiares dos trabalhadores proporcionando durações de trabalho
razoáveis, licença parental e, quando possível, cuidados infantis e outros recursos que possam ajudar os
trabalhadores a atingir um equilíbrio trabalho-vida adequado; e
− compensar os trabalhadores pelo trabalho suplementar de acordo com as leis, regulamentos ou acordos
colectivos. Quando pedir aos trabalhadores para trabalharem horas suplementares, a organização deverá
ter em conta os interesses, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores envolvidos e qualquer risco
inerente ao trabalho. Uma organização deverá cumprir as leis e regulamentos que proíbem o trabalho
suplementar obrigatório e não pago [83][84][97][98][99] e respeitar sempre os direitos humanos fundamentais
dos trabalhadores relativamente ao trabalho forçado [60].

6.4.5 Práticas laborais, questão 3: diálogo social

6.4.5.1 Descrição da questão


O diálogo social inclui todos os tipos de negociação, consulta ou troca de informações entre representantes
de governos, empregadores e trabalhadores, sobre assuntos de interesse comum relacionados com questões
económicas e sociais. Pode ter lugar entre representantes dos empregadores e dos trabalhadores, sobre
assuntos que afectem os seus interesses, e pode também incluir governos quando estiverem em jogo factores
mais vastos, como legislação e política social.
Para o diálogo social são necessárias partes independentes. Os representantes dos trabalhadores deverão ser
eleitos livremente, de acordo com as leis, regulamentos ou acordos colectivos nacionais, quer pelos membros
do seu sindicato, quer pelos trabalhadores em questão. Não deverão ser designados pelo governo ou pelo
empregador. Ao nível da organização, o diálogo social assume várias formas, incluindo mecanismos de
informação e consulta, como comissões de trabalhadores e negociação colectiva. As organizações sindicais e
de empregadores, enquanto representantes escolhidos para as respectivas partes, têm um papel
particularmente importante a desempenhar no diálogo social.
O diálogo social baseia-se no reconhecimento de que os empregadores e trabalhadores têm não só interesses
mútuos como concorrentes e em muitos países tem um papel significativo nas relações industriais, na
formulação de políticas e na governação.
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O diálogo social eficaz proporciona um mecanismo para o desenvolvimento de políticas e a descoberta de


soluções que tenham em consideração as prioridades e necessidades tanto dos empregadores como dos
trabalhadores e isso permite ter resultados significativos e duradoiros tanto para a organização como para a
sociedade. O diálogo social pode contribuir para o estabelecimento de princípios democráticos e de
participação no local de trabalho, para uma melhor compreensão entre a organização e aqueles que executam
o seu trabalho e para relações trabalhadores-administração saudáveis, minimizando assim o recurso oneroso
a conflitos industriais. O diálogo social é um meio poderoso de gerir a mudança. Pode ser utilizado para
conceber o desenvolvimento de programas de competências, que contribuam para o desenvolvimento
humano e melhorem a produtividade, ou para minimizar os impactes sociais adversos da mudança nas
operações das organizações. O diálogo social pode também introduzir transparência nas condições sociais
dos subcontratados.
O diálogo social pode existir sob várias formas e pode ocorrer a vários níveis. Os trabalhadores poderão
desejar constituir grupos com uma maior cobertura profissional, inter-profissional ou geográfica. Os
empregadores e os trabalhadores encontram-se na melhor posição para decidirem conjuntamente o nível mais
adequado. Uma forma de fazer isto é adoptando acordos-quadro complementados por acordos locais ao nível
da organização, de acordo com as leis ou práticas nacionais.
Por vezes, o diálogo social pode abordar assuntos objecto de litígio e, nesse caso, as partes poderão
estabelecer um processo de resolução de conflitos. O diálogo social pode também dizer respeito a queixas,
para as quais a existência de um mecanismo de reclamação é importante, particularmente em países onde os
direitos e os princípios fundamentais no trabalho não estejam adequadamente protegidos. Esse mecanismo de
reclamação pode também aplicar-se à força de trabalho subcontratada.
O diálogo social internacional é uma tendência crescente e inclui diálogo regional e global e acordos entre
organizações que operem internacionalmente e organizações sindicais internacionais.

6.4.5.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá [53][59][113]:
− reconhecer a importância para as organizações das instituições de diálogo social, incluindo ao nível
internacional, e das estruturas de negociação colectiva apropriadas;
− respeitar sempre o direito dos trabalhadores de constituírem ou de se filiarem nas suas organizações
próprias para promoverem os seus interesses ou negociarem colectivamente;
− não colocar entraves aos trabalhadores que desejem constituir ou filiar-se nas suas próprias organizações e
negociar colectivamente, por exemplo despedindo-os ou discriminando-os, através de represálias ou
fazendo qualquer ameaça directa ou indirecta para criar uma atmosfera de intimidação ou medo;
− quando as alterações nas operações possam ter um grande impacte no emprego, providenciar pré-avisos
razoáveis às autoridades governamentais e aos representantes dos trabalhadores adequados, para que as
implicações possam ser examinadas conjuntamente para mitigar qualquer impacte adverso na maior
medida possível;
− tanto quanto possível, e na medida em que isso for razoável e não perturbador, proporcionar aos
representantes dos trabalhadores, devidamente designados, o acesso aos decisores autorizados, aos locais
de trabalho, aos trabalhadores que representam, aos recursos necessários para que exerçam o seu papel e a
informações que lhes permita ter uma imagem verdadeira e justa do estado financeiro e das actividades da
organização; e
− abster-se de encorajar os governos a restringirem o exercício de direitos internacionalmente reconhecidos
de liberdade de associação e de negociação colectiva. Por exemplo, as organizações deverão evitar
localizar uma subsidiária ou obter fornecimentos de empresas situadas em zonas industriais
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especializadas onde a liberdade de associação é restringida ou proibida, mesmo que a legislação nacional
reconheça esse direito, e deverão abster-se de participar em esquemas de incentivos baseados nessas
restrições.
As organizações poderão também desejar considerar a participação, quando adequado, em organizações de
empregadores como meio de criarem oportunidades para o diálogo social e de estenderem a sua expressão da
responsabilidade social através desses canais.

6.4.6 Práticas laborais, questão 4: saúde e segurança no trabalho

6.4.6.1 Descrição da questão


A saúde e segurança no trabalho dizem respeito à promoção e à manutenção do mais elevado nível de
bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores e à prevenção de danos à saúde causados pelas condições
de trabalho. Também estão relacionadas com a protecção dos trabalhadores de riscos para a saúde e com a
adaptação do ambiente de trabalho às necessidades fisiológicas e psicológicas dos trabalhadores.
O custo financeiro e social das doenças, lesões e mortes associadas ao trabalho na sociedade é pesado. A
poluição acidental e crónica e outros perigos do local de trabalho que são prejudiciais para os trabalhadores
poderão também ter impacte nas comunidades e no ambiente. (Para mais informações sobre perigos
ambientais, ver 6.5). Preocupações relativas a saúde e segurança surgem em relação a equipamentos,
processos, práticas e substâncias (químicas, físicas e biológicas) perigosos.
6.4.6.2 Expectativas e acções relacionadas
Uma organização deverá [50][51][70][72][86][87][88][89][90][99][100][101][103][104][105][112]:
− desenvolver, implementar e manter uma política de saúde e segurança no trabalho baseada no princípio de
que fortes padrões de segurança e saúde e o desempenho organizacional apoiam-se e reforçam-se
mutuamente;
− compreender e aplicar os princípios de gestão de saúde e segurança, incluindo a hierarquia de controlos:
eliminação, substituição, controlos técnicos de engenharia, controlos administrativos, procedimentos de
trabalho e equipamento de protecção pessoal;
− analisar e controlar os riscos para a saúde e segurança envolvidos nas suas actividades;
− transmitir aos trabalhadores a necessidade de cumprirem sempre todas as práticas de segurança e
assegurar que os trabalhadores seguem os procedimentos adequados;
− providenciar o equipamento de segurança necessário, incluindo equipamento de protecção pessoal, para
prevenção de lesões, doenças e acidentes no trabalho, bem como para lidar com emergências;
− registar e investigar todos os incidentes e problemas relacionados com saúde e segurança a fim de os
minimizar ou eliminar;
− abordar os modos específicos como os riscos de saúde e segurança no trabalho (SST) afectam de forma
diferente as mulheres (como as grávidas, as que foram mães recentemente ou as que estão a amamentar) e
os homens ou os trabalhadores em circunstâncias particulares, como as pessoas com deficiência ou os
trabalhadores inexperientes ou mais jovens;
− providenciar protecção de saúde e segurança igual em relação a trabalhadores a tempo parcial e
temporários, bem como a trabalhadores subcontratados;
− procurar eliminar os perigos psicossociais no local de trabalho, que contribuem ou levam a stress e
doença;
− proporcionar formação adequada a todo o pessoal sobre todos os assuntos relevantes;
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− respeitar o princípio de que as medidas de saúde e segurança no local de trabalho não deverão envolver
despesas pecuniárias por parte dos trabalhadores; e
− basear os seus sistemas de saúde, segurança e ambiente na participação dos trabalhadores a que dizem
respeito (ver Caixa 9) e reconhecer e respeitar os direitos dos trabalhadores de:
− obter informações atempadas, completas e precisas relativamente aos riscos de saúde e segurança e às
melhores práticas utilizadas para abordar esses riscos;
− informarem-se livremente e serem consultados sobre todos os aspectos da sua saúde e segurança
relacionados com o seu trabalho;
− recusar trabalho que seja razoavelmente considerado como apresentando um perigo iminente ou grave
para a sua vida ou saúde ou para as vidas e saúde de outros;
− procurar aconselhamento externo junto de organizações de trabalhadores e de empregadores e de
outras entidades competentes;
− relatar questões de saúde e segurança às autoridades competentes;
− participar em decisões e actividades em matéria de saúde e segurança, incluindo a investigação de
incidentes e acidentes; e
− estarem isentos de ameaças de represálias por adoptarem qualquer destas acções [18][19][36][38][55][56]
[57][58][68][69][72][73][80]
.
Caixa 9 – Comissões mistas de trabalho/gestão da saúde e segurança
Um programa eficaz de saúde e segurança no trabalho depende do envolvimento dos trabalhadores.
Comissões conjuntas de trabalho /gestão para questões de de saúde e segurança poderão ser a parte mais
importantes no programa de saúde e segurança de uma organização. As comissões conjuntas poderão:
− recolher informações;
− desenvolver e divulgar manuais de segurança e programas de formação;
− relatar, registar e investigar acidentes; e
− inspeccionar e responder a problemas levantados pelos trabalhadores ou pela gestão.
Os representantes dos trabalhadores nestas comissões não deverão ser nomeados pela gestão, mas eleitos
pelos próprios trabalhadores. A participação nestas comissões deverá ser igualmente repartida entre os
representantes da gestão e dos trabalhadores e deverá incluir tanto homens como mulheres, sempre que
possível. As comissões deverão ter a dimensão suficiente para que todos os turnos, secções e locais da
organização estejam representados. Não deverão ser consideradas como substitutas das comissões de
trabalhadores ou das organizações de trabalhadores.

6.4.7 Práticas laborais, questão 5: desenvolvimento humano e formação no local de trabalho

6.4.7.1 Descrição da questão


O desenvolvimento humano inclui o processo de alargar as escolhas das pessoas expandindo as capacidades
e a actividade humanas, permitindo assim que mulheres e homens tenham vidas longas e saudáveis, sejam
bem informados e tenham um padrão de vida decente. O desenvolvimento humano também inclui o acesso a
oportunidades políticas, económicas e sociais, para ser criativo e produtivo e para gozar de auto-estima e da
consciência de pertença a uma comunidade e de contribuição para a sociedade.
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As organizações poderão utilizar políticas e iniciativas no local de trabalho para promover o


desenvolvimento humano abordando preocupações sociais importantes, como a luta contra a discriminação,
o equilíbrio das responsabilidades familiares, a promoção da saúde e bem-estar e melhorando a diversidade
da sua força de trabalho. Também poderão utilizar as políticas e iniciativas no local de trabalho para
aumentar a capacidade e a empregabilidade das pessoas. Empregabilidade refere-se a experiências,
competências e qualificações que aumentem a capacidade de uma pessoa para assegurar e manter um
trabalho digno.
6.4.7.2 Expectativas e acções relacionadas
Uma organização deverá [69][70][74][91][92][93][94]:
− proporcionar a todos os trabalhadores em todas as etapas da sua experiência no trabalho o acesso ao
desenvolvimento de competências, a formação e aprendizagem e oportunidades de progressão na carreira,
numa base de igualdade e não discriminação;
− assegurar que, quando necessário, os trabalhadores excedentários são apoiados na obtenção de um novo
emprego, formação e aconselhamento;
− estabelecer programas-conjunto trabalhadores-administração que promovam a saúde e o bem-estar.

6.5 Ambiente

6.5.1 Visão geral do ambiente

6.5.1.1 Organizações e ambiente


As decisões e actividades das organizações têm, invariavelmente, impacte no ambiente, independentemente
do local onde se encontrem as organizações. Esse impacte pode estar associado à utilização de recursos por
parte da organização, à localização das actividades da organização, à geração de poluição e resíduos e aos
impactes das actividades da organização nos habitats naturais. Para reduzir o seu impacte ambiental, as
organizações deverão adoptar uma abordagem integrada que tenha em conta as implicações económicas,
sociais, na saúde e ambientais, directas e indirectas, das suas decisões e actividades.

6.5.1.2 O ambiente e a responsabilidade social


A sociedade enfrenta muitos desafios ambientais, incluindo a depleção de recursos naturais, poluição,
alterações climáticas, destruição de habitats, perda de espécies, o colapso de ecossistemas inteiros e a
degradação de povoamentos humanos urbanos e rurais. À medida que a população mundial cresce e o
consumo aumenta, estas alterações constituem ameaças cada vez maiores para a segurança e saúde humana e
para o bem-estar da sociedade. É necessário identificar opções para reduzir e eliminar volumes e padrões
insustentáveis de produção e consumo e assegurar que o consumo de recursos por pessoa se torna
sustentável. As questões ambientais ao nível local, regional e global estão interligadas. Abordá-las exige uma
estratégia abrangente, sistemática e colectiva.
A responsabilidade ambiental é uma pré-condição para a sobrevivência e prosperidade dos seres humanos. É,
por conseguinte, um aspecto importante da responsabilidade social. As questões ambientais estão
estreitamente ligadas a outros temas fundamentais e questões da responsabilidade social. A educação
ambiental e a criação de capacidades são fundamentais para a promoção do desenvolvimento de sociedades e
estilos de vida sustentáveis.
Ferramentas técnicas relevantes, como as normas da série ISO 14000 [7][8][9][10][11][12][13][14][15][16][17]
[18][19][20][21][22][23][24][25][26][27][28][29][30][31][32][33]
, poderão ser utilizadas como um enquadramento geral para
auxiliar uma organização a abordar as questões ambientais de uma forma sistemática e deverão ser tidas em
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conta quando se avaliar o desempenho ambiental, na quantificação e relato da emissão de gases com efeito
de estufa, e na avaliação do ciclo de vida, concepção ambiental, rotulagem ambiental e comunicação
ambiental.

6.5.2 Princípios e considerações

6.5.2.1 Princípios
A organização deverá respeitar e promover os seguintes princípios ambientais:
− responsabilidade ambiental: Para além de cumprir leis e regulamentos, uma organização deverá assumir
responsabilidade pelo impacte no ambiente provocado pelas suas actividades em áreas rurais e urbanas e
no ambiente em geral. Ao reconhecer os limites ecológicos, deverá agir para melhorar o seu próprio
desempenho, assim como o desempenho de outros na sua esfera de influência;
− princípio da precaução: Este princípio deriva da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento
[158]
e posteriores declarações e acordos [130][145][172], que apresentam o conceito de, onde existirem ameaças
de danos graves ou irreversíveis para o ambiente ou para a saúde humana, a falta de certeza científica
total não deverá ser utilizada como razão para adiar medidas eficazes para impedir a degradação
ambiental ou danos para a saúde humana. Quando ponderar a relação custo-benefício de uma medida,
uma organização deverá considerar os custos e benefícios a longo prazo dessa medida e não só os custos a
curto prazo para essa organização;
− gestão do risco ambiental: Uma organização deverá implementar programas que utilizem uma
perspectiva baseada no risco e na sustentabilidade para avaliar, evitar, reduzir e mitigar riscos e impactes
ambientais das suas actividades. A organização deverá desenvolver e implementar actividades de
consciencialização e procedimentos de resposta a emergências para reduzir e mitigar impactes ambientais,
de saúde e segurança causados por acidentes e comunicar informação sobre incidentes ambientais às
autoridades competentes e às comunidades locais; e
− poluidor pagador: Uma organização deverá suportar o custo da poluição causada pelas suas actividades
de acordo com a extensão do impacte ambiental na sociedade e a acção de reparação exigida, ou com o
grau em que a poluição ultrapassa um nível aceitável (ver Princípio16 da Declaração do Rio [158]). Uma
organização deverá esforçar-se para internalizar o custo da poluição e quantificar os benefícios
económicos e ambientais da prevenção da poluição, preferencialmente a mitigar os seus impactes com
base no princípio “poluidor pagador”. A organização poderá escolher cooperar com outras para
desenvolver instrumentos económicos, como fundos de contingência para fazer face aos custos dos
grandes incidentes ambientais.

6.5.2.2 Considerações
Nas suas actividades de gestão ambiental, uma organização deverá avaliar a relevância das seguintes
abordagens e estratégias, e empregá-las conforme adequado:
− abordagem do ciclo de vida: Os principais objectivos da abordagem do ciclo de vida são reduzir os
impactes ambientais dos produtos e serviços, assim como melhorar o seu desempenho socioeconómico ao
longo do seu ciclo de vida, ou seja, da extracção de matérias-primas e produção de energia, passando pela
produção e a utilização, até à deposição final (ou eliminação) em fim de vida ou à recuperação. Uma
organização deverá centrar-se nas inovações, não apenas na conformidade, e deverá empenhar-se em
melhorias contínuas no seu desempenho ambiental;
− avaliação do impacte ambiental: Antes de dar início a uma nova actividade ou projecto, uma
organização deverá avaliar o impacte ambiental e utilizar os resultados da avaliação como parte do
processo de tomada de decisão;
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− produção mais limpa e ecoeficiência: Estas são estratégias para satisfazer as necessidades humanas
utilizando recursos de forma mais eficiente e gerando menos poluição e resíduos. Um enfoque importante
consiste em fazer melhorias na origem e não no final de um processo ou actividade. Abordagens de
produção mais limpa e mais segura e de ecoeficiência incluem: aperfeiçoar práticas de manutenção;
actualizar ou introduzir novas tecnologias ou novos processos; reduzir a utilização de materiais e energia;
utilizar energia renovável; racionalizar a utilização de água; eliminar ou gerir de forma segura materiais e
resíduos tóxicos e perigosos; e melhorar a concepção do produto e do serviço;
− uma abordagem de sistema produto-serviço: Isto pode ser utilizado para mudar o enfoque das
interacções do mercado, da venda ou fornecimento de produtos (ou seja, transferência de propriedade
através de venda única ou aluguer) para a venda ou prestação de um sistema de produtos e serviços que
conjuntamente satisfaçam as necessidades do cliente (através de variados mecanismos de serviço e
entrega). Os sistemas produto-serviço incluem aluguer do produto, partilha do produto, utilização em
comum do produto e pagar pelo serviço. Tais sistemas poderão reduzir a utilização de materiais,
dissociam receitas dos fluxos de materiais e envolvem as partes interessadas na promoção da
responsabilidade alargada do produtor ao longo do ciclo de vida de um produto e serviço associado;
− utilização de tecnologias e práticas seguras para o ambiente: Uma organização deverá procurar
adoptar e, quando apropriado, promover o desenvolvimento e a difusão de tecnologias e serviços
comprovados para o ambiente (ver Princípio 9 da Declaração do Rio [158]);
− compras sustentáveis Nas suas decisões de compra, uma organização deverá ter em conta o
desempenho ambiental, social e ético dos produtos ou serviços que são adquiridos, ao longo da totalidade
dos seus ciclos de vida. Quando possível, deverá dar preferência a produtos ou serviços com impactes
minimizados, fazendo uso de esquemas de rotulagem fiáveis e eficazes, verificados de forma
independente, ou outros esquemas de verificação, como rotulagem ambiental ou actividades de auditoria;
e
− aprendizagem e aumento de consciencialização: Uma organização deverá fomentar a
consciencialização e promover a aprendizagem adequada para sustentar os esforços ambientais dentro da
organização e na sua esfera de influência.

6.5.3 Ambiente, questão 1: Prevenção da poluição

6.5.3.1 Descrição da questão


Uma organização pode melhorar o seu desempenho ambiental por prevenção da poluição, incluindo:
− emissões atmosféricas: As emissões atmosféricas de uma organização de poluentes como chumbo,
mercúrio, compostos orgânicos voláteis (COV), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de azoto (NOx),
dioxinas, partículas e substâncias que destroem a camada de ozono poderão causar impacte no ambiente e
na saúde, afectando as pessoas de forma diferente. Estas emissões poderão advir directamente das
instalações e actividades da organização ou ser causadas indirectamente pela utilização ou manuseamento
em fim de vida dos seus produtos e serviços ou pela produção da energia que consome;
− descargas para a água: Uma organização pode causar a poluição da água através de descargas directas,
intencionais ou acidentais para águas superficiais, incluindo o ambiente marinho, o escoamento não
intencional para águas superficiais ou infiltração em lençóis subterrâneos. Estas descargas poderão vir
directamente das instalações de uma organização ou poderão ser provocadas indirectamente pela
utilização dos seus produtos e serviços;
− gestão de resíduos: As actividades de uma organização poderão levar à geração de resíduos líquidos ou
sólidos que, se geridos de forma inadequada, poderão contaminar a água, terra, solos e o espaço exterior.
A gestão responsável de resíduos visa evitar a produção de resíduos. Segue a hierarquia de redução de
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resíduos, ou seja: redução na origem, reutilização, reciclagem e reprocessamento, tratamento e deposição


final (ou eliminação). A hierarquia da redução de resíduos deverá ser utilizada de forma flexível com base
na abordagem do ciclo de vida. Resíduos perigosos, incluindo resíduos radioactivos, deverão ser geridos
de forma adequada e transparente;
− utilização e deposição final (eliminação) de substâncias químicas tóxicas e perigosas: Uma
organização que utilize ou produza substâncias químicas tóxicas e perigosas (tanto as de origem natural
como as produzidas) pode afectar negativamente os ecossistemas e a saúde humana através de impactes
agudos (imediatos) ou crónicos (a longo prazo) resultantes de emissões ou libertações. Estes poderão
afectar as pessoas de forma diferente, dependendo da idade e do género; e
− outras formas de poluição identificáveis: As actividades, os produtos e os serviços de uma organização
poderão causar outras formas de poluição que afectam negativamente a saúde e o bem-estar das
comunidades e que poderão afectar as pessoas de forma diferente. Estas incluem ruído, odor, efeito
visual, poluição luminosa, vibrações, emissões electromagnéticas, radiação, agentes infecciosos (por
exemplo, virais ou bacterianos), emissões de fontes difusas ou dispersas e materiais perigosos biológicos
(por exemplo, espécies invasivas).

6.5.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Para melhorar a prevenção da poluição a partir das suas actividades, uma organização deverá:
− identificar os aspectos e os impactes das suas decisões e actividades no ambiente envolvente;
− identificar as fontes de poluição e resíduos relacionados com as suas actividades;
− medir, registar e comunicar as suas fontes significativas de poluição e a redução da poluição, do consumo
de água, da geração de resíduos e do consumo energético;
− implementar medidas destinadas à prevenção da poluição e dos resíduos, utilizando a hierarquia de gestão
de resíduos, e assegurando a gestão adequada de poluição e resíduos inevitáveis [118];
− envolver-se com as comunidades locais relativamente a emissões e resíduos poluentes reais e potenciais,
riscos relacionados para a saúde e medidas de mitigação reais e propostas;
− implementar medidas para reduzir progressivamente e minimizar a poluição directa e indirecta sob o seu
controlo ou influência, em particular através do desenvolvimento e da promoção da rápida adopção de
produtos e serviços mais adequados ambientalmente;
− revelar publicamente as quantidades e os tipos de materiais tóxicos e perigosos relevantes e significativos
utilizados e libertados, incluindo os riscos conhecidos destes materiais para a saúde humana e para o
ambiente em situações normais de operação, assim como em caso de emissões acidentais;
− sistematicamente identificar e evitar a utilização de:
− produtos químicos proibidos pela lei nacional ou de produtos químicos indesejados listados em
convenções internacionais; e
− quando possível, produtos químicos identificados por organismos científicos ou qualquer outra parte
interessada como sendo preocupantes, com bases razoáveis e verificáveis. Uma organização deverá
também procurar prevenir a utilização desses produtos químicos por organizações na sua esfera de
influência. Os produtos químicos a evitar incluem, mas não se limitam a: substâncias que destroem a
camada de ozono [166], poluentes orgânicos persistentes (POPs) [172] e produtos químicos abrangidos
pela Convenção de Roterdão [173], produtos químicos e pesticidas perigosos (conforme definido pela
Organização Mundial de Saúde), produtos químicos definidos como carcinogéneos (incluindo
exposição a fumo de produtos do tabaco) ou mutagénicos e químicos que afectem a reprodução, sejam
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disruptores endócrinos, ou poluentes orgânicos persistentes, bioacumuláveis e tóxicos (PBTs) e muito


persistentes e muito bioacumuláveis (mPmBs);
− implementar um programa de prevenção e preparação contra acidentes ambientais e preparar um plano de
emergência que abranja acidentes e incidentes dentro e fora das instalações e envolver trabalhadores,
parceiros, autoridades, comunidades locais e outras partes interessadas relevantes. Tal programa deverá
incluir, entre outros temas, identificação de perigos e avaliação dos riscos, procedimentos de notificação e
procedimentos de recolha e sistemas de comunicação, bem como educação e informação pública.

6.5.4 Ambiente, questão 2: utilização sustentável dos recursos

6.5.4.1 Descrição da questão


Para assegurar a disponibilidade de recursos no futuro, os actuais padrões e volumes de consumo e produção
têm de mudar para que possam operar tendo em conta a capacidade de sustentação da Terra. O uso
sustentável de recursos renováveis significa que estes são utilizados a uma taxa inferior ou igual à sua taxa
de reposição natural. Para recursos não renováveis (como os combustíveis fósseis, metais e minerais), a
sustentabilidade a longo prazo exige que a taxa de utilização seja inferior à taxa de substituição por um
recurso renovável. uma organização pode avançar no sentido da utilização sustentável dos recursos
utilizando electricidade, combustíveis, matérias-primas e matérias processadas, o território e a água de forma
mais responsável e combinando ou substituindo recursos não-renováveis por recursos renováveis e
sustentáveis, por exemplo, utilizando tecnologias inovadoras. As quatro áreas fundamentais para melhorias
da eficiência são:
− eficiência energética : A organização deverá implementar programas de eficiência energética para
reduzir as necessidades energéticas de edifícios, transportes, processos de produção, equipamentos
eléctricos e electrónicos, a prestação de serviços ou outros fins. Melhorias na eficiência da utilização de
energia deverão também complementar os esforços para avançar rumo ao uso sustentável dos recursos
renováveis como a energia solar, a energia geotérmica, a energia hidroeléctrica, a energia das marés e das
ondas, a energia eólica e a biomassa;
− conservação da água, uso e acesso à água: O acesso a abastecimentos de água potável e serviços de
saneamento seguros e fiáveis é uma necessidade humana fundamental e um direito humano básico. Os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ver Caixa 13) incluem a disponibilização de acesso
sustentável a água potável segura. Uma organização deverá preservar, reduzir a utilização e reutilizar a
água nas suas próprias operações e estimular a conservação da água na sua esfera de influência;
− eficiência no uso dos materiais: Uma organização deverá implementar programas de eficiência dos
materiais para reduzir o impacte ambiental causado pela utilização de matérias-primas para processos de
produção ou para produtos acabados utilizados nas suas actividades ou na prestação dos seus serviços. Os
programas de eficiência dos materiais baseiam-se na identificação de formas de aumentar a eficiência do
uso de matérias-primas dentro da esfera de influência da organização. O uso dos materiais causa
numerosos impactes ambientais directos e indirectos, associados, por exemplo, ao impacte nos
ecossistemas resultantes da exploração mineira e florestal e das emissões resultantes do uso, do transporte
e do processamento dos materiais; e
− requisitos minimizados de recursos de um produto: Deverá ser dada a devida atenção aos requisitos de
recursos de um produto acabado durante a sua utilização.
6.5.4.2 Expectativas e acções relacionadas
Em relação a todas as suas actividades, uma organização deverá:
− identificar as fontes de energia, água e outros recursos utilizados;
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− medir, registar e comunicar o seu uso significativo de energia, água e outros recursos;
− implementar medidas de eficiência de recursos para reduzir a sua utilização de energia, água e outros
recursos, considerando os indicadores de melhores práticas e outras referências de melhores práticas e
outros benchmarks;
− complementar ou substituir recursos não-renováveis quando possível por fontes alternativas sustentáveis,
renováveis e de impacte reduzido;
− utilizar materiais reciclados e reutilizar água tanto quanto possível;
− gerir os recursos hídricos para assegurar o acesso justo por todos os utilizadores de uma determinada
bacia hidrográfica;
− promover as compras públicas sustentáveis;
− considerar a adopção da responsabilidade alargada do produtor; e
− promover o consumo sustentável.

6.5.5 Ambiente, questão 3: mitigação e adaptação às alterações climáticas

6.5.5.1 Descrição da questão


É reconhecido que a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) pelas actividades humanas, como o
dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), são muito provavelmente uma das
causas das alterações climáticas globais, o que está a ter impacte significativo no ambiente natural e humano
[48]
. Entre as tendências observadas e antecipadas estão: subida das temperaturas, alterações nos padrões de
precipitação, ocorrências mais frequentes de eventos meteorológicos extremos, subida dos níveis do mar,
agravamento da escassez de água e alterações nos ecossistemas, na agricultura e nas pescas. Prevê-se que as
alterações climáticas possam chegar a um ponto além do qual as alterações se tornem bastante mais drásticas
e difíceis de abordar.
Cada organização é responsável por algumas emissões de GEE (quer directa, quer indirectamente) e será
afectada de alguma forma pelas alterações climáticas. Há implicações para as organizações tanto no que diz
respeito a minimizar as suas próprias emissões de GEE (mitigação), como a ter um plano para as alterações
climáticas (adaptação). A adaptação às alterações climáticas tem implicações sociais sob a forma de impactes
na saúde, na prosperidade e nos direitos humanos.

6.5.5.2 Expectativas e acções relacionadas

6.5.5.2.1 Mitigação das alterações climáticas


Para mitigar o impacte das alterações climáticas relacionadas com as suas actividades, a organização deverá:
− identificar as fontes de emissões acumuladas de GEE directas e indirectas e definir os limites (âmbito) da
sua responsabilidade;
− medir, registar e reportar as suas emissões de GEE significativas, de preferência utilizando métodos bem
definidos em normas internacionalmente acordadas [47] (ver também Anexo A com exemplos de
iniciativas e ferramentas que abordam as emissões de GEE);
− implementar medidas optimizadas para reduzir e minimizar progressivamente as emissões de GEE
directas e indirectas sob seu controlo e encorajar acções semelhantes na sua esfera de influência;
− analisar a quantidade e o tipo de utilização significativa de combustíveis na organização e implementar
programas para melhorar a eficiência e a eficácia [146]. Deverá ser levada a cabo uma abordagem do ciclo
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de vida para assegurar a redução líquida de emissões de GEE, mesmo quando são consideradas
tecnologias de baixas emissões e energias renováveis;
− evitar ou reduzir a libertação de emissões de GEE (particularmente aquelas que também causam a
destruição do ozono) devida ao uso dos solos e à alteração do uso dos solos, aos processos ou
equipamento, incluindo, mas não se limitando a, unidades de aquecimento, ventilação e ar condicionado;
− fazer poupanças de energia, sempre que possível, na organização, incluindo a aquisição de bens
energeticamente eficientes e o desenvolvimento de produtos e serviços energeticamente eficientes; e
− considerar atingir a neutralidade de carbono, implementando medidas para compensar as restantes
emissões de GEE, por exemplo, através do apoio a programas fiáveis de redução das emissões que
operem de forma transparente, a captação e armazenamento do carbono e o sequestro do carbono.
6.5.5.2.2 Adaptação às alterações climáticas
Para reduzir a vulnerabilidade às alterações climáticas a organização deverá:
− considerar futuras projecções climáticas globais e locais para identificar riscos e integrar a adaptação às
alterações climáticas no seu processo de tomada de decisão;
− identificar oportunidades para evitar ou minimizar danos associados às alterações climáticas e, quando
possível, tirar partido das oportunidades, para se adaptar às condições alteradas (ver Caixa 10); e
− implementar medidas para reagir a impactes existentes ou antecipados e dentro da sua esfera de influência
contribuir para a capacitação das partes interessadas para a adaptação.
Caixa 10 – Exemplos de acções de adaptação às alterações climáticas
Exemplos de acções de adaptação às alterações climáticas incluem:
− planear o uso dos solos, o loteamento e a concepção e manutenção de infra-estruturas, tendo em conta as
implicações de um clima em mudança e de uma maior incerteza climática e a possibilidade de condições
meteorológicas cada vez mais graves, incluindo inundações, ventos fortes, seca e escassez de água ou
calor intenso;
− desenvolver tecnologias e técnicas agrícolas, industriais, médicas e outras e torná-las acessíveis aos mais
carenciados, assegurando a segurança da água potável, saneamento, alimentos e outros recursos
fundamentais para a saúde humana;
− apoiar medidas regionais para reduzir a vulnerabilidade a inundações. Isto inclui a recuperação de zonas
húmidas que possam ajudar a gerir as inundações e a redução da utilização de superfícies
impermeabilizadas em áreas urbanas; e
− fomentar vastas oportunidades para o aumento da consciencialização da importância de medidas de
adaptação e prevenção para a resiliência da sociedade através da educação e outros meios.

6.5.6 Ambiente, questão 4: protecção do ambiente, da biodiversidade e recuperação de habitats


naturais

6.5.6.1 Descrição da questão


Desde a década de 60, a actividade humana tem alterado os ecossistemas de forma mais rápida e significativa
do que em qualquer período comparável na história. A procura de rápido crescimento dos recursos naturais
resultou numa substancial e, muitas vezes, irreversível perda de habitats e da diversidade da vida na Terra
[119]
. Vastas áreas – tanto urbanas como rurais – têm sido transformadas pela acção humana.
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A organização pode tornar-se mais socialmente responsável agindo de forma a proteger o ambiente e a
recuperar os habitats naturais e os vários serviços e funções que os ecossistemas fornecem (tais como
alimentos e água, regulação climática, formação do solo e oportunidades recreativas) [119]. Os principais
aspectos desta questão incluem:
− valorizar e proteger a biodiversidade: A biodiversidade é a variedade de vida em todas as suas formas,
níveis e combinações; inclui diversidade dos ecossistemas, diversidade das espécies e diversidade
genética [167]. Proteger a biodiversidade visa assegurar a sobrevivência das espécies terrestres e aquáticas,
a diversidade genética e os ecossistemas naturais [168][169];
− valorizar, proteger e recuperar os serviços de ecossistemas: Os ecossistemas contribuem para o bem-
estar da sociedade, disponibilizando serviços como alimentos, água, combustíveis, controlo de
inundações, solo, polinizadores, fibras naturais, recreação e a absorção de poluição e resíduos. À medida
que os ecossistemas são degradados ou destruídos, perdem a capacidade de fornecer estes serviços;
− utilizar o território e os recursos naturais de forma sustentável : Os projectos de ordenamento
territorial de uma organização poderão proteger ou degradar os habitats, a água, os solos e os
ecossistemas [170][171]; e
− avançar com o desenvolvimento rural e urbano ambientalmente adequado: As decisões e actividades
das organizações poderão ter um impacte significativo no ambiente rural e urbano e nos respectivos
ecossistemas. Este impacte pode estar associado a, por exemplo, planeamento urbano, edificação e
construção, sistemas de transportes, gestão de resíduos e esgotos e técnicas agrícolas.

6.5.6.2 Expectativas e acções relacionadas


Em relação a todas as suas actividades, uma organização deverá:
− identificar potenciais impactes adversos na biodiversidade e nos serviços dos ecossistemas e tomar
medidas para eliminar ou minimizar esses impactes;
− quando exequível e adequado, participar em mecanismos de mercado para internalizar o custo dos seus
impactes ambientais e criar valor económico na protecção dos serviços dos ecossistemas;
− dar a mais elevada prioridade a evitar a perda de ecossistemas naturais, em segundo lugar à recuperação
dos ecossistemas e, finalmente, se as primeiras duas acções não forem possíveis nem totalmente eficazes,
compensar as perdas através de acções que conduzam a um ganho líquido dos serviços dos ecossistemas
ao longo do tempo;
− estabelecer e implementar uma estratégia integrada para a administração do território, água e
ecossistemas, que promova a sua preservação e utilização sustentável de uma forma socialmente
equitativa;
− tomar medidas para preservar qualquer espécie ou habitat endémico, ameaçado ou em risco que possa ser
adversamente afectado;
− implementar planeamento, concepção e práticas operacionais como forma de minimizar os possíveis
impactes ambientais resultantes das suas decisões sobre o uso do território, incluindo decisões
relacionadas com desenvolvimento agrícola e urbano;
− incorporar a protecção dos habitats naturais, das zonas pantanosas, da floresta, dos corredores de fauna
selvagem, das áreas protegidas e dos terrenos agrícolas no desenvolvimento de edificações e trabalhos de
construção [128][169];
− adoptar práticas agrícolas, piscatórias e florestais sustentáveis, incluindo aspectos relacionados com o
bem-estar dos animais, por exemplo, tal como definido nas principais normas e em esquemas de
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certificação [37][175];
− progressivamente utilizar uma maior proporção de produtos de fornecedores que utilizem tecnologias e
processos mais sustentáveis;
− considerar que os animais selvagens e os seus habitats fazem parte dos nossos ecossistemas naturais e
que, por conseguinte, deverão ser valorizados e protegidos e o seu bem-estar deverá ser tido em conta; e
− evitar abordagens que ameacem a sobrevivência ou que conduzam à extinção global, regional ou local de
espécies, ou que permitam a distribuição ou proliferação de espécies invasivas.

6.6 Práticas operacionais justas

6.6.1 Visão geral das práticas operacionais justas

6.6.1.1 Organizações e práticas operacionais justas


As práticas operacionais justas dizem respeito à conduta ética no modo como uma organização lida com
outras organizações. Estas incluem as relações entre organizações e agências governamentais, assim como
entre organizações e seus parceiros, fornecedores, adjudicatários, compradores, concorrência e as
associações das quais sejam membros.
As questões das práticas operacionais justas surgem nas áreas como a anti-corrupção, o envolvimento
responsável na esfera pública, a concorrência justa, a conduta socialmente responsável, as relações com
outras organizações e o respeito pelos direitos de propriedade.

6.6.1.2 Práticas operacionais justas e responsabilidade social


Na área da responsabilidade social, as práticas operacionais justas dizem respeito à forma como uma
organização se serve das suas relações com outras organizações para promover resultados positivos. Os
resultados positivos poderão alcançar-se mostrando liderança e promovendo a adopção da responsabilidade
social de uma forma mais vasta em toda a esfera de influência da organização.

6.6.2 Princípios e considerações


A conduta ética é fundamental para estabelecer e sustentar relações legítimas e produtivas entre
organizações. Por conseguinte, a observância, a promoção e o incentivo de normas de conduta ética estão
subjacentes às práticas operacionais justas. A prevenção da corrupção e o exercício de um envolvimento
político responsável dependem do respeito pelo estado de direito, da adesão a normas éticas, da
responsabilidade e da transparência. A concorrência justa e o respeito pelos direitos de propriedade não
poderão ser atingidos se as organizações não lidarem umas com as outras de forma honesta, equitativamente
e com integridade.

6.6.3 Práticas operacionais justas, questão 1: anti-corrupção

6.6.3.1 Descrição da questão


A corrupção é o abuso do poder confiado para ganhos privados. A corrupção pode tomar várias formas.
Exemplos de corrupção incluem suborno (solicitação, oferta ou aceitação de suborno sob a forma de dinheiro
ou outra) envolvendo agentes públicos ou pessoas do sector privado, conflito de interesses, fraude,
branqueamento de capitais, desfalque, dissimulação e obstrução à justiça e tráfico de influências.
A corrupção debilita a eficácia e a reputação ética de uma organização e pode torná-la passível de
procedimento criminal, assim como de sanções civis e administrativas. A corrupção pode resultar na
violação dos direitos humanos, na erosão dos processos políticos, no empobrecimento das sociedades e em
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danos no ambiente. Pode também distorcer a concorrência, a distribuição da riqueza e o crescimento


económico [41][44][45][46][120][121][131].

6.6.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Para evitar a corrupção uma organização deverá:
− identificar os riscos de corrupção e implementar e manter políticas e práticas que contrariem a corrupção
e a extorsão;
− assegurar que a sua liderança serve de exemplo para a anti-corrupção e mostrar empenho em, incentivo a
e supervisão de implementação de políticas anti-corrupção;
− apoiar e formar os seus trabalhadores subordinados e representantes nos seus esforços para erradicar o
suborno e a corrupção e disponibilizar incentivos para o progresso;
− fomentar a consciencialização dos seus trabalhadores subordinados, representantes, adjudicatários e
fornecedores sobre a corrupção e como a rebater;
− assegurar que a remuneração dos seus trabalhadores subordinados e representantes é adequada e apenas
por serviços legítimos;
− estabelecer e manter um sistema eficaz para fazer frente à corrupção;
− encorajar os seus trabalhadores subordinados, parceiros, representantes e fornecedores a comunicarem
violações das políticas da organização e tratamento pouco ético e desleal adoptando mecanismos que
permitam comunicar e acompanhar a acção sem medo de represálias;
− chamar a atenção das autoridades responsáveis pela aplicação das leis, para violações à lei criminal; e
− trabalhar contra a corrupção encorajando outros com os quais a organização tenha relações operacionais a
adoptarem práticas anti-corrupção semelhantes.

6.6.4 Práticas operacionais justas, questão 2: envolvimento político responsável

6.6.4.1 Descrição da questão


As organizações poderão apoiar os processos políticos públicos e encorajar o desenvolvimento de políticas
públicas que beneficiem a sociedade de um modo geral. As organizações deverão proibir a utilização de
influências indevidas e evitar comportamentos, como a manipulação, a intimidação e a coerção, que possam
corroer o processo político público.

6.6.4.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− treinar os seus trabalhadores subordinados e representantes, aumentar a sua consciencialização relativa às
contribuições e ao envolvimento político responsável assim como à forma de lidar com conflitos de
interesse;
− ser transparente relativamente às suas políticas e actividades relacionadas com pressões, contribuições
políticas e envolvimento político;
− estabelecer e implementar políticas e linhas de orientação para gerir as actividades de pessoas que
advogam em nome da organização;
− evitar contribuições políticas que sugiram uma tentativa de controlo ou possam ser entendidas como
exercendo influência indevida em políticos ou governantes em favor de causas específicas; e
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− proibir actividades que envolvam informações erradas, representação errada, ameaça ou compulsão.

6.6.5 Práticas operacionais justas, questão 3: concorrência justa

6.6.5.1 Descrição da questão


A concorrência justa e generalizada estimula a inovação e a eficiência, reduz os custos de produtos e
serviços, assegura que todas as organizações têm igualdade de oportunidades, encoraja o desenvolvimento de
produtos ou processos novos ou melhorados e, a longo prazo, melhora o crescimento económico e os padrões
de vida. Os riscos do comportamento anti-concorrencial prejudicam a reputação de uma organização junto
das suas partes interessadas e poderão dar origem a problemas legais. Quando as organizações recusam
envolver-se num comportamento anti-concorrencial ajudam a criar um clima no qual esse comportamento
não é tolerado e isto é vantajoso para todos.
Existem muitas formas de comportamento anti-concorrencial. Alguns exemplos são: fixação de preços,
quando as partes conluem para vender o mesmo produto ou serviço pelo mesmo preço; manipulação do
processo de concurso, quando as partes conluem para manipular uma proposta competitiva; e politica de
preços predatória, que consiste em vender um produto ou serviço a um preço muito baixo com o intuito de
levar a concorrência a sair do mercado e impor sanções injustas à concorrência.
6.6.5.2 Expectativas e acções relacionadas
Para promover a concorrência justa, uma organização deverá:
− conduzir as suas actividades em conformidade com as leis e regulamentos sobre a concorrência, e
cooperar com as autoridades adequadas;
− estabelecer procedimentos e outras salvaguardas para evitar envolver-se em, ou ser cúmplice de
comportamento anti-concorrencial;
− promover a consciência dos trabalhadores subordinados relativamente à importância da conformidade
com a legislação sobre a concorrência e a concorrência justa;
− apoiar práticas anti-trust e anti-dumping, bem como políticas públicas que encorajem a concorrência; e
− estar consciente do contexto social no qual opera e não tirar partido das condições sociais, como a
pobreza, para conseguir uma vantagem competitiva desleal.

6.6.6 Práticas operacionais justas, questão 4: promoção da responsabilidade social na cadeia de valor

6.6.6.1 Descrição da questão


Uma organização pode influenciar outras organizações através do seu aprovisionamento e das decisões de
compra. Através da liderança e mentoria na cadeia de valor pode promover a adopção de e o apoio a
princípios e práticas de responsabilidade social.
Uma organização deverá considerar os potenciais impactes ou consequências não intencionais do seu
aprovisionamento e decisões de compra noutras organizações e ter o devido cuidado para evitar ou
minimizar quaisquer impactes negativos. Pode também estimular a procura de produtos e serviços
socialmente responsáveis. Estas acções não deverão ser encaradas como substitutas do papel das autoridades
para implementar e aplicar leis e regulamentos.
Cada organização na cadeia de valor é responsável por estar em conformidade com as leis e regulamentos
aplicáveis e pelos seus próprios impactes na sociedade e no ambiente.
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6.6.6.2 Expectativas e acções relacionadas


Para promover a responsabilidade social na sua cadeia de valores, uma organização deverá:
− integrar critérios éticos, sociais, ambientais e de igualdade de género, e saúde e segurança, nas suas
políticas e práticas de aquisições, distribuição e contratação para melhorar a consistência com os
objectivos da responsabilidade social;
− encorajar outras organizações a adoptarem políticas semelhantes, sem incorrerem em comportamento
anti-concorrencial ao fazê-lo;
− levar a cabo auditorias jurídicas e monitorizações adequadas das organizações com as quais tenha
relações, tendo em vista evitar comprometer o empenho da organização com a responsabilidade social;
− considerar dar apoio a PMOs, incluindo o aumento da consciência sobre questões da responsabilidade
social e boas práticas e assistência adicional (por exemplo, técnica, criação de capacidade ou outros
recursos) para cumprir objectivos socialmente responsáveis;
− participar activamente no fomento da consciência das organizações com as quais se relacione sobre
princípios e questões da responsabilidade social; e
− promover o tratamento justo e prático dos custos e benefícios da implementação de práticas socialmente
responsáveis em toda a cadeia de valore, incluindo, onde possível, a melhoria da capacidade das
organizações na cadeia de valore para atingir os objectivos socialmente responsáveis. Isto inclui práticas
de aquisições adequadas, como assegurar que são pagos os preços justos e que existem prazos de entrega
adequados e contratos estáveis.

6.6.7 Práticas operacionais justas, questão 5: respeito pelos direitos de propriedade

6.6.7.1 Descrição da questão


O direito à propriedade individual é um direito humano reconhecido na Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Os direitos de propriedade abrangem tanto a propriedade física como a intelectual e incluem o
interesse em terras e outros bens físicos, copyrights, patentes, direitos de indicadores geográficos, fundos,
direitos morais e outros direitos. Também poderão envolver um conjunto de pretensões mais vastas sobre
propriedade, como o conhecimento tradicional de grupos específicos, como as pessoas indígenas, ou a
propriedade intelectual dos trabalhadores subordinados ou outros.
O reconhecimento dos direitos de propriedade promove o investimento e a segurança económica e física, tal
como encoraja a criatividade e a inovação.

6.6.7.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− implementar políticas e práticas que promovam o respeito pelos direitos de propriedade e o conhecimento
tradicional;
− efectuar as averiguações adequadas para ter a certeza de que possui um título legal que permita a
utilização ou o trespasse de propriedade;
− não se envolver em actividades que violem os direitos de propriedade, incluindo a utilização incorrecta de
uma posição dominante, a contrafacção e a pirataria;
− pagar uma compensação justa pela propriedade que adquira ou utilize; e
− considerar as expectativas da sociedade, os direitos humanos e as necessidades básicas dos indivíduos
quando exercer e proteger os seus direitos de propriedade física e intelectual.
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6.7 Questões relativas ao consumidor

6.7.1 Visão geral das questões relativas ao consumidor

6.7.1.1 Organizações e questões relativas ao consumidor


As organizações que fornecem produtos e serviços a consumidores, assim como a outros compradores, têm
responsabilidades para com esses consumidores e compradores. As questões que são principalmente
aplicáveis aos compradores que adquirem com fins comerciais são abordadas em 6.6. As questões que são
principalmente aplicáveis às pessoas que adquirem para fins privados (consumidores) são tratadas na
presente secção. Partes específicas tanto da 6.6 como da presente secção poderão, contudo, ser aplicáveis
tanto a compradores, quanto a consumidores.
As responsabilidades incluem a disponibilização de formação e informação correctas, a utilização de
informações de marketing e contratos justos, transparentes e úteis, promovendo o consumo sustentável e a
concepção de produtos e serviços que permitam acesso a todos e atendam, quando apropriado, aos que são
vulneráveis e estão em desvantagem. O termo consumidor refere-se àqueles indivíduos ou grupos que fazem
uso do resultado das decisões e actividades das organizações e não implica necessariamente que os
consumidores paguem dinheiro pelos produtos e serviços. As responsabilidades envolvem também a
minimização dos riscos resultantes da utilização dos produtos e serviços, devidos à concepção, fabrico,
distribuição, disponibilidade de informação, serviços de suporte e procedimentos de levantamento e recolha.
Muitas organizações recolhem ou tratam informação pessoal e são responsáveis por proteger a segurança
dessas informações e a privacidade dos consumidores.
Os princípios desta secção aplicam-se a todas as organizações no seu papel de servir os consumidores; no
entanto, as questões poderão ter relevância muito diferente, consoante o tipo de organização (tais como
organizações privadas, serviços públicos, organizações locais de bem-estar ou outros tipos) e as
circunstâncias. As organizações têm oportunidades significativas para contribuírem para o consumo
sustentável e para o desenvolvimento sustentável através dos produtos e serviços que oferecem e das
informações que disponibilizam, incluindo informação sobre utilização, reparação e eliminação.

6.7.1.2 Questões relativas ao consumidor e responsabilidade social


As questões relativas ao consumidor referentes à responsabilidade social estão relacionadas, entre outros
assuntos, com práticas de marketing justas, protecção da saúde e segurança, consumo sustentável, resolução
de conflitos e reparação, protecção de dados e da privacidade, acesso a produtos e serviços essenciais,
orientação para as necessidades de consumidores que são vulneráveis e estão em desvantagem, e educação.
As linhas de orientação da ONU no domínio da protecção dos consumidores [155] disponibilizam informação
fundamental sobre questões relativas ao consumidor e ao consumo sustentável (ver Caixa 11).
Caixa 11 – Directrizes da ONU para protecção dos consumidores
As directrizes da ONU para protecção dos consumidores constituem o documento internacional mais
importante no domínio da protecção dos consumidores. A Assembleia Geral da ONU adoptou estas linhas de
orientação em 1985 por consenso. Em 1999 foram alargadas para incluir disposições sobre consumo
sustentável. Exigem aos Estados que protejam os consumidores de perigos para a sua saúde e segurança,
promovam e protejam os interesses económicos dos consumidores, permitam que os consumidores façam
escolhas informadas, proporcionem a educação do consumidor, tornem disponível uma reparação eficaz do
consumidor, promovam padrões de consumo sustentável e garantam liberdade para constituir grupos de
consumidores [155].
Estes princípios de protecção dos consumidores são elaborados e pormenorizados ao longo do texto das
linhas de orientação da ONU e são habitualmente designados por “direitos do consumidor” [144].
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6.7.2 Princípios e considerações


6.7.2.1 Princípios
As directrizes da ONU para protecção dos consumidores [155] e o Pacto Internacional sobre Direitos
Culturais, Sociais e Económicos [144] expressam princípios que deverão orientar práticas socialmente
responsáveis respeitantes às necessidades legítimas dos consumidores, incluindo a satisfação das
necessidades básicas e o direito de todos a um padrão de vida adequado, incluindo alimentação, vestuário e
casa apropriados e à melhoria contínua das condições de vida e disponibilidade de produtos e serviços
essenciais, incluindo financeiros. Também incluem o direito a promover o desenvolvimento socioeconómico
e a protecção ambiental justos, equitativos e sustentáveis. Essas necessidades legítimas incluem:
− segurança: O direito de acesso a produtos não perigosos e à protecção dos consumidores de perigos para
a sua saúde e segurança que provêm dos processos produtivos, dos produtos e serviços;
− estar informado: Acesso dos consumidores a informação adequada que lhes permita fazer escolhas
informadas de acordo com os desejos e necessidades individuais e estarem protegidos contra publicidade
ou rotulagem desonesta ou enganosa;
− fazer escolhas: A promoção e a protecção dos interesses económicos dos consumidores, incluindo a
capacidade para seleccionar de entre uma gama de produtos e serviços, oferecidos a preços competitivos
com uma garantia de qualidade razoável;
− ser ouvido: Liberdade para constituir grupos de consumidores ou outras organizações relevantes, e a
oportunidade para essas organizações apresentarem os seus pontos de vista nos processos de tomada de
decisão que os afectem, especialmente na criação e execução de políticas governamentais e no
desenvolvimento de produtos e serviços;
− reparação: Disponibilidade de reparação eficaz do consumidor, em particular na forma de acordo justo
de reclamações legítimas, incluindo compensação por deturpação, produtos mal executados ou serviços
insatisfatórios;
− formação : A formação, incluindo a formação sobre os impactes ambientais, sociais e económicos das
escolhas do consumidor, permite que os consumidores façam escolhas informadas e independentes sobre
produtos e serviços enquanto adquirem consciência dos seus direitos e responsabilidades e da forma como
agir em relação a eles; e
− ambiente saudável: Ambiente que não é ameaçador para o bem-estar das gerações actuais e futuras [160].
O consumo sustentável inclui fazer face às necessidades das gerações actuais e futuras para produtos e
serviços de formas que sejam económica, social e ambientalmente sustentáveis.
Princípios adicionais incluem:
− respeito pelo direito à privacidade: Resulta da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo
12 [156], que estipula que ninguém pode ser sujeito a interferência arbitrária na sua privacidade, família,
casa ou correspondência ou ataques à sua honra e reputação, e que todos têm o direito à protecção da lei
contra esses ataques ou interferências;
− principio da precaução: Este princípio deriva da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento
[158]
e posteriores declarações e acordos [130][145][172], que apresentam o conceito de, onde existirem ameaças
de danos graves ou irreversíveis para o ambiente ou para a saúde humana, a falta de certeza científica
total não deverá ser utilizada como razão para adiar medidas eficazes para evitar a degradação ambiental
ou danos para a saúde humana. Quando ponderar a relação custo-benefício de uma medida, a organização
deverá considerar os custos e benefícios a longo prazo dessa medida e não só os custos económicos a
curto prazo para a organização;
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− promoção da igualdade de género e empoderamento das mulheres: Resulta da Declaração Universal


dos Direitos Humanos e dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ver Caixas 2, 6 e 13).
Providencia uma base adicional para analisar as questões relativas ao consumidor e evitar a perpetuação
de estereótipos de género (ver também Caixa 12); e
− promoção da concepção universal: Trata-se da concepção de produtos e ambientes que sejam utilizáveis
por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem ser necessário adaptar ou uma concepção
especializada. Existem sete princípios do design universal: utilização equitativa, flexibilidade de
utilização, utilização simples e intuitiva, informações perceptíveis, tolerância ao erro, baixo esforço físico
e dimensão e espaço para aproximação e uso [40][134].

6.7.2.2 Considerações
Apesar de o Estado ser o principal responsável por assegurar que o direito de satisfação das necessidades
básicas é respeitado, uma organização pode contribuir para a concretização deste direito. Particularmente em
áreas onde o Estado não satisfaça de forma adequada as necessidades básicas das pessoas, uma organização
deverá ser sensível ao impacte das suas actividades na capacidade das pessoas para satisfazerem essas
necessidades. Deverá ainda evitar acções que coloquem em risco esta capacidade.
Os grupos vulneráveis têm capacidades diferentes e, no seu papel enquanto consumidores, os grupos
vulneráveis (ver 6.3.7.2) têm necessidades específicas que têm de ser satisfeitas e poderão, em alguns casos,
requerer produtos e serviços especificamente adaptados. Eles têm necessidades específicas porque poderão
não ter conhecimento dos seus direitos e responsabilidades ou poderão não ser capazes de agir a partir desse
conhecimento. Poderão também não estar cientes de ou serem incapazes de avaliar os potenciais riscos
associados a produtos ou serviços e assim fazerem juízos equilibrados.

6.7.3 Consumidor, questão 1: marketing justo, informação factual e imparcial e práticas contratuais
justas

6.7.3.1 Descrição da questão


O marketing justo, a informação factual e imparcial e as práticas contratuais justas providenciam
informações sobre produtos e serviços de uma forma que possa ser entendida pelos consumidores. Isto
permite que os consumidores tomem decisões informadas sobre o consumo e aquisições e comparem as
características de diferentes produtos e serviços. Os processos contratuais justos têm o objectivo de proteger
os interesses legítimos tanto de fornecedores como de consumidores, mitigando os desequilíbrios de poder
negocial entre as partes. O marketing responsável pode envolver a disponibilização de informações sobre os
impactes sociais, económicos e ambientais ao longo de todo o ciclo de vida e da cadeia de valor. As
informações sobre os produtos e serviços disponibilizados pelos fornecedores desempenham um papel
importante nas decisões de compra, já que estas informações poderão disponibilizar os únicos dados
prontamente disponíveis para os consumidores. Marketing e informação desleal, incompleta, deturpada ou
enganosa poderão resultar na aquisição de produtos e serviços que não fazem face às necessidades do
consumidor e resultam num desperdício de dinheiro, recursos e tempo [122][124] e poderão até ser perigosos
para o consumidor ou para o ambiente. Poderão também levar à diminuição da confiança do consumidor,
com os consumidores a não saberem em quem ou em quê acreditar. Isto pode afectar adversamente o
crescimento dos mercados para produtos e serviços mais sustentáveis.

6.7.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Quando comunica com os consumidores, uma organização deverá:
− não se envolver em qualquer prática que seja enganosa, deturpada, fraudulenta ou desleal, pouco clara ou
ambígua, incluindo a omissão de informações fundamentais;
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− consentir partilhar informação relevante de uma forma transparente que permita o acesso fácil e
comparações como base para uma escolha informada por parte do consumidor;
− identificar claramente publicidade e marketing;
− revelar abertamente preços totais e taxas, termos e condições dos produtos e serviços (assim como
qualquer acessório imprescindível para a utilização) e custos de entrega. Quando oferecer crédito ao
consumidor, disponibilizar informações sobre a taxa de juro anual real e a taxa anual efectiva (TAE)
cobrada, que inclui todos os custos envolvidos, quantias a pagar, número de pagamentos e datas devidas
das prestações;
− fundamentar pretensões ou afirmações disponibilizando factos e informação subjacentes a pedido;
− não utilizar texto, som ou imagens que perpetuem estereótipos relativamente, por exemplo a género,
religião, raça, deficiência ou relações pessoais;
− em publicidade e marketing, colocar em primeiro lugar os melhores interesses dos grupos vulneráveis,
incluindo crianças, e não se envolver em actividades que sejam prejudiciais para os seus interesses;
− disponibilizar informação completa, precisa e compreensível que possa ser comparada em idiomas
oficiais ou habitualmente utilizados no ponto de venda e de acordo com todos os regulamentos aplicáveis
em:
− todos os aspectos importantes de produtos e serviços, incluindo produtos financeiros e de
investimento, tendo em conta, idealmente, o ciclo de vida completo;
− aspectos críticos da qualidade de produtos e serviços determinados a partir da aplicação de
procedimentos de teste padronizados, e comparados, sempre que possível, com o desempenho médio
ou as melhores práticas. A disponibilização dessas informações deverá ser limitada às circunstâncias
onde for adequado e prático e auxiliam os consumidores;
− aspectos de saúde e segurança dos produtos e serviços, como a utilização potencialmente perigosa,
materiais perigosos e químicos perigosos que os produtos contenham ou libertem durante todo o seu
ciclo de vida;
− informações relativas à acessibilidade de produtos e serviços; e
− localização da organização, código postal, número de telefone e endereço de e-mail, quando utilizar
vendas à distância no país ou além-fronteiras, incluindo através da Internet, comércio electrónico ou
encomenda pelo correio;
− utilizar contratos que:
− estejam escritos em linguagem clara, legível e compreensível;
− não incluam termos contratuais desleais, como a desleal exclusão de obrigações, o direito de alterar
unilateralmente preços e condições, a transferência do risco de insolvência para consumidores ou
períodos de contrato indevidamente longos, e evitar práticas de crédito predatórios, incluindo taxas de
crédito não razoáveis;
− disponibilizem informação clara e suficiente sobre preços, características, termos, condições, custos,
duração do contrato e períodos de cancelamento.
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6.7.4 Consumidor, questão 2: proteger a saúde e a segurança dos consumidores

6.7.4.1 Descrição da questão


A protecção da saúde e segurança dos consumidores envolve a disponibilização de produtos e serviços que
sejam seguros e que não comportem riscos de danos inaceitáveis quando utilizados ou consumidos. A
protecção deverá abranger tanto a utilização a que se destina como a uma possível má utilização [124][155].
Instruções claras para uma utilização segura, incluindo montagem e manutenção, constituem também uma
parte importante da protecção da saúde e segurança.
A reputação de uma organização poderá ser directamente afectada pelo impacte dos seus produtos e serviços
na saúde e segurança dos consumidores.
Os produtos e serviços deverão ser seguros, independentemente de estarem ou não em vigor requisitos legais
de segurança. A segurança inclui a antecipação de potenciais riscos para evitar danos ou perigos. Como não
se poderão prever nem delimitar todos os riscos, as medidas de protecção da segurança deverão incluir
mecanismos para retirada e recolha do produto.

6.7.4.2 Expectativas e acções relacionadas


Ao proteger a saúde e segurança dos consumidores, a organização deverá levar a cabo as seguintes acções e
prestar especial atenção aos grupos vulneráveis (com especial atenção às crianças) que poderão não ter
capacidade para reconhecer ou avaliar potenciais perigos. Deverá:
− disponibilizar produtos e serviços que, em condições de utilização normais e razoavelmente previsíveis,
sejam seguros para os utilizadores e outras pessoas, para a sua propriedade e para o ambiente;
− avaliar a adequação das leis, regulamentos, normas e outras especificações sobre saúde e segurança para
abordar todos os aspectos relacionados com saúde e segurança [1][2][3][34][35]. A organização deverá ir além
dos requisitos mínimos de segurança onde for evidente que requisitos mais exigentes proporcionem uma
protecção significativamente melhor, conforme indicado pela ocorrência de acidentes que envolvam
produtos ou serviços que estejam conforme os requisitos mínimos ou a disponibilidade de produtos ou
concepção de produto que possam reduzir o número ou a gravidade de acidentes;
− quando um produto, depois de ter sido colocado no mercado, apresentar um risco não previsto, tiver um
defeito grave ou contiver informação deturpada ou enganosa, interromper os serviços ou recolher todos os
produtos que ainda se encontrem na cadeia de distribuição. Uma organização deverá recolher os produtos
através das medidas e meios de comunicação adequados para chegar às pessoas que adquiriram o produto
ou que se serviram dos serviços e compensar os consumidores por perdas sofridas. Medidas de
rastreabilidade na sua cadeia de valor poderão ser pertinentes e úteis;
− minimizar os riscos na concepção dos produtos através:
− da(s) identificação(ões) dos grupo(s) de utilizadores prováveis, a utilização destinada e a má utilização
razoavelmente previsível do processo, produto ou serviço, assim como perigos que surjam em todas as
etapas e condições de utilização do produto ou serviço e, em alguns casos, providenciar produtos e
serviços especialmente adequados a grupos vulneráveis;
− do cálculo e avaliação do risco para cada utilizador identificado ou grupo de contacto, incluindo
grávidas, que advenham dos perigos identificados; e
− da redução do risco utilizando a seguinte ordem de prioridades: concepção inerentemente segura,
dispositivos de protecção e informações aos utilizadores;
− assegurar a concepção adequada de informações sobre produtos e serviços tendo em conta as diferentes
necessidades do consumidor e respeitando as diferentes ou limitadas capacidades dos consumidores,
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especialmente em termos de tempo atribuído ao processo de informação;


− no desenvolvimento do produto, evitar a utilização de químicos perigosos, incluindo, mas não se
limitando aos que sejam carcinogéneos, mutagénicos, tóxicos para a reprodução ou persistentes e bio-
acumulativos. Se os produtos que contiverem esses químicos forem postos à venda, deverão ser
claramente etiquetados;
− conforme adequado, efectuar a avaliação do risco de produtos e serviços para a saúde humana antes da
introdução de novos materiais, tecnologias ou métodos de produção e, quando adequado, disponibilizar
documentação aos consumidores;
− transmitir informações de segurança vitais aos consumidores utilizando símbolos, onde possível, de
preferência aqueles que tiverem sido internacionalmente acordados, para além de informações em texto;
− instruir os consumidores sobre a utilização adequada dos produtos e alertá-los para os riscos envolvidos
na utilização destinada ou normalmente previsível;
− adoptar medidas que evitem que os produtos deixem de ser seguros devido a manuseamento impróprio ou
armazenamento quando estiverem ao cuidado dos consumidores.

6.7.5 Consumidor, questão 3: consumo sustentável

6.7.5.1 Descrição da questão


O consumo sustentável é o consumo de produtos e recursos a ritmos consistentes com o desenvolvimento
sustentável. O conceito foi promovido pelo Princípio 8 da Declaração do Rio sobre Ambiente e
Desenvolvimento [158], que indica que, para se conseguir o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de
vida melhor para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões de produção e consumo
insustentáveis.
O conceito de consumo sustentável também envolve uma preocupação com o bem-estar animal, respeitando
a integridade física dos animais e evitando a crueldade [175].
O papel de uma organização no consumo sustentável deriva dos produtos e serviços que oferece, dos seus
ciclos de vida e da cadeia de valor e da natureza da informação que disponibiliza aos consumidores.
Os actuais ritmos de consumo são claramente insustentáveis, contribuindo para danos ambientais e
destruição de recursos. Os consumidores desempenham um papel importante no desenvolvimento
sustentável tendo em conta factores éticos, sociais, económicos e ambientais com base em informações
precisas ao fazerem as suas escolhas e decisões de compra.

6.7.5.2 Expectativas e acções relacionadas


Para contribuir para o consumo sustentável, uma organização, onde adequado, deverá:
− promover formação eficaz que permita aos consumidores conhecerem os impactes das suas escolhas de
produtos e serviços para o seu bem-estar e para o ambiente. Poderão ser dados conselhos práticos sobre
como modificar os padrões de consumo e fazer as alterações necessárias;
− oferecer aos consumidores produtos e serviços social e ambientalmente benéficos, considerando o ciclo
de vida total e reduzindo os impactes adversos na sociedade e no ambiente do sequinte modo:
− eliminando, onde possível, ou minimizando quaisquer impactes negativos dos produtos e serviços para a
saúde e para o ambiente e, onde existam alternativas menos prejudiciais e mais eficientes, disponibilizar
uma escolha de produtos ou serviços que tenham menos efeitos adversos para a sociedade e para o
ambiente;
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− concebendo produtos e embalagens para que possam ser facilmente utilizados, reutilizados, reparados ou
reciclados e, se possível, oferecendo ou sugerindo serviços de reciclagem e deposição final (eliminação);
− preferindo artigos que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável;
− oferecendo produtos de elevada qualidade com vida de produto mais longa a preços acessíveis;
− disponibilizando aos consumidores informação cientificamente fiável, consistente, verídica, precisa,
comparável e verificável sobre os factores ambientais e sociais relacionados com a produção e a entrega
dos seus produtos ou serviços, incluindo, onde adequado, informação sobre a eficiência dos recursos,
tendo em conta a cadeia de valor [12][13][14][15];
− disponibilizando aos consumidores informação sobre produtos e serviços, incluindo sobre: desempenho,
impactes na saúde, país de origem, eficiência energética (onde aplicável), conteúdos ou ingredientes
(incluindo, onde adequado, a utilização de organismos geneticamente modificados e nano partículas),
aspectos relacionados com o bem-estar animal (incluindo, onde adequado, a utilização de testes em
animais) e utilização, manutenção, armazenamento e deposição final (ou eliminação) em segurança dos
produtos e sua embalagem;
− fazendo uso de esquemas fiáveis e eficazes, verificados independentemente, de rotulagem ou outros
esquemas de verificação, como a rotulagem ecológica ou actividades de auditoria, para comunicar
aspectos ambientais positivos, eficiência energética e outras características dos produtos e serviços social
e ambientalmente benéficas [13][14][15].

6.7.6 Consumidor, questão 4: serviço e apoio ao consumidor e resolução de queixas e conflitos

6.7.6.1 Descrição da questão


O serviço e apoio ao consumidor e a resolução de queixas e conflitos são os mecanismos que uma
organização utiliza para abordar as necessidades dos consumidores depois de os produtos e serviços terem
sido adquiridos ou fornecidos. Tais mecanismos incluem instalação e garantias adequadas, suporte técnico
relativamente à utilização, bem como disposições para devolução, reparação e manutenção.
Os produtos e serviços que não tenham um desempenho satisfatório, seja por causa de falhas ou avarias ou
em resultado de má utilização, poderão resultar numa violação dos direitos do consumidor, assim como no
desperdício de dinheiro, recursos e tempo.
Os fornecedores de produtos e serviços poderão aumentar a satisfação do consumidor e reduzir os níveis de
queixas oferecendo produtos e serviços de elevada qualidade. Também deverão disponibilizar
aconselhamento claro aos consumidores sobre a utilização adequada e sobre recursos ou soluções para um
desempenho defeituoso. Poderão também monitorizar a eficácia dos seus serviços pós-venda, apoio e
procedimentos de resolução de conflitos através de inquéritos aos seus utilizadores [124][127].

6.7.6.2 Expectativas e acções relacionadas


A organização deverá:
− tomar medidas para evitar as queixas [4] oferecendo aos consumidores, incluindo aqueles que obtenham
produtos através de vendas à distância, a opção de devolução de produtos dentro de um período específico
ou obter outras soluções adequadas;
− avaliar as queixas e melhorar as práticas de resposta a queixas;
− se adequado, oferecer garantias que vão além dos períodos garantidos por lei e sejam adequadas à duração
esperada de vida do produto;
− informar claramente os consumidores sobre a forma como poderão aceder a serviços pós-venda e apoio,
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bem como a resolução de conflitos e a mecanismos de reparação [5][6];


− oferecer sistemas de aconselhamento e apoio adequados e eficientes;
− oferecer manutenção e reparação a um preço razoável e em locais acessíveis e disponibilizar prontamente
as informações sobre a disponibilidade esperada das peças sobressalentes para os produtos; e
− utilizar resoluções alternativas de conflitos, resolução de litígios e procedimentos de reparação
alternativos que sejam baseados em normas internacionais ou nacionais, não tenham custos ou tenham um
custo mínimo para os consumidores [5][6] e não exijam que os consumidores abdiquem dos seus direitos
para prosseguirem com uma acção de recurso jurídica.
Caixa 12 – Resolução de conflitos de consumidores
A família de normas de gestão da qualidade ISO contém um conjunto de três normas orientadoras que dizem
respeito a: códigos de satisfação do cliente (concebidos para diminuir a probabilidade do surgimento de
reclamações); tratamento de reclamações; e resolução de conflitos externos (naquelas situações onde as
reclamações não poderão ser resolvidas dentro da organização). Conjuntamente, as três normas
providenciam uma abordagem sistémica para prevenir e tratar reclamações dos consumidores e resolução de
conflitos. As organizações também poderão utilizar uma ou mais destas normas, dependendo das
necessidades e circunstâncias. As linhas de orientação nestas normas assistem as organizações para fazerem
face às suas obrigações de disponibilização de reparação aos consumidores e de lhes dar a oportunidade de
serem ouvidos. As normas são:
− ISO 10001, Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for codes of conduct for
organizations [4]. This International Standard assists organizations in developing and implementing
effective, fair and accurate codes of conduct.
− ISO 10002, Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for complaints handling in
organizations [5]. This International Standard provides guidance on how organizations can fairly and
effectively address complaints about their products and services
− ISO 10003, Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for dispute resolution external to
organizations [6]. This International Standard addresses situations where organizations have been unable
to resolve complaints through their internal complaints handling mechanisms

6.7.7 Consumidor, questão 5: privacidade e protecção de dados do consumidor

6.7.7.1 Descrição da questão


A privacidade e a protecção de dados do consumidor destinam-se a salvaguardar os direitos dos
consumidores à privacidade limitando o tipo de informação recolhida e as formas pelas quais essa
informação é obtida, utilizada e mantida em segurança. A crescente utilização da comunicação electrónica
(incluindo para transacções financeiras) e dos testes genéticos, bem como o crescimento das bases de dados
de grande escala, fazem surgir preocupações relativamente à forma como a privacidade do consumidor pode
ser protegida, particularmente em relação a informações pessoais [36][123][124][125].
As organizações poderão ajudar a manter a sua credibilidade e a confiança dos consumidores através da
utilização de sistemas rigorosos de recolha, utilização e protecção dos dados do consumidor.

6.7.7.2 Expectativas e acções relacionadas


Para evitar que a recolha e o processamento de dados pessoais infrinjam a privacidade, a organização deverá:
− limitar a recolha de dados pessoais a informações que sejam essenciais para a disponibilização dos
produtos e serviços ou que sejam fornecidas com o consentimento informado e voluntário do consumidor;
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− abster-se de fazer uso de serviços ou declarar ofertas especiais subordinadas ao acordo por parte do
consumidor para a utilização indesejada dos seus dados para fins de marketing;
− obter dados apenas por meios legais e justos;
− especificar a finalidade para a qual cada dado pessoal é recolhido, seja antes ou na data da recolha;
− não revelar, disponibilizar ou de outra forma utilizar dados pessoais para fins que não sejam os
especificados, incluindo marketing, excepto com o consentimento informado e voluntário do consumidor
ou quando exigido por lei;
− proporcionar aos consumidores o direito de verificarem se a organização possui dados relacionados com
eles e contestar esses dados, conforme definido por lei. Se a contestação for bem-sucedida, os dados
deverão ser eliminados, rectificados, completados ou alterados, conforme adequado;
− proteger os dados pessoais através das salvaguardas de segurança adequadas;
− mostrar abertura sobre desenvolvimentos, práticas e políticas relativamente a dados pessoais e
proporcionar formas prontamente disponíveis de estabelecer a existência, a natureza e as principais
utilizações dos dados pessoais;
− revelar a identidade e a localização habitual da pessoa responsável pela protecção dos dados na
organização (por vezes designada de controlador de dados) e responsabilizar esta pessoa pelo cumprimento
das medidas anteriormente referidas e da lei aplicável.

6.7.8 Consumidor, questão 6: acesso a serviços essenciais

6.7.8.1 Descrição da questão


Embora o Estado seja responsável por assegurar que o direito da satisfação das necessidades básicas seja
respeitado, há muitos locais ou condições nos quais o Estado não assegura que este direito é protegido. Até
quando a satisfação de algumas necessidades básicas, como os cuidados de saúde, está protegida, o direito a
serviços de utilidade pública geral, como electricidade, gás, água, serviços de tratamento de águas residuais,
drenagem, esgotos e comunicação poderá não ser totalmente conseguido. Uma organização pode contribuir
para a concretização deste direito [155].

6.7.8.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização que preste serviços essenciais deverá:
− não desligar serviços essenciais por falta de pagamento sem dar ao consumidor ou grupo de consumidores
a oportunidade de conseguir um período de tempo razoável para efectuar o pagamento. Não deverá
recorrer à desconexão colectiva dos serviços que penalizem todos os consumidores independentemente do
pagamento;
− ao definir preços e encargos, oferecer, quando permitido, uma tarifa que proporcione um subsídio àqueles
que necessitem;
− operar de forma transparente, disponibilizando informações relacionadas com a definição de preços e
encargos;
− expandir a sua cobertura e proporcionar a mesma qualidade e o mesmo nível de serviço, sem
discriminação, a todos os grupos de consumidores;
− gerir qualquer redução ou interrupção de fornecimento de forma equitativa, sem discriminar qualquer
grupo de consumidores; e
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− manter e actualizar os seus sistemas para evitar a interrupção do serviço.

6.7.9 Consumidor, questão 7: formação e sensibilização

6.7.9.1 Descrição da questão


As iniciativas de formação e sensibilização permitem que os consumidores que estejam bem informados,
conscientes dos seus direitos e responsabilidades, tenham mais probabilidade de assumir um papel activo e
consigam tomar decisões de compra informadas e consumir de forma responsável. Os consumidores em
desvantagem tanto em áreas rurais como urbanas, incluindo consumidores com baixos rendimentos e aqueles
com baixos níveis de literacia, têm necessidades especiais de formação e de maior consciencialização.
Sempre que houver um contrato formal entre uma organização e um consumidor, a organização deverá
verificar se o consumidor está devidamente informado sobre todos os direitos e obrigações aplicáveis.
O objectivo da formação do consumidor é não só transferir conhecimento, mas também dar poder aos
consumidores para agirem com base neste conhecimento. Isto inclui o desenvolvimento de competências
para avaliar produtos e serviços e para fazer comparações. Também se destina a causar uma maior
consciência sobre o impacte das escolhas de consumo nos outros e no desenvolvimento sustentável [154]. A
formação não isenta uma organização de responsabilidades, caso um consumidor seja prejudicado ao utilizar
produtos e serviços.

6.7.9.2 Expectativas e acções relacionadas


Ao formar os consumidores, uma organização, quando adequado, deverá abordar:
− saúde e segurança, incluindo os produtos perigosos;
− informações sobre leis e regulamentos adequados, sobre formas de obter reparação e sobre agências e
organizações de protecção dos consumidores;
− rotulagem de produtos e serviços e informações disponibilizadas em manuais e instruções;
− informações sobre pesos e medidas, preços, qualidade, condições de crédito e disponibilidade de serviços
essenciais;
− informações sobre riscos relacionados com a utilização e quaisquer precauções necessárias;
− produtos e serviços financeiros e de investimento;
− protecção ambiental;
− utilização eficiente de materiais, energia e água;
− consumo sustentável; e
− deposição final (ou eliminação) adequada de embalagens, resíduos e produtos.

6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade

6.8.1 Visão geral do envolvimento e desenvolvimento da comunidade


Hoje em dia é amplamente aceite que as organizações têm uma relação com as comunidades nas quais
operam. Esta relação deverá basear-se no envolvimento da comunidade de forma a contribuir para o
desenvolvimento da comunidade. O envolvimento da comunidade – seja individualmente ou através de
associações que procurem melhorar o bem público – ajuda a fortalecer a sociedade civil. As organizações
que se envolvem de forma respeitosa com a comunidade e as suas instituições reflectem e reforçam os
valores democráticos e cívicos.
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A comunidade nesta secção refere-se a populações residenciais ou outras formas de instalação social
localizadas numa área geográfica que se encontre na proximidade física do local de uma organização ou nas
áreas de impacte de uma organização. A área e os membros da comunidade afectados pelo impacte de uma
organização dependerão do contexto e, especialmente, da dimensão e da natureza desse impacte. De um
modo geral, todavia, o termo comunidade também pode ser entendido como referindo-se a um grupo de
pessoas que tenham características particulares em comum, por exemplo uma comunidade “virtual”
relativamente a uma questão em particular.
O envolvimento da comunidade e o desenvolvimento da comunidade são ambos parte integrante do
desenvolvimento sustentável.
O envolvimento da comunidade vai além da identificação e do envolvimento das partes interessadas
relativamente ao impacte das actividades de uma organização; também envolve o apoio para o
estabelecimento de uma relação com a comunidade. Acima de tudo, implicam o reconhecimento do valor da
comunidade. O envolvimento da comunidade por parte de uma organização deverá advir do reconhecimento
de que a organização é uma parte interessada na comunidade, partilhando interesses comuns com a mesma.
A contribuição da organização para o desenvolvimento da comunidade pode ajudar a promover níveis mais
elevados de bem-estar na comunidade. Tal desenvolvimento, entendido de um modo geral, consiste na
melhoria da qualidade de vida da população. O desenvolvimento da comunidade não é um processo linear;
para além disto, é um processo a longo prazo no qual estarão presentes interesses diferentes e em conflito. As
características históricas e culturais tornam cada comunidade única e influenciam as possibilidades do seu
futuro. O desenvolvimento da comunidade é, por conseguinte, o resultado dos aspectos sociais, políticas,
económicas e culturais e dependem das características das forças sociais envolvidas. As partes interessadas
na comunidade poderão ter diferentes interesses – até mesmo conflituantes. A responsabilidade partilhada é
necessária para promover o bem-estar da comunidade como um objectivo comum.
As questões do desenvolvimento da comunidade para a qual a organização pode contribuir incluem a criação
de emprego através da expansão e da diversificação das actividades económicas e do desenvolvimento
tecnológico. Também pode contribuir através de investimentos sociais para a riqueza e criação de
rendimento através de iniciativas de desenvolvimento económico locais; expandindo programas de educação
e desenvolvimento de competências; promovendo e preservando cultura e artes; e disponibilizando e/ou
promovendo serviços de saúde na comunidade. O desenvolvimento da comunidade pode incluir o
fortalecimento institucional da comunidade, dos seus grupos e fóruns colectivos, de programas culturais,
sociais e ambientais e de redes locais envolvendo várias instituições.
O desenvolvimento da comunidade é geralmente avançado quando as forças sociais numa comunidade se
esforçam por promover a participação pública e lutam por direitos iguais e padrões de vida dignos para todos
os cidadãos, sem discriminação. É um processo interno da comunidade que tem em conta as relações
existentes e ultrapassa barreiras para o usufruto de direitos. O desenvolvimento da comunidade é reforçado
por uma conduta socialmente responsável.
Os investimentos sociais que contribuem para o desenvolvimento da comunidade, conseguem sustentar e
melhorar as relações de uma organização com as suas comunidades, e poderão ou não, estar associados às
actividades operacionais fundamentais de uma organização (ver 6.8.9).
Ainda que alguns aspectos das acções discutidas nesta secção possam ser entendidos como filantrópicos, as
actividades filantrópicas por si só, não atingem o objectivo de integrar a responsabilidade social na
organização (tal como discutido em 3.3.4).
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6.8.2 Princípios e considerações

6.8.2.1 Princípios
Para além dos princípios de responsabilidade social delineados na secção 4, os seguintes princípios
específicos são aplicáveis ao envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Uma organização deverá:
− considerar-se parte, e não alheia, da comunidade na abordagem de envolvimento e desenvolvimento da
comunidade;
− reconhecer e ter o devido respeito pelos direitos dos membros da comunidade de tomarem decisões em
relação à sua comunidade e, por conseguinte, procurarem, da maneira que eles escolherem, formas de
maximizar os seus recursos e oportunidades;
− reconhecer e ter o devido respeito pelas características, por exemplo, culturas, religiões, tradições e
história, da comunidade enquanto interage com ela; e
− reconhecer o valor do trabalho em parceria, apoiando a troca de experiências, recursos e esforços.

6.8.2.2 Considerações
A Declaração de Copenhaga [157] reconhece a “necessidade urgente de abordar desafios sociais profundos,
especialmente a pobreza, o desemprego e a exclusão social”. A Declaração de Copenhaga e o Programa de
Acção comprometeram a comunidade internacional a tornar a conquista da pobreza, o objectivo da total
produtividade, o emprego adequadamente remunerado e livremente escolhido e o encorajamento da
integração social objectivos de desenvolvimento superiores.
A Declaração do Milénio da ONU define objectivos que, se cumpridos, ajudarão a resolver os principais
desafios de desenvolvimento mundiais (ver Caixa 13). A Declaração do Milénio da ONU [153] dá ênfase ao
facto de, apesar de o desenvolvimento dever ser orientado e conduzido principalmente para as políticas
públicas, o processo de desenvolvimento depende das contribuições de todas as organizações. O
envolvimento da comunidade ajuda a contribuir, a nível local, para o cumprimento destes objectivos.
A Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento [158] introduziu a Agenda 21, que é um processo de
desenvolvimento de um plano de acção abrangente que pode ser implementado localmente por organizações
em todas as áreas nas quais as actividades humanas tenham impacte na sociedade e no ambiente.
Caixa 13 – Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) [153] são oito objectivos que deverão ser atingidos no
ano 2015 e que respondem aos principais desafios do desenvolvimento mundial. Os ODM são concebidos a
partir de acções e metas incluídas na Declaração do Milénio.
Os oito ODM são:
1. Erradicar a pobreza extrema e a fome
2. Alcançar o ensino primário universal
3. Promover a igualdade de género e empoderar as mulheres
4. Reduzir a mortalidade infantil
5. Melhorar a saúde materna
6. Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças
7. Garantir a sustentabilidade ambiental
8. Fortalecer uma parceria global para o desenvolvimento
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Os ODM dividem-se em 18 metas quantificáveis que são avaliadas por 48 indicadores.


A organização deverá considerar apoiar as respectivas políticas públicas quando se envolve com a
comunidade. Isto pode apresentar oportunidades para maximizar os resultados pretendidos que promovam o
desenvolvimento sustentável através de uma visão partilhada e da compreensão comum das prioridades e
parcerias de desenvolvimento.
As organizações costumam juntar-se em parcerias e associar-se a outras para defender e fazer progredir os
seus próprios interesses. Todavia, estas associações deverão representar os interesses dos seus membros com
base no respeito pelos direitos de outros grupos e pessoas a fazer o mesmo, e deverão sempre operar de uma
forma que aumente o respeito pelo estado de direito e pelos processos democráticos.
Antes de tomar decisões sobre uma abordagem para o envolvimento e desenvolvimento da comunidade, a
organização deverá pesquisar o seu potencial impacte na comunidade e planear formas de mitigar o impacte
negativo e maximizar o impacte positivo.
Quando preparar planos para o envolvimento e desenvolvimento da comunidade, uma organização deverá
procurar oportunidades para se envolver com um grupo alargado de partes interessadas (ver 4.5, 5.3 e secção
7). Para além disto, é importante identificar e trocar impressões e, onde possível, apoiar grupos vulneráveis,
marginalizados, discriminados ou sub-representados.
As áreas mais importantes para o envolvimento e desenvolvimento da comunidade dependerão da
comunidade em particular e do conhecimento único, dos recursos e da capacidade que cada organização traz
para a comunidade.
Algumas actividades de uma organização poderão destinar-se claramente a contribuir para o
desenvolvimento da comunidade; outras poderão ter como objectivo fins privados, mas promover
indirectamente o desenvolvimento geral.
Ao integrar o conceito de envolvimento da comunidade nas decisões e actividades da organização, uma
organização pode minimizar ou evitar impactes negativos e maximizar as vantagens dessas actividades e do
desenvolvimento sustentável no seio da comunidade. Uma organização pode utilizar a sua base de
competências inerentes no envolvimento da comunidade (ver Caixa 14).
Caixa 14 – Contribuir para o desenvolvimento da comunidade através das actividades fundamentais
de uma organização
Alguns exemplos de formas pelas quais as actividades fundamentais da organização poderão contribuir para
o desenvolvimento da comunidade incluem:
− uma empresa que venda equipamento agrícola pode disponibilizar formação em técnicas agrícolas;
− uma empresa que planeie construir uma estrada de acesso pode envolver a comunidade na fase de
planeamento para identificar como a estrada poderá ser construída para também fazer face também às
necessidades da comunidade (por exemplo, disponibilizando o acesso a agricultores locais);
− os sindicatos poderão fazer uso das suas redes de membros para divulgar informações sobre as boas
condições de higiene à comunidade;
− uma indústria que utilize grandes volumes de água e que construa uma estação de purificação de água
para as suas necessidades pode também disponibilizar água potável à comunidade;
− uma associação de protecção ambiental que opera numa área remota pode comprar bens necessários para
a sua actividade a produtores e comerciantes locais; e
− um clube recreativo pode permitir a utilização das suas instalações para actividades de formação a adultos
iletrados da comunidade.
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A organização pode ser confrontada com crises humanitárias ou outras circunstâncias que ameacem
perturbar a vida da comunidade, agravar os problemas sociais e económicos da comunidade e poderão
também aumentar os riscos de abusos dos direitos humanos (ver 6.3.4). Exemplos dessas situações incluem
emergências de segurança alimentar, desastres naturais como inundações, secas, tsunamis e terramotos,
deslocação de populações e conflitos armados.
As organizações com actividades, parceiros ou outras partes interessadas numa área afectada deverão
considerar contribuir para a atenuação destas situações ou poderão desejar fazê-lo por razões simplesmente
humanitárias. As organizações poderão contribuir de muitas formas, desde o socorro no desastre até ao
esforço de reconstrução. Em todos os casos, o sofrimento humano deverá ser abordado, dando particular
atenção aos mais vulneráveis na situação em causa e na população em geral, tais como mulheres e crianças.
A dignidade e os direitos de todas as vítimas deverão ser respeitados e apoiados.
Em situações de crise é importante dar uma resposta coordenada; por conseguinte, é importante trabalhar
com as autoridades públicas e, onde aplicável, com as organizações humanitárias internacionais e outras
entidades adequadas.

6.8.3 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 1: envolvimento da comunidade

6.8.3.1 Descrição da questão


O envolvimento da comunidade é a intervenção proactiva de uma organização na comunidade. Destina-se a
prevenir e a resolver problemas, favorecendo parcerias com organizações locais e partes interessadas e
aspirando a ser um bom cidadão organizacional da comunidade. Não substitui a necessidade de assumir
responsabilidade pelos impactes na sociedade e no ambiente. As organizações contribuem para as suas
comunidades através da sua participação no apoio a instituições civis e através do envolvimento em redes de
grupos e indivíduos que constituem a sociedade civil.
O envolvimento da comunidade também ajuda as organizações a familiarizarem-se com as necessidades e
prioridades da comunidade, para que os esforços pelo desenvolvimento e outros da organização sejam
compatíveis com os da comunidade e da sociedade. Uma organização pode envolver-se, por exemplo,
através da participação em fora estabelecidos por associações de autoridades locais e residentes ou criando
esses fora.
Algumas comunidades tradicionais ou indígenas, associações de bairro ou redes na Internet expressam-se
sem constituir uma “organização” formal. Uma organização deverá estar ciente de que há muitos tipos de
grupos, formais e informais, que poderão contribuir para o desenvolvimento. A organização deverá respeitar
os direitos culturais, sociais e políticos desses grupos.
É importante que as acções para o envolvimento da comunidade preservem o respeito pelo estado de direito e
por processos participativos que respeitem os direitos e atendam aos pontos de vista de outros para
expressarem e defenderem os seus próprios interesses.

6.8.3.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− consultar grupos representativos da comunidade ao determinar prioridades para o investimento social e
actividades de desenvolvimento da comunidade. Deverá ser dada atenção especial a grupos vulneráveis,
discriminados, marginalizados, não representados e sub-representados para os envolver de uma forma que
ajude a expandir as suas opções e a respeitar os seus direitos;
− consultar e acolher comunidades, incluindo pessoas indígenas, sobre os termos e condições do
desenvolvimento que os afectem. A consulta deverá ocorrer antes do desenvolvimento e deverá basear-se
em informações completas, precisas e acessíveis [154];
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− participar em associações locais conforme possível e adequado, com o objectivo de contribuir para o bem
público e para os objectivos do desenvolvimento das comunidades;
− manter relações transparentes com os agentes de governos e representantes políticos locais, sem subornos
ou influências impróprias;
− encorajar e apoiar pessoas a serem voluntárias no serviço comunitário; e
− contribuir para a formulação de políticas e para o estabelecimento, implementação, monitorização e
avaliação de programas de desenvolvimento. Quando o fizer, a organização deverá respeitar os direitos e
atender aos pontos de vista dos outros para expressarem e defenderem os seus próprios interesses.

6.8.4 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 2: educação e cultura

6.8.4.1 Descrição da questão


Educação e cultura são fundações do desenvolvimento socioeconómico e são parte da identidade da
comunidade. A preservação e a promoção da cultura e a promoção da educação compatível com o respeito
pelos direitos humanos têm impactes positivos na coesão e no desenvolvimento sociais [151].
6.8.4.2 Expectativas e acções relacionadas
Uma organização deverá:
− promover e apoiar a educação a todos os níveis e envolver-se em acções para melhorar a qualidade e o
acesso à educação, promover o conhecimento local e ajudar a erradicar a iliteracia;
− em particular, promover as oportunidades de aprendizagem por parte de grupos vulneráveis ou
discriminados;
− encorajar a inscrição das crianças na educação formal e contribuir para a eliminação das barreiras para
que as crianças consigam uma educação (como o trabalho infantil) [135];
− promover actividades culturais onde adequado, reconhecer e valorizar as culturas locais e as tradições
culturais, consistentes com o princípio do respeito pelos direitos humanos. Acções de apoio a actividades
culturais que dêem poder a grupos historicamente em desvantagem são especialmente importantes como
forma de combater a discriminação;
− considerar a facilitação da formação para os direitos humanos e o aumento da sensibilização;
− ajudar a preservar e a proteger a herança cultural, especialmente onde as actividades da organização
tenham um impacte [161][163][164];
− onde adequado, promover a utilização do conhecimento tradicional e das tecnologias das comunidades
indígenas [75].

6.8.5 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 3: criação de emprego e


desenvolvimento de competências

6.8.5.1 Descrição da questão


O emprego é um objectivo reconhecido internacionalmente relacionado com o desenvolvimento
socioeconómico. Ao criarem emprego, todas as organizações, grandes e pequenas, poderão contribuir para a
redução da pobreza e promover o desenvolvimento socioeconómico. Ao criarem emprego, as entidades
patronais deverão observar as linhas de orientação relevantes apresentadas em 6.3 e 6.4.
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O desenvolvimento de competências é uma componente fundamental da promoção do emprego e da ajuda às


pessoas para assegurarem trabalhos decentes e produtivos e é fundamental para o desenvolvimento
socioeconómico.

6.8.5.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− analisar o impacte das suas decisões de investimento na criação de emprego e, onde for economicamente
viável, fazer investimentos directos que aliviem a pobreza através da criação de emprego;
− considerar o impacte da escolha tecnológica no emprego e, onde for economicamente viável a mais longo
prazo, seleccionar tecnologias que maximizem as oportunidades de emprego;
− considerar o impacte das decisões de externalização na criação de emprego, tanto na organização que
toma a decisão como nas organizações externas afectadas por essas decisões;
− considerar a vantagem de criar emprego directo em vez de recorrer a acordos de trabalho temporário;
− considerar a participação em programas de desenvolvimento de competências locais e nacionais,
incluindo programas de aprendizagem, programas centrados em grupos em desvantagem, programas de
aprendizagem ao longo da vida e esquemas de reconhecimento e certificação de competências;
− considerar ajudar a desenvolver ou a melhorar programas de desenvolvimento de competências na
comunidade onde estes forem inadequados, possivelmente em parceria com outros na comunidade;
− dar especial atenção a grupos vulneráveis relativamente à criação de emprego e de capacidades;
− considerar o apoio à promoção de condições gerais necessárias à criação de emprego.

6.8.6 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 4: desenvolvimento e acesso à


tecnologia

6.8.6.1 Descrição da questão


Para facilitar o desenvolvimento socioeconómico, as comunidades e os seus membros necessitam, entre
outras coisas, de acesso total e seguro a tecnologia moderna. As organizações poderão contribuir para o
desenvolvimento das comunidades nas quais operam aplicando conhecimento, competências e tecnologia
especializados de forma a promover o desenvolvimento de recursos humanos e a difusão da tecnologia.
As tecnologias de informação e comunicação caracterizam grande parte da vida contemporânea e constituem
uma base valiosa para muitas actividades económicas. O acesso à informação é fundamental para ultrapassar
as disparidades que existem entre países, regiões, gerações, géneros, etc. Uma organização pode contribuir
para um melhor acesso a estas tecnologias através de treino, parcerias e outras acções.

6.8.6.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− considerar contribuir para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que ajudem a resolver questões
sociais e ambientais nas comunidades locais;
− considerar contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo que sejam facilmente
reprodutíveis e tenham um elevado impacte positivo na erradicação da pobreza e da fome;
− considerar, onde for economicamente exequível, o desenvolvimento de conhecimentos e tecnologias
locais e tradicionais potenciais, enquanto se protege o direito da comunidade a esse conhecimento e
tecnologia;
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− considerar envolver-se em parcerias com organizações, como universidades ou laboratórios de pesquisa,


para melhorar o desenvolvimento científico e tecnológico com parceiros da comunidade e empregar
pessoas locais neste trabalho [124]; e
− adoptar práticas que permitam a transferência e a difusão da tecnologia, onde for economicamente
exequível. Onde aplicável, uma organização deverá definir termos e condições razoáveis para licenças ou
transferência de tecnologia de forma a contribuir para o desenvolvimento local. A capacidade da
comunidade para gerir a tecnologia deverá ser tida em conta e melhorada.

6.8.7 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 5: riqueza e criação de rendimento

6.8.7.1 Descrição da questão


Empresas concorrentes, diversas e cooperantes são fundamentais para a criação de riqueza em qualquer
comunidade. As organizações poderão ajudar a criar um ambiente no qual o empreendedorismo pode
florescer, trazendo benefícios duradouros às comunidades. As organizações poderão contribuir positivamente
para a riqueza e para a criação de rendimento através de programas de empreendedorismo, desenvolvimento
de fornecedores locais e emprego de membros da comunidade, bem como através de maiores esforços para
fortalecer os recursos económicos e as relações sociais que promovem o bem-estar socioeconómico ou
geram vantagens para a comunidade. Para além disto, ao ajudar a criar riqueza e rendimentos a nível local e
promovendo uma distribuição equilibrada dos benefícios económicos entre os membros da comunidade, as
organizações poderão desempenhar um papel significativo na redução da pobreza. Programas de
empreendedorismo e cooperação que visem as mulheres são particularmente importantes, uma vez que é
amplamente reconhecido que o empoderamento das mulheres contribui grandemente para o bem-estar da
sociedade.
A riqueza e a criação de rendimento também dependem de uma distribuição justa das vantagens da
actividade económica. Os governos esperam que as organizações cumpram as suas obrigações fiscais para
obterem receitas e abordarem questões de desenvolvimento fundamentais.
Em muitas situações, o isolamento físico, social e económico das comunidades pode ser um obstáculo ao seu
desenvolvimento. As organizações poderão desempenhar um papel positivo no desenvolvimento das
comunidades integrando as pessoas, os grupos e as organizações locais nas suas actividades ou na sua cadeia
de valor. Desta forma, considerações sobre o desenvolvimento da comunidade poderão tornar-se parte
integrante das actividades fundamentais das organizações.
Uma organização contribui para o desenvolvimento através da conformidade com as leis e regulamentos. Em
algumas circunstâncias, o falhanço de grupos comunitários em operarem no âmbito do enquadramento legal
devido é uma consequência das condições de pobreza ou desenvolvimento. Nestas circunstâncias, uma
organização que esteja envolvida com grupos que operem fora do enquadramento legal deverão procurar
atenuar a pobreza e promover o desenvolvimento. Uma organização deverá também procurar criar
oportunidades que permitam a estes grupos conseguirem uma maior, e eventualmente total, conformidade
com a lei, especialmente no que diz respeito às relações económicas.

6.8.7.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− considerar o impacte socioeconómico de entrar ou sair de uma comunidade, incluindo o impacte nos
recursos básicos necessários para o desenvolvimento sustentável da comunidade;
− considerar o apoio a iniciativas adequadas para estimular a diversificação da actividade económica
existente na comunidade;
− considerar dar preferência a fornecedores locais de produtos e serviços e contribuir para o
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desenvolvimento dos fornecedores locais, onde possível;


− considerar levar a cabo iniciativas que fortaleçam a capacidade e as oportunidades para que fornecedores
locais contribuam para a cadeia de valor, dando especial atenção aos grupos em desvantagem na
comunidade;
− considerar apoiar as organizações a operarem no âmbito do enquadramento legal adequado;
− envolver-se em actividades económicas com organizações que, devido aos baixos níveis de
desenvolvimento, tenham dificuldade em cumprir os requisitos legais apenas quando:
− a finalidade for abordar a pobreza;
− as actividades dessas organizações respeitarem os direitos humanos e houver expectativas razoáveis de
que essas organizações irão progredir de forma consistente para a realização das suas actividades no
âmbito do enquadramento legal adequado;
− considerar contribuir para programas e parcerias duradouros que assistam os membros da comunidade,
especialmente as mulheres e outros em desvantagem social e grupos vulneráveis para estabelecerem
negócios e cooperativas, no aperfeiçoamento da produtividade e na promoção do empreendedorismo. Tais
programas poderão, por exemplo, providenciar formação em planeamento empresarial, marketing,
padrões de qualidade necessários para se tornarem fornecedores, gestão e assistência técnica, acesso a
questões financeiras e facilitação de joint ventures;
− encorajar a utilização eficiente dos recursos disponíveis, incluindo os cuidados adequados com animais
domesticados;
− considerar formas adequadas de tornar as oportunidades de contrato mais facilmente acessíveis às
organizações da comunidade, incluindo, por exemplo, a criação de capacidades para responder a
especificações técnicas a cumprir e disponibilizar informações sobre oportunidades de contrato;
− considerar o apoio a organizações e pessoas que contribuam com produtos e serviços necessários para a
comunidade, que possam também gerar emprego local, assim como ligações a mercados locais, regionais
e urbanos onde isto for benéfico para bem-estar da comunidade;
− considerar formas adequadas para ajudar no desenvolvimento de associações de empresários baseados na
comunidade;
− cumprir as suas responsabilidades fiscais e fornecer às autoridades as informações necessárias para
correctamente determinarem os impostos devidos; e
− considerar a contribuição para o fundo de pensões e reformas dos trabalhadores subordinados.

6.8.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 6: saúde

6.8.8.1 Descrição da questão


A saúde é um elemento fundamental da vida em sociedade e é um direito humano reconhecido. As ameaças à
saúde pública poderão ter graves impactes nas comunidades e poderão dificultar o seu desenvolvimento.
Assim, todas as organizações, tanto grandes como pequenas, deverão respeitar o direito à saúde e deverão
contribuir, dentro das suas possibilidades e conforme adequado, para a promoção da saúde, para a prevenção
de ameaças à saúde e doenças e para a mitigação de quaisquer danos na comunidade (ver também 6.4.6, 6.5 e
6.7.4). Isto pode incluir a participação em campanhas de saúde pública. Também deverão contribuir, onde
possível e adequado, para aperfeiçoar o acesso aos serviços de saúde especialmente reforçando e apoiando os
serviços públicos. Até nos países onde é função do Estado proporcionar um sistema de saúde pública, todas
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as organizações poderão considerar contribuir para a saúde nas comunidades. Uma comunidade saudável
reduz o peso no sector público e contribui para um bom ambiente socioeconómico em todas as organizações.

6.8.8.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− procurar eliminar impactes negativos para a saúde de qualquer processo de produção, produto ou serviço
fornecido pela organização;
− considerar promover a saúde, por exemplo, contribuindo para o acesso a medicamentos e vacinação e
encorajando estilos de vida saudáveis, incluindo exercício e boa nutrição, detecção precoce de doenças,
aumento da consciencialização de métodos contraceptivos e desencorajando o consumo de produtos e
substâncias não saudáveis. Deverá ser dada especial atenção à nutrição infantil;
− considerar aumentar a consciencialização acerca das ameaças à saúde e das principais doenças e sua
prevenção, como o HIV/SIDA, cancro, doenças cardíacas, malária, tuberculose e obesidade; e
− considerar apoiar o acesso universal e duradouro a serviços de cuidados de saúde essenciais e a água
potável e saneamento adequado como forma de prevenção de doenças.

6.8.9 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade, questão 7: investimento social

6.8.9.1 Descrição da questão


O investimento social tem lugar quando as organizações investem os seus recursos em iniciativas e
programas com o objectivo de aperfeiçoar aspectos sociais da vida da comunidade. Os tipos de investimentos
sociais poderão incluir projectos relacionados com educação, formação, cultura, cuidados de saúde, geração
de rendimentos, desenvolvimento de infra-estruturas, aperfeiçoamento do acesso a informações ou qualquer
outra actividade que possa promover o desenvolvimento económico ou social.
Ao identificar as oportunidades de investimento social, a organização deverá alinhar a sua contribuição com
as necessidades e as prioridades das comunidades nas quais opera, tendo em conta as prioridades definidas
por governantes locais e nacionais. A partilha de informações, a consulta e a negociação são ferramentas
úteis para uma abordagem participativa para identificar e implementar investimentos sociais.
Os investimentos sociais não excluem a filantropia (por exemplo, bolsas, voluntariado e doações).
As organizações também deverão encorajar o envolvimento da comunidade na concepção e implementação
de projectos, uma vez que isto pode permitir a sobrevivência e a prosperidade dos projectos quando a
organização deixar de estar envolvida. Os investimentos sociais deverão dar prioridade a projectos que sejam
viáveis a longo prazo e contribuam para o desenvolvimento sustentável.

6.8.9.2 Expectativas e acções relacionadas


Uma organização deverá:
− ter em conta a promoção do desenvolvimento da comunidade ao planear projectos de investimento social.
Todas as acções deverão ampliar as oportunidades dos cidadãos, por exemplo, aumentando os contratos
locais e qualquer externalização como forma de apoiar o desenvolvimento local;
− evitar acções que perpetuem a dependência de uma comunidade das actividades filantrópicas, da presença
contínua ou do apoio da organização;
− avaliar as suas próprias iniciativas relacionadas com a comunidade, informando a comunidade e as
pessoas no seio da organização onde poderão ser realizadas melhorias;
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− considerar fazer parcerias com outras organizações, incluindo o governo, empresas ou ONGs para
maximizar sinergias e aproveitar os recursos, conhecimento e competências complementares; e
− considerar contribuir para programas que proporcionem o acesso a alimentos e outros produtos essenciais
por parte de grupos vulneráveis ou discriminados e pessoas com baixos rendimentos, tendo em conta a
importância da contribuição para que tenham cada vez mais capacidades, recursos e oportunidades.

7 Linhas orientadoras da integração da responsabilidade social na organização

7.1 Generalidades
As secções anteriores da presente Norma identificaram os princípios, os temas fundamentais e as questões da
responsabilidade social. Esta secção apresenta linhas orientadoras referentes à implementação da
responsabilidade social numa organização. Na maior parte dos casos, ao colocar em prática a
responsabilidade social, as organizações poderão ter como base sistemas, políticas, estruturas e redes já
existentes na organização, embora algumas actividades, provavelmente, sejam efectuadas de forma diferente
ou tendo em conta um conjunto de factores mais alargado.
Algumas organizações poderão já ter estabelecido técnicas para a introdução de novas abordagens no seu
processo de tomada de decisão e nas suas actividades, assim como sistemas eficazes para comunicação e
revisão interna. Outras poderão dispor de sistemas menos bem desenvolvidos para governação
organizacional ou outros aspectos da responsabilidade social. As seguintes linhas de orientação destinam-se
a ajudar todas as organizações, seja qual for o seu ponto de partida, a integrar a responsabilidade social na
forma como operam (ver Figura 4).

Figura 4 – Integrar a responsabilidade social na organização


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7.2 A relação das características da organização com a responsabilidade social


A fim de proporcionar uma base informada para integrar a responsabilidade social na organização, é útil para
a organização determinar como as suas características principais se relacionam com a responsabilidade social
(ver secção 5). Esta revisão também vai ajudar a determinar as questões relevantes da responsabilidade social
em cada tema fundamental e a identificar as partes interessadas da organização. A revisão deverá incluir,
onde adequado, factores como:
− o tipo, finalidade, dimensão e natureza das operações da organização;
− locais nos quais a organização opera, incluindo:
− se existe um forte enquadramento legal que regule muitas das decisões e actividades relacionadas com
a responsabilidade social; e
− características sociais, ambientais e económicas das áreas de operação;
− quaisquer informações sobre o desempenho histórico da organização em questões da responsabilidade
social;
− características da força de trabalho ou dos trabalhadores subordinados da organização, incluindo trabalho
contratado;
− organizações sectoriais nas quais a organização participe, incluindo:
− as actividades relacionadas com a responsabilidade social levadas a cabo por essas organizações; e
− os códigos ou outros requisitos relacionados com a responsabilidade social promovida por essas
organizações;
− a própria missão, visão, valores, princípios e código de conduta da organização;
− preocupações de partes interessadas internas e externas relevantes para a responsabilidade social;
− estruturas para e de natureza do processo de tomada de decisões na organização;
− a cadeia de valor da organização.
Também é importante para a organização estar ciente das actuais atitudes, do nível de compromisso e da
compreensão da responsabilidade social por parte da sua liderança. Uma compreensão aprofundada dos
princípios, temas fundamentais e benefícios da responsabilidade social irá facilitar grandemente a integração
da responsabilidade social em toda a organização e na sua esfera de influência.

7.3 Compreender a responsabilidade social da organização

7.3.1 Diligência devida


A diligência devida no contexto da responsabilidade social é um processo abrangente e proactivo para
identificar os reais e potenciais impactes sociais, ambientais e económicos negativos das decisões e
actividades de uma organização, com o objectivo de evitar e mitigar esses impactes.
A diligência devida pode também envolver o acto de influenciar a conduta de outros, quando se considere
que são os causadores de violações de direitos humanos ou outras violações nas quais a organização possa
estar implicada.
Em qualquer processo de diligência devida, uma organização deverá considerar o contexto do país no qual
opera ou no qual as suas actividades têm lugar; os impactes potenciais e reais das suas próprias actividades; e
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o potencial para consequências negativas resultantes das acções de outras entidades ou pessoas cujas
actividades estejam significativamente ligadas às da organização.
Num processo de diligência devida deverão constar, de forma adequada à dimensão e às circunstâncias da
organização, os seguintes componentes:
− políticas organizacionais relacionadas com o tema fundamental relevante que contribuem com linhas
orientadoras significativas para a organização e para quem está estreitamente ligado à organização;
− formas de avaliar como as actividades existentes e propostas poderão afectar os objectivos dessas
políticas;
− formas de integrar os temas fundamentais da responsabilidade social em toda a organização;
− formas de controlar o desempenho ao longo do tempo, para conseguir efectuar os ajustes necessários nas
prioridades e na abordagem; e
− acções apropriadas para abordar os impactes negativos das suas decisões e actividades.
Ao identificar potenciais áreas de acção, uma organização deverá esforçar-se no sentido de compreender
melhor os desafios e os dilemas da perspectiva dos indivíduos e dos grupos potencialmente prejudicados.
Para além desta auto-avaliação, uma organização poderá considerar que, em alguns casos, é tanto possível
como adequado procurar influenciar a conduta de outras entidades para melhorar o seu desempenho na
responsabilidade social, particularmente aquelas com as quais tem laços estreitos ou onde a organização
considere existirem questões particularmente imperativas ou relevantes para a sua situação. À medida que
uma organização ganha experiência na área da melhoria do desempenho na responsabilidade social, pode
aumentar a sua capacidade e disponibilidade para intervir com outras entidades para defender este objectivo.

7.3.2 Determinar a relevância e a significância dos temas fundamentais e das questões para a
organização

7.3.2.1 Determinar a relevância


Todos os temas fundamentais, mas nem todas as questões, têm relevância para todas as organizações. Uma
organização deverá rever todos os temas fundamentais para identificar quais são as questões relevantes.
Para dar início ao processo de identificação, uma organização deverá, onde adequado:
− listar toda a extensão das suas actividades;
− identificar as partes interessadas (ver 5.3);
− identificar as actividades da própria organização e as das organizações dentro da sua esfera de influência.
As decisões e actividades de fornecedores e adjudicatários poderão ter um impacte na responsabilidade
social da organização;
− determinar que temas fundamentais e questões poderão surgir quando a organização e outros dentro da
sua esfera de influência e/ou cadeia de valor, levem a cabo essas actividades, tendo em conta toda a
legislação aplicável;
− examinar a variedade de maneiras em que as decisões e actividades da organização poderão causar
impactes nas partes interessadas e no desenvolvimento sustentável;
− examinar as formas através das quais as partes interessadas e as questões da responsabilidade social
poderão ter impacte nas decisões, actividades e planos da organização;
− identificar todas as questões da responsabilidade social relacionadas com as actividades do dia-a-dia, bem
como aquelas que surjam apenas ocasionalmente em circunstâncias muito específicas.
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Embora a própria organização possa julgar que compreende a sua responsabilidade social (ver 5.2.3), deverá
mesmo assim considerar o envolvimento das partes interessadas no processo de identificação para alargar a
perspectiva sobre os temas fundamentais e questões. Porém, é importante reconhecer que as questões
poderão ser relevantes, mesmo que as partes interessadas não as identifiquem.
Em algumas situações, a organização pode assumir que, como opera numa área com leis que abordam os
temas fundamentais da responsabilidade social, a conformidade com a lei será suficiente para assegurar que
todas as questões relevantes desses temas fundamentais são abordadas. Todavia, uma revisão cuidadosa dos
temas fundamentais e das questões da secção 6, poderá revelar que algumas das questões relevantes não são
reguladas, ou são abrangidas por regulamentos que não são adequadamente aplicados, ou não são explícitos
ou suficientemente detalhados.
Até para os temas fundamentais ou questões abrangidas pela lei, responder ao espírito da lei pode, em alguns
casos, envolver acção que vai além da simples conformidade. Como exemplo, apesar de algumas leis e
regulamentos ambientais limitarem as emissões de poluentes para o ar ou água a quantias ou níveis
específicos, uma organização deverá usar as melhores práticas para reduzir ainda mais as emissões desses
poluentes ou alterar os processos que utiliza como forma de eliminar por completo essas emissões. Outros
exemplos são uma escola que voluntariamente decide reutilizar a água da chuva para fins sanitários e um
hospital que pode decidir não só cumprir as leis relativamente às práticas laborais, mas também lançar um
programa especial de apoio à conciliação trabalho-família e vida pessoal dos seus trabalhadores.

7.3.2.2 Determinar o significado


Assim que a organização tiver identificado o leque de questões relevantes para as suas decisões e
actividades, deverá olhar cuidadosamente para as questões identificadas e desenvolver um conjunto de
critérios para decidir que questões têm maior significado e são mais importantes para a organização. Os
possíveis critérios incluem:
− extensão do impacte da questão nas partes interessadas e no desenvolvimento sustentável;
− potencial efeito da acção ou da ausência de acção sobre a questão;
− nível de preocupação das partes interessadas relativamente à questão; e
− identificação das expectativas da sociedade para uma conduta responsável relativamente a estes impactes.
As questões que são geralmente consideradas significativas são não-observância da lei; inconsistência com
normas internacionais de conduta; potenciais violações dos direitos humanos; práticas que poderão colocar
em risco a vida ou a saúde; e práticas que possam afectar seriamente o meio ambiente.

7.3.3 A esfera de influência de uma organização

7.3.3.1 Avaliar a esfera de uma influência da organização


Uma organização é influenciada por fontes como:
− propriedade e governação: inclui a natureza e a extensão da propriedade ou representação, se alguma,
nos órgãos de governação de uma outra organização associada;
− relação económica: inclui a extensão da relação económica e a importância relativa dessa relação para
qualquer das organizações; uma maior importância para uma organização pode criar maior influência para
a outra organização;
− autoridade legal/política: baseia-se, por exemplo, nas disposições de contratos juridicamente
vinculativos ou na existência de um mandato legal que conceda à organização a capacidade para tornar
obrigatórias determinadas condutas nos outros;
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− opinião pública: inclui a capacidade da organização para influenciar a opinião pública e o impacte da
opinião pública naqueles que está a tentar influenciar.
A influência de uma organização pode depender de vários factores, incluindo a proximidade física, o âmbito,
a duração e a intensidade da relação.

7.3.3.2 Exercer influência


A organização poderá exercer a sua influência em outros, quer para melhorar os impactes positivos no
desenvolvimento sustentável, quer para minimizar os impactes negativos ou ainda ambos. Ao avaliar a sua
esfera de influência e determinar as suas responsabilidades, uma organização deverá exercer a diligência
devida.
Os métodos de exercer influência incluem:
− definir disposições contratuais ou incentivos;
− declarações públicas por parte da organização;
− envolvimento com a comunidade, líderes políticos e outras partes interessadas;
− tomar decisões de investimento;
− partilhar conhecimento e informação;
− realizar projectos conjuntos;
− empreender pressão (lobbying) responsável e utilizar as relações com os media;
− promover boas práticas; e
− formar parcerias com associações do sector, organizações e outras.
Uma organização deverá considerar os aspectos ambientais, sociais e da governação organizacional, bem
como a responsabilidade social das organizações com as quais mantenha ou procure manter uma relação.
Uma organização pode influenciar as suas partes interessadas através das suas decisões e actividades e
através da informação que disponibiliza às partes interessadas sobre a base destas decisões e actividades.
O exercício da influência de uma organização deverá sempre ser orientado pela conduta ética e outros
princípios e práticas da responsabilidade social (ver secções 4 e 5). Quando exercer a sua influência, a
organização deverá, em primeiro lugar, considerar envolver-se no diálogo que tem como objectivo
sensibilizar para a responsabilidade social e encorajar a conduta socialmente responsável. Se o diálogo não
for eficaz, deverão ser ponderadas acções alternativas, incluindo a alteração da natureza da relação.
Quando uma organização tiver controlo de facto sobre outras, a sua responsabilidade para agir pode ser
semelhante à responsabilidade que existe quando a organização tem controlo formal. O controlo de facto
refere-se às situações em que uma organização tem capacidade para ditar as decisões e actividades de outra
parte, mesmo quando não tenha autoridade legal ou formal para o fazer.

7.3.4 Estabelecer prioridades para abordar as questões


Uma organização deverá determinar as suas prioridades e empenhar-se nas suas prioridades de integração da
responsabilidade social por toda a organização e nas suas práticas diárias. As prioridades deverão ser
estabelecidas a partir das questões consideradas significativas e relevantes (ver 7.3.2). As partes interessadas
deverão estar envolvidas na identificação de prioridades (ver 5.3). É provável que as prioridades variem ao
longo do tempo.
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As organizações deverão considerar o seguinte para determinar se uma acção que visa abordar uma questão é
de elevada prioridade ou não:
− o actual desempenho da organização relativamente à conformidade legal, às normas internacionais, às
normas internacionais de conduta, ao estado da arte e às melhores práticas;
− se a questão pode afectar significativamente a capacidade da organização para cumprir objectivos
importantes;
− o potencial efeito dessa acção, comparado com os recursos exigidos para a implementação;
− o período de tempo necessário para atingir os resultados desejados;
− se poderão existir implicações com custos significativas, caso não seja abordada rapidamente; e
− a facilidade e a rapidez de implementação, que poderá ter influência no crescimento da consciencialização
e da motivação para a acção de responsabilidade social no interior da organização.
A ordem das prioridades irá variar de organização para organização.
Para além de definir prioridades para acção imediata, a organização poderá estabelecer prioridades para a
consideração de questões que sejam relevantes para as decisões e actividades que uma organização espera
levar a cabo no futuro, tais como a construção de edifícios, a contratação de novos trabalhadores, a
contratação de adjudicatários ou o desenvolvimento de actividades para angariar fundos. As considerações
prioritárias irão desta forma fazer parte do planeamento destas actividades futuras.
As prioridades deverão ser revistas e actualizadas a intervalos adequados para a organização.

7.4 Práticas de integração da responsabilidade social na organização


7.4.1 Aumentar a consciencialização e desenvolvimento de competências para a responsabilidade social
O desenvolvimento da responsabilidade social em todos os aspectos de uma organização envolve
comprometimento e compreensão a todos os níveis da organização. Numa fase inicial dos esforços de uma
organização relacionados com a responsabilidade social, o foco da consciencialização deverá ser o aumento
da compreensão dos aspectos da responsabilidade social, incluindo princípios, temas fundamentais e
questões.
O compromisso e a compreensão deverão começar pelo topo da organização. A compreensão dos benefícios
da responsabilidade social para a organização poderá ter um papel importante na criação do compromisso da
liderança da organização. Por conseguinte, deverão fazer-se esforços para disponibilizar à liderança da
organização uma compreensão abrangente das implicações e dos benefícios da responsabilidade social.
Alguns trabalhadores subordinados e algumas partes de uma organização estarão mais interessados e
receptivos para agir com responsabilidade social do que outros. Uma organização poderá considerar útil
concentrar os esforços iniciais nessas áreas receptivas para demonstrar o que significa a responsabilidade
social na prática.
Criar uma cultura de responsabilidade social na organização pode demorar um período de tempo substancial,
mas prosseguir de forma sistemática e trabalhar a partir dos valores e culturas existentes tem sido eficaz em
muitas organizações.
O desenvolvimento da competência para implementar práticas de responsabilidade social pode envolver o
fortalecimento ou o desenvolvimento de competências em algumas áreas de actividade como o envolvimento
das partes interessadas e melhorar o conhecimento e a compreensão da aplicação dos temas fundamentais.
Os esforços deverão tirar partido do conhecimento e das competências existentes nas pessoas no seio da
organização. Onde adequado, estes esforços deverão também incluir o desenvolvimento da competência e a
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formação de gestores e trabalhadores na cadeia de fornecimento. A formação específica pode ser útil para
algumas questões.
Para integrar a responsabilidade social de forma eficaz, a organização poderá identificar a necessidade de
alterações nos processos de tomada de decisão e governação que venham a promover maior liberdade,
autoridade e motivação para sugerir novas abordagens e ideias. A organização poderá também perceber que
necessita de melhorar as suas ferramentas de monitorização e avaliação de alguns aspectos do seu
desempenho.
A educação e a aprendizagem ao longo da vida são fundamentais para a sensibilização e o desenvolvimento
de competências para a responsabilidade social. A este respeito, a educação para o desenvolvimento
sustentável está a definir uma nova direcção para permitir às pessoas abordar questões da responsabilidade
social, encorajando-as a ter o devido respeito por valores que promovam uma acção proactiva e vigorosa [162].

7.4.2 Definir o rumo de uma organização para a responsabilidade social


As declarações e acções da liderança de a organização assim como o seu propósito, aspirações, valores, ética
e estratégia definem o rumo da organização. Para a responsabilidade social ser uma parte importante e eficaz
do funcionamento da organização, deverá reflectir-se nestes aspectos da organização.
Uma organização deverá definir o seu rumo tornando a responsabilidade social uma parte integrante das suas
políticas, cultura organizacional, estratégias, estruturas e operações. Algumas das formas pelas quais
consegue fazer isto são:
− incluindo nas aspirações ou na declaração de visão da organização referência à forma pela qual tenciona
fazer com que a responsabilidade social influencie as suas actividades;
− incorporando no seu propósito ou numa declaração de missão referências específicas, claras e concisas a
aspectos importantes da responsabilidade social, incluindo os princípios e questões da responsabilidade
social que ajudam a determinar a forma em quea organização opera;
− adoptando códigos de conduta ou ética escritos que especifiquem o compromisso da organização para
com a responsabilidade social traduzindo os princípios e valores em declarações sobre a conduta
adequada. Tais códigos deverão basear-se nos princípios da responsabilidade social da secção 4 e nas
linhas de orientação da secção 6;
− incluindo a responsabilidade social como um elemento chave na estratégia da organização, através da sua
integração em sistemas, políticas, processos e comportamentos de tomada de decisão; e
− traduzindo as prioridades de acção sobre temas fundamentais e questões por objectivos organizacionais
geríveis com estratégias, processos e prazos. Os objectivos deverão ser específicos e mensuráveis ou
verificáveis. As informações dadas pelas partes interessadas poderão ser valiosas para este processo.
Planos pormenorizados para atingir objectivos, incluindo responsabilidades, prazos, orçamentos e o efeito
noutras actividades da organização, deverão ser um elemento importante na definição de objectivos e
estratégias para que aqueles sejam atingidos.

7.4.3 Implementação da responsabilidade social na governação, nos sistemas e nos procedimentos de


uma organização
Uma forma importante e eficaz de integrar a responsabilidade social na organização é através da governação
da organização, o sistema pelo qual as suas decisões são tomadas e implementadas para se atingirem os
objectivos.
Uma organização deverá consciente e metodicamente gerir os seus próprios impactes associados a cada tema
fundamental e monitorizar os impactes das organizações na sua esfera de influência de modo a minimizar o
risco de prejuízo social e ambiental, assim como maximizar as oportunidades e os impactes positivos.
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Quando tomar decisões, incluindo as relativas a novas actividades, a organização deverá considerar os
impactes prováveis dessas decisões sobre as partes interessadas. Ao fazê-lo, a organização deverá considerar
as melhores formas de minimizar os impactes prejudiciais das suas actividades e de aumentar os impactes
benéficos da sua conduta na sociedade e no meio ambiente. Os recursos e a planificação exigidos para este
fim deverão ser tidos em conta quando as decisões forem tomadas.
Uma organização deverá confirmar que os princípios da responsabilidade social (ver secção 4) são aplicados
na sua governação e reflectidos na sua estrutura e cultura. Deverá rever os procedimentos e os processos a
intervalos adequados para assegurar que estes levam em conta a responsabilidade social da organização.
Alguns procedimentos úteis poderão incluir:
− assegurar que as práticas de gestão estabelecidas reflectem e abordam a responsabilidade social da
organização;
− identificar as formas pelas quais os princípios da responsabilidade social e os temas fundamentais e
questões se aplicam às várias partes da organização;
− se adequado à dimensão e à natureza da organização, definir departamentos ou grupos no seio da
organização para avaliar e rever procedimentos operacionais para que sejam consistentes com os
princípios e temas fundamentais da responsabilidade social;
− ter em conta a responsabilidade social quando se efectuarem operações pela organização;
− incorporar a responsabilidade social nas práticas de compras e investimento, na gestão de recursos
humanos e noutras funções organizacionais.
Os valores e a cultura existentes na organização poderão ter um efeito significativo na facilidade e no ritmo
pelo qual a responsabilidade social poderá ser totalmente integrada em toda a organização. Para algumas
organizações, onde os valores e a cultura estejam já estreitamente alinhados aos da responsabilidade social, o
processo de integração poderá ser directo. Noutras, algumas partes da organização poderão não reconhecer
os benefícios da responsabilidade social e poderão resistir à mudança. Esforços sistemáticos durante um
longo período de tempo poderão implicar a integração de uma abordagem socialmente responsável nestas
áreas.
Também é importante reconhecer que o processo de integração da responsabilidade social na organização
não ocorre de uma só vez ou ao mesmo ritmo para todos os temas fundamentais e questões. Poderá ser útil
desenvolver um plano para abordar algumas questões da responsabilidade social a curto prazo e outras ao
longo de um maior período de tempo. Tal plano deverá ser realista e ter em conta as capacidades da
organização, os recursos disponíveis e a prioridade das questões e acções relacionadas (ver 7.3.4).

7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social

7.5.1 O papel da comunicação na responsabilidade social


Muitas práticas relacionadas com a responsabilidade social envolverão alguma forma de comunicação
interna e externa. A comunicação é crítica para diferentes funções da responsabilidade social incluindo:
− aumentar a sensibilização, tanto dentro como fora da organização, nas suas estratégias e objectivos,
planos, desempenho e desafios à responsabilidade social;
− demonstrar respeito pelos princípios da responsabilidade social da secção 4;
− ajudar a envolver e a criar o diálogo com as partes interessadas;
− abordar requisitos legais e outros para a disponibilização de informações relacionadas com a
responsabilidade social;
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− mostrar como a organização cumpre os seus compromissos para com a responsabilidade social e
responder aos interesses das partes interessadas e às expectativas da sociedade em geral;
− disponibilizar informações sobre os impactes das actividades, dos produtos e dos serviços da organização,
incluindo detalhes sobre como os impactes evoluem ao longo do tempo;
− ajudar a envolver e a motivar trabalhadores subordinados e outros para apoiarem as actividades da
organização no que diz respeito à responsabilidade social;
− facilitar a comparação com organizações pares, que possam estimular melhorias de desempenho na
responsabilidade social;
− reforçar a reputação de uma organização para acção socialmente responsável, abertura, integridade e
responsabilização, de modo a fortalecer a confiança das partes interessadas na organização.

7.5.2 Características da informação relacionadas com a responsabilidade social


A informação relacionada com a responsabilidade social deverá ser:
− completa: A informação deverá abordar todas as actividades significativas e os impactes relacionados
com a responsabilidade social;
− compreensível: A informação deverá ser disponibilizada tendo em conta o conhecimento e o contexto
cultural, social, educativo e económico daqueles que estiverem envolvidos na comunicação. Tanto a
linguagem utilizada como a forma pela qual o material é apresentado, incluindo a forma como é
organizado, deverão ser acessíveis às partes interessadas destinatárias;
− corresponder: A informação deverá dar resposta aos interesses das partes interessadas;
− precisa: A informação deverá ser factualmente correcta e deverá fornecer dados suficientemente
detalhados para ser útil e apropriada aos seus fins;
− equilibrada: A informação deverá ser equilibrada e justa e não deverá omitir informações negativas
relevantes respeitantes aos impactes das actividades de uma organização;
− atempada: A informação desactualizada poderá ser enganadora. Quando a informação descreve
actividades durante um período de tempo específico, a identificação do período de tempo abrangido
permitirá às partes interessadas comparar o desempenho da organização com o seu desempenho inicial e
com o desempenho de outras organizações; e
− acessível: A informação sobre questões específicas deverá ser disponibilizada às partes interessadas a
que respeita.

7.5.3 Tipos de comunicação sobre a responsabilidade social


Existem vários tipos distintos de comunicação relacionados com a responsabilidade social. Alguns exemplos
incluem:
− reuniões ou diálogo com as partes interessadas;
− comunicação com as partes interessadas sobre questões específicas ou projectos da responsabilidade
social. Onde possível e apropriado, esta comunicação deverá envolver o diálogo com as partes
interessadas;
− comunicação entre a gestão da organização e trabalhadores subordinados ou membros, de modo a
aumentar a consciencialização e o apoio à responsabilidade social e actividades relacionadas. Essa
comunicação é, geralmente, mais eficaz quando envolve diálogo;
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− actividades de equipa centradas na integração da responsabilidade social em toda a organização;


− comunicação com as partes interessadas relativamente a declarações sobre a responsabilidade social
relacionadas com as actividades da organização. Estas reclamações poderão ser verificadas através de
revisão e avaliação interna. Para maior credibilidade, estas reclamações poderão ser verificadas por
avaliação externa. Onde apropriado, as comunicações deverão possibilitar a resposta (feedback) das
partes interessadas;
− comunicação com fornecedores sobre requisitos da responsabilidade social relacionados com as compras;
− comunicação pública sobre emergências que tenham consequências para a responsabilidade social. Antes
das emergências, a comunicação deverá procurar aumentar a consciencialização e a prevenção. Durante
as emergências, dever-se-á manter-se as partes interessadas informadas e disponibilizar informação sobre
as acções apropriadas;
− comunicação relacionada com o produto, tal como rotulagem do produto, informação sobre o produto e
outras informações relacionadas com o consumidor. A oportunidade de retroinformação (feedback) pode
melhorar esta forma de comunicação;
− artigos sobre aspectos da responsabilidade social em revistas ou boletins informativos destinados a
organizações pares;
− anúncios ou outras declarações públicas para promover algum aspecto da responsabilidade social;
− apresentações a organismos governamentais ou inquéritos públicos; e
− declarações públicas periódicas com oportunidades de resposta das partes interessadas (ver Caixa 15).
Há muitos métodos e suportes diferentes que poderão ser utilizados para a comunicação. Estes incluem
reuniões, eventos públicos, fora, relatórios, boletins informativos, revistas, cartazes, publicidade, cartas,
correio de voz, actuação ao vivo, vídeo, páginas Web, podcasts (difusão áudio de páginas Web), blogs (fora
de discussão em páginas Web), inserções em produtos e rótulos. Também é possível comunicar através dos
media utilizando comunicados à imprensa, entrevistas, editoriais e artigos.
Caixa 15 – Comunicar sobre a responsabilidade social
Uma organização deverá, a intervalos adequados, relatar às partes interessadas sobre o seu desempenho em
responsabilidade social. Um número crescente de organizações relata regularmente às suas partes
interessadas o seu desempenho em responsabilidade social. Relatar às partes interessadas pode fazer-se de
muitas formas diferentes, incluindo reuniões com partes interessadas, cartas que descrevam as actividades da
organização relacionadas com a responsabilidade social num período definido, informações em páginas Web
e relatórios periódicos sobre responsabilidade social.
Ao comunicar com as partes interessadas, uma organização deverá incluir informações sobre os seus
objectivos e desempenho nos temas fundamentais e questões relevantes da responsabilidade social. Deverá
descrever como e quando as partes interessadas têm estado envolvidas no relato da responsabilidade social
da organização.
Uma organização deverá disponibilizar uma imagem justa e completa do seu desempenho nas questões da
responsabilidade social, incluindo realizações e insuficiências e as formas através das quais as insuficiências
serão abordadas.
A organização poderá optar por abranger as suas actividades como um todo de uma só vez, ou informar
separadamente sobre as actividades numa localização particular ou sítio. Os grupos da comunidade
costumam considerar mais úteis os relatórios mais pequenos e locais do que os relatórios ao nível do
desempenho global da organização.
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A publicação de um relatório sobre responsabilidade social poderá ser um aspecto valioso das actividades de
a organização em responsabilidade social. Ao preparar um relatório sobre responsabilidade social, a
organização deverá ter em conta as seguintes considerações:
− o âmbito e a escala do relatório de a organização deverão ser adequados à dimensão e à natureza da
organização;
− o grau de detalhe poderá reflectir a extensão da experiência da organização com esse relatório. Em alguns
casos, as organizações dão início aos seus esforços com relatórios limitados que abrangem apenas alguns
aspectos e nos anos seguintes alargam a cobertura à medida que adquirem experiência e têm dados
suficientes nos quais basear um relatório mais abrangente;
− o relatório deverá descrever como a organização toma decisões relacionadas com as questões a abranger e
a forma como essas questões serão abordadas;
− o relatório deverá apresentar as metas, o desempenho operacional, os produtos e os serviços da
organização no contexto do desenvolvimento sustentável; e
− um relatório pode ser produzido de variadas formas, dependendo da natureza da organização e das
necessidades das suas partes interessadas. Estas poderão incluir a publicação electrónica de um relatório,
versões interactivas baseadas na Web ou cópias em papel. Poderá também ser um documento isolado ou
fazer parte do relatório anual de a organização.
Informações adicionais sobre o relato da responsabilidade social poderão ser obtidas através de iniciativas e
ferramentas sobre relatórios – ao nível global, nacional ou sectorial – encontradas no Anexo A (ver também
7.8 para linhas de orientação quanto à avaliação de iniciativas respeitantes à responsabilidade social).

7.5.4 Diálogo com as partes interessadas sobre a comunicação da responsabilidade social


Através do diálogo com as suas partes interessadas, uma organização poderá beneficiar da recepção e troca
de informações directas sobre os seus pontos de vista. Uma organização deverá procurar o diálogo com as
suas partes interessadas para:
− avaliar a adequação e eficácia dos conteúdos, suportes, frequência e âmbito da comunicação para que
possam ser melhorados conforme necessário;
− definir prioridades para os conteúdos de futuras comunicações;
− assegurar a verificação das informações relatadas pelas partes interessadas, se esta abordagem de
verificação e utilizada; e
− identificar as boas práticas.

7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à responsabilidade social

7.6.1 Métodos de reforço da credibilidade


Há várias formas através das quais uma organização estabelece a sua credibilidade. Uma é o envolvimento
com as partes interessadas, o qual envolve o diálogo com as partes interessadas e é uma forma importante de
aumentar a confiança de que os interesses e as intenções de todos os participantes são compreendidos. Este
diálogo pode contribuir para criar confiança e reforçar a credibilidade. O envolvimento de partes
interessadas, pode constituir a base para envolver as partes interessadas na verificação das reivindicações da
organização relativamente ao seu desempenho. A organização e as partes interessadas poderão concordar em
maneiras de as partes interessadas periodicamente reverem ou de monitorizem de outro modo, aspectos do
desempenho de a organização.
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A credibilidade relativamente a determinadas questões pode, por vezes, aumentar através da participação em
esquemas de certificação específicos. Têm sido desenvolvidas iniciativas para certificar a segurança do
produto ou certificar processos ou produtos relativamente ao seu impacte ambiental, às práticas laborais e a
outros aspectos da responsabilidade social. Tais esquemas deverão ser, eles próprios, independentes e
credíveis. Em algumas situações, as organizações envolvem partes independentes nas suas actividades para
obterem credibilidade. Um exemplo disto é a criação de comités consultivos ou comités de avaliação
constituídos por pessoas que são seleccionadas pela sua credibilidade.
As organizações, por vezes, aderem a associações onde estão os seus pares de modo a estabelecer ou
promover uma conduta socialmente responsável na sua área de actividade ou nas suas respectivas
comunidades.
As organizações poderão aumentar a sua credibilidade assumindo compromissos relevantes relativamente
aos seus impactes, realizando as acções apropriadas, avaliando o seu desempenho e relatando sobre
evoluções e insuficiências.

7.6.2 Reforçar a credibilidade dos relatórios e das declarações sobre responsabilidade social
Existem muitas formas de reforçar a credibilidade de relatórios e declarações sobre responsabilidade social.
Estas incluem:
− elaborar relatórios sobre o desempenho na responsabilidade social, comparáveis tanto ao longo do tempo,
como com relatórios produzidos por organizações pares, reconhecendo que a natureza do relatório
dependerá do tipo, da dimensão e da capacidade da organização;
− disponibilizar uma breve explicação do motivo para os tópicos omitidos dos relatórios não estarem
abrangidos, para mostrar que a organização se esforçou para abranger todos os assuntos significativos;
− utilizar um processo de verificação rigoroso e responsável, no qual dados e informações remontam a
fontes fiáveis para verificar a precisão desses dados e informações;
− recorrer à ajuda de uma pessoa ou pessoas independentes do processo de preparação do relatório, quer no
seio da organização quer exterior à mesma, para levar a cabo o processo de verificação;
− publicar como parte do relatório, uma declaração que ateste a sua verificação;
− recorrer a grupos de partes interessadas para determinar que o relatório reflecte questões relevantes e
significativas para a organização, que responde às necessidades das partes interessadas e que apresenta
uma abordagem completa das questões abordadas;
− tomar medidas adicionais para ser transparente ao disponibilizar informações de um certo tipo e num
formato que possa ser facilmente verificado por outros. Por exemplo, em vez de comunicar estatísticas
relativamente ao desempenho, a organização pode também apresentar dados sobre as fontes de
informação e os processos utilizados para desenvolver as estatísticas disponíveis. Em alguns casos, uma
organização poderá aumentar a credibilidade das pretensões que faz sobre a cadeia de fornecimento
listando os locais onde as actividades têm lugar;
− comunicar a conformidade com as linhas de orientação sobre relatórios de uma organização externa.

7.6.3 Resolver conflitos ou desacordos entre uma organização e as suas partes interessadas
No decorrer das suas actividades relacionadas com a responsabilidade social, uma organização poderá
deparar-se com conflitos ou desacordos com partes interessadas individuais ou com grupos de partes
interessadas. Exemplos específicos dos tipos de conflitos e mecanismos para os abordar, são abrangidos no
contexto dos direitos humanos (ver 6.3.6) e nas questões relativas ao consumidor (ver 6.7.6). Métodos
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formais para resolução de conflitos ou desacordos também costumam fazer, frequentemente, parte dos
contratos de trabalho.
A organização deverá desenvolver mecanismos para a resolução de conflitos ou desacordos com as partes
interessadas, que sejam adequados ao tipo de conflito ou desacordo e úteis para as partes interessadas
afectadas. Esses mecanismos poderão incluir:
− discussões directas com as partes interessadas afectadas;
− disponibilização de informações por escrito que abordem más interpretações;
− fora nos quais as partes interessadas e a organização poderão apresentar os seus pontos de vista e procurar
soluções;
− procedimentos para o tratamento de queixas formais;
− procedimentos de mediação ou arbitragem;
− sistemas que permitam comunicar acções erradas sem medo de represálias; e
− outros tipos de procedimentos para resolução de queixas.
Uma organização deverá apresentar de forma acessível às suas partes interessadas informação detalhada dos
procedimentos disponíveis para a resolução de conflitos e desacordos. Estes procedimentos deverão ser
equitativos e transparentes. Informações mais específicas sobre os procedimentos relacionados com os
direitos humanos e as questões relativas ao consumidor são descritos nos temas fundamentais na secção 6.

7.7 Rever e melhorar acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social

7.7.1 Generalidades
O desempenho eficiente sobre a responsabilidade social depende, em parte, do empenho, da supervisão
cuidadosa, da avaliação e da revisão das actividades levadas a cabo, dos progressos conseguidos, do alcance
de objectivos identificados, dos recursos utilizados e de outros aspectos dos esforços da organização.
A monitorização ou a observação constantes das actividades relacionadas com a responsabilidade social têm
como objectivo principal assegurar que as actividades se processam tal como previstas, identificando
qualquer crise ou ocorrência fora do normal e fazendo modificações ao modo como as coisas são feitas.
As revisões do desempenho, a intervalos adequados, poderão ser utilizadas para determinar a progressão na
responsabilidade social, ajudando a manter os programas bem orientados, a identificar áreas que necessitam
de mudança e a contribuir para a melhoria do desempenho. As partes interessadas poderão desempenhar um
papel importante na revisão do desempenho de a organização em questões da responsabilidade social.
Para além da revisão das actividades existentes, a organização deverá também manter-se informada das
condições ou expectativas de alteração, dos desenvolvimentos legais ou reguladores que afectem a
responsabilidade social e das novas oportunidades para melhorar os seus esforços relativamente à
responsabilidade social. Esta secção identifica algumas técnicas que as organizações poderão utilizar para
monitorizar, rever e aperfeiçoar o seu desempenho no que respeita à responsabilidade social.

7.7.2 Monitorizar as actividades relacionadas com a responsabilidade social


Para se ter confiança na eficácia e na eficiência pela qual a responsabilidade social está a ser posta em prática
por todas as partes de a organização, é importante monitorizar o desempenho constante das actividades
relacionadas com os temas fundamentais e questões relevantes. A extensão deste esforço irá, obviamente,
variar consoante o âmbito dos temas fundamentais abrangidos, a dimensão e a natureza da organização e
outros factores.
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Quando decidir quais as actividades a monitorizar, a organização deverá centrar-se naquelas que sejam
significativas e procurar tornar os resultados da monitorização fáceis de entender, fiáveis, atempados e que
dêem resposta às preocupações das partes interessadas.
Há muitos métodos diferentes que poderão ser utilizados para monitorizar o desempenho na responsabilidade
social, incluindo revisões a intervalos adequados, benchmarking e obtenção de retroinformação das partes
interessadas. As organizações poderão obter regularmente informações sobre os seus programas comparando
as suas características e o seu desempenho com as actividades de outras organizações. Tais comparações
poderão centrar-se em acções relacionadas com temas fundamentais específicos ou em abordagens mais
vastas para integrar a responsabilidade social em toda a organização.
Um dos métodos mais comuns é a medição a partir de indicadores. Um indicador é informação qualitativa ou
quantitativa sobre os resultados associados à organização que sejam comparáveis e demonstrem as alterações
ao longo do tempo. Os indicadores poderão, por exemplo, ser utilizados para monitorizar ou avaliar a
concretização dos objectivos do projecto ao longo do tempo. Deverão ser claros, informativos, práticos,
comparáveis, precisos, credíveis e fiáveis. Informações adicionais mais extensas sobre a selecção e a
utilização de indicadores estão disponíveis em muitas referências sobre a responsabilidade social e a
sustentabilidade.
Embora os indicadores que fornecem resultados quantitativos sejam de utilização imediata, poderão não ser
suficientes para todos os aspectos da responsabilidade social. Na área dos direitos humanos, por exemplo, os
pontos de vista de mulheres e homens sobre o facto de estarem ou não a ser tratados de forma justa poderão
ser mais significativos do que alguns indicadores quantitativos sobre a discriminação. Os indicadores
quantitativos relacionados com os resultados de inquéritos ou discussões de grupos-alvo poderão ser
combinados a indicadores qualitativos que descrevam pontos de vista, tendências, condições ou estados.
Também é importante reconhecer que a responsabilidade social é mais do que conquistas específicas em
actividades mensuráveis, como a redução da poluição e a resposta às queixas. Como a responsabilidade
social se baseia em valores, aplicação dos princípios da responsabilidade social e atitudes, a monitorização
poderá envolver abordagens mais subjectivas como a entrevista, a observação e outras técnicas para avaliar
comportamento e compromissos.

7.7.3 Rever o progresso e o desempenho da organização na responsabilidade social


Para além da observação e da monitorização diária das actividades relacionadas com a responsabilidade
social, uma organização deverá levar a cabo revisões a intervalos adequados para determinar como está o seu
desempenho comparado com as suas metas e os seus objectivos em matéria de responsabilidade social e para
identificar as alterações necessárias nos programas e procedimentos.
Estas revisões envolvem habitualmente a comparação do desempenho, ao longo dos temas fundamentais da
responsabilidade social, contra os resultados de revisões anteriores, visando determinar a progressão e medir
o desempenho face às metas e objectivos. Deverão também incluir o exame de aspectos do desempenho
menos facilmente medidos, como atitudes face à responsabilidade social, a integração da responsabilidade
social em toda a organização e a adesão aos princípios, declarações de valor e práticas. A participação das
partes interessadas poderá ser valiosa nessas revisões.
Tipos de questões que poderão ser colocadas durante as revisões incluem:
− os objectivos e as metas foram atingidos como previsto?
− as estratégias e os processos adequam-se aos objectivos?
− que resultou e porquê? o que não resultou e porquê?
− os objectivos eram adequados?
− o que poderia ter sido feito de melhor forma?
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− todas as pessoas relevantes estão envolvidas?


Com base nos resultados das suas revisões, a organização deverá identificar alterações aos seus programas
que possam solucionar qualquer deficiência e levar a um melhor desempenho em responsabilidade social.

7.7.4 Reforçar a fiabilidade dos dados e a recolha e gestão da informação


As organizações que tenham de disponibilizar dados sobre o seu desempenho ao governo, organizações
não-governamentais, outras organizações, público ou para a manutenção de bases de dados que contenham
informações confidenciais, poderão aumentar a confiança que depositam nos seus sistemas de recolha e
gestão de dados através de revisões pormenorizadas dos sistemas. O objectivo dessas revisões deverá
consistir em:
− aumentar a confiança de uma organização de que os dados que disponibiliza a outros são exactos;
− melhorar a credibilidade dos dados e das informações; e
− confirmar a fiabilidade dos sistemas que protegem a segurança e privacidade dos dados, onde adequado.
Essas revisões pormenorizadas poderão ser provocadas por requisitos legais ou outros, visando a divulgação
de dados sobre emissões de gases com efeito de estufas ou poluentes, requisitos para a disponibilização de
dados do programa aos organismos de financiamento, ou departamentos de supervisão, condições das
licenças ou autorizações ambientais e preocupações relativamente à protecção de informação privada, tal
como dados financeiros, clínicos ou pessoais.
Como parte dessas revisões, pessoas ou grupos independentes, quer internos ou externos à organização,
deverão examinar as formas pelas quais os dados são recolhidos, registados ou guardados, manuseados e
utilizados pela organização. As revisões, poderão ajudar a identificar vulnerabilidades nos sistemas de
recolha e gestão de dados que permitam que os dados fiquem contaminados por erros, ou permitam o acesso
a indivíduos não autorizados. Os resultados das revisões poderão ajudar a fortalecer a organização e a
melhorar os seus sistemas. A exactidão e a fiabilidade dos dados também poderão ser melhoradas através da
boa formação de quem recolhe os dados, da responsabilização clara pela exactidão dos dados, da
retroinformação directa aos indivíduos que cometem erros e de processos de qualidade dos dados, que
comparem os dados relatados com dados anteriores de situações comparáveis.

7.7.5 Melhorar o desempenho


Com base em revisões periódicas, ou em outros intervalos adequados, uma organização deverá ponderar
sobre formas através das quais poderá melhorar o seu desempenho em responsabilidade social. Os resultados
das revisões deverão ser utilizados para conduzir a uma melhoria contínua da responsabilidade social numa
organização. As melhorias poderão envolver a modificação de metas e objectivos de modo a reflectirem as
condições em mudança ou o anseio de melhorar o desempenho. O âmbito das actividades e dos programas
relacionados com a responsabilidade social poderá ser alargado. A disponibilização de recursos adicionais ou
diferentes para actividades relacionadas com a responsabilidade social, poderá ser um aspecto a considerar.
As melhorias poderão também incluir programas ou actividades que tirem partido de oportunidades
recentemente identificadas.
O ponto de vista das partes interessadas expresso durante as revisões, poderá auxiliar a organização na
identificação de novas oportunidades e de expectativas que se modificaram. Isto deverá ajudar a organização
a melhorar o desempenho das suas actividades em questões da responsabilidade social.
Para encorajar a concretização de objectivos organizacionais, algumas organizações associam a
concretização de objectivos específicos da responsabilidade social às avaliações de desempenho anuais ou
periódicas de executivos e gestores de topo. Essas medidas enfatizam o facto de a acção da organização em
matéria de responsabilidade social ser um compromisso sério.
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7.8 Iniciativas voluntárias de responsabilidade social

7.8.1 Generalidades
Muitas organizações desenvolveram iniciativas voluntárias destinadas a ajudar outras organizações a
tornarem-se mais socialmente responsáveis. Em alguns casos, uma iniciativa de responsabilidade social é, na
verdade, a organização criada para abordar expressamente vários aspectos da responsabilidade social. O
resultado é uma grande variedade de iniciativas à disposição das organizações interessadas na
responsabilidade social. Algumas envolvem a adesão ou o apoio a outras organizações.
Algumas destas iniciativas da responsabilidade social abordam aspectos de um ou mais temas fundamentais
ou questões; outras abordam várias formas de a responsabilidade social poder ser integrada nas decisões e
actividades da organização. Algumas iniciativas da responsabilidade social criam ou promovem ferramentas
específicas ou guias práticos que poderão ser utilizados para integrar a responsabilidade social em toda a
organização. Algumas iniciativas desenvolvem ou promovem expectativas mínimas relativamente à
responsabilidade social. Essas expectativas poderão assumir várias formas, incluindo códigos de conduta,
recomendações, linhas de orientação, declarações de princípios e valores. Algumas iniciativas têm sido
desenvolvidas por diferentes sectores num esforço para abordar alguns dos desafios específicos de um sector.
A existência de uma iniciativa de responsabilidade social num sector em particular não significa que o sector
seja necessariamente mais responsável ou potencialmente mais perigoso.

7.8.2 Natureza voluntária da participação


Não é necessário que uma organização participe em qualquer uma destas iniciativas de responsabilidade
social, ou que utilize qualquer destas ferramentas, para ser socialmente responsável. Para além disso, a
participação numa iniciativa ou a utilização das ferramentas de uma iniciativa, só por si, não é um indicador
fiável da responsabilidade social de uma organização. Ao avaliar iniciativas da responsabilidade social, uma
organização deverá estar ciente de que nem todas as iniciativas são bem vistas ou são credíveis para as partes
interessadas. Uma organização deverá também determinar objectivamente se uma iniciativa em particular a
ajudará a abordar a sua responsabilidade social e se a iniciativa é principalmente uma forma de relações
públicas ou uma forma de proteger a reputação de membros ou organizações participantes. A
responsabilidade social não deverá ser tratada apenas como uma forma de gestão de risco. Uma consideração
particularmente importante quando se avalia uma iniciativa de responsabilidade social, consiste em saber se a
mesma reinterpreta unilateralmente expectativas de conduta socialmente responsável já estabelecidas e
reconhecidas.
Um envolvimento eficaz com as partes interessadas e com os sistemas de governação e desenvolvimento
multi-parte interessada são as características fundamentais que distinguem algumas iniciativas da
responsabilidade social de outras, reconhecendo que as iniciativas desenvolvidas para um único sector ou
tipo de organização poderão ter estruturas de governação de uma só parte interessada. Deverá ponderar-se se
a iniciativa foi desenvolvida com os contributos e envolvimento das organizações interessadas assim como
das partes interessadas susceptíveis de serem abrangidas pela iniciativa.
Uma organização poderá considerar útil participar em, ou utilizar ferramentas de, uma ou mais iniciativas da
responsabilidade social. A participação deverá levar, de uma forma ou de outra, a uma acção concreta no
seio da organização, como a obtenção de apoio ou a aprendizagem com outros. A participação poderá ser
especialmente valiosa quando uma organização começa a utilizar ou aproveitar ferramentas ou linhas de
orientação práticas que acompanham a iniciativa.
As organizações poderão utilizar iniciativas da responsabilidade social para procurarem alguma forma de
reconhecimento. Algumas iniciativas de responsabilidade social são amplamente reconhecidas como uma
base credível para o reconhecimento público do desempenho ou da conformidade relativamente a práticas
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específicas ou sobre questões específicas. A orientação prática disponibilizada por estas iniciativas de
responsabilidade social poderá variar desde as ferramentas de auto-avaliação até à verificação por terceiros.

7.8.3 Considerações
Ao determinar quando participar ou utilizar uma iniciativa da responsabilidade social, a organização deverá
considerar os seguintes factores:
− se a iniciativa é consistente com os princípios descritos na secção 4;
− se a iniciativa disponibiliza orientação prática e valiosa de modo a ajudar a organização na abordagem de
um tema fundamental ou de uma questão em particular e/ou a integrar a responsabilidade social em todas
as suas actividades;
− se a iniciativa é concebida para esse tipo de organização em particular ou para as suas áreas de interesse;
− se a iniciativa é aplicável local ou regionalmente, se tem um âmbito global ou se é aplicável a todos os
tipos de organizações;
− se a iniciativa auxiliará a organização a alcançar grupos de partes interessadas específicos;
− o tipo de organização ou organizações que desenvolvem e dirigem a iniciativa, tais como, o governo,
ONGs, sindicatos, sector privado ou académico;
− a reputação da organização ou organizações que desenvolvem e dirigem a iniciativa, considerando a sua
credibilidade e integridade;
− a natureza do processo de desenvolvimento e governação da iniciativa, por exemplo, se a iniciativa tem
sido desenvolvida através de ou governada por um processo multi-parte interessada transparente, aberto e
acessível, com participantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento; e
− a acessibilidade da iniciativa, por exemplo, se a organização tem de assinar um contrato para participar ou
se há custos para aderir à iniciativa.
Ao considerar estes e outros factores, a organização deverá ter cuidado com a forma como interpreta os
resultados. Por exemplo, a ampla aceitação da iniciativa pode ser um indicador de viabilidade, valor,
reputação ou relevância, embora possa também ser um indicador de que a iniciativa tenha requisitos menos
rígidos. Em contrapartida, uma iniciativa nova e menos generalizada com o valor e a praticabilidade ainda
por provar pode ser mais inovadora ou desafiante. Para além disto, uma iniciativa disponível gratuitamente
pode parecer atractiva; todavia, uma iniciativa que esteja disponível mediante pagamento pode ter mais
hipóteses de ser actualizada e, assim, torna-se mais valiosa a longo prazo. O facto de uma iniciativa ou
ferramenta estar disponível gratuitamente, ou mediante pagamento, não deverá ser encarado como um
indicador de mérito dessa iniciativa ou ferramenta em particular.
É importante rever periodicamente o valor, a relevância e/ou a aplicabilidade de qualquer iniciativa
seleccionada.

7.8.4 Notas sobre o Anexo A


O Anexo A contém uma lista não exaustiva de iniciativas voluntárias e ferramentas para a responsabilidade
social. Estas iniciativas e ferramentas foram identificadas pelos peritos do grupo de trabalho da ISO 26000
durante o desenvolvimento da presente Norma, utilizando um conjunto de critérios específicos que são
descritos no Anexo A. Estes critérios não constituem uma opinião por parte da ISO sobre o valor ou a
eficácia de qualquer uma das iniciativas ou ferramentas da responsabilidade social listadas no Anexo A. Para
além disto, o facto de uma iniciativa ou ferramenta da responsabilidade social ser mencionada no Anexo A
não implica qualquer forma de aprovação da ISO a essa iniciativa ou ferramenta. Características importantes
da iniciativa que não possam ser objectivamente medidas no âmbito da presente Norma internacional – como
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a sua eficácia, credibilidade, legitimidade e natureza representativa – não são aqui consideradas. Essas
características deverão ser avaliadas directamente por aqueles que ponderem a utilização da iniciativa ou
ferramenta. Linhas de orientação quanto a outros aspectos importantes a ter em conta na avaliação de
iniciativas são disponibilizadas na Caixa 16.
Caixa 16 – Iniciativas certificáveis e iniciativas relacionadas com interesses económicos e comerciais
Algumas (mas não todas) das iniciativas de responsabilidade social listadas no Anexo A incluem a
possibilidade de certificação relacionada com a iniciativa por terceiros independentes. Em alguns casos, a
certificação é um requisito para utilizar a iniciativa. O facto de uma iniciativa incluir a possibilidade de, ou o
requisito de, certificação não deverá ser visto como indicador do valor dessa iniciativa. A implementação de
qualquer ferramenta ou iniciativa listada no Anexo A – incluindo as que envolvem certificação – não pode
ser utilizada para afirmar conformidade com a NP ISO 26000 ou para mostrar a sua adopção ou
implementação.
Independentemente de terem sido desenvolvidas por organizações “com fins lucrativos” ou “sem fins
lucrativos”, algumas iniciativas ou ferramentas estão ligadas a interesses comerciais ou económicos que
envolvem pagamento por utilização, uma quota de membro ou o pagamento por serviços de verificação ou
certificação. Utilizar uma iniciativa ou ferramenta para promover um produto ou organização é outro
exemplo dessa ligação comercial. A existência desses interesses não é por si só um aspecto negativo de uma
iniciativa de responsabilidade social; eles poderão, por exemplo, ser necessários para a organização
administrar a iniciativa ou ferramenta, para cobrir os seus custos e actividades ou poderão ser uma forma
legítima de informar as partes interessadas das características relevantes de um produto ou organização.
Todavia, quando avaliar uma iniciativa ou ferramenta relacionada com esses interesses, o utilizador da
presente Norma deverá considerar os interesses comerciais associados e o potencial conflito de interesses.
Por exemplo, uma organização que administre uma iniciativa da responsabilidade social pode dar uma
prioridade indevida à obtenção de receitas a partir da disponibilização de certificações em detrimento da
precisão da verificação dos requisitos para essa certificação. Avaliar a credibilidade das organizações que
administram iniciativas ou ferramentas é, assim, particularmente importante quando estas estão ligadas a
interesses económicos ou comerciais.
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Anexo A
(informativo)

Exemplos de iniciativas voluntárias e ferramentas para a responsabilidade social

Ao utilizar este Anexo, é importante lembrar que a NP ISO 26000 não é uma norma de sistemas de gestão.
Esta não se destina nem é adequada a fins de certificação nem a utilização reguladora ou contratual.
Qualquer oferta para certificar, ou reivindicação de ser certificado pela NP ISO 26000, será uma
interpretação incorrecta da intenção e da finalidade da presente Norma. As informações disponibilizadas
neste Anexo destinam-se puramente a disponibilizar alguns exemplos de linhas orientadoras voluntárias
adicionais quanto à responsabilidade social. Ainda que estas iniciativas possam disponibilizar linhas
orientadoras úteis quanto à responsabilidade social, não é uma pré-condição que a organização deva
participar em algumas destas iniciativas, ou utilizar qualquer uma destas ferramentas, para ser socialmente
responsável.
Este Anexo apresenta uma lista não-exaustiva de iniciativas voluntárias e ferramentas de responsabilidade
social. O objectivo deste Anexo é disponibilizar exemplos de iniciativas e ferramentas existentes que possam
oferecer linhas orientadoras adicionais quanto aos temas fundamentais e às práticas de integração da
responsabilidade social.
Para melhor compreender e implementar a responsabilidade social, os utilizadores são também encorajados a
consultar a Bibliografia, que faz parte integrante da NP ISO 26000. A Bibliografia disponibiliza referências a
instrumentos internacionais que são considerados fontes credíveis para as recomendações na presente
Norma.
Para os fins da presente Norma, uma iniciativa de responsabilidade social refere-se a um “programa ou
actividade expressamente dedicado a cumprir um objectivo particular relacionado com a responsabilidade
social” (2.10). Uma ferramenta da responsabilidade social refere-se a um sistema, metodologia ou meios
similares que se relaciona com uma iniciativa específica da responsabilidade social e é concebida para ajudar
as organizações a cumprir objectivos particulares relacionados com a responsabilidade social.
Este Anexo está dividido em dois Quadros, distinguindo as iniciativas e ferramentas que se aplicam a mais
do que um sector (Quadro A.1: “inter-sectorial”) e aquelas que se aplicam apenas a sectores públicos ou
privados específicos (Quadro A.2: “sectorial”).
As iniciativas inter-sectoriais para a responsabilidade social listadas no Quadro A.1 incluem três tipos de
iniciativas: “iniciativas intergovernamentais” (desenvolvidas e administradas por organizações
intergovernamentais); “iniciativas multi-partes interessadas” (desenvolvidas ou administradas através de
processos multi-partes interessadas); e “iniciativas de parte interessada única” (desenvolvidas ou
administradas através de processos de parte interessada única).
As iniciativas sectoriais para a responsabilidade social listadas no Quadro A.2 referem-se a iniciativas que
foram desenvolvidas por sectores específicos (como a agricultura, as tecnologias da informação, os serviços
públicos, o turismo, etc.) num esforço para abordar alguns dos desafios específicos desse sector. Nem todos
os sectores que têm desenvolvido iniciativas estão listados neste Anexo e nem todas as iniciativas em
qualquer um dos sectores listados estão necessariamente incluídas neste Quadro. A existência de uma
iniciativa num sector em particular não significa que o sector seja mais responsável ou mais nocivo.
Para cada iniciativa ou ferramenta listada, a organização ou organizações que lançaram a iniciativa ou
ferramenta são identificadas e são disponibilizadas informações sobre os temas fundamentais da
NP
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NP ISO 26000 ou as práticas para integração da responsabilidade social com a qual se relacionam. É
disponibilizado um endereço de Internet, com uma breve descrição dos fins e dos potenciais utilizadores da
iniciativa ou ferramenta, e detalhes sobre se é necessário ser membro para utilizar a iniciativa ou ferramenta.
Informações relativamente ao envolvimento intergovernamental e das partes interessadas, no
desenvolvimento ou na gestão da iniciativa ou ferramenta, são também disponibilizadas, assim como
informação sobre se a iniciativa ou ferramenta se destina a certificação.
As informações neste Anexo foram disponibilizadas por peritos que participaram na elaboração da presente
Norma. Estas informações reflectem a situação no momento da conclusão da presente Norma e serão revistas
pela ISO se, e quando a Norma Internacional for revista. Reconhecendo que as informações neste Anexo não
são exaustivas e que a responsabilidade social é uma área em desenvolvimento contínuo, as organizações que
considerem a possível utilização de iniciativas ou ferramentas, são aconselhadas a procurar também
informações actualizadas de outras fontes sobre iniciativas aplicáveis no seu país, região ou sector.
Foi incluído neste Anexo apenas a iniciativa voluntária ou ferramenta de responsabilidade social se esta
cumprir todos os seguintes critérios:
− se abordar aspectos de um ou mais temas fundamentais ou integrar aspectos da responsabilidade social
(conforme descrito nas secções 5, 6 e 7 da presente Norma);
− se não tiver sido concebida especificamente para ser utilizada num país ou por organizações de um país,
mesmo que opere no estrangeiro;
− se estiver actualmente a ser utilizada em mais do que um país;
− se não tiver sido concebida para utilização por uma única organização ou grupo de organizações
(significando que as organizações estão ligadas através de donos ou parceiros comuns);
− se estiver publicamente disponível sem qualquer custo, como ferramenta ou linhas de orientação
(NOTA: O facto de a organização responsável pela iniciativa ou ferramenta poder ter outras actividades que envolvam um custo
para os utilizadores, como taxas de adesão ou taxas por serviços, não exclui essa iniciativa ou ferramenta de ser aqui listada,
independentemente de o custo poder estar de alguma forma ligado à iniciativa ou ferramenta);

− se não for gerida por a organização privada “com fins lucrativos” com o intuito e ganhos financeiros; e
− se estiver disponível em pelo menos uma das línguas oficiais ISO.
Caixa 17 – Não endosso das iniciativas pela ISO ou pelo IPQ
Os critérios apresentados acima não constituem uma opinião por parte da ISO ou pelo IPQ sobre o valor ou a
eficácia de qualquer uma das iniciativas ou ferramentas da responsabilidade social listadas neste Anexo. Os
critérios destinam-se simplesmente a disponibilizar um objectivo base para identificar um conjunto de
iniciativas e ferramentas que se possam aplicar a muitas organizações.
Ao determinar a utilização de qualquer uma destas iniciativas ou ferramentas, uma organização deverá ter
em conta as considerações apresentadas em 7.8. Embora este Anexo liste algumas iniciativas de
responsabilidade social que envolvam a certificação, não é necessário estar certificado em relação a qualquer
uma destas iniciativas para se considerar o alinhamento com as linhas de orientação da presente Norma (ver
Caixa 16).
O facto de uma iniciativa ou ferramenta ser mencionada neste Anexo não implica qualquer forma de endosso
pela ISO ou IPQ dessa iniciativa ou ferramenta. Para além disto, características importantes relacionadas
com a iniciativa que não poderão ser objectivamente medidas no âmbito da presente Norma – como a sua
eficácia, credibilidade, legitimidade e natureza representativa – não são aqui consideradas. Tais
características deverão ser avaliadas directamente por quem pondere a utilização dessa iniciativa ou
ferramenta.
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais


(Aplicação a mais de um sector de actividade — ver também 7.8 e texto introdutório deste Anexo)
As informações neste Anexo reflectem a situação no momento da conclusão da presente Norma. Reconhecendo que estas
informações não são exaustivas e que a responsabilidade social é uma área em desenvolvimento contínuo, recomenda-se a procura
de informações actualizadas noutras fontes.
O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
ORGANIZAÇÃO
INICIATIVA OU
incluído na secção correspondente. Informações adicionais
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da
(listada pela iniciativa/ferramenta; participação das partes
PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA interessadas na sua governação; o seu público alvo e
organização TEMAS FUNDAMENTAIS*
RESPONSABILIDADE SOCIAL* condições de acesso; se é para certificação ou não; e
por ordem alfabética
em cada secção) uma página Web para mais informações)
6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
GO DH PL Amb POJ QRC EDC
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e envolvimento
das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de uma organização;
7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à
responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.

secção 1: INICIATIVAS INTERGOVERNAMENTAIS


(Iniciativas e ferramentas a operar sob a responsabilidade directa de instituições intergovernamentais, como as agências das Nações Unidas)
OECD Disponibiliza uma lista de verificação para as empresas
utilizarem quando examinarem os riscos e os dilemas éticos
Risk Awareness relacionados com as suas potenciais actividades em países
Tool for onde existe uma fraca governação. www.oecd.org/
X X X X X X X X X X X
Multinational
Enterprises in
Weak Governance
Zones
UNCTAD Grupo de trabalho dedicado a questões de transparência e
contabilidade das corporações. Questões abordadas em
Intergovernmental responsabilidade e comunicação empresarial incluindo:
implementação de Normas Internacionais de Relatórios
Working Group of Financeiros (IFRS), contabilidade das PMEs, divulgação da
Experts on X X X X X X X governação empresarial, relatórios de responsabilidade
International empresarial e ambiental. Grupos de partes interessadas
reúnem-se anualmente para discutir e acordar abordagens
Standards of às questões com as quais o grupo trabalha. Aberta a todas
Accounting and as organizações. Sem quotas exigidas. www.unctad.org/isar
Reporting (ISAR)
Iniciativa associada à UNEP aberta a todas as organizações.
UNEP Facilita a troca de informação sobre como as organizações
poderão conseguir diminuir as emissões de gases com
Climate Neutral X X X X X efeito de estufa. Um Conselho de Administração constituído
Network por partes interessadas nomeadas supervisiona o programa.
http://www.unep.org/climateneutral/

Iniciativa aberta a peritos de organizações activas na área


da gestão do ciclo de vida. Quota de participação anual
UNEP exigida. Grupos de trabalho com Secretariados das NU e
X X X X X X X participantes das partes interessadas, que procuram
Life Cycle Initiative desenvolver a capacidade e a formação nas abordagens do
s ciclo de vida. Filiada do Programa Ambiental das Nações
Unidas. http://lcinitiative.unep.fr/

Iniciativa das Nações Unidas direccionada às organizações


empresariais. Aberta a qualquer organização, os
participantes comprometem-se em alinhar as suas
estratégias e operações com os dez princípios nas áreas
dos direitos humanos, trabalho, ambiente e anti-corrupção e
em agir de forma a apoiar os objectivos mais amplos das
United Nations
Global Compact X X X X X NU. Uma plataforma voluntária, as organizações têm de
comunicar anualmente os seus esforços para implementar
os princípios através de políticas e práticas. O Global
Compact das Nações Unidas desenvolve ferramentas e
linhas de orientação nas principais áreas para apoiar as
organizações participantes. Não são exigidas quotas.
www.unglobalcompact.org/

UNGC, UNDP, Ferramenta de planeamento de auto-avaliação para


UNITAR melhorar o impacte do desenvolvimento e a contribuição
para o desenvolvimento sustentável de parcerias público-
UN Partnership privadas. Disponível gratuitamente para todas as
X X X organizações. A UNIDO forma consultores para disseminar
Assessment Tool
as abordagens e técnicas de gestão de RSE em todo o
mundo.
www.unglobalcompact.org/issues/partnerships/pat.html

(continua)
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais (continuação)


O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão Informações adicionais
ORGANIZAÇÃO incluído na secção correspondente.
INICIATIVA OU (inclui breve descrição do objectivo da
Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 iniciativa/ferramenta; participação das partes
FERRAMENTA PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA
(listada pela TEMAS FUNDAMENTAIS* interessadas na sua governação; o seu público
RESPONSABILIDADE SOCIAL* alvo e condições de acesso; se é para
organização
por ordem alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 certificação ou não; e uma página Web para
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 mais informações)
em cada secção) GO DH PL Amb POJ QRC EDC
6.2 GO
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de
uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a
credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.
secção 2: INICIATIVAS MULTI-PARTE INTERESSADA
(Iniciativas ou ferramentas desenvolvidas ou administradas através de processos multi-parte interessada)
UNIDO Responsible Iniciativa apoiada pela UNIDO destinada às
pequenas e médias empresas. Quotas de
Entrepreneurs
Achievement X X X X X X X X X X participação não exigidas. Disponibiliza uma
estrutura e software para apoiar PMEs com RSE.
Programme www.unido.org/reap
Organização baseada em membros aberta a todas
as organizações e indivíduos. Participação paga.
Foco em comunicação sobre garantia de conteúdo
de relatórios da sustentabilidade e responsabilidade
social e no envolvimento das partes interessadas.
AccountAbility Desenvolveu três normas destinadas à utilização
The AA1000 Series por parte de qualquer organização:
X X X X X X X X X X X X X X X - AA1000APS - apresenta princípios gerais de
responsabilização
- AA1000AS - apresenta requisitos para assegurar a
sustentabilidade
- AA1000SES - apresenta uma estrutura para o
envolvimento das partes interessadas
www.accountability21.net
Organização com adesão aberta a pessoas que
Amnesty procurem promover o respeito pelos direitos
International humanos. Fonte de informação sobre o respeito
Human Rights X X X pelos direitos humanos em países específicos. A
Principles for publicação “Human Rights Principles for
Companies Companies” inclui uma lista de verificação.
www.amnesty.org
Iniciativa da indústria que se centra nas práticas
Business Social laborais da cadeia de fornecimento das grandes
Compliance empresas de retalho. A maioria dos membros são
Initiative (BSCI) X X X X X X X X revendedores e empresas de marketing que pagam
quotas de adesão e concordam em auditar
fornecedores de acordo com um código de conduta.
A iniciativa certifica os auditores. www.bsci-eu.org
Organização que procura promover a ética
Centre for Business empresarial na Alemanha e na Europa. Disponibiliza
Ethics (ZfW) Values formação e ferramentas de gestão, incluindo uma
Management System X X X X X X X X X X X X estrutura de governação sobre questões legais,
económicas, ecológicas e sociais.
www.dnwe.de/wertemanagement.php (Alemão)
Organização de membros aderentes, constituída
principalmente por organizações ambientais e
investidores que procuram utilizar mercados de
capital para envolver as empresas em questões
Ceres ambientais e de governação. As empresas são
Ceres Principles convidadas a defender os princípios Ceres. A
X X X implementação destes princípios envolve auditorias
e comunicação pública. Quota de adesão para
membros. As empresas-membro têm acesso a
assistência técnica em questões ambientais e na
sua gestão.
www.ceres.org
Promove a troca internacional de informações sobre
CRS360 RSE. É necessária uma contribuição e aprovação
Global Partner para se tornar “organização parceira”. A rede é
Network X X X X X X X X X X X X X X X convocada pela Business in the Comunity (BITC)
sedeada no Reino Unido.
www.crs360.org
Uma ferramenta de auto-avaliação concebida para
ser utilizada na gestão da RSE. Inicialrmente
EFQM designada European Foundation for Quality
Framework for CRS Management, a EFQM é uma organização cuja
and Excellence Model X X X X X X X X X X X X X X X adesão é aberta a empresas, governo e
organizações sem fins lucrativos. A adesão é paga.
A organização facilita a troca de informação e
disponibiliza serviços a membros.
www.efqm.org
(continua)
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão Informações adicionais
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. (inclui breve descrição do objectivo da
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 iniciativa/ferramenta; participação das partes
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA interessadas na sua governação; o seu
TEMAS FUNDAMENTAIS*
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL* público alvo e condições de acesso; se é
por ordem alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 para certificação ou não; e uma página Web
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
em cada secção) GO DH PL Amb POJ QRC EDC para mais informações)
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social
de uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a
credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.
secção 2: INICIATIVAS MULTI-PARTE INTERESSADA (continuação)
(Iniciativas ou ferramentas desenvolvidas ou administradas através de processos multi-parte interessada)
Organização de aderentes aberta a empresas,
ONGs e organizações sindicais de comércio
específicas. A finalidade é permitir que as
empresas que trabalhem com ONGs e
ETI sindicatos de comércio aprendam as melhores
Ethical Trading formas de implementar códigos sobre práticas
Initiative X X X X X X X X X laborais da cadeia de fornecimento. As
empresas pagam quotas de adesão, concordam
em aplicar o código de práticas laborais aos
seus fornecedores, comunicar sobre actividades
e cumprir outros requisitos.
www.ethicaltrade.org/
Organização de membros que pagam quota
anual, dedicada à promoção da ética
EuropeanBusiness empresarial. Organiza conferências e edita
Ethics Network (EBEN) X X X X X X X X X X publicações. Também organiza redes nacionais
e redes sobre tópicos específicos para
profissionais da ética empresarial e outros.
www.eben-net.org
Iniciativa multi-parte interessada estabelecida
para abordar práticas laborais na cadeia de
fornecimento. Os participantes incluem
Fair Labour empresas de fornecimento, faculdades,
Association (FLA) X X X X X X X X X universidades e ONGs. As empresas
participantes têm de apoiar a monitorização e a
verificação das condições de trabalho dos seus
fornecedores. A FLA publica relatórios.
www.fairlabor.org/
FORÉTICA Iniciativa que define critérios sobre o
SGE 21 Ethical and estabelecimento, a implementação e a avaliação
CRS Management de um sistema de gestão sobre ética e
System
X X X X X X responsabilidade social.
www.foretica.es (Espanhol)

Iniciativa desenvolvida pelo UNEP e CERES


(também incluída neste Anexo) que disponibiliza
modelos de indicadores, linhas de orientação e
ferramentas de suporte para relatórios de
sustentabilidade. Partes interessadas
organizacionais globais fornecem linhas de
orientação e governação. As suas linhas de
Global Reporting orientação, suplementos e anexos são
Initiative (GRI) oferecidos gratuitamente na sua página Web.
Sustainability Reporting Existe uma taxa nominal para acesso a
Guidelines
X X X X X X X X X X X X X materiais de formação. As suas ferramentas
incluem:
- Linhas de orientação para os relatórios de
sustentabilidade (indicadores e princípios)
- Vários suplementos específicos sectoriais
(construção, telecomunicações, entidades
públicas, etc.)
- Protocolo de limites (esfera de influência e
análise do impactes)
www.globalreporting.org
Esta organização nacional de direitos humanos
tem um projecto de direitos humanos e
empresas que disponibilizam informação sobre
Danish Institute for a situação dos direitos humanos em vários
Human Rights Human países. Também oferece ferramentas e guias de
Rights Compliance gestão, por vezes mediante um custo. A Human
X X X X X X X X X X Rights Compliance Assessment é uma
Assessment
ferramenta disponibilizada através de uma
interface na Web mediante um custo. Uma
“HRCA Quick Check” menos elaborada está
disponível gratuitamente.
www.humanrightsbusiness.org
(continua)
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. Informações adicionais
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA iniciativa/ferramenta; participação das partes
TEMAS FUNDAMENTAIS* interessadas na sua governação; o seu público
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL*
por ordem alvo e condições de acesso; se é para
alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 certificação ou não; e uma página Web para
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
GO DH PL Amb POJ QRC EDC mais informações)
em cada secção)
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social
de uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a
credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social
secção 2: INICIATIVAS MULTI-PARTE INTERESSADA (continuação)
(Iniciativas ou ferramentas desenvolvidas ou administradas através de processos multi-parte interessada)
International Organização de adesão para organizações
Social and internacionais que definam normas ambientais e
sociais. Promove normas voluntárias e avaliação de
Environmental
Accreditation X X X X X X X X X X X X X X X conformidade relacionadas com questões
ambientais e sociais. Disponibiliza ferramentas para
and Labelling definição e avaliação de normas. Quota de adesão
Alliance (ISEAL) exigida.
www.isealalliance.org
Programa de troca de informação que ajuda as
organizações a cumprir os requisitos legais das
Joint Article substâncias químicas contidas em produtos.
Management Disponibiliza formatos em folha de cálculo para
Promotion descrever e transferir informações sobre substâncias
Consortium X X X X X X X X X X X químicas contidas em produtos, bem como uma
(JAMP) infra-estrutura de TI para trocar folhas de cálculo.
Promove sessões de formação para divulgar os seus
programas. Quota exigida.
http://www.jamp-info.com/english/
Acordos negociados entre empresas transnacionais
International (TNEs) e a Global Union Federations (GUFs),
Framework concebidos para disponibilizar uma forma de abordar
Agreement X X X X X X X X X X X problemas relacionados, principalmente, com as
práticas laborais nas operações de uma empresa
multinacional específica a nível internacional
http://www.global-unions.org/spip.php?rubrique70
Organização de adesão estabelecida para definir
normas sociais e ambientais e emitir certificação aos
Rainforest produtores nas áreas florestal, agrícola e turística.
Alliance X X X X X X X X Disponibiliza formação e assistência técnica em
indústrias abrangidas pelas suas actividades de
certificação.
www.rainforest-alliance.org
R-bec Norma de sistema de gestão gratuita dirigida a
Ethical/Legal qualquer organização que pretenda desenvolver um
Compliance X X sistema de gestão para a conformidade ética e legal.
Management http://r-bec.reitaku-u.ac.jp/ (japonês)
System Standard
Project Sigma Linhas de orientação que aconselham as
Sigma guidelines organizações sobre como contribuír para o
X X X X X X X X X X desenvolvimento sustentável. Gratuito.
http://www.projectsigma.co.uk/Guidelines/default.asp
Responsabilidad Uma colecção de ferramentas de análise e formação
Social que fornece apoio às PMEs da América Latina no
Empresarial Caja sentido de melhorar as suas iniciativas e práticas de
de Herramientas X X X X X X responsabilidade social. www.produccionmaslimpia-
para America la.net/herramientas/index.htm (espanhol)
Latina
Iniciativa multi -parte interessada que aborda
práticas laborais. Define normas SA8000 auditáveis
para locais de trabalho. Produz o Manual para
Social Implementação de um sistema de Gestão de Cadeia
Accountability de Fornecimento Socialmente Responsável e outras
International ferramentas. Faz parcerias para disponibilizar
(SAI)
X X X X X X X X X X formação e assistência técnica a auditores,
trabalhadores, fornecedores e compradores.
Organização independente, serviços de acreditação
de responsabilização social (SAAS), acredita
fornecedores de certificação para SA8000.
www.sa-intl.org
Uma organização internacional sem fins lucrativos
dedicada ao desenvolvimento sustentável. A TNS
The Natural Step disponibiliza um modelo para o planeamento de
International sistemas complexos, bem como ferramentas
(TNS) X X X X X X X X X X X X X X X disponíveis gratuitamente para permitir que os
indivíduos e as organizações apreendam mais sobre
e contribuam para o desenvolvimento sustentável.
www.thenaturalstep.org
(continua)
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente.
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, INP SO 26000 Informações adicionais
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA (inclui breve descrição do objectivo da
TEMAS FUNDAMENTAIS* iniciativa/ferramenta; participação das partes interessadas
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL*
por ordem na sua governação; o seu público alvo e condições de
alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 acesso; se é para certificação ou não; e uma página Web
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 para mais informações)
em cada GO DH PL Amb POJ QRC EDC
secção)
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e envolvimento
das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de uma
organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a credibilidade
relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social
secção 3: INICIATIVAS DE PARTE INTERESSADA ÚNICA
(Iniciativas ou ferramentas desenvolvidas ou administradas através de processos de parte interessada única)
ONG de adesão global que procura combater a corrupção.
Disponibiliza ferramentas e dados às organizações, sectores
específicos da economia e entidades governamentais.
Transparency Exemplos de ferramentas incluem:
- Business Principles for Countering Bribery, um código
International
voluntário desenvolvido por várias partes interessadas
(TI) X X X X X - Global Corruption Report
Various tool - Corruption Perceptions Index
- Bribe Payers Index
- Global Corruption Barometer
- The Integrity Pact
www.transparency.org
Caux Round Uma rede de empresários, com capítulos nacionais, que
Table procura promover princípios éticos, colaboração e diálogo
Principles for entre gestores, funcionários públicos e cidadãos. Os Princípios
Business
X X X X X X X para os Negócios disponibilizam uma declaração de princípios
a seguir para conduzir negócios de forma ética.
www.cauxroundtable.org
Consumers Federação global de grupos de consumidores. A Carta define
International as melhores práticas empresariais e os direitos do consumidor
Charter for nas áreas de interesse para os consumidores. Implica uma
Global Business
X X X X X X quota de adesão para os membros e direitos de voto sobre
códigos e tratados.
www.consumersinternational.org
Iniciativa por adesão, baseada numa quota, para empresas
europeias e organizações nacionais de RSE. Conduz
CSR Europe projectos, organiza encontros e lança publicações. A Toolbox
Toolbox X X X X X X X X X X X X X X é uma recolha de guias e outros materiais baseados na Web
produzida através de projectos com os membros e as suas
partes interessadas que está organizada por temas
www.csreurope.org/
Ethos Institute Organização brasileira que se centra na promoção da
Ethos indicators responsabilidade social no sector empresarial. Disponibiliza
of CRS X X X X X X X X X X X X várias ferramentas de RSE gratuitas, incluindo um conjunto de
indicadores sobre RSE. www.ethos.org.br

The Global Código de conduta voluntário global sobre desempenho social,


económico e ambiental. As Organizações comprometem-se
Sullivan
em seguir os seus princípios na criação de políticas internas,
Principles of X X X X X X X X formação e comunicação. A utilização do código não envolve
Social custos. Não houve envolvimento das partes interessadas na
Responsability criação do código. http://www.thesullivanfoundation.org/
International A IBLF é uma fundação sem fins lucrativos apoiada por
Business grandes organizações empresariais que promove a
Leaders Forum contribuição empresarial para o desenvolvimento sustentável.
(IBLF) A Guide Produz várias publicações e ferramentas como a Human
to Human X X X X X Rights Translated: A Business Reference Guide. Em 2007, a
IBLF juntamente com o Banco Mundial da Corporação
Rights Impact
Financeira Internacional lançaram um Guide to Human Rights
Assessment Impact Assessment and Management Road Testing Draft.
http://www.iblf.org/recurses/guides.aspx
Organização empresarial global estabelecida para representar
os interesses empresariais. Participação paga. Produziu várias
International
iniciativas e ferramentas relacionadas com diferentes aspectos
Chamber of da responsabilidade social, incluindo:
Commerce - The Consolidated ICC Code of Advertising and Marketing
(ICC) Various X X X X X X X X X X X X X X X Communication Practice
tools and - The ICC Nine Steps to Responsible Business Conduct - The
initiatives ICC Guidance on the Supplly Chain Responsability
- The ICC Guide to Responsible Sourcing
- The ICC Business Charter for Sustainable Development
www.iccwbo.org
(continua)
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Quadro A.1 – Exemplos de iniciativas inter-sectoriais (conclusão)


O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
ORGANIZAÇÃO incluído na secção correspondente. Informações adicionais
INICIATIVA OU
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da
iniciativa/ferramenta; participação das partes
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA interessadas na sua governação; o seu público
TEMAS FUNDAMENTAIS*
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL* alvo e condições de acesso; se é para
por ordem alfabética certificação ou não; e uma página Web para
em cada secção) 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 mais informações)
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
GO DH PL Amb POJ QRC EDC

*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social
de uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a
credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social

secção 3: INICIATIVAS DE PARTE INTERESSADA ÚNICA (continuação)

(Iniciativas ou ferramentas desenvolvidas ou administradas através de processos de parte interessada única)

Um código de conduta voluntário para práticas anti-


Partnering suborno que exige um compromisso com a
tolerância zero a suborno por parte das empresas
Against Corruption
signatárias. Membros aderentes, não requerem
Initiative (PACI) X pagamento de quotas. Governada por partes
Business Principles for interessadas através de três grupos de trabalho e
Countering Bribery um conselho governativo.
http://www.weforum.org/en/initiatives/paci/index.htm

Organização de membros aderentes orientada


principalmente para grandes empresas. Requer
pagamento de quota anual. Desenvolveu várias
iniciativas e ferramentas que são do domínio
World Business público, incluindo:
Council for - The Global Water Tool
Sustainable - Improving Stakeholder Engagement: Measuring
Development X X X X X X X X X X X X X X X Impact
(WBCSD) Various - Organizational Governance: Issue Management
initiatives and tools Tool
- Sustaibable Development: A Learning Tool
- Vários outros documentos orientadores, iniciativas
e ferramentas sobre questões sociais e ambientais
específicas.
www.wbcsd.org

Norma gratuita de contabilidade e comunicação


WBCSD and World disponível para as empresas comunicarem as
Resources Institute emissões dos seis gases com efeito de estufa
(WRI) The Greenhouse abrangidos pelo Protocolo de Quioto da
Gases Protocol X X Convenção-Quadro dada NU sobre Alterações
Climáticas. Disponibiliza várias ferramentas
para assistir as empresas a calcular as suas
emissões. www.ghgprotocol.org
NP
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Quadro A.2 – Exemplos de iniciativas sectoriais


(Aplicação um sector de actividade específico – ver também 7.8 e texto introdutório deste Anexo)
As informações neste Anexo reflectem a situação no momento da conclusão da presente Norma. Reconhecendo que estas
informações não são exaustivas e que a responsabilidade social é uma área em desenvolvimento contínuo, recomenda-se a procura
de informações actualizadas noutras fontes.
ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. Informações adicionais
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA iniciativa/ferramenta; participação das partes
TEMAS FUNDAMENTAIS* interessadas na sua governação; o seu público alvo e
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL*
por ordem alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 condições de acesso; se é para certificação ou não; e
em cada secção) 5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 uma página Web para mais informações)
GO DH PL Amb POJ QRC EDC
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e envolvimento
das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de uma organização;
7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à
responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.

Sector: AGRICULTURA

Uma organização de revendedores de açúcar


investidores, comerciantes, produtores e ONGs que
Better Sugarcane estabeleceu princípios e critérios destinados a abordar
Initiative (BSI) várias questões sociais e ambientais na produção do
X X X X X X X X açúcar. Quotas cobradas para se ser membro do comité
executivo, conselheiro especial de um grupo de trabalho
ou membro de um grupo de trabalho.
www.bettersugarcane.org
Organização de membros aderentes de produtores,
organizações de “comércio e indústria” (revendedores,
Common Code for the negociantes de marca e fabricantes) e sociedade civil
Coffee Comunidade (ONGs e sindicatos) estabelecida para promover melhores
Association (4C) condições sociais, ambientais e económicas na produção
Code of Conduct
X X X X X X X X X X X X X X do café. O programa inclui a Código Comum para a
Comunidade do Café (4C), um “sistema de verificação” e
apoio técnico a produtores. Os membros participam em
iniciativas de governação e verificação.
www.4c-coffeeassociation.org/
Organização tutelar para iniciativas de rotulagem em 20
Fairtrade Labelling países através de uma rede de organizações de
Organizations certificação e produtores. Providencia certificação de
International (FLO) X X X X X X X X X X X X X X X acordo com as normas do comércio justo, sejam gerais ou
específicas do sector. Os membros certificados poderão
utilizar a marca de certificação e participar na assembleia-
geral e no conselho governativo. www.fairtrade.net
GAP significa Good Agricultural Practices (Boas Prátcias
Agrícolas). Uma associação não lucrativa estabelecida
GLOBALG.A.P. para definir normas volutarias para a certificação de
X X X X X X X produtos e práticas agrícolas. Os membros pagam uma
taxa para participar no desenvolvimento destas normas.
www.globalgap.org
Organização criada para combater o trabalho infantil e
International Cocoa outras práticas laborais abusivas na produção do cacau.
Iniciativa As organizações participantes incluem as principais
X X X X X X X X X X marcas de chocolate, os processadores do cacau, bem
como ONGs e organizações sindicais.
www.cocoainiciativa.org
Organização de membros aderentes que compreende
Rainforest Alliance quintas e grupos de produtores que cultivam plantações
Sustainable Agriculture tropicais para exportação. Procura desenvolver as
Network (SAN) melhores práticas de gestão em toda a cadeia de valor
Standards
X X X X X X X X X agrícola encorajando os agricultores a cumprir as normas
da SAN e motivando os negociantes e os consumidores a
apoiarem a sustentabilidade. www.rainforest-
alliance.org/agriculture.cfm?id=standards
Iniciativa de certificação baseada num Código de Conduta
que define critérios sociais e ambientais para práticas
agrícolas responsáveis e economia rural eficiente. Recorre
UTZCERTIFIED a auditores externos. Actualmente centrada na produção
X X X X X X X X X X X X de café, cacau, chá e óleo de palma. Os serviços incluem
um sistema de identificação e localização que acompanha
o produto certificado através da cadeia, do produtor até ao
processador para que os compradores conheçam a
origem do produto. www.utzcertified.org
Organização de membros aderentes, com participação
paga, de empresas de chocolate, processadores de cacau
World Cocoa e associações de comerciantes e industriais. Apoia
Foundation programas que promovem a sustentabilidade e práticas
X X X X X X X X X X agrícolas seguras para o ambiente, o desenvolvimento da
comunidade, normas laborais e remuneração melhorada e
equitativa.
www.worldcocoafoundation.org
(continua)
NP
ISO 26000
2011

p. 116 de 128

Quadro A.2 – Exemplos de iniciativas sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão Informações adicionais
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. (inclui breve descrição do objectivo da iniciativa/ferramenta;
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 participação das partes interessadas na sua governação; o seu
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA público alvo e condições de acesso; se é para certificação ou
organização TEMAS FUNDAMENTAIS*
RESPONSABILIDADE SOCIAL* não; e uma página Web para mais informações)
por ordem
alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
em cada secção) GO DH PL Amb POJ QRC EDC
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e envolvimento
das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de uma organização;
7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à
responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.
Sector: VESTUÁRIO
Associação internacional de organizações nacionais em 12
países europeus dedicada a aperfeiçoar as condições de
trabalho na indústria do vestuário e defender os trabalhadores
Clean Clothes da indústria que produzem a mudança. A CCC faz campanha
Campaign (CCC) X X X X X X X sobre casos específicos e envolve-se com as empresas e as
autoridades para os resolver. A CCC também disponibiliza
informações sobre as condições de trabalho e as práticas
laborais na indústria e possui um código de referência.
www.cleanclothes.org
Uma organização multi-parte interessada estabelecida para
Fair Wear abordar as práticas laborais da cadeia de fornecimento no
Foundation sector do vestuário e do calçado. As empresas tornam-se
(FWF) X X X X X X X X X membros da FWF efectuando uma contribuição anual,
adoptando um Código de Práticas Laborais e observando outros
requisitos. As empresas são avaliadas anualmente para verificar
a conformidade com o código. www.fairwear.nl (holandês)
Iniciativa que tem como objectivo disponibilizar aos
consumidores informações sobre as políticas do revendedor
Fur Free Retailer relativamente às peles. A iniciativa procura acabar com a venda
Program X X X de produtos em pele em estabelecimentos de venda a retalho
oferecendo apoio aos revendedores que se tenham
comprometido com uma política contra as peles.
www.infurmation.com/ffr.php
Sector: BIOCOMBUSTÍVEIS
Roundtable on Organização de membros aderentes com participação paga.
Sustainable Promove discussões que envolvam partes interessadas para
Biofuels X X X X X X X X X X desenvolver princípios e critérios para a produção de
biocombustíveis.
http://cgse.epfl.ch/page65660.html
Sector: CONSTRUÇÃO
Aberta a qualquer organização da industria de construção e
UNEP edificação. Quotização anual de membro. Envolve um
Sustainable programa de trabalho comum para promover a edificação e a
Buildings e construção sustentável com uma perspectiva de ciclo de vida.
Climate Initiative
X X X X Os membros participam no programa de trabalho para
desenvolverem ferramentas e iniciativas de suporte ao
programa de trabalho. Em parceria com o Programa das Nações
Unidas para o Ambiente. www.unepsbci.org
Sector: QUÍMICO
International Organização de membros aderentes com participação paga
Council of para empresas químicas. O enfoque está na saúde, na
Chemical segurança e no impacte ambiental de produtos e processos. O
Associations X X X X X X X X X X X X X programa de gestão do produto abrange a produção e a
Responsible Care utilização de químicos e a cadeia de fornecimento.
www.responsiblecare.org
Sector: BENS DE CONSUMO / RETALHO
Uma organização da economia estabelecida para abordar as
Business Social práticas laborais da cadeia de fornecimento. Composta por
Compliance revendedores e outras empresas que importam ou
Initiative (BSCI) X X X X X X X X comercializam bens. Espera-se que as empresas aderentes
façam auditorias aos seus fornecedores mediante o código de
conduta BSCI. A BSCI certifica os auditores.
www.bsci-eu.org
Sector: ELECTRÓNICA
Electronic Organização de membros aderentes com participação paga
Industry anualmente baseada nos lucros da empresa e no estatuto de
Citizenship membro. Os membros plenos têm de implementar um código de
Coalition The X X X X X X X X X conduta. Um conselho de governação constituído por partes
Electronic Industry interessadas da indústria disponibiliza linhas de orientação e a
Code of Conduct visão geral da organização. http://www.eicc.info/

(continua)
NP
ISO 26000
2011

p. 117 de 128

Quadro A.2 – Exemplos de iniciativas sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. Informações adicionais
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da iniciativa/ferramenta;
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA participação das partes interessadas na sua governação; o seu
TEMAS FUNDAMENTAIS*
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL* público alvo e condições de acesso; se é para certificação ou não;
por ordem alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 e uma página Web para mais informações)
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7
em cada secção) GO DH PL Amb POJ QRC EDC
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e envolvimento
das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de uma organização;
7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a credibilidade relativamente à
responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.
Zentralverband der Organização de membros aderentes. O código de conduta
Deutschen Elektro- disponibiliza uma linha de orientação para melhorar o desempenho
und social e ambiental na indústria electrónica.
Elektronikindustrie X X X X X X X X X X www.zvei.de (alemão)
Code of Conduct on
Corporate Social
Responsability
Sector: ENERGIA
Organização da indústria para a geração hidroeléctrica. Produz
IHA várias ferramentas e publicações que estão disponíveis para o
IHA Sustainability X X X X X X X X X X público em geral. As linhas orientadoras sobre sustentabilidade da
Guidelines IHA incluem recomendações de acções relativamente a questões
económicas, sociais e ambientais. www.hydropower.org
Sector: EXTRACTIVO
Iniciativa multi-parte interessada composta por governos,
empresas, organizações da sociedade civil e investidores que
apoia a divulgação e a verificação de pagamentos da empresa e
Extractive
receitas governamentais nos sectores petrolífero, do gás e
Industries
Transparency X X mineiro. As empresas participantes concordam em divulgar os
pagamentos aos governos, e os governos participantes concordam
Initiative (EITI)
em relatar os pagamentos recebidos das empresas. As
organizações da sociedade civil participam no desenvolvimento e
na monitorização de planos específicos. http://eiti.org
Organização da indústria para empresas produtoras de petróleo e
gás. Produz várias publicações e ferramentas que estão
International
disponíveis para o público em geral, tais como:
Petroleum Industry
- Human Rights Training Toolkit for the Oil and Gas Industry
Environmental
- Oil and Gas Indústry Guidance on Voluntary Sustainability
Conservation
Association X X X X X X X X X X X X Reporting
- Petroleum Industry Guidelines for Reporting Greenhouse
(IPIECA)
Gas Emissions
Various tools and
- Guide to Operating in Areas of Confilct for the Oil & Gas
initiatives
Industry
www.ipieca.org
International Organização da indústria para empresas mineiras, metalúrgicas e
Council on Mining e associações industriais associadas. Os membros comprometem-
Metals (ICMM) se a adoptar uma estrutura de desenvolvimento sustentável
Sustainable X X X X X X X X X X X X X X X composta por um conjunto de 10 princípios.
Development http://www.icmm.com/our-work/sustainable-development-
Framework framework
Iniciados pelos governos da GB e dos EUA, os princípios
disponibilizam linhas de orientação para empresas e ONGs sobre
The Voluntary
a identificação dos direitos humanos e riscos de segurança. Mais
Principles on
Security e Human X X X X X linhas de orientação estão disponíveis no envolvimento e
colaboração com forças de segurança estatais e privadas. É
Rights
exigida uma contribuição para utilizar estes princípios.
www.voluntaryprincíples.org
Sector: FINANCEIRO / INVESTIMENTOS
Referencial da indústria financeira para determinar, avaliar e gerir
Equator Principles X X X o risco social e ambiental em financiamento de projectos.
www.equator-principles.com
Linha de orientação para comunicação de questões ambientais,
Guideline for ESG
sociais e de governação (ESG) e um referencial para os analistas
Reporting and
Integration into X X X X X X X X X X X financeiros sobre como integrar ESG nas suas análises.
www.dvfa.de/die_dvfa/kommissionen/non_financials/dok/356
Financial Analysis
83.php (alemão)

(continua)
NP
ISO 26000
2011

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Quadro A.2 – Exemplos de iniciativas sectoriais (continuação)


ORGANIZAÇÃO O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão
INICIATIVA OU incluído na secção correspondente. Informações adicionais
FERRAMENTA Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, INP SO 26000 (inclui breve descrição do objectivo da
(listada pela PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA iniciativa/ferramenta; participação das partes
TEMAS FUNDAMENTAIS*
organização RESPONSABILIDADE SOCIAL* interessadas na sua governação; o seu público alvo e
por ordem condições de acesso; se é para certificação ou não; e
alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8
5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 uma página Web para mais informações)
GO DH PL Amb POJ QRC EDC
em cada secção)
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade social de
uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar a
credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.
Sector: FINANCEIRO / INVESTIMENTOS (continuação)
Disponibiliza uma estrutura para que investidores
Principles for cumpram os seus deveres fiduciários (ou
Responsible equivalentes) dando a consideração adequada a
Investment questões ambientais, sociais e de governação
(PRI)
X X X X X X X X X empresarial. A estrutura é desenvolvida por um grupo
de peritos de partes interessadas nomeado para o
efeito. É exigida adesão com sugestão de
contribuição voluntária. www.unpri.org/
Organização de membros aderentes sem fins
lucrativos. Disponibiliza às empresas e outras
organizações uma metodologia disponível
gratuitamente para calcular e revelar as emissões de
carbono das suas operações e avaliar a sua
The Carbon
Disclosure X X X X exposição ao risco climático. As empresas poderão
utilizar esta metodologia e disponibilizar informações
Project
que estarão disponíveis na página Web do CDP e
que poderão ser utilizadas pelas instituições
financeiras na determinação da produção de carbono
atribuída ao financiamento e aos investimentos da
instituição financeira. www.cdproject.net
Iniciativa de membros aderentes com participação
paga aberta a todas as organizações do sector
financeiro. Trabalha estreitamente com as
UNEP Finance organizações participantes para desenvolver e
Initiative (UNEP X X X X X promover ligações entre o ambiente, a
FI) sustentabilidade e o desempenho financeiro. As
partes interessadas providenciam propostas de
projecto e participação no desenvolvimento de
projectos. www.unepfi.org/
Organização de membros aderentes de bancos
Wolfsberg globais para desenvolver normas da indústria dos
Group serviços financeiros e princípios para combater a
Wolfsberg Anti- corrupção e o branqueamento de capitais. Os
money X X X X X X X X X representantes das partes interessadas desenvolvem
Laundering normas e princípios, que são disponibilizados ao
Principles público em geral. http://www.wolfsberg-
principles..com/index.html
Sector: PESCAS
Iniciativa de certificação e rotulagem ecológica para
práticas de pesca sustentáveis. Inclui:
- Code of Conduct for Responsible Fishing,
Marine - Code of Good Practices for Setting Social and
Stewardship X X X X X X Environmental Standards, e
Council - Guidelines for the Eco-labelling of Fish e Fishery
Products from Marine Capture Fisheries.
Está envolvida uma quota para certificação e
utilização do rótulo. www.msc.org
Sector: SILVICULTURA
Grupo de membros aderentes com participação paga
aberto a indivíduos e organizações. Os membros
ajudam na governação e no desenvolvimento de
políticas. FSC é um sistema de certificação que
Forest
Stewardship X X X X X X X X X X X disponibiliza definição de normas internacionais,
garantia de marca comercial e serviços de
Council (FSC)
acreditação a empresas, organizações e
comunidades interessadas na silvicultura
responsável.
http://www.fsc.org/
Programme for A PEFC é uma organização tutelar para
the reconhecimento mútuo de esquemas de certificação
Endorsement of em gestão de florestas sustentável. As organizações
Forest X X X X X X X X X X nacionais providenciam a governação e o
Certification reconhecimento de grupos membros.
schemes http://www.pefc.org
(PEFC)
(continua)
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ISO 26000
2011

p. 119 de 128

Quadro A.2 – Exemplos de iniciativas sectoriais (conclusão)


O "X" assinala que a iniciativa/ferramenta se refere a pelo menos um aspecto ou questão Informações adicionais
ORGANIZAÇÃO incluído na secção correspondente.
INICIATIVA OU (inclui breve descrição do objectivo
Não é sinal de compatibilidade com a, ou endosso da, NP ISO 26000 da iniciativa/ferramenta; participação
FERRAMENTA PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
(listada pela TEMAS FUNDAMENTAIS* das partes interessadas na sua
SOCIAL* governação; o seu público alvo e
organização
por ordem alfabética 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 condições de acesso; se é para
em cada secção) 5.2 5.3 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 certificação ou não; e uma página
GO DH PL Amb POJ QRC EDC
Web para mais informações)
*NP ISO 26000 índice das Secções: 6.2 Governação organizacional; 6.3 Direitos humanos; 6.4 Práticas laborais; 6.5 Ambiente; 6.6 Práticas operacionais justas; 6.7
Questões relativas ao consumidor; 6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade; 5.2 Reconhecimento da responsabilidade social; 5.3 Identificação e
envolvimento das partes interessadas; 7.2 A relação das características de uma organização com a responsabilidade social; 7.3 Compreender a responsabilidade
social de uma organização; 7.4 Práticas de integração da responsabilidade social de uma organização; 7.5 Comunicação sobre a responsabilidade social; 7.6 Reforçar
a credibilidade relativamente à responsabilidade social; 7.7 Rever e melhorar as acções e práticas de uma organização relacionadas com a responsabilidade social.

Sector: TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO


Organização de membros aderentes
com participação paga aberta a
UNEP and
qualquer empresa e organização
International
relacionada que esteja envolvida na
Telecommunication
indústria das tecnologias da
Union (ITU) X X X X X X informação e da comunicação.
Global
Disponibiliza linhas de orientação e
e-Sustainability
uma ferramenta de avaliação para
Initiative (GeSI)
melhorar o desempenho sustentável
dos seus membros. www.gesi.org
Sector: TRANSPORTES
Organismo representativo
International Road internacional da indústria dos
Transport Union transportes terrestres. O Charter
Charter for X X X destina-se a promover a
Sustainable responsabilidade social nesse sector.
Development www.iru.org/index/en_iru_com_cas

Sector: VIAGENS E TURISMO


Código de conduta voluntário que
compromete as organizações a
Coalition of implementar seis critérios destinados
tourism- related a proteger as crianças de exploração
organizations Code sexual no sector das viagens e
of Conduct for the turismo. Disponibiliza um kit de
Protection of X X X formação gratuito sobre a
Children from Sexual implementação destes critérios. A
Exploitation in Travel ECPAT USA disponibiliza o
and Tourism secretariado.
www.ecpat.net
www.thecode.org

Uma iniciativa da Rainforest Alliance,


do UN Environmental Programme, da
Rainforest Alliance UN Foundation e da UN World
and other partners Tourism Organization, envolve várias
Global Sustainable associações e ONGs da indústria. Os
Tourism Criteria X X X X X Sustainable Tourism Criteria
Partnership destinam-se a ser a base de uma
compreensão comum daquilo que o
turismo sustentável significa.
www.sustainabletourismcriteria.org
NP
ISO 26000
2011

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Anexo B
(informativo)

Abreviaturas

TAE taxa anual efectiva


CH4 metano
CO2 dióxido de carbono
RSE responsabilidade social das empresas
GEE gás com efeito de estufa
VIH/SIDA Vírus da Imunodeficiência humana / Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMD Objectivo de Desenvolvimento do Milénio
ONG organização não-governamental
NOx óxido de azoto
N2O óxido nitroso
SSO saúde e segurança ocupacional
PBT substância persistente, bioacumulável e tóxica
POP poluente orgânico persistente
PMO pequena e média organização
SOx óxido sulfúrico
NU Nações Unidas
CQNUAC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
COV composto orgânico volátil
mPmB muito persistente e muito bioacumulável
OMC Organização Mundial do Comércio
NP
ISO 26000
2011

p. 121 de 128

Bibliografia

[1] ISO 9000 Quality management systems – Fundamentals and vocabulary


[2] ISO 9001 Quality management systems – Requirements
[3] ISO 9004 Managing for the sustained success of an organization – A quality
management approach
[4] ISO 10001 Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for codes of
conduct for organizations
[5] ISO 10002 Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for complaints
handling in organizations
[6] ISO 10003 Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for dispute
resolution external to organizations
[7] ISO 14001 Environmental management systems – Requirements with guidance for use
[8] ISO 14004 Environmental management systems – General guidelines on principles,
systems and support techniques
[9] ISO 14005 Environmental management systems – Guidelines for the phased
implementation of an environmental management system, including the use
of environmental performance evaluation
[10] ISO 14006 Environmental management systems – Guidelines for incorporating
ecodesign
[11] ISO 14015 Environmental management – Environmental assessment of sites and
organizations (EASO)
[12] ISO 14020 Environmental labels and declarations – General principles
[13] ISO 14021 Environmental labels and declarations – Self-declared environmental claims
(Type II environmental labelling)
[14] ISO 14024 Environmental labels and declarations – Type I environmental labelling –
Principles and procedures
[15] ISO 14025 Environmental labels and declarations – Type III environmental declarations
– Principles and procedures
[16] ISO 14031 Environmental management – Environmental performance evaluation –
Guidelines
[17] ISO 14040 Environmental management – Life cycle assessment – Principles and
framework(Carbonfootprint of organization) – Guidance for the application
of ISO 14064-1
[18] ISO 14044 Environmental management – Life cycle assessment – Requirements and
guidelines
[19] ISO 140451)1) Environmental management – Eco-efficiency assessment of product systems

1)
Under preparation.
NP
ISO 26000
2011

p. 122 de 128

– Principles, requirements and guidelines


[20] ISO/TR 14047 Environmental management – Life cycle impact assessment – Examples of
application of ISO 14042
[21] ISO/TS 14048 Environmental management – Life cycle assessment – Data documentation
format
[22] ISO/TR 14049 Environmental management – Life cycle assessment – Examples of
application of ISO 14041 to goal and scope definition and inventory analysis
[23] ISO 14050 Environmental management – Vocabulary
[24] ISO 14051 Environmental management – Material flow cost accounting – General
framework
[25] ISO/TR 14062 Environmental management – Integrating environmental aspects into
product design and development
[26] ISO 14063 Environmental management – Environmental communication – Guidelines
and examples
[27] ISO 14064-1 Greenhouse gases – Part 1: Specification with guidance at the organization
level for quantification and reporting of greenhouse gas emissions and
removals
[28] ISO 14064-2 Greenhouse gases – Part 2: Specification with guidance at the project level
for quantification, monitoring and reporting of greenhouse gas emission
reductions or removal enhancements
[29] ISO 14065 Greenhouse gases – Requirements for greenhouse gas validation and
verification bodies for use in accreditation or other forms of recognition
[30] ISO 14066 Greenhouse gases – Competence requirements for greenhouse gas validation
teams and verification teams
[31] ISO 14067-11) Carbon footprint of products – Part 1: Quantification
[32] ISO 14067-21) Carbon footprint of products – Part 2: Communication
1)
[33] ISO 14069 GHG – Quantification and reporting of GHG emissions for organizations
[34] ISO 19011 Guidelines for quality and/or environmental management systems auditing
[35] ISO 22000 Food safety management systems – Requirements for any organization in the
food chain
[36] ISO/IEC 27001 Information technology – Security techniques – Information security
management systems – Requirements
[37] ISO 10993-2:2006 Biological evaluation of medical devices – Part 2: Animal welfare
requirements
[38] ISO Guide 64 Guide for addressing environmental issues in product standards
NP
ISO 26000
2011

p. 123 de 128

[39] ISO/IEC Standardization and related activities – General vocabulary


Guide 2:2004
[40] ISO/IEC Guide Guidelines for standards developers to address the needs of older persons
71:2001 and persons with disabilities
[41] African Union Convention on Preventing and Combating Corruption, 2003
[42] A/HRC/8/5 United Nations, 7 April 2008, Protect, Respect and Remedy: a Framework for
Business and Human Rights; Report of the Special Representative of the Secretary-General on the
issue of human rights and transnational corporations and other business enterprises, John Ruggie
[43] A/HRC/8/16 United Nations, 15 May 2008, Clarifying the Concepts of “Sphere of influence” and
“Complicity”; Report of the Special Representative of the Secretary-General on the Issue of
Human Rights and Transnational Corporations and other Business Enterprises, John Ruggie
[44] Council of Europe Civil Law Convention on Corruption. 1999
[45] Council of Europe Criminal Law Convention on Corruption. 1998
[46] European Union, Convention drawn up on the basis of Article K.3 (2) (c) of the Treaty on
European Union on the fight against corruption involving officials of the European Communities
or officials of Member States of the European Union
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