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ATIVIDADE AVALIATIVA
1º) Escrever um texto sobre a Webinar ABCS – Biosseguridade na suinocultura, por David
Barcellos, Daniel Linhares e Gustavo Simão, datado no dia 26 de agosto de 2020, às 14h.
(Mínimo 25 linhas).
O presente debate fundamentou-se com a parceria da ABCS e a 333 Brasil, contou com
a mediação da diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke e da gerente de marketing da 333 Brasil,
Roberta Leite, com a participação da médica veterinária, pesquisadora e chefe geral da
Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, o médico veterinário, pesquisador da Embrapa Suínos
e Aves, onde atuou por 35 anos, Nelson Morés e a médica veterinária e auditora fiscal federal
agropecuária, chefe da Divisão de Relações Institucionais do Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(DIPOA/MAPA), Elenita R. Albuquerque, convidados para discutir zoonoses, saúde pública e
doenças relevantes para a suinocultura.
A abordagem começará com Janice Zanella falando sobre os impactos econômicos,
prevenção e controle de zoonoses, doenças transfronteiriças e emergentes. Segundo Zanella,
75% das doenças que emergiram no último século são zoonoses. A mesma ressalta que não
precisamos nem dizer qual é a importância da produção animal para a economia dos países, os
surtos de zoonoses afetam os animais e muitas pessoas, além da perda de bilhões de dólares
para os países envolvidos. Janice afirma a existência de pelo menos 5 patógenos emergências
por ano e uma pandemia a cada 10 anos, a exemplo do que estamos passando agora com a
COVID-19, mas também temos muitas doenças emergentes principalmente nos países de clima
tropical ou de uma elevada biodiversidade. A veterinária também enfatiza que doenças como
zika vírus, chikungunya, dengue e febre amarela, são doenças transmitidas por mosquitos e que
foram responsáveis por várias pandemias avassaladoras para a humanidade e que os suínos
infelizmente também são capazes de se contaminar com vírus de mamíferos e aves,
especialmente no Brasil, pela biodiversidade não apenas de animais e vegetação, mas de vírus
e bactérias. ZANELLA explica que são muitos os fatores que contribuem para a disseminação
de doenças, mas os principais são o crescimento demográfico, urbanização, consumo de carnes
de caça, aproximação de espécies silvestres com os seres humanos, pobreza, resistência a
medicamentos, modificações naturais que ocorrem nos patógenos e desequilíbrio ambiental em
geral. A falta ou ineficiência de regras, normas e fiscalizações desencadeiam situações fora do
controle, causando mortalidade, rompimentos mercadológicos, restrições de exportação,
perturbações no consumo e falta de confiança dos consumidores no produto.
No caso de doenças transfronteiriças, como a Peste Suína Africana (PSA), Peste Suína
Clássica (PSC), Febre Aftosa, Febre do Vale Rift, Influenza Aviária, a disseminação está ligada
a globalização dos alimentos, os riscos de patógenos serem transportados na comida são
aumentados pelo contrabando e armazenamento inadequado que deve ser constantemente
monitorado de forma assídua para evitar ou amenizar os riscos aos rebanhos nacionais.
Posteriormente, Nelson Morés reforçou a importância do ponto de vista global dessas
doenças, e destacou sobre as doenças respiratórias que causam problemas econômicos e de
saúde do rebanho, ocasionando lesões patológicas na criação de suínos: as aderências que
ocorrem por diversos patógenos e que acabam tendo bastante problemas de queda dos índices
de produtividade, e em nível de carcaça quando esses animais são levados ao abate. São
diversos os fatores de risco associados no campo (qualidade do ar ruim no ambiente de criação-
poeira e amônia, densidade elevada, idade de desmame reduzida, falta de vazio sanitário) e que
tem sido observado em pesquisas e amostragens. Segundo Morés, no abate brasileiro, 104.729
suínos avaliados em 10 estados, 5,7% apresentavam pleurisia. Já no campo, a análise de
necropsia de 75 suínos em 36 granjas, revelou a prevalência de sintomas respiratórios clínicos
como pleurite/pericardite em 24% dos casos. Essas infecções atrapalham o desenvolvimento
dos suínos, e dificilmente os animais conseguem ganhar peso para o abate, pois os problemas
respiratórios interferem, e muitas vezes agravando o quadro clínico. Para o produtor os
prejuízos, além dos gastos com medicamentos, é uma considerável desvalorização da carcaça.
Por todo o problema acarretado por esses patógenos, Nelson reforça a importância de
estabelecer um diagnóstico etiológico do problema, a rápida tomada de ações de medidas
específicas como a vacina e o tratamento, e em especial medidas inespecíficas de controle como
os fatores de riscos inerentes, sendo mais eficientes do que os próprios tratamentos a longo
prazo do controle dessas aderências.
Seguindo, Elenita Albuquerque apresentou às atualizações da inspeção de suínos em
frigoríficos com base em risco e na segurança do alimento coordenada pelo DIPOA/MAPA,
um projeto que começou há 5 anos. Elenita explica que a inspeção de carnes iniciou na
Alemanha, em 1892, onde, Robert Von Ostertag começou a estudar a ocorrência de patologias
em animais através de um método de avaliação que perdura até hoje, com adaptações que
possibilitam detectar não só patógenos visíveis, como também análises complementares em
laboratórios. Essas adaptações estão condicionadas a realidade de cada país, no Brasil por
exemplo foca-se na redução de ocorrências de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA),
através de uma série de coleta de dados e análises, que permite configurar o perfil
epidemiológico de cada localidade, fato possível graças ao serviço de inspeção muito mais
eficiente. O serviço oficial passa a ser mais preventivo que reativo, trabalhando de forma mais
inteligente, com o ajuste dos procedimentos de ante e post mortem em sinergia com perfil
epidemiológico, atual dos rebanhos nacionais. Focalizando-se nos riscos biológicos aos seres
humanos pelo consumo de carne e derivados produzidos sob sistema industrial no Brasil.
E por fim, Charli Ludke enfatiza a importância do aprimoramento do sistema de
inspeção de suínos, com procedimentos mais modernos e adequados para o controle dos perigos
envolvidos no processamento das carnes, com o intuito de prevenir as zoonoses, e as doenças
transfronteiriças, considerando que as informações levantadas sirvam de orientação para
implementar ações de prevenção a fim de melhorar as perspectivas mercadológicas internas e
externas ligadas a suinocultura.