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IFMA – CAMPUS SÃO LUÍS MARACANÃ

Curso de Licenciatura em Ciências Agrarias


Disciplina: Suinocultura Docente: Esperança Barbosa
Docente: Luciano Soares dos Santos Período: 6°

ATIVIDADE AVALIATIVA

1º) Escrever um texto sobre a Webinar ABCS – Biosseguridade na suinocultura, por David
Barcellos, Daniel Linhares e Gustavo Simão, datado no dia 26 de agosto de 2020, às 14h.
(Mínimo 25 linhas).

BARCELLOS, David; LINHARES, Daniel; SIMÃO, Gustavo. Biosseguridade na


suinocultura. Webinar ABCS. 26.ago.2020. 14h.
O presente debate foi mediado pela diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke e pela
gerente de marketing da 333 Brasil, Roberta Leite e contou com a participação de três
especialistas, Dr. David Barcellos, Dr. Daniel Linhares e MSC. Gustavo Simão, convidados
para conversar sobre biosseguridade, evolução histórica, aplicabilidade e a importância da
adoção dessas medidas na suinocultura brasileira e americana.
O debate inicia-se com o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Doutor David Barcellos falando sobre o que se entendia como biosseguridade no
passado. Em seguida explanou como o tema é adotado no presente, definindo-o atualmente
como ‘controle de vulnerabilidade das granjas’, ou seja, um controle assíduo das reposições do
sêmen, do processo de lavagem/desinfecção/vazio sanitário, do processo de transporte de
chegada e saída, do processo de entrada e saída de pessoas da granja, e do processo de controle
de infecções/contaminações de pássaros, insetos, roedores, ração ou água. Doutor David,
considera que a aplicação de um regime correto de quarentena para o ingresso de suínos recém-
chegados as granjas como crucial para o sucesso da produção. Em um trabalho realizado na
Dinamarca de 1994 a 2011, David avaliou a entrada de patógenos por meio dos animais em
uma granja que não utilizava a quarentena, e numa outra situação a quarentena sendo imposta
corretamente, e assim o risco de entrada de patógenos na granja teve uma redução de 70% para
6,2%, ou seja é fundamental proteger o rebanho da granja, com o monitoramento dos suínos
que chegam e precisam aderir a esse procedimento de quarentena de forma severa. Barcellos
alertou também para os vários riscos das más condições de criação, gerando o estresse e
ausência de bem-estar animal, aumentando o risco de infecção, gerando a baixa imunidade
provocando a proliferação de patógenos. Barcellos enfatizou também o risco de transmissão
de doenças via inseminação artificial, usada na reprodução. Vislumbrando os novos tempos da
suinocultura, o professor acredita que a comunicação, o treinamento, as medidas de incentivo,
o uso de um sistema de registro eficiente, a adoção de auditorias para monitoramento e
evolução, mantendo uma visão de perspectiva regional são ferramentas avançadas para o
melhoramento da suinocultura em todos os níveis de produção, seja nacional ou internacional.
Posteriormente Daniel Linhares, Doutor em Medicina Veterinária e professor convidado
da Iowa State University, explicou sobre os desafios e perspectivas americanas na área, já que
os Estados Unidos lidaram com surtos de doenças associados a patógenos que causaram alto
impacto econômico, fato que felizmente não ocorreram no Brasil. Daniel define que
Biosseguridade é adotar medidas para diminuir e evitar o risco de propagação de agentes
patogênicos numa granja. Ressaltando que se deve pensar também na existência de novos
patógenos, ou na evolução de patógenos já existentes. Daniel descreve sobre a adoção de um
esquema de proteção em quatro camadas, que instala diversas barreiras de desinfecção entre a
área considerada suja, e a área considerada limpa, tanto para os colaboradores que chegam à
granja, quanto para os caminhões de transporte e também para o rebanho. Ele recomenda que
esse esquema seja utilizado em outras áreas da granja. Linhares descreve também sobre os
processos de limpeza, que envolvem a remoção da matéria orgânica, a descontaminação
química e a secagem do ambiente, já que a tendência dos vírus é não sobreviver em locais secos.
Em duas experiências positivas testadas por sua equipe da Universidade Iowa. Uma para medir
falhas na proteção e o risco de patógenos externos serem levados pelos suínos por meio dos
caminhões, e o pessoal envolvido nos deslocamentos dos animais até as baias. E outra sobre a
correta limpeza e sanitização, com o uso de ar quente (altas temperaturas) para promover a
descontaminação dos veículos, que segundo ele se mostrou eficaz, pois aquece o veículo por
inteiro, promovendo a secagem completa mesmo locais difíceis de higienizar. Constatou-se que
o regime fitossanitário das granjas e dos transportes da logística da mesma é de grande valia
para a relação de qualidade e produtividade na suinocultura.
E por fim, Gustavo Simão, Médico Veterinário e gerente de serviços de veterinária da
Agroceres Pic, apresentou novas ferramentas que estão sendo desenvolvidas para facilitar a
adoção, monitoramento e sistematização do plano de biossegurança da granja, ele também
ressaltou a importância de se ter o gerenciamento e gestão de riscos. Para Simão, deve-se ter
um sistema que identifique onde os riscos estão para que eles possam ser corrigidos. Gustavo
defende ainda que sejam feitos treinamentos e avaliações constantes. O veterinário enfatiza que
um surto de doença, ocorre quando algum procedimento falha, e não só uma vez. Assim Simão
afirma que Biossegurança é disciplina e aprimoramento contínuo de todas as etapas na granja,
com o envolvimento de toda a unidade produtiva, gerando um sistema coletivo de
biosseguridade na produção, tendo como resultado uma proteína segura e de qualidade.
2º) Escrever um texto sobre a Webinar ABCS – Zoonoses, Saúde Pública e Doenças de
Importância na Suinocultura, por Janice Zanella, Nelson Morés e Elenita Albuquerque,
datado no dia 15 de outubro de 2020, às 10h. (Mínimo 25 linhas).

ZANELLA, Janice; MORÉS, Nelson; ALBUQUERQUE, Elenita. Zoonoses, Saúde Pública e


Doenças de Importância na Suinocultura. Webinar ABCS. 15.out.2020. 10h.

O presente debate fundamentou-se com a parceria da ABCS e a 333 Brasil, contou com
a mediação da diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke e da gerente de marketing da 333 Brasil,
Roberta Leite, com a participação da médica veterinária, pesquisadora e chefe geral da
Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, o médico veterinário, pesquisador da Embrapa Suínos
e Aves, onde atuou por 35 anos, Nelson Morés e a médica veterinária e auditora fiscal federal
agropecuária, chefe da Divisão de Relações Institucionais do Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(DIPOA/MAPA), Elenita R. Albuquerque, convidados para discutir zoonoses, saúde pública e
doenças relevantes para a suinocultura.
A abordagem começará com Janice Zanella falando sobre os impactos econômicos,
prevenção e controle de zoonoses, doenças transfronteiriças e emergentes. Segundo Zanella,
75% das doenças que emergiram no último século são zoonoses. A mesma ressalta que não
precisamos nem dizer qual é a importância da produção animal para a economia dos países, os
surtos de zoonoses afetam os animais e muitas pessoas, além da perda de bilhões de dólares
para os países envolvidos. Janice afirma a existência de pelo menos 5 patógenos emergências
por ano e uma pandemia a cada 10 anos, a exemplo do que estamos passando agora com a
COVID-19, mas também temos muitas doenças emergentes principalmente nos países de clima
tropical ou de uma elevada biodiversidade. A veterinária também enfatiza que doenças como
zika vírus, chikungunya, dengue e febre amarela, são doenças transmitidas por mosquitos e que
foram responsáveis por várias pandemias avassaladoras para a humanidade e que os suínos
infelizmente também são capazes de se contaminar com vírus de mamíferos e aves,
especialmente no Brasil, pela biodiversidade não apenas de animais e vegetação, mas de vírus
e bactérias. ZANELLA explica que são muitos os fatores que contribuem para a disseminação
de doenças, mas os principais são o crescimento demográfico, urbanização, consumo de carnes
de caça, aproximação de espécies silvestres com os seres humanos, pobreza, resistência a
medicamentos, modificações naturais que ocorrem nos patógenos e desequilíbrio ambiental em
geral. A falta ou ineficiência de regras, normas e fiscalizações desencadeiam situações fora do
controle, causando mortalidade, rompimentos mercadológicos, restrições de exportação,
perturbações no consumo e falta de confiança dos consumidores no produto.
No caso de doenças transfronteiriças, como a Peste Suína Africana (PSA), Peste Suína
Clássica (PSC), Febre Aftosa, Febre do Vale Rift, Influenza Aviária, a disseminação está ligada
a globalização dos alimentos, os riscos de patógenos serem transportados na comida são
aumentados pelo contrabando e armazenamento inadequado que deve ser constantemente
monitorado de forma assídua para evitar ou amenizar os riscos aos rebanhos nacionais.
Posteriormente, Nelson Morés reforçou a importância do ponto de vista global dessas
doenças, e destacou sobre as doenças respiratórias que causam problemas econômicos e de
saúde do rebanho, ocasionando lesões patológicas na criação de suínos: as aderências que
ocorrem por diversos patógenos e que acabam tendo bastante problemas de queda dos índices
de produtividade, e em nível de carcaça quando esses animais são levados ao abate. São
diversos os fatores de risco associados no campo (qualidade do ar ruim no ambiente de criação-
poeira e amônia, densidade elevada, idade de desmame reduzida, falta de vazio sanitário) e que
tem sido observado em pesquisas e amostragens. Segundo Morés, no abate brasileiro, 104.729
suínos avaliados em 10 estados, 5,7% apresentavam pleurisia. Já no campo, a análise de
necropsia de 75 suínos em 36 granjas, revelou a prevalência de sintomas respiratórios clínicos
como pleurite/pericardite em 24% dos casos. Essas infecções atrapalham o desenvolvimento
dos suínos, e dificilmente os animais conseguem ganhar peso para o abate, pois os problemas
respiratórios interferem, e muitas vezes agravando o quadro clínico. Para o produtor os
prejuízos, além dos gastos com medicamentos, é uma considerável desvalorização da carcaça.
Por todo o problema acarretado por esses patógenos, Nelson reforça a importância de
estabelecer um diagnóstico etiológico do problema, a rápida tomada de ações de medidas
específicas como a vacina e o tratamento, e em especial medidas inespecíficas de controle como
os fatores de riscos inerentes, sendo mais eficientes do que os próprios tratamentos a longo
prazo do controle dessas aderências.
Seguindo, Elenita Albuquerque apresentou às atualizações da inspeção de suínos em
frigoríficos com base em risco e na segurança do alimento coordenada pelo DIPOA/MAPA,
um projeto que começou há 5 anos. Elenita explica que a inspeção de carnes iniciou na
Alemanha, em 1892, onde, Robert Von Ostertag começou a estudar a ocorrência de patologias
em animais através de um método de avaliação que perdura até hoje, com adaptações que
possibilitam detectar não só patógenos visíveis, como também análises complementares em
laboratórios. Essas adaptações estão condicionadas a realidade de cada país, no Brasil por
exemplo foca-se na redução de ocorrências de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA),
através de uma série de coleta de dados e análises, que permite configurar o perfil
epidemiológico de cada localidade, fato possível graças ao serviço de inspeção muito mais
eficiente. O serviço oficial passa a ser mais preventivo que reativo, trabalhando de forma mais
inteligente, com o ajuste dos procedimentos de ante e post mortem em sinergia com perfil
epidemiológico, atual dos rebanhos nacionais. Focalizando-se nos riscos biológicos aos seres
humanos pelo consumo de carne e derivados produzidos sob sistema industrial no Brasil.
E por fim, Charli Ludke enfatiza a importância do aprimoramento do sistema de
inspeção de suínos, com procedimentos mais modernos e adequados para o controle dos perigos
envolvidos no processamento das carnes, com o intuito de prevenir as zoonoses, e as doenças
transfronteiriças, considerando que as informações levantadas sirvam de orientação para
implementar ações de prevenção a fim de melhorar as perspectivas mercadológicas internas e
externas ligadas a suinocultura.

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