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Capítulo 04 - A engrenagem.

doc

4 A ENGRENAGEM1

4.1 Evolvente como Perfil de Dentes de Engrenagem

Para que a evolvente seja usada como perfil de dentes de engrenagens, traça-se várias
curvas evolventes eqüidistantes sobre uma mesma circunferência de base.
Como um dente de engrenagem, geralmente, é simétrico, de início será considerado apenas
um lado do dente.
Na figura abaixo é mostrado o desenvolvimento das evolventes que formarão um dos lados
dos dentes. Imagina-se que sobre a circunferência de base está enrolado um cordão, com vários
nós igualmente espaçados.

Passo de base

Pb
Pb

Pb

O
rb

Figura 4.1 - Desenvolvimento dos dentes da engrenagem

Quando se desenrola o cordão cada nó descreve uma curva evolvente (Figura 4.1). A
distância entre essas evolventes, medida sobre qualquer linha tangente à circunferência de base
é sempre a mesma. Esta distância é igual ao comprimento do arco da circunferência de base
entre as origens de quaisquer duas evolventes sucessivas. Esta também é a distância entre os
nós do cordão. Esta distância é também igual ao comprimento da circunferência de base
dividida pelo número de dentes da engrenagem, e é chamada passo de base, pb.

1
Este texto está sendo montado para o Curso de Elementos de Máquinas II, Engenharia Mecânica, pelo professor
Acires Dias, a partir do texto estruturado pelo Professor Renan Brazzale. Tem por base a ementa do curso de
elementos de máquinas do EMC/UFSC. (versão 1 – Jan 2002)
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2πrb
pb = (4.1)
z
onde:
Z = número de dentes da engrenagem

O comprimento do arco entre dois perfis sucessivos homólogos na circunferência primitiva


é o passo primitivo ou simplesmente passo.

2πr
p= (4.2)
z

relação entre passo de base e passo primitivo

2πrb 2πr
pb = = cosα = p.cosα
z z

pb = p.cosα (4.3)

4.2 Condição de Funcionamento

Num par de engrenagens, os passos de base devem ser idênticos para que se obtenha
movimento contínuo e suave, pb1=pb2 , lembrando que os ângulos de pressão são iguais nas duas
engrenagens e utilizando (4.3), p1=p2

4.3 Módulo

Uma das relações importantes da engrenagem é seu módulo, que é a razão entre o diâmetro
primitivo e o número de dentes.

d
m= (4.4)
z

Logo p= mπ (4.2) e a condição de funcionamento contínuo e suave pode ser reescrita


como: m1=m2.
O módulo é empregado nos países que utilizam o sistema métrico e é dado em milímetros.
Nos países que obedecem a unidade polegada, define-se, em lugar do módulo, o passo diametral
(diametral pitch):

z
DP = (4.5)
d

Em milímetros, a correspondência entre os dois é:

25,4
m= (4.6)
DP
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4.4 Relação de Transmissão

A relação de transmissão do movimento circular, através de perfis conjugados é dada por:

ω1 r 2
i= = (4.7)
ω 2 r1

Para engrenagens de perfil evolvente:

rb 2
i= (4.8)
rb1

Considerando agora duas engrenagens com número z1 e z2 de dentes, tomando (3.3), tem-
se:

m.z1
r1 = (4.9)
2

m.z 2
r2 = (4.10)
2

substituindo (4.7) e (4.8) em (2.23), obtém-se:

z2
i= (4.11)
z1

Portanto o número de evolventes é inversamente proporcional às respectivas velocidades


angulares.

4.5 Dimensões Padronizadas da cremalheira peça

As normas prevêem um certo número de dimensões padronizadas para engrenagens, com a


finalidade de reduzir a diversificação e permitir que as engrenagens sejam intercambiáveis.
A série de módulos é padronizada pelas normas ISO R54, DIN 780 e ABNT P-PB-90.
Os ângulos de pressão padronizados (ISO R53) são 20º , 14,5º e 25º , no entanto os dois
últimos são só usados em casos especiais.
A cremalheira padrão, peça do sistema módulo, é definida pelas normas ISO R53 e ABNT
P-PB-89. Padroniza-se com Módulo Unitário.
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Figura 4.1 - Dimensões padronizadas

Numa engrenagem real o dente é limitado acima da circunferência primitiva pela


circunferência de cabeça ou de adendo e abaixo da circunferência primitiva pela circunferência
de pé ou de dedendo.
Para construção de engrenagens intercambiáveis são normalizados:

• Altura de cabeça ou adendo: ha = m ; hac = (1+c) (4.12)


• Altura do pé ou dedendo : hf = m(1+c) (4.13)
• Diâmetro de adendo: da = d+2m (4.14)
• Diâmetro de dedendo: df = d-2m(1+c) (4.15)

Onde c = fator de folga de fundo, cpadrão = 0,25 podendo ser utilizado c = 0,167.
Além destes valores são utilizados para a altura de adendo:

• As cremalheiras de adendo curto ha < m até 0,75m


• As cremalheiras de adendo longo ha > m até 1,25m

O raio de arredondamento de fundo não deve exceder um valor máximo para um fator de
folga de dado. Exemplo: ρf = 0,4m quando c = 0,25

4.6 Espessura do Dente

O cálculo da espessura do dente tem aplicação particular no controle de qualidade.

Definição:

Linha de referência – é a linha que seciona a cremalheira em um certo nível da altura do


dente tal que, sobre esta linha, a relação da espessura do dente para o passo tenha um valor
normalizado. Nestas notas é utilizada a linha de referência que divide o passo da cremalheira ao
meio, isto é, a espessura do dente e o vão entre dentes sobre a linha de referência são iguais
(figura 4.2).
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rp

r
φp
rb
θp φ

θ φb

Figura 4.1 – Espessuras do dente

A espessura do dente sobre a circunferência primitiva é:

p
s= (4.16)
2

O ângulo entre o flanco e a linha de simetria do dente nesta circunferência é:

s
φ= (4.17)
s 2r

r φ

Sobre a circunferência de base o ângulo entre o flanco e a linha


de simetria do dente é:

φb = φ + θ (4.18)

φb = φ + evα (4.19)

Sobre uma circunferência de raio qualquer o ângulo entre o flanco e o centro do dente é:

φp = φ + θ - θp (4.20)
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φp = φ + evα - evαp (4.21)

A espessura de base é dada por:

sb = 2φb.rb (4.22)

s  s 
sb = d b  + evα  = rb  + 2evα  (4.23)
d  r 

A espessura do dente sobre uma circunferência qualquer é:

sp = 2.φp.rp (4.24)

s 
sp = dp. + evα − evαp  (4.25)
d 

s 
sp = rp. + 2.evα − 2.evαp  (4.26)
r 
onde:
rb
αp = arccos (4.27)
rp
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Tarefa 04 – Exercícios

1- Dado um par de engrenagens com Z1=21 dentes e Z2=43 dentes, módulo 5mm,
ângulo de pressão α=20° e rotação n=480rpm. Determinar:
a) A relação de transmissão.
b) Os diâmetros primitivos.
c) Os diâmetros de adendo ou de cabeça.
d) Os diâmetros de dedendo ou de fundo.
e) Os diâmetros de base.
f) As velocidades tangenciais v1 e v2 dos dentes do pinhão e coroa na cabeça do dente
(início de contato) no diâmetro de base (final de contato) e no diâmetro primitivo.

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