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Dermatologia Veterinária em Animais de Companhia:

(I) A pele e seus aspetos relevantes na prática clínica

E-book: Série de Dermatologia Veterinária

Renato Pinho
DVM. 3840 Lombomeão – Vagos (Aveiro), Portugal
Email: renatompinho@gmail.com
Phone: 917927155

Marcos Fernández Monzón


DVM; ESAVS (Veterinary Dermatology) certified. Clinica Veterinária de Beade.
Ctra. Coutada, 4 Bajo - Beade - 36312 Vigo (Pontevedra), España

João Simões
DVM; PhD. Departamento de Ciências Veterinárias, ECAV. Universidade de Trás-
os-Montes e Alto Douro. 5000-811 Vila Real, Portugal

- 2013 -

Veterinaria.com.pt 2013; Vol. 5 Nº 1-2: e2


(publicado em 27 de março de 2013)

Disponível em: http://veterinaria.com.pt/media//DIR_27001/VCP5-1-2-e2.pdf


Índice

Introdução, 1

I- Anatomia e funções da pele, 2


1.1- Funções da pele, 2
1.2- Revisão histológica da pele, 2
1.2.1- Epiderme, 3
1.2.2- Derme, 4
1.2.3- Hipoderme, 5
1.2.4- Folículos pilosos, 5
1.2.5- Glândulas cutâneas, 6

II- Considerações prévias ao diagnóstico em dermatologia veterinária, 7


2.1- Identificação animal e anamnese, 7
2.1.1- Identificação animal, 7
2.1.2- Anamnese ou história pregressa, 8
2.2- Exame físico, 9
2.3- Exame dermatológico, 10
2.4.1- Exame semiótico, 10
2.4.2- Exames complementares, 12

Referências bibliográficas, 23

Índice de tabelas

Tabela 1- Predisposição racial de algumas patologias de origem cutânea, 7


Tabela 2- Relação da idade com o tipo de afeções dermatológicas.10,11,13, 8
Tabela 3- Questionário da anamnese.5,12,15, 9
Tabela 4- Manifestações cutâneas de algumas doenças específicas.20, 9
Tabela 5- Lesões primárias e secundárias observadas ao exame clínico.1,8,12,16,20, 10
Tabela 6- Características de identificação dos dermatófitos.10,11, 17
i
filo felino, doenças micóticas, reações
de hipersensibilidade, doenças bacteria-
nas, quadros seborreicos, neoplasias e
dermatoses autoimunes.
No presente livro eletrónico, primei-
Introdução ro de uma série de três, encontram-se
descritas as principais caraterísticas da
O diagnóstico e tratamento das alte- pele sob o ponto de vista anatómico e
rações cutâneas têm representado uma funcional, cuja perceção é fundamental
grande componente da prática clínica em para a compreensão destas patologias.
pequenos animais, sendo uma das causas Na segunda parte, procurámos evidenci-
mais frequentes de visitas ao consultório ar os aspetos mais importantes em que
veterinário. De facto, as consultas na se devem basear os diagnósticos efetua-
especialidade de dermatologia em pe- dos no dia-a-dia da atividade clínica em
quenos animais representam entre 25 a dermatologia veterinária.
30% do total de consultas veterinárias,
merecendo, cada vez mais, maior desta-
que na prática clinica diária. Esta área da
medicina veterinária é objeto de estudos
constantes devido, não somente à sua
elevada incidência, mas também à rela-
ção de proximidade crescente entre a
medicina de animais e a de humanos,
principalmente em doenças de foro alér-
gico.1-3
As afeções dermatológicas apresen-
tam uma maior expressão no cão em
comparação com gato. Segundo Scott et
al. (2002) 1, no cão são mais frequente-
mente diagnosticada a dermatite alérgica
à picada da pulga (DAPP), neoplasias,
piodermatite bacteriana, seborreia, ato-
pia, dermatose imunomediada, dermato-
se de origem endócrina e dermatose pa-
rasitária. Relativamente ao gato, este
autor referre que são mais frequentes
encontradas as dermatoses de origem
parasitária, complexo granuloma eosinó-

1
meio interno e externo, impedindo a
perda de água, eletrólitos e macromolé-
culas; (2) permitir forma e movimenta-
ção através da elasticidade e flexibilida-
de da pele; (3) contribuir para a termor-
I- Anatomia e funções da pele regulação do animal, mediada pela pela-
gem, pelo aporte sanguíneo cutâneo e
pelas glândulas sudoríparas; (4) permitir
A pele é o órgão mais extenso e vi- a perceção sensorial do tato, pressão,
sível do organismo, constituindo uma dor, temperatura, e prurido; permitir a
barreira anatómica e fisiológica entre o secreção glandular sudorípara e sebácea;
próprio animal e o meio envolvente, (5) permitir a formação de estruturas
representando 24% em média do peso anexas tais como o pelo e unhas; (6)
corporal em cachorros e 12 a 15% em permitir o armazenamento de água, vi-
adultos. É imprescindível para a sobre- taminas, lípidos, hidrato de carbono,
vivência, oferecendo proteção contra proteínas e outros materiais; ação anti-
perigos físicos, químicos e microbioló- microbiana e antimicótica; (7) formação
gicos, e os seus componentes sensoriais de melanina, vascularização e queratini-
deixam perceber o calor, o frio, a dor, o zação; (8) síntese de vitamina D; (9)
prurido, o tato e a pressão. A descrição funcionar ativamente como parte inte-
anatómica e histológica das diversas grante do sistema imunitário do orga-
estruturas cutâneas, permite compreen- nismo; (10) e ainda pode servir como
der melhor todas as suas funções. Por indicadora de alguma patologia interna
outro lado, a pele é um espelho que re- e/ou estado de saúde animal.
flete o estado de saúde do organismo e o
bom funcionamento deste.1-8
A constituição pele pode variar en- 1.2- Revisão histológica da pele
tre espécies, raças e indivíduos relativa- A pele encontra-se constituída por
mente à espessura da epiderme e derme, três camadas: epiderme; derme e hipo-
assim como da localização folículos derme. A epiderme tem origem ecto-
pilosos e glândulas anexas. Pode ainda dérmica e é a mais externa e delgada, a
variar entre as distintas regiões do corpo derme tem origem mesodérmica e a hi-
e de acordo com o sexo ou a idade.1,2 poderme serve de suporte aos estratos
superiores. À pele, pertencem ainda es-
truturas anexas como as glândulas, pelos
1.1- Funções da pele e unhas.1,4
A pele exerce numerosas funções.
Pode atribuir-se-lhe 1-3 (1) o funciona-
mento como barreira protetora entre o

2
1.2.1- Epiderme nas uniões desmossómicas o que
dá lugar à visualização de pontes
A epiderme é a parte mais externa
intracelulares ou projeções espi-
da pele e está constituída por um epitélio
nhosas que dão o nome a este es-
estratificado sendo mais espessa nas
trato;
almofadas plantares e no plano nasal. A
3) Estrato granuloso: possui 1 a 2
sua renovação é contínua e não apresen-
células de espessura na pele cober-
ta vasos sanguíneos nem linfáticos sendo
ta por pelo, 2 a 4 em folículos pi-
a sua nutrição realizada através da vas-
losos e 8 em almofadas plantares.
culatura da derme.
É composto por queratinócitos nu-
Existem quatro tipos de células dife- cleados aplanados que se distin-
rentes dentro da epiderme: queratinóci- guem pela presença de grânulos de
tos cerca de 85%, melanócitos aproxi- querato-hialina fortemente basófi-
madamente 5%, células de Langerhans los no citoplasma. A função dos
de 3 a 8% e de Merkel cerca de 2%.1 grânulos não é completamente co-
A epiderme pode ser dividida nhecida mas pensa-se que inter-
1,2,4 vêm na queratinização;
em:
4) Estrato lúcido: constituído por
1) Estrato basal: é o estrato mais
células planas sem núcleo, que
profundo da epiderme e encontra-
formam uma camada fina e com-
se unido intimamente à derme e é
pacta totalmente queratinizada, em
constituído por uma única camada
que os grânulos de queratohialina
de células cuboides, que se encon-
são substituídos por eleidina. Este
tram perpendiculares à membrana
estrato apenas se encontra presente
basal sobre a qual assentam. Este é
em zonas sem pelo, como por
um estrato com elevada capacida-
exemplo, no plano nasal e almofa-
de mitótica, o que lhe proporciona
das plantares;
uma grande capacidade de regene-
5) Estrato córneo: constituído por
ração;
várias camadas de queratinócitos
2) Estrato espinhoso: composto pela
sem núcleo (corneócitos). É res-
células filhas do estrato basal e
ponsável por constituir a barreira
tem de 1 a 2 células na pele cober-
que controla a passagem e elimi-
ta de pelo, sendo que nas almofa-
nação de substâncias da superfície
das plantares e no plano nasal po-
cutânea, assim como dá uma base
de chegar a ter mais de 19 células
estrutural à célula e resistência à
de espessura. As células têm forma
invasão de microrganismos. Este é
cuboide a aplanada. Por efeito da
um estrato em constante descama-
fixação, estas células sofrem uma
ção.
contração citoplasmáticas exceto

3
Nas restantes células da epiderme os como está envolvida no crescimento,
melanócitos são responsáveis pela pig- proliferação, aderência, migração, dife-
mentação.7 De referir ainda que as célu- renciação celular e modulação na cica-
las de Langerhans estão associadas a trização de feridas.1,2,6
apresentação dos antigénios e as células A camada papilar ou derme su-
de Merkel têm mecanorreceptores de perficial localiza-se entre as cristas epi-
pressão.2 dérmicas e é composta por um tecido
A Epiderme está separada da derme conjuntivo laxo com abundantes células,
por uma membrana basal, a qual cons- fibras colágenas e elásticas finas. As
titui a união dermoepidérmica. Estas são fibras de elastina representam cerca de
estruturas dinâmicas que sofrem remo- 4% das fibras dérmicas, formando uma
delação constante, e mantém a epiderme rede ao redor das unidades pilossebáceas
funcional e proliferativa, assim como e são responsáveis pela elasticidade da
mantém a arquitetura, participam na pele. A camada reticular ou derme pro-
cicatrização de feridas, funcionam como funda, é um tecido conjuntivo denso. As
barreira, e regulam o transporte de nutri- fibras reticulares são formadas por um
entes. Existem vários tipos de patologias conjunto de finas fibras de colagénio
cutâneas significativas que a afetam co- (tipo I e III) e fibronectina. A matriz
mo, o lúpus eritematoso e penfigoide intercelular dérmica é composta por pro-
ampolar.4 teoglicanos (ácido hialurónico, con-
droitinsulfatos, glicosaminoglicanos e
mucopolissacáridos), glicoproteínas e
1.2.2- Derme
uma grande quantidade de água que é
A derme é a estrutura mais impor- retida devido a estas macromoleculas. É
tante da pele. Suporta na parte mais su- um gel mucoso amorfo produzido pelos
perficial a epiderme, e em profundidade fibroblastos que realiza uma função im-
as glândulas e folículos pilosos. É com- portante de barreira entre a epiderme e o
posta por uma rede densa de fibras, célu- tecido subcutâneo, frente aos microrga-
las, moléculas matriciais, vasos sanguí- nismos e as proteínas de elevado peso
neos e linfáticos, nevos e músculos. As molecular.4,6,7
fibras de colagénio são produzidas a
O fluxo sanguíneo conta com os
partir dos fibroblastos e em 90% são
plexos profundo, médio e superficial que
constituídas por fibras de tipo I e III,
são de grande importância na termorre-
proteínas poliméricas muito resistentes à
gulação.1,6
tração. O colagénio é denso na derme
profunda e laxo abaixo da epiderme. É
responsável pela resistência à tração
causada pelo movimento e elasticidade
da pele mantendo a sua forma, assim

4
1.2.3- Hipoderme musculo eretor do pelo. Os pelos inter-
médios têm uma direção contrária e con-
A hipoderme encontra-se entre a
tribuem para o isolamento térmico. Ca-
derme e o músculo/tecido ósseo subja-
raterizam-se por uma protuberância sub-
cente.7
apical na ponta do pelo. Estes tipos de
É constituída por tecido conjuntivo
pelo não se observam em raças de pelo
laxo e também por tecido adiposo que
cerdoso como o Yorkshire terrier. Os
forma um pequeno aglomerado de célu-
pelos secundários formam o manto ma-
las adiposas ou até mesmo uma larga
cio e são os que têm menor diâmetro, e
massa formando uma espécie de amorte-
ocasionalmente podem ter glândulas
cedor, chamado de panículo adiposo.1,4
sebáceas simples, mas carecem de gan-
dulas sudoríparas apócrinas e músculo
1.2.4- Folículos pilosos
piloeretores. O talo piloso é constituído
Os folículos pilosos são invagina- por uma coluna reta de células cornifi-
ções epidérmicas na derme. Produzem e cadas, aderentes, impermeáveis e estrati-
sustêm a porção intra-dérmica do talo ficadas, numa cutícula externa, um cór-
piloso. Estão divididos em três zonas: tex e uma medula na zona média.1,6
infundíbulo (desde a superfície da epi-
O crescimento do folículo piloso
derme até ao ponto onde desembocam as
passa por diferentes fases (ciclo do folí-
glândulas sebáceas), istmo (desde as
culo piloso):1,2,6,7
glândulas sebáceas até à inserção do
musculo eretor do pelo), e bulbo (desde (1) A fase anagénese, de crescimento.
a inserção do musculo eretor do pelo até Nesta fase as células da matriz
à papila dérmica).2,7 multiplicam-se ativamente, a papi-
la dérmica é evidente e os melanó-
Nos carnívoros domésticos adultos,
citos ativos proporcionam mela-
cada pelo tem o seu próprio bulbo e is-
nossomas as células da raiz que
tmo, mas partilham o mesmo infundíbu-
aparecem pigmentadas (nos pelos
lo (12 a 15 pelos em cada infundíbulo).
pigmentados);
Nos agregados pilosos geralmente há um
(2) Durante a fase catagénese, ou in-
pelo primário largo, rodeado de quatro
termédia a papila dérmica desapa-
pelos intermédios e uns 15 a 20 pelos
rece e as células da matriz e me-
secundários.6
lanóticos suspendem as suas fun-
Os pelos primários são os de maior ções. Todas as células das raízes
diâmetro, são rígidos e cobrem toda a pilosas estão queratinizadas e
superfície cutânea e definem a cor da apigmentadas;
pelagem. Os folículos pilosos são mais (3) Durante a fase telogénese ou de
largos, alcançam a derme profunda, pos- descanso, devido à retração do fo-
suem glândulas sebáceas, apócrinas e lículo piloso e há reabsorção de

5
grandes quantidades de bainha epi- pele); As glândulas sudoríparas atríquias
telial externa, os folículos apare- são semelhantes na forma às glândulas
cem mais curtos e os pelos podem apócrinas, sendo a maior diferença a
cair facilmente, recomeçando de- destacar o local de drenagem que se faz
pois um novo ciclo. diretamente na superfície das almofadas
plantares. Estão situadas próximas dos
vasos sanguíneos e são sensíveis à adre-
1.2.5- Glândulas cutâneas
nalina e noradrenalina no sangue circu-
As glândulas sebáceas são glândulas lante. Quando o animal tem medo, pode
holócrinas alveolares simples, em gru- ver-se facilmente o suor nas almofadas
pos de 2 a 3 que sempre estão associadas plantares; As glândulas sudoríparas es-
a um grupo de pelos. Os seus condutos pecializadas, são as glândulas mamárias,
de excreção terminam no istmo folicular. as glândulas ceruminosas, e as glândulas
Estas são particularmente grandes nas que terminam nos sacos anais. Não exis-
zonas de união mucocutâneas, sendo tem glândulas sudoríparas no plano na-
maiores nas zonas de pelos mais curtos e sal.1,6
desaparecendo nas zonas sem pelos. O
sebo é o produto resultante da destruição
celular no interior da glândula, em con-
junto com o suor, formando-se uma
emulsão lipídica protetora sobre a super-
fície da pele. Estas glândulas são gran-
des e abundantes nos lábios e queixo,
onde têm a função a marcação territorial;
As glândulas sebáceas especializadas,
são as glândulas perineais sensíveis as
hormonas sexuais.2
As glândulas sudoríparas epitríquias
distribuem-se por toda a superfície pilo-
sa do corpo e os seus canais de drena-
gem terminam em cima das glândulas
sebáceas, no istmo folicular. Estas glân-
dulas apócrinas são glândulas tubulares
simples, com um conduto de drenagem
reto e uma porção secretora rodeada por
células mioepiteliais. Produzem uma
secreção aquosa que forma uma emulsão
com o sebo e que se distribui pela super-
fície da pele (pelicula hidrolipídica da

6
depressa nos levará à satisfação do clien-
te, assim como à nossa própria, será se-
guir um método sistemático em qualquer
que seja a situação, e assim teremos
mais hipótese de alcançar o sucesso.11-
13,15
II- Considerações prévias ao
diagnóstico em dermatologia
veterinária 2.1- Identificação animal e anamnese
2.1.1- Identificação animal
Um exame clínico começa com a
As afeções cutâneas são, por norma, identificação animal (espécie, raça, ida-
um motivo de preocupação para o médi- de, sexo, cor da pelagem, peso). Dentro
co veterinário dedicado à clinica dos de uma mesma espécie animal, que pode
animais de companhia. Além disso, e apresentar doenças específicas dessa
uma vez que os transtornos dermatológi- espécie, existe predisposição de algumas
cos são mais facilmente percetíveis, são raças para determinadas patologias cutâ-
um motivo de preocupação imediata neas, conforme descritas na tabela 1.
para os proprietários.5,9
Numa primeira visita é importante Tabela 1- Predisposição racial de algumas
estabelecer entre o proprietário e o mé- patologias de origem cutânea.
dico veterinário uma boa relação, visto Patologia de origem
Raça
que a confiança e a credibilidade do cutânea

proprietário poderá influenciar o percur- Bulldog francês


so para o diagnóstico definitivo.10-12 Sharpei

A sintomatologia do animal associ- Atopia Pastor alemão

ada as lesões cutâneas, por si só, na mai- West Highland


white terrier
oria das vezes não é suficiente para ela-
Yorkshire terrier
borar um diagnóstico definitivo.13-17
DAPP Pastor alemão
Devemos recordar que os diferentes
Pastor alemão
métodos de diagnóstico se complemen-
tam entre si. É necessário utilizar, em Boxer

cada caso, o método de diagnóstico mais Piodermatite/foliculite Yorkshire terrier


e furunculose
específico, assim como começar pelo Chihuahua
método menos agressivo para o paciente Pincher
e assim sucessivamente até chegar ao (Pinho et al., 2013, dados não publicados)
diagnóstico final. Uma conduta que mais

7
Do mesmo modo, algumas das pato- principal do proprietário e assim poder-
logias e diagnósticos dermatológicos se obter confiança, e consequentemente
relacionam-se com a idade do animal iniciar uma boa relação entre o proprie-
(tabela 2). tário e o veterinário.
Tabela 2- Relação da idade com o tipo de Também a origem geográfica do
afeções dermatológicas.10,11,13 animal pode influenciar a identificação
Idade Patologias Cutâneas dos diagnósticos diferenciais a ter em
Alopecia padrão, Demodico- consideração devido às características
Do nascimento se, Dermatofitose, Celulite epidemiológicas das doenças e prevalên-
aos 6 meses juvenil, Impetigo, Enanismo
cia e/ou incidência de determinadas do-
pituitário, Astenia cutânea
enças em cada momento.5,13,17
Atopia, Seborreia Idiopática
Primaria, Alopecia por dilui-
1 a 3 anos
ção de cor, Defeitos de que-
ratinização,
2.1.2- Anamnese ou história pregressa
Síndrome de Cushing, Tu- Na história clínica é fundamental
Mais de 6 anos
mor testicular que o médico veterinário use um método
Cão geriátrico
Neoplasia, Alopecia, Úlcera sistemático e detalhado para que ne-
por decúbito nhum dado importante seja esquecido.11
Através do proprietário deve obter-
O sexo do animal, e o facto de ser se informações sobre o início da patolo-
castrado ou inteiro, poderá ter influência gia cutânea, a sua sazonalidade, evolu-
na incidência de algumas patologias, ção, existência de outros animais, se
como o hiperestrogenismo. habita no interior ou exterior da habita-
ção, existência de outras patologias, do
A cor da pelagem pode ser respon-
tipo de dieta e ainda tudo o que o propri-
sável por algumas dos problemas cutâ-
etário possa achar relevante.15
neos. De destacar, nestes casos, a derma-
tite solar e o carcinoma de células esca- A anamnese deverá ser realizada o
mosas. mais completa e exaustiva possível, e ao
longo do percurso da consulta deverá ser
O Peso ou a sua variação pode indi-
direcionada ao foco do problema, ou
car a presenta de algumas patologias
mais propriamente, ao problema em
e/ou predispor outras. Temos o exemplo
questão.
da obesidade no intertrigo.
Na anamnese, o questionário (tabela
O motivo da consulta, por geral que
3) efetuado pelo Médico Veterinário
pareça, pode trazer dados importantes
deve ser objetivo e claro, de modo a
para estabelecer diagnósticos diferenci-
recolher o máximo de informação possí-
ais. Um dos aspetos mais relevantes
vel de modo a orientar o exame físico,
consiste em explorar a preocupação
diagnóstico, tratamento e prevenção.

8
Tabela 3- Questionário da anamnese.5,12,15 Um exame físico correto inicia-se
- Qual o historial clínico do paciente? com uma inspeção geral do animal
- Que tipo de habitat tem o paciente? (exame do estado geral). É aconselhável
- Se existem coabitantes? E se estes estão que aquando da exploração o clínico vá
afetados? descrevendo o que observa para transmi-
- Quando foi a última vez que lhe encontrou tir confiança ao proprietário.5 Todos os
pulgas? E qual o programa profilático que
efetua? sinais de alterações sistémicas devem ser
- Qual é o tipo de dieta? E se existiram altera- registados mesmo que não pareçam re-
ções recentes? levantes, porque mesmo que essas alte-
- Se existiram alterações do apetite ou da rações não tenham causado o problema
ingestão voluntária de água?
cutâneo poderão interferir quer no diag-
- Que tipo de higiene realiza? E com que fre-
quência? nóstico, quer no tratamento.13,18,19 Na
- Se realiza algum tipo de medicação? E qual
tabela 4 apresentamos algumas altera-
a dosagem? ções dermatológicas originadas por do-
- Quando surgiu o primeiro problema cutâ- enças específicas.
neo? E com que idade?
- Se apresenta sazonalidade? Quando?
Tabela 4- Manifestações cutâneas de algumas
- Em que zona corporal se iniciou o proble- doenças específicas.20
ma? Se é generalizado ou localizado?
Doenças específicas Manifestações cu-
- Se apresenta prurido? E onde o manifesta tâneas
com maior intensidade?
Diabetes mellitus Atrofia, piodermatite,
- Como descreve as lesões iniciais? Qual a
dermatite por Malas-
sua simetria?
sezia spp.
- Qual a progressão corporal? E a rapidez
Enanismo pituitário Alopécia, escamas,
com que progrediu?
hiperpigmentação
- Se está vacinado e desparasitado?
Erupção medicamen- Eritema multiforme,
tosa papular erupção que imita o
Pênfigo
2.3- Exame físico FeLV, FIV Piodermatite, Sarna
Sarcótica ou Demo-
Uma das partes mais difíceis na décica
consulta dermatológica é a realização do Hiperadrenocorticismo Atrofia, alopécia
exame físico, porque uma vez observa- Hipotiroidismo Alopecia, piodermati-
te, mixoedema
das as possibilidades sugeridas pela
Leishmaniose Crostas, úlceras,
identificação animal/história/anamnese o
eritema
primeiro instinto do médico veterinário
Mastocitoma Eritema, nódulos
será começar a examinar a pele. Essa
Micose Dermatite esfoliativa,
(intenção de) ação deverá ser controlada, despigmentação
e o exame físico completo deverá ser Tumor das células de Alopécia, feminiza-
realizado.5,13 Sertoli ção, hiperpigmenta-
ção

9
2.4- Exame dermatológico mente uma vez que existe uma grande
dificuldade em interpretar lesões antigas,
2.4.1 Exame semiótico
alteradas muitas vezes por um auto–
O exame dermatológico deverá ser traumatismo ou infeções.
realizado com o animal em estação, no
Uma vez que as lesões evoluem com o
sentido da cabeça para a cauda, passan-
tempo, deve diferenciar-se lesões primá-
do no dorso e flancos. Posteriormente
rias de secundárias, sendo que as primá-
com o animal em decúbito dorsal deve
rias evoluem espontaneamente como
ser examinada toda a zona ventral, inclu-
consequência direta de uma patologia
indo os membros até à sua extremidade.
subjacente, e as secundárias evoluem a
Ao examinar a pele deve avaliar-se partir das primárias ou podem ser provo-
a sua elasticidade, textura, extensibilida- cadas pelo próprio animal, quando são
de, espessura, consistência, cor e tempe- dolorosas ou pruriginosas, ou ainda po-
ratura da mesma, comparando sempre dem ser resultado de algum fator externo
com zonas adjacentes. A pele normal é como medicamentos.8,12,16,20
flexível, suave e elástica, deslizando
Na tabela 5 descrevem-se as lesões
com facilidade sobre os tecidos profun-
primárias e secundárias.
dos.
As lesões mais recentes são as que
devem ser examinadas mais exaustiva-

Tabela 5- Lesões primárias e secundárias observadas ao exame clínico. 1,8,12,16,20

Tipo Descrição

Lesão circunscrita, plana, que pode ter até um centímetro de


diâmetro e por isso não é percetível por palpação. Caracteri-
za-se por uma alteração da coloração da pele que pode deri-
Mácula
var de vários processos: pigmentação melânica (lentigo),
despigmentação (vitiligo), vasodilatação (eritema) ou hemor-
Lesões primárias

ragia local (púrpura).

Lesão circunscrita, de pequeno tamanho, que reflete uma


compressão na epiderme e derme superficial. Pode ter origem
edematosa ou ser causada por um infiltrado, geralmente in-
Pápula
flamatório, envolvendo ou não o folículo piloso. Este tipo de
lesão está presente em alergias alimentares e foliculites. A
fusão de várias pápulas dá origem a placas.
É uma elevação sólida mais ou menos circunscrita com mais
de 1 cm de diâmetro, que resulta de uma infiltração de células
Nódulo
inflamatórias ou neoplásicas que se estende a camadas mais
profundas da pele.

10
Corresponde a uma elevação circunscrita na epiderme repleta
de fluido. Este tipo de lesão rapidamente altera o seu aspeto
Vesícula devido à infiltração de células polimorfonucleares dando lugar
a erosões e crostas. Quando apresentam tamanho superior a
um centímetro denominam-se por bolhas.

É uma elevação menor que 1 cm e circunscrita na epiderme,


repleta de pús. Denominam-se por foliculares quando envol-
Lesões primárias

vem um pelo (foliculite) e intradérmicas quando aparecem


Pústula
independentes dos folículos pilosos (impetigo). Quando adqui-
rem um tamanho maior e com envolvimento de camadas mais
profundas, denominam-se por abcessos.
É uma cavidade limitada por tecido conjuntivo com um conte-
Quisto údo fluído ou sólido. À palpação, pode apresentar uma consis-
tência mole ou sólida

É uma área circunscrita de epitélio com uma área central de


Colarete epidérmi-
hiperpigmentação com forma circular, formada a partir de uma
co
vesícula, bolha ou pústula, típica em piodermatites.

É uma lesão apenas confinada à epiderme não atingindo a


membrana basal. Assim, ocorre regeneração dos estratos sem
Erosão
que se forme uma cicatriz. Estas são bastante frequentes em
autotraumatismos.
Lesões secundárias

É uma lesão mais profunda que a erosão em que a derme


Úlcera também é afetada, formando-se uma cicatriz para que a pele
se encerre.

É uma solução de continuidade linear na epiderme, e quando


Escoriação atinge a derme denomina-se fissura. Aparecem principalmente
nas uniões mucocutâneas e comissuras labiais.

É um engrossamento e endurecimento da pele com aumento


Liquenificação acentuado das suas pregas. Normalmente a pele está hiper-
pigmentada por inflamação crónica.

É uma liquenificação própria do plano nasal ou almofada plan-


Hiperqueratose
tar.

São aquelas passíveis de se encontrar quer em processos


Lesões mistas
primários quer em processos secundários.

São fragmentos soltos e secos de cor branco-amarelada que


se desprendem do estrato córneo da pele. Refletem transtor-
Descamação nos na queratinização e podem ser primários em casos de
seborreia primária ou secundários em inflamações cróni-
cas.1,8,12,16,20

11
É uma massa sólida que resulta da adesão de exsudado,
transudado, pús, sangue e detritos celulares à superfície cutâ-
Crosta
nea. Podem ser primárias como no caso das dermatoses
sensíveis ao zinco, ou secundárias em piodermatites.

É como que um ponto negro, em que o folículo piloso se en-


contra dilatado, cheio de queratinócitos, sebo e microrganis-
Comedo
mos. É uma lesão primária em casos de acne e secundária
em algumas endocrinopatias e parasitoses (demodicose).

Resulta do aumento da quantidade de melanina, a nível da


epiderme profunda e derme superficial. Normalmente, está
Hiperpigmentação
presente em processos inflamatórios, neoplásicos, traumáticos
e endócrinos.

Significa a perda de pelo podendo ser local ou generalizada.


Alopécia Pode apresentar-se como primária (alopecia padrão), mas é
na grande maioria uma lesão secundária a autotraumatismo.

A divisão entre lesões primárias e sua realização em termos de respostas


secundárias é por vezes arbitrária, po- obtidas e tempo despendido. No entanto,
dendo uma lesão com o decorrer do existem provas diagnósticas de baixo
tempo, modificar-se e transformar-se em custo que podem ser realizadas no de-
lesão secundária.8 correr da prática clinica em dermatolo-
Existem alguns padrões e configu- gia veterinária, que nos podem dar in-
rações em determinadas patologias cutâ- formações muito relevantes ou mesmo o
neas que tendem a ser recorrentes, e por diagnóstico definitivo (raspagens e cito-
isso podem direcionar o médico veteri- logias, entre outras). Se estas não forem
nário para os diagnósticos mais prová- suficientes existem outras provas mais
veis assim como os exames complemen- complexas que poderemos realizar.17,19
tares a efetuar para chegar ao diagnósti- Há que realçar a interação entre o
co definitivo.16 proprietário e o médico veterinário nesta
fase é de muita importância, porque é
nesta fase que o proprietário toma as
2.4.2- Exames complementares
decisões, ou seja, o caminho a seguir,
Por vezes a dificuldade diagnóstica sendo que por norma as tomará com
reside em determinar qual o exame base nas informações transmitidas e
complementar a realizar em primeiro aconselhadas pelo médico veterinário, e
lugar, e ter consciência se compensará a deverá ser esclarecido quanto aos exa-

12
mes a realizar, quais os custos e quais os O exame deve ser realizado num lu-
resultados esperados.11,17 gar que impeça a entrada de luz, de for-
ma completa por todo o corpo do ani-
Dos exames complementares como
mal, cuidadosa e por um período de
provas simples ou de índole laboratorial,
tempo não inferior a três minutos.
destacamos:
Um resultado positivo com a lâm-
pada de Wood deve ser confirmado por
a) Técnicas de ampliação simples 11,14 uma cultura da amostra onde se obser-
Lentes de aumento – permite uma vou fluorescência positiva.
observação direta da pele e do pelo. As
lentes podem ter um poder de ampliação c) Prova da escovagem do pelo e da
de 4 a 6 vezes, permitindo um melhor e pele 11,14,15,19
mais correto exame da pele e termos de O animal deve ser colocado sobre
aspeto, textura e lesões primárias como uma superfície coberta por um papel
também aumenta a possibilidade de de- branco. O pelo é escovado com uma
tetar parasitas de superfície como pulgas escova de dentes ou com um pente fino.
e sua fezes e também piolhos. A amostra, resultado da escovagem, é
Otoscópio – método de diagnóstico colocada numa placa de Petri ou entre
imprescindível perante qualquer sintoma uma lâmina e lamela, para poder ser
de otite externa, como prurido, eritema e feita a sua observação mediante uma
exsudado. lente de aumento ou ao microscópio.
Um cuidadoso exame do conduto A lente permite o diagnostico de
auditivo permite também identificar áca- parasitas macroscópicos e o microscópio
ros, corpos estranhos e massas. É de a identificação de parasitas como Chey-
salientar que algumas das afeções cutâ- letiella spp.. Se a amostra é suspeita de
neas como as alergias, têm muitas vezes ter fezes de pulga deve ser impregnada
adjacentes as otites. nesta um algodão humedecido.
A presença de partículas fecais de
14,19 pulga carateriza-se por uma coloração
b) Lâmpada de Wood
avermelhada característica, resultantes
Útil muitas vezes na deteção de
dos pigmentos hemáticos.
dermatofitoses por Miocrosporum canis.
A presença no pelo de esporos de M.
canis, produz em 40% a 80% dos casos d) Raspagens cutâneas 1,11,14,15,17,21,22
uma fluorescência amarela-esverdeada
Um dos exames de diagnóstico mais
por existência de metabolitos do tripto-
utilizados em dermatologia veterinária
fano produzidos pelo fungo.
13
são as raspagens cutâneas uma vez que é prova é quase 100%, sendo quase
um teste simples e rápido de realizar, e impossível que um animal que
que poderá dar informações muito rele- tenha raspagens positivas não te-
vantes. Está indicado sempre que na lista nha sarna sarcóptica. Nas raspa-
de diagnósticos diferencias se inclua gens positivas podem-se visuali-
alguma ectoparasitose e em geral são zar os adultos, ovos ou larvas. As
técnicas altamente específicas mas pou- raspagens negativas não excluem
co sensíveis, sendo que a sua observação a afeção e ocorre em cerca de
quase sempre é diagnóstico da patologia, 50% dos animais afetados por
mas a sua não observação não a exclui. sarna sarcóptica;
Para a realização de uma raspagem  Demodex spp.: neste caso o obje-
tivo é alcançar a derme e portan-
de pele é necessário uma lâmina de bis-
to devem realizar-se raspagens
turi, óleo mineral ou vaselina, e uma
profundas, até que ocorra hemor-
lâmina. Depois de se proceder à tricoto-
ragia capilar. Antes de iniciar a
mia do local, coloca-se uma gota de óleo
raspagem a pele deve ser com-
mineral na lâmina de bisturi de modo a
primida (prega pele) nos locais
facilitar a adesão do material a recolher
de lesões recentes, para de cerca
por raspagem. A raspagem deve ser rea-
forma “espremer” os folículos pi-
lizada nos limites das diferentes lesões,
losos e fazer sair os ácaros. A
escolhendo sempre as mais recentes.
prova é muito sensível que é o
A técnica de raspagem deve ade- mesmo que dizer que uma raspa-
quar-se ao tipo de parasita que se suspei- gem negativa exclui a afeção, e
ta: se restam dúvidas poderão repe-
 Sarna sarcótica: os lugares de tir-se as raspagens. A exceção é a
eleição para realizar as raspagens raça Sharpei, em que as raspa-
são os bordos dos pavilhões auri- gens podem ser negativos e o
culares, cotovelos e tarsos. Sar- animal ter sarna demodécica. O
coptes scabiei reside dentro da diagnóstico é considerado positi-
derme superficial e é imprescin- vo quando se deteta na amostra
dível realizar 5 a 6 raspagens que recolhida numerosos Demodex
abranjam porções amplas de te- spp. adultos e distintas formas
gumento para elevar a baixa sen- imaturas (ovos, larvas e ninfas),
sibilidade da prova. Em cachor- e também quando o número de
ros obtêm-se boas raspagens e ácaros é escasso mas há sintoma-
com maior sensibilidade que nos tologia clinica associada;
adultos, na zona ventral. Em to-  Otodectes cynotis: com o auxílio
dos os casos a especificidade da de uma zaragatoa obtém-se ce-
14
rúmen dos ouvidos dos animais conídeas e microconídeas de dermatófi-
suspeitos e em seguida espalha- tos a partir das colónias.
se numa lâmina uniformemente.
A observação deve ser rápida
f) Tricograma 11,15,17,18
visto que o ácaro poderá ultra-
passar os bordos da lâmina rapi- É um exame que constitui um pro-
damente. Podem observar-se cedimento muito útil para avaliar o pelo
adultos e formas larvares sendo do animal em termos de morfologia,
mais raro a observação de ovos crescimento e cor como também a pre-
do parasita. A sensibilidade é sença de ovos de ectoparasitas ou a pre-
cerca de 70% e a especificidade é sença de dermatófitos. A amostra para
muito elevada rondando os realizar este exame deve ser colhida com
100%; uma pinça hemostática e pela raiz para
 Cheyletiella spp.: são parasitas não haver fratura da bainha pilosa no
de maiores dimensões e com a processo. Depois os pelos deveram ser
sua localização superficial (“cas- colocados numa lâmina com umas gotas
pa andante”), sendo o seu diag- de óleo mineral, para posterior observa-
nóstico determinado mediante ção ao microscópio. A existência de
exame microscópico de amostras pelos fragmentados ou com as extremi-
obtidas a partir de raspagens su- dades traumatizadas permite distinguir a
perficiais, de zonas onde se ob- auto-depilação da queda espontânea de
serva descamação. pelo, sendo por exemplo importante no
diagnóstico de alopecia extensiva felina
por lambedura exagerada.
e) Impressão com fita adesiva trans-
parente 11,15,17,19
g) Citologia 11,15,17,19
Este exame está indicado sempre
que se suspeite da presença de parasitas A citologia cutânea é um exame
superficiais no pelo. Esta técnica consis- complementar fácil de realizar e consti-
te em pressionar fita adesiva transparen- tui um dos testes com maior valor de
te sobre a superfície da pele e do pelo, diagnóstico em dermatologia veterinária
colocando-se posteriormente essa fita pois permite distinguir lesões neoplási-
numa lâmina e depois observar-se ao cas de não neoplásicas, avaliar o conteú-
microscópio. do celular das lesões e identificar o
agente etiológico. Tem como base a
O método pode ser utilizado no di- identificação microscópica de diferentes
agnóstico de Malassezia pachydermatis,
tipos de células e de outros elementos
após utilizar a coloração adequada, as-
sim como para a identificação de macro-
15
como esporos, bactérias e parasitas, de amostras ricas em células, que
mostras de pele ou tecidos adjacentes. dificilmente se obteriam nou-
tras técnicas;
Existem diferentes métodos para ob-
ter uma boa amostra para citologia, de-  Impressão – a técnica consiste
vendo ser escolhido o mais apropriado em apoiar diretamente a lâmi-
para a lesão a estudar: na sobre a lesão e existem dos
tipos de impressão: impressão
 Uso de zaragatoa – utiliza-se de superfícies externas (apoia-
fundamentalmente em cavida- se a lâmina suavemente sobre
des ou condutos (cavidade na- lesão ulcerada ou sobre um
sal, conduto auditivo esterno, exsudado de um trajeto de
trajetos fistulosos entre ou- drenagem); e impressão de
tros), pondo em contato com a superfícies de corte (apoia-se
superfície da lesão uma zara- a lâmina sobre a superfície de
gatoa estéril (se a lesão for se- corte de uma lesão ou nódulo
ca a zaragatoa poderá ser hu- previamente extirpado);
medecida com solução salina  Aspiração com agulha fina –
estéril). Posteriormente a esta técnica está indicada no
amostra é colocada numa lâ- caso de pústulas, nódulos ou
mina fazendo rodar uma a za- massas. Previamente desinfe-
ragatoa sobre a mesma sem ta-se a superfície da área a
passar duas vezes pelo mesmo puncionar com álcool etílico a
sítio; 70%, e agulha a puncionar
 Raspagem – consiste em ras- pode ser de 18G a 22G, aco-
par os bordos ou a superfície pladas a seringas de 3 a 20ml
de uma lesão com a lâmina do dependendo do tipo de lesão.
bisturi. A raspagem deve rea- Aspira-se o conteúdo da lesão
lizar-se muito delicadamente, mediante pressão negativa,
até observar um leve sangra- após 3 a 4 golpes com a serin-
mento (atenção que a excessi- ga na lesão em direções dife-
va quantidade de sangue difi- rentes. Depois deposita-se o
culta a observação). O materi- conteúdo sobre a lâmina, com
al recolhido é depositado no o ar pressionado no interior da
extremo de uma lâmina e de seringa; A que notar que para
seguida é estendido pela não danificar tanto a arquite-
mesma. Este método pode uti- tura das células, existe outra
lizar-se em lesões duras e su- técnica similar em tudo, exce-
perficiais, já que permite obter to na aspiração com pressão
16
negativa que não existe (so-
mente punção). Tabela 6- Características de identificação dos
 Extensão ou arrastamento – dermatófitos.10,11

consiste em recolher direta- Organismo Características


mente sobre a lâmina, um ma- Macroconideos com for-
terial líquido relativamente ma de lança, paredes
viscoso, após rutura de uma grossas, botão no extre-
Microsporum mo terminal, comparti-
lesão intacta com a ajuda de canis mentados, geralmente 6
uma agulha. O material esten- ou mais células. Esporos
de-se diretamente utilizando o no pelo – pequenas e
desorganizadas.
bordo de outra lâmina.
Frequentemente mais
macroconideos que M.
canis, paredes finas,
Todas estas técnicas, após ser reali- ausência de botão no
Microsporum
zada a obtenção da amostra, sua coloca- gypseum
extremo terminal, compar-
timentados, as vezes com
ção na lâmina e secagem, devem ser
menos de 6 células; espo-
fixadas e coradas pelo método de Diff ros no pelo – escassas,
Quick entre outros. grandes e em cadeia.
Raramente com macro-
Microscopicamente, a avaliação do
conideos com forma de
material recolhido permite a observação lança; microconídeos
Trichophyton
da morfologia e número de células exis- mentagrophytes
globosos; hifas espirala-
das; esporos no pelo;
tentes, presença de pigmentos, parasitas
cadeias de pequeno ta-
e microrganismos. É importante distin- manho.
guir as lesões inflamatórias, em que há
predomínio de neutrófilos, macrófagos
ou outras populações celulares e em que A amostra deve ser recolhida dos
podem ser identificados os agentes infe- bordos da lesão e com uma pinça ou
ciosos responsáveis pelo processo, das pente devem recolher-se pelos, crostas e
lesões neoplásicas em que a população escamas. Se existir uma resposta positi-
celular apresenta morfologia aberrante va à lâmpada de Wood deve ser recolhi-
e/ou incrementada muito aumentada. da uma amostra dessa zona.
Esta amostra é colocada num meio
de cultura apropriado, o meio de Teste
h) Cultura de fungos 11,17,18,19
para Dermatófitos (DTM): é basicamen-
A cultura fúngica é dos testes mais te um agar dextrosado de Sabouraud que
sensíveis e específicos no diagnóstico de contém cicloheximida, gentamicina e
dermatofitoses e permite identificar o clortetraciclina como agentes inibidores
agente envolvido (tabela 6). de fúngicos contaminantes e bactérias.
17
Usa como indicador de pH o vermelho ais devido ao facto de não acrescentarem
de fenol. muita informação útil para a terapêutica
sendo que na maioria dos casos o agente
Os fungos patogénicos consomem a
implicado é o Staphylococcus pseudoin-
proteína do meio produzindo metaboli-
termedius.
tos alcalinos que fazem alterar o meio de
amarelo a vermelho, e só quando se es- É também muito útil em casos de
gota a reserva proteica é que os dermató- resistências, MRSPi (Methicillin Resis-
fitos recorrem aos hidratos de carbono tent Staphylococcus Pseudo-
do meio, dando origem a metabolitos Intermedius), onde a meticilina é um dos
ácidos que mantém cor amarela do meio. marcadores de resistência para os B-
Pelo contrário, os fungos saprófitas co- lactâmicos.
meçam por consumir os hidratos de car-
bono, e só quando estes se esgotam (en-
tre 10 a 14 dias), é que passam a utilizar  Teste de sensibilidade a Antibióticos
a fonte proteica, podendo assim alterar a (TSA)
cor do DTM igualmente para vermelho. Com o TSA podemos avaliar in vi-
As culturas fúngicas devem ser in- tro, a sensibilidade das bactérias aos
cubadas num local escuro, a 30ºC e 30% antibióticos. Este teste está indicado em
humidade, sendo que o DTM deve ser situações de dermatite pustular, pioder-
observado diariamente durante os pri- matites profundas, fístulas, celulite e
meiros 10 a 14 dias, enquanto que as abcessos crónicos e em todos os casos
culturas em agar de Sabouraud necessi- em que o distúrbio dermatológico não
tam de 30 dias de incubação. A identifi- responde ao tratamento inicial.
cação do fungo é realizada através da Deve ser dada preferência às lesões
observação microscópica posterior a recentes na recolha das amostras a sele-
partir da colónia que se desenvolveu. cionar. As lesões húmidas, crostosas,
superficiais, ou por exemplo, típicas de
i) Cultura bacteriana 11,13,18,19 dermatite piotraumática, não devem ser
utilizadas como amostra uma que estão
A cultura bacteriana tem valor de
contaminadas por múltiplas bactérias, o
diagnóstico e terapêutico principalmente
que faz com que o resultado obtido no
em piodermatites profundas (celulite,
antibiograma não seja muito valido, nem
piodermatite digital profunda, entre ou-
do ponto visto diagnóstico nem terapêu-
tras) onde é conveniente identificar a
tico.
flora existente.
Nas lesões ulceradas ou em trajetos
Por norma são muito pouco utiliza-
fistulosos, a superfície da pele deve ser
dos em casos de piodermatites superfici-
desinfetada e só depois de comprimida a
18
zona com os dedos se deve recolher a entação ao medico veterinário, como
amostra. por, exemplo as situações de eosinofilia
que estão frequentemente associadas a
Este método é fácil, rápido e baseia-
reações alérgicas.
se no facto de qualquer antibiótico, de-
positado sobre um meio de cultura, se O hipotiroidismo encontra-se dentro
difundir segundo um gradiente de con- das provas de função endócrina, e é di-
centração. agnosticado pela medição sérica de T4
livre e total, sendo responsável por im-
A amostra é colocada numa placa de
portantes alterações cutâneas como a
petri contendo o meio de cultura ade-
alopecia, descamação e hiperpigmenta-
quado, sendo posteriormente deposita-
ção.
dos discos de papel impregnados com
diferentes antibióticos. Posteriormente O descarte de patologias como Ví-
incuba-se a mostra numa estufa durante rus da Imunodeficiência Felina e Vírus
24h a 37ºC, e se os microrganismos pre- da Leucemia Felina, é importante pelo
sentes na amostra encontrarem no meio comprometimento imunitário associado
uma concentração de antibiótico superi- a doenças dermatológicas crónicas.
or à concentração mínima inibitória
(CMI – menor concentração de antibió-
k) Dietas de eliminação/provocação
tico com capacidade de inibir o cresci- 11,14,19
mento do agente) não se vão desenvol-
ver, surgindo então um halo de inibição Em determinados animais com pato-
em torno do disco de papel com o anti- logias cutâneas deve ser considerada a
biótico. hipótese de alergia alimentaria.

A interpretação dos resultados reali- O diagnóstico definitivo de alergia


za-se fazendo a medição do diâmetro das alimentaria é baseado em dietas de eli-
zonas de inibição e comparando-as com minação. O princípio básico consiste em
valores tabelados, por isso, esta prova alimentar o animal com uma dieta estrita
deve ser realizada em condições experi- de proteínas e hidratos de carbono, com
mentais rigorosamente controladas, ten- uma origem diferente da que consome
do a sua interpretação um valor funda- normalmente, e durante o período míni-
mentalmente qualitativo. mo de 8 semanas e sem quaisquer pré-
mios que possam conter outras fontes de
proteínas ou hidratos de carbono.
j) Análises de sangue 11,14,18
Se neste espaço de tempo houver
As análises sanguíneas (hemograma uma notável diminuição do prurido e
e perfil bioquímico) podem evidenciar uma melhoria das lesões cutâneas, con-
anomalias sistémica que podem dar ori- sidera-se eliminada da dieta a sustância
19
que desencadeia a alergia. No entanto, resultado ser positivo é observado uma
esta dieta não permite identificar a subs- placa eritematosa.
tância e para que o animal não tenha que O diâmetro máximo da reação cor-
ficar com uma dieta de eliminação para respondente ao controlo positivo e nega-
o resto da vida, deve realizar-se uma tivo é medido e calcula-se o valor mé-
dieta de provocação. dio.
Nesta última, vão sendo introduzi- Depois disso, é medida a reação
das progressivamente os componentes provocada por cada alérgeno, sendo con-
da sua dieta anterior, de forma a identifi- siderado positivo aquele cujo diâmetro é
car, através do reaparecimento dos sinais
superior ao valor médio, e isto significa
clínicos, o agente causador da alergia. que o animal possui na sua superfície
anticorpos sensibilizados, o que não im-
plica necessariamente que seja alérgico
l) Testes intradérmicos 14,15,18,19 ao alérgeno, sendo por isso importante
relacionar a história com os resultados
Consiste em aplicar uma bateria de
obtidos.
diferentes alérgenos na derme com o
objetivo de induzir uma reação local de
hipersensibilidade imediata (tipo I) pro- m) Testes serológicos 14,15,18
vocando assim um edema local imedia- São mais recentes que os testes in-
to, devido à desgranulação dos mastóci- tradérmicos e consistem em medir os
tos já sensibilizados com a IgE e compa- níveis de IgE alérgeno-especifica para
rar esta reação dérmica com um controlo uma bateria de alergénios. A amostra
positivo (histamina) e um controlo nega- consiste em soro do animal, que é envia-
tivo (diluente dos alergénios ou soro da a laboratórios especializados. Em
fisiológico). muitos lugares se utilizam como método
Para este procedimento o animal inicial para descartar problemas sendo
deve ser sedado e colocado em decúbito que noutros não é tão bem aceite.
lateral. Procede-se à tricotomia de 15cm
x15cm no tórax lateral. A área não deve
ser desinfetada com nenhum produto n) Biópsia cutânea 11,15,19
químico. Os locais devem ser marcados A biópsia cutânea é um dos instru-
e distanciados por 2cm e os alergénios mentos mais poderosos da dermatologia
devem ser específicos para animais de veterinária. É uma técnica de eleição
companhia. para o diagnóstico de múltiplas altera-
Após decorridos 15 e aos 30 min ções cutâneas e consiste na recolha e
são realizadas leituras, e em caso de o

20
exame histopatológico de uma ou mais se uma incisão em forma de
amostras. gomo de laranja com 1cm de
diâmetro e suficientemente
As condições para se realizar uma
profunda para chegar ao teci-
biópsia devem incluir: as lesões neoplá-
do subcutâneo. No fim o lo-
sicas ou suspeitas; úlceras persistentes;
cal é suturado.
quando se suspeita de um processo cujo
2) Biópsia por punção – indica-
diagnóstico definitivo se realiza por his-
da em pequenas lesões, é co-
topatologia (transtornos primários de
locada uma punch de biopsia
queratinização e dermatopatias autoimu-
diretamente sobre a lesão,
nes); dermatopatias que não respondam
a uma terapia supostamente adequada; com um suave movimento de
rotação sempre para o mesmo
em situações não usuais e que pareçam
sentido e exercendo-se algu-
graves; e em casos em que devido ao
ma pressão, extrai-se a amos-
tratamento de elevado custo, perigoso e
tra. A incisão é fechada com
prolongado, que recomende um diagnós-
um ou dois pontos sutura.
tico definitivo previamente.
3) Biópsia excisional – está in-
A eleição da amostra é possivel- dicada para lesões frágeis,
mente o ponto mais importante a ter em muito extensas ou muito pro-
conta numa biópsia, e por isso é reco- fundas, em que pode haver
mendável a recolha de múltiplas amos- necessidade de recolher tam-
tras em diferentes localizações. bém tecido adiposo subcutâ-
Antes de realizar a biópsia é conve- neo. Com a ajuda do bisturi é
niente fazer a tricotomia do local e a realizada uma incisão elíptica
desinfeção só se deve fazer com álcool a que engloba a lesão, a zona
70%, não devendo usar-se nunca ne- de transição e o tecido nor-
nhum outro desinfetante. Pode utilizar- mal envolvente. O local é su-
se anestesia local com lidocaína a 2% turado.
em animais tranquilos, ou uma leve se- 4) Biópsia com agulha de corte
dação em inquietos ou agressivos. Para – é utilizada uma agulha com
as biópsias excisionais de tumores de mandril, que tem um canal na
maior tamanho é necessário realizar uma ponta que recolhe a amostra.
anestesia geral. É mais utilizada em gânglios
e massas cutâneas e subcutâ-
Existem quatro técnicas para reali-
neas.
zar uma biópsia cutânea:
A amostra obtida é colocada com a
1) Biópsia incisional – com uma
face interna voltada para baixo, sobre
folha de bisturi pequena faz-
um fragmento de cartão, e pressionada
21
ligeiramente para facilitar a sua aderên-
cia. De maneira a evitar a autólise da
amostra, esta deve ser fixada com for-
mol a 10%. Isto irá conservar e preservar
os tecidos dos processos de autólise, que
posteriormente impediriam o exame
histopatológico. Quando que recolhem
diversas amostras, estas devem ser cor-
retamente separados e identificados.
Uma boa biópsia deve ser represen-
tativa e abranger o mais possível as par-
tes ativas do processo. O animal não
deve estar medicado, à exceção de anti-
bióticos que pode tomar 3 semanas antes
para eliminar a infeção associada e as-
sim não mascarar os resultados histopa-
tológicos.
Aquando da remissão das amostras
ao laboratório, deve ir acompanhadas de
uma ficha clínica onde deverão constar
informações relativas à anamnese e
exame físico do animal, assim como a
descrição das lesões, quaisquer outros
resultados de exames complementares
realizados, tratamentos e resultados des-
tes.
Cada profissional deve orientar o
problema do seu paciente consoante o
método POA (Problem Oriented Apro-
ach), onde se devem selecionar provas
complementares com base na lista de
diagnósticos diferenciais.

22
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