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Aula 13
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AULA 13
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Sumário
1 - Breve histórico .......................................................................................................................... 4
2 - Introdução ................................................................................................................................ 6
2.1 - Atos comissivos e atos omissivos .......................................................................................... 7
3 -Evolução das teorias sobre a responsabilidade civil do Estado. ....................................................... 10
3.1 - A teoria da irresponsabilidade ............................................................................................. 11
3.2 - Teorias civilistas ................................................................................................................ 11
3.3 - Teorias publicistas ............................................................................................................. 12
4 - Evolução da responsabilidade civil extracontratual em nosso ordenamento ..................................... 16
5 - Responsabilidade objetiva do Estado .......................................................................................... 20
6 - Responsabilidade subjetiva do Estado ........................................................................................ 27
7 - Nexo causal ............................................................................................................................ 28
8 - Excludentes ou atenuantes da responsabilidade Estatal ................................................................ 31
9 - O que é o dano indenizável? ..................................................................................................... 36
10 - A ação de reparação do dano .................................................................................................. 36
10.1 - A impossibilidade de denunciação à lide ............................................................................. 38
10.2 - Quanto aos juros de mora ................................................................................................ 39
11 - A ação regressiva: Estado X Agente público .............................................................................. 43
12 - Responsabilidade per saltum ................................................................................................... 45
13 - Responsabilidade administrativa, civil e penal do agente público .................................................. 46
14 - Interessantes casos de responsabilidade civil do Estado tratados pela jurisprudência ..................... 49
14.1 - Atos legislativos e omissão legislativa ................................................................................ 49
14.2 - Atos jurisdicionais ............................................................................................................ 50
14.3 - Obras públicas ................................................................................................................ 52
14.4 - Pessoas ou bens sob responsabilidade do Estado ................................................................. 53
14.5 - Danos causados por presidiários foragidos de estabelecimentos prisionais .............................. 54
14.6 - Responsabilidade em caso de dano nuclear ......................................................................... 54
14.7 - Intervenção estatal na economia ....................................................................................... 55
14.8 - Danos decorrentes de falhas em concursos públicos ............................................................. 55
14.9 - Serviços notariais ............................................................................................................ 56
15 - Jurisprudência sobre o tema.................................................................................................... 58
16 - Resumão da aula ................................................................................................................... 71
17 - Mais questões de prova .......................................................................................................... 73
18 - Questões comentadas em aula ................................................................................................ 97
18.1 - Gabaritos...................................................................................................................... 113
19 - Considerações Finais ............................................................................................................ 113
20 - Referências ......................................................................................................................... 114
1 - Breve histórico
Muito se sabe que o Direito tem como finalidade a busca da pacificação
social por meio de normas e técnicas de solução de conflitos. Daí decorre a
necessidade de se compreender o desenvolvimento da responsabilidade civil ao
longo dos tempos.
A responsabilidade civil tem extensa evolução histórica. De forma geral, o
dano causado pelo ilícito sempre foi combatido pelo Direito, mas o que se
modificou ao longo da história foi a forma de ação contra os danos sofridos em
decorrência de um ato praticado em descumprimento a dever de conduta.
No primeiro estágio de evolução histórica da responsabilidade civil não se
levava em consideração a culpa do agente causador do dano, bastando a ação
ou omissão deste, bem como o prejuízo sofrido pela vítima para que aquele fosse
responsabilizado. Nessa época, os costumes regiam as regras de convivência
social, levando os ofendidos a reagir de forma direta e violenta contra o causador
do dano.
O marco inicial da responsabilidade civil no Direito Romano relaciona-se com
referido período, fazendo com que a retaliação passasse a ser reconhecida e
legitimada pelo Poder Público; é o denominado período da vingança privada. “O
talião, aplicado primeiramente pelos povos do Oriente Médio e depois por outros
que foram influenciados por eles, como os da bacia mediterrânea (chegando à
Roma do tempo da Lei das XII Tábuas, que é de meados do século V a.C.),
representou outro progresso, com a reciprocidade que representava, entre ofensa
e castigo – mesmo que hoje pareçam chocantes preceitos como o contido no §
230 do Código de Hammurabi (de começos do século XVIII a.C.), segundo o qual
se a casa construída ruísse e matasse o filho do proprietário, o filho do construtor
deveria ser morto.”1
Na sequência, tivemos o período da composição, onde a vítima passou a
perceber as vantagens e conveniências da substituição da violência pela
1 Noronha, Fernando. Direito das obrigações. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. Vol. I, p. 528.
2 - Introdução
O vocábulo “responsabilidade” é utilizado para qualquer situação em que
alguém deva responder pelas consequências dos seus atos. Esse “alguém”, no
nosso tema de estudo, é o próprio Estado que, por possuir personalidade jurídica,
também é titular de direitos e obrigações na ordem civil.
No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice
responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil, inconfundíveis,
independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis.
Em apertada síntese a responsabilidade administrativa resulta de infração a
normas administrativas; a responsabilidade penal decorre da prática de crimes e
contravenções tipificados na lei penal; já a responsabilidade civil decorre de
infrações a normas de direito civil, gerando para o infrator a obrigação de reparar
o dano ou de ressarcir o prejuízo causado a outrem.
A responsabilidade do Estado como pessoa jurídica, é sempre civil. A
responsabilidade civil tem como pressuposto a ocorrência de um dano (prejuízo).
Significa que o sujeito só é civilmente responsável se sua conduta ou omissão
provocar dano ao terceiro, dano que pode ser de ordem material (patrimonial)
ou moral.
A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização, que é
o montante pecuniário necessário para reparar os prejuízos causados pelo
responsável.
Na maioria das relações entre particulares, o direito civil reconhece a
chamada responsabilidade contratual. A responsabilidade contratual, como o
próprio nome sugere, se funda no descumprimento de cláusulas estabelecidas
em contratos prévios firmados entre as partes.
Diversamente, a responsabilidade civil do Estado constitui modalidade
extracontratual, por inexistir um contrato que sustente o dever de reparar. Para
caracterizar a responsabilidade civil ou extracontratual do Estado, basta que haja
um dano (patrimonial e/ou moral) causado a terceiro por comportamento
omissivo ou comissivo de agente público. A responsabilidade civil impõe ao
Estado a obrigação de reparar (indenizar) esse dano.
Aqui, cabe lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser
intangível, que somente se faz presente no mundo jurídico através dos seus
agentes, pessoas físicas, cuja conduta é a ele imputada. O Estado, por si só, não
pode causar danos a ninguém.
Gabarito: Incorreta.
Questão 02 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada) Sobre
responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) para sua configuração dependerá de prova de dolo ou culpa do agente.
Comentário:
A responsabilidade extracontratual do Estado é de natureza OBJETIVA, ou seja, o dever de
indenizar do Estado independe de culpa, bastando que se verifique a ocorrência da conduta
(ato administrativo), do dano (prejuízo suportado pelo administrado seja ele usuário ou não
dos serviços públicos) e do nexo causal entre a conduta e o dano.
O nosso ordenamento jurídico adotou a teoria do risco administrativo como fundamento para
a responsabilidade objetiva a qual informa que deve ser atribuída ao Estado a
responsabilidade pelo risco criado por sua atividade administrativa.
No entanto, é possível que o Estado afaste sua responsabilidade quando verificada a quebra
do nexo causal, como ocorre nos casos de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força
maior (culpa concorrente da vítima = atenuante de responsabilidade).
OBS: A teoria do risco administrativo difere da teoria do risco proveito, uma vez que esta
não admite excludentes de responsabilidade sendo a mesma verificada nos danos
ambientais.
Gabarito: Incorreta.
Questão 03 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)
Julgue o item a seguir
( ) A licitude da atuação estatal não elide a sua responsabilização, quando houver injusta
distribuição dos ônus da atividade administrativa.
Comentário:
Está correta a, e como exemplo, podemos citar o da desapropriação realizada pelo Estado,
que a partir de uma prática legal mas que causa danos (ônus) a determinadas pessoas, tem
o dever de indenizá-las justamente, tendo o Estado responsabilização (não elidida) mesmo
assim.
Gabarito: Correta.
Teoria do risco
Gabarito: Incorreta.
de dano autônomo, cuja indenização poderia ser cumulada com a reparação pelos
danos materiais e morais.
A responsabilidade objetiva do Estado, conforme previsto na CRFB, deve
seguir a teoria do risco administrativo. A teoria do risco integral nunca foi
acolhida como regra em quaisquer das constituições brasileiras.
Não obstante, foram inseridas no ordenamento jurídico brasileiro algumas
hipóteses em que se aplica a teoria do risco integral. É o que ocorre nos casos
de danos causados por acidentes nucleares 4 (CRFB, art. 21, XXIII, “d”,
disciplinado pela Lei nº 6.453/1977) e danos decorrentes de atentados
terroristas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas
brasileiras (Leis nos 10.309/2001 e 10.744/2003).
Por fim, chega-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reproduz
a mesma orientação contida na Constituição Federal de 1988, omitindo,
contudo, a referência à responsabilidade das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público. A omissão, no entanto, não impede
a responsabilização objetiva dessas pessoas jurídicas, uma vez que está prevista
no texto constitucional.
4Alguns estudiosos, a exemplo de José dos Santos Carvalho Filho, entendem que os danos causados por
acidentes nucleares seguem a teoria o risco administrativo (Manual de direito administrativo, p. 559).
nas proximidades do tribunal de justiça do estado, ocasião em que foi preso e reconduzido
ao presídio. A vítima do latrocínio deixou viúva e dois filhos.
II - Em 2007, na madrugada de um dia em que deveria ter retornado para dormir no presídio,
um preso submetido ao regime semiaberto cometeu um estupro. Tal fato atraiu a atenção
do Poder Judiciário porque, comprovadamente, o preso, frequentemente, deixava de
retornar ao final do dia para recolhimento, situação essa que era de conhecimento da direção
do presídio.
Com referência aos fatos hipotéticos acima narrados e ao atual entendimento jurisprudencial
do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o item subsequente:
( ) A teoria do risco administrativo está presente no plano constitucional desde a
Constituição de 1946 e confere fundamento doutrinário à responsabilização objetiva do
Estado.
Comentário:
O art. 194 da Carta de 1946 inovou trazendo a previsão constitucional da teoria do risco
administrativo, in verbis:
Art 194 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos
danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único - Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do dano,
quando tiver havido culpa destes.
A Constituição de 1967 em seu art. 105 também trouxe esculpida a teoria do risco
administrativo, verbis:
Art 105 - As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que es seus
funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único - Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos casos de
culpa ou dolo.
Nesse mesmo sentido a Emenda Constitucional n° 01 de 1969 prévio no a rtigo 107 da
Constituição:
Art. 107. Às pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus
funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Parágrafo único. Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos casos de
culpa ou dolo.
E seguindo o histórico constitucional que esclarece a questão, a Constituição de 1988, no
parágrafo 6° do art. 37 esculpe a teoria do risco administrativo:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Gabarito: Correta.
ponto de vista prático ambas geram o dever de indenizar por parte do Estado.
Mesmo em relação ao ônus da prova, a adoção da teoria da responsabilidade
subjetiva, na modalidade culpa do serviço público, no caso dos atos omissivos,
não traz qualquer prejuízo para o terceiro prejudicado, já que o elemento
subjetivo “culpa” ou “dolo” é presumido da ausência ou mal funcionamento do
serviço, sendo suficiente para gerar a responsabilização estatal a simples
demonstração do nexo causal entre a conduta omissiva e o dano existente.
Registramos que a controvérsia anterior também está presente na
jurisprudência do STF e do STJ. Em alguns julgados dessas Cortes, observa-se a
aplicação da teoria da responsabilidade objetiva para os atos omissivos do
Estado; em outros, a responsabilização pelas omissões danosas do Poder Público
têm sido fundamentadas na teoria da responsabilidade subjetiva, na modalidade
culpa do serviço público (culpa anônima).
(4º) Para que o Estado possa ser responsabilizado é necessário que
o agente público aja nessa condição, caso contrário, não haverá nexo
causal entre a função pública e o dano gerado pelo agente, de forma a
não existir responsabilidade estatal.
O agente público causador do dano pode ser tanto um servidor público
quanto um empregado público ou mesmo um funcionário de uma pessoa jurídica
de direito privado prestadora de serviço público (a definição de agente público é
mais ampla que a de servidor público). No entanto, para que incidam as regras
da responsabilidade objetiva é necessário que o agente público aja nessa
qualidade, senão inexiste nexo causal entre a conduta do Estado (manifestada
por seu agente) e o dano provocado a terceiro.
Quando se fala em agir na qualidade de agente público, não significa que o
agente esteja em seu horário de serviço, mas é suficiente que aparente ou
demonstre estar agindo naquela condição, conforme mostra o seguinte
excerto de julgado do STF:
Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar:
incidência da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante
fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as
pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da
CF não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções, mas
na qualidade de agente público (RExt 160.401, Rel. Min. Carlos Velloso).
Em relação aos agentes das pessoas jurídicas de direito privado, deve ser
ressalvado que somente haverá responsabilidade objetiva se esta for prestadora
de serviços públicos. Não sendo prestadora de serviço público, a responsabilidade
é subjetiva. Por exemplo, no caso da PETROBRAS, sociedade de economia mista
que desempenha atividade econômica (não é prestadora de serviço público), se
algum de seus empregados causar dano a terceiros, incidirá a regra da
responsabilidade subjetiva, ou seja, para obter a indenização, o prejudicado
deverá demonstrar a conduta culposa ou dolosa do responsável causador do
dano.
(6º) No caso de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos, a responsabilidade objetiva é aplicada tanto em
relação aos danos causados aos usuários quanto àqueles causados aos
não usuários do serviço.
Em relação à responsabilidade civil resultante de danos causados por
agentes de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos,
a posição mais antiga do STF fazia a distinção entre usuários e não usuários dos
serviços públicos. Entendia-se à época que para os danos causados aos primeiros
a responsabilidade da pessoa jurídica prestadora de serviço público seria objetiva,
enquanto para os últimos teríamos a responsabilidade subjetiva, dependendo da
prova do dolo ou culpa do agente causador.
O assunto, no entanto, foi objeto de julgamento com repercussão geral no
STF (RExt 591.874), que, revendo o posicionamento adotado anteriormente no
RExt 262.651, passou a aplicar a responsabilidade objetiva das empresas
que prestam serviços públicos tanto para os danos causados aos
usuários como para aqueles que atingissem os não usuários dos serviços,
sem fazer qualquer distinção. O argumento utilizado pelo STF para rever seu
posicionamento se baseou na simples constatação de que o art. 37, § 6º, da CRFB
(que prevê a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos) não fazia qualquer distinção entre o
tipo de pessoa lesada pelo dano.
A título de exemplo, seguindo a atual orientação do STF, pode-se imaginar
a situação em que um ônibus pertencente a uma empresa concessionária de
serviço público de transporte coletivo abalroa um veículo de um particular. Em
relação aos danos provocados ao particular, que é não usuário do serviço, a
concessionária responde objetivamente, ou seja, a vítima para receber a
indenização tem que demonstrar apenas o nexo causal entre a conduta do
motorista do ônibus e o dano sofrido, não necessitando mais provar a culpa
(imprudência, imperícia ou negligência) ou dolo do agente causador. Do mesmo
Comentário:
A questão traduziu exatamente o conceito de Responsabilidade Objetiva pela Teoria do
Risco Administrativo.
Gabarito: Correta.
7 - Nexo causal
Nexo causal é o vínculo existente entre a conduta de determinado agente e
o dano efetivamente gerado. Se o dano não foi causado pela conduta, estará
ausente o nexo causal e, portanto, não haverá responsabilidade do agente ou da
pessoa jurídica a quem são imputados seus atos, sejam comissivos, sejam
omissivos.
A título de exemplo, podemos citar o entendimento do STF, segundo o qual,
se um apenado foge do presídio (o que normalmente demonstra uma omissão
culposa da administração no seu dever de vigilância sobre o preso) e tempos
depois comete um assalto, o lapso temporal entre a fuga e o delito demonstra a
por ser bastante abrangente, a teoria da causalidade adequada falha por admitir
um acentuado grau de discricionariedade do julgador. O exemplo clássico que a
doutrina nos traz da teoria da causalidade adequada é o da pessoa que joga um
balde de água numa represa cheia e esta vem a se romper. Como tal ato em tese
não é apto a produzir o rompimento da represa, a responsabilidade do agente
restará afastada.
Teoria da Causalidade Direta ou Imediata (também denominada Teoria
da Interrupção do Nexo Causal ou Teoria da Causalidade Necessária):
essa teoria entende que causa é aquele fato que se liga ao resultado
danoso, sendo este sua consequência direta e imediata.
Assim, não haverá relação de causalidade quando o comportamento do
agente público não ocasionar de forma direta e imediata o dano. Vejamos o
seguinte exemplo: um pedestre atropelado por veículo pertencente à União
Federal é socorrido por um parente seu que passava no momento do acidente.
Ocorre que, no caminho do hospital, a pessoa que conduzia o carro, em que
estava o pedestre atropelado, capota e este vem a falecer em razão do segundo
acidente. Nesse caso, segundo a teoria da causalidade necessária, a União
Federal não poderá ser responsabilizada pela morte do pedestre, mas
apenas pelas lesões corporais sofridas, visto que o atropelamento não ocasionou
de forma direta e imediata o óbito.
A teoria da causa direta e imediata é a adotada no ordenamento
jurídico brasileiro, conforme se observa no seguinte excerto de jurisprudência
do STF:
A responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do disposto no art. 107 da
Emenda Constitucional 1/1969 (e, atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna),
não dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade
entre a ação ou a omissão atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no art. 1.060 do Código Civil,
a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e
imediato, também denominada teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante
aquele dispositivo da codificação civil diga respeito a impropriamente denominada
responsabilidade contratual, aplica-se ele também à responsabilidade
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer
considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias
existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade adequada (RExt
130.764, Rel. Min. Moreira Alves).
Cabe comentar a culpa exclusiva de terceiro, que tem sido apontada por
parte da doutrina e da jurisprudência como excludente de responsabilidade
estatal. Teoricamente, se a culpa é exclusiva de terceiro, não há nexo
causal entre a conduta do agente público e o dano provocado, razão pela
qual não haveria a responsabilidade civil do Estado (STJ, REsp 882166/RS).
Contudo, o STF já assentou na Súmula 187 que: “A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por
culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”. Assim, pelo menos em
matéria de acidente em transporte de passageiros, não cabe invocar a
culpa de terceiro para excluir a responsabilidade do prestador de
serviços públicos.
Questão 14 (TRT 8R, TRT 8ª Região (PA e AP), Juiz do Trabalho, 2005) Considerando a
hipótese de responsabilidade civil do Estado pela faute du service assinale a alternativa
correta, em face da jurisprudência do STF sobre a matéria.
a) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é objetiva tanto em relação a Administração quanto ao servidor
responsável pela prática do ato lesivo.
b) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é objetiva em relação a Administração Pública e subjetiva em relação
ao servidor responsável pela prática do ato.
c) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é subjetiva, tanto em relação a Administração quanto ao servidor
responsável pela prática do ato lesivo, sendo desnecessária a demonstração do nexo de
causalidade entre a omissão e o dano, pela teoria do risco administrativo.
d) A responsabilidade civil por ato omissivo é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, está
numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de
forma genérica, a falta do serviço, carecendo porém do estabelecimento do nexo de
causalidade entre o ato omissivo e o dano causado para ensejar a responsabilização.
e) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é subjetiva em relação a Administração Pública e objetiva em relação
ao servidor responsável pela prática do ato.
Comentário:
Segundo o entendimento do STF, a responsabilidade do Estado é subjetiva, quando se trata
de ato omissivo do poder público.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E DAS PESSOAS JURÍDICAS
DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. ATO OMISSIVO DO
PODER PÚBLICO: MORTE DE PRESIDIÁRIO POR OUTRO PRESIDIÁRIO:
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FAUTE DE SERVICE. C.F.,
art. 37, § 6º. I. - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade
objetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes requisitos: a) do
dano; b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
administrativa. II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite
pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a
responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas
três vertentes, negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário
individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute
de service dos franceses.
Gabarito: Letra “d”.
Quanto à via judicial, parte da doutrina entende que o lesado possui três
alternativas:
1. Move ação contra o Estado (se a ação for fundada na responsabilidade
objetiva, basta demonstrar os requisitos desta, a saber: conduta oficial, dano
e nexo causal. Se a ação for fundada na culpa anônima, deverá demonstrar,
além dos elementos anteriores, a culpa do Estado pelo não funcionamento
ou funcionamento insuficiente do serviço);
2. Move ação contra o agente público (nesse caso, deverá provar que o
agente público agiu com culpa ou dolo, visto que a responsabilidade deste é
sempre subjetiva);
3. Move ação contra o Estado e o agente público, em litisconsórcio
facultativo (nesse caso, deve demonstrar os requisitos da primeira
alternativa e arguir a culpa ou dolo do agente público).
7 ATENÇÃO: até o mês de julho de 2018, havia grande discussão jurisprudencial quanto à prescritibilidade
das ações de ressarcimento ao Erário, tendo em vista a regra de imprescritibilidade constante do final do §
5º do art. 37 da Constituição Federal. Contudo, com o julgamento do RExt 852.475, com repercussão geral
reconhecida, o Plenário da Corte Suprema decidiu que é prescritível a ação civil pública de ressarcimento ao
erário fundada em suposto ato de agente público tipificado como ilícito de improbidade administrativa.
Portanto, muito cuidado com essa questão na hora da prova!
➢ leis inconstitucionais; e
➢ leis de efeitos concretos.
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”. O erro judiciário de que
trata a norma constitucional é aquele referente à esfera penal. Assim, se houver
revisão criminal, ficando patente que houve erro judiciário, incidirá a regra da
responsabilização objetiva do Estado.
Questão importante é saber se é cabível responsabilizar o Estado por dano
moral, no caso de prisão provisória, quando o réu for absolvido na decisão
definitiva. Na jurisprudência do STF 8 predomina a posição de que prisão
provisória não enseja responsabilidade civil do Estado, conforme se observa na
ementa do seguinte julgado:
Constitucional. Administrativo. Civil. Responsabilidade civil do Estado: Atos dos
juízes. CF, art. 37, § 6º. I – A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica
aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II – Decreto judicial de prisão preventiva
não se confunde com o erro judiciário (CF, art. 5º, LXXV) mesmo que o réu, ao final
da ação penal, venha a ser absolvido. III – Negativa de trânsito ao RE. Agravo não
provido (RE-AgR 429.518, Rel. Min. Carlos Velloso).
A ideia básica é que, se uma prisão de natureza cautelar foi decretada dentro
dos limites legais, não há qualquer ilicitude, não havendo possibilidade de
responsabilização estatal. O fato de, ao final da ação penal, o réu ser absolvido
não significa que houve ilicitude na prisão cautelar, uma vez que esse instituto
não decorre de presunção de culpa, pois, se o fosse, deveria ser declarado
inconstitucional, tendo em vista que ninguém pode ser considerado culpado até
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII).
Não obstante, quando a prisão cautelar for mantida injustificadamente,
caberá a responsabilização do Estado por dano moral, visto que configurado
abuso.
Digno de registro também que o Código de Processo Civil prevê a
responsabilização civil pessoal do magistrado e do membro do Ministério Público
8É importante destacar o chamado caso “Bar Bodega”, em que o STF (RExt 385.493, Rl. Min. Celso de Mello)
condenou o estado de São Paulo a indenizar pessoa indevidamente envolvida em inquérito policial arquivado.
quando estes dolosamente causarem dano à parte (arts. 1439 e 18110, ambos do
CPC).
9 Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
10Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo
ou fraude no exercício de suas funções.
Comentário:
Com a evolução da Teoria da Responsabilidade, tem-se aceitado, nos dias atuais, a
responsabilidade civil por ato legislativo. É necessário, contudo, que haja prévia declaração
de inconstitucionalidade da lei que causou o dano a ser ressarcido, sendo imprescindível,
aliás, que a declaração seja feita pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle
concentrado de constitucionalidade.
Relativamente às leis de efeitos concretos, o primeiro passo é recordar que a lei em sentido
material é ato normativo dotado de generalidade (não possui destinatários determinados,
aplicando-se a todos os que eventualmente se enquadrarem nos seus comandos) e
abstração (versa sobre hipóteses e não sobre situações concretas já verificadas no mundo).
Já a lei de efeitos concretos, apesar de haver passado pelo processo legislativo
constitucionalmente previsto para a formação das leis, somente leva o nome de “lei” por esse
motivo, uma vez que, materialmente (quanto ao conteúdo), ela é o verdadeiro ato
administrativo, e, por conseguinte, se causar dano ao particular, gerará direito à indenização.
Gabarito: Incorreta.
Questão 19 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010 - adaptada) Julgue o item que
segue
( ) O regime de responsabilidade previsto no art. , da Constituição Federal brasileira
exclui os atos praticados no exercício da função legislativa e jurisdicional.
Comentário:
Responsabilidade civil do Estado por atos legislativos: em regra, inexiste. Excepcionalmente
sim, em razão de leis inconstitucionais e por leis de efeitos concretos.
Responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais: em regra é inexistente.
Excepcionalmente é OBJETIVA, em razão do erro judiciário em sentença criminal ou em
face daquele que fica preso além do tempo da sentença (o que também é um erro judiciário
criminal); bem como em razão de responsabilidade do magistrado quando proceder com
dolo ou fraude, (art. 143, do CPC). Lembrando que não há direito à indenização estatal em
caso de mera prisão preventiva.
Gabarito: Incorreta.
(STF - RE: 591874 MS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento:
26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO)
(STF - RE: 633138 DF, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 04/09/2012,
Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-186 DIVULG 20-09-2012 PUBLIC 21-09-2012)
II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa
em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade
da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de direito privado prestadora
de serviço público.
III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato
é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas três vertentes, negligência,
imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que
pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos
franceses.
Inspeção da Barragem (Doc. Junto aos autos), as falhas que levaram à ocorrência do
rompimento da barragem foram decorrentes da própria execução da obra, a qual ficara
a cargo das construtoras contratadas pela Administração anterior (fl. 459). É o relatório.
DECIDO. Ab initio, a repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos
demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF).
Consectariamente, quando a ofensa for reflexa ou mesmo quando a violação for
constitucional, mas necessária a análise de fatos e provas, não há como se pretender
seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso
(art. 102, III, § 3º, da CF). O Tribunal a quo pronunciou-se quanto à questão sub
examine à luz do contexto fático-probatório engendrado nos autos. Para se chegar à
conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido necessário seria o reexame de fatos
e provas, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do Enunciado da Súmula n. 279 do
Supremo Tribunal Federal, que interdita a esta Corte, em sede de recurso extraordinário,
sindicar matéria fática. Relativamente ao verbete sumular, traz-se a lume o comentário
do ilustre professor Roberto Rosas, in Direito Sumular, 12ª edição, Editora Malheiros,
verbis: Chiovenda nos dá os limites da distinção entre questão de fato e questão de
direito. A questão de fato consiste em verificar se existem as circunstâncias com base
nas quais deve o juiz, de acordo com a lei, considerar existentes determinados fatos
concretos. A questão de direito consiste na focalização, primeiro, se a norma, a que o
autor se refere, existe, como norma abstrata (Instituições de Direito Processual, 2a ed.,
v. I/175). Não é estranha a qualificação jurídica dos fatos dados como provados (RT
275/884 e 226/583). Já se refere a matéria de fato quando a decisão assenta no processo
de livre convencimento do julgador (RE 64.051, Rel. Min. Djaci Falcão, RTJ 47/276); não
cabe o recurso extraordinário quando o acórdão recorrido deu determinada qualificação
jurídica a fatos delituosos e se pretende atribuir aos mesmos fatos outra configuração,
quando essa pretensão exige reexame de provas (ERE 58.714, Relator para o acórdão o
Min. Amaral Santos, RTJ 46/821). No processo penal, a verificação entre a qualificação
de motivo fútil ou estado de embriaguez para a apenação importa matéria de fato,
insuscetível de reexame no recurso extraordinário (RE 63.226, Rel. Min.Eloy da Rocha,
RTJ 46/666). A Súmula 279 é peremptória: Para simples reexame de prova não cabe
recurso extraordinário. Não se vislumbraria a existência da questão federal motivadora
do recurso extraordinário. O juiz dá a valoração mais conveniente aos elementos
probatórios,atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não
alegados pelas partes. Não se confunda com o critério legal da valorização da prova (RTJ
37/480, 56/65) (Pestana de Aguiar, Comentários ao Código de Processo Civil, 2a ed.,
v.VI/40, Ed. RT; Castro Nunes, Teoria e Prática do Poder Judiciário, 1943, p. 383). No
mesmo sentido, os seguintes julgados: DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. ART. 37, § 6º, CF/88. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO.
OMISSÃO. FALTA DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. QUEDA DE
ÁRVORE. NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS: SÚMULA STF 279.
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 5º, LIV, DA CF/88. OFENSA REFLEXA. 1. O Tribunal
a quo, a partir da análise dos fatos e das provas dos autos, concluiu que houve omissão,
imputável ao poder público, que detinha o dever de conservação e manutenção de
árvore, e concluiu pela responsabilidade subjetiva do agravante pelos danos causados à
autora. Incidência, na espécie, da Súmula STF 279. 2. A jurisprudência dessa Corte está
sedimentada no sentido de que as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da
Constituição Federal legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido, ato jurídico
perfeito, limites da coisa julgada, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e
juiz natural podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa
ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso
extraordinário. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 830.461-AgR,
Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 16.08.11) EMENTA:
(STF - RE: 695887 PB, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 29/06/2012, Data
de Publicação: DJe-150 DIVULG 31/07/2012 PUBLIC 01/08/2012)
(STF - RE: 422941 DF, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 06/12/2005,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 24-03-2006 PP-00055 EMENT VOL-02226-04
PP-00654 LEXSTF v. 28, n. 328, 2006, p. 273-302)
(STF - RE: 385943 SP, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Publicação: DJe-195
DIVULG 15/10/2009 PUBLIC 16/10/2009)
11A sentença cível, do XI concurso público para provimento de cargos de Juiz Federal Substituto da 5ª
Região, Edital nº 01, de 28 de fevereiro de 2011, cobrou situação semelhante, sobre denunciação da lide
em caso de erro médico.
(STF - RE: 518894 SP, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 02/08/2011,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-183 DIVULG 22-09-2011 PUBLIC 23-09-2011
EMENT VOL-02593-01 PP-00091)
16 - Resumão da aula
TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Teoria do risco integral: não admite excludentes -> apenas casos excepcionais: danos
nucleares, ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
Também não há, em regra, responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais típicos. São
exceções: erro judiciário, unicamente na esfera penal; conduta dolosa ou fraudulenta com intuito
deliberado de causar prejuízo às partes ou a terceiros.
Só fato da obra -> não importa o executor -> responsabilidade civil objetiva do Estado;
Má execução da obra:
➢ Nos danos causados a pessoas sob a guarda do Estado (alunos de escolas públicas,
detentos e pacientes internados), a responsabilidade civil do Estado é objetiva, na
modalidade risco administrativo, mesmo que os danos não tenham sido diretamente
causados por atuação de seus agentes.
➢ Suicídio de detento acarreta a responsabilidade objetiva do estado, não sendo admitida
a exclusão da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
➢ Agente público como parte no polo passivo da ação de indenização:
▪ STF: os agentes não podem responder diretamente perante o lesado, nem mesmo
em litisconsórcio, só podendo vir a responder em ação regressiva, perante o Estado.
▪ Doutrina: o agente pode responder diretamente, inclusive em litisconsórcio passivo.
➢ Não é cabível a denunciação à lide do agente público (posição majoritária).
➢ Em regra, não há responsabilidade civil do Estado unicamente pela prisão preventiva
de acusado que, depois, venha a ser absolvido na sentença final (a menos que haja
alguma ilegalidade na prisão).
➢ Responsabilidade civil dos notários (tabeliães):
▪ Subjetiva, ou seja, os notários só respondem em caso de dolo ou culpa.
▪ Ação de reparação prescreve em três anos.
Ainda, em razão do princípio da isonomia entende que o mesmo prazo se aplica para
as ações da Fazenda contra o particular (REsp 1.541.129).
c) INCORRETO. "A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido
de que pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade objetiva em relação a terceiros usuários e não usuários do serviço público".
(ARE 886570 ED)
Nota: a posição antiga do STF dizia que, com relação aos não usuários, a
responsabilidade era subjetiva, até que esse entendimento foi reformado, em sede de
repercussão geral (RExt 591.874, 17-12-2009), já que o art. 37, § 6º, da Constituição não
faz essa diferenciação.
d) CORRETO. A responsabilidade estatal depende de conduta oficial, isto é, o Estado
apenas responde pelos atos de seus servidores quando pertinentes ao cargo (art. 37, § 6º,
CRFB).
e) INCORRETO. A própria responsabilidade estatal nesses casos é controversa,
estando pendente recurso com repercussão geral reconhecida que trata do tema (Resp
632115).
Gabarito: Letra “d”.
Questão 23 (CEBRASPE, TRF5ª Região, CEBRASPE, Juiz Federal Substituto, 2017)
Acerca da responsabilidade civil, assinale a opção correta de acordo com a
doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) Situação hipotética: Uma autarquia federal, por meio de processo
licitatório, celebrou contrato com empresa para a prestação de serviços de
limpeza em sua sede. A referida empresa não honrou com as obrigações
trabalhistas com os seus empregados, que realizavam os serviços na sede
do ente público. Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade
objetiva extracontratual da União, nos termos do entendimento do STF.
b) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estabeleceu
a responsabilidade do estado durante a realização de evento internacional
na capital dessa unidade federativa: o estado assumiria os efeitos da
responsabilidade civil perante os organizadores do evento, por todo e
qualquer dano resultante ou que surgisse em função de qualquer incidente
ou acidente de segurança relacionado ao referido evento, exceto na situação
em que organizadores ou vítimas concorressem para a ocorrência do dano.
Assertiva: Conforme entendimento do STF, a referida lei estadual é
constitucional, pois a Constituição Federal de 1988 não esgota matéria
relacionada à responsabilidade civil.
c) Situação hipotética: Um professor de escola pública foi agredido por um
aluno em sala de aula, tendo sido atingido por disparo de arma de fogo.
Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade subjetiva estatal devido
à conduta omissiva do Estado pelo não oferecimento de segurança adequada
aos seus servidores.
O dispositivo acima teve a sua constitucionalidade reconhecida pelo STF, por ocasião
do julgamento da ADC 16, rel. Ministro Cezar Peluso, em 24.11.2010, em virtude de
jurisprudência firmada no âmbito da Justiça do Trabalho, segundo a qual, em ocorrendo a
inadimplência de empresa contratada pela Administração Pública, relativamente aos
encargos trabalhistas, dever-se-ia atribuir ao Estado uma responsabilidade subsidiária e
objetiva em razão, tão só, da própria inadimplência.
O STF, contudo, rechaçou este entendimento, de sorte que, a partir de então, a
responsabilidade subsidiária do Estado, em casos tais, passou a depender da demonstração
de conduta negligente, atribuível aos agentes públicos competentes, no que se refere ao
dever de fiscalização da execução contratual. Com isso, afastou-se a tese de
responsabilidade objetiva do Estado pelos encargos trabalhistas da empresa contratada,
passando a ser imprescindível, como se vê, a comprovação de uma conduta culposa, o que
implica tratar-se de responsabilidade subjetiva.
Incorreta, portanto, esta primeira alternativa.
b) CORRETA. A presente assertiva se revela em linha com jurisprudência assentada
pelo STF, no bojo do julgamento da ADI 4976, rel. Min. Ricardo Lewandowski, como se extrai
do respectivo trecho da ementa a seguir transcrita:
"A disposição contida no art. 37, § 6º, da Constituição Federal não esgota a matéria
relacionada à responsabilidade civil imputável à Administração, pois, em situações
especiais de grave risco para a população ou de relevante interesse público, pode o
Estado ampliar a respectiva responsabilidade, por danos decorrentes de sua ação ou
omissão, para além das balizas do supramencionado dispositivo constitucional,
inclusive por lei ordinária, dividindo os ônus decorrentes dessa extensão com toda a
sociedade."
c) INCORRETA. Na realidade, embora nesta situação hipotética, o dano decorra de
atuação de um terceiro - um aluno, o qual, portanto, não é considerado agente público - fato
é que, em casos desta natureza, o Estado coloca-se em posição de agente garantidor de
pessoas ou coisas que estejam sob sua custódia, havendo genuíno dever legal de evitar
resultados danosos contra todos que ali se encontrem. O mesmo raciocínio vale também
para os presos dentro de uma penitenciária, para pessoas internadas em hospitais públicos,
para automóveis que tenham sido rebocados e que estejam guardados em pátios públicos,
etc.
A propósito do tema, colhe-se a seguinte lição de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo:
"(...)é importante que nas hipóteses de pessoas ou coisas sob custódia do Estado,
haverá responsabilidade civil objetiva deste, mesmo que o dano não decorra de uma
atuação comissiva direta de um de seus agentes. Quando o Estado está na posição de
garante, quando tem o dever legal de assegurar a integridade de pessoas ou coisas
sob sua custódia, guarda ou proteção direta, responderá com base no art. 37, §6º, por
danos ocasionados a essas pessoas ou coisas, mesmo que não diretamente causados
por atuação de seus agentes."
d) INCORRETA. A parte final da assertiva revela-se incorreta, porquanto a
responsabilidade civil do agente público, na realidade, é de natureza subjetiva, não
prescindindo, portanto, da demonstração do elemento culpa, vale dizer, da presença de dolo
ou culpa atribuíveis ao agente causador do dano. Não se lhe aplica, pois, a teoria do risco
administrativo, a qual, na verdade, direciona-se apenas ao próprio Estado.
e) INCORRETA. De acordo com o entendimento firmado pelo STF, o art. 37, §6º, da
CRFB/88, comporta um sistema de dupla garantia, sendo uma delas em favor do próprio
agente público causador do dano, consistente na impossibilidade de vir a responder,
diretamente, perante o particular, que experimentou a redução patrimonial, mas sim, tão
somente, mediante ação regressiva a ser proposta pelo Estado, desde que presente o dolo
ou a culpa na conduta do referido servidor estatal.
Na linha do exposto, trazemos o seguinte julgado:
"DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS. AGENTE PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 327.904, sob a relatoria do
a) INCORRETA. A teoria do risco administrativo (adotada pela nossa CRFB no art. 37,
§6º, mas que não alcança os danos ocasionados por omissão, que são regulados pela culpa
administrativa) NÃO afasta as causas excludentes de responsabilidade, consubstanciadas
no caso fortuito/força maior/culpa exclusiva da vítima, que, segundo alguns
administrativistas, afastam o próprio nexo de causalidade;
danos. Mas estaria tal reparação sujeita a prescrição? O STJ firmou entendimento no sentido
de que a reparação civil por danos, nessa hipótese, não está sujeita a prazo prescricional,
porque os atos cometidos durante a ditadura foram praticados num Estado de exceção.
Houve um afastamento do Direito, da própria normalidade do Estado, e isso tornou, por
muitos anos, impossível a reparação dos danos a tempo. Com isso, consolidou-se a tese da
imprescritibilidade da reparação de danos caso de serem tais danos decorrentes da atuação
estatal durante o regime militar.
A questão não trata da prescrição penal, mas da civil; não se fala em prescritibilidade
de um direito da personalidade, mas sim da prescritibilidade à reparação oriunda de uma
lesão a direito da personalidade; em regra há prescrição quanto às lesões ao direito da
personalidade, mas especificamente no caso de tais lesões serem decorrentes de torturas
praticadas pelo Estado na ditadura, entende-se imprescritível a reparação civil de danos.
Gabarito: Correta.
Questão 39 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue os seguintes itens, que versam sobre responsabilidade civil do Estado.
( ) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público
alcança também não usuários do serviço por ela prestado.
Comentários:
Tradicionalmente, a responsabilidade civil objetiva em razão de danos causados pelo
serviço público só era reconhecida em relação aos usuários do serviço público. Contudo, o
STF alterou tal posicionamento por uma razão muito simples: o §6º do art. 37 da CRFB, que
trata dessa responsabilidade, não faz nenhuma distinção entre o usuário e o não usuário do
serviço.
Portanto, desde os julgados em que assim se reconheceu, a partir de 2007, podemos
afirmar que a responsabilidade civil das concessionárias de serviço público é objetiva,
independentemente de a vítima do dano ser ou não usuária do serviço público prestado.
Gabarito: Correta.
Questão 40 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2017)
Caio, detento em unidade prisional do estado de Alagoas, cometeu suicídio
no interior de uma das celas, tendo se enforcado com um lençol. Os
companheiros de cela de Caio declararam que, mesmo diante de seus
apelos, nada foi feito pelos agentes penitenciários em serviço para evitar o
ato. A família de Caio procurou a Defensoria Pública a fim de obter
esclarecimentos quanto à possibilidade de receber indenização do Estado.
Nessa situação hipotética, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, o defensor público responsável pelo atendimento deverá informar a
família de Caio de que
a) será necessário, para o ajuizamento de ação de reparação de danos
morais, provar que as condições de cumprimento de pena eram desumanas.
b) CORRETA. O Controle exercido pelo Tribunal de Contas não é jurisdicional, por isso
que não há qualquer vinculação da decisão proferida pelo órgão de controle e a possibilidade
de ser o ato impugnado em sede de ação de improbidade administrativa, sujeita ao controle
do Poder Judiciário, consoante expressa previsão do art. 21, inc. II, da Lei nº 8.429 /1992.
(STJ - REsp 1.032.732)
c) INCORRETA. O STF definiu que há responsabilidade civil objetiva (dever de
indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam serviço
público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não usuários.
d) INCORRETA. Há nexo de causalidade entre a omissão do Estado e o latrocínio em
razão da fuga. Não incidirá a responsabilidade apenas no caso de se transcorrer certo
tempo. Já vi questões nesse sentido.
e) INCORRETA. Lei que causou prejuízo pode gerar responsabilização e, assim,
indenização.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 43 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2017)
Com referência à organização administrativa, ao controle dos atos da
administração pública e ao entendimento jurisprudencial acerca da
responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
( ) É objetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos em relação a terceiros, usuários ou não do
serviço, podendo, ainda, o poder concedente responder subsidiariamente
quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com
indenizações.
Comentários:
O Supremo Tribunal Federal definiu que há responsabilidade civil objetiva (dever de
indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam serviço
público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não usuários (RExt 591.874).
Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em situações em que
o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização pelos prejuízos a que
deu causa (STJ, REsp 1.135.927).
Gabarito: Correta.
Questão 44 (MPT, Procurador do Trabalho, 2017)
Sobre o preceito que consagra a responsabilidade extracontratual do Estado,
considerando a Constituição da República e a jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Consagra direito fundamental dos cidadãos, representando uma repulsa
ao dogma da infalibilidade do Estado e dos seus representantes e agentes.
sua atuação protetiva de modo a romper com o nexo causal entre sua
omissão e o resultado danoso.
d) A morte de detento gera responsabilidade civil do Estado pela
inobservância do seu dever específico de proteção previsto na Constituição,
admitindo-se a comprovação pelo poder público de causa excludente do nexo
de causalidade entre a sua omissão e o dano sofrido pela vítima.
e) Nenhuma das alternativas anteriores responde ao comando da questão.
Comentários:
a) CORRETA. A teoria adotada pelo Brasil em relação à Responsabilidade Civil do
Estado é a teoria do Risco Administrativo, ou seja, responde o Estado objetivamente caso
seja comprovado o nexo causal entre o dano e a conduta de suas atividades administrativas.
São excludentes dessa teoria: caso fortuito ou força maior culpa exclusiva da vítima e culpa
de terceiro - casos em que se exclui o nexo causal entre a conduta e o dano.
b) CORRETA. No caso de omissão Estatal, a responsabilidade deixa de ser objetiva
(na qual há apenas a necessidade de demonstrar nexo causal entre conduta e dano nas
atividades administrativas) e vem a ser subjetiva, ou seja, aquele que cria risco de dano para
terceiros, deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade ou comportamento sejam
isentos de culpa. Exemplo: casas que foram destruídas por uma enchente e há a
comprovação que a enchente decorreu de entupimento dos bueiros (omissão estatal na
manutenção dos bueiros e evidente nexo causal entre a omissão e o dano), caracterizando
a responsabilidade estatal.
c) INCORRETA. Para haver imputação Objetiva ao Estado, é necessária a
comprovação de nexo causal entre o dano e o resultado. Até mesmo na responsabilidade
objetiva há a necessidade de comprovação de nexo causal entre a omissão e o dano.
A teoria do risco administrativo encontra-se vinculada com o nexo de causalidade, não
havendo este não se torna possível cogitar responsabilidade Estatal, com exceção de raros
casos nos quais a teoria do risco integral prevalece.
d) CORRETA. O Supremo Tribunal Federal no RExt 841.526, em sede de repercussão
geral, por unanimidade, reconheceu que a morte de detento em estabelecimento
penitenciário gera a responsabilidade civil do Estado. Para os Ministros do STF o art. 5º,
XLIX, da CRFB consagra a regra de que aos presos é assegurado o respeito à integridade
física e moral, não comportando o dispositivo constitucional qualquer ressalva ou
condicionante, independentemente de ser morte por homicídio ou suicídio.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 46 (FCC, SEGEP-MA, Procurador do Estado, 2016)
Uma célula de grupo terrorista detona uma carga explosiva em aeronave de
matrícula brasileira, operada por empresa brasileira de transporte aéreo
público, causando mortes e ferimentos em diversos passageiros. Esclareça-
se que a aeronave decolou de aeroporto brasileiro e a explosão ocorreu por
ano de 1873 pode ser considerado o divisor de águas entre o período da irresponsabilidade
estatal e a fase da responsabilidade subjetiva.
A assertiva II está CORRETA. Realmente, consoante mencionamos na parte histórica
da presente aula, a teoria da responsabilidade subjetiva perdurou entre 1874 e 1946.
A assertiva III está CORRETA. A teoria objetiva afasta a necessidade de comprovação
de culpa ou dolo do agente público e fundamenta o dever de indenizar na noção de RISCO
ADMINISTRATIVO.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 49 (CONSESP, DAE-Bauru, Procurador Jurídico, 2015)
A Constituição Federal, ao disciplinar que as pessoas jurídicas responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
adotou expressamente a teoria de
a) Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
Comentário:
A teoria do órgão foi desenvolvida pelo alemão Otto Gierke, no início do século
passado, e adota o critério de “imputação”, ou seja, a responsabilidade é imputada ao
Estado. Em outras palavras, a vontade do órgão é imputada à pessoa jurídica a cuja
estrutura pertence. Então é comum observar na doutrina a expressão: teoria da imputação
(ou teoria volitiva) como sinônimo de teoria do órgão.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 50 (UEPA, PGE-PA, Procurador do Estado, 2015)
Quanto à responsabilização da Fazenda Pública por danos causados por seus
agentes, é correto afirmar que:
I. Nos termos do art. 1-C, da Lei nº. 9494/1997, com a redação dada pela
MP nº. 2.180/2001, o prazo prescricional para a propositura das ações de
indenizações por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos é de três anos.
II. O termo inicial para a propositura da ação de indenização contra o Estado,
conforme dispõe o art. 1 do Decreto n. 20.910/1932, é a data do ato ou fato
que deu origem à ação de indenização.
III. O prazo prescricional de todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
Pública federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescreve em cinco anos nos termos do Decreto n. 20.910/1932, com
e) 5
Questão 21 (VUNESP, DPU-MS, Defensor Público, 2012)
A omissão na prestação do serviço tem levado à aplicação da teoria da culpa
do serviço público, por uma culpa anônima, não individualizada, e por um
dano que decorreu da omissão do poder público. Assinale a alternativa que
traduz uma hipótese de culpa do serviço, que gera responsabilidade civil do
Estado.
a) Danos causados pela aplicação, por parte do Poder Executivo, de norma
declarada inconstitucional.
b) Danos causados, em parte, pela própria vítima, que dirigia em alta
velocidade em via pública com irregularidades na pavimentação.
c) Danos causados por enchentes, demonstrando-se que os serviços de
limpeza dos rios ou dos bueiros teriam sido suficientes para impedir a
enchente.
d) Danos causados por multidão ou por delinquentes, demonstrando-se a
ocorrência do fato e do resultado danoso.
Questão 22 (FCC, TST, Juiz do Trabalho Substituto, 2017)
Em matéria de responsabilidade civil extracontratual do Estado, é correto
afirmar:
a) O caso fortuito, a força maior e a culpa concorrente da vítima rompem o
nexo causal e, por conseguinte, afastam a responsabilidade civil objetiva do
Estado.
b) No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de
que o prazo prescricional para a propositura da ação indenizatória é de três
anos contados da ocorrência do evento danoso.
c) A responsabilidade dos concessionários de serviços públicos, de acordo
com a jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal, não se
sujeita à aplicação da teoria objetiva quanto a danos causados a terceiros
não usuários.
d) A expressão “nessa qualidade”, prevista no art. 37, § 6° , da CF/88,
significa que somente podem ser atribuídos à pessoa jurídica os
comportamentos do agente público levados a efeito durante o exercício da
função pública, em razão do que os danos causados por servidor público em
seu período de férias, em princípio, não implicam responsabilização objetiva
do Estado.
e) A imunidade relativa a opiniões, palavras e votos, em sede de atos
legislativos, prevista no texto constitucional de 1988, não afasta o direito de
regresso do Estado contra o parlamentar.
Questão 23 (CEBRASPE, TRF5ª Região, CEBRASPE, Juiz Federal Substituto, 2017)
Acerca da responsabilidade civil, assinale a opção correta de acordo com a
doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
acidente, uma vez que, provada, ela pode excluir ou atenuar o valor da
indenização.
Questão 25 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2017)
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia militar que
estava regularmente estacionada. Do acidente resultaram lesões em cidadão
que estava retido dentro do compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão
então ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o Estado,
alegando responsabilidade objetiva. O procurador responsável pela
contestação deixou de alegar culpa exclusiva de terceiro e não solicitou
denunciação da lide. O corregedor determinou a apuração da
responsabilidade do procurador, por entender que houve negligência na
elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público
alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item.
( ) Diante da ausência de denunciação da lide, ficou prejudicado o direito
de regresso do Estado contra o motorista causador do acidente.
Questão 26 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2016)
Acerca de direitos da personalidade, responsabilidade civil objetiva e prova
de fato jurídico, julgue o item seguinte.
( ) A teoria da responsabilidade civil objetiva aplica-se a atos ilícitos
praticados por agentes de autarquias estaduais.
Questão 27 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) A teoria do Risco Integral admite a culpa concorrente da vítima como
cláusula excludente de responsabilidade. No entanto, deverá ser investigada
a culpa da vítima nos termos da teoria da responsabilidade subjetiva.
Questão 28 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Ocorre a culpa do serviço (faute du service) quando o serviço público
não funcionou (omissão), sua prestação se deu de maneira atrasada ou
apresentou mau funcionamento. Poderá se configurar quando a
concessionária de serviço público de transporte aéreo cancela voo sem
prévia comunicação e sem qualquer motivação.
Questão 29 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha
ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios danos à
saúde do condutor do veículo particular.
Considerando essa situação hipotética e a responsabilidade civil da
administração pública, julgue os itens subsequentes.
e) I, II e III.
Questão 49 (CONSESP, DAE-Bauru, Procurador Jurídico, 2015)
A Constituição Federal, ao disciplinar que as pessoas jurídicas responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
adotou expressamente a teoria de
a) Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
Questão 50 (UEPA, PGE-PA, Procurador do Estado, 2015)
Quanto à responsabilização da Fazenda Pública por danos causados por seus
agentes, é correto afirmar que:
I. Nos termos do art. 1-C, da Lei nº. 9494/1997, com a redação dada pela
MP nº. 2.180/2001, o prazo prescricional para a propositura das ações de
indenizações por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos é de três anos.
II. O termo inicial para a propositura da ação de indenização contra o Estado,
conforme dispõe o art. 1 do Decreto n. 20.910/1932, é a data do ato ou fato
que deu origem à ação de indenização.
III. O prazo prescricional de todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
Pública federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescreve em cinco anos nos termos do Decreto n. 20.910/1932, com
exceção das ações indenizatórias que de acordo com o Código Civil
prescrevem em 3 (três) anos.
IV. A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de
cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
metade do prazo.
Após análise das assertivas acima, conclui-se que:
a) Existe apenas 1 assertiva correta.
b) Existem apenas 2 assertivas corretas.
c) Existem apenas 3 assertivas corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.
18.1 - Gabaritos
2) E 3) C 4) E 5) C
1) E
7) E 8) C 9) E 10) C
6) E
12) D 13) B 14) D 15) B
11) C
17) C 18) E 19) E 20) B
16) E
22) D 23) B 24) C 25) C
21) C
27) E 28) C 29) E 30) C
26) E
32) E 33) C 34) A 35) B
31) E
37) C 38) C 39) C 40) B
36) D
42) B 43) C 44) B 45) D
41) A
47) B 48) E 49) A 50) B
46) E
19 - Considerações Finais
Amigos,
Chegamos ao final de mais uma aula.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco.
Espero que tenham aproveitado. Até a próxima!
Bons estudos!
Renato Borelli
20 - Referências
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São
Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas,
2014.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade
civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Vol. 7.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum,
2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Noronha, Fernando. Direito das obrigações. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
Vol. I.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed.
JusPODIVM, 2014.