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Direito Administrativo p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)

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Juiz de Direito – Curso Regular

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Sumário
1 - Breve histórico .......................................................................................................................... 4
2 - Introdução ................................................................................................................................ 6
2.1 - Atos comissivos e atos omissivos .......................................................................................... 7
3 -Evolução das teorias sobre a responsabilidade civil do Estado. ....................................................... 10
3.1 - A teoria da irresponsabilidade ............................................................................................. 11
3.2 - Teorias civilistas ................................................................................................................ 11
3.3 - Teorias publicistas ............................................................................................................. 12
4 - Evolução da responsabilidade civil extracontratual em nosso ordenamento ..................................... 16
5 - Responsabilidade objetiva do Estado .......................................................................................... 20
6 - Responsabilidade subjetiva do Estado ........................................................................................ 27
7 - Nexo causal ............................................................................................................................ 28
8 - Excludentes ou atenuantes da responsabilidade Estatal ................................................................ 31
9 - O que é o dano indenizável? ..................................................................................................... 36
10 - A ação de reparação do dano .................................................................................................. 36
10.1 - A impossibilidade de denunciação à lide ............................................................................. 38
10.2 - Quanto aos juros de mora ................................................................................................ 39
11 - A ação regressiva: Estado X Agente público .............................................................................. 43
12 - Responsabilidade per saltum ................................................................................................... 45
13 - Responsabilidade administrativa, civil e penal do agente público .................................................. 46
14 - Interessantes casos de responsabilidade civil do Estado tratados pela jurisprudência ..................... 49
14.1 - Atos legislativos e omissão legislativa ................................................................................ 49
14.2 - Atos jurisdicionais ............................................................................................................ 50
14.3 - Obras públicas ................................................................................................................ 52
14.4 - Pessoas ou bens sob responsabilidade do Estado ................................................................. 53
14.5 - Danos causados por presidiários foragidos de estabelecimentos prisionais .............................. 54
14.6 - Responsabilidade em caso de dano nuclear ......................................................................... 54
14.7 - Intervenção estatal na economia ....................................................................................... 55
14.8 - Danos decorrentes de falhas em concursos públicos ............................................................. 55
14.9 - Serviços notariais ............................................................................................................ 56
15 - Jurisprudência sobre o tema.................................................................................................... 58
16 - Resumão da aula ................................................................................................................... 71
17 - Mais questões de prova .......................................................................................................... 73
18 - Questões comentadas em aula ................................................................................................ 97
18.1 - Gabaritos...................................................................................................................... 113
19 - Considerações Finais ............................................................................................................ 113
20 - Referências ......................................................................................................................... 114

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Direito Administrativo Para Concursos


Olá, turma!
O tema de hoje é extremamente cobrado em provas das Carreiras Jurídicas.
Estudaremos a Responsabilidade Civil do Estado, e seremos orientados pelo
sumário acima.
Bons estudos!

1 - Breve histórico
Muito se sabe que o Direito tem como finalidade a busca da pacificação
social por meio de normas e técnicas de solução de conflitos. Daí decorre a
necessidade de se compreender o desenvolvimento da responsabilidade civil ao
longo dos tempos.
A responsabilidade civil tem extensa evolução histórica. De forma geral, o
dano causado pelo ilícito sempre foi combatido pelo Direito, mas o que se
modificou ao longo da história foi a forma de ação contra os danos sofridos em
decorrência de um ato praticado em descumprimento a dever de conduta.
No primeiro estágio de evolução histórica da responsabilidade civil não se
levava em consideração a culpa do agente causador do dano, bastando a ação
ou omissão deste, bem como o prejuízo sofrido pela vítima para que aquele fosse
responsabilizado. Nessa época, os costumes regiam as regras de convivência
social, levando os ofendidos a reagir de forma direta e violenta contra o causador
do dano.
O marco inicial da responsabilidade civil no Direito Romano relaciona-se com
referido período, fazendo com que a retaliação passasse a ser reconhecida e
legitimada pelo Poder Público; é o denominado período da vingança privada. “O
talião, aplicado primeiramente pelos povos do Oriente Médio e depois por outros
que foram influenciados por eles, como os da bacia mediterrânea (chegando à
Roma do tempo da Lei das XII Tábuas, que é de meados do século V a.C.),
representou outro progresso, com a reciprocidade que representava, entre ofensa
e castigo – mesmo que hoje pareçam chocantes preceitos como o contido no §
230 do Código de Hammurabi (de começos do século XVIII a.C.), segundo o qual
se a casa construída ruísse e matasse o filho do proprietário, o filho do construtor
deveria ser morto.”1
Na sequência, tivemos o período da composição, onde a vítima passou a
perceber as vantagens e conveniências da substituição da violência pela

1 Noronha, Fernando. Direito das obrigações. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. Vol. I, p. 528.

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compensação econômica do dano. Foi aí que surgiu o princípio segundo o qual o


patrimônio do ofensor deveria responder por suas dívidas e não sua pessoa.
Somente com o surgimento da Lei de Aquilia é que se inicia um princípio
norteador para reparação do dano. Consoante lições do Direito Civil, essa norma
foi um plebiscito aprovado em fins do século III, que possibilitou atribuir ao titular
de bens o direito de obter o pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem
tivesse destruído ou deteriorado seus bens. A Lei de Aquilia é vista como marco
fundamental para a aplicação da culpa na obrigação de indenizar, originando a
responsabilidade extracontratual.
Após esse período, o Estado assumiu definitivamente o ius puniendi,
tomando para si a função de punir os ofensores da ordem jurídica – eis que surge
a ação de indenização derivada da responsabilidade civil.
A Idade Moderna foi marcada pela mudança de paradigma no fundamento
da responsabilidade civil, que passou a se situar na quebra do equilíbrio
patrimonial causado pelo dano. Houve, então, uma transferência do enfoque da
culpa, como fenômeno centralizador da indenização, para o dano
No Brasil, a responsabilidade civil passou por várias etapas, especialmente
pela modificação da legislação existente. A título de exemplo, o Código Criminal
de 1830, que se fundava na Justiça e Equidade, previa a reparação natural ou a
indenização ao ofendido, quando fosse viável.
Nossa atual Codificação Civil impõe a necessidade de reparação do dano
causado por ato ilícito (arts. 186 e 187), inclusive com a obrigação de reparação
do prejuízo, independentemente de culpa, nos casos especificados pela lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Trata-se da chamada teoria do risco, fruto de trabalhos do final do século
XX, principalmente de juristas da França, que buscavam um fundamento para a
responsabilidade objetiva.
Em apertada síntese, a evolução histórica da responsabilidade civil é
marcada pela noção de reparabilidade por um mal causado a alguém. Tal ideia
parte inicialmente da confusão entre responsabilidade civil e criminal, com a
vingança privada, até o conceito atual, subjetivo, de reparação fundada na culpa,
juntamente com a tendência contemporânea à objetivação do instituto na teoria
do risco.

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2 - Introdução
O vocábulo “responsabilidade” é utilizado para qualquer situação em que
alguém deva responder pelas consequências dos seus atos. Esse “alguém”, no
nosso tema de estudo, é o próprio Estado que, por possuir personalidade jurídica,
também é titular de direitos e obrigações na ordem civil.
No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice
responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil, inconfundíveis,
independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis.
Em apertada síntese a responsabilidade administrativa resulta de infração a
normas administrativas; a responsabilidade penal decorre da prática de crimes e
contravenções tipificados na lei penal; já a responsabilidade civil decorre de
infrações a normas de direito civil, gerando para o infrator a obrigação de reparar
o dano ou de ressarcir o prejuízo causado a outrem.
A responsabilidade do Estado como pessoa jurídica, é sempre civil. A
responsabilidade civil tem como pressuposto a ocorrência de um dano (prejuízo).
Significa que o sujeito só é civilmente responsável se sua conduta ou omissão
provocar dano ao terceiro, dano que pode ser de ordem material (patrimonial)
ou moral.
A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização, que é
o montante pecuniário necessário para reparar os prejuízos causados pelo
responsável.
Na maioria das relações entre particulares, o direito civil reconhece a
chamada responsabilidade contratual. A responsabilidade contratual, como o
próprio nome sugere, se funda no descumprimento de cláusulas estabelecidas
em contratos prévios firmados entre as partes.
Diversamente, a responsabilidade civil do Estado constitui modalidade
extracontratual, por inexistir um contrato que sustente o dever de reparar. Para
caracterizar a responsabilidade civil ou extracontratual do Estado, basta que haja
um dano (patrimonial e/ou moral) causado a terceiro por comportamento
omissivo ou comissivo de agente público. A responsabilidade civil impõe ao
Estado a obrigação de reparar (indenizar) esse dano.
Aqui, cabe lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser
intangível, que somente se faz presente no mundo jurídico através dos seus
agentes, pessoas físicas, cuja conduta é a ele imputada. O Estado, por si só, não
pode causar danos a ninguém.

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Sendo assim, a responsabilidade civil do Estado pressupõe a existência de


três sujeitos: o Estado, o terceiro lesado e o agente do Estado. Neste cenário, a
Constituição Federal disciplina que o Estado é civilmente responsável pelos danos
que seus agentes causarem a terceiros (CRFB, art. 37, §6º). Ou seja, é o Estado
quem deverá reparar os prejuízos causados por seus agentes, pagando as
respectivas indenizações aos terceiros lesados. Isso não impede, contudo, que o
Estado, depois de indenizar a vítima, cobre o ressarcimento correspondente de
seus agentes que tenham agido com dolo ou culpa. Aprofundaremos esse assunto
no decorrer da aula.
Detalhe importante é que o surgimento da responsabilidade não requer que
o ato do agente público seja ilícito (contrário a lei): a responsabilidade civil do
Estado pode decorrer de atos ou comportamentos que, embora lícitos, causem
danos a terceiros (ou, nas palavras de Di Pietro, “causem a pessoas determinadas
ônus maior que o imposto aos demais membros da coletividade”).
Com base nessas noções preliminares, a profª Di Pietro apresenta a seguinte
definição para responsabilidade civil do Estado: obrigação de reparar danos
causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou
omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes
públicos.

2.1 - Atos comissivos e atos omissivos


Conforme falamos acima, a responsabilidade civil da Administração Pública
consiste na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais
ou estéticos que seus agentes, atuando nessa qualidade, causarem a
terceiros, podendo ser dividida em dois grandes grupos: a contratual,
decorrente do descumprimento de cláusulas constantes em contratos
administrativos, e a extracontratual (ou aquiliana), que abrange as demais
situações e será abordada nesta aula. Registro que a responsabilidade contratual
possui regras próprias que são detalhadas na aula referente aos contratos
administrativos.
Nas questões relativas à responsabilidade civil extracontratual do Estado (ou
aquiliana), sempre podem ser identificados três envolvidos: o Estado, o
agente público que atua em nome do Estado e um terceiro lesado por um
comportamento desse agente público.
A expressão “agente público”, para efeito de responsabilização civil do
Estado, não compreende apenas o ocupante de cargo público, abrangendo
também empregados públicos, titulares de serviços notariais e registrais

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(cartórios), empregados ou prepostos de pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público etc.
A amplitude da expressão “agente público” faz com que a expressão
“responsabilidade do Estado” assuma caráter bem mais abrangente do que sua
literalidade parece apontar. O tema compreende não só a responsabilidade civil
extracontratual das pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito
Federal, Municípios, autarquias e parte das fundações públicas) decorrente do
exercício da função administrativa, mas também a responsabilidade de pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, por exemplo,
as concessionárias de serviços de telecomunicações e as emissoras de televisão.
Admite-se, ainda, em situações excepcionais, a responsabilidade civil do Estado
decorrente do exercício das funções legislativa e judiciária.
A responsabilização civil extracontratual obriga o Estado a indenizar os danos
decorrentes tanto de atos lícitos (legais ou em conformidade com a lei) quanto
de atos ilícitos (ilegais ou contrários à lei).
Como exemplos da primeira hipótese (responsabilidade decorrente de ato
lícito), têm-se todos os casos em que uma obra é realizada com o objetivo de
atender determinado interesse público, mas provoca dano a pessoas específicas
e determinadas, como ocorreu no caso da construção do famoso elevado
Presidente João Goulart, denominado “Minhocão”, na municipalidade de São
Paulo. A obra trouxe efetivas melhorias no trânsito da região, mas desvalorizou
os imóveis do entorno, o que fez surgir o dever de indenizar por parte do Estado,
como decorrência do simples “fato da obra”.
No que concerne à segunda hipótese (responsabilidade decorrente de ato
ilícito), pode ser vislumbrada uma situação em que o Estado arbitrariamente
interdita determinado estabelecimento comercial que cumpria todos os requisitos
legais para o exercício da atividade, o que, por óbvio, também faz surgir o dever
estatal de indenizar.
A responsabilidade civil extracontratual do Estado pode decorrer de atos
comissivos ou omissivos de seus agentes.
Os atos comissivos são aqueles em que o agente público atua positivamente,
causando dano a um terceiro. Como exemplo, imaginemos que um motorista
embriagado, servidor da União Federal, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
Os atos omissivos são aqueles em que o agente público não age
(comportamento designado por alguns como uma “atuação negativa”) e sua
omissão, apesar de não causar diretamente o dano, possibilita sua ocorrência.
Não é qualquer ato omissivo praticado por agente público que enseja a

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responsabilização civil estatal. A responsabilização do Estado por atos


omissivos só ocorre quando o agente público omisso tem o dever legal
de praticar um determinado ato, e não o faz. Imaginemos o caso de um
agente salva-vidas que permanece inerte diante de uma situação em que um
banhista está se afogando, vindo a falecer sem ser socorrido. Nesse caso, o
Estado pode ser responsabilizado pela omissão do agente público, uma vez que
este tinha o dever legal de agir, tentando salvar a vida do banhista. Por outro
lado, utilizando o mesmo exemplo, se, em vez do guarda salva-vidas, a omissão
fosse praticada por um Fiscal do IBAMA, o Estado não poderia ser
responsabilizado, visto que o Fiscal não tinha o dever legal de tentar salvar o
banhista.
Ressaltamos que a responsabilização civil do Estado requer que o dano a ser
indenizado seja provocado por ato emanado de agente público (quer seja o ato
comissivo ou omissivo). Inclusive, o Estado só responde por ato de seus agentes
quando estes estiverem no exercício de suas funções públicas (ou pelo menos
aparentando estarem no exercício funcional). Se o servidor público em suas horas
de lazer causa dano a alguém, por óbvio o Estado não responde pela reparação
dos prejuízos. Do mesmo modo, o Estado também não responde pela reparação
do dano provocado por particulares, que não possuam qualquer vínculo estatal.
A propósito, o STF, no julgamento da ADI 1.358, considerou inconstitucional a lei
que concedia pensão especial a ser paga pelo Governo do Distrito Federal a
cônjuges de pessoas assassinadas, vítimas de crimes hediondos. Na
oportunidade, a Corte reconheceu que a norma impugnada violava o art. 37, §
6º, da CRFB, impondo ao Governo do Distrito Federal uma responsabilidade muito
além daquela prevista na Constituição, já que ao não exigir que o causador do
dano fosse agente público, a norma em questão responsabilizava o Distrito
Federal por atos de terceiros, estranhos à Administração.

Questão 01 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)


Julgue o item a seguir
( ) A responsabilidade aquiliana não se aplica ao Estado, visto que se trata de modalidade
típica do direito civil.
Comentário:
A responsabilidade aquiliana (ou objetiva extracontratual) é aplicável à administração
pública, indiscutivelmente nas hipóteses de ação voluntária, com discussão na hipótese de
omissão voluntária.

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Gabarito: Incorreta.
Questão 02 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada) Sobre
responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) para sua configuração dependerá de prova de dolo ou culpa do agente.
Comentário:
A responsabilidade extracontratual do Estado é de natureza OBJETIVA, ou seja, o dever de
indenizar do Estado independe de culpa, bastando que se verifique a ocorrência da conduta
(ato administrativo), do dano (prejuízo suportado pelo administrado seja ele usuário ou não
dos serviços públicos) e do nexo causal entre a conduta e o dano.
O nosso ordenamento jurídico adotou a teoria do risco administrativo como fundamento para
a responsabilidade objetiva a qual informa que deve ser atribuída ao Estado a
responsabilidade pelo risco criado por sua atividade administrativa.
No entanto, é possível que o Estado afaste sua responsabilidade quando verificada a quebra
do nexo causal, como ocorre nos casos de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força
maior (culpa concorrente da vítima = atenuante de responsabilidade).
OBS: A teoria do risco administrativo difere da teoria do risco proveito, uma vez que esta
não admite excludentes de responsabilidade sendo a mesma verificada nos danos
ambientais.
Gabarito: Incorreta.
Questão 03 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)
Julgue o item a seguir
( ) A licitude da atuação estatal não elide a sua responsabilização, quando houver injusta
distribuição dos ônus da atividade administrativa.
Comentário:
Está correta a, e como exemplo, podemos citar o da desapropriação realizada pelo Estado,
que a partir de uma prática legal mas que causa danos (ônus) a determinadas pessoas, tem
o dever de indenizá-las justamente, tendo o Estado responsabilização (não elidida) mesmo
assim.
Gabarito: Correta.

3 -Evolução das teorias sobre a responsabilidade civil


do Estado.
O tema da responsabilidade civil não tem recebido, ao longo do tempo,
tratamento uniforme nos diversos ordenamentos jurídicos. A doutrina relata a
existência das seguintes teorias sobre o assunto:
1) teoria da irresponsabilidade;
2) teorias civilistas (responsabilidade civil do Estado a partir da
aplicação das normas de Direito Privado);
a) teoria dos atos de império e de gestão; e

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b) teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva;


3) teorias publicistas (responsabilidade civil do Estado a partir da
aplicação das normas do Direito Público);
a) teoria da culpa administrativa (culpa anônima ou culpa do serviço
público);
b) teoria do risco administrativo;
c) teoria do risco integral.
Passemos, agora, à análise de cada uma dessas teorias.

3.1 - A teoria da irresponsabilidade


Essa teoria teve maior destaque na época dos regimes absolutistas, e hoje
tem valor meramente histórico, estando completamente superada. A teoria da
irresponsabilidade não aceita que o Estado, por meio de seus agentes, possa
causar dano às pessoas, daí essa teoria ser sintetizada pela frase: “O rei não
pode errar” (the king can do no wrong; le roi ne peut mal faire).
Adotada a tese, não seria possível responsabilizar o Estado pelos atos de
seus agentes, pois do contrário o Estado estaria sendo colocado no mesmo nível
que o súdito, prejudicando a ideia de soberania. Trata-se, portanto, não de uma
teoria da responsabilidade civil do Estado, mas da sua irresponsabilidade.
Essa concepção de que o Estado não deveria ressarcir os prejuízos que seus
agentes causassem a terceiros sobreviveu, em diversos países, até meados do
século XIX. Contudo, em função de particularidades dos seus sistemas jurídicos,
os Estados Unidos e a Inglaterra somente abandonaram a teoria da
irresponsabilidade civil do Estado em 1946, por meio do Federal Tort Claim Act,
e em 1947, por meio do Crown Proceeding Act, respectivamente.

3.2 - Teorias civilistas


A superação da teoria da irresponsabilidade levou à adoção das teorias que
preveem a responsabilização do Estado com base em princípios do Direito Civil,
apoiada na ideia de culpa. Assim, surgem as teorias civilistas da culpa, vistas a
seguir.

Teoria dos atos de império e dos atos de gestão


Em um primeiro momento das teorias civilistas, procurou-se distinguir os
atos praticados pelo Estado em atos de império e atos de gestão.

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Os atos de império seriam aqueles praticados pelo monarca ou por


agentes de maior escalão, impostos unilateral e coercitivamente aos
administrados, sendo regidos por um direito especial. O Estado, ao praticar atos
de império, colocava-se em uma posição de supremacia (verticalidade)
perante os administrados, e esses atos, como eram praticados pelo Rei ou por
seus auxiliares diretos, não possibilitavam a responsabilização do Estado.
Por sua vez, os atos de gestão seriam aqueles praticados pela
Administração em situação de igualdade (horizontalidade) com os
particulares.
O dano causado em razão de atos de gestão possibilitaria a responsabilização
do Estado desde que houvesse a conduta oficial, o dano, o nexo de
causalidade (comprovação de que o dano foi causado pela conduta oficial) e a
presença de culpa ou dolo do agente público (elemento subjetivo).

Teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva


Surge, então, a doutrina civilista da teoria da culpa civil ou da
responsabilidade subjetiva, que procura equiparar a responsabilidade do
Estado à dos particulares, de forma que o Estado só indenizaria os
prejudicados quando estes provassem que o agente público agiu com dolo
(intenção de causar o dano) ou com culpa (imprudência, imperícia ou
negligência). Percebemos que, na teoria da culpa civil, perde importância, para
efeitos de responsabilização, a distinção entre atos de império e de gestão, de
forma que, para ambos, os requisitos a serem analisados serão os mesmos
perquiridos apenas nos casos de atos de gestão.
Nessa linha, segundo a teoria da culpa civil, para que haja a
responsabilização do Estado por danos provocados a terceiros por agentes
públicos, devem estar presentes os seguintes elementos na situação fática:
conduta oficial, dano, nexo causal e o elemento subjetivo (dolo ou culpa
do agente público).

3.3 - Teorias publicistas


O marco para a elaboração das teorias publicistas surgiu com a
jurisprudência no famoso caso Agnes Blanco, ocorrido na França (1873), em
que uma menina foi atropelada por uma vagonete da Companhia Francesa de
Tabacos. Nesse caso, firmou-se o entendimento de que a responsabilidade do
Estado não pode ser regida pelos princípios do Código Civil, mas por

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regras próprias que procurem conciliar as prerrogativas do Estado com


os direitos individuais.
O ponto em comum nas teorias publicistas é que para responsabilizar o
Estado não há necessidade de provar o dolo ou culpa individualizada do
agente público envolvido. Tais teorias se dividem em teoria da culpa do
serviço (também conhecida por teoria da culpa administrativa, teria do acidente
administrativo ou teoria da culpa anônima do serviço público) e teoria do risco,
que se subdivide nas modalidades risco administrativo e risco integral.

Teoria da culpa do serviço


A teoria da culpa do serviço (ou teoria da culpa administrativa; ou teoria do
acidente administrativo; ou teoria da culpa anônima do serviço público) procura
desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do agente público. De
acordo com essa teoria, para que o Estado possa ser responsabilizado não é mais
necessário identificar a culpa do agente público causador do dano, sendo
suficiente demonstrar que o dano foi consequência do não funcionamento ou do
inadequado funcionamento do serviço público.
Essa teoria representa uma transição entre as teorias subjetivas e as teorias
objetivas da responsabilidade civil do Estado. Embora a teoria da culpa do serviço
seja uma teoria publicista, também é uma teoria subjetiva da responsabilidade
civil, uma vez que a responsabilização estatal continua dependendo da presença
do elemento subjetivo (culpa).
Enquanto nas teorias civilistas a responsabilização do Estado depende de a
vítima provar que o agente público agiu com dolo ou culpa (imperícia,
imprudência ou negligência), com a teoria da culpa do serviço a responsabilização
do Estado passa a depender da prova da culpa da Administração Pública.
Entretanto, tal culpa é presumida quando comprovado o não funcionamento
(omissão) ou mal funcionamento do serviço público (ação).
A teoria da culpa do serviço facilita a responsabilização estatal, uma vez que
é bem mais complicado comprovar a presença da culpa na conduta de um agente
público – algo que muitas vezes demanda complicadas análises sobre o modo de
pensar do investigado – do que aferir a falha de um serviço público. Repisamos
que não se abandona a natureza subjetiva da avaliação, mas se diminui, na
prática, o grau de subjetividade, nos termos ora analisados.

Teoria do risco

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Conforme na aula referente ao jurídico-administrativo, o Estado atua no


mundo jurídico com um conjunto de prerrogativas que lhe conferem vantagens
nas relações com os particulares. Agindo com poderes e privilégios inimagináveis
nas relações meramente privadas, o ente estatal acaba por naturalmente gerar
riscos para os particulares, que frequentemente ficam em uma situação de mera
sujeição perante o Poder Público.
Ora, ao menos na teoria é legítimo afirmar que toda atividade administrativa
é exercida visando ao interesse público, aliás, é justamente esse raciocínio que
justifica a existência das prerrogativas estatais. Assim, por uma questão de
justiça, a coletividade que aufere o bônus da atividade do Estado também deve
ser chamada a arcar com os respectivos ônus quando o risco decorrente da
atividade estatal se converter em dano a membros específicos e determinados
do grupo. Tal efeito é alcançado mediante o dever de indenizar por parte do
Estado, uma vez que os recursos utilizados na reparação são obtidos mediante a
cobrança de tributos a todos os componentes do grupo social.
Em suma, a teoria do risco se baseia na ideia de que aquele que, no exercício
de suas atividades, naturalmente gera riscos para terceiros, tem o dever de
indenizá-los quando causar-lhes concretos prejuízos, independentemente de a
atuação ter se dado em conformidade ou desconformidade com o direito.
Com a teoria do risco, a responsabilização do Estado passa a ser de
natureza objetiva, não dependendo mais da existência de elementos
subjetivos, como na teoria da culpa civil (que exige a culpa ou dolo do agente)
ou teoria da culpa do serviço (que exige a culpa do Estado decorrente do não
funcionamento ou funcionamento inadequado do serviço público).
Segundo a teoria, a responsabilização do Estado requer apenas: conduta
oficial, existência de dano (patrimonial, moral ou estético) e nexo causal.
Não importa se houve culpa do agente público ou se a Administração Pública
praticou um ato lícito ou ilícito. Para a responsabilização civil do Estado é
necessária apenas a coexistência dos três elementos citados.
A teoria do risco se divide em duas: teoria do risco administrativo e
teoria do risco integral. A diferença entre essas teorias é que a primeira
admite e a segunda não aceita a existência de condições que permitam
excluir ou atenuar a responsabilidade civil do Estado.
Assim, conforme será detalhado ainda nesta aula, é no contexto da teoria
do risco que a culpa concorrente da vítima será considerada causa de
atenuação da responsabilidade civil estatal e que a culpa exclusiva da vítima,

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ao lado do caso fortuito ou força maior e da culpa de terceiro, constituirá


hipótese excludente de tal responsabilidade.

Questão 04 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)


Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) o caso fortuito e a força maior não podem ser utilizados para afastar o dever de indenizar,
pois a Administração Pública deve se esforçar para prevê-los.
Comentário:
Para a doutrina majoritária o caso fortuito e a força maior são causas de afastabilidade do
dever de indenizar. Foi o que aconteceu por exemplo no episódio dos alagamentos da região
serrana no Estado do RJ.
Gabarito: Incorreta.
Questão 05 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada) Sobre
responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) a culpa exclusiva da vítima afasta, para a doutrina majoritária, o nexo de causalidade e,
consequentemente, o dever de indenizar.
Comentário:
Assertiva em conformidade com o posicionamento majoritário da doutrina.
Gabarito: Correta.
Questão 06 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)
Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) culpa parcial da vítima não influencia na dimensão da responsabilidade.
Comentário:
A culpa parcial da vítima influencia sim na dimensão da responsabilidade. Inclusive se a
culpa for totalmente da vítima restará afastado o dever de indenizar.
Gabarito: Incorreta.
Questão 07 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)
Julgue o item a seguir
( ) A chamada teoria da culpa do serviço inaugura a fase de responsabilização objetiva, na
evolução da responsabilidade estatal.
Comentário:
Teoria da Culpa do Serviço: Considerado o segundo estágio na evolução da
responsabilização do Estado, exigia a prova de culpa do mesmo na ocorrência do dano
causado; portanto, responsabilidade subjetiva. Foi substituída pela teoria do risco
administrativo (regra) e pela teoria do risco integral (exceção).

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Gabarito: Incorreta.

4 - Evolução da responsabilidade civil extracontratual


em nosso ordenamento
Consoante lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,2 entre nós a tese da
responsabilidade civil do Estado sempre foi aceita como princípio amplo, mesmo
na época em que não havia disposição normativa específica. Ainda, segundo o
referido autor,3 inicialmente prevaleceu no Brasil a tese da responsabilidade do
Estado com base na teoria da culpa civil. Depois, avançou-se para admitir a culpa
pela falta de serviço. Finalmente, chegou-se à aceitação da responsabilidade
objetiva do Estado.
Na época do império, a Constituição de 1824 previa apenas a
responsabilidade pessoal do agente público, conforme previsto no art. 179,
XXIX: “Os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e
omissões praticados no exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente
responsáveis aos seus subalternos”.
Nessa época, embora não houvesse previsão constitucional a respeito da
responsabilidade do Estado, a doutrina e a jurisprudência entendiam que havia
solidariedade do Estado em relação aos atos de seus agentes.
A Constituição de 1891, no seu art. 82, trouxe dispositivo equivalente ao da
Constituição de 1824.
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, previu: “As pessoas jurídicas de
Direito Público são civilmente responsáveis por atos de seus representantes que
nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao
direito ou faltando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
causadores do dano”. O entendimento da doutrina é que o mencionado
dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva do Estado quer seja
por culpa civil, quer seja por falta de serviço.
A Constituição de 1934 manteve a responsabilidade civil subjetiva do
Estado, estabelecendo no art. 171: “Os funcionários públicos são responsáveis
solidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por quaisquer
prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício dos seus
cargos”.

2 Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de direito administrativo, p. 1027.


3 Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de direito administrativo, p. 1027.

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A Carta de 1937 reproduziu no art. 158 o mesmo dispositivo da Constituição


de 1934.
A Constituição de 1946 representou uma grande inovação no assunto,
introduzindo, entre nós, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
conforme previsto no seguinte dispositivo:
Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são civilmente responsáveis
pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.

Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do


dano, quando tiver havido culpa destes.

A Carta de 1967 e a Emenda nº 1/1969, mantiveram a responsabilidade


objetiva do Estado, acrescentando apenas a óbvia informação de que a ação
regressiva contra o funcionário se daria também nos casos de dolo, e não apenas
nos casos de culpa, como previsto na Constituição de 1946.
A Constituição Federal de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece: “As pessoas
jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa”.
O dispositivo constitucional em comento trouxe como inovação a
ampliação da responsabilidade civil objetiva do Estado, que passou a
alcançar também as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos (o que inclui as empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações governamentais de direito privado, bem como qualquer pessoa
jurídica de direito privado, desde que recebam delegação do Poder Público, a
qualquer título, para prestação de serviços públicos).
Devemos esclarecer que a regra da responsabilidade civil objetiva não se
aplica aos atos das empresas públicas e das sociedades de economia mista
exploradoras de atividade econômica, uma vez que o art. 173, §1º, da CRFB,
impõe que elas sejam regidas pelas mesmas normas aplicáveis às empresas
privadas. Por consequência, tais entidades estão sujeitas à responsabilidade
subjetiva, sendo regidas pelas normas comuns de Direito Civil.
A conjugação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, ambos da CRFB, induz à
conclusão de que a responsabilização estatal abrange tanto o dano material
como o dano moral. A jurisprudência, no entanto, ampliou os tipos de danos
indenizáveis, passando a entender que o dano estético se constituiria em um tipo

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de dano autônomo, cuja indenização poderia ser cumulada com a reparação pelos
danos materiais e morais.
A responsabilidade objetiva do Estado, conforme previsto na CRFB, deve
seguir a teoria do risco administrativo. A teoria do risco integral nunca foi
acolhida como regra em quaisquer das constituições brasileiras.
Não obstante, foram inseridas no ordenamento jurídico brasileiro algumas
hipóteses em que se aplica a teoria do risco integral. É o que ocorre nos casos
de danos causados por acidentes nucleares 4 (CRFB, art. 21, XXIII, “d”,
disciplinado pela Lei nº 6.453/1977) e danos decorrentes de atentados
terroristas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas
brasileiras (Leis nos 10.309/2001 e 10.744/2003).
Por fim, chega-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reproduz
a mesma orientação contida na Constituição Federal de 1988, omitindo,
contudo, a referência à responsabilidade das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público. A omissão, no entanto, não impede
a responsabilização objetiva dessas pessoas jurídicas, uma vez que está prevista
no texto constitucional.

A respeito da responsabilidade do Estado e sua


evolução na legislação pátria, pode-se afirmar que
o ordenamento jurídico brasileiro evoluiu da
teoria da responsabilidade subjetiva para a
objetiva, incluindo, atualmente, a possibilidade de
responsabilização do Estado pela prática de atos
lícitos e por danos morais.

Questão 08 (CEBRASPE, DPE-CE, Defensor Público, 2008) Considere que as seguintes


situações hipotéticas tenham ocorrido em determinada unidade da Federação.
I - Em junho de 2007, durante rebelião em um presídio, Antônio, José e Pedro, presos
condenados por homicídio, fugiram por um túnel cavado sob a cama de um deles em um
dos pavilhões de detenção. Um mês após a rebelião, um detento de nome Francisco foi
assassinado por Otávio, outro preso, por vingança, em decorrência de luta pelo controle do
tráfico de entorpecentes no referido prédio. Um ano após a rebelião, José cometeu latrocínio

4Alguns estudiosos, a exemplo de José dos Santos Carvalho Filho, entendem que os danos causados por
acidentes nucleares seguem a teoria o risco administrativo (Manual de direito administrativo, p. 559).

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nas proximidades do tribunal de justiça do estado, ocasião em que foi preso e reconduzido
ao presídio. A vítima do latrocínio deixou viúva e dois filhos.
II - Em 2007, na madrugada de um dia em que deveria ter retornado para dormir no presídio,
um preso submetido ao regime semiaberto cometeu um estupro. Tal fato atraiu a atenção
do Poder Judiciário porque, comprovadamente, o preso, frequentemente, deixava de
retornar ao final do dia para recolhimento, situação essa que era de conhecimento da direção
do presídio.
Com referência aos fatos hipotéticos acima narrados e ao atual entendimento jurisprudencial
do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o item subsequente:
( ) A teoria do risco administrativo está presente no plano constitucional desde a
Constituição de 1946 e confere fundamento doutrinário à responsabilização objetiva do
Estado.
Comentário:
O art. 194 da Carta de 1946 inovou trazendo a previsão constitucional da teoria do risco
administrativo, in verbis:
Art 194 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos
danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único - Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do dano,
quando tiver havido culpa destes.
A Constituição de 1967 em seu art. 105 também trouxe esculpida a teoria do risco
administrativo, verbis:
Art 105 - As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que es seus
funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único - Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos casos de
culpa ou dolo.
Nesse mesmo sentido a Emenda Constitucional n° 01 de 1969 prévio no a rtigo 107 da
Constituição:
Art. 107. Às pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus
funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Parágrafo único. Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos casos de
culpa ou dolo.
E seguindo o histórico constitucional que esclarece a questão, a Constituição de 1988, no
parágrafo 6° do art. 37 esculpe a teoria do risco administrativo:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Gabarito: Correta.

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5 - Responsabilidade objetiva do Estado


Conforme visto, a responsabilidade objetiva do Estado vem consagrada no
art. 37, § 6º, da CRFB, nos seguintes termos:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

Recapitulando o que já foi dito, para que haja responsabilidade civil


objetiva do Estado é necessário que coexistam três elementos: conduta
oficial (ação administrativa), dano (material, moral ou estético) e nexo causal
(comprovação de que o dano foi causado pela conduta oficial). A teoria da
responsabilidade objetiva do Estado adotada no ordenamento jurídico brasileiro,
como regra, insere-se na modalidade do risco administrativo, ou seja, a
responsabilidade é objetiva, mas o Estado pode deixar de responder ou ter a
responsabilidade diminuída se estiverem presentes as excludentes ou
atenuantes da responsabilidade: força maior, caso fortuito, culpa de
terceiro ou culpa da vítima.
Além do exposto anteriormente, merecem ser destacados os seguintes
aspectos acerca da responsabilidade civil objetiva do Estado:
(1º) O fundamento justificador da responsabilidade objetiva do
Estado é o princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais.
Segundo a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 5 a responsabilidade
objetiva do Estado baseia-se no princípio da igualdade de todos perante os
encargos sociais e encontra suas raízes na Declaração de Direitos do Homem, de
1789. Nas palavras da ilustre professora, “o princípio significa que, assim como
os benefícios decorrentes da atuação estatal repartem-se por todos, também os
prejuízos sofridos por alguns membros da sociedade devem ser repartidos.
Quando uma pessoa sofre um ônus maior do que o suportado pelas demais,
rompe-se o equilíbrio que necessariamente deve haver entre os encargos sociais;
para restabelecer esse equilíbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado,
utilizando recursos do erário”.6
A título de exemplo, imaginemos a hipótese em que o poder público
municipal construa um viaduto e essa obra prejudique o acesso de carros a um

5 Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 719.


6 Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 719.

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posto de gasolina. Nesse caso, toda a comunidade será beneficiada, pois o


trânsito de veículos ficará mais rápido. Contudo, o mesmo não pode ser dito em
relação ao proprietário do posto de gasolina, que terá de encerrar suas atividades
e demitir seus funcionários. Assim, para que o dono do posto de gasolina não
sofra um ônus maior que o suportado pelas demais pessoas, é que o Estado se
obriga a indenizá-lo, restabelecendo o equilíbrio.
O STF, em alguns de seus julgados, faz referência expressa ao mencionado
princípio, conforme pode se ver no seguinte excerto (grifei):
A responsabilidade civil do Estado, responsabilidade objetiva, com base no
risco administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do particular,
para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade estatal, ocorre,
em síntese, diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação
administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação administrativa
é irrelevante, pois o que interessa é isto: sofrendo o particular um prejuízo,
em razão da atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da
coletividade, é devida a indenização, que se assenta no princípio da
igualdade dos ônus e encargos sociais (RExt 113.587, Rel. Min. Carlos
Velloso).

(2º) A responsabilidade objetiva do Estado abrange os danos


resultantes de atos lícitos (regulares ou legais) e ilícitos (irregulares ou
ilegais).
Justamente em função do princípio de que os ônus e encargos sociais devem
ser repartidos igualmente por todos é que o Estado também indeniza os danos
decorrentes de atos lícitos. No exemplo anterior, pode-se dizer que a construção
do viaduto foi um ato lícito, mas, como provocou dano a terceiro, gerou a
obrigação do Estado de indenizá-lo.
Portanto, para efeito da responsabilidade civil objetiva do Estado, não
importa se a conduta do agente público foi lícita ou ilícita, basta apenas
que esta provoque um dano a uma terceira pessoa, hipótese em que o
Estado será responsabilizado.
Questão interessante é saber se é aplicável a teoria da responsabilidade
objetiva do Estado quando a vítima também for pessoa jurídica de direito público.
Nesse ponto, é conveniente recordarmos que a redação do art. 37, § 6º, da CRFB
não faz distinção quanto a quem será indenizado, referindo-se apenas ao dano

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causado a terceiros, sem exigir qualquer característica especial do “terceiro” que,


por conseguinte, pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada.
Assim, é possível responsabilizar objetivamente a União quando algum de
seus agentes causar dano a um Município, ou vice-versa, ou mesmo quando autor
e vítima são agentes públicos, como no caso objeto do seguinte julgado proferido
pelo Supremo Tribunal Federal:
Constitucional. Administrativo. Acidente de trânsito. Agente e vítima: servidores
públicos. Responsabilidade objetiva do Estado: CF, art. 37, § 6º. O entendimento
do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que descabe ao intérprete fazer
distinções quanto ao vocábulo “terceiro” contido no § 6º do art. 37 da Constituição
Federal, devendo o Estado responder pelos danos causados por seus agentes
qualquer que seja a vítima, servidor público ou não (AI 473.381-AgR, Rel. Min.
Carlos Velloso).

Não devemos esquecer, contudo, que, tendo em vista a teoria do órgão,


segundo a qual os órgãos são desprovidos de vontade, não exercendo direitos
nem contraindo obrigações em nome próprio, mas sim em nome das pessoas que
integram, não há que se cogitar de surgimento do dever de indenizar
entre órgãos da mesma pessoa jurídica. A título de exemplo, se um veículo
a serviço da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo derruba o muro de
uma escola pública ligada à Secretaria do mesmo Estado, não há
responsabilização civil objetiva da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
pois, se imaginássemos uma indenização, confundir-se-iam na mesma pessoa
(Estado de São Paulo) credor e devedor, o que configuraria um absurdo perante
os ditames da lógica (registramos que em direito civil estuda-se a confusão como
forma de extinção das obrigações, o que ocorre quando se reúnem na mesma
pessoa a figura do credor e a do devedor – no caso proposto, a obrigação nem
chega a existir).
(3º) É polêmica a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva
nos casos de omissões danosas do Poder Público.
Existem controvérsias a respeito da aplicação ou não da responsabilidade
objetiva decorrente de atos omissivos do Poder Público. Segundo alguns, a regra
da responsabilidade objetiva, prevista no art. 37, § 6º, da CRFB, aplica-se tanto
aos atos comissivos quanto aos atos omissivos do Estado; segundo outros, a
responsabilidade objetiva deve ser empregada somente para os atos comissivos,
enquanto para os atos omissivos o adequado seria a utilização da teoria da
responsabilidade subjetiva, na modalidade culpa do serviço público. Na realidade,
a diferença entre as duas teorias tem relevância apenas acadêmica, já que do

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ponto de vista prático ambas geram o dever de indenizar por parte do Estado.
Mesmo em relação ao ônus da prova, a adoção da teoria da responsabilidade
subjetiva, na modalidade culpa do serviço público, no caso dos atos omissivos,
não traz qualquer prejuízo para o terceiro prejudicado, já que o elemento
subjetivo “culpa” ou “dolo” é presumido da ausência ou mal funcionamento do
serviço, sendo suficiente para gerar a responsabilização estatal a simples
demonstração do nexo causal entre a conduta omissiva e o dano existente.
Registramos que a controvérsia anterior também está presente na
jurisprudência do STF e do STJ. Em alguns julgados dessas Cortes, observa-se a
aplicação da teoria da responsabilidade objetiva para os atos omissivos do
Estado; em outros, a responsabilização pelas omissões danosas do Poder Público
têm sido fundamentadas na teoria da responsabilidade subjetiva, na modalidade
culpa do serviço público (culpa anônima).
(4º) Para que o Estado possa ser responsabilizado é necessário que
o agente público aja nessa condição, caso contrário, não haverá nexo
causal entre a função pública e o dano gerado pelo agente, de forma a
não existir responsabilidade estatal.
O agente público causador do dano pode ser tanto um servidor público
quanto um empregado público ou mesmo um funcionário de uma pessoa jurídica
de direito privado prestadora de serviço público (a definição de agente público é
mais ampla que a de servidor público). No entanto, para que incidam as regras
da responsabilidade objetiva é necessário que o agente público aja nessa
qualidade, senão inexiste nexo causal entre a conduta do Estado (manifestada
por seu agente) e o dano provocado a terceiro.
Quando se fala em agir na qualidade de agente público, não significa que o
agente esteja em seu horário de serviço, mas é suficiente que aparente ou
demonstre estar agindo naquela condição, conforme mostra o seguinte
excerto de julgado do STF:
Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar:
incidência da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante
fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as
pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da
CF não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções, mas
na qualidade de agente público (RExt 160.401, Rel. Min. Carlos Velloso).

Em outro acórdão, o STF manifestou o mesmo entendimento em um caso


em que o servidor, mesmo não estando em serviço, provocou um acidente com

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um carro oficial, ou seja, como ele estava utilizando um veículo oficial,


aparentemente ele estava agindo no exercício de suas funções.
Assim, em razão de parecer agir oficialmente, houve a responsabilização
objetiva do Estado (RExt 294.440-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão).
Situação diversa ocorre quando a atuação do causador do dano é
independente da sua condição de agente público. Como exemplo, vale a pena
citar o entendimento manifestado pelo STF no julgamento do Recurso
Extraordinário 363.423 (Rel. Min. Carlos Brito, 16.11.2004), no qual o Tribunal
considerou não existir a obrigação do Estado de indenizar vítima de disparo de
arma de fogo, pertencente à corporação, utilizada por policial que não agiu no
exercício de suas funções, tendo atuado movido por sentimento pessoal,
decorrente do relacionamento amoroso que mantinha com a vítima. Nesse
mesmo julgamento, o Tribunal afastou a tese de que o Estado seria culpado por
falhar no dever de fiscalizar seu servidor (culpa in vigilando) e no mecanismo de
selecionar tal servidor (culpa in eligendo).

Foi inspirado nesse julgado que o CEBRASPE considerou correta a seguinte


assertiva, constante da prova do concurso para provimento de cargos de
Procurador do Estado da Paraíba, realizado em 2008: “Um policial militar do
Estado da Paraíba, durante o período de folga, em sua residência, teve um
desentendimento com sua companheira e lhe desferiu um tiro com uma arma
pertencente à corporação. Considerando o ato hipotético praticado pelo
referido policial, é correto afirmar que não há responsabilidade civil do Estado,
visto que o dano foi causado por policial fora de suas funções públicas”.

5º) A responsabilidade objetiva é o regime aplicado aos atos dos


agentes de pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito
Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas de direito público)
e de direito privado prestadoras de serviço público (empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações públicas de direito privado,
permissionárias, concessionárias ou autorizatárias).
A responsabilidade objetiva do Estado é aplicada, sem ressalvas, aos danos
provocados por agentes de pessoas jurídicas de direito público, que agirem nessa
condição. O prejudicado, para obter a indenização, deverá provar apenas a
existência dos seguintes elementos: ação, dano e nexo causal.

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Em relação aos agentes das pessoas jurídicas de direito privado, deve ser
ressalvado que somente haverá responsabilidade objetiva se esta for prestadora
de serviços públicos. Não sendo prestadora de serviço público, a responsabilidade
é subjetiva. Por exemplo, no caso da PETROBRAS, sociedade de economia mista
que desempenha atividade econômica (não é prestadora de serviço público), se
algum de seus empregados causar dano a terceiros, incidirá a regra da
responsabilidade subjetiva, ou seja, para obter a indenização, o prejudicado
deverá demonstrar a conduta culposa ou dolosa do responsável causador do
dano.
(6º) No caso de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos, a responsabilidade objetiva é aplicada tanto em
relação aos danos causados aos usuários quanto àqueles causados aos
não usuários do serviço.
Em relação à responsabilidade civil resultante de danos causados por
agentes de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos,
a posição mais antiga do STF fazia a distinção entre usuários e não usuários dos
serviços públicos. Entendia-se à época que para os danos causados aos primeiros
a responsabilidade da pessoa jurídica prestadora de serviço público seria objetiva,
enquanto para os últimos teríamos a responsabilidade subjetiva, dependendo da
prova do dolo ou culpa do agente causador.
O assunto, no entanto, foi objeto de julgamento com repercussão geral no
STF (RExt 591.874), que, revendo o posicionamento adotado anteriormente no
RExt 262.651, passou a aplicar a responsabilidade objetiva das empresas
que prestam serviços públicos tanto para os danos causados aos
usuários como para aqueles que atingissem os não usuários dos serviços,
sem fazer qualquer distinção. O argumento utilizado pelo STF para rever seu
posicionamento se baseou na simples constatação de que o art. 37, § 6º, da CRFB
(que prevê a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos) não fazia qualquer distinção entre o
tipo de pessoa lesada pelo dano.
A título de exemplo, seguindo a atual orientação do STF, pode-se imaginar
a situação em que um ônibus pertencente a uma empresa concessionária de
serviço público de transporte coletivo abalroa um veículo de um particular. Em
relação aos danos provocados ao particular, que é não usuário do serviço, a
concessionária responde objetivamente, ou seja, a vítima para receber a
indenização tem que demonstrar apenas o nexo causal entre a conduta do
motorista do ônibus e o dano sofrido, não necessitando mais provar a culpa
(imprudência, imperícia ou negligência) ou dolo do agente causador. Do mesmo

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modo, se no acidente algum passageiro (usuário do serviço) ficar ferido, a


empresa concessionária responderá perante este de forma objetiva, sem haver
também necessidade de prova da culpa ou dolo do motorista do ônibus.

Questão 09 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)


Julgue o item a seguir:
( ) Posição atual do STF é no sentido de que a responsabilidade da administração é objetiva
quando o dano é causado, sendo a vítima usuário ou não.
Comentário:
Abrange tanto usuários quanto não usuários.
Gabarito: Incorreta.
Questão 10 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2007) Quanto à
responsabilidade civil do Estado e do particular, julgue os itens que se seguem.
( ) A responsabilidade da administração pública, de acordo com a teoria do risco
administrativo, evidencia-se na obrigação que tem o Estado de indenizar o dano
injustamente sofrido pelo particular — independentemente da existência de falta do serviço
e da culpa do agente público —, havendo a possibilidade de comprovação da culpa da vítima
a fim de atenuar ou excluir a indenização.
Comentário:
É importante frisar que a atribuição ao Poder Público de responsabilidade subjetiva, na
modalidade culpa administrativa, pelos danos ensejados por omissão estatal na prestação
de serviços públicos obrigatórios (faute de service) é uma regra geral. Isso porque há
situações nas quais, mesmo em face de omissão, o Estado responde objetivamente.
Exemplo da situação acima é quando o estado está na condição de garante com o dever de
assegurar a integridade de coisas ou pessoas em uma condição específica e responderá
objetivamente pelos danos causados a estas pessoas ou coisas. (exemplo: detento que
morre devido à negligência do Estado)
Percebe-se que em alguns casos o conceito de culpa administrativa se funde ao de risco
administrativo, por isso o enunciado da assertiva está correto.
Gabarito: Correta.

Questão 11 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2007) Quanto à


responsabilidade civil do Estado e do particular, julgue o item que segue.
( ) Como a responsabilidade civil do Estado por ato danoso de seus prepostos é objetiva,
surge o dever de indenizar se restarem provados o dano ao patrimônio de outrem e o nexo
de causalidade entre este e o comportamento do preposto. No entanto, o Estado poderá
afastar a responsabilidade objetiva quando provar que o evento danoso resultou de caso
fortuito ou de força maior, ou ocorreu por culpa exclusiva da vítima.

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Comentário:
A questão traduziu exatamente o conceito de Responsabilidade Objetiva pela Teoria do
Risco Administrativo.
Gabarito: Correta.

6 - Responsabilidade subjetiva do Estado


Não se deve pensar que a Administração Pública sempre responde
objetivamente pelos danos causados pelos seus agentes. Embora haja
controvérsias a respeito, entendemos que no caso de atos omissivos aplica-se
a teoria da culpa administrativa (ou culpa anônima), em que o particular,
para ser indenizado, tem que provar apenas o não funcionamento ou o
funcionamento inadequado do serviço público.
Em síntese, a teoria da culpa administrativa exige a presença dos
seguintes elementos para possibilitar a responsabilização do Estado: omissão
de agente público, dano, nexo causal e a culpa do Estado (presumida pelo
não funcionamento ou pelo funcionamento inadequado do serviço público).
Para exemplificar a responsabilidade subjetiva do Estado, na modalidade
teoria da culpa administrativa, é possível imaginar a hipótese em que um assalto
ocorre na frente de um posto policial e os policiais de plantão nada fazem para
evitar a ação dos marginais. Nesse caso, é possível responsabilizar
subjetivamente o Estado pela omissão no dever de prestar o serviço de
segurança.
A teoria aqui esposada é também aplicável em relação a fenômenos da
natureza, como no caso de enchentes, e a atos de multidão que venham a
causar danos a terceiros.
Por exemplo, no caso dos protestos violentos ocorridos em razão do aumento
de passagens de ônibus, se o Poder Público tomar todas as cautelas devidas,
colocando todo seu efetivo policial na rua e mesmo assim não conseguir evitar
depredações e saques a estabelecimentos comerciais, o Estado não poderá ser
responsabilizado. Em sentido contrário, caso a Administração Pública, tendo
conhecimento antecipado de que vai haver uma manifestação de integrantes do
movimento Black Bloc, conhecidos por seus históricos de violência, permanece
inerte, não tomando qualquer medida para prevenir os eventuais e quase certos
abusos à liberdade de manifestação, é possível a responsabilização civil do ente
estatal em razão da sua omissão culposa.

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Questão 12 (PGE-RO, Procurador do Estado, 2011) Quanto à responsabilidade civil do


Estado por danos decorrentes de fenômenos da natureza é correto afirmar:
a) Gera o direito à indenização por danos morais, exclusivamente.
b) A pessoa prejudicada tem direito à indenização com base na responsabilidade objetiva
do Estado e do risco administrativo.
c) Incide no campo da responsabilidade extracontratual do Estado e gera direito à
indenização.
d) A Administração Pública só poderá ser responsabilizada se ficar comprovada sua omissão
ou atuação deficiente.
e) Não há de se falar em direito à indenização nesta hipótese.
Comentário:
Segundo Maria Sylvia Z. Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello, uma situação de força
maior acontece quando estamos diante de um evento externo, estranho a qualquer atuação
da Administração que, além disso, deve ser imprevisível e irresistível ou inevitável. Portanto,
tanto seria um evento de força maior um furacão, um terremoto, como também uma guerra,
uma revolta popular incontrolável. Diversamente, o caso fortuito seria sempre um evento
interno, decorrente de uma atuação da Administração.
Nos danos decorrentes de caso fortuito e força maior sem que exista alguma conduta
comissiva da Adm. Pública, esta somente será responsabilizada se tiver concorrido de
maneira omissa para o surgimento do dano, por haver deixado de prestar um serviço de que
estivesse incumbida, isto é, caso se comprove que a adequada prestação do serviço estatal
obrigatório teria evitado o resultado danoso. Nesses casos, a responsabilidade do Estado,
se houver, é subjetiva, baseada na teoria da culpa administrativa.
Gabarito: Letra “d”.

7 - Nexo causal
Nexo causal é o vínculo existente entre a conduta de determinado agente e
o dano efetivamente gerado. Se o dano não foi causado pela conduta, estará
ausente o nexo causal e, portanto, não haverá responsabilidade do agente ou da
pessoa jurídica a quem são imputados seus atos, sejam comissivos, sejam
omissivos.
A título de exemplo, podemos citar o entendimento do STF, segundo o qual,
se um apenado foge do presídio (o que normalmente demonstra uma omissão
culposa da administração no seu dever de vigilância sobre o preso) e tempos
depois comete um assalto, o lapso temporal entre a fuga e o delito demonstra a

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ausência de causalidade entre ambos e, por conseguinte, a impossibilidade de


responsabilização do Estado. Nessa linha, transcrevemos as palavras da Corte:
Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é
subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a
negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário
individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica,
a falta do serviço. A falta do serviço – faute du service dos franceses – não dispensa
o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva
atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por
quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão tempos antes: neste
caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio
(RExt 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso).

As causas excludentes da responsabilidade estatal (culpa exclusiva da vítima


ou de terceiro, caso fortuito ou força maior) são circunstâncias que, quando
verificadas, afastam o nexo causal. Por isso, uma das principais defesas dos entes
públicos, quando se deparam com ações de responsabilização civil do Estado, é
alegar que não houve nexo causal (relação de causalidade).
A respeito do nexo causal é importante conhecer as principais teorias a
respeito:
1ª) teoria da equivalência das condições;
2ª) teoria da causalidade adequada; e
3ª) teoria da causalidade direta ou imediata (também conhecida como teoria
da interrupção do nexo causal ou teoria da causalidade necessária).
Teoria da Equivalência das Condições (conditio sine qua non): para
essa teoria todas as condições são equivalentes, ou seja, considera como
causa todo antecedente que contribua para o fato danoso. Em razão disso,
seria imputada responsabilidade a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para o evento danoso. Exemplificando, no caso de um agente
público que mata um inocente, a responsabilidade seria não só de quem atirou,
mas também de quem vendeu a arma, fabricou o revólver e a munição, produziu
o ferro etc. Essa linha de investigação pode conduzir a responsabilização civil de
um número ilimitado de agentes.
Teoria da Causalidade Adequada: essa teoria entende que causa é
apenas o antecedente abstratamente idôneo à produção do dano, o que
depende de um juízo razoável de probabilidade, resultante da
experiência do julgador. Enquanto a teoria da equivalência das condições peca

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por ser bastante abrangente, a teoria da causalidade adequada falha por admitir
um acentuado grau de discricionariedade do julgador. O exemplo clássico que a
doutrina nos traz da teoria da causalidade adequada é o da pessoa que joga um
balde de água numa represa cheia e esta vem a se romper. Como tal ato em tese
não é apto a produzir o rompimento da represa, a responsabilidade do agente
restará afastada.
Teoria da Causalidade Direta ou Imediata (também denominada Teoria
da Interrupção do Nexo Causal ou Teoria da Causalidade Necessária):
essa teoria entende que causa é aquele fato que se liga ao resultado
danoso, sendo este sua consequência direta e imediata.
Assim, não haverá relação de causalidade quando o comportamento do
agente público não ocasionar de forma direta e imediata o dano. Vejamos o
seguinte exemplo: um pedestre atropelado por veículo pertencente à União
Federal é socorrido por um parente seu que passava no momento do acidente.
Ocorre que, no caminho do hospital, a pessoa que conduzia o carro, em que
estava o pedestre atropelado, capota e este vem a falecer em razão do segundo
acidente. Nesse caso, segundo a teoria da causalidade necessária, a União
Federal não poderá ser responsabilizada pela morte do pedestre, mas
apenas pelas lesões corporais sofridas, visto que o atropelamento não ocasionou
de forma direta e imediata o óbito.
A teoria da causa direta e imediata é a adotada no ordenamento
jurídico brasileiro, conforme se observa no seguinte excerto de jurisprudência
do STF:
A responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do disposto no art. 107 da
Emenda Constitucional 1/1969 (e, atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna),
não dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade
entre a ação ou a omissão atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no art. 1.060 do Código Civil,
a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e
imediato, também denominada teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante
aquele dispositivo da codificação civil diga respeito a impropriamente denominada
responsabilidade contratual, aplica-se ele também à responsabilidade
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer
considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias
existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade adequada (RExt
130.764, Rel. Min. Moreira Alves).

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Questão 13 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurado do Estado, 2012) No tocante à


responsabilidade do Estado, considere a seguinte situação. Num jogo decisivo do
campeonato, digladiaram-se, com grande rivalidade, os times do Rio Branco e do Juventus.
Os dirigentes advertiram as autoridades militares de que a Arena da Floresta poderia ser
palco de consideráveis tumultos. Na ocasião, com o estádio lotado pelas torcidas estrelada
e tetracolor, foi montado um sistema especial de segurança no estádio e arredores. Na Rua
Baguary, a um quilômetro da entrada, dois grupos de torcedores que haviam trocado
ameaças numa rede social confrontaram-se violentamente. Na ocasião, o PM Y, que não
estava em serviço, sacou uma faca e feriu X que julgava ter furtado o seu rádio. Marque
alternativa CORRETA.
a) Há curso causal hipotético (nexo causal), pois, mesmo fora do serviço, o policial sempre
age em nome do Estado.
b) Não há curso causal hipotético (nexo causal), pois o policial agia por razões pessoais e
não como agente.
c) Era hipótese de legítima defesa do patrimônio, que exclui a ilicitude, não sendo imputável
a responsabilidade nem ao Estado, nem ao PM Y.
d) Houve omissão e funcionamento anormal do serviço, pois em casos de movimentos
multitudinários a responsabilidade é do Estado.
Comentário:
Em se tratando de Responsabilidade Civil do Estado vale dizer que o Estado só pode ser
responsabilizado se o agente estiver no exercício de suas funções ou, ao menos, se esteja
conduzindo a pretexto de exercê-la, de modo que se causar dano a terceiro no correr de sua
vida privada, sua responsabilidade é pessoal é regida pelo Direito Civil.
Segundo lições de José dos Santos Carvalho Filho (p. 530), “justamente por esse motivo é
que já se atribuiu responsabilidade ao Estado em razão de danos causados por policial
militar que, a despeito de estar sem farda, se utilizou da arma pertencente à corporação. No
caso, não exercia sua função, mas, ao usar a arma, conduziu-se a pretexto de exercê-la”.
Dessa forma, a contrario sensu do exemplo citado, pode-se verificar que não há se falar em
responsabilidade do Estado no caso em questão, pois o agente não agiu no exercício de sua
função.
Gabarito: Letra “b”.

8 - Excludentes ou atenuantes da responsabilidade


Estatal
Conforme visto anteriormente, existem algumas circunstâncias que excluem
ou atenuam (diminuem) a responsabilidade civil do Estado. A única
circunstância que atenua ou diminui a responsabilidade civil do Estado é
a existência de culpa concorrente da vítima, ou seja, inexistência de culpa

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exclusiva do Estado. Assim, no caso da colisão entre veículo pertencente a ente


público e a um particular, na qual tenha havido imprudência de ambos os
motoristas, o Estado não responde pela integralidade do dano, devendo os
prejuízos ser rateados na proporção da culpa de cada responsável.
Quanto às circunstâncias que excluem a responsabilidade estatal, a
doutrina e a jurisprudência relacionam as seguintes: culpa ou dolo exclusivo
da vítima ou de terceiro, caso fortuito e força maior.
A questão do caso fortuito e da força maior será comentada adiante. Quanto
à culpa ou dolo exclusivo da vítima, não há qualquer dúvida de que é
excludente da responsabilidade estatal, uma vez que afastam o nexo causal
entre a conduta do agente público e o dano existente.
Acerca desse aspecto, é relevante ressaltar que não é cabível a invocação
de culpa (ou dolo) exclusiva da vítima na hipótese de suicídio de detento. Como
o preso se encontra sob a custódia do Estado, este tem o dever de manter-lhe a
integridade física e moral, protegendo-o inclusive do suicídio. Pensando assim, o
STF afirmou que o suicídio de detento configura omissão ilegítima e gera
responsabilidade civil objetiva do Estado, que deve indenizar por danos morais
os familiares do falecido (ARE 700927 AgR).

Conforme jurisprudência do STF, no caso de suicídio de detento que esteja sob


a custódia do sistema prisional, configurar-se-á a responsabilidade do Estado
na modalidade objetiva, devido a conduta omissiva estatal.

Cabe comentar a culpa exclusiva de terceiro, que tem sido apontada por
parte da doutrina e da jurisprudência como excludente de responsabilidade
estatal. Teoricamente, se a culpa é exclusiva de terceiro, não há nexo
causal entre a conduta do agente público e o dano provocado, razão pela
qual não haveria a responsabilidade civil do Estado (STJ, REsp 882166/RS).
Contudo, o STF já assentou na Súmula 187 que: “A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por
culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”. Assim, pelo menos em
matéria de acidente em transporte de passageiros, não cabe invocar a
culpa de terceiro para excluir a responsabilidade do prestador de
serviços públicos.

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Nas provas de concurso público, o raciocínio


adotado na Súmula supratranscrita somente deve
ser considerado nas questões que versem
especificamente sobre responsabilidade
contratual do transportador em caso de acidente
com o passageiro. Em outras situações, como no
caso de danos causados por atrasos na prestação
do serviço de transporte, a culpa de terceiro tem
sido tratada como cláusula excludente da
responsabilidade do prestador de serviço.

Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos imprevisíveis,


extraordinários e de força irresistível, externos à administração pública e que
causam danos aos administrados. Tendo em vista a inexistência de qualquer nexo
de causalidade entre a atuação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro,
ter-se-á por excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo imputado
qualquer dever de indenizar.
Até esse ponto transitamos em um raciocínio relativamente pacífico. No
entanto, a controvérsia é a tônica, quando se trata de enquadrar tais eventos
danosos nos conceitos de caso fortuito ou de força maior.
Alguns autores denominam “força maior” os eventos naturais, como as
tempestades, os furacões e os raios, entre outros, reservando a expressão “caso
fortuito” para os eventos humanos, como as guerras, as greves, os “arrastões”
etc. Outros fornecem conceitos diametralmente opostos, utilizando a “força
maior” para os eventos imputáveis aos homens e o “caso fortuito” para os
eventos naturais.
No âmbito do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a
celeuma perde importância prática, uma vez que estas Cortes têm atribuído aos
eventos imprevisíveis, extraordinários, de força irresistível, externos à
administração pública e que causem danos aos administrados, a qualificação de
excludentes do nexo causal entre a atuação administrativa e o evento danoso,
de forma a impedir a responsabilização do Estado pelos prejuízos causados.
Assim, nos julgados de ambos os Tribunais, não há a preocupação em distinguir
caso fortuito de força maior, mas apenas a tentativa de verificar a presença deles
em cada caso concreto objeto de exame.
Nessa linha, o STJ já afirmou que “somente se afasta a responsabilidade se
o evento danoso resultar de caso fortuito ou força maior, ou decorrer de culpa da
vítima” (REsp 721.439), enquanto o STF asseverou que “o princípio da

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responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o


abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do
Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias –
como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciadoras de ocorrência de culpa
atribuível à própria vítima” (RExt 109.615).
Da mesma forma, o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do seu art.
393, assevera que “o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato
necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir”. Perceba-se que,
à semelhança das decisões do STF e do STJ, a referência é a “caso fortuito ou de
força maior”, com as expressões objeto de tanta discussão acadêmica citadas em
conjunto, separadas apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar
que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo mesmo regime
jurídico, não há relevância na tentativa de diferenciação.

Como a responsabilidade civil do Estado por ato danoso de seus prepostos é


objetiva, surge o dever de indenizar se restarem provados o dano ao patrimônio
de outrem e o nexo de causalidade entre este e o comportamento do preposto.
No entanto, o Estado poderá afastar a responsabilidade objetiva quando provar
que o evento danoso resultou de caso fortuito ou de força maior, ou ocorreu
por culpa exclusiva da vítima.

Apesar de ser regra que caso fortuito e força maior excluem a


responsabilidade civil do Estado, é relevante ressaltar que, se aliado aos eventos
extraordinários for comprovada a omissão do Poder Público na realização de um
serviço, não restará reconhecido o rompimento do nexo causal e haverá dever
de indenizar por parte do Estado. Para ilustrar o que foi dito, imaginemos o caso
de uma enchente (força maior) que cause danos a terceiros. Se ficar provado que
a limpeza dos bueiros e das galerias de águas pluviais teria sido suficiente para
evitar os estragos causados, o Estado pode ser responsabilizado pela omissão,
com base na teoria da culpa do serviço público (faute du service). Por outro lado,
se ficar provado que, ainda que houvesse a limpeza dos bueiros, os prejuízos
teriam ocorrido, não haverá como responsabilizar o Poder Público.

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Questão 14 (TRT 8R, TRT 8ª Região (PA e AP), Juiz do Trabalho, 2005) Considerando a
hipótese de responsabilidade civil do Estado pela faute du service assinale a alternativa
correta, em face da jurisprudência do STF sobre a matéria.
a) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é objetiva tanto em relação a Administração quanto ao servidor
responsável pela prática do ato lesivo.
b) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é objetiva em relação a Administração Pública e subjetiva em relação
ao servidor responsável pela prática do ato.
c) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é subjetiva, tanto em relação a Administração quanto ao servidor
responsável pela prática do ato lesivo, sendo desnecessária a demonstração do nexo de
causalidade entre a omissão e o dano, pela teoria do risco administrativo.
d) A responsabilidade civil por ato omissivo é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, está
numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de
forma genérica, a falta do serviço, carecendo porém do estabelecimento do nexo de
causalidade entre o ato omissivo e o dano causado para ensejar a responsabilização.
e) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade civil da
Administração Pública é subjetiva em relação a Administração Pública e objetiva em relação
ao servidor responsável pela prática do ato.
Comentário:
Segundo o entendimento do STF, a responsabilidade do Estado é subjetiva, quando se trata
de ato omissivo do poder público.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E DAS PESSOAS JURÍDICAS
DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. ATO OMISSIVO DO
PODER PÚBLICO: MORTE DE PRESIDIÁRIO POR OUTRO PRESIDIÁRIO:
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FAUTE DE SERVICE. C.F.,
art. 37, § 6º. I. - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade
objetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes requisitos: a) do
dano; b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
administrativa. II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite
pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a
responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas
três vertentes, negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário
individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute
de service dos franceses.
Gabarito: Letra “d”.

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9 - O que é o dano indenizável?


A existência de dano (prejuízo) é requisito indispensável para a
responsabilização civil do Estado. Haverá dano quando for violado algum
interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou
jurídica.
Segundo a jurisprudência de nossa Corte Cidadã, são possíveis de ser
cumuladas a indenização por dano moral, material e estético, ainda que
decorrentes de um mesmo fato, mas desde que as consequências de cada tipo
de dano possam ser claramente identificadas.
O dano material compreende o prejuízo decorrente diretamente do evento
lesivo (dano emergente) e o lucro que deixou de ser auferido em decorrência dele
(lucro cessante).
O dano moral, por sua vez, é aquele que atinge o ofendido como pessoa,
lesando direitos da personalidade, como honra, dignidade, imagem etc., e
que provoca no ofendido dor, sofrimento, tristeza e humilhação.
Já o dano estético é aquele que agride a beleza, atingindo a harmonia
das formas do lesado.
Para exemplificar (ainda que de maneira trágica) o que foi dito, imaginemos
que um motorista de aplicativo estava passeando de carro com sua esposa,
quando sofreu um acidente de trânsito provocado por veículo pertencente a um
ente público. Em decorrência do acidente, o motorista teve o carro destruído,
perdeu uma das pernas e ainda sua esposa veio a falecer. Nesse caso, a
indenização que o Estado deverá ser obrigado a pagar compreenderá o valor do
veículo (dano emergente), acrescido da quantia que o motorista deixou de auferir
em razão dos dias que ficou sem trabalhar (lucro cessante), somado ao dano
estético pela perda da perna e ao dano moral pelo sofrimento com a perda da
esposa.

10 - A ação de reparação do dano


O lesado tem duas opções para obter a reparação do dano: 1ª)
amigável (na esfera administrativa, celebra acordo com o Estado); ou 2ª)
litigiosa (na esfera judicial, move uma ação indenizatória).
Quanto à primeira solução, acordo na esfera administrativa, alguns
doutrinadores entendem não ser possível, em razão de contrariar o princípio da

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indisponibilidade do interesse público. Contudo, a posição majoritária é de que


é possível a celebração desse tipo de acordo, desde que a Administração
reconheça sua responsabilidade e que haja consenso quanto ao valor da
indenização.

Em matéria de responsabilidade civil do Estado, é


correto afirmar que a reparação do dano causado
a terceiro pode ser feita no âmbito administrativo,
desde que a Administração reconheça desde logo
a sua responsabilidade e haja entendimento entre
as partes quanto ao valor da indenização.

Quanto à via judicial, parte da doutrina entende que o lesado possui três
alternativas:
1. Move ação contra o Estado (se a ação for fundada na responsabilidade
objetiva, basta demonstrar os requisitos desta, a saber: conduta oficial, dano
e nexo causal. Se a ação for fundada na culpa anônima, deverá demonstrar,
além dos elementos anteriores, a culpa do Estado pelo não funcionamento
ou funcionamento insuficiente do serviço);
2. Move ação contra o agente público (nesse caso, deverá provar que o
agente público agiu com culpa ou dolo, visto que a responsabilidade deste é
sempre subjetiva);
3. Move ação contra o Estado e o agente público, em litisconsórcio
facultativo (nesse caso, deve demonstrar os requisitos da primeira
alternativa e arguir a culpa ou dolo do agente público).

Apesar de o STF – em antigo precedente – já haver aceitado a possibilidade


de ação contra o agente público (RExt 90.071, Rel. Min. Cunha Peixoto),
atualmente o entendimento é o de que o lesado somente pode se voltar
contra o Estado, não podendo fazê-lo contra o agente público, restando
ao Estado, caso seja derrotado na demanda, voltar-se regressivamente
contra o agente público, conforme previsto no art. 37, § 6º, da
Constituição Federal.
Pela relevância do entendimento, transcrevo as palavras da nossa Corte
(sem grifos no original):

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Recurso extraordinário. Administrativo. Responsabilidade objetiva do Estado: § 6º


do art. 37 da Magna Carta. Ilegitimidade passiva ad causam. Agente público (ex-
prefeito). Prática de ato próprio da função. Decreto de intervenção. O § 6º do artigo
37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de
direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços
públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a
terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na
qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo
dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior,
praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido.
Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente
responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo
quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento
(RExt 327.904, Rel. Min. Carlos Britto).

10.1 - A impossibilidade de denunciação à lide


Como se sabe, a denunciação à lide objetiva trazer para o processo pessoa
contra a qual o réu tem pretensão indenizatória, na hipótese de este sucumbir
na ação principal. Assim, se admitida a possibilidade do manejo do instituto nas
ações relativas à responsabilidade civil do Estado, se este efetivamente o fizer, o
juiz, ao proferir a sentença, deverá decidir se o Estado deve indenizar o particular
e, em caso afirmativo, deliberar, também, sobre a obrigação de o agente público
ressarcir ao ente estatal o valor gasto com a indenização.
Conforme se observa, o instituto da denunciação à lide tem como objetivo
garantir a celeridade e a economia processual, resolvendo em um único processo
duas lides: 1ª) Terceiro Lesado x Estado; e 2ª) Estado x Agente Público causador
do dano.
Há controvérsias na doutrina e na jurisprudência sobre a possibilidade de a
Administração Pública denunciar à lide o agente responsável quando da ação de
responsabilização civil. Aqueles que são contrários alegam que, sendo a
responsabilidade civil do Estado de natureza objetiva, a discussão no processo
acerca de elementos subjetivos (dolo e culpa) com o escopo de possibilitar a
responsabilização do agente público retardaria o desfecho da demanda, em
prejuízo do terceiro a ser indenizado. Em termos menos congestionados, a ideia
é que a Constituição quis facilitar a indenização do terceiro lesado, livrando-o do
ônus de demonstrar dolo ou culpa do agente público na prática do ato que
resultou em prejuízo. Se inserida na discussão a responsabilidade do próprio

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agente, que, repise-se, é subjetiva, dependendo da comprovação de dolo ou


culpa, a presença desta nova questão na discussão retardaria o exercício do
direito à indenização, em clara afronta ao objetivo do legislador constituinte.
Os que defendem a possibilidade de denunciação à lide argumentam,
conforme já comentado, que o instituto garante a celeridade processual por
resolver as duas lides (Terceiro Lesado x Estado e Estado x Agente Público).
Se não for possível a denunciação à lide de agente público, a alternativa para
o Estado é esperar o julgamento final da ação movida pelo particular. Caso seja
condenado a indenizá-lo, posteriormente poderá ingressar com ação regressiva
autônoma visando à responsabilização do agente culpado.
O STF segue a corrente segundo a qual não é possível a denunciação
à lide do servidor, devendo o Estado manejar ação regressiva autônoma para
exercer suas pretensões contra o agente causador do dano (RExt 327.904, Rel.
Min. Carlos Britto). Já a posição majoritária no STJ é de que a denunciação
à lide do agente público é possível, mas não é obrigatória (REsp 866.614,
Rel. Min. João Otávio de Noronha).

10.2 - Quanto aos juros de mora


Como o pagamento da indenização decorrente de responsabilidade civil não
é feito imediatamente no momento do evento danoso, tampouco no momento da
decisão que determina tal pagamento, os valores normalmente são acrescidos de
juros e correção monetária, sendo necessário perquirir a partir de que data
esses acréscimos devem ser computados.
A correção monetária consiste na atualização de um valor para evitar que
este seja artificialmente diminuído pelo fenômeno inflacionário. A inflação
depende de circunstâncias econômicas externas ao evento danoso e, quando
presente, gera seus efeitos diuturnamente.Nesse sentido, tratando-se de
indenização por ato ilícito, nossa Corte Cidadã editou a Súmula nº 43, cujo teor
é o seguinte:
Súmula nº 43: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir
da data do efetivo prejuízo.

Contudo, quando se trata de indenização por dano moral, o raciocínio há de


ser diferente, uma vez que, no momento da sentença, o juiz arbitra o valor atual
do dano, de forma que somente a partir desse dia (data do arbitramento) o

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quantum da indenização começa a ser corroído pelo fenômeno inflacionário e, por


conseguinte, deve ser objeto de correção monetária.
O entendimento é pacífico no âmbito do STJ e encontra-se cristalizado na
Súmula 362, cujo teor transcrevo abaixo:
Súmula nº 362: A correção monetária do valor da indenização do dano
moral incide desde a data do arbitramento.

Os juros consistem na remuneração a ser paga pelo uso do capital alheio.


Esse conceito pode ser aplicado tanto no caso de juros compensatórios quanto
no de moratórios. Na hipótese de um empréstimo em dinheiro (contrato de
mútuo), por exemplo, o devedor pagará juros remuneratórios pelo uso do
capital que lhe foi emprestado. Já no caso de retardamento no cumprimento da
obrigação, durante o período de atraso (mora), o devedor desfruta da situação
de ainda não ter entregado o que é devido ao credor, devendo arcar com juros
de mora pelo uso do que não foi entregue.
Nos casos de responsabilidade civil, a partir do momento em que
determinada pessoa tem seu patrimônio reduzido por ato de terceiro, pode-se
afirmar que este é devedor de um determinado montante ao prejudicado. À
semelhança do que se explanou no que concerne à incidência da correção
monetária, podemos afirmar que, no dia seguinte ao do evento danoso, o
responsável já deve arcar com os juros, pois, se desde a véspera ele é devedor
de uma indenização, não tendo indenizado, ele faz uso do dinheiro alheio,
tornando-se devedor de juros moratórios.
Nesse sentido, o STJ editou a Súmula nº 54, abaixo transcrita:
Súmula nº 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em
caso de responsabilidade extracontratual.

No entanto, para o STJ, no caso de responsabilidade contratual,


diferentemente da responsabilidade extracontratual, os juros de mora
fluem a partir da citação. A título de exemplo, a responsabilidade civil da
empresa de transporte coletivo em relação ao dano sofrido por passageiro é de
natureza objetiva e contratual. Assim, na hipótese de o passageiro sofrer algum
dano, os juros de mora passam a fluir a partir da citação da empresa ré, não se
aplicando nesse caso a Súmula nº 54/STJ, por não se tratar de responsabilidade
extracontratual, como se observa no seguinte excerto de jurisprudência:

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[...] 3. Cuida-se, na hipótese, de passageiro de ônibus, havendo, portanto,


responsabilidade objetiva e contratual da empresa de transportes. A orientação
desta Corte é no sentido de que em tal circunstância os juros moratórios correm a
partir da citação. Inaplicável, in casu, a Súmula 54/STJ, por não se tratar de
responsabilidade extracontratual (REsp 726.939/RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 4ª
Turma, j. 24.05.2005, DJ 1º.07.2005, p. 559).

Se for julgado procedente um pedido de indenização e o réu for condenado ao


pagamento de danos morais, a correção monetária deve ser fixada a partir da
prolação da decisão que fixou o quantum indenizatório, e os juros moratórios
devem incidir a partir do evento danoso.
A Súmula nº 362/STJ, estabelece a data do arbitramento (fixação do quantum
indenizatório) como termo inicial da correção monetária, e a Súmula nº 54/STJ
estabelece a fluência de juros moratórios a partir do evento danoso.
Segundo o STJ, no caso de responsabilidade contratual, os juros moratórios
incidem a partir da citação, enquanto na responsabilidade extracontratual os
juros moratórios incidem a partir do evento danoso.

Por força dos Decretos nos 20.910/1932, e 4.597/1942, é de cinco anos o


prazo prescricional das ações contra a Fazenda Pública (pessoas jurídicas de
Direito Público).
Com o advento do art. 1º-C da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela
MP 2.180, de 2001, o prazo de cinco anos foi estendido também às pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
O prazo para a propositura da ação de indenização contra o Estado começa
a fluir a partir da data do ato ou do fato que deu origem ao dano, conforme
previsto no art. 1º do Decreto nº 20.910/1932. Contudo, excepcionalmente,
caso o evento danoso resulte em invalidez ou incapacidade para o particular, o
termo inicial (termo a quo) para a contagem do prazo prescricional não é a data
do acidente, mas aquela em que a vítima teve ciência inequívoca de sua
invalidez e da extensão de sua incapacidade.
Contudo, quando a ação de indenização decorre de dano gerado por
ilícito penal praticado por agente do Estado, o prazo prescricional
somente tem início a partir do trânsito em julgado da ação penal
condenatória (REsp 435.266/SP, Rel. Min. Eliana Calmon).

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Questão 15 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2011) Determinado cidadão foi


atropelado por viatura policial, conduzida por agente público, que se encontrava em
atendimento de ocorrência. Nessa situação, poderá responsabilizar
a) a Administração, desde que comprovado dolo ou culpa grave do agente.
b) a Administração pelos danos sofridos, podendo esta exercer o direito de regresso em face
do agente, caso comprovado dolo ou culpa deste.
c) a Administração ou diretamente o agente público, bastando a comprovação do nexo de
causalidade entre o dano e a conduta do agente.
d) a Administração, desde que comprovada falha na prestação do serviço, consistente na
omissão do dever de zelar pela atuação do agente público.
e) o agente, caso comprovado dolo ou culpa, podendo este, se condenado, exercer o direito
de regresso em face da Administração.
Comentário:
a) INCORRETA. Em nome da teoria do risco administrativo, ocorre a responsabilização
objetiva do Estado, o qual responde pela simples existência de nexo causal entre a atividade
administrativa e o dano sofrido, sendo desnecessária a prova de dolo ou culpa grave por
parte do agente. art. 37 da CF: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”.
b) CORRETO - O Estado, ao assumir a responsabilidade pelos danos causados por seus
agentes no exercício da função, poderá exercer a responsabilização deles através de ação
própria na qual a Administração busca a reposição da quantia gasta. Necessário lembrar
que, nesse caso, a responsabilização do servidor é subjetiva. Em regra, isso é feito por ação
autônoma, embora haja alguns casos pontuais em que determinados magistrados admitem
a denunciação à lide, para que o servidor passe a compor a demanda. O assunto não é
uniforme, pois, como a responsabilidade do Estado é objetiva, e a do agente subjetiva,
poderia surgir prejuízo ao particular com o retardamento da demanda.
c) INCORRETA. Conforme visto anteriormente, primeiro é ré a Administração que, em
ocasião posterior, pode ser ressarcida pelo agente que agiu com dolo ou culpa.
d) INCORRETA. O exemplo não trata de responsabilidade por omissão, mas sim de uma
conduta comissiva. Vale, no entanto, aproveitar o ensejo para mencionar que a
responsabilidade do Estado em caso de omissão é, EM REGRA, subjetiva.
e) INCORRETA. Repisando, a Administração responderá primeiramente, cabendo ação de
regresso contra o agente que atuou com dolo ou culpa.
Gabarito: Letra “b”.

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11 - A ação regressiva: Estado X Agente público


O art. 37, § 6º, da nossa Carta Maior prevê a responsabilidade civil objetiva
das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros. O mesmo dispositivo assegura ao Estado (ou
prestadores de serviços públicos) o direito de regresso contra o agente
responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa.
Em razão dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório,
o direito de regresso deve ser exercido mediante o manuseio de ação própria
(ação regressiva), não podendo o Estado efetuar diretamente o desconto nos
vencimentos do servidor, sem o consentimento deste.
Registramos, ainda, a possibilidade de o servidor reconhecer a sua
responsabilidade e optar por recolher espontaneamente a quantia devida aos
cofres públicos ou mesmo autorizar que o valor seja descontado de seus
vencimentos, respeitando-se nesse caso os percentuais máximos previstos na
legislação para esse tipo de desconto.
A propósito do assunto é importante ressaltar alguns aspectos:
(1º) A ação de responsabilização do agente público pressupõe que o Poder
Público tenha indenizado o particular, seja em decorrência de acordo
reconhecendo a responsabilidade civil estatal, seja em virtude de condenação em
ação ajuizada pelo lesado.
(2º) A responsabilidade do agente público em ação regressiva é de natureza
subjetiva, ou seja, depende da comprovação de que ele agiu com culpa ou dolo.
Assim, é possível que o Estado indenize o particular e não tenha reconhecido o
direito de ser ressarcido pelo servidor responsável, bastando para isso que não
seja comprovado dolo ou culpa deste.
(3º) A parte final do § 5º do art. 37 da Constituição Federal pode levar à
conclusão precipitada de que todas as ações de ressarcimento movidas pelo
Poder Público são imprescritíveis. No entanto, o Plenário do STF, no julgamento
do RExt 669.069, decidiu, com repercussão geral, que “é prescritível a ação de
reparação de danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil”. Sem
prejuízo do que foi dito, no julgamento dos embargos declaratórios relativos ao
decisum anterior, a Corte esclareceu que aquela decisão não abrangia a discussão
quanto à prescrição da ação de reparação de danos ao erário decorrentes de atos
que agridem normas de direito público, citando expressamente como
exemplos os atos de improbidade administrativa e os ilícitos penais. Assim,
de forma resumida, devem ser observadas as seguintes orientações:

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a) é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública


decorrentes de ilícito civil (a exemplo daqueles decorrentes de
acidente de trânsito);
b) é imprescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrentes de atos de improbidade (casos dolosos 7 ) ou de ilícitos
penais.
Dessa forma, ainda que ocorra a prescrição da pretensão punitiva nas
esferas administrativa e penal, na esfera civil o Estado pode, a qualquer tempo
(exceto no caso de dano ao erário decorrente de ilícito civil), em ação regressiva,
obter a reparação do dano.
(4º) A obrigação de ressarcir o Estado transmite-se aos herdeiros a
qualquer tempo – respeitada a possibilidade de prescrição na hipótese de danos
decorrentes de ilícito civil –, tendo como limite o valor do patrimônio transferido
(art. 5º, XLV, da CRFB). No entanto, eventual prescrição da ação regressiva
beneficiará também os herdeiros, que não mais poderão ser demandados pelos
danos provocados pelo falecido.
(5º) O servidor responde inclusive depois de extinto seu vínculo com
a Administração Pública, desde que não esteja prescrita a
correspondente ação regressiva de indenização. Assim, o agente que foi
demitido ou exonerado pode ser obrigado a ressarcir os prejuízos causados ao
ente público.

Questão 16 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada) Sobre


responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:
( ) a Administração Pública, segundo a teoria do órgão, não pode ajuizar ação regressiva
em face do agente público que deu causa ao dano suportado pela vítima.
Comentário:
É justamente o contrário. É cabível a ação regressiva.
Gabarito: Incorreta.

7 ATENÇÃO: até o mês de julho de 2018, havia grande discussão jurisprudencial quanto à prescritibilidade
das ações de ressarcimento ao Erário, tendo em vista a regra de imprescritibilidade constante do final do §
5º do art. 37 da Constituição Federal. Contudo, com o julgamento do RExt 852.475, com repercussão geral
reconhecida, o Plenário da Corte Suprema decidiu que é prescritível a ação civil pública de ressarcimento ao
erário fundada em suposto ato de agente público tipificado como ilícito de improbidade administrativa.
Portanto, muito cuidado com essa questão na hora da prova!

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12 - Responsabilidade per saltum


A jurisprudência do STF, nos termos do julgado no RExt 327.904/SP, afastou
a legitimidade passiva do agente público para responder pelos danos causados a
particular no exercício de função típica (Rel. Min. Ayres Britto, DJ 08-09-2006).
Nesse julgado, buscava-se a responsabilidade civil de ex-prefeito da
municipalidade de Assis/SP, por haver editado decreto de intervenção em face
de hospital e maternidade pertencente à Associação de Caridade Santa Casa de
Misericórdia de Assis. O Ministro relator negou provimento ao recurso sob o
fundamento de que somente as pessoas jurídicas de direito público ou aquelas
de direito privado prestadores de serviços públicos poderiam responder
objetivamente pela reparação de danos a terceiros.
Nas palavras do relator, se o eventual prejuízo ocorreu por força de uma
atuação tipicamente administrativa, seria incabível extrair do art. 37, §6º da
Constituição Federal a responsabilidade per saltum da pessoa natural do agente,
o qual apenas estaria obrigado à reparação em caso de ressarcimento ao erário,
depois de comprovada sua culpa ou dolo.
Para o Supremo Tribunal Federal, portanto, o já citado art. 37, § 6º da
Constituição Federal consagra a tese que ficou conhecida como “dupla garantia”,
isso porque, ao possibilitar a ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público ou de direito privado prestadora de serviço público, estaria assegurada
ao lesado a possibilidade praticamente certa de ver ressarcido o dano sofrido.
Outra garantia seria direcionada ao servidor do estado, cuja responsabilidade civil
e administrativa apenas subsistiria perante a pessoa jurídica a cujo quadro ele
pertença.
Entendimento diverso aplicado ao tema ora analisado foi esposado pelo
Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.325.862, de relatoria do
Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 05/09/2013.
Nesse apelo especial, a controvérsia estava relacionada a pedido de
indenização formulado pelo Procurador do Estado do Paraná, em face de
serventuária da justiça que, no exercício de suas funções, fizera publicar resumo
de sentença no qual erroneamente constou a afirmação de que o Estado do
Paraná havia sido condenado a pagar multa por litigância de má-fé, o que não
ocorreu. Analisando o caso, o Ministro relator expôs entendimento segundo o
qual, a melhor solução para a questão seria a de deixar à disposição do particular
a possibilidade de intentar ação diretamente contra o agente público culpado,
contra o Estado, ou até mesmo contra ambos, caso seja esse o seu interesse.

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Para o STF é inadmissível a chamada


responsabilidade per saltum, diferentemente do que entendo o STJ! Com base
nesse entendimento, o CEBRASPE, em recente prova para a Magistratura do
TJCE, apontou como correta a seguinte assertiva: “À luz do entendimento do STF,
a responsabilidade objetiva do poder público pelos danos causados por seus
agentes impede a responsabilização per saltum do agente público causador do
dano.”

13 - Responsabilidade administrativa, civil e penal do


agente público
Uma mesma conduta lesiva pode ter como consequência a responsabilização
do agente público em três diferentes esferas: a civil (obrigando-lhe a reparar o
dano causado); a administrativa (impondo-lhe as penalidades decorrentes do
descumprimento do seu estatuto funcional); e a penal (aplicando-lhe as sanções
penais decorrentes da configuração do fato como crime).
A princípio, as responsabilidades administrativa, civil e penal do agente
público são independentes, de forma que a decisão condenatória ou absolutória
em uma das esferas não traz necessariamente como consequência decisões no
mesmo sentido nas demais esferas.
Nessa linha, imaginemos a seguinte situação hipotética: um grupo de
policiais, ao abordar um veículo, sem qualquer razão aparente, dispara tiros de
metralhadora contra os seus ocupantes. Nessa situação, como há dano ao
patrimônio do particular, o Estado pode ser obrigado a arcar com os prejuízos
decorrentes da ação policial desastrada. Se isso acontecer, os policiais
responderão civilmente perante o Estado em ação regressiva, pois agiram com
dolo. Além disso, certamente os policiais descumpriram as regras do seu estatuto
funcional, estando sujeitos às punições de natureza administrativa nele
previstas, como a advertência, suspensão ou demissão. Por fim, configurada a
tentativa de homicídio, os policiais podem (na realidade devem) ser condenados
no juízo criminal, sendo-lhes aplicada pena de detenção ou reclusão.
Temos que atentar, contudo, que a tríplice responsabilização nem sempre
acontece, pois o ilícito administrativo pode ou não gerar responsabilidade civil e
penal. Se um servidor público federal, por exemplo, promove uma manifestação
de apreço no recinto da repartição, comete ilícito administrativo (Lei nº

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8.112/1990, art. 117, V), sujeitando-se à pena de advertência (Lei nº


8.112/1990, art. 129). No entanto, o fato não configura crime (não havendo
responsabilização criminal), e, se dele não resultar qualquer dano patrimonial a
terceiro ou ao próprio Estado, não haverá responsabilização civil.
Existem casos em que o fato configura ilícito administrativo e gera dano para
um particular, mas a conduta não é tipificada como crime na legislação penal. A
título de exemplo, imagine-se o caso de um servidor ocupante do cargo de
motorista, que dirige de maneira imprudente e abalroa uma barraquinha de
venda de pipoca, pertencente a particular, destruindo-a, sem provocar lesão à
integridade física de qualquer pessoa.
Nessa hipótese, certamente o servidor descumpriu as regras do seu estatuto
(devendo ser responsabilizado administrativamente), gerou dano ao patrimônio
do particular (podendo ser responsabilizado civilmente), mas, como o crime de
dano não comporta a modalidade culposa (Código Penal, art. 163), não há
responsabilidade penal.
Apesar de expressamente reconhecer que “a responsabilidade civil é
independente da criminal”, o art. 935 do Código Civil afirma que não mais se
pode questionar “sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.
Portanto, se após todas as manifestações processuais, adotados todos os
cuidados de praxe, a decisão no processo penal afirma que o fato não aconteceu
ou que ele ocorreu, mas o autor não é o agente acusado, a esfera cível não pode
sustentar o contrário. De maneira semelhante, se reconhecidas a autoria e a
existência do fato, também não cabe ao juízo cível negar tais conclusões.
Não obstante, há casos em que determinado conjunto probatório,
considerado insuficiente para uma condenação criminal, pode transmitir
segurança suficiente para sustentar legitimamente uma condenação
administrativa ou civil. Podemos afirmar, portanto, que a absolvição criminal
por insuficiência de provas da existência do fato ou da sua autoria não
vincula as esferas administrativa e civil, que ficam livres para chegar às suas
conclusões de acordo com suas peculiaridades. A mesma liberdade estará
presente para qualquer outro motivo que fundamentar a decisão absolutória
criminal, salvo, conforme analisado acima, a negativa de autoria ou de existência
do fato.
Já no que concerne à responsabilidade administrativa do agente público
causador do dano, há de se respeitar o seu estatuto funcional. A título de
exemplo, no Estatuto dos Servidores Públicos Federais prevê-se que a

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responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição


criminal que negue a existência do fato ou sua autoria (Lei 8.112/1990, art.
126). Contudo, não foi estabelecida a vinculação da esfera administrativa na
hipótese de condenação criminal do agente.

Questão 17 (CEBRASPE, DPE-DF, Defensor Público, 2013) A respeito da


responsabilidade civil do Estado, julgue o item seguinte.
( ) Segundo a jurisprudência atualizada do STJ, em ação de indenização por ilícito penal
praticado por agente do Estado, o termo inicial da prescrição é o trânsito em julgado da ação
penal condenatória .
Comentário:
ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA.
QUANTUM DOS DANOS MORAIS. SÚMULA 7/STJ. JUROS MORATÓRIOS. MP 2180/35-
01. PENSÃO. TERMO AD QUEM. DATA EM QUE O DE CUJUS COMPLETARIA 70 ANOS.
1. Trata-se na origem de Ação Condenatória contra o Estado da Paraíba, em razão do
assassinato do esposo/pai dos ora recorrentes, em 1984, por policiais militares, condenados
penalmente.
2. A sentença de 1º grau julgou a demanda parcialmente procedente, estabelecendo
indenização por danos morais, pensão alimentícia mensal e danos materiais a partir de 1999
(o período anterior estaria prescrito), acrescidos de correção monetária e juros de mora. O
acórdão deu provimento parcial à apelação dos particulares apenas para reconhecer a
incidência de juros de mora a partir dos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação.
3. Os recorrentes pretendem ver afastada a prescrição em relação a uma das partes; majorar
os danos morais; retroceder a incidência de juros à data do evento; modificar seu percentual;
e estender a pensão até a data da atual expectativa de vida do brasileiro.
4. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, o termo inicial da prescrição, em ação de
indenização por ilícito penal praticado por agente do Estado, é o trânsito em julgado da Ação
Penal condenatória. Se houve o reconhecimento da eficácia interruptiva da prescrição
promovida pela Ação Penal, não se pode mitigá-la de modo a permitir a propositura da ação
indenizatória, mas obstar o pedido de pensão relativa a período posterior à Ação Penal.
Gabarito: Correta.

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14 - Interessantes casos de responsabilidade civil do


Estado tratados pela jurisprudência

14.1 - Atos legislativos e omissão legislativa


Via de regra, a edição de atos legislativos não gera a responsabilidade civil
do Estado. Entende-se que a atividade legislativa é função decorrente da
soberania popular, razão pela qual o Estado não pode ser responsabilizado se a
lei trouxer dano a alguém.
Contudo, em duas situações a doutrina e a jurisprudência reconhecem a
responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. São elas:

➢ leis inconstitucionais; e
➢ leis de efeitos concretos.

Em relação às leis inconstitucionais, o entendimento é de que a função


legislativa deve ser exercida em conformidade com a Constituição.
Ocorrendo a edição de lei inconstitucional, o Estado responde civilmente
pelos danos decorrentes da aplicação dessa lei. Contudo, o STJ firmou
posicionamento de que a responsabilização civil do Estado por ato
legislativo depende da declaração de inconstitucionalidade da lei pelo
STF em sede de controle concentrado, não alcançando, portanto, a
inconstitucionalidade declarada em sede de controle difuso (REsp 571.645, Rel.
Min. João Noronha):
Com a evolução da Teoria da Responsabilidade, tem-se aceitado, hodiernamente,
a responsabilidade civil por ato legislativo. É necessário, contudo, que haja prévia
declaração de inconstitucionalidade da lei que causou o dano a ser ressarcido,
sendo imprescindível, aliás, que a declaração seja feita pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de controle concentrado de constitucionalidade.
Não basta a existência de decisões em recursos extraordinários ou o
reconhecimento da contrariedade à Constituição por Cortes Regionais.

Relativamente às leis de efeitos concretos, o primeiro passo é recordar que


a lei em sentido material é ato normativo dotado de generalidade (não possui
destinatários determinados, aplicando-se a todos os que eventualmente se
enquadrarem nos seus comandos) e abstração (versa sobre hipóteses e não
sobre situações concretas já verificadas no mundo). Já a lei de efeitos concretos,

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apesar de haver passado pelo processo legislativo constitucionalmente previsto


para a formação das leis, somente leva o nome de “lei” por esse motivo, uma vez
que, materialmente (quanto ao conteúdo), ela é o verdadeiro ato administrativo,
e, por conseguinte, se causar dano ao particular, gerará direito à indenização.
Outro ponto importante em relação aos atos legislativos é saber se é cabível
a responsabilização civil do Estado quando o Parlamento incide em mora
legislativa para a edição de lei conferidora de eficácia à norma constitucional,
causando dano a terceiros.
O STF, em alguns julgados, já se pronunciou favoravelmente ao
reconhecimento da responsabilidade civil da União decorrente de mora
legislativa. Ocorre que a responsabilização civil da União não incide
automaticamente no momento em que o STF declara a mora legislativa. Primeiro,
a Corte fixa um prazo razoável para que o Congresso Nacional purgue a mora,
ou seja, para que edite a lei reclamada. Se a providência não for tomada no prazo
estabelecido e o Congresso Nacional persistir em mora legislativa, tornar-se-á
cabível a ação de reparação civil por perdas e danos a ser proposta pelos
eventuais prejudicados.
Para ilustrar a posição do STF, transcreve-se a seguir a Ementa de um dos
julgados em que esse posicionamento foi adotado:
Mandado de injunção. Portarias reservadas do Ministério da Aeronáutica.
ADCT/1988, art. 8º, § 3º. Regime democrático e sigilo estatal. Inadimplemento da
prestação legislativa. Persistência do estado de mora do Congresso Nacional.
Desnecessidade de nova comunicação a instituição parlamentar. Possibilidade do
ajuizamento imediato de ação de reparação, com fundamento no direito comum.
Writ concedido. Com a persistência do estado de mora do Congresso Nacional, que,
não obstante cientificado pelo STF, deixou de adimplir a obrigação de legislar que
lhe foi imposta pelo art. 8º, § 3º, do ADCT/1988, reconhece-se, desde logo, aos
beneficiários dessa norma transitória a possibilidade de ajuizarem, com fundamento
no direito comum, a pertinente ação de reparação econômica” (MI 384, Rel. Min.
Celso de Mello).

14.2 - Atos jurisdicionais


A regra é que não há responsabilização do Estado por erros praticados no
exercício da função jurisdicional. No entanto, essa regra somente é aplicável na
esfera civil.
Em matéria penal, a disciplina jurídica é dada pelo art. 5º, LXXV, da CRFB,
que estatui que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como

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o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”. O erro judiciário de que
trata a norma constitucional é aquele referente à esfera penal. Assim, se houver
revisão criminal, ficando patente que houve erro judiciário, incidirá a regra da
responsabilização objetiva do Estado.
Questão importante é saber se é cabível responsabilizar o Estado por dano
moral, no caso de prisão provisória, quando o réu for absolvido na decisão
definitiva. Na jurisprudência do STF 8 predomina a posição de que prisão
provisória não enseja responsabilidade civil do Estado, conforme se observa na
ementa do seguinte julgado:
Constitucional. Administrativo. Civil. Responsabilidade civil do Estado: Atos dos
juízes. CF, art. 37, § 6º. I – A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica
aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II – Decreto judicial de prisão preventiva
não se confunde com o erro judiciário (CF, art. 5º, LXXV) mesmo que o réu, ao final
da ação penal, venha a ser absolvido. III – Negativa de trânsito ao RE. Agravo não
provido (RE-AgR 429.518, Rel. Min. Carlos Velloso).

A ideia básica é que, se uma prisão de natureza cautelar foi decretada dentro
dos limites legais, não há qualquer ilicitude, não havendo possibilidade de
responsabilização estatal. O fato de, ao final da ação penal, o réu ser absolvido
não significa que houve ilicitude na prisão cautelar, uma vez que esse instituto
não decorre de presunção de culpa, pois, se o fosse, deveria ser declarado
inconstitucional, tendo em vista que ninguém pode ser considerado culpado até
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII).
Não obstante, quando a prisão cautelar for mantida injustificadamente,
caberá a responsabilização do Estado por dano moral, visto que configurado
abuso.
Digno de registro também que o Código de Processo Civil prevê a
responsabilização civil pessoal do magistrado e do membro do Ministério Público

8É importante destacar o chamado caso “Bar Bodega”, em que o STF (RExt 385.493, Rl. Min. Celso de Mello)
condenou o estado de São Paulo a indenizar pessoa indevidamente envolvida em inquérito policial arquivado.

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quando estes dolosamente causarem dano à parte (arts. 1439 e 18110, ambos do
CPC).

14.3 - Obras públicas


A responsabilidade decorrente de obras públicas exige o exame de dois
aspectos: 1º) se o dano foi causado pelo só fato da obra (em razão da obra em
si); e 2º) se a obra estava sendo executada diretamente pela Administração
Pública ou se a Administração contratou sua execução com uma empresa
particular.
O dano pelo só fato da obra (em razão da obra em si) é aquele causado
por sua extensão, duração ou localização, independentemente de qualquer
erro ou ilicitude na execução. É aquele que existiria ainda que fossem tomadas
todas as precauções técnicas. Como exemplo, podemos citar a paradigmática
construção do famoso Elevado Presidente João Goulart (conhecido como
“minhocão”), na cidade de São Paulo. A obra colocou uma movimentada faixa de
rolamento a poucos metros das janelas de vários apartamentos, gerando poluição
sonora, visual e ambiental (química) com a consequente desvalorização dos
imóveis atingidos. Diante da situação, o Supremo Tribunal Federal reconheceu
presentes os três requisitos para a responsabilidade objetiva do Estado (dano,
conduta oficial e nexo causal) e, aduzindo que “a consideração no sentido da
licitude da ação administrativa é irrelevante”, garantiu o direito a
indenização a particular prejudicado (RExt 113.587).
O fundamento filosófico da responsabilização estatal por atos lícitos é a
repartição equânime dos ônus e bônus da atuação do Poder Público, pois
seria injusto que a atuação lícita estatal beneficiasse grande parcela da
coletividade (pela disponibilidade da obra), mas gerasse exagerado ônus
individualizável a grupo de particulares. Assim, tem-se por justa a repartição do
prejuízo por toda a coletividade, o que é obtido mediante o pagamento de
indenização pelo Estado, que usa para tanto dos recursos obtidos com a cobrança
feita a toda a sociedade.

9 Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:

I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;


II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento
da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer
ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.

10Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo
ou fraude no exercício de suas funções.

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Situação diversa ocorre na hipótese de danos acidentais, ou seja, quando o


prejuízo for causado por falha na execução da obra pública. Nesse caso, se o
Estado estiver executando diretamente a obra, responderá objetivamente pelos
danos causados, com amparo no art. 37, § 6º, da CRFB. Por outro lado, se a obra
estiver sendo executada por empresas particulares, esta é que responderá
subjetivamente pelos danos, dependendo da prova da culpa ou do dolo. A
responsabilidade da empresa contratada para executar obra pública vem
regulada pela Lei nº 8.666/1993, que assim prescreve:
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à
Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo órgão interessado.

14.4 - Pessoas ou bens sob responsabilidade do Estado


Quando o Estado assume a responsabilidade pela guarda de pessoas ou
bens, responde pelos danos que vierem a sofrer, ainda que o dano tenha sido
provocado por terceiro.
Nessas situações, geralmente o dano é decorrente de uma conduta omissiva
do Poder Público. Conforme já comentado, existem controvérsias sobre qual
teoria da responsabilidade civil deve ser aplicada no caso de omissões danosas
do poder público. Nem mesmo a jurisprudência dos Tribunais Superiores
pacificaram o entendimento sobre o assunto. Em alguns casos aplicam a
responsabilidade objetiva (STF, RExt 272.839/MT; STJ, REsp 944.884/RS), na
modalidade risco administrativo, em outros adotam a teoria da responsabilidade
subjetiva (STF, RExt 382.054/RJ; STJ, REsp 819.789/RS), na modalidade culpa
do serviço.
No ano de 2016, no julgamento do mérito com repercussão geral do RExt
841.526, em que se discutia a responsabilidade estatal pela morte de presidiário,
o Plenário do Supremo Tribunal Federal, após reconhecer que a responsabilidade
civil prevista no art. 37, § 6º, da CRFB, era responsabilidade objetiva na
modalidade risco administrativo, firmou a seguinte tese: “em caso de
inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º,
inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte
do detento”. No caso, a Corte reconheceu que o Estado deveria responder
civilmente pela morte do preso porque não conseguiu comprovar a existência de
suicídio, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade entre a omissão
no dever de proteção ao detento e o óbito ocorrido.

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Ainda no tocante ao dever de proteção à integridade física e mental do preso,


a Suprema Corte, também julgando recurso com repercussão geral, decidiu que
o preso submetido a situação degradante e a superlotação na prisão tem
direito a indenização do Estado por danos morais. (RExt 580.252)

14.5 - Danos causados por presidiários foragidos de


estabelecimentos prisionais
Do dever de vigilância que o Estado possui relativamente às pessoas sobre
sua guarda pode resultar a responsabilidade civil estatal por danos causados por
presidiários foragidos.
No entanto, o STF não reconhece a responsabilidade estatal como
decorrência automática da fuga, entendendo ser necessária uma análise mais
acurada das circunstâncias fáticas presentes em cada caso concreto. De um
exame mais detido da jurisprudência da Corte é possível concluir que o fator mais
importante levado em consideração para a responsabilidade estatal tem sido o
tempo transcorrido entre a fuga e a prática do ato do qual resulta o dano:.
Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio
cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência
estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da
terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes
para caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a
responsabilidade objetiva nos termos do disposto no art. 37, § 6º, da
Constituição do Brasil (RExt 573.595-AgR, rel. Min. Eros Grau).

Do teor da ementa acima transcrita é possível perceber que, conforme


afirmado anteriormente, a Corte confere crucial importância para o lapso de
tempo decorrido entre a fuga e a prática do ato lesivo. Quando é longo tal
período, o Tribunal tem entendido que foi quebrado o nexo de causalidade, não
sendo cabível a responsabilidade do Estado.

14.6 - Responsabilidade em caso de danos nucleares


A responsabilidade civil por danos nucleares é disciplinada no art. 21,
XXIII, d, da CRFB, que estatui que “a responsabilidade por danos
nucleares independe da existência de culpa”.
Atenção, pois o tema gera controvérsias na doutrina, uma vez que há
doutrinadores que entendem que se aplica a teoria do risco integral, enquanto

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outros adotam a teoria da responsabilidade objetiva na modalidade risco


administrativo.

14.7 - Intervenção estatal na economia


Nossa Corte Suprema já reconheceu que a intervenção do Estado na
economia, fixando preços em valores abaixo da realidade e em desconformidade
com a legislação aplicável ao setor, enseja a sua responsabilização civil pelos
danos ocasionados, conforme expresso no seguinte excerto de jurisprudência:
A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de
setores econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da Ordem
Econômica. CF, art. 170. O princípio da livre-iniciativa é fundamento da República
e da Ordem econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. Fixação de preços em valores
abaixo da realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao setor:
empecilho ao livre exercício da atividade econômica, com desrespeito ao princípio
da livre-iniciativa. Contrato celebrado com instituição privada para o
estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasamento para a fixação
dos preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou realizada em
valores inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente econômico,
vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do poder público. CF, art.
37, § 6º. Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia
técnica (RExt 422.941, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 24.03.2006).

14.8 - Danos decorrentes de falhas em concursos públicos

Podemos falar, ainda, que falhas em concursos públicos


acarretem a responsabilização civil do Estado. Sobre o tema, vale a pena citar o
seguinte trecho de julgado do STF:
Candidatos que só vieram a ter o direito à nomeação depois de outros que
foram nomeados por só terem obtido prioridade pela nova ordem de
classificação em virtude do reexame de questões do concurso. Nesse caso,
o direito a serem ressarcidos por não haverem sido nomeados anteriormente
não decorre do art. 37, II, da Constituição, mas, sim, do seu art. 37, § 6º,
questão que não foi prequestionada (RExt 221.170, Rel. p/ acórdão Min.
Moreira Alves).

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14.9 - Serviços notariais e responsabilidade


Os notários e registradores recebem do Estado a delegação de serviços
públicos notariais e registrais e passam a exercê-los em nome próprio, por sua
conta e risco, mas sob fiscalização estatal.
Sempre existiu uma controvérsia grande na doutrina e na jurisprudência
quanto ao caráter subjetivo ou objetivo da responsabilidade civil desses
profissionais. Para pôr fim à polêmica, a nova redação dada pela Lei nº
13.286/2016 ao art. 22 da Lei nº 8.935/1994 estabeleceu que “os notários e
oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que
designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso”.
Fica clara, portanto, a opção legislativa pela responsabilidade subjetiva dos
notários e registradores.
Também é polêmica no âmbito doutrinário a questão acerca da existência
ou não de responsabilidade civil do Estado por falhas nos serviços notarias e
registrais. Mesmo entre os que admitem a responsabilidade estatal em tais
hipóteses – que parecem formar uma corrente majoritária –, não há unanimidade
sobre a responsabilidade ser direta, subsidiária ou solidária com o
notário/registrador. Digno de nota que o Supremo Tribunal Federal tem
precedentes jurisprudenciais nos quais ficou assentada responsabilidade
direta, afirmando-se que “o Estado responde, objetivamente, pelos atos
dos notários que causem dano a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa (C.F., art. 37,
§ 6º)” (STF, RExt 518.894 AgR).

Há responsabilidade objetiva do Estado por dano


causado por serventuário, pois os serviços
notariais são exercidos por delegação do poder
público.

Questão 18 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)


Julgue o item a seguir
( ) Sempre que editada lei de efeitos concretos haverá a responsabilização do ente estatal
que exerceu a atividade legislativa.

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Comentário:
Com a evolução da Teoria da Responsabilidade, tem-se aceitado, nos dias atuais, a
responsabilidade civil por ato legislativo. É necessário, contudo, que haja prévia declaração
de inconstitucionalidade da lei que causou o dano a ser ressarcido, sendo imprescindível,
aliás, que a declaração seja feita pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle
concentrado de constitucionalidade.
Relativamente às leis de efeitos concretos, o primeiro passo é recordar que a lei em sentido
material é ato normativo dotado de generalidade (não possui destinatários determinados,
aplicando-se a todos os que eventualmente se enquadrarem nos seus comandos) e
abstração (versa sobre hipóteses e não sobre situações concretas já verificadas no mundo).
Já a lei de efeitos concretos, apesar de haver passado pelo processo legislativo
constitucionalmente previsto para a formação das leis, somente leva o nome de “lei” por esse
motivo, uma vez que, materialmente (quanto ao conteúdo), ela é o verdadeiro ato
administrativo, e, por conseguinte, se causar dano ao particular, gerará direito à indenização.
Gabarito: Incorreta.

Questão 19 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010 - adaptada) Julgue o item que
segue
( ) O regime de responsabilidade previsto no art. , da Constituição Federal brasileira
exclui os atos praticados no exercício da função legislativa e jurisdicional.
Comentário:
Responsabilidade civil do Estado por atos legislativos: em regra, inexiste. Excepcionalmente
sim, em razão de leis inconstitucionais e por leis de efeitos concretos.
Responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais: em regra é inexistente.
Excepcionalmente é OBJETIVA, em razão do erro judiciário em sentença criminal ou em
face daquele que fica preso além do tempo da sentença (o que também é um erro judiciário
criminal); bem como em razão de responsabilidade do magistrado quando proceder com
dolo ou fraude, (art. 143, do CPC). Lembrando que não há direito à indenização estatal em
caso de mera prisão preventiva.
Gabarito: Incorreta.

Questão 20 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010 – adaptada) Em se tratando da


Responsabilidade Estatal no direito brasileiro, analise os itens a seguir:
I. O Superior Tribunal de Justiça, recentemente, decidiu pela responsabilidade de juíza que,
em sua atuação na magistratura, causou danos a outrem;
II. A União responde civilmente por danos nucleares desde que comprovada a culpa em
qualquer uma de suas modalidades;
III. Constatada a confecção, ainda que por tabelionato não oficializado, de
substabelecimento falso que veio a respaldar escritura de compra e venda de bem imóvel
fulminada judicialmente, impõe-se a obrigação do Estado de ressarcir o comprador do
imóvel;
IV. Ainda que o agente estatal atue fora de suas funções, mas a pretexto de exercê-las, o
fato é tido como administrativo, no mínimo pela má escolha do agente (culpa in vigilando)',

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V. Só pode o Estado ser responsabilizado se o preposto estatal estiver no exercício de suas


funções ou, ao menos, se esteja conduzindo a pretexto de exercê-la. Desse modo, se causar
dano a terceiro no correr de sua vida privada, sua responsabilidade é pessoal.
A quantidade de itens incorretos é igual a:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Comentário:
A assertiva I está CORRETA. Baseia-se no julgado do informativo nº 304/STJ, no qual
entendeu que uma juíza pode ser responsabilizada por danos morais, ante o fato de ter
oficiado à autoridade policial imputada, indevidamente, o cometimento de crime a particular.
A assertiva II está INCORRETA. A responsabilidade por dano nuclear é objetiva e, portanto,
independe de demonstração de culpa (CRFB, art.21, XXIII,
Assertiva III está CORRETA. O item adota expressamente o texto da ementa proferida pelo
Min. Marco Aurélio no RExt 175.739. "Constatada a confecção, ainda que por tabelionato
não oficializado, de substabelecimento falso que veio a respaldar escritura de compra e
venda fulminada judicialmente, impõe-se a obrigação do Estado de ressarcir o comprador
do imóvel.”
A assertiva IV está INCORRETA. Ainda que o agente estatal atue fora de suas funções, mas
a pretexto de exercê-las, o fato é tido como administrativo, no mínimo pela má escolha do
agente (culpa in eligendo) ou pela má fiscalização de sua conduta (culpa in vigilando).
O erro está em afirmar a culpa como "in vigilando" e na verdade é "in eligendo".
A assertiva V está CORRETA. O art. 37, §6º, da CRFB afirma que o Estado responderá
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem terceiro.
Gabarito: Letra “b”.

15 - Jurisprudência sobre o tema


STF – RE 591.874/MS (26/8/2009)

CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA


CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE
SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE
TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS
NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade civil das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva
relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art.
37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade
entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público,

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é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de


direito privado. III - Recurso extraordinário desprovido.

(STF - RE: 591874 MS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento:
26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO)

STF – AI 473.381/AP (20/9/2005)

- CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AGENTE E VÍTIMA:


SERVIDORES PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: CF, art. 37, § 6º.
I. - O entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que descabe ao
intérprete fazer distinções quanto ao vocábulo "terceiro" contido no § 6º do art. 37 da
Constituição Federal, devendo o Estado responder pelos danos causados por seus
agentes qualquer que seja a vítima, servidor público ou não. Precedente. II. - Agravo
não provido.

(STF - AI-AgR: 473381 AP, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento:


20/09/2005, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 28-10-2005 PP-00051 EMENT
VOL-02211-04 PP-00741)

STF – RE 633.138/DF (4/9/2012)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


ADMINISTRATIVO. DANOS MORAIS. PROFESSOR. SALA DE AULA. ALUNOS.
ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E FÍSICA. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. O reexame dos fatos e provas que fundamentaram
a decisão recorrida inviabiliza o processamento do recurso extraordinário, ante a vedação
contida no enunciado da Súmula n. 279 desta Corte, verbis: para simples reexame de
prova não cabe recurso extraordinário . 2. In casu, a recorrida moveu ação de
conhecimento com o fim de promover a responsabilização civil do Distrito Federal e dos
Diretores do Colégio nº 06 em Taguatinga, por terem agido com culpa, por negligência,
em agressão sofrida pela professora, provocada por parte de um aluno daquela escola.
3. O Tribunal a quo, ao proferir o acórdão originariamente recorrido, consignou, verbis:
CÍVEL E PROCESSO CIVIL. DANOS MORAIS. DISTRITO FEDERAL. PROFESSOR. SALA DE
AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E FÍSICA.
OMISSÃO E NEGLIGÊNCIA DOS AGENTES PÚBLICOS. SENTENÇA. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. RECURSOS DE APELAÇÃO. PRELIMINAR. REJEIÇÃO. MÉRITO.
DESPROVIMENTO. MAIORIA. Os réus não apresentaram elementos suficientes que
justificassem a declaração de não-conhecimento da apelação da autora. Tratando-se de
ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva.
Imprescindível, portanto, a demonstração de dolo ou culpa, esta numa de suas três
modalidades negligência, imperícia ou imprudência. O dano sofrido pela autora ficou
demonstrado pelos relatórios médicos, laudo de exame de corpo de delito, relatório
psicológico e relatório do procedimento sindicante, bem como por meio dos depoimentos
acostados. Se a autora foi agredida dentro do estabelecimento educacional, houve
inequívoco descumprimento do dever legal do Estado na prestação efetiva do serviço de
segurança, uma vez que a atuação diligente impediria a ocorrência da agressão física
perpetrada pelo aluno. A falta do serviço decorre do não-funcionamento, ou então, do
funcionamento insuficiente, inadequado ou tardio do serviço público que o Estado deve

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prestar. O fato de haver no estabelecimento um policial militar não tem o condão de


afastar a responsabilidade do Estado, pois evidenciou-se a má-atuação, consubstanciada
na prestação insuficiente e tardia, o que resultou na agressão à professora. Agressão a
professores em sala de aula é caso de polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu
assistente. A responsabilidade é objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir a
segurança da direção e do corpo docente, por inteiro, de qualquer estabelecimento. A
valoração da compensação moral deve ser apurada mediante prudente arbítrio do Juiz,
motivado pelo princípio da razoabilidade, e observadas a gravidade e a repercussão do
dano, bem como a intensidade, os efeitos do sofrimento e o grau de culpa ou dolo. A
finalidade compensatória, por sua vez, deve ter caráter didático-pedagógico, evitado o
valor excessivo ou ínfimo, objetivando, sempre, o desestímulo à conduta lesiva. Não se
aplica o disposto no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, uma vez que se trata de juros de mora
incidentes sobre verba indenizatória, devendo incidir os juros de mora legais, nos termos
do art. 406, com observância ao percentual de 1% ao mês, fixado pelo art. 161, § 1º,
do Código Tributário Nacional (e-STJ fls. 363). 4. Agravo Regimental a que se nega
provimento.

(STF - RE: 633138 DF, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 04/09/2012,
Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-186 DIVULG 20-09-2012 PUBLIC 21-09-2012)

STF – RE 179.147/SP (12/12/1997)

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL


DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E DAS PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. ATO OMISSIVO DO PODER
PÚBLICO: MORTE DE PRESIDIÁRIO POR OUTRO PRESIDIÁRIO: RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FAUTE DE SERVICE. C.F., art. 37, § 6º.

I. - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas


jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade objetiva,
com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b)
da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
administrativa.

II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa
em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade
da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de direito privado prestadora
de serviço público.

III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato
é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas três vertentes, negligência,
imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que
pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos
franceses.

STF – RE 695.887/PB (11/9/2012)

ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ROMPIMENTO DE BARRAGEM.


INUNDAÇÃO. OMISSÃO DO PODER PÚBLICO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA.
ANÁLISE DA COMPROVAÇÃO, OU NÃO, DA CULPA DO ENTE PÚBLICO.
IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO STF.

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INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.1. A repercussão geral pressupõe


recurso admissível sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de
admissibilidade (art. 323 do RISTF).2. Consectariamente, quando a ofensa for reflexa ou
mesmo quando a violação for constitucional, mas necessária a análise de fatos e provas,
não há como se pretender seja reconhecida a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, § 3º, da CF).3. Entendimento diverso
do adotado pelo acórdão recorrido sobre a comprovação, ou não, da culpa do Estado da
Paraíba no rompimento da Barragem de Camará, implicaria, necessariamente, o
reexame da matéria fático-probatória, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do
Enunciado da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal, verbis: para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário . Precedentes: AI 830.461-AgR,
Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 16.08.11; RE 603.342-AgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 1º.02.11; AI 727.483-
AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 19.11.10; RE 585.007-AgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 05.06.09.4. In casu, o
acórdão recorrido assentou: AGRAVO INTERNO. MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL.
TRAGÉDIA CAMARÁ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PROVIMENTO
PARCIAL DA SÚPLICA. RAZÕES RECURSAIS. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO TRIENAL. NÃO
CABIMENTO. RESPONSABILIZAÇÃO SUBJETIVA. AUSÊNCIA DE PROVAS PELO
DEMANDANTE. CULPA DEVIDAMENTE EVIDENCIADA NOS AUTOS. PREJUÍZOS
PATRIMONIAIS EFETIVAMENTE COMPROVADOS. DESPROVIMENTO DO RECURSO.A
prescrição contra a Fazenda Pública se dá em cinco anos, nos termos do Art. 1º do
Decreto nº 20.910/32.Constitui ônus do promovido provar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, de acordo com o estabelecido
no artigo 333, inciso II, do Código de Processo Civil.Na espécie, a responsabilidade civil
do Estado encontra-se comprovada, uma vez que tem este, por obrigação, manter em
condição regular e fiscalizar as obras públicas, onde sua omissão, caracterizada na falha
da prestação desses serviços, acarretará a sua culpabilidade. Precedentes do
TJPB.Havendo indícios de que houve perdas de natureza material, em virtude de sérios
danos na casa da parte autora, deve ser julgado procedente o pedido de indenização. 5.
Recurso extraordinário a que se nega seguimento. Decisão: Cuida-se de recurso
extraordinário interposto pelo ESTADO DA PARAÍBA, com fundamento no artigo 102,
inciso III, alínea a, da Constituição Federal de 1988, contra acórdão proferido pelo TJ/PB
assim do: AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL. TRAGÉDIA
CAMARÁ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PROVIMENTO PARCIAL DA
SÚPLICA. RAZÕES RECURSAIS. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO TRIENAL. NÃO
CABIMENTO. RESPONSABILIZAÇÃO SUBJETIVA. AUSÊNCIA DE PROVAS PELO
DEMANDANTE. CULPA DEVIDAMENTE EVIDENCIADA NOS AUTOS. PREJUÍZOS
PATRIMONIAIS EFETIVAMENTE COMPROVADOS. DESPROVIMENTO DO RECURSO. A
prescrição contra a Fazenda Pública se dá em cinco anos, nos termos do Art. 1º do
Decreto nº 20.910/32. Constitui ônus do promovido provar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, de acordo com o estabelecido
no artigo 333, inciso II, do Código de Processo Civil. Na espécie, a responsabilidade civil
do Estado encontra-se comprovada, uma vez que tem este, por obrigação, manter em
condição regular e fiscalizar as obras públicas, onde sua omissão, caracterizada na falha
da prestação desses serviços, acarretará a sua culpabilidade. Precedentes do TJPB.
Havendo indícios de que houve perdas de natureza material, em virtude de sérios danos
na casa da parte autora, deve ser julgado procedente o pedido de indenização. Nas
razões do apelo extremo, o recorrente alega violação do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal, sustentando, em síntese, que, ao contrário do que restou assentado na
instância de origem, falha no serviço de construção e manutenção da barragem não
houve, posto que, conforme atestam as conclusões finais expostas no Relatório de

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Inspeção da Barragem (Doc. Junto aos autos), as falhas que levaram à ocorrência do
rompimento da barragem foram decorrentes da própria execução da obra, a qual ficara
a cargo das construtoras contratadas pela Administração anterior (fl. 459). É o relatório.
DECIDO. Ab initio, a repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos
demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF).
Consectariamente, quando a ofensa for reflexa ou mesmo quando a violação for
constitucional, mas necessária a análise de fatos e provas, não há como se pretender
seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso
(art. 102, III, § 3º, da CF). O Tribunal a quo pronunciou-se quanto à questão sub
examine à luz do contexto fático-probatório engendrado nos autos. Para se chegar à
conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido necessário seria o reexame de fatos
e provas, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do Enunciado da Súmula n. 279 do
Supremo Tribunal Federal, que interdita a esta Corte, em sede de recurso extraordinário,
sindicar matéria fática. Relativamente ao verbete sumular, traz-se a lume o comentário
do ilustre professor Roberto Rosas, in Direito Sumular, 12ª edição, Editora Malheiros,
verbis: Chiovenda nos dá os limites da distinção entre questão de fato e questão de
direito. A questão de fato consiste em verificar se existem as circunstâncias com base
nas quais deve o juiz, de acordo com a lei, considerar existentes determinados fatos
concretos. A questão de direito consiste na focalização, primeiro, se a norma, a que o
autor se refere, existe, como norma abstrata (Instituições de Direito Processual, 2a ed.,
v. I/175). Não é estranha a qualificação jurídica dos fatos dados como provados (RT
275/884 e 226/583). Já se refere a matéria de fato quando a decisão assenta no processo
de livre convencimento do julgador (RE 64.051, Rel. Min. Djaci Falcão, RTJ 47/276); não
cabe o recurso extraordinário quando o acórdão recorrido deu determinada qualificação
jurídica a fatos delituosos e se pretende atribuir aos mesmos fatos outra configuração,
quando essa pretensão exige reexame de provas (ERE 58.714, Relator para o acórdão o
Min. Amaral Santos, RTJ 46/821). No processo penal, a verificação entre a qualificação
de motivo fútil ou estado de embriaguez para a apenação importa matéria de fato,
insuscetível de reexame no recurso extraordinário (RE 63.226, Rel. Min.Eloy da Rocha,
RTJ 46/666). A Súmula 279 é peremptória: Para simples reexame de prova não cabe
recurso extraordinário. Não se vislumbraria a existência da questão federal motivadora
do recurso extraordinário. O juiz dá a valoração mais conveniente aos elementos
probatórios,atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não
alegados pelas partes. Não se confunda com o critério legal da valorização da prova (RTJ
37/480, 56/65) (Pestana de Aguiar, Comentários ao Código de Processo Civil, 2a ed.,
v.VI/40, Ed. RT; Castro Nunes, Teoria e Prática do Poder Judiciário, 1943, p. 383). No
mesmo sentido, os seguintes julgados: DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. ART. 37, § 6º, CF/88. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO.
OMISSÃO. FALTA DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. QUEDA DE
ÁRVORE. NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS: SÚMULA STF 279.
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 5º, LIV, DA CF/88. OFENSA REFLEXA. 1. O Tribunal
a quo, a partir da análise dos fatos e das provas dos autos, concluiu que houve omissão,
imputável ao poder público, que detinha o dever de conservação e manutenção de
árvore, e concluiu pela responsabilidade subjetiva do agravante pelos danos causados à
autora. Incidência, na espécie, da Súmula STF 279. 2. A jurisprudência dessa Corte está
sedimentada no sentido de que as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da
Constituição Federal legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido, ato jurídico
perfeito, limites da coisa julgada, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e
juiz natural podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa
ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso
extraordinário. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 830.461-AgR,
Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 16.08.11) EMENTA:

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CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MORTE POR EXPLOSÃO EM FÁBRICA DE


PÓLVORA. OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF. MATÉRIA DE FATO. SÚMULA 279 DO STF.
AGRAVO IMPROVIDO. I Como tem consignado o Tribunal, por meio da Súmula 282, é
inadmissível o recurso extraordinário se a questão constitucional suscitada não tiver sido
apreciada no acórdão recorrido. Ademais, a tardia alegação de ofensa ao texto
constitucional, apenas deduzida em embargos de declaração, não supre o
prequestionamento. II - A análise da questão dos autos demanda o reexame de matéria
fática, o que impede o processamento do recurso extraordinário, a teor da Súmula 279
do STF. III - Agravo regimental improvido. (RE 603.342-AgR, Primeira Turma, Relator
o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 1º.02.11) CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO. OMISSÃO. FALTA DE CONSERVAÇÃO DE
VIA PÚBLICA. DANOS MATERIAIS E MORAIS. QUEDA EM BUEIRO ABERTO. ART. 37, §
6º, CF/88. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. Em sede de recurso extraordinário
não é permitido inovar com argumentos não abordados pelo acórdão recorrido. Ausência
do necessário prequestionamento (Súmula STF 282). 2. Incidência da Súmula STF 279
para alterar conclusão do Tribunal de origem, que se limitou a aferir a responsabilidade
subjetiva do município por ato omissivo específico, nos termos da teoria do faute du
service. 3. Agravo regimental improvido. (AI 727.483-AgR, Segunda Turma, Relatora a
Ministra Ellen Gracie, DJ de 19.11.10) EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
DANO EM VEÍCULO AUTOMOTOR EM DECORRÊNCIA DE PASSAGEM SOBRE BURACO EM
VIA PÚBLICA. OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. MATÉRIA
DE FATO. SÚMULA 279 DO STF. I - Decisão monocrática que negou seguimento ao
recurso extraordinário por entender que concluir de forma diversa do acórdão recorrido
necessitaria de reexame de matéria de prova (Súmula 279 do STF). II - Inexistência de
novos argumentos capazes de afastar as razões expendidas na decisão ora atacada, que
deve ser mantida. III - Agravo regimental improvido. (RE 585.007-AgR, Primeira Turma,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 05.06.09) Ex positis, nego seguimento
ao recurso com fundamento no artigo 21, § 1º, do RISTF. Publique-se. Brasília, 29 de
junho de 2012.Ministro Luiz FuxRelatorDocumento assinado digitalmente

(STF - RE: 695887 PB, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 29/06/2012, Data
de Publicação: DJe-150 DIVULG 31/07/2012 PUBLIC 01/08/2012)

STJ – REsp 602.102 (6/4/2004)

ADMINISTRATIVO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ATO OMISSIVO MORTE


DE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA MENTAL INTERNADO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DO
ESTADO. 1. A responsabilidade civil que se imputa ao Estado por ato danoso de seus
prepostos é objetiva (art. 37, § 6º, CF), impondo-lhe o dever de indenizar se se verificar
dano ao patrimônio de outrem e nexo causal entre o dano e o comportamento do
preposto. 2. Somente se afasta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso
fortuito ou força maior ou decorrer de culpa da vítima. 3. Em se tratando de ato omissivo,
embora esteja a doutrina dividida entre as correntes dos adeptos da responsabilidade
objetiva e aqueles que adotam a responsabilidade subjetiva, prevalece na jurisprudência
a teoria subjetiva do ato omissivo, de modo a só ser possível indenização quando houver
culpa do preposto. 4. Falta no dever de vigilância em hospital psiquiátrico, com fuga e
suicídio posterior do paciente. 5. Incidência de indenização por danos morais. 7. Recurso
especial provido

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(STJ - REsp: 602102 RS 2003/0192193-2, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de


Julgamento: 06/04/2004, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 21.02.2005 p.
146LEXSTJ vol. 187 p. 166RNDJ vol. 65 p. 127RT vol. 836 p. 151)

STF – RE 422.941 (6/12/2005)

CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA ECONOMIA:


REGULAMENTAÇÃO E REGULAÇÃO DE SETORES ECONÔMICOS: NORMAS DE
INTERVENÇÃO. LIBERDADE DE INICIATIVA. CF, art. 1º, IV; art. 170. CF, art. 37, § 6º.
I. - A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de setores
econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da Ordem Econômica. CF,
art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem
econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. II. - Fixação de preços em valores abaixo da
realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre
exercício da atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa. III. -
Contrato celebrado com instituição privada para o estabelecimento de levantamentos
que serviriam de embasamento para a fixação dos preços, nos termos da lei. Todavia, a
fixação dos preços acabou realizada em valores inferiores. Essa conduta gerou danos
patrimoniais ao agente econômico, vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por
parte do poder público. CF, art. 37, § 6º. IV. - Prejuízos apurados na instância ordinária,
inclusive mediante perícia técnica. V. - RE conhecido e provido.

(STF - RE: 422941 DF, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 06/12/2005,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 24-03-2006 PP-00055 EMENT VOL-02226-04
PP-00654 LEXSTF v. 28, n. 328, 2006, p. 273-302)

STF – RE 429.518/SC (17/8/2004)

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO:


ATOS DOS JUÍZES. C.F., ART. 37, § 6º. I. - A responsabilidade objetiva do Estado não
se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. - Decreto judicial de prisão preventiva não
se confunde com o erro judiciário ¾ C.F., art. 5º, LXXV ¾ mesmo que o réu, ao final da
ação penal, venha a ser absolvido. III. - Negativa de trânsito ao RE. Agravo não provido.

(STF - RE-AgR: 429518 SC, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento:


05/10/2004, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 28-10-2004 PP-00049 EMENT
VOL-02170-04 PP-00707 RTJ VOL 00192-02 PP-00749 RDDP n. 22, 2005, p. 142-145)

STF – RE 385.943 (15/12/2009)

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º).


CONFIGURAÇÃO. 'BAR BODEGA'. DECRETAÇÃO DE PRISÃO CAUTELAR, QUE SE
RECONHECEU INDEVIDA, CONTRA PESSOA QUE FOI SUBMETIDA A INVESTIGAÇÃO
PENAL PELO PODER PÚBLICO. ADOÇÃO DESSA MEDIDA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE
CONTRA QUEM NÃO TEVE QUALQUER PARTICIPAÇÃO OU ENVOLVIMENTO COM O FATO
CRIMINOSO. INADMISSIBILIDADE DESSE COMPORTAMENTO IMPUTÁVEL AO APARELHO
DE ESTADO. PERDA DO EMPREGO COMO DIRETA CONSEQÜÊNCIA DA INDEVIDA PRISÃO
PREVENTIVA. RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE QUE SE
ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE
REPARAR O DANO. NÃO-COMPROVAÇÃO, PELO ESTADO DE SÃO PAULO, DA ALEGADA

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INEXISTÊNCIA DO NEXO CAUSAL. CARÁTER SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE,


PROFERIDA EM SEDE RECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO EXAME
DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA EXCLUDENTE DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE
PROVAS E FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA (SÚMULA 279/STF).
DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO
ESTADO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. RE CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO: O presente recurso
extraordinário foi interposto contra decisão, que, proferida pelo E. Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 259):
'Indenização pleiteada em favor de pessoa indevidamente envolvida em inquérito policial
arquivado. Cabimento de danos materiais e morais. 1. Apesar da ausência de erro
judiciário, o Estado tem o dever de assegurar ao cidadão o exercício dos direitos
subjetivos outorgados na Constituição, com margem de segurança. 2. Inobservada
aquela cautela, resulta configurada a responsabilidade objetiva e o dever de reparação
devido à vítima de imputação descabida. 3. Embargos infringentes rejeitados.' (grifei) O
Estado de São Paulo, no apelo extremo em questão, alega a inexistência, na espécie, do
nexo de causalidade material entre o evento danoso e a ação do Poder Público, eis que
a '(...) demonstração de que a prisão provisória do autor, para fins averiguatórios,
ocorreu nos estritos limites da lei, através de decisão judicial fundamentada e mantida
pelo Tribunal em grau de `Habeas Corpus', afigura-se como causa excludente de
responsabilidade na medida em que rompe o nexo causal entre a ação do poder público
e o evento danoso' (fls. 269 - grifei). O exame destes autos convence-me de que não
assiste razão ao Estado ora recorrente, quando sustenta - para descaracterizar a sua
responsabilidade civil objetiva a respeito do evento danoso em causa ' 'que a prisão
provisória do autor, para fins averiguatórios, ocorreu nos estritos limites da lei, através
de decisão judicial fundamentada e mantida pelo Tribunal em grau de `Habeas Corpus''
(fls. 269). Com efeito, a situação de fato que gerou o gravíssimo evento narrado neste
processo (prisão cautelar de pessoa inocente) põe em evidência a configuração, no caso,
de todos os pressupostos primários que determinam o reconhecimento da
responsabilidade civil objetiva da entidade estatal ora recorrente. Cumpre observar, no
ponto, por oportuno, que a questão concernente ao reconhecimento do dever do Estado
de reparar danos causados por seus agentes mereceu amplo debate doutrinário, que
subsidiou, em seus diversos momentos, o tratamento jurídico que essa matéria recebeu
no plano de nosso direito positivo. Como se sabe, a teoria do risco administrativo,
consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política
de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária subjacente à norma de direito
positivo que instituiu, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do
Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, por
ação ou por omissão (CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, tanto no que se refere
à ação quanto no que concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera
ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos
agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público, não importando que se
trate de comportamento positivo ou que se cuide de conduta negativa daqueles que
atuam em nome do Estado, consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES
MEIRELLES, 'Direito Administrativo Brasileiro', p. 650, 31ª ed., 2005, Malheiros; SERGIO
CAVALIERI FILHO, 'Programa de Responsabilidade Civil', p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros;
JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, 'Curso de Direito Administrativo', p. 90, 17ª ed., 2000,
Forense; YUSSEF SAID CAHALI, 'Responsabilidade Civil do Estado', p. 40, 2ª ed., 1996,
Malheiros; TOSHIO MUKAI, 'Direito Administrativo Sistematizado', p. 528, 1999,

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Saraiva; CELSO RIBEIRO BASTOS, 'Curso de Direito Administrativo', p. 213, 5ª ed.,


2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO, 'A Responsabilidade Civil Objetiva no
Direito Brasileiro', p. 61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA,
'Responsabilidade do Agente Público', p. 199/200, 2004, Fórum, v.g.), cabendo
ressaltar, no ponto, a lição expendida por ODETE MEDAUAR ('Direito Administrativo
Moderno', p. 430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT): 'Informada pela `teoria do risco', a
responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na maioria dos ordenamentos, como
`responsabilidade objetiva'. Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente,
o mau funcionamento ou falha da Administração. Necessário se torna existir relação de
causa e efeito entre ação ou omissão administrativa e dano sofrido pela vítima. É o
chamado nexo causal ou nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de
ressarcimento do dano, o questionamento do dolo ou culpa do agente, o questionamento
da licitude ou ilicitude da conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento da
Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o Estado deve ressarcir.' (grifei) É
certo, no entanto, que o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter
absoluto, eis que admite abrandamento e, até mesmo, exclusão da própria
responsabilidade civil do Estado nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações
liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - ou evidenciadoras de ocorrência de
culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 ' RTJ 55/50 - RTJ 163/1107-1109, v.g.).
Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da jurisprudência prevalecente no Supremo
Tribunal Federal (RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO ' AI 299.125/SP, Rel.
Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que os elementos que compõem a estrutura e delineiam o
perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade
do dano, (b) a causalidade material entre o 'eventus damni' e o comportamento positivo
(ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e
lesiva imputável a agente do Poder Público, que, nessa condição funcional, tenha incidido
em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do seu
comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ 71/99 ' RTJ 91/377 ' RTJ 99/1155 - RTJ
131/417). A compreensão desse tema e o entendimento que resulta da exegese dada
ao art. 37, § 6º, da Constituição foram bem definidos e expostos pelo Supremo Tribunal
Federal em julgamentos cujos acórdãos estão assim ementados: 'RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO - PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. - A teoria do risco
administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros desde
a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil objetiva
do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos houverem dado causa, por ação
ou por omissão. Essa concepção teórica, que informa o princípio constitucional da
responsabilidade civil objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato
lesivo causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano pessoal e/ou
patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais
ou de demonstração de falta do serviço público. - Os elementos que compõem a
estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público
compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni
e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público, que tenha,
nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e
(d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 ' RTJ 71/99
- RTJ 91/377 ' RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). - O princípio da responsabilidade objetiva
não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a
exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais
configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - ou

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evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 - RTJ


55/50). (...).' (RTJ 163/1107-1108, Rel. Min. CELSO DE MELLO) '- Recurso
extraordinário. Responsabilidade civil do Estado. Morte de preso no interior do
estabelecimento prisional. 2. Acórdão que proveu parcialmente a apelação e condenou
o Estado do Rio de Janeiro ao pagamento de indenização correspondente às despesas
de funeral comprovadas. 3. Pretensão de procedência da demanda indenizatória. 4. O
consagrado princípio da responsabilidade objetiva do Estado resulta da causalidade do
ato comissivo ou omissivo e não só da culpa do agente. Omissão por parte dos agentes
públicos na tomada de medidas que seriam exigíveis a fim de ser evitado o homicídio.
5. Recurso conhecido e provido para condenar o Estado do Rio de Janeiro a pagar pensão
mensal à mãe da vítima, a ser fixada em execução de sentença.' (RTJ 182/1107, Rel.
Min. NÉRI DA SILVEIRA - grifei) É por isso que a ausência de qualquer dos pressupostos
legitimadores da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta Política basta para
descaracterizar a responsabilidade civil objetiva do Estado, especialmente quando ocorre
circunstância que rompe o nexo de causalidade material entre o comportamento do
agente público (positivo ou negativo) e a consumação do dano pessoal ou patrimonial
infligido ao ofendido. As circunstâncias do presente caso, no entanto, apoiadas em
pressupostos fáticos soberanamente reconhecidos pelo Tribunal 'a quo', evidenciam que
se reconheceu presente, na espécie, o nexo de causalidade material, ao contrário do que
sustentado pelo Estado de São Paulo, que pretendeu tê-lo por inexistente. Daí a correta
observação feita pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, constante do
acórdão ora recorrido (fls. 261): 'No caso dos autos, comprovada a prisão provisória do
embargado, seguida da segregação preventiva e do arquivamento do inquérito policial,
inafastável a conclusão de que houve falha da Administração na execução da diligências
policiais, donde emerge a responsabilidade objetiva do Estado (...).' (grifei)
Inquestionável, desse modo, que a existência do nexo causal ' cujo reconhecimento, pelo
Tribunal ora recorrido, efetivou-se em sede recursal meramente ordinária - teve por
suporte análise do conjunto probatório subjacente ao pronunciamento jurisdicional em
referência. Esse dado assume relevo processual, pois a discussão ora suscitada pelo
Estado de São Paulo em torno da pretendida inexistência, na espécie, do nexo de
causalidade material revela-se incabível em sede de recurso extraordinário, por
depender do exame de matéria de fato, de todo inadmissível na via do apelo extremo.
Como se sabe, o recurso extraordinário não permite que se reexaminem, nele, em face
de seu estrito âmbito temático, questões de fato ou aspectos de índole probatória (RTJ
161/992 ' RTJ 186/703). É que o pronunciamento do Tribunal 'a quo' sobre matéria de
fato (como o reconhecimento da existência do nexo de causalidade material, p. ex.)
reveste-se de inteira soberania (RTJ 152/612 ' RTJ 153/1019 ' RTJ 158/693, v.g.).
Impende enfatizar, neste ponto, que esse entendimento (inadmissibilidade do exame,
em sede recursal extraordinária, da pretendida inexistência do nexo de causalidade) tem
pleno suporte no magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (AI 505.473-AgR/RJ,
Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA ' RE 234.093-AgR/RJ, Rel. Min. MARÇO AURÉLIO ' RE
257.090-AgR/RJ, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA ' AI 299.125/SP, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, v.g.): 'AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. NEXO DE CAUSALIDADE. REEXAME DE FATOS E
PROVAS. SÚMULA 279-STF. Responsabilidade objetiva do Estado por morte de preso em
complexo penitenciário. Alegações de culpa exclusiva da vítima e de ausência de nexo
de causalidade entre a ação ou omissão de agentes públicos e o resultado. Questões
insuscetíveis de serem apreciadas em recurso extraordinário, por exigirem reexame de
fatos e provas (Súmula 279-STF). Precedentes. Agravo regimental a que se nega
provimento.' (AI 343.129-AgR/RS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA - grifei)'1. RECURSO.
Extraordinário. Inadmissibilidade. Reexame de fatos e provas. Responsabilidade do
Estado. Tiroteio entre policiais e bandidos. Morte de transeunte. Nexo de causalidade.

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Reexame. Impossibilidade. Ofensa indireta à Constituição. Agravo regimental não


provido. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame dos fatos e provas em que
se baseou o acórdão recorrido para reconhecer a responsabilidade do Estado por danos
que seus agentes causaram a terceiro. (...).' (RE 286.444-AgR/RJ, Rel. Min. CEZAR
PELUSO - grifei)'RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º).
POLICIAL MILITAR, QUE, EM SEU PERÍODO DE FOLGA E EM TRAJES CIVIS, EFETUA
DISPARO COM ARMA DE FOGO PERTENCENTE À SUA CORPORAÇÃO, CAUSANDO A
MORTE DE PESSOA INOCENTE. RECONHECIMENTO, NA ESPÉCIE, DE QUE O USO E O
PORTE DE ARMA DE FOGO PERTENCENTE À POLÍCIA MILITAR ERAM VEDADOS AOS SEUS
INTEGRANTES NOS PERÍODOS DE FOLGA. CONFIGURAÇÃO, MESMO ASSIM, DA
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. PRECEDENTE (RTJ 170/631).
PRETENSÃO DO ESTADO DE QUE SE ACHA AUSENTE, NA ESPÉCIE, O NEXO DE
CAUSALIDADE MATERIAL, NÃO OBSTANTE RECONHECIDO PELO TRIBUNAL `A QUO',
COM APOIO NA APRECIAÇÃO SOBERANA DO CONJUNTO PROBATÓRIO.
INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E FATOS EM SEDE RECURSAL
EXTRAORDINÁRIA. PRECEDENTES ESPECÍFICOS EM TEMA DE RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RE CONHECIDO E IMPROVIDO.'
(RE 291.035/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Cumpre ressaltar, por tal razão, em face
do caráter soberano do acórdão recorrido (que reconheceu, com apoio no exame de fatos
e provas, a ausência de demonstração da ruptura do nexo causal sustentada pelo Estado
de São Paulo), que o Tribunal de Justiça interpretou, com absoluta fidelidade, a norma
constitucional que consagra, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva
do Poder Público. Com efeito, o acórdão impugnado na presente sede recursal
extraordinária, ao fazer aplicação do preceito constitucional em referência (CF, art. 37,
§ 6º), reconheceu, com inteiro acerto, no caso em exame, a cumulativa ocorrência dos
requisitos concernentes (1) à consumação do dano, (2) à conduta dos agentes estatais,
(3) ao vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento dos agentes públicos e
(4) à ausência de qualquer causa excludente de que pudesse eventualmente decorrer a
exoneração da responsabilidade civil do Estado de São Paulo. Cabe acentuar, por
necessário, que esse entendimento vem sendo observado em sucessivos julgamentos,
proferidos no âmbito desta Corte, a propósito de questão virtualmente idêntica à que
ora se examina nesta sede recursal (AI 654.562-AgR/GO, Rel. Min. MARÇO AURÉLIO '
RE 505.393/PE, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE ' RE 557.922/MG, Rel. Min. ELLEN
GRACIE ' RE 594.500/SP, Rel. Min. EROS GRAU, v.g.). Conclui-se, portanto, que a
pretensão recursal deduzida pelo Estado de São Paulo não tem o amparo da própria
jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou em precedentes inteiramente
aplicáveis ao caso ora em exame. Sendo assim, e pelas razões expostas, conheço do
presente recurso extraordinário, para negar-lhe provimento. Publique-se. Brasília, 05 de
outubro de 2009. (21º Aniversário da promulgação da Constituição democrática de
1988) Ministro CELSO DE MELLO Relator

(STF - RE: 385943 SP, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Publicação: DJe-195
DIVULG 15/10/2009 PUBLIC 16/10/2009)

STJ – REsp 816.209 (24/4/2014)


PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRADO. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA
182/STJ. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. PERSEGUIÇÃO POLOTICA E TORTURA
DURANTE O REGIME MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE DE PRETENSÃO

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INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS


DURANTE O PEROODO DE EXCEÇÃO. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO N.
20.910/32. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ.
(...) 2. Conforme jurisprudência do STJ, são imprescritíveis as ações de Reparação por
danos morais ajuizadas em decorrência de perseguição, tortura e prisão, por motivos
políticos, durante o Regime Militar. Inúmeros precedentes (...)

STJ – Resp 435.266/SP (17/6/2004)

PROCESSO CIVIL E CIVIL - ATO ILÍCITO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO -


INDENIZAÇÃO - HOMICÍDIO CULPOSO CAUSADO POR POLICIAL MILITAR EM PERÍODO
DE FOLGA - CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO - VIOLAÇÃO AO ART.
535 DO CPC - INEXISTÊNCIA - DANO MATERIAL - PRESCRIÇÃO - QUANTITATIVO -
JUROS MORATÓRIOS - SÚMULA 54/STJ - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
CARACTERIZADO. 1. Tendo sido examinadas as teses, ainda que implicitamente, inexiste
violação ao art. 535 do CPC. 2. Dissídio jurisprudencial não caracterizado, ante a falta
de demonstração da similitude fática entre os casos comprovados. 3. O termo inicial da
prescrição, em ação de indenização decorrente de ilícito penal praticado por agente do
Estado, somente tem início a partir do trânsito em julgado da ação penal condenatória.
Precedentes desta Corte. 4. Quantitativo de 500 (quinhentos) salários-mínimos fixados
a título de dano moral pelo Tribunal de origem, levando em conta que se trata de três
demandantes, que não se mostra excessivo em face da jurisprudência do STJ. 5. Em se
tratando de ilícito extracontratual, incide o teor da Súmula 54/STJ, sendo devidos juros
moratórios a partir do evento danoso. 6. Recurso especial conhecido em parte e
improvido

(STJ - REsp: 435266 SP 2002/0056867-9, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de


Julgamento: 17/06/2004, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 13.09.2004 p.
197)

STJ – REsp 1089955/RJ (24/11/2009)11

RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO


ESTADO. MORTE DECORRENTE DE ERRO MÉDICO. DENUNCIAÇÃO À LIDE. NÃO
OBRIGATORIEDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nas ações de indenização fundadas na
responsabilidade civil objetiva do Estado (CF/88, art. 37, § 6º), não é obrigatória a
denunciação à lide do agente supostamente responsável pelo ato lesivo (CPC, art. 70,
III). 2. A denunciação à lide do servidor público nos casos de indenização fundada na
responsabilidade objetiva do Estado não deve ser considerada como obrigatória, pois
impõe ao autor manifesto prejuízo à celeridade na prestação jurisdicional. Haveria em
um mesmo processo, além da discussão sobre a responsabilidade objetiva referente à
lide originária, a necessidade da verificação da responsabilidade subjetiva entre o ente
público e o agente causador do dano, a qual é desnecessária e irrelevante para o eventual
ressarcimento do particular. Ademais, o direito de regresso do ente público em relação
ao servidor, nos casos de dolo ou culpa, é assegurado no art. 37, § 6º, da Constituição
Federal, o qual permanece inalterado ainda que inadmitida a denunciação da lide. 3.
Recurso especial desprovido.

11A sentença cível, do XI concurso público para provimento de cargos de Juiz Federal Substituto da 5ª
Região, Edital nº 01, de 28 de fevereiro de 2011, cobrou situação semelhante, sobre denunciação da lide
em caso de erro médico.

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(STJ - REsp: 1089955 RJ 2008/0205464-4, Relator: Ministra DENISE ARRUDA, Data de


Julgamento: 03/11/2009, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe
24/11/2009)

STF - RE 518894 AgR / SP (2/8/2011)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ESTADO. DANOS CAUSADOS A TERCEIROS EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADE
NOTARIAL. PRECEDENTES. 1. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos notários que causem dano a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa (C.F., art. 37, § 6º) (RE 209.354-AgR, da relatoria do ministro Carlos Velloso). 2.
Agravo regimental desprovido.

(STF - RE: 518894 SP, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 02/08/2011,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-183 DIVULG 22-09-2011 PUBLIC 23-09-2011
EMENT VOL-02593-01 PP-00091)

STJ - REsp 1087862 / AM (2/2/2010)

ADMINISTRATIVO. DANOS MATERIAIS CAUSADOS POR TITULAR DE


SERVENTIAEXTRAJUDICIAL. ATIVIDADE DELEGADA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
DOESTADO. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem julgou procedente o pedido
deduzido em Ação Ordinária movida contra o Estado do Amazonas,condenando-o a pagar
indenização por danos imputados ao titular de serventia. 2. No caso de delegação da
atividade estatal (art. 236, § 1º, da Constituição), seu desenvolvimento deve se dar por
conta e risco do delegatário, nos moldes do regime das concessões e permissões de
serviço público. 3. O art. 22 da Lei 8.935/1994 é claro ao estabelecer a responsabilidade
dos notários e oficiais de registro por danos causados a terceiros, não permitindo a
interpretação de que deve responder solidariamente o ente estatal. 4. Tanto por se tratar
de serviço delegado, como pela norma legal em comento, não há como imputar eventual
responsabilidade pelos serviços notariais e registrais diretamente ao Estado. Ainda que
objetiva a responsabilidade da Administração, esta somente responde de forma
subsidiária ao delegatário, sendo evidente a carência de ação por ilegitimidade passiva
ad causam. 5. Em caso de atividade notarial e de registro exercida por delegação, tal
como na hipótese, a responsabilidade objetiva por danos é do notário, diferentemente
do que ocorre quando se tratar de cartório ainda oficializado. Precedente do STF. 6.
Recurso Especial provido.

(STJ - REsp: 1087862 AM 2008/0204801-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data


de Julgamento: 02/02/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
19/05/2010)

STJ - REsp 624.975/SC (11/11/2010)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. TABELIONATO. AUSÊNCIA DE


PERSONALIDADE JURÍDICA. RESPONSABILIDADE DO TITULAR DO CARTÓRIO À ÉPOCA
DOS FATOS. 1. O tabelionato não detém personalidade jurídica, respondendo pelos
danos decorrentes dos serviços notariais o titular do cartório na época dos fatos.
Responsabilidade que não se transfere ao tabelião posterior. Precedentes. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento.

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(STJ - AgRg no REsp: 624975 SC 2003/0221204-8, Relator: Ministra MARIA ISABEL


GALLOTTI, Data de Julgamento: 21/10/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 11/11/2010)

16 - Resumão da aula
TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Teoria da irresponsabilidade: o Estado não pode ser responsabilizado (Estados


absolutistas; jamais existiu no Brasil).

Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade do Estado depende da comprovação de


culpa.

➢ Teoria da culpa comum ou civilista: o Estado poderá ser responsabilizado se


comprovada a culpa do seu agente. Apenas atos de gestão, mas não atos de império.
➢ Teoria da culpa administrativa: o Estado poderá ser responsabilizado se
comprovada a culpa da Administração (falta do serviço). Aplicável nos casos de
omissão na prestação de serviço público.

Responsabilidade objetiva: a responsabilidade do Estado independe da comprovação de


culpa. Basta existir o dano, o fato do serviço e o nexo causal entre eles:

Teoria do risco administrativo: admite excludentes -> aplicada como regra

Teoria do risco integral: não admite excludentes -> apenas casos excepcionais: danos
nucleares, ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: ART. 37, s6j DA CF

▪ Consiste na obrigação de o Estado reparar danos (morais e materiais) causados a


terceiros.
▪ É sempre de natureza civil e extracontratual.
▪ Resulta de condutas dos agentes públicos comissivas ou omissivas, lícitas ou ilícitas.
▪ Agentes devem atuar na condição de agentes públicos.

Responsabilidade do estado é objetiva: o Estado responde pelos danos causados por


seus agentes independentemente de culpa.

A responsabilidade do agente é subjetiva: o agente responde ao Estado, em ação


regressiva, só se agir com dolo ou culpa.

São elementos da responsabilidade objetiva:

a) Atos lesivos causado pelo agente público, nessa qualidade;


b) Ocorrência de um dano patrimonial ou moral;
c) Nexo de causalidade entre o dano e a atuação do agente;

Alcança as pessoas jurídicas:

▪ De direito público: todas(Adm. Direta, autarquias e fundações)

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▪ De direito privado prestadoras de serviço público: EP, SEM, Fundações e


delegatárias.
▪ Estatais exploradoras de atividade econômica não!

Responsabilidade civil do Estado por ação ou omissão:

Ação -> responsabilidade objetiva -> teoria do risco administrativo


Omissão -> responsabilidade subjetiva -> teoria da culpa administrativa

A prescrição da ação de indenização ocorre em 5 (cinco) anos, já a da ação regressiva é


imprescritível.

A ação regressiva depende da condenação da pessoa jurídica a indenizar a vítima (trânsito


em julgado)

A ação regressiva transmite-se aos sucessores, até o limite da herança.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

▪ Culpa exclusiva da vítima (em caso de culpa concorrente, a responsabilidade é


atenuada, proporcionalmente;
▪ Caso fortuito e força maior (eventos externos);
▪ Evento exclusivo de terceiros, inclusive multidões;

Obs.: O ônus da prova é da Administração!

ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS

Em regra não há responsabilidade do Estado por atos legislativos típicos. A exceção se dá


quanto a leis com efeitos concretos e leis declaradas inconstitucionais pelo STF.

Também não há, em regra, responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais típicos. São
exceções: erro judiciário, unicamente na esfera penal; conduta dolosa ou fraudulenta com intuito
deliberado de causar prejuízo às partes ou a terceiros.

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS

Só fato da obra -> não importa o executor -> responsabilidade civil objetiva do Estado;

Má execução da obra:

➢ Execução a cargo da própria Administração - >responsabilidade civil objetiva do


Estado;
➢ Execução a cargo de particular contratado -> responsabilidade civil subjetiva do
contratado.

POSICIONAMENTOS IMPORTANTES DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA

➢ As concessionárias de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados


por seus agentes a terceiros, sema usuários ou não-usuários do serviço prestado.

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➢ Nos danos causados a pessoas sob a guarda do Estado (alunos de escolas públicas,
detentos e pacientes internados), a responsabilidade civil do Estado é objetiva, na
modalidade risco administrativo, mesmo que os danos não tenham sido diretamente
causados por atuação de seus agentes.
➢ Suicídio de detento acarreta a responsabilidade objetiva do estado, não sendo admitida
a exclusão da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
➢ Agente público como parte no polo passivo da ação de indenização:
▪ STF: os agentes não podem responder diretamente perante o lesado, nem mesmo
em litisconsórcio, só podendo vir a responder em ação regressiva, perante o Estado.
▪ Doutrina: o agente pode responder diretamente, inclusive em litisconsórcio passivo.
➢ Não é cabível a denunciação à lide do agente público (posição majoritária).
➢ Em regra, não há responsabilidade civil do Estado unicamente pela prisão preventiva
de acusado que, depois, venha a ser absolvido na sentença final (a menos que haja
alguma ilegalidade na prisão).
➢ Responsabilidade civil dos notários (tabeliães):
▪ Subjetiva, ou seja, os notários só respondem em caso de dolo ou culpa.
▪ Ação de reparação prescreve em três anos.

17 - Mais questões de prova


Questão 21 (VUNESP, DPU-MS, Defensor Público, 2012)
A omissão na prestação do serviço tem levado à aplicação da teoria da culpa
do serviço público, por uma culpa anônima, não individualizada, e por um
dano que decorreu da omissão do poder público. Assinale a alternativa que
traduz uma hipótese de culpa do serviço, que gera responsabilidade civil do
Estado.
a) Danos causados pela aplicação, por parte do Poder Executivo, de norma
declarada inconstitucional.
b) Danos causados, em parte, pela própria vítima, que dirigia em alta
velocidade em via pública com irregularidades na pavimentação.
c) Danos causados por enchentes, demonstrando-se que os serviços de
limpeza dos rios ou dos bueiros teriam sido suficientes para impedir a
enchente.
d) Danos causados por multidão ou por delinquentes, demonstrando-se a
ocorrência do fato e do resultado danoso.
Comentários:
a) INCORRETA. Se o dano surge em razão de norma declarada inconstitucional aplica-
se a responsabilidade civil objetiva do Estado. Nota-se que a responsabilidade, nesse caso,
só se consuma se o ato legislativo inconstitucional efetivamente produziu danos ao
particular.

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b) INCORRETA. Aqui se tem a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que,


em razão da participação do lesado no evento danoso, haverá a compensação de culpas. O
Estado responderá apenas no tocante a sua participação no dano.
c) CORRETA. Há responsabilidade subjetiva do Estado vez que, em razão de sua
omissão, o evento danoso se consumou. Tanto que, caso o Estado tivesse realizado os
serviços de limpeza, o dano não teria ocorrido (Estado se omitiu em relação ao seu dever).
d) INCORRETA. Nesse caso, os danos são causados por terceiros o que não gera
responsabilidade civil do Estado. A exceção, se dá quando se torna notória a omissão do
Poder Público, caso em que se aplica a teoria da responsabilidade civil subjetiva.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 22 (FCC, TST, Juiz do Trabalho Substituto, 2017)
Em matéria de responsabilidade civil extracontratual do Estado, é correto
afirmar:
a) O caso fortuito, a força maior e a culpa concorrente da vítima rompem o
nexo causal e, por conseguinte, afastam a responsabilidade civil objetiva do
Estado.
b) No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de
que o prazo prescricional para a propositura da ação indenizatória é de três
anos contados da ocorrência do evento danoso.
c) A responsabilidade dos concessionários de serviços públicos, de acordo
com a jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal, não se
sujeita à aplicação da teoria objetiva quanto a danos causados a terceiros
não usuários.
d) A expressão “nessa qualidade”, prevista no art. 37, § 6° , da CF/88,
significa que somente podem ser atribuídos à pessoa jurídica os
comportamentos do agente público levados a efeito durante o exercício da
função pública, em razão do que os danos causados por servidor público em
seu período de férias, em princípio, não implicam responsabilização objetiva
do Estado.
e) A imunidade relativa a opiniões, palavras e votos, em sede de atos
legislativos, prevista no texto constitucional de 1988, não afasta o direito de
regresso do Estado contra o parlamentar.
Comentários:
a) INCORRETO. Causas excludentes da responsabilidade estatal: força maior ou caso
fortuito, culpa exclusiva da vítima e culpa de terceiro. A culpa concorrente é causa atenuante.
b) INCORRETO. O STJ fixou entendimento, em sede de recurso repetitivo, que o prazo
prescricional de ações contra a Fazenda permanece sendo de 5 anos (art. 1º do Decreto
20.910/32), não se aplicando o prazo de 3 anos (art. 206, § 3º, V) do Código Civil (REsp
1.251.993).

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Ainda, em razão do princípio da isonomia entende que o mesmo prazo se aplica para
as ações da Fazenda contra o particular (REsp 1.541.129).
c) INCORRETO. "A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido
de que pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade objetiva em relação a terceiros usuários e não usuários do serviço público".
(ARE 886570 ED)
Nota: a posição antiga do STF dizia que, com relação aos não usuários, a
responsabilidade era subjetiva, até que esse entendimento foi reformado, em sede de
repercussão geral (RExt 591.874, 17-12-2009), já que o art. 37, § 6º, da Constituição não
faz essa diferenciação.
d) CORRETO. A responsabilidade estatal depende de conduta oficial, isto é, o Estado
apenas responde pelos atos de seus servidores quando pertinentes ao cargo (art. 37, § 6º,
CRFB).
e) INCORRETO. A própria responsabilidade estatal nesses casos é controversa,
estando pendente recurso com repercussão geral reconhecida que trata do tema (Resp
632115).
Gabarito: Letra “d”.
Questão 23 (CEBRASPE, TRF5ª Região, CEBRASPE, Juiz Federal Substituto, 2017)
Acerca da responsabilidade civil, assinale a opção correta de acordo com a
doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) Situação hipotética: Uma autarquia federal, por meio de processo
licitatório, celebrou contrato com empresa para a prestação de serviços de
limpeza em sua sede. A referida empresa não honrou com as obrigações
trabalhistas com os seus empregados, que realizavam os serviços na sede
do ente público. Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade
objetiva extracontratual da União, nos termos do entendimento do STF.
b) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estabeleceu
a responsabilidade do estado durante a realização de evento internacional
na capital dessa unidade federativa: o estado assumiria os efeitos da
responsabilidade civil perante os organizadores do evento, por todo e
qualquer dano resultante ou que surgisse em função de qualquer incidente
ou acidente de segurança relacionado ao referido evento, exceto na situação
em que organizadores ou vítimas concorressem para a ocorrência do dano.
Assertiva: Conforme entendimento do STF, a referida lei estadual é
constitucional, pois a Constituição Federal de 1988 não esgota matéria
relacionada à responsabilidade civil.
c) Situação hipotética: Um professor de escola pública foi agredido por um
aluno em sala de aula, tendo sido atingido por disparo de arma de fogo.
Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade subjetiva estatal devido
à conduta omissiva do Estado pelo não oferecimento de segurança adequada
aos seus servidores.

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d) Em caso de dano causado por servidor público, o Estado tem o dever de


indenizar a vítima, independentemente da licitude da conduta, cabendo,
ainda, ação regressiva contra o servidor, fundada na responsabilidade
objetiva e em razão da teoria do risco administrativo.
e) Particular que tenha sofrido danos materiais e morais provocados por
servidor público no exercício de suas atribuições poderá ingressar com ação
diretamente contra o servidor na busca de reparo pelos prejuízos sofridos,
aplicando-se a teoria da imputação volitiva com incidência da
responsabilidade objetiva no tocante à comprovação do dano.
Comentários:
a) INCORRETA. De plano, é válido ressaltar que a responsabilidade pelos encargos
trabalhistas, relativos a contrato administrativo, pertence ao contratado, e não à
Administração Pública, como se depreende do teor do art. 71, caput, e §1º, da Lei nº
8.666/1993, que assim dispõe:
"Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o
uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis."

O dispositivo acima teve a sua constitucionalidade reconhecida pelo STF, por ocasião
do julgamento da ADC 16, rel. Ministro Cezar Peluso, em 24.11.2010, em virtude de
jurisprudência firmada no âmbito da Justiça do Trabalho, segundo a qual, em ocorrendo a
inadimplência de empresa contratada pela Administração Pública, relativamente aos
encargos trabalhistas, dever-se-ia atribuir ao Estado uma responsabilidade subsidiária e
objetiva em razão, tão só, da própria inadimplência.
O STF, contudo, rechaçou este entendimento, de sorte que, a partir de então, a
responsabilidade subsidiária do Estado, em casos tais, passou a depender da demonstração
de conduta negligente, atribuível aos agentes públicos competentes, no que se refere ao
dever de fiscalização da execução contratual. Com isso, afastou-se a tese de
responsabilidade objetiva do Estado pelos encargos trabalhistas da empresa contratada,
passando a ser imprescindível, como se vê, a comprovação de uma conduta culposa, o que
implica tratar-se de responsabilidade subjetiva.
Incorreta, portanto, esta primeira alternativa.
b) CORRETA. A presente assertiva se revela em linha com jurisprudência assentada
pelo STF, no bojo do julgamento da ADI 4976, rel. Min. Ricardo Lewandowski, como se extrai
do respectivo trecho da ementa a seguir transcrita:

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"A disposição contida no art. 37, § 6º, da Constituição Federal não esgota a matéria
relacionada à responsabilidade civil imputável à Administração, pois, em situações
especiais de grave risco para a população ou de relevante interesse público, pode o
Estado ampliar a respectiva responsabilidade, por danos decorrentes de sua ação ou
omissão, para além das balizas do supramencionado dispositivo constitucional,
inclusive por lei ordinária, dividindo os ônus decorrentes dessa extensão com toda a
sociedade."
c) INCORRETA. Na realidade, embora nesta situação hipotética, o dano decorra de
atuação de um terceiro - um aluno, o qual, portanto, não é considerado agente público - fato
é que, em casos desta natureza, o Estado coloca-se em posição de agente garantidor de
pessoas ou coisas que estejam sob sua custódia, havendo genuíno dever legal de evitar
resultados danosos contra todos que ali se encontrem. O mesmo raciocínio vale também
para os presos dentro de uma penitenciária, para pessoas internadas em hospitais públicos,
para automóveis que tenham sido rebocados e que estejam guardados em pátios públicos,
etc.
A propósito do tema, colhe-se a seguinte lição de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo:
"(...)é importante que nas hipóteses de pessoas ou coisas sob custódia do Estado,
haverá responsabilidade civil objetiva deste, mesmo que o dano não decorra de uma
atuação comissiva direta de um de seus agentes. Quando o Estado está na posição de
garante, quando tem o dever legal de assegurar a integridade de pessoas ou coisas
sob sua custódia, guarda ou proteção direta, responderá com base no art. 37, §6º, por
danos ocasionados a essas pessoas ou coisas, mesmo que não diretamente causados
por atuação de seus agentes."
d) INCORRETA. A parte final da assertiva revela-se incorreta, porquanto a
responsabilidade civil do agente público, na realidade, é de natureza subjetiva, não
prescindindo, portanto, da demonstração do elemento culpa, vale dizer, da presença de dolo
ou culpa atribuíveis ao agente causador do dano. Não se lhe aplica, pois, a teoria do risco
administrativo, a qual, na verdade, direciona-se apenas ao próprio Estado.
e) INCORRETA. De acordo com o entendimento firmado pelo STF, o art. 37, §6º, da
CRFB/88, comporta um sistema de dupla garantia, sendo uma delas em favor do próprio
agente público causador do dano, consistente na impossibilidade de vir a responder,
diretamente, perante o particular, que experimentou a redução patrimonial, mas sim, tão
somente, mediante ação regressiva a ser proposta pelo Estado, desde que presente o dolo
ou a culpa na conduta do referido servidor estatal.
Na linha do exposto, trazemos o seguinte julgado:
"DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS. AGENTE PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 327.904, sob a relatoria do

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Ministro Ayres Britto, assentou o entendimento no sentido de que somente as pessoas


jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem
serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos
a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade
de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Precedentes. 2. Agravo regimental
a que se nega provimento." (STF, RE-AgR 593.525, rel. Ministro Roberto Barroso)
"O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no seguinte sentido, verbis: No tocante
à ação regressiva, asseverou-se a distinção entre a possibilidade de imputação da
responsabilidade civil, de forma direta e imediata, à pessoa física do agente estatal,
pelo suposto prejuízo a terceiro, e entre o direito concedido ao ente público, ou a quem
lhe faça as vezes, de ressarcir-se perante o servidor praticante de ato lesivo a outrem,
nos casos de dolo ou de culpa. Em face disso, entendeu-se que, se eventual prejuízo
ocorresse por força de agir tipicamente funcional, não haveria como se extrair do citado
dispositivo constitucional a responsabilidade per saltum da pessoa natural do agente.
Essa, se cabível, abrangeria apenas o ressarcimento ao erário, em sede de ação
regressiva, depois de provada a culpa ou o dolo do servidor público. Assim, concluiu-
se que o mencionado art. 37, § 6º, da CF, consagra dupla garantia: uma em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público ou de direito privado que preste serviço público."
Gabarito: Letra “b”.
Questão 24 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2016)
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia militar que
estava regularmente estacionada. Do acidente resultaram lesões em cidadão
que estava retido dentro do compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão
então ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o Estado,
alegando responsabilidade objetiva. O procurador responsável pela
contestação deixou de alegar culpa exclusiva de terceiro e não solicitou
denunciação da lide. O corregedor determinou a apuração da
responsabilidade do procurador, por entender que houve negligência na
elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público
alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item.
( ) Foi correto o corregedor quanto ao entendimento de que seria útil à
defesa do poder público alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do
acidente, uma vez que, provada, ela pode excluir ou atenuar o valor da
indenização.
Comentário:
A questão trata de culpa exclusiva de terceiro - um motorista alcoolizado (terceiro) que
causa uma colisão com uma viatura da polícia militar.

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Neste sentido, a culpa de terceiro é uma causa excludente de responsabilidade estatal.


É o que consta da assertiva final: "...seria útil à defesa do poder público alegar culpa
exclusiva de terceiro na geração do acidente, uma vez que, provada, ela pode excluir ou
atenuar o valor da indenização".
Entretanto, até o momento, sabemos que a culpa de terceiro exclui a responsabilidade
estatal. Mas, sempre?
A professora Di Pietro ensina que as hipóteses excludentes acima citadas não são
imputáveis à Administração Pública. Logo, não há nexo de causalidade entre a conduta e o
dano gerado.
Mas é possível, por exemplo, que a força maior e a culpa de terceiro gerem
responsabilidade do poder público, se aliadas à omissão estatal.
Resumindo:
1) culpa de terceiro: exclui responsabilidade.
2) culpa de terceiro + omissão estatal: cabe responsabilidade.
Não há omissão no enunciado. Logo, incide a primeira conclusão.
Gabarito: Correta.
Questão 25 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2017)
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia militar que
estava regularmente estacionada. Do acidente resultaram lesões em cidadão
que estava retido dentro do compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão
então ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o Estado,
alegando responsabilidade objetiva. O procurador responsável pela
contestação deixou de alegar culpa exclusiva de terceiro e não solicitou
denunciação da lide. O corregedor determinou a apuração da
responsabilidade do procurador, por entender que houve negligência na
elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público
alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item.
( ) Diante da ausência de denunciação da lide, ficou prejudicado o direito
de regresso do Estado contra o motorista causador do acidente.
Comentário:
Art. 125, § 1º, CPC. O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a
denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
Gabarito: Incorreta.
Questão 26 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2016)
Acerca de direitos da personalidade, responsabilidade civil objetiva e prova
de fato jurídico, julgue o item seguinte.

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( ) A teoria da responsabilidade civil objetiva aplica-se a atos ilícitos


praticados por agentes de autarquias estaduais.
Comentário:
CRFB, art. 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Gabarito: Correta.
Questão 27 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) A teoria do Risco Integral admite a culpa concorrente da vítima como
cláusula excludente de responsabilidade. No entanto, deverá ser investigada
a culpa da vítima nos termos da teoria da responsabilidade subjetiva.
Comentários:
A nossa doutrina aceita a teoria do risco administrativo, no sentido de que em alguns
casos a Administração não responderá, como no caso de culpa exclusiva da vítima, culpa
concorrente de 3 e força maior, só lembrando que caso fortuito não ilide a culpa. A teoria do
risco integral é aquela que não há excludentes na administração pública; em alguns casos
excepcionais, a lei admite: acidente de trabalho, danos nucleares, etc.
Gabarito: Incorreta.
Questão 28 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Ocorre a culpa do serviço (faute du service) quando o serviço público
não funcionou (omissão), sua prestação se deu de maneira atrasada ou
apresentou mau funcionamento. Poderá se configurar quando a
concessionária de serviço público de transporte aéreo cancela voo sem
prévia comunicação e sem qualquer motivação.
Comentários:
Embora o ordenamento adote como regra a responsabilidade civil do estado objetiva
(art. 37, §6º, da CRFB) existem exceções. Quando há omissão genérica do dever de agir do
estado a responsabilidade é subjetiva na modalidade culpa anônima ou culpa do serviço (se
o administrado comprova a má prestação do serviço gera responsabilidade civil da
Administração Pública e das concessionárias e permissionárias de serviço público).
Gabarito: Correta.

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Questão 29 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)


Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha
ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios danos à
saúde do condutor do veículo particular.
Considerando essa situação hipotética e a responsabilidade civil da
administração pública, julgue os itens subsequentes.
( ) No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado
prescreverá em vinte anos.
Comentário:
Em se tratando de ação indenizatória, por danos materiais, movida em face do Estado,
o prazo prescricional é quinquenal, na linha do que estabelece o art. 1º-C da Lei 9.494/97.
Por se cuidar de norma específica, reputo ser esta a regra aplicável ao tema, em vista do
critério da especialidade. Todavia, reconheça-se que há julgados do Superior Tribunal de
Justiça no sentido de aplicar a norma do art. 1º do Decreto 20.910/1932, o qual, contudo,
também prevê prazo de cinco anos, de modo que não há diferença prática, neste ponto.
Gabarito: Incorreta.
Questão 30 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha
ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios danos à
saúde do condutor do veículo particular.
Considerando essa situação hipotética e a responsabilidade civil da
administração pública, julgue os itens subsequentes.
( ) Sendo a culpa exclusiva da vítima, não se configura a responsabilidade
civil do Estado, que é objetiva e embasada na teoria do risco administrativo.
Comentários:
De fato, nosso ordenamento adotou a teoria do risco administrativo (art. 37, §6º,
CRFB), a qual não exige a demonstração do elemento culpa (ou dolo) para a configuração
da responsabilidade civil do Estado. Todavia, tal teoria admite excludentes ou atenuantes,
vale dizer, hipóteses em que o ente público poderá se eximir do dever indenizatório ou, ao
menos, poderá reduzir o montante a ser pago à vítima do dano. E, realmente, a culpa
exclusiva da vítima está entre os casos que resultam na exclusão de responsabilidade do
Estado, uma vez que, em tal hipótese, sustenta a doutrina que haveria um rompimento do
nexo de causalidade entre o dano sofrido pelo particular e a conduta imputado ao Poder
Público. Afinal, se foi a própria vítima quem deu causa, exclusivamente, ao dano que ela
mesma experimentou, inexiste qualquer relação de causa e efeito entre este mesmo dano e
o comportamento estatal que estiver sendo analisado.
Gabarito: Correto.

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Questão 31 (FCC, DPE-AM, Defensor Público, 2013)


Paciente internada em UTI de hospital público municipal falece em razão da
ocorrência de interrupção do fornecimento de energia elétrica, decorrente
de uma tempestade na região, sendo que o referido hospital não possuía
geradores de emergência. Em sua defesa, o Município alega que se trata de
situação de força maior, o que afasta a responsabilidade estatal. Tal
argumento não se sustenta, pois
a) a responsabilidade estatal na prestação de serviços públicos é baseada na
teoria do risco administrativo, afastando as causas excludentes de
responsabilidade.
b) a responsabilidade estatal na prestação de serviços públicos é baseada
na teoria do risco integral, afastando as causas excludentes de
responsabilidade.
c) não se trata de situação de força maior, mas sim de fato de terceiro, que
não enseja o afastamento da responsabilidade estatal.
d) por se tratar de morte natural, decorrente de moléstia contraída antes da
internação, o nexo causal não se encontra configurado, sendo desnecessário
recorrer à excludente de força maior.
e) a situação ocorrida está no horizonte de previsibilidade da atividade,
ensejando a responsabilidade subjetiva da entidade municipal, que tinha o
dever de evitar o evento danoso.
Comentários:

a) INCORRETA. A teoria do risco administrativo (adotada pela nossa CRFB no art. 37,
§6º, mas que não alcança os danos ocasionados por omissão, que são regulados pela culpa
administrativa) NÃO afasta as causas excludentes de responsabilidade, consubstanciadas
no caso fortuito/força maior/culpa exclusiva da vítima, que, segundo alguns
administrativistas, afastam o próprio nexo de causalidade;

b) INCORRETA. Não se adota no Brasil a teoria do risco integral, segundo a qual


bastaria a existência de um evento danoso e do nexo causal para que surja a obrigação de
indenizar da Administração, mesmo que haja culpa exclusiva da vítima, por exemplo. Porém,
registramos que, segundo alguns doutrinadores, risco integral e risco administrativo seriam
sinônimos, porque mesmo os autores que falam em risco integral admitem excludentes de
responsabilidade;

c) INCORRETA. No caso de ato de terceiro (não agente público), caberá ao particular


que sofreu o dano provar que uma atuação normal, ordinária, regular da Administração teria
sido suficiente para evitar o dano sofrido. No dano decorrente de ato de terceiro a
responsabilidade da Administração é subjetiva, e decorre de omissão culposa. O ônus da
prova é de quem sofreu o dano;

d) INCORRETA. A questão diz expressamente que a paciente falece em razão da


ocorrência de interrupção do fornecimento de energia elétrica;

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e) CORRETA. Conforme comentário anterior.

Gabarito: Letra “e”.

Questão 32 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público 2012)


Julgue os itens subsecutivos, relativos à responsabilidade civil do Estado.
( ) De acordo com a jurisprudência consolidada do STF, a responsabilidade
objetiva do Estado aplica-se a todos os atos do Poder Judiciário.
Comentário:
No Brasil, o Estado não responde pelos danos causados pelo Poder Judiciário na sua
função típica (teoria da irresponsabilidade). Porém há duas exceções, quais sejam: a relativa
ao condenado penal por erro judiciário e ao preso além do tempo fixado. Ou seja, não se
aplica a responsabilidade objetiva a todos os atos do Poder Judiciário.
Gabarito: Incorreto.
Questão 33 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Julgue os itens subsecutivos, relativos à responsabilidade civil do Estado.
( ) A responsabilidade civil da administração pública por atos comissivos é
objetiva, embasada na teoria do risco administrativo, isto é, independe da
comprovação da culpa ou dolo.
Comentário:
Em ação comissiva, deve-se observar: FATO + DANO + NEXO.
Em ação omissiva observa-se FATO + DANO + NEXO + CULPA.
Gabarito: Correta.
Questão 34 (FEPESE, DPE-SC, Defensor Público, 2012)
Acerca da responsabilidade civil do Estado, é correto afirmar:
a) Em relação às leis de efeitos concretos, incide a responsabilidade civil
objetiva do Estado.
b) Prescreve em cinco anos o direito de obter indenização pelos danos
causados por agentes das pessoas jurídicas de direito público e em dez anos
por agentes das pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos.
c) O Estado não indenizará o condenado por erro judiciário, salvo quando
ficar preso além do tempo fixado na sentença.
d) Até o advento da Constituição Federal de 1988, adotava - se no direito
brasileiro a teoria da irresponsabilidade civil do Estado.
e) No direito brasileiro estão compreendidas duas regras: a responsabilidade
subjetiva do Estado e a irresponsabilidade do agente público.
Comentários:

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a) CORRETA. Em regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos,


por serem as leis gerais e abstratas, exceto se forem leis de efeitos concretos e quando
forem leis declaradas inconstitucionais que causem dano especificamente a alguém.
b) INCORRETA. Em regra, a prescrição para obter indenização pelos danos causados
por agentes das pessoas jurídicas de direito público e dos agentes das pessoas jurídicas
prestadoras de serviços públicos é de cinco anos, conforme art. 1º do Decreto nº 20.910/32.
c) INCORRETA. Em regra, não há responsabilidade civil por atos judiciários, exceto
por erro judiciário, assim como se o condenado ficar preso além do tempo fixado na
sentença, conforme art. 5º, LXXV, da Constituição Federal de 1988.
d) INCORRETA. No Brasil, em regra, a responsabilidade civil do Estado é objetiva.
Adota-se a teoria do risco administrativo, segundo a qual o Estado assume o risco de suas
atividades e, quando ocorre dano, não é necessário provar que o Estado agiu com dolo ou
culpa. Já a teoria da culpa é aplicada quando houver omissão do Estado ou prestar de forma
ineficiente um serviço de sua obrigação.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 35 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)
Autarquia regularmente instituída para desempenhar funções atinentes ao
setor de saúde pública, incluindo fiscalização, recebeu denúncia sobre
possível vazamento de gás tóxico, com risco de explosão, em bueiro
localizado em determinada rua constituída exclusivamente por
estabelecimentos comerciais de pequeno porte. A autarquia, por cautela,
determinou a regular interdição de uma quadra da rua, impedindo o trânsito
de pessoas aos estabelecimentos localizados na área. O risco foi confirmado,
e o problema, devidamente identificado, foi solucionado em período pouco
superior a 60 (sessenta) dias. Os comerciantes pretendem obter provimento
jurisdicional que determine o ressarcimento, pela autarquia, dos danos que
entendem terem experimentado, incluindo lucros cessantes pelo período em
que seus estabelecimentos permaneceram fechados. A atuação do poder
público, nos termos do acima descrito e do que dispõe a Constituição
Federal,
a) não pode ensejar indenização aos particulares, na medida em que a
atuação do poder público se consubstanciou em expressão de seu poder de
polícia, o que afasta a responsabilidade extracontratual.
b) pode ensejar indenização aos particulares, comprovado o nexo de
causalidade e a ocorrência de danos específicos e anormais, tendo em vista
que a conduta dos agentes públicos, ainda que lícita, pode ensejar a
responsabilidade extracontratual do ente público.
c) não pode ensejar indenização aos particulares, na medida em que não
foram comprovados a prática de ato ilícito doloso por agente público e o
nexo de causalidade entre os prejuízos alegados e a conduta dos
representantes do poder público.

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d) pode ensejar indenização aos particulares, uma vez que restou


configurado excesso na atuação dos agentes públicos, estes que, no
exercício do poder de polícia, somente estão autorizados a praticar medidas
repressivas, e desde que legalmente previstas.
e) pode ensejar indenização aos particulares, desde que comprovados o
nexo de causalidade e os danos sofridos, respondendo a autarquia sob a
modalidade subjetiva, uma vez que se tratou de falha do serviço.
Comentários:
a) INCORRETA. Poder de polícia não afasta a responsabilidade extracontratual do
Estado.
b) CORRETA. O Estado responde não somente por atos ilícitos, mas também pelos
atos lícitos, neste caso desde que cause dano anormal e específico a determinadas pessoas,
bastando, portanto, haver a conduta, o dano e o nexo causalidade entre ambos.
c) INCORRETA. Há nexo de causalidade entre a conduta e o dano, mas não é preciso
que o ato seja ilícito, podendo ser ilícito, mas que cause dano anormal específico.
d) INCORRETA. O poder de polícia da Administração também permite a prática de
medidas preventivas.
e) INCORRETA. A autarquia responde sob a modalidade objetiva.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 36 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)
Assinale a opção que corresponde ao entendimento atualmente esposado
pelo Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilidade civil das empresas
concessionárias de serviços públicos.
a) Há responsabilidade somente perante os usuários do serviço público, na
modalidade do risco administrativo.
b) Há responsabilidade somente perante os usuários do serviço público,
desde que caracterizada ao menos culpa da prestadora do serviço.
c) É reconhecida a possibilidade de responsabilização em face de dano
causado a não-usuário do serviço, uma vez caracterizada ao menos culpa da
concessionária e nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
prejudicial.
d) É reconhecida a possibilidade de responsabilização objetiva das
concessionárias, mesmo em face de terceiros não-usuários do serviço.
e) A teoria da responsabilidade subjetiva é aplicável tanto perante usuários
como não-usuários do serviço público, considerando-se que as
concessionárias são empresas privadas que não integram o Poder Público.
Comentário:

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O STF modificou seu entendimento a respeito do tema, passando a admitir a aplicação


da responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, §6º, CRFB) tanto em relação aos
usuários do serviço (o que sempre foi aceito), como também em relação a não-usuários (o
que não era admitido). Essa nova postura jurisprudencial, no âmbito de nossa Corte
Suprema, restou assentada no julgamento do RExt 591.874, rel. Min. Ricardo Lewandowski.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 37 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue o item que segue:
( ) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial
devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele
não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto,
por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral.
Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser
indenizáveis os danos moral e material sofridos.
Comentários:
Se o indivíduo não teve e nem poderia ter participação, só podemos estar diante de um
caso de erro judiciário. É diferente da situação em que a pessoa é investigada com razão,
hipótese em que mesmo a posterior absolvição não tornaria a prisão preventiva um erro. No
caso do item, só um erro levou à prisão daquela pessoa, que deverá, portanto, ser
indenizada pelo Estado. Portanto, a questão está correta, por ser cabível a indenização,
dada a exceção já descrita que permite a responsabilidade civil do Estado por ato
jurisdicional.
Gabarito: Correto.
Questão 38 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue os seguintes itens, que versam sobre responsabilidade civil do Estado.
( ) As ações de reparação de dano ajuizadas contra o Estado em
decorrência de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante
o Regime Militar não se sujeitam a qualquer prazo prescricional.
Comentários:
Como se sabe, a prescrição existe para que as relações jurídicas não permaneçam
infinitamente abertas, pendentes. Em nome da segurança jurídica, o decurso do prazo faz
com que as relações jurídicas em geral se consolidem, propiciando estabilidade.
Nem tudo é alcançado pela prescrição, como é o caso dos direitos da personalidade
em si mesmos, que não prescrevem. Mas as eventuais reparações de danos, mesmo quanto
a danos causados aos direitos da personalidade, em regra, sujeitam-se a um prazo
prescricional.
Sabemos que as torturas cometidas pelo Estado no contexto do regime militar
caracterizam, assim, lesão a direitos da personalidade, o que enseja a reparação civil dos

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danos. Mas estaria tal reparação sujeita a prescrição? O STJ firmou entendimento no sentido
de que a reparação civil por danos, nessa hipótese, não está sujeita a prazo prescricional,
porque os atos cometidos durante a ditadura foram praticados num Estado de exceção.
Houve um afastamento do Direito, da própria normalidade do Estado, e isso tornou, por
muitos anos, impossível a reparação dos danos a tempo. Com isso, consolidou-se a tese da
imprescritibilidade da reparação de danos caso de serem tais danos decorrentes da atuação
estatal durante o regime militar.
A questão não trata da prescrição penal, mas da civil; não se fala em prescritibilidade
de um direito da personalidade, mas sim da prescritibilidade à reparação oriunda de uma
lesão a direito da personalidade; em regra há prescrição quanto às lesões ao direito da
personalidade, mas especificamente no caso de tais lesões serem decorrentes de torturas
praticadas pelo Estado na ditadura, entende-se imprescritível a reparação civil de danos.
Gabarito: Correta.
Questão 39 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue os seguintes itens, que versam sobre responsabilidade civil do Estado.
( ) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público
alcança também não usuários do serviço por ela prestado.
Comentários:
Tradicionalmente, a responsabilidade civil objetiva em razão de danos causados pelo
serviço público só era reconhecida em relação aos usuários do serviço público. Contudo, o
STF alterou tal posicionamento por uma razão muito simples: o §6º do art. 37 da CRFB, que
trata dessa responsabilidade, não faz nenhuma distinção entre o usuário e o não usuário do
serviço.
Portanto, desde os julgados em que assim se reconheceu, a partir de 2007, podemos
afirmar que a responsabilidade civil das concessionárias de serviço público é objetiva,
independentemente de a vítima do dano ser ou não usuária do serviço público prestado.
Gabarito: Correta.
Questão 40 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2017)
Caio, detento em unidade prisional do estado de Alagoas, cometeu suicídio
no interior de uma das celas, tendo se enforcado com um lençol. Os
companheiros de cela de Caio declararam que, mesmo diante de seus
apelos, nada foi feito pelos agentes penitenciários em serviço para evitar o
ato. A família de Caio procurou a Defensoria Pública a fim de obter
esclarecimentos quanto à possibilidade de receber indenização do Estado.
Nessa situação hipotética, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, o defensor público responsável pelo atendimento deverá informar a
família de Caio de que
a) será necessário, para o ajuizamento de ação de reparação de danos
morais, provar que as condições de cumprimento de pena eram desumanas.

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b) é cabível o ajuizamento de ação de reparação de danos morais em face


do estado de Alagoas.
c) não houve omissão estatal, pois o suicídio configura ato exclusivo da
vítima.
d) houve fato exclusivo de terceiro, pois o dever de evitar o ato cabia aos
agentes penitenciários em serviço no momento.
e) não cabe direito a reparação de qualquer natureza, por não ser possível
comprovar nexo causal entre a morte do detento e a conduta estatal.
Comentário:
A responsabilidade civil do Estado é objetiva, e o nexo de causalidade foi demonstrado
em "mesmo diante de seus apelos, nada foi feito pelos agentes penitenciários em serviço
para evitar o ato".
"Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º,
inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento".
(RExt 841.526, Rel. Min. LUIZ FUX).
Gabarito: Letra “b”.
Questão 41 (MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto, 2017)
Assinale a alternativa correta.
a) Nos atos comissivos, a responsabilidade do Estado pode incidir sobre os
atos lícitos e ilícitos, desde que causem prejuízo a terceiros.
b) Nas hipóteses de força maior, assim entendidos como acontecimentos
imprevisíveis e inevitáveis, fica excluída a responsabilidade do Estado pelos
danos causados.
c) A responsabilidade civil do Estado pelos danos causados por seus agentes
na prestação de serviços é objetiva e independe de prova de nexo de
causalidade entre o serviço prestado e o dano causado.
d) O Estado não pode ser responsabilizado por danos decorrentes de leis e
regulamentos porque são normais gerais e abstratas, dirigidas a toda a
coletividade.
e) Em razão da responsabilidade objetiva do Estado, a culpa concorrente da
vítima ou de terceiro é indiferente e não interfere na obrigação de indenizar
e em seu montante.
Comentários:
a) CORRETA. Assim como a responsabilidade de particulares, a responsabilidade civil
do estado pode ser oriunda de ato lícito ou ilícito.
b) INCORRETA. A assertiva dá a impressão de que se trata de uma regra geral. A
teoria adotada para responsabilização da administração é a do risco administrativo, ou seja,

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admite as excludentes de causalidade. Todavia, há hipóteses em que a teoria adotada é a


do risco integral, onde não se admite tais excludentes, como danos nucleares e ambientais.
c) INCORRETA. Como afirmado na questão anterior, a teoria adotada é a do risco
administrativo.
d) INCORRETA. A doutrina majoritária entende que, excepcionalmente, é possível a
responsabilização por atos legislativos, desde que presentes dois requisitos, a saber:
decorrer dano direto a terceiro e o ato normativo for declarado inconstitucional pelo STF, em
sede de controle concentrado.
e) INCORRETA. Como a teoria adotada é a do risco administrativo, a excludente pelo
fato de terceiro é totalmente aplicável, bem como o fato exclusivo da vítima ou sua
concorrência, a teor do art. 945, do CC.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 42 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado 2017)
À luz da doutrina e da jurisprudência pertinentes, assinale a opção correta
acerca da responsabilidade civil do Estado e da improbidade administrativa.
a) Se um secretário de Estado autorizar a aquisição de equipamentos
eletrônicos na loja de um irmão seu, sem licitação, mas com preços aquém
dos praticados no mercado, não se configurará a prática de ato de
improbidade administrativa, porque se trata de cargo em comissão e não
haverá prejuízo ao erário.
b) Um governador de estado que realizar operações financeiras irregulares
e sem a observância das normas legais estará sujeito às sanções previstas
na Lei de Improbidade Administrativa, ainda que tenha as suas contas
aprovadas pelo tribunal de contas pertinente.
c) Caso um motorista de concessionária de serviço de transporte coletivo
atropele um ciclista, a responsabilidade civil dessa concessionária será
subjetiva, haja vista o fato de, nessa hipótese, o ciclista não ser usuário do
serviço público.
d) Inexistirá responsabilização estatal por latrocínio que for praticado logo
após a fuga de presos, uma vez que o dano não terá ocorrido enquanto os
criminosos se encontravam sob a custódia estatal.
e) Uma empresa, concessionária de serviço de transporte aéreo, não terá
direito a indenização estatal em decorrência de prejuízos extensivos e
inviabilidade de desempenho do serviço após a regular edição de lei que
impuser o congelamento de preços de tarifas aéreas, haja vista que, não
havendo vícios na edição da lei, toda a sociedade deve submeter-se às
alterações no cenário econômico advindas dessa intervenção estatal.
Comentários:
a) INCORRETA. Diversamente do que se afirma, vai configurar sim. Mesmo porque,
trata-se de ato contra os princípios da Administração Pública.

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b) CORRETA. O Controle exercido pelo Tribunal de Contas não é jurisdicional, por isso
que não há qualquer vinculação da decisão proferida pelo órgão de controle e a possibilidade
de ser o ato impugnado em sede de ação de improbidade administrativa, sujeita ao controle
do Poder Judiciário, consoante expressa previsão do art. 21, inc. II, da Lei nº 8.429 /1992.
(STJ - REsp 1.032.732)
c) INCORRETA. O STF definiu que há responsabilidade civil objetiva (dever de
indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam serviço
público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não usuários.
d) INCORRETA. Há nexo de causalidade entre a omissão do Estado e o latrocínio em
razão da fuga. Não incidirá a responsabilidade apenas no caso de se transcorrer certo
tempo. Já vi questões nesse sentido.
e) INCORRETA. Lei que causou prejuízo pode gerar responsabilização e, assim,
indenização.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 43 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2017)
Com referência à organização administrativa, ao controle dos atos da
administração pública e ao entendimento jurisprudencial acerca da
responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
( ) É objetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos em relação a terceiros, usuários ou não do
serviço, podendo, ainda, o poder concedente responder subsidiariamente
quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com
indenizações.
Comentários:
O Supremo Tribunal Federal definiu que há responsabilidade civil objetiva (dever de
indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam serviço
público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não usuários (RExt 591.874).
Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em situações em que
o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização pelos prejuízos a que
deu causa (STJ, REsp 1.135.927).
Gabarito: Correta.
Questão 44 (MPT, Procurador do Trabalho, 2017)
Sobre o preceito que consagra a responsabilidade extracontratual do Estado,
considerando a Constituição da República e a jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Consagra direito fundamental dos cidadãos, representando uma repulsa
ao dogma da infalibilidade do Estado e dos seus representantes e agentes.

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b) Viabiliza o direito dos cidadãos de serem indenizados por ações iníquas


do Poder Público geradoras de lesões aos seus bens jurídicos, ainda que tais
lesões sejam de ordem metaindividual ou estritamente moral, cuja
responsabilidade será configurada independentemente de comprovação de
culpa lato sensu daquele poder.
c) Permite a sua incidência tanto para responsabilizar o Poder Público quando
pratica danos aos cidadãos em decorrência de seus atos ilícitos, quanto para
aqueles gerados por atos lícitos; sendo relevante, nesta hipótese, aferir
acerca da anormalidade e da especialidade dos danos.
d) É abrangente o suficiente para viabilizar a sua incidência aos atos danosos
praticados contra terceiros, particulares ou consumidores, decorrentes da
exploração direta de atividades econômicas pelo Estado, prescindindo-se de
aferir acerca da oficialidade da atividade causal lesiva.
e) Não respondida.
Comentários:
a) CORRETA. De fato, é um direito fundamental e visa evitar falhas do estado e de
seus representantes.
b) CORRETA. Iníquo quer dizer "injusto".
A responsabilidade extracontratual ocorre por ações injustas do estado, sejam licitas
ou ilícita, de forma objetiva.
c) CORRETA. Quando o dano é licito é necessário que se prove que a consequência
para aquela pessoa foi anormal e especial, de forma que se for prejudicial a todos deverá
ser suportado sem direito a indenização pois reclama ai a soberania do Estado em
detrimento do particular.
d) INCORRETA. Sabe-se que quando empresas públicas ou sociedades de economia
mista exploram atividade econômica se equiparam a particulares, logo sua responsabilidade
é subjetiva. Assim deve ser provada a causa lesiva, ou seja, a culpa.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 45 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2017)
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o modelo constitucional de
responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade civil estatal subsume-se à teoria do risco
administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto para as
omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral.
b) A omissão estatal exige nexo de causalidade em relação ao dano sofrido
pela vítima nos casos em que o poder público ostenta o dever legal e a
efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.
c) A responsabilidade civil do Estado, por ser objetiva, não resulta afastada
mesmo nas hipóteses em que o poder público comprova causa impeditiva da

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sua atuação protetiva de modo a romper com o nexo causal entre sua
omissão e o resultado danoso.
d) A morte de detento gera responsabilidade civil do Estado pela
inobservância do seu dever específico de proteção previsto na Constituição,
admitindo-se a comprovação pelo poder público de causa excludente do nexo
de causalidade entre a sua omissão e o dano sofrido pela vítima.
e) Nenhuma das alternativas anteriores responde ao comando da questão.
Comentários:
a) CORRETA. A teoria adotada pelo Brasil em relação à Responsabilidade Civil do
Estado é a teoria do Risco Administrativo, ou seja, responde o Estado objetivamente caso
seja comprovado o nexo causal entre o dano e a conduta de suas atividades administrativas.
São excludentes dessa teoria: caso fortuito ou força maior culpa exclusiva da vítima e culpa
de terceiro - casos em que se exclui o nexo causal entre a conduta e o dano.
b) CORRETA. No caso de omissão Estatal, a responsabilidade deixa de ser objetiva
(na qual há apenas a necessidade de demonstrar nexo causal entre conduta e dano nas
atividades administrativas) e vem a ser subjetiva, ou seja, aquele que cria risco de dano para
terceiros, deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade ou comportamento sejam
isentos de culpa. Exemplo: casas que foram destruídas por uma enchente e há a
comprovação que a enchente decorreu de entupimento dos bueiros (omissão estatal na
manutenção dos bueiros e evidente nexo causal entre a omissão e o dano), caracterizando
a responsabilidade estatal.
c) INCORRETA. Para haver imputação Objetiva ao Estado, é necessária a
comprovação de nexo causal entre o dano e o resultado. Até mesmo na responsabilidade
objetiva há a necessidade de comprovação de nexo causal entre a omissão e o dano.
A teoria do risco administrativo encontra-se vinculada com o nexo de causalidade, não
havendo este não se torna possível cogitar responsabilidade Estatal, com exceção de raros
casos nos quais a teoria do risco integral prevalece.
d) CORRETA. O Supremo Tribunal Federal no RExt 841.526, em sede de repercussão
geral, por unanimidade, reconheceu que a morte de detento em estabelecimento
penitenciário gera a responsabilidade civil do Estado. Para os Ministros do STF o art. 5º,
XLIX, da CRFB consagra a regra de que aos presos é assegurado o respeito à integridade
física e moral, não comportando o dispositivo constitucional qualquer ressalva ou
condicionante, independentemente de ser morte por homicídio ou suicídio.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 46 (FCC, SEGEP-MA, Procurador do Estado, 2016)
Uma célula de grupo terrorista detona uma carga explosiva em aeronave de
matrícula brasileira, operada por empresa brasileira de transporte aéreo
público, causando mortes e ferimentos em diversos passageiros. Esclareça-
se que a aeronave decolou de aeroporto brasileiro e a explosão ocorreu por

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ocasião da chegada ao destino, em solo norte-americano, sendo que


diversas vítimas haviam embarcado em escala no México. Em vista de tal
situação e nos termos da legislação brasileira,
a) a responsabilidade principal e de caráter objetivo é da empresa prestadora
do serviço de transporte aéreo público, somente havendo responsabilidade
estatal em caráter subsidiário.
b) fica excluída a responsabilidade da União, haja vista que somente fatos
ocorridos no território nacional são capazes de justificar a aplicação da
responsabilidade objetiva nos serviços públicos.
c) somente deve haver responsabilização da União em favor dos passageiros
que embarcaram em solo brasileiro, caracterizada, no caso, a
responsabilidade subjetiva por culpa do serviço, em razão da falha na
prestação do serviço de segurança aeroportuária.
d) não há responsabilidade estatal, visto que se trata de caso fortuito,
circunstância excludente de responsabilidade, haja vista a inexistência de
nexo causal entre o evento danoso e a conduta das autoridades estatais.
e) aplica-se a teoria do risco integral, devendo a União indenizar os
passageiros que tenham sofrido danos corporais, doenças, morte ou
invalidez sofridos em decorrência do atentado.
Comentário:
A responsabilidade civil da União por danos provocados por atentados terroristas
constitui exemplo clássico da aplicação da teoria do risco integral. Nesse sentido, a Lei nº
10.744/2003 autorizou a União, na forma e critérios estabelecidos pelo Poder Executivo, a
assumir despesas de responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de
danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de
guerra ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de
matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público,
excluídas as empresas de táxi aéreo. A referida lei não prevê qualquer excludente de
responsabilidade. Logo, a responsabilidade se estende inclusive aos passageiros
embarcados em solo estrangeiro. O que importa para caracterizar a responsabilidade
integral da União é o atentado ter ocorrido em aeronave com matrícula brasileira.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 47 (FUNRIO, Prefeitura de Trindade – GO, Procurador Municipal, 2016)
Diante da Responsabilidade Civil do Estado, a alternativa correta é:
a) O poder público não responde em razão de suicídio de detento em
presídio.
b) As ações de reparação de danos à fazenda pública decorrentes de ilícito
civil são prescritíveis.
c) As ações de reparação de danos à fazenda pública decorrentes de ato de
improbidade são prescritíveis.

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d) Na hipótese do Município ser condenado a indenizar particular por ato


praticado por seu servidor, terá o direito de regresso independentemente de
culpa, segundo a atual jurisprudência do STF.
e) A responsabilidade de servidor público municipal por ato de improbidade
exclui a responsabilidade funcional estatutária quando a infração ao estatuto
também configurar ato de improbidade.
Comentários:
As ações de ressarcimento decorrentes de ato de improbidade administrativa (dolosos)
são IMPRESCRITÍVEIS, conforme estudamos na aula. As ações de reparação de danos à
Fazenda Pública decorrente de ilícito civil estão sujeitas à prescrição.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 48 (CONSESP, DAE-BAURU, Procurador Jurídico, 2015)
No que tange à responsabilidade do Estado, analise as afirmativas
apresentadas.
I. A teoria da irresponsabilidade estatal foi superada em 8 de fevereiro de
1873, no caso conhecido como Aresto Blanco.
II. A teoria da responsabilidade subjetiva teve vigência entre 1874 até 1946,
apoiada na noção de culpa.
III. A teoria da responsabilidade objetiva afasta a necessidade de
comprovação de culpa ou dolo do agente público e fundamenta o dever de
indenizar na noção de risco administrativo.
É correto o contido em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
Comentários:
A assertiva I está CORRETA.
HISTÓRICO DO ARESTO BLANCO: O Tribunal de Conflitos é o órgão da estrutura
francesa que decide se uma causa vai ser julgada pelo Conselho de Estado ou pelo Poder
Judiciário. Em 8 de fevereiro de 1873, sob a relatoria do conselheiro David, o Tribunal de
Conflitos analisou o caso da menina Agnès Blanco que, brincando nas ruas da cidade de
Bordeaux, foi atingida por um pequeno vagão da Companhia Nacional de Manufatura de
Fumo. O pai da criança entrou com ação de indenização fundada na ideia de que o Estado
é civilmente responsável pelos prejuízos causados a terceiros na prestação de serviços
públicos. O Aresto Blanco foi o primeiro posicionamento definitivo favorável à condenação
do Estado por danos decorrentes do exercício das atividades administrativas. Por isso, o

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ano de 1873 pode ser considerado o divisor de águas entre o período da irresponsabilidade
estatal e a fase da responsabilidade subjetiva.
A assertiva II está CORRETA. Realmente, consoante mencionamos na parte histórica
da presente aula, a teoria da responsabilidade subjetiva perdurou entre 1874 e 1946.
A assertiva III está CORRETA. A teoria objetiva afasta a necessidade de comprovação
de culpa ou dolo do agente público e fundamenta o dever de indenizar na noção de RISCO
ADMINISTRATIVO.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 49 (CONSESP, DAE-Bauru, Procurador Jurídico, 2015)
A Constituição Federal, ao disciplinar que as pessoas jurídicas responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
adotou expressamente a teoria de
a) Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
Comentário:
A teoria do órgão foi desenvolvida pelo alemão Otto Gierke, no início do século
passado, e adota o critério de “imputação”, ou seja, a responsabilidade é imputada ao
Estado. Em outras palavras, a vontade do órgão é imputada à pessoa jurídica a cuja
estrutura pertence. Então é comum observar na doutrina a expressão: teoria da imputação
(ou teoria volitiva) como sinônimo de teoria do órgão.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 50 (UEPA, PGE-PA, Procurador do Estado, 2015)
Quanto à responsabilização da Fazenda Pública por danos causados por seus
agentes, é correto afirmar que:
I. Nos termos do art. 1-C, da Lei nº. 9494/1997, com a redação dada pela
MP nº. 2.180/2001, o prazo prescricional para a propositura das ações de
indenizações por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos é de três anos.
II. O termo inicial para a propositura da ação de indenização contra o Estado,
conforme dispõe o art. 1 do Decreto n. 20.910/1932, é a data do ato ou fato
que deu origem à ação de indenização.
III. O prazo prescricional de todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
Pública federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescreve em cinco anos nos termos do Decreto n. 20.910/1932, com

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exceção das ações indenizatórias que de acordo com o Código Civil


prescrevem em 3 (três) anos.
IV. A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de
cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
metade do prazo.
Após análise das assertivas acima, conclui-se que:
a) Existe apenas 1 assertiva correta.
b) Existem apenas 2 assertivas corretas.
c) Existem apenas 3 assertivas corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.
Comentários:
A assertiva I está INCORRETA.
Lei nº 9.494/1997 - Art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização
dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. (Incluído pela Medida provisória
nº 2.180-35, de 2001)
A assertiva II está CORRETA.
Decreto nº 20.910/1932 - Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos
Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual
ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do
ato ou fato do qual se originarem.
A assertiva III está INCORRETA.
Decreto nº 20.910/1932 - Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos
Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual
ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do
ato ou fato do qual se originarem.
A assertiva IV está CORETA.
Súmula nº 383/STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por
dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
Gabarito: Letra “b”.

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18 - Questões comentadas em aula


Questão 01 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)

Julgue o item a seguir


( ) A responsabilidade aquiliana não se aplica ao Estado, visto que se trata
de modalidade típica do direito civil. ==118060==

Questão 02 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)

Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:


( ) para sua configuração dependerá de prova de dolo ou culpa do agente.
Questão 03 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)

Julgue o item a seguir


( ) A licitude da atuação estatal não elide a sua responsabilização, quando
houver injusta distribuição dos ônus da atividade administrativa.
Questão 04 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)

Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:


( ) o caso fortuito e a força maior não podem ser utilizados para afastar o
dever de indenizar, pois a Administração Pública deve se esforçar para
prevê-los.
Questão 05 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)

Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:


( ) a culpa exclusiva da vítima afasta, para a doutrina majoritária, o nexo
de causalidade e, consequentemente, o dever de indenizar.
Questão 06 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)

Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:


( ) culpa parcial da vítima não influencia na dimensão da responsabilidade.
Questão 07 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)

Julgue o item a seguir


( ) A chamada teoria da culpa do serviço inaugura a fase de
responsabilização objetiva, na evolução da responsabilidade estatal.

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Questão 08 (CEBRASPE, DPE-CE, Defensor Público, 2008)

Considere que as seguintes situações hipotéticas tenham ocorrido em


determinada unidade da Federação.
I - Em junho de 2007, durante rebelião em um presídio, Antônio, José e
Pedro, presos condenados por homicídio, fugiram por um túnel cavado sob
a cama de um deles em um dos pavilhões de detenção. Um mês após a
rebelião, um detento de nome Francisco foi assassinado por Otávio, outro
preso, por vingança, em decorrência de luta pelo controle do tráfico de
entorpecentes no referido prédio. Um ano após a rebelião, José cometeu
latrocínio nas proximidades do tribunal de justiça do estado, ocasião em que
foi preso e reconduzido ao presídio. A vítima do latrocínio deixou viúva e dois
filhos.
II- Em 2007, na madrugada de um dia em que deveria ter retornado para
dormir no presídio, um preso submetido ao regime semi-aberto cometeu um
estupro. Tal fato atraiu a atenção do Poder Judiciário porque,
comprovadamente, o preso, freqüentemente, deixava de retornar ao final
do dia para recolhimento, situação essa que era de conhecimento da direção
do presídio.
Com referência aos fatos hipotéticos acima narrados e ao atual
entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o
item subsequente:
( ) A teoria do risco administrativo está presente no plano constitucional
desde a Constituição de 1946 e confere fundamento doutrinário à
responsabilização objetiva do Estado.
Questão 09 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)

Julgue o item a seguir:


( ) Posição atual do STF é no sentido de que a responsabilidade da
administração é objetiva quando o dano é causado, sendo a vítima usuário
ou não.
Questão 10 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2007)

Quanto à responsabilidade civil do Estado e do particular, julgue os itens que


se seguem.
( ) A responsabilidade da administração pública, de acordo com a teoria
do risco administrativo, evidencia-se na obrigação que tem o Estado de
indenizar o dano injustamente sofrido pelo particular — independentemente
da existência de falta do serviço e da culpa do agente público —, havendo a
possibilidade de comprovação da culpa da vítima a fim de atenuar ou excluir
a indenização.
Questão 11 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2007)

Quanto à responsabilidade civil do Estado e do particular, julgue o item que


segue.

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( ) Como a responsabilidade civil do Estado por ato danoso de seus


prepostos é objetiva, surge o dever de indenizar se restarem provados o
dano ao patrimônio de outrem e o nexo de causalidade entre este e o
comportamento do preposto. No entanto, o Estado poderá afastar a
responsabilidade objetiva quando provar que o evento danoso resultou de
caso fortuito ou de força maior, ou ocorreu por culpa exclusiva da vítima.
Questão 12 (PGE-RO, Procurador do Estado, 2011)

Quanto à responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de


fenômenos da natureza é correto afirmar:
a) Gera o direito à indenização por danos morais, exclusivamente.
b) A pessoa prejudicada tem direito à indenização com base na
responsabilidade objetiva do Estado e do risco administrativo.
c) Incide no campo da responsabilidade extracontratual do Estado e gera
direito à indenização.
d) A Administração Pública só poderá ser responsabilizada se ficar
comprovada sua omissão ou atuação deficiente.
e) Não há de se falar em direito à indenização nesta hipótese.
Questão 13 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurado do Estado, 2012)

No tocante à responsabilidade do Estado, considere a seguinte situação.


Num jogo decisivo do campeonato, digladiaram-se, com grande rivalidade,
os times do Rio Branco e do Juventus. Os dirigentes advertiram as
autoridades militares de que a Arena da Floresta poderia ser palco de
consideráveis tumultos. Na ocasião, com o estádio lotado pelas torcidas
estrelada e tetracolor, foi montado um sistema especial de segurança no
estádio e arredores. Na Rua Baguary, a um quilômetro da entrada, dois
grupos de torcedores que haviam trocado ameaças numa rede social
confrontaram-se violentamente. Na ocasião, o PM Y, que não estava em
serviço, sacou uma faca e feriu X que julgava ter furtado o seu rádio. Marque
alternativa CORRETA.
a) Há curso causal hipotético (nexo causal), pois, mesmo fora do serviço, o
policial sempre age em nome do Estado.
b) Não há curso causal hipotético (nexo causal), pois o policial agia por
razões pessoais e não como agente.
c) Era hipótese de legítima defesa do patrimônio, que exclui a ilicitude, não
sendo imputável a responsabilidade nem ao Estado, nem ao PM Y.
d) Houve omissão e funcionamento anormal do serviço, pois em casos de
movimentos multitudinários a responsabilidade é do Estado.
Questão 14 (TRT 8R, TRT 8ª Região (PA e AP), Juiz do Trabalho, 2005)

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Considerando a hipótese de responsabilidade civil do Estado pela faute du


service assinale a alternativa correta, em face da jurisprudência do STF sobre
a matéria.
a) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade
civil da Administração Pública é objetiva tanto em relação a Administração
quanto ao servidor responsável pela prática do ato lesivo.
b) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade
civil da Administração Pública é objetiva em relação a Administração Pública
e subjetiva em relação ao servidor responsável pela prática do ato.
c) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade
civil da Administração Pública é subjetiva, tanto em relação a Administração
quanto ao servidor responsável pela prática do ato lesivo, sendo
desnecessária a demonstração do nexo de causalidade entre a omissão e o
dano, pela teoria do risco administrativo.
d) A responsabilidade civil por ato omissivo é subjetiva, pelo que exige dolo
ou culpa, está numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a
imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que
pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço,
carecendo porém do estabelecimento do nexo de causalidade entre o ato
omissivo e o dano causado para ensejar a responsabilização.
e) Nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal a responsabilidade
civil da Administração Pública é subjetiva em relação a Administração Pública
e objetiva em relação ao servidor responsável pela prática do ato.
Questão 15 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2011)

Determinado cidadão foi atropelado por viatura policial, conduzida por


agente público, que se encontrava em atendimento de ocorrência. Nessa
situação, poderá responsabilizar
a) a Administração, desde que comprovado dolo ou culpa grave do agente.
b) a Administração pelos danos sofridos, podendo esta exercer o direito de
regresso em face do agente, caso comprovado dolo ou culpa deste.
c) a Administração ou diretamente o agente público, bastando a
comprovação do nexo de causalidade entre o dano e a conduta do agente.
d) a Administração, desde que comprovada falha na prestação do serviço,
consistente na omissão do dever de zelar pela atuação do agente público.
e) o agente, caso comprovado dolo ou culpa, podendo este, se condenado,
exercer o direito de regresso em face da Administração.
Questão 16 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011 – Adaptada)

Sobre responsabilidade extracontratual do Estado julgue o item que segue:


( ) a Administração Pública, segundo a teoria do órgão, não pode ajuizar
ação regressiva em face do agente público que deu causa ao dano suportado
pela vítima.

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Questão 17 (CEBRASPE, DPE-DF, Defensor Público, 2013)

A respeito da responsabilidade civil do Estado, julgue o item seguinte.


( ) Segundo a jurisprudência atualizada do STJ, em ação de indenização
por ilícito penal praticado por agente do Estado, o termo inicial da prescrição
é o trânsito em julgado da ação penal condenatória .
Questão 18 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014 - Adaptada)

Julgue o item a seguir


( ) Sempre que editada lei de efeitos concretos haverá a responsabilização
do ente estatal que exerceu a atividade legislativa.
Questão 19 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010 - adaptada)

Julgue o item que segue


( ) O regime de responsabilidade previsto no art. , da Constituição Federal
brasileira exclui os atos praticados no exercício da função legislativa e
jurisdicional.
Questão 20 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010 – adaptada)

Em se tratando da Responsabilidade Estatal no direito brasileiro, analise os


itens a seguir:
I. O Superior Tribunal de Justiça, recentemente, decidiu pela
responsabilidade de juíza que, em sua atuação na magistratura, causou
danos a outrem;
II. A União responde civilmente por danos nucleares desde que comprovada
a culpa em qualquer uma de suas modalidades;
III. Constatada a confecção, ainda que por tabelionato não oficializado, de
substabelecimento falso que veio a respaldar escritura de compra e venda
de bem imóvel fulminada judicialmente, impõe-se a obrigação do Estado de
ressarcir o comprador do imóvel;
IV. Ainda que o agente estatal atue fora de suas funções, mas a pretexto de
exercê-las, o fato é tido como administrativo, no mínimo pela má escolha do
agente (culpa in vigilando)',
V. Só pode o Estado ser responsabilizado se o preposto estatal estiver no
exercício de suas funções ou, ao menos, se esteja conduzindo a pretexto de
exercê-la. Desse modo, se causar dano a terceiro no correr de sua vida
privada, sua responsabilidade é pessoal.
A quantidade de itens incorretos é igual a:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4

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e) 5
Questão 21 (VUNESP, DPU-MS, Defensor Público, 2012)
A omissão na prestação do serviço tem levado à aplicação da teoria da culpa
do serviço público, por uma culpa anônima, não individualizada, e por um
dano que decorreu da omissão do poder público. Assinale a alternativa que
traduz uma hipótese de culpa do serviço, que gera responsabilidade civil do
Estado.
a) Danos causados pela aplicação, por parte do Poder Executivo, de norma
declarada inconstitucional.
b) Danos causados, em parte, pela própria vítima, que dirigia em alta
velocidade em via pública com irregularidades na pavimentação.
c) Danos causados por enchentes, demonstrando-se que os serviços de
limpeza dos rios ou dos bueiros teriam sido suficientes para impedir a
enchente.
d) Danos causados por multidão ou por delinquentes, demonstrando-se a
ocorrência do fato e do resultado danoso.
Questão 22 (FCC, TST, Juiz do Trabalho Substituto, 2017)
Em matéria de responsabilidade civil extracontratual do Estado, é correto
afirmar:
a) O caso fortuito, a força maior e a culpa concorrente da vítima rompem o
nexo causal e, por conseguinte, afastam a responsabilidade civil objetiva do
Estado.
b) No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de
que o prazo prescricional para a propositura da ação indenizatória é de três
anos contados da ocorrência do evento danoso.
c) A responsabilidade dos concessionários de serviços públicos, de acordo
com a jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal, não se
sujeita à aplicação da teoria objetiva quanto a danos causados a terceiros
não usuários.
d) A expressão “nessa qualidade”, prevista no art. 37, § 6° , da CF/88,
significa que somente podem ser atribuídos à pessoa jurídica os
comportamentos do agente público levados a efeito durante o exercício da
função pública, em razão do que os danos causados por servidor público em
seu período de férias, em princípio, não implicam responsabilização objetiva
do Estado.
e) A imunidade relativa a opiniões, palavras e votos, em sede de atos
legislativos, prevista no texto constitucional de 1988, não afasta o direito de
regresso do Estado contra o parlamentar.
Questão 23 (CEBRASPE, TRF5ª Região, CEBRASPE, Juiz Federal Substituto, 2017)
Acerca da responsabilidade civil, assinale a opção correta de acordo com a
doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.

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a) Situação hipotética: Uma autarquia federal, por meio de processo


licitatório, celebrou contrato com empresa para a prestação de serviços de
limpeza em sua sede. A referida empresa não honrou com as obrigações
trabalhistas com os seus empregados, que realizavam os serviços na sede
do ente público. Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade
objetiva extracontratual da União, nos termos do entendimento do STF.
b) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estabeleceu
a responsabilidade do estado durante a realização de evento internacional
na capital dessa unidade federativa: o estado assumiria os efeitos da
responsabilidade civil perante os organizadores do evento, por todo e
qualquer dano resultante ou que surgisse em função de qualquer incidente
ou acidente de segurança relacionado ao referido evento, exceto na situação
em que organizadores ou vítimas concorressem para a ocorrência do dano.
Assertiva: Conforme entendimento do STF, a referida lei estadual é
constitucional, pois a Constituição Federal de 1988 não esgota matéria
relacionada à responsabilidade civil.
c) Situação hipotética: Um professor de escola pública foi agredido por um
aluno em sala de aula, tendo sido atingido por disparo de arma de fogo.
Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade subjetiva estatal devido
à conduta omissiva do Estado pelo não oferecimento de segurança adequada
aos seus servidores.
d) Em caso de dano causado por servidor público, o Estado tem o dever de
indenizar a vítima, independentemente da licitude da conduta, cabendo,
ainda, ação regressiva contra o servidor, fundada na responsabilidade
objetiva e em razão da teoria do risco administrativo.
e) Particular que tenha sofrido danos materiais e morais provocados por
servidor público no exercício de suas atribuições poderá ingressar com ação
diretamente contra o servidor na busca de reparo pelos prejuízos sofridos,
aplicando-se a teoria da imputação volitiva com incidência da
responsabilidade objetiva no tocante à comprovação do dano.
Questão 24 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2016)
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia militar que
estava regularmente estacionada. Do acidente resultaram lesões em cidadão
que estava retido dentro do compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão
então ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o Estado,
alegando responsabilidade objetiva. O procurador responsável pela
contestação deixou de alegar culpa exclusiva de terceiro e não solicitou
denunciação da lide. O corregedor determinou a apuração da
responsabilidade do procurador, por entender que houve negligência na
elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público
alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item.
( ) Foi correto o corregedor quanto ao entendimento de que seria útil à
defesa do poder público alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do

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acidente, uma vez que, provada, ela pode excluir ou atenuar o valor da
indenização.
Questão 25 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2017)
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia militar que
estava regularmente estacionada. Do acidente resultaram lesões em cidadão
que estava retido dentro do compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão
então ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o Estado,
alegando responsabilidade objetiva. O procurador responsável pela
contestação deixou de alegar culpa exclusiva de terceiro e não solicitou
denunciação da lide. O corregedor determinou a apuração da
responsabilidade do procurador, por entender que houve negligência na
elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público
alegar culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item.
( ) Diante da ausência de denunciação da lide, ficou prejudicado o direito
de regresso do Estado contra o motorista causador do acidente.
Questão 26 (CEBRASPE, PGE-AM, Procurador do Estado, 2016)
Acerca de direitos da personalidade, responsabilidade civil objetiva e prova
de fato jurídico, julgue o item seguinte.
( ) A teoria da responsabilidade civil objetiva aplica-se a atos ilícitos
praticados por agentes de autarquias estaduais.
Questão 27 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) A teoria do Risco Integral admite a culpa concorrente da vítima como
cláusula excludente de responsabilidade. No entanto, deverá ser investigada
a culpa da vítima nos termos da teoria da responsabilidade subjetiva.
Questão 28 (NC-UFPR, DPE-PR, Defensor Público, 2014, adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Ocorre a culpa do serviço (faute du service) quando o serviço público
não funcionou (omissão), sua prestação se deu de maneira atrasada ou
apresentou mau funcionamento. Poderá se configurar quando a
concessionária de serviço público de transporte aéreo cancela voo sem
prévia comunicação e sem qualquer motivação.
Questão 29 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha
ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios danos à
saúde do condutor do veículo particular.
Considerando essa situação hipotética e a responsabilidade civil da
administração pública, julgue os itens subsequentes.

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( ) No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado


prescreverá em vinte anos.
Questão 30 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha
ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios danos à
saúde do condutor do veículo particular.
Considerando essa situação hipotética e a responsabilidade civil da
administração pública, julgue os itens subsequentes.
( ) Sendo a culpa exclusiva da vítima, não se configura a responsabilidade
civil do Estado, que é objetiva e embasada na teoria do risco administrativo.
Questão 31 (FCC, DPE-AM, Defensor Público, 2013)
Paciente internada em UTI de hospital público municipal falece em razão da
ocorrência de interrupção do fornecimento de energia elétrica, decorrente
de uma tempestade na região, sendo que o referido hospital não possuía
geradores de emergência. Em sua defesa, o Município alega que se trata de
situação de força maior, o que afasta a responsabilidade estatal. Tal
argumento não se sustenta, pois
a) a responsabilidade estatal na prestação de serviços públicos é baseada na
teoria do risco administrativo, afastando as causas excludentes de
responsabilidade.
b) a responsabilidade estatal na prestação de serviços públicos é baseada
na teoria do risco integral, afastando as causas excludentes de
responsabilidade.
c) não se trata de situação de força maior, mas sim de fato de terceiro, que
não enseja o afastamento da responsabilidade estatal.
d) por se tratar de morte natural, decorrente de moléstia contraída antes da
internação, o nexo causal não se encontra configurado, sendo desnecessário
recorrer à excludente de força maior.
e) a situação ocorrida está no horizonte de previsibilidade da atividade,
ensejando a responsabilidade subjetiva da entidade municipal, que tinha o
dever de evitar o evento danoso.
Questão 32 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público 2012)
Julgue os itens subsecutivos, relativos à responsabilidade civil do Estado.
( ) De acordo com a jurisprudência consolidada do STF, a responsabilidade
objetiva do Estado aplica-se a todos os atos do Poder Judiciário.
Questão 33 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Julgue os itens subsecutivos, relativos à responsabilidade civil do Estado.
( ) A responsabilidade civil da administração pública por atos comissivos é
objetiva, embasada na teoria do risco administrativo, isto é, independe da
comprovação da culpa ou dolo.

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Questão 34 (FEPESE, DPE-SC, Defensor Público, 2012)


Acerca da responsabilidade civil do Estado, é correto afirmar:
a) Em relação às leis de efeitos concretos, incide a responsabilidade civil
objetiva do Estado.
b)Prescreve em cinco anos o direito de obter indenização pelos danos
causados por agentes das pessoas jurídicas de direito público e em dez anos
por agentes das pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos.
c) O Estado não indenizará o condenado por erro judiciário, salvo quando
ficar preso além do tempo fixado na sentença.
d) Até o advento da Constituição Federal de 1988, adotava - se no direito
brasileiro a teoria da irresponsabilidade civil do Estado.
e) No direito brasileiro estão compreendidas duas regras: a responsabilidade
subjetiva do Estado e a irresponsabilidade do agente público.
Questão 35 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)
Autarquia regularmente instituída para desempenhar funções atinentes ao
setor de saúde pública, incluindo fiscalização, recebeu denúncia sobre
possível vazamento de gás tóxico, com risco de explosão, em bueiro
localizado em determinada rua constituída exclusivamente por
estabelecimentos comerciais de pequeno porte. A autarquia, por cautela,
determinou a regular interdição de uma quadra da rua, impedindo o trânsito
de pessoas aos estabelecimentos localizados na área. O risco foi confirmado,
e o problema, devidamente identificado, foi solucionado em período pouco
superior a 60 (sessenta) dias. Os comerciantes pretendem obter provimento
jurisdicional que determine o ressarcimento, pela autarquia, dos danos que
entendem terem experimentado, incluindo lucros cessantes pelo período em
que seus estabelecimentos permaneceram fechados. A atuação do poder
público, nos termos do acima descrito e do que dispõe a Constituição
Federal,
a) não pode ensejar indenização aos particulares, na medida em que a
atuação do poder público se consubstanciou em expressão de seu poder de
polícia, o que afasta a responsabilidade extracontratual.
b) pode ensejar indenização aos particulares, comprovado o nexo de
causalidade e a ocorrência de danos específicos e anormais, tendo em vista
que a conduta dos agentes públicos, ainda que lícita, pode ensejar a
responsabilidade extracontratual do ente público.
c) não pode ensejar indenização aos particulares, na medida em que não
foram comprovados a prática de ato ilícito doloso por agente público e o
nexo de causalidade entre os prejuízos alegados e a conduta dos
representantes do poder público.
d) pode ensejar indenização aos particulares, uma vez que restou
configurado excesso na atuação dos agentes públicos, estes que, no

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exercício do poder de polícia, somente estão autorizados a praticar medidas


repressivas, e desde que legalmente previstas.
e) pode ensejar indenização aos particulares, desde que comprovados o
nexo de causalidade e os danos sofridos, respondendo a autarquia sob a
modalidade subjetiva, uma vez que se tratou de falha do serviço.
Questão 36 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)
Assinale a opção que corresponde ao entendimento atualmente esposado
pelo Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilidade civil das empresas
concessionárias de serviços públicos.
a) Há responsabilidade somente perante os usuários do serviço público, na
modalidade do risco administrativo.
b) Há responsabilidade somente perante os usuários do serviço público,
desde que caracterizada ao menos culpa da prestadora do serviço.
c) É reconhecida a possibilidade de responsabilização em face de dano
causado a não-usuário do serviço, uma vez caracterizada ao menos culpa da
concessionária e nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
prejudicial.
d) É reconhecida a possibilidade de responsabilização objetiva das
concessionárias, mesmo em face de terceiros não-usuários do serviço.
e) A teoria da responsabilidade subjetiva é aplicável tanto perante usuários
como não-usuários do serviço público, considerando-se que as
concessionárias são empresas privadas que não integram o Poder Público.
Questão 37 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue o item que segue:
( ) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial
devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele
não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto,
por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral.
Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser
indenizáveis os danos moral e material sofridos.
Questão 38 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue os seguintes itens, que versam sobre responsabilidade civil do Estado.
( ) As ações de reparação de dano ajuizadas contra o Estado em
decorrência de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante
o Regime Militar não se sujeitam a qualquer prazo prescricional.
Questão 39 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
Julgue os seguintes itens, que versam sobre responsabilidade civil do Estado.
( ) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público
alcança também não usuários do serviço por ela prestado.

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Questão 40 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2017)


Caio, detento em unidade prisional do estado de Alagoas, cometeu suicídio
no interior de uma das celas, tendo se enforcado com um lençol. Os
companheiros de cela de Caio declararam que, mesmo diante de seus
apelos, nada foi feito pelos agentes penitenciários em serviço para evitar o
ato. A família de Caio procurou a Defensoria Pública a fim de obter
esclarecimentos quanto à possibilidade de receber indenização do Estado.
Nessa situação hipotética, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, o defensor público responsável pelo atendimento deverá informar a
família de Caio de que
a) será necessário, para o ajuizamento de ação de reparação de danos
morais, provar que as condições de cumprimento de pena eram desumanas.
b) é cabível o ajuizamento de ação de reparação de danos morais em face
do estado de Alagoas.
c) não houve omissão estatal, pois o suicídio configura ato exclusivo da
vítima.
d) houve fato exclusivo de terceiro, pois o dever de evitar o ato cabia aos
agentes penitenciários em serviço no momento.
e) não cabe direito a reparação de qualquer natureza, por não ser possível
comprovar nexo causal entre a morte do detento e a conduta estatal.
Questão 41 (MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto, 2017)
Assinale a alternativa correta.
a) Nos atos comissivos, a responsabilidade do Estado pode incidir sobre os
atos lícitos e ilícitos, desde que causem prejuízo a terceiros.
b) Nas hipóteses de força maior, assim entendidos como acontecimentos
imprevisíveis e inevitáveis, fica excluída a responsabilidade do Estado pelos
danos causados.
c) A responsabilidade civil do Estado pelos danos causados por seus agentes
na prestação de serviços é objetiva e independe de prova de nexo de
causalidade entre o serviço prestado e o dano causado.
d) O Estado não pode ser responsabilizado por danos decorrentes de leis e
regulamentos porque são normais gerais e abstratas, dirigidas a toda a
coletividade.
e) Em razão da responsabilidade objetiva do Estado, a culpa concorrente da
vítima ou de terceiro é indiferente e não interfere na obrigação de indenizar
e em seu montante.
Questão 42 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado 2017)
À luz da doutrina e da jurisprudência pertinentes, assinale a opção correta
acerca da responsabilidade civil do Estado e da improbidade administrativa.

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a) Se um secretário de Estado autorizar a aquisição de equipamentos


eletrônicos na loja de um irmão seu, sem licitação, mas com preços aquém
dos praticados no mercado, não se configurará a prática de ato de
improbidade administrativa, porque se trata de cargo em comissão e não
haverá prejuízo ao erário.
b) Um governador de estado que realizar operações financeiras irregulares
e sem a observância das normas legais estará sujeito às sanções previstas
na Lei de Improbidade Administrativa, ainda que tenha as suas contas
aprovadas pelo tribunal de contas pertinente.
c) Caso um motorista de concessionária de serviço de transporte coletivo
atropele um ciclista, a responsabilidade civil dessa concessionária será
subjetiva, haja vista o fato de, nessa hipótese, o ciclista não ser usuário do
serviço público.
d) Inexistirá responsabilização estatal por latrocínio que for praticado logo
após a fuga de presos, uma vez que o dano não terá ocorrido enquanto os
criminosos se encontravam sob a custódia estatal.
e) Uma empresa, concessionária de serviço de transporte aéreo, não terá
direito a indenização estatal em decorrência de prejuízos extensivos e
inviabilidade de desempenho do serviço após a regular edição de lei que
impuser o congelamento de preços de tarifas aéreas, haja vista que, não
havendo vícios na edição da lei, toda a sociedade deve submeter-se às
alterações no cenário econômico advindas dessa intervenção estatal.
Questão 43 (CEBRASPE, DPU, Defensor Público Federal, 2017)
Com referência à organização administrativa, ao controle dos atos da
administração pública e ao entendimento jurisprudencial acerca da
responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
( ) É objetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos em relação a terceiros, usuários ou não do
serviço, podendo, ainda, o poder concedente responder subsidiariamente
quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com
indenizações.
Questão 44 (MPT, Procurador do Trabalho, 2017)
Sobre o preceito que consagra a responsabilidade extracontratual do Estado,
considerando a Constituição da República e a jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Consagra direito fundamental dos cidadãos, representando uma repulsa
ao dogma da infalibilidade do Estado e dos seus representantes e agentes.
b) Viabiliza o direito dos cidadãos de serem indenizados por ações iníquas
do Poder Público geradoras de lesões aos seus bens jurídicos, ainda que tais
lesões sejam de ordem metaindividual ou estritamente moral, cuja
responsabilidade será configurada independentemente de comprovação de
culpa lato sensu daquele poder.

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c) Permite a sua incidência tanto para responsabilizar o Poder Público quando


pratica danos aos cidadãos em decorrência de seus atos ilícitos, quanto para
aqueles gerados por atos lícitos; sendo relevante, nesta hipótese, aferir
acerca da anormalidade e da especialidade dos danos.
d) É abrangente o suficiente para viabilizar a sua incidência aos atos danosos
praticados contra terceiros, particulares ou consumidores, decorrentes da
exploração direta de atividades econômicas pelo Estado, prescindindo-se de
aferir acerca da oficialidade da atividade causal lesiva.
e) Não respondida.
Questão 45 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2017)
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o modelo constitucional de
responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade civil estatal subsume-se à teoria do risco
administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto para as
omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral.
b) A omissão estatal exige nexo de causalidade em relação ao dano sofrido
pela vítima nos casos em que o poder público ostenta o dever legal e a
efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.
c) A responsabilidade civil do Estado, por ser objetiva, não resulta afastada
mesmo nas hipóteses em que o poder público comprova causa impeditiva da
sua atuação protetiva de modo a romper com o nexo causal entre sua
omissão e o resultado danoso.
d) A morte de detento gera responsabilidade civil do Estado pela
inobservância do seu dever específico de proteção previsto na Constituição,
admitindo-se a comprovação pelo poder público de causa excludente do nexo
de causalidade entre a sua omissão e o dano sofrido pela vítima.
e) Nenhuma das alternativas anteriores responde ao comando da questão.
Questão 46 (FCC, SEGEP-MA, Procurador do Estado, 2016)
Uma célula de grupo terrorista detona uma carga explosiva em aeronave de
matrícula brasileira, operada por empresa brasileira de transporte aéreo
público, causando mortes e ferimentos em diversos passageiros. Esclareça-
se que a aeronave decolou de aeroporto brasileiro e a explosão ocorreu por
ocasião da chegada ao destino, em solo norte-americano, sendo que
diversas vítimas haviam embarcado em escala no México. Em vista de tal
situação e nos termos da legislação brasileira,
a) a responsabilidade principal e de caráter objetivo é da empresa prestadora
do serviço de transporte aéreo público, somente havendo responsabilidade
estatal em caráter subsidiário.
b) fica excluída a responsabilidade da União, haja vista que somente fatos
ocorridos no território nacional são capazes de justificar a aplicação da
responsabilidade objetiva nos serviços públicos.

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c) somente deve haver responsabilização da União em favor dos passageiros


que embarcaram em solo brasileiro, caracterizada, no caso, a
responsabilidade subjetiva por culpa do serviço, em razão da falha na
prestação do serviço de segurança aeroportuária.
d) não há responsabilidade estatal, visto que se trata de caso fortuito,
circunstância excludente de responsabilidade, haja vista a inexistência de
nexo causal entre o evento danoso e a conduta das autoridades estatais.
e) aplica-se a teoria do risco integral, devendo a União indenizar os
passageiros que tenham sofrido danos corporais, doenças, morte ou
invalidez sofridos em decorrência do atentado.
Questão 47 (FUNRIO, Prefeitura de Trindade – GO, Procurador Municipal, 2016)
Diante da Responsabilidade Civil do Estado, a alternativa correta é:
a) O poder público não responde em razão de suicídio de detento em
presídio.
b) As ações de reparação de danos à fazenda pública decorrentes de ilícito
civil são prescritíveis.
c) As ações de reparação de danos à fazenda pública decorrentes de ato de
improbidade são prescritíveis.
d) Na hipótese do Município ser condenado a indenizar particular por ato
praticado por seu servidor, terá o direito de regresso independentemente de
culpa, segundo a atual jurisprudência do STF.
e) A responsabilidade de servidor público municipal por ato de improbidade
exclui a responsabilidade funcional estatutária quando a infração ao estatuto
também configurar ato de improbidade.
Questão 48 (CONSESP, DAE-BAURU, Procurador Jurídico, 2015)
No que tange à responsabilidade do Estado, analise as afirmativas
apresentadas.
I. A teoria da irresponsabilidade estatal foi superada em 8 de fevereiro de
1873, no caso conhecido como Aresto Blanco.
II. A teoria da responsabilidade subjetiva teve vigência entre 1874 até 1946,
apoiada na noção de culpa.
III. A teoria da responsabilidade objetiva afasta a necessidade de
comprovação de culpa ou dolo do agente público e fundamenta o dever de
indenizar na noção de risco administrativo.
É correto o contido em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.

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e) I, II e III.
Questão 49 (CONSESP, DAE-Bauru, Procurador Jurídico, 2015)
A Constituição Federal, ao disciplinar que as pessoas jurídicas responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
adotou expressamente a teoria de
a) Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
Questão 50 (UEPA, PGE-PA, Procurador do Estado, 2015)
Quanto à responsabilização da Fazenda Pública por danos causados por seus
agentes, é correto afirmar que:
I. Nos termos do art. 1-C, da Lei nº. 9494/1997, com a redação dada pela
MP nº. 2.180/2001, o prazo prescricional para a propositura das ações de
indenizações por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos é de três anos.
II. O termo inicial para a propositura da ação de indenização contra o Estado,
conforme dispõe o art. 1 do Decreto n. 20.910/1932, é a data do ato ou fato
que deu origem à ação de indenização.
III. O prazo prescricional de todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
Pública federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescreve em cinco anos nos termos do Decreto n. 20.910/1932, com
exceção das ações indenizatórias que de acordo com o Código Civil
prescrevem em 3 (três) anos.
IV. A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de
cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
metade do prazo.
Após análise das assertivas acima, conclui-se que:
a) Existe apenas 1 assertiva correta.
b) Existem apenas 2 assertivas corretas.
c) Existem apenas 3 assertivas corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.

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18.1 - Gabaritos

2) E 3) C 4) E 5) C
1) E
7) E 8) C 9) E 10) C
6) E
12) D 13) B 14) D 15) B
11) C
17) C 18) E 19) E 20) B
16) E
22) D 23) B 24) C 25) C
21) C
27) E 28) C 29) E 30) C
26) E
32) E 33) C 34) A 35) B
31) E
37) C 38) C 39) C 40) B
36) D
42) B 43) C 44) B 45) D
41) A
47) B 48) E 49) A 50) B
46) E

19 - Considerações Finais
Amigos,
Chegamos ao final de mais uma aula.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco.
Espero que tenham aproveitado. Até a próxima!

Bons estudos!

Renato Borelli

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20 - Referências
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São
Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas,
2014.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade
civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Vol. 7.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum,
2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

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Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Noronha, Fernando. Direito das obrigações. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
Vol. I.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed.
JusPODIVM, 2014.

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