Você está na página 1de 25

➔ THE SUNSHINE

Tema Sonhos 1, 2 E 3

Aos poucos o cinza dos tijolos em cada ruela estreita, do céu em chuviscas e de todos os
moradores ao redor vão transbordando tédio para Lucis, já exausto da procura infindável:

- Eai Rose, você viu que passamos por um PUB com uma plaquinha de Vassoura de Bruxa lá
atrás? – perguntou enquanto olhava os próprios pés amassados dentro dos calçados – Parecia
anim...

- Eu sinto que estamos perto, Lucis – interrompeu parando abruptamente de andar – aqueles
últimos mapas que encontramos na antiga casa de verão da família Koll não são precisos,
porém muito confiáveis – encerrou retomando a caminhada e dando as costas a Lucis.

Fazia 11 dias que eles estavam andando em circulos na Eslováquia. Ou era o que Lucis
lembrava, mas talvez pudessem ser muito mais. Entre telhados triangulares pontiagudos e dias
nublados sem fim, eles encontraram arquivos históricos do grande estudioso do ocultismo do
século VI, Noen Koll, que indicavam algumas manifestações sobrenaturais que poderiam ser
associadas a profecia de Lucis, mas pelo que deveriam procurar era a grande dúvida.

Rose parecia mais dedicado a isso do que qualquer outro momento, dizia “sentir as respostas
se aproximando pelo faro”, algo que Lucis viria a compreender mais tarde, mas que neste
momento parecia frágil e improvável, sobretudo considerando os becos sem saída que
entraram em Loen e Hoven, Noruega, e também no litoral Dinamarquês.

Lucis, por outro lado, se sentia exausto e numa busca sem sentido. Aquilo tudo para ele
parecia tão intangível, distante. Sua não vida tinha elementos muito mais interessantes, como
uma borboleta com o formato do rosto mestre Karin no desenho das asas que passava
próxima a um arbusto...
Na verdade tudo aquilo se equilibrava entre sem sentido e sem nexo, e mais, era tratado como
se ele não tivesse escolha ou decisão sobre a continuidade de tal busca. Pior...parecia que ele
já havia decidido, mas sem nem ao menos ser consultado.

Mal sabia ele que seu destino poderia ser muito mais interessante que uma Borboleta ou um
gato falante mestre de artes marciais...
➔ LUCIS WORLD

-Olha...você pode não perceber rose, porém acho que não estamos tendo um grande avanço
no que se refere em eu sendo o SER DIVINO para uma religião vampírica.

- Pois, você está sendo tolo em achar que não e tão importante..voce tem um grande
potencial, diria que grande o suficiente para até mesmo cumprir de forma correta o seu papel

- Digamos que...estamos nos baseando em pesadelos e professia de um velhos malucos do


seu..quer dizer nosso clã...porem como pode ter certeza de uma grande minha nisso? Rose se
mantem calado enquanto tapa o rosto quando um carro com farois altos vem na direção deles

-olha..existem coisas que ngm explica...nos somos seres sem sentido na visão logica da vida
nesse mundo,pela logica quando o coração de um ser vivo para...ele MORRE mas nos não..nos
somos a mais pura reprentação do sofrimento de viver a eternidade como amaldiçoados
,porem com o tempo percebemos os beneficios de se viver pra sempre...vimos que podemos
morrer mas temos medo...então decidimos aproveitar

-sim rose eu ja entendi essa parte a questão e.. onde eu me encaixo nisso?

-a questão e um dia vampiros e humanos vão morrer, por conta de seres que...estão acima de
qualquer outro...e vc está como um lider que estara a frente de todos na guerra final

Lucis ri

- Eu?...eu não sei nada sobre estratégia de guerra

- Você vai saber e seu destino

- Aff....queria um destino tipo....um parque de diversões, só meu....LUCIS WORLD

Rose ri de forma debochada...

- Você é um idiota

- Para Rose
➔ THAT GUY

...a noite se estendeu por longas caminhadas em busca de qualquer pista das leituras de Noen
Koll pela cidade, sempre sem muito êxito. Rose já parecia estar com os olhos cansados quando
cedeu à Lucis pela primeira vez:

- Qual era o nome daquele PUB? Acho que a gente precisa parar um pouco pra depois
continuar – tentou aparentar força de vontade inabalável, mas aqueles olhos cansados só
falavam sobre o comprometimento dele em manter a determinação pela dupla.

- Vassoura da Bruxa! – disse animado Lucis, com uma espontaneidade de quem esqueceu as
horas de fracasso que vinham passando para lembrar da única informação inútil do dia – Tinha
uma placa com vassoura de madeira na porta!!

Eles sorriram e Rose divagou mentalmente sobre como Lucis o complementava, sempre
espirituoso e leve apesar da pressão que ele mesmo colocava nas coisas.

- Eu também tenho pensado que talvez Koll tenha sido assassinado por descobrir demais, de
forma a que essas pistas podem simplesmente ter sido apagadas da cidade por quem o matou
– disse enquanto os dois cruzavam por becos estreitos entre um carroceiro e uma senhora
com cesto de roupas.

- Você tem certeza que ele foi assassinado? Eu acho que ele tinha ficado doente, não? – se
questionou enquanto revirava as memórias dos pergaminhos que encontraram anteriormente
sem êxito.

- Lucis, já falamos disso, os indícios de envenenamento nos relatórios médicos de seu rebanho
denotam uma manipulação muito maior que uma doença vampírica comum – de fato Rose
havia questionado anteriormente sobre doença ou crime, mas agora ele estava certo que a
morte do historiador do ocultismo fora um crime.

- Eu nunca sei, esse povo era muito cheio das conspirações, se fosse hoje em dia teriam
matado ele com um tiro na cara e pronto – riu Lucis.
Ao chegar no PUB eles se deparam com um cenário decadente e deprimente, muito diferente
do que Lucis imaginava. Enquanto pensava em bruxas dançando com vassouras sobre o bar ele
percebia que só existia pó e uma caneca rachada ali. Atrás do mesmo, um taberneiro gordo de
bigode e sobrancelhas imensas sorria quase sem dentes e um pano sujo no ombro.

Pelo salão mesas destruídas e cadeiras viradas, mas uma mesa capenga redonda parecia
suficiente para eles apoiarem os documentos e descansarem nas cadeiras frágeis do lugar.
Além deles, apenas um velho moribundo bêbado parecia decorar o lugar em cima de uma
mesa encostada sob uma escada escura que subia para os aposentos do taberneiro.

Eles passaram boas horas ali sentindo o cheiro da cera e restos de porco e esticando
pergaminhos sobre mapas, documentos e escritos tentando entender onde era o tal Lago
Heinsh, que teria “se elevado aos céus em cada gota, permitindo que um homem conseguisse
caminhar até o centro de seu leito” (como repetia Lucis pela 3ª vez), quando finalmente
ouviram uma voz rouca e frágil soar nas costas de Rose.

- Eu to tentando encher o Lago Heinsh tem uns 2 anos, mas parece que aquele lodo suga meu
mijo igual uma planta seca quando recebe a primeira gota da chuva – entre as palavras a voz
caminhou até chegar próxima a lamparina da mesa da dupla, iluminando uma face suja e
horrenda do mendigo que antes dormia

- Fale mais sobre seu xixi, achei muito interessante – disse Lucis caçoando

- Não existe mais? – perguntou Rose quase interrompendo o pupilo

- É meu filho, minha avó contava que a avó dela contava, que a avó dela contava, que a avó
dela também contava – e aquilo se repetiu algumas vezes com Lucis tentando marcar nos
Dedos as gerações daquela árvore genealógica infindável – que numa noite de neblina como
essa um trovão imenso soou, mas nenhuma gota caiu. Pior, elas choveram ao contrário, e o
lago voltou pro céu, sem nunca mais aparecer – falou de maneira misteriosa entre os cacos de
dentes amarelados

- Chega de atormentar meus clientes Bosley, essa lenda já deu no saco – chegou o taberneiro
empurrando o mendigo de volta a mesa onde dormia – esse lago nem existiu, foi só um poço
artesiano que secou...
➔ TO PET

Tema Sonhos 4 E 5

- O que o que há de tão espercial em um lago sobrenatural?

- Olha a a questão não e o lago e sim a magia que reside nele..por mais que vc não preste
atenção nos assuntos místicos acho que no mínimo você deveria se focar em entender a magia
e os mistérios ocultos nas mãos de magos e de tremeres.

Lucis olha para o teto descascado e um tanto maltrapilho..

- Você sabe qual lago eu queria ir? - diz o garoto baixinho.

- Um chute...Lago Nnes?

- Own você me conhece tão bem...pensa comigo qual a chance dos velhotes diluvianos tem se
a gente enfrentar eles com um mega plessiosauro

- Você sabe que aquela foto e um tronco flutuante...ne? - ri rose enquanto afastava os longos
cabelos vermelhos de seus olhos

- Você sabe que estamos rodando a eu europa por conta de um sonho..né?

-Ok me pegou.

-Qual o proximo passo? Hein? - diz lucis passando os olhos em um documentos velhos

- Ok, já decidi, vamos dar uma visita no lugar que o mendigo falou. O quanto vc esta cansado
lucis?

- Fora o tedio mortal to de boa, topando até a ideia do mendigo? Quantas horas temos?

- Umas 4h?

- Ok... vamos! Talvez tenha algum outro monstro maluco pra domesticarmos.

Rose ri - olha não sendo um Lobisomem por mim eu topo ter um pet monstruoso
➔ DOGCHICKEN

Rose e Lucis ainda conseguem carona com o próprio mendigo, que o leva em sua carroça velha
em troca de algumas moedas. Eles demoram quase 1h para chegar até a área rural da cidade,
onde uma vasta floresta de eucaliptos se estender até onde nem os olhos perspicazes de Rose
conseguiriam ver.

O mendigo deixa a carroça e diz que quer ir com eles, afirmando que “seu mijo agora iria curar
a terra amaldiçoada”. Entre os troncos cumpridos e galhos secos, a lua aparece cortada pelas
nuvens, ora coberta e noutras esplendorosa. Mais 20 ou 30 minutos em meio as árvores e eles
finalmente começam a se aproximar de uma grande área devastada, uma clareira.

- É ali, tamo chegando – disse o mendigo sorridente após passar os últimos 20 minutos
contando sobre quando ganhou um frango assado de uma senhora na vila, o que provocou
náuseas em Lucis.

- UOW, é imenso!!! – Exclamou Rose quando os últimos eucaliptos foram ficando pra trás

- CARACAA!! – Lucis também ficou surpreso, mas ainda pensava no Frango de 12 kg que o
mendigo contara – Será que é do tamanho de um cachorro?

- É muito maior Lucis, está louco? – Perguntou Rose se virando para o Pupilo – Olha o tamanho
disso!

- Ah, sim, realmente é enorme Rose! – rindo por dentro

A clareira realmente era tão grande que era muito difícil ver as árvores do outro lado da
mesma. Tinha um formato aparentemente redondo e perfeito, como quando uma bola de
futebol bate na areia da praia.

- Parece que aqui caiu o meteoro hein!


- Que meteoro? – Rose novamente virava abruptamente para olhar para o rosto do pupilo,
incrédulo com o distanciamento do mesmo

- Dos dinos!

- Ahm?

- Os dinossauros Rosa – disse o mendigo – até eu saquei essa!

- Lucis, chega de brincadeira, olhe para isso, desenvolva sua concentração no que está fazendo
agora. Preste atenção nos detalhes dessa cratera, no que isso tudo significa, não tem nada a
ver com dinossauros, pode inclusive ser muito mais importante que isso!

Lucis respirou fundo tentando se focar na realidade. Conforme expirava, seu corpo passava a
perceber os sinais do exterior. Ele fecha os olhos e consegue sentir o vento cortando as
árvores e chacoalhando seus galhos secos que caiam aqui e acolá. Ele percebe que seu corpo
está vivido, como nas horas do topo da noite, e que a luz da lua, inconstante entre nuvens,
provoca um amaciamento da sensação.

Um pensamento sobre um frango e um cachorro lutando em uma briga de rinha tenta


dominar sua mente, mas ele respira fundo e permite que aquilo vá se esvaecendo como uma
memória que abandonada, e volta a abrir os olhos para contemplar a imensidão daquele
fenômeno, e finalmente, perceber sua imponência do oculto.
➔ UOW EFFECT MOMENT

Tema do Sonho

Lucis sente sua percepção se ampliar lenta e forçosamente, com cada centímetro de seu corpo
cooperando com a concentração em ativar a Vitae de suas veias. Aos poucos vai percebendo
que está conseguindo direcionar toda aquela energia descomunal oriunda da vida de outros
seres para tocar níveis mais altos de sensibilidade em contato com o mundo, e perceber
detalhes antes ocultos.

- Isso Lucis, se permita evoluir, sinta!

O vento que o tocava agora quase permite sentir sua origem como um sonar, a noite escura
ganhava um horizonte mais longínquo e iluminado, como se suas pupilas se tornassem como
as de um felino, ganhando campo de visão e profundidade renovados. No ar, o cheiro úmido
da água penetrava suas narinas, e era como se ele conseguisse sentir o gosto do lodo sob
aquele colosso de água em suas papilas. Lucis fecha os olhos para se concentrar e aquele
cheiro fica mais evidente, como se houvesse um lago vivo a sua frente. Sem abrir os olhos ele
fala:

- Eu sinto ele...eu sinto o lago aqui mestre

- Uhmm, e o que mais Lucis?

O garoto agacha vagarosamente e toca o solo bem na borda da grande redoma marcada na
terra. Ele sente gelada, molhada, se pulverizando em sua mão como um punhado de terra na
chuva, e aquilo penetra seus dedos até entrar nas unhas e em cada ranhura das mãos. Quando
ele levanta a mão esquerda, centímetro por centímetro, ele sente escorrer por seu braço, e
aos poucos para o cotovelo. Ao abrir os olhos, contempla seu punho aberto, com toda
extensão do braço desnudo, impecavelmente límpido e seco como sempre.

- MESTRE! É como se eu tivesse tocado no fundo do lago, como se meu braço estivesse
coberto de lodo, eu senti isso!

- uhuhuhuhuhuhuhuhuh – respirou fundo Rose antes de dizer – TAN TAN DAM!!!! ACHAMOS
FILHO DA PUTA, É ISSO!

Lucis tira os olhos do braço e percebe que o despertar de se Auspício parecia único, diferente
das outras vezes que praticara a disciplina. Ele se sentia conectado intimamente com aquilo
tudo. Como se a sensação de terra molhada entre os dedos viesse de seu interior, não do local,
como se aquilo falasse com ele de maneira única.

- Como isso é possível? O que é isso? – se pergunto incrédulo ainda com a sensação da
humidade daquela poça imensa pairando sob as maças de seu rosto

- Sua profecia é real! – ele sorria de orelha a orelha – E esse local também! Koll estava certo, o
seu destino esteve aqui, e sua percepção única em contato com isso é a prova disso!

- Mas...que porra cara? Como assim Rose, eu to perdido? – ele sorria estupefato, também
descrente de onde o sonho daquele homem o guiará – Você esteve certo...o tempo todo?

- Eu te falei garoto...eu te falei...

Os dois se abraçam no canto da cratera, com a noite os cercando sob a luz da lua e uma
imensidão de sentimentos amassados entre os braços daqueles amigos. Na verdade, os
três...pois o mendigo também se junta aos dois com um sorriso copiosamente inocente.

Eles o olham estranhamente mas também sorriem validando aquele homem e o abraçam
fraternalmente entre risos altos!
- Siga...siga Lucis...entre no lago! – ele olha para o fundo da cratera e os três ficam ali,
abraçados e com a expressão de contemplação da surpreendente profundidade da realidade!

E assim Lucis fez, dando um primeiro passo para dentro da cratera e voltando a se focar
naquelas sensações. Era exatamente como ele pensava que seria. Tão molhado e real quando
qualquer outro lago que entrará, até mesmo sua roupa parecia enrolar no corpo a cada passo
a dentro da água. Gélida e coberta por uma névoa espeça, aquela água escurar jazia na altura
do queixo do garoto quando ele olha para trás e acena para Rose.

- Eu volto, eu acho...

- Eu espero...

- Eu não sei se peidei ou caguei – sorri o mendigo antes de sumir oculto pelas águas negras do
Lago Heinsh...
➔ UNDER

Tema do Sonho

- Por que mesmo que eu tenho que entrar? Ah...sei lá só vamos...ok..estou no lago....que
estranho e tão escuro e tão sei lá molhado? duuuuur

Ele ri de si próprio enquanto descia pelas águas com seus longos cabelos loiro prateados
boiavam e aos poucos seu brilho perolado foi sumindo nas águas turvas do Lago.

A margem seguia de forma como uma ladeira vagarosamente íngreme que descia
constantemente com uma leve inclinação para baixo

Em sua mente pensamentos aleatórios passavam.

- Ok eu tenho chance de me afogar?....eu não respiro... mas....vampiros morrem afogados? Se


eu ficar tempo demais na água da pra viver de boa? Ou eu vou virar um cadáver decomposto?

Lembrar de perguntar...

Indo cada vez mais fundo

E sentindo uma pressão imensa já ao seu redor

-Ok.... não tem peixes

Fundo escorregadio de musgo mas não parecem ter algas...que lago esquisito

- PORRA O MENDIGO MIJOU AQUI.....ah merda

Diz o vampiro com uma cara de nojo

De repente ele sente como se algo fosse o atacar, gira seu corpo rapidamente sem perder o
equilíbrio do solo pedregoso aos seus pés

Ao olhar para trás, havia apenas uma imensidão negra e misteriosa.

Ele se sente acuado e cercado.


Por figuras de longos cabelos negros cobrindo seus olhos, que só estão lá quando ele não
consegue virar para ver

Elas avançam em direção a ele, buscando atacar ou assustar. Lucis começa a debater os
braços e tentar atacar aquelas figuras, porém incapaz atingi-las.

Ele se desespera

E tenta nadar, ele quer chegar ao meio do lado porém...

O medo começa a tomar sua mente...tudo que ele quer e voltar a superfície... voltar a ver o
céu

O desespero consumiu seu corpo de forma completa

Aos poucos, mesmo diante do medo, começa a se sentir entregue aquilo....a pressão era cada
vez maior e sente sua pele forçando suas costelas

Logo sente suas costas tocarem o fundo da cratera.

Era plano, diferente dos lados que eram inclinados

Era o centro do lago

Porém não conseguia se mexer pra olhar ao redor

- Posso sentir as mãos deles,

Estão no meu pescoço segurando meus braços..

Já não posso me mover

- Será que eu vou sucumbir a fome aqui? Caso a luz do sol não me alcançar?....ele da um
sorriso

- Ok acho nem vou precisar perguntar sobre as escamas

Vou descobrir na prática

E começou a rir em sua mente

Ao mesmo tempo em que chorava...ele estava em puro desespero

Porém ria de seu próprio fim


Suas lágrimas de sangue se misturavam com aquela imensidão de trevas...sumindo igual
açúcar no chá
➔ INSIDE

Tema do Sonho

O Lago Heinsh ganhava corpo, peso e imensidão ao redor de Lucis, o massacrando diante de
sua magnitude inexplorada e misteriosa a cada passo para dentro de suas águas
interdimensionais. Afinal, aquele poça descomunal não existira ali nos últimos 1400 anos,
desde o “dia que choveu ao contrário”, e agora, repentinamente, ele se sentia imergir no
mesmo como a criança que mergulha em um buraco negro. Realmente era uma sensação
singular, do contato com o maravilhoso e utópico que somente sendo um ser descolado da
realidade poderia permitir. Somente seu eu vampírico permitiria tamanho deleite no medo.

Lucis se sentia, apesar de todos os pesares disso...único!

E mesmo em meio a escuridão do lago e do blackout mental, seus passos adentravam em


direção ao centro da esfera perfeita, afundando no lodo vagorosamente e levantando algumas
algas e restos de limo...flutuando sozinhas, independentes de sua mente paralisada pelo
transe.

A sensação de estar observado, perseguido e cercado por alguém se intensifica conforme ele
se dirige aquele lugar. Na verdade, Lucis sentia tal sentimento como um velho conhecido,

distante, e que aos poucos se achega de nós. Era como se aquela sensação sempre estivesse
ali, mas só tivesse sido percebida a pouco, após se aproximar do lago.

- Eu...realmente já me sentia assim? – olhando para o alto em busca de qualquer pontinho de


luz, sem êxito – eu já sentia que algo em mim se esgueirava nos confins da minha mente, me
mirando, me seguindo....eu...acho que sempre senti isso de algum forma...mas agora...??

Nesse momento ele percebe a paz que o carrega junto com a leveza das águas. Mesmo em
meio ao medo, o corpo ansiava por explorar cada detalhe daquela experiência dedicado a
realidade, sem fuga, diferente de toda sua vida marcada pelo esquecimento e o desespero por
uma piada que amenizasse a dor da realidade. Pois mesmo rodeado por tantos...ele estava
só....e...assim só tinha a si mesmo para recorrer...

Nosso herói sente pisar em falso sem encontrar o chão, com o pé pendurado em algum lugar
do espaço tempo. Ele olha para baixo e consegue ver a perna direita a frente do corpo
desaparecida do joelho para baixo, como se tivesse atravessado a escuridão para outro lugar.
Mas ele a sentia...não... ela estava lá de fato.
Com as pontas dos dedos esticadas ele tenta tocar algum fundo e sentir o chão, mas em vão.
Ele percebe, na sensibilidade tátil dos pés, que está seco, fora da água, com gotinhas
escorrendo nas pontas dos dedos. Ao menos aqueles 30 centímetros de corpo estavam em
outro lugar.

- Maaneeeiiirooo

Repentinamente ele sente o pé, na altura do calcanhar, ser tocado por uma mão gélida, e o
corpo ser pouco a pouco sugado para dentro...para fora da água pelo fundo do lago.

A sensação da pegada fria em sua perna vai percorrendo outras partes do corpo conforme ele
vai sendo dragado como um boneco em direção ao outro lado. Exasperado, ele tenta nadar
para cima, e aquilo o sufoca e desnorteia, fazendo poucos segundos parecerem minutos
longos. O tórax fica totalmente submerso e ele se apoia na terra antes que seu corpo seja
atolado até o pescoço naquela sensação bizarra de ejeção reversa da realidade.

Num último solavanco seu corpo é atolado até o nariz, e ele levanta o rosto, coloca a boca de
volta para “dentro” do lago para tentar um último grito de socorro.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH – levantando um cardume de bolhas ascendentes até a


superfície do Lago.

Com um último tranco, ele sente o corpo ser jogado em direção ao chão, com uma colisão
rápida e lisa, marcada por uma voz áspera em suas costas:

- Não imaginava esperar tanto tempo – a voz parecia cansada e medonha

- Nem eu, achei que ia ser coisa rápida quando fiquei sabendo dessa profecia – falou
sinceramente apesar da ironia das palavras.

Ele se levanta para ver uma sala viva. Bizarramente assustadora. Completamente vazia.

- QQUEEEE???? – boquiaberto ele corre ao redor do local, procurando entender o surrealismo


em que estava imerso

A sala era circular, ampla, com um pé direito alto e...com chão, paredes e teto feitos de carne
viva, veios imensos, artérias, com sangue correndo, pedaços que até pareciam partes de
órgãos e detalhes que se moviam como o corpo de alguém.

- Estou...dentro...que é isso?? – estupefato ele se lembra da voz – Cadê você!? Aonde eu tô?
Você treinou com o Jiraya?

- Nós já não estamos mais aqui – a voz ecoava encorpada e agressiva como um pote de cola
que cai da estante.

Lucis experimentava um gole do sentido que aquilo tudo tinha pela primeira vez em sua
existência. E era amargo, grosso e medonho...
➔ OUT

Tema do Sonho

Do lado e fora do lago, Rose e o Mendigo observam a calmaria da noite por horas, até que o
horário do nascer do Sol se aproxima...

- Será que Lucis está bem? - acaba falando alto Rose

- Quem?? – pergunta o mendigo

- Ave...deixa pra lá – balança a cabeça enquanto suspira – melhor que ele saia logo

Do lado de dentro da sala feita de tecidos vivos Lucis e a voz onipresente seguem seu diálogo:

- Como assim, “nós”, e se não estão aqui, onde estão? – pergunta o vampiro

- Nós somos a essência de tantos – e conforme fala, a voz áspera transita entre timbres, como
se pronunciada por cordas vocais diversas – que já não podemos nos denominar como apenas
um...

- Ok, então você tem dupla personalidade ou transtorno bipolar? – pergunta assumindo a
posição de seu psicanalista.

- Nós não estamos aqui, pois nos moveram para nos permanecer na inatividade, para ocultar
nossa presença, para evitar que nós sejamos despertados para nosso destino de glória.

- Eita – Lucis exclama confuso – então essa galera que tá atrasando a profecia? Quem fez isso?

- Os mesmos que tentarão atrasá-lo num futuro breve – Lucis sente aquilo como uma verdade
imutável, algo que se realizará independente de qualquer coisa – mas seu destino está selado,
e logo você será parte de nós

- Eu prefiro ser eu mesmo, saca? – diz o garoto tentando aliviar a pressão no peito

- Você sempre será...

- Mas e quanto ao “nós”?

Neste momento diversas vozes ecoam por todas as paredes e lados

- Eu nunca deixei de ser eu mesmo, nem mesmo para ser nós


- Porra, quem são vocês?

- Mergulhe em nós, e saberás – a voz termina a frase enquanto a sala treme e se contrai como
um estomago tentando se livrar de um alimento infeccioso

Aos poucos a carne sob os pés de Lucis borbulha, e ele se afasta alguns passos para trás,
abrindo espaço para ver o surgimento de um buraco como um anus, que cresce de fora para
dentro, ganhando profundidade que Lucis ve se alongar até sair de sua vista.

Do teto, um jorro explode com um líquido espesso e vermelho que desce para dentro do
buraco, sujando suas laterais e respingando no garoto. Aos poucos, o buraco vai enchendo até
a boca como uma poça borbulhosa. O cheiro de sangue se espalha como nunca, e Lucis sente
uma energia absurdamente forte.

- Mergulhe! – a imperativa da voz é mais poderosa que a própria consciência de Lucis jamais
fora consigo mesmo.

Ele titubeia, em conflito com aquilo, mas uma força sobrenatural o atrai, como se aquilo fosse
um destino. Numa fração de segundo ele se entrega e com um passo a frente imerge naquela
fenda de sangue, sentindo o corpo flutuar e ser agarrado, colado e envelopado pelo sangue
como se um tecido molhado se enrolasse em seu corpo.

Como num relapso, dezenas de milhares de imagens passam em frente aos olhos dele. Desde
tempos tão ancestrais quanto ele jamais ouvira, até a era dos Dinossauros, das cavernas e
finalmente até os séculos depois de Cristo.

Ele vê uma série infindável de reminiscências de várias vidas, e de ciclos intermináveis de vidas
e mortes. Como um filme de mensagens subliminares sem fim, ele percebe uma única
constante passeando entre os ciclos, a imagem de uma grande cratera e um buraco surgindo
no chão sempre encerra os lapso das vidas.

Entre tantas imagens, finalmente ele vê o lago Heinsh, cheio de água, completamente cercado
por uma grande roda com milhares de pessoas de mãos dadas ao alto, e como um ralo de pia,
simplesmente todos começam a ter a vida dragada pela terra, o que esvazia seus corpos como
sacos de lixo desinflados.

Um a um, cada corpo vai caindo e desaparecendo completamente, dando lugar a uma mancha
avermelhada na terra. Quando todas as manchas se unem em um círculo perfeito em torno do
lago ele sente a mais poderosa energia que já emanou em sua frente, e aquela redoma de
sangue finalmente brilha com tanta força que parece que seu corpo vai ser dividido em mil
partes.
O grande circulo lança uma luz penumbral aos céus, e as nuvens se tornam vermelhas como o
sangue. Num único tiro, um relâmpago vermelho absurdamente estrondoso atinge o centro do
lago e tudo ali é sugado pra dentro de uma enorme cratera em formação expansiva, do centro
do circulo até suas beiradas delimitadas pela terra avermelhada.

Lucis percebe pela tremulação do braço que está no corpo de mais uma vida que enxergou
aquela realidade, vendo através de um único sobrevivente do grande círculo vermelho, parado
exatamente onde ele estava com Rose e o Mendigo, e ainda com manchas de sangue dos
companheiros nas duas mãos. O homem estica a mão concomitantemente com o surgimento
de uma poça anal de sangue com profundidade crescente bem no centro da cratera,
exatamente como a que ele viu surgir na sala de carne.

A potência da energia emanada dali faz a mente de Lucis se esfacelar, e ele se sente sugado de
volta a realidade num puxão de milésimos de segundos. Já fora da perspectiva do sobrevivente
ele vê a cratera se afastar como a câmera panorâmica de um helicóptero que sobe aos céus,
tendo o corpo catapultado de volta a realidade.

A última cena vista por Lucis, já do alto das nuvens, é a do surgimento do semblante de um
enorme dragão de plasma surgindo do outro lado da cratera, que voa em direção ao seu
centro. O homem sobrevivente e o Dragão disparam em direção ao centro da cratera com
intensidade devastadora, e colidem exatamente sobre a poça sem fim de sangue, ambos
dando de toda sua energia para manter a posição em direção a cratera em um conflito de
força bestial que...

A cena se distancia tanto e tão rápido que Lucis mal se lembra dela, sentindo o corpo ser
cuspido do centro do lago em um único golpe e tentando se agarrar aquele passado sem êxito.

Rose e o Mendigo assistem ao corpo do garoto ser ejetado até cair no meio das árvores, e
entre a névoa da noite Lucis vê o rosto do mestre tentando acordá-lo no chão...

- Lucis, lucis!! – exclamava o mestre entre olhos assustados...

Você também pode gostar