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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
Partes:
REQUERENTE: JBS S/A
CGACV/gvc/a
DECISÃO
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
A requerida alega que apresentou pedido de reconsideração da decisão,
demonstrando a total adoção das medias previstas nos atos normativos e orientações para coibir o
contágio do Coronavírus em suas dependências. Ao apreciar o pedido de reconsideração, o Juízo ratificou
a decisão, mas permitiu que se continuasse a realização de teste rápido com retestagem dos casos
negativos após 5 dias até a compra dos testes PCR em 30 dias.
Ressalta que não há, nos autos da ACP, elementos probatórios que
indicassem o descumprimento das normas sanitárias desde o ajuizamento da inicial.
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https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
Destaca que, tendo sido determinado o cumprimento de 25 obrigações,
sob pena de multa de cinquenta mil reais por obrigação descumprida, a multa poderá totalizar o valor
astronômico de um milhão e duzentos e cinquenta mil reais, o que causaria lesões irreparáveis à
requerente.
À análise.
Ao final, por entender que estão presentes os requisitos autorizadores para concessão de
liminar, requerem, sem ouvir a parte contrária, que seja apreciado os pleitos liminares,
indeferidos sem qualquer fundamentação pela autoridade apontada como coatora.
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
É o relatório.
DECIDE-SE
Inexiste no ordenamento jurídico recurso com efeito suspensivo apto a atacar a decisão
impugnada, tratando de decisão proferida antes da prolação da sentença, o que, de
acordo com a Súmula 414, II, do TST, desafia a impetração do Mandado de Segurança.
Quanto à fumaça do bom direito, alegam os impetrantes que, na decisão atacada, houve
indeferimento de diversos pedidos sem a mínima fundamentação, o que, implicaria na
ilegalidade do ato.
Os demais pleitos requeridos pelo Ministério Público do Trabalho, por ora, restam
indeferidos.
Ocorre que, de acordo com o art. 93, IX, da Constituição Federal, todos os julgamentos
dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade.
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https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
ação para que nenhum trabalhador próprio ou de empresa prestadora de serviço se
utilize do transporte coletivo fornecido pela empresa ou por ela contratado: a) com
sintomas gripais ou da COVID-19; b) para retorno ao trabalho após término do período
de afastamento antes de ser submetido a avaliação médica que conclua pelo retorno ao
trabalho; c) para retorno à residência após afastamento por síndrome gripal ou outro
sinal sugestivo de COVID-19; 6. IMPLANTAR mecanismo de identificação de
trabalhadores pertencentes ao grupo de risco e presença de morbidades pré-existentes,
considerando, além da declaração do trabalhador, as informações previstas nos
prontuários médicos e as situações verificadas em avaliações médicas, afastando os que
se enquadrarem nessa categoria, ainda que assintomáticos, sem prejuízo da
remuneração; 7. IMPLANTAR medidas de rastreabilidade de trabalhadores, sejam elas
individuais ou, quando inviável, coletivas, nos pontos de contato do setor produtivo,
refeitório, vestiários, salas de pausa e transporte, a fim de facilitar a identificação de
contactantes em casos de suspeita ou confirmação de COVID-19; 8. DESENVOLVER
procedimentos de triagem detalhada e específica de trabalhadores, mediante articulação
com a Vigilância em Saúde do Município, quando houver disponibilidade, a serem
realizados, no mínimo, a cada 7 dias, de forma complementar à busca ativa diária, para
garantir avaliação médica individual dos casos selecionados como suspeitos, anamnese
dirigida à identificação de sintomas e eventuais contatos com casos suspeitos ou
confirmados de COVID-19 no raio de 1,5m, promovendo-se o afastamento preventivo de
trabalhadores até testagem ou pelo período mínimo de 14 dias; 9. DISPONIBILIZAR
testes moleculares ou sorológicos aos empregados que forem enquadrados como casos
suspeitos ou prováveis de doença pelo novo coronavírus (COVID19), a partir de
indicação de médico da empresa ou de médicos não vinculados a empresa (médicos do
SUS ou particulares), sempre que não enquadráveis nos critérios de testagem
estabelecidos pelo SUS ou havendo indisponibilidade pelo SUS; devendo-se considerar
para a eleição do método mais adequado o período de contato com caso suspeito ou o
início dos sintomas, adotando as instruções da bula para interpretação dos resultados e
repetindo o teste se necessário; 10. IMPLANTAR rotina de testagem rápida sorológica
(IGG/IGM), associada ao teste molecular RT-PCR, conforme o caso, em trabalhadores
que mantiverem rotina de trabalho presencial e desempenhem atividades em ambientes
compartilhados, com vistas à adoção de estratégias de monitoramento, controle da
cadeia de transmissão e redução de impacto, observados os critérios estabelecidos pelo
Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde, sendo que a rotina de
testagem tem caráter permanente e deverá ser estabelecida de forma que todos os
trabalhadores sejam periodicamente testados; 10.1. A realização dos testes diagnósticos
da COVID-19 deverá ser conduzidas por estabelecimentos de saúde habilitados, sendo
utilizadas as alternativas disponíveis autorizadas pela ANVISA e Ministério da Saúde,
observando-se os critérios técnicos referentes à coleta, ao transporte e ao
armazenamento das amostras biológicas. A rotina de testagem tem caráter permanente e
deverá ser estabelecida de forma que todos os trabalhadores sejam testados. 10.2. O
trabalhador com resultado positivo deve manter isolamento domiciliar por, pelo menos,
14 dias, podendo retornar às atividades após esse período desde que esteja
assintomático por, no mínimo, de 72 horas e após avaliação clínica. 10.3. O trabalhador
com resultado negativo pode retornar às atividades laborais desde que assintomático há
mais de 72 horas e após avaliação clínica. 11. ACEITAR que os atestados médicos
sejam encaminhados de forma não presencial, valendo-se, em especial, do recebimento
digital dos mesmos; 12. ACEITAR a autodeclaração do empregado a respeito do seu
estado de saúde, relacionada a sintomas da COVID-19, desde que, posteriormente, no
período de 48 horas, o empregado encaminhe por meio eletrônico o atestado médico
respectivo e, então, se devidamente prescrito pelo médico, PERMITIR/PROMOVER o
afastamento do local de trabalho e o trabalho à distância, se compatível com a
atividade, como medida de prevenção da saúde pública e como medida de redução à
procura de serviços hospitalares, aplicando-se o disposto no art. 3º, § 3º, da Lei nº
13.979/2020, facultando-se à empresa a adoção de serviços de telemedicina, a
contratação de trabalhadores substitutos, bem como a elaboração de contraprova,
mediante a coleta de amostra do trabalhador e/ou submissão a consulta clínica em
domicílio, sem ônus ao empregado, garantindo-se a adoção de medidas que não
ampliem o risco de exposição. 12.1. A negativa somente poderá ocorrer mediante a
devida fundamentação e a emissão de novo atestado pelo médico da empresa, nos
termos da Resolução 2183/2018 do Conselho Federal de Medicina; 12.2. O atestado
emitido pelo profissional médico que determina a medida de isolamento será estendido
às pessoas que residam no mesmo endereço, para todos os fins, incluindo o disposto no
§ 3º do art. 3º da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, nos termos do art. 3º, §1º da
Portaria GM n. 454, de 20/03/2020; 12.3. Os trabalhadores devem ser cientificados com
antecedência de que a prestação de declarações falsas, posteriormente comprovadas,
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
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Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
poderá sujeitá-los à responsabilização criminal, bem como às sanções decorrentes do
exercício do poder diretivo patronal; 13. NOTIFICAR imediatamente os casos de
síndrome gripal e de suspeitos ou confirmados de COVID-19 à Vigilância em Saúde do
Município sede da empresa, à Vigilância em Saúde do Município de residência do
trabalhador, ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público do Estado de
Rondônia, bem como todos os casos de afastamento, a fim de que seja possível a
articulação, com o Município, de medidas de isolamento e monitoramento de
trabalhadores; 14. IMPEDIR o retorno de trabalhadores quando ainda sintomáticos, de
modo que o trabalhador com resultado positivo ou com suspeita de contaminação seja
mantido em isolamento domiciliar por, pelo menos, 14 dias, podendo retornar às
atividades após esse período desde que esteja assintomático por, no mínimo, 72 horas,
tendo sido a condição avaliada pelo médico. 15. GARANTIR que o atendimento
ambulatorial de casos de síndrome gripal ou suspeitos de COVID-19 sejam realizados
em local separado dos demais atendimentos, fornecendo-se máscara cirúrgica ou PFF2
a todos os trabalhadores a partir da chegada no ambulatório; 16. GARANTIR, a seus
empregados, a disponibilização de equipamentos de proteção individual e coletiva
indicados pelas autoridades sanitárias nacionais, de acordo com as orientações mais
atualizadas, como o uso de Máscaras: 1) Máscaras cirúrgicas com elemento filtrante:
profissionais de saúde e profissionais de apoio que prestarem assistência a paciente
suspeito ou confirmado; profissionais responsáveis pela pré-triagem; trabalhadores da
lavanderia (área suja) e que realizam atividades de limpeza em sanitários e áreas de
vivências; 2) Respirador particulado (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3): durante a
realização de procedimentos em pacientes com infecção suspeita ou confirmada pelo
novo coronavírus (SARS-CoV2) que possam gerar aerossóis, como por exemplo,
procedimentos que induzem a tosse, coleta invasiva de amostras, pipetas, tubos de
agitação ou vórtice, enchimento com seringa, centrifugação, intubação ou aspiração
traqueal, ventilação invasiva e não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação
manual antes da intubação, indução de escarro, coletas de amostras nasotraqueais; 3)
Para todos os demais trabalhadores, com exceção da indicação de máscara que garanta
fator de proteção prevista no PPRA, no mínimo: máscaras de proteção facial, as quais
deverão ser substituídas, no mínimo, a cada 3 horas, que sigam padrões da ABNT PR
1002:2020, com capacidade de filtragem de 70% para partículas sólidas (ABNT NBR
13698:2011, Método de ensaio de penetração por cloreto de sódio) ou para partículas
líquidas (ABNT NBR 13698:2011, Ensaio de penetração com óleo de parafina ou
dioctilftalato - DOP), com testes realizados em laboratório acreditado em Organismo de
Certificação de Produtos (OCP), vedada nova reutilização sem submissão ao processo
de lavagem previsto no item 9.4 da mesma norma; 17. IMPLANTAR protocolo e
REALIZAR treinamento referente à colocação, retirada, higienização, guarda,
reutilização ou não, e tempo de utilização de equipamentos de proteção individual
(EPI), compreendendo a cientificação dos riscos decorrentes de sua não utilização e
procedimentos de paramentação e desparamentação, nesta sequência: a) Paramentação
dos EPIs: higienização das mãos, uniforme, máscara, protetor facial rígido (face shield),
higiene das mãos e luvas. b) Desparamentação dos EPIs: luvas, higiene das mãos, face
shield, higiene das mãos, máscara, higiene das mãos; 18. ORGANIZAR a prestação e
trabalho no setor produtivo na empresa, a fim de que, concomitantemente: a) seja
adotada distância não inferior a 1,8 metro entre empregados, salvo norma sanitária
local que exija distanciamento maior; b) sejam implantados anteparos físicos
constituídos de material impermeável entre os postos de trabalhou; c) haja fornecimento
de face shield (máscaras faciais de acetato) aliada à demarcação dos postos de
trabalho; d) sejam fornecidas máscaras de proteção facial, as quais deverão ser
substituídas, no mínimo, a cada 3 horas, que sigam padrões da ABNT PR 1002:2020,
com capacidade de filtragem de 70% para partículas sólidas (ABNT NBR 13698:2011,
Método de ensaio de penetração por cloreto de sódio) ou para partículas líquidas
(ABNT NBR 13698:2011, Ensaio de penetração com óleo de parafina ou dioctil-ftalato -
DOP), com testes realizados em laboratório acreditado em Organismo de Certificação
de Produtos (OCP), vedada nova reutilização sem submissão ao processo de lavagem
previsto no item 9.4 da mesma norma. Em relação aos setores em que verificada a
inviabilidade técnica de adoção de distanciamento de 1,8 metro entre os trabalhadores,
a qual não abrange a alegação de mera redução de produtividade do setor, deverá a
empresa, além de observar os requisitos dos itens "b" (anteparos) e "c" (face-shield),
garantir no mínimo a distância de 1 metro, de ombro a ombro, e fornecer proteção
respiratória para particulado PFF2 e/ou equivalentes, substituindo-a imediatamente
quando estiverem sujas ou úmidas e conforme recomendação dos fabricantes,
observados os padrões de reutilização estabelecidos pelo NIOSH, não excedendo 5 usos.
19. ELIMINAR bebedouros de jato inclinado disponibilizados a empregados; 20.
ELIMINAR lixeiras que precisam de contato manual para abertura da tampa. 21.
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
DISPONIBILIZAR vacina trivalente que proteja contra o vírus Influenza A (H1N1), A
(H3N2) e B de forma gratuita a todos os empregados interessados, com vistas a melhor
identificação dos casos sintomáticos de COVID-19; 22. ESTABELECER e CUMPRIR
protocolos de barreira sanitária para terceiros e visitantes na entrada da unidade,
incluindo a triagem epidemiológica e controle de temperatura; 23. HIGIENIZAR, nas
trocas de turno, antes dos rodízios das funções e, no mínimo, a cada 3 (três) horas,
durante o período de funcionamento as áreas de grande circulação de pessoas e as
superfícies de toque (cadeiras, maçanetas, portas, corrimão, apoios em geral e objetos
afins), preferencialmente com álcool em gel 70% (setenta por cento) ou hipoclorito de
sódio 0,1% (água sanitária), ou outro desinfetante indicado para este fim, observando o
procedimento operacional padrão definido pelas autoridades sanitárias; 24.
ASSEGURAR que o transporte em ônibus disponibilizados pela empresa seja realizado
com, no máximo, 50% da capacidade de passageiros sentados simultaneamente em
ônibus fretados, garantindo-se que a circulação ocorra com janelas e/ou alçapão
abertos e /ou quando equipado com ar condicionado que o sistema esteja no modo de
recirculação de ar, sem prejuízo do fornecimento de máscaras faciais; 25. GARANTIR
que os refeitórios, vestiários e as salas de pausa sejam submetidas a limpeza e
desinfecção a cada troca de grupos em gozo de pausas, mediante uso álcool 70%
(setenta por cento) ou hipoclorito de sódio 0,1% (água sanitária), ou outro desinfetante
indicado para este fim, observando o procedimento operacional padrão definido pelas
autoridades sanitárias.
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
espontaneamente por todas as grandes empresas, para salvaguardar as pessoas com
maior vulnerabilidade, sendo possível que a própria JBS já o tenha feito, todavia,
registra-se a pertinência do pleito, o qual se acolhe.
Quanto ao pleito constante no item 10 e 10.1, que equivale a testagem massiva nos
trabalhadores, a Relatoria teve a oportunidade de enfrentar esse tema quando da
impetração de outro MS em face da JBS, unidade de Vilhena, ocasião em que firmou
entendimento da inexistência desse tipo de teste para toda a população, devendo ser
realizados nos grupos de risco, até que se evolua para disponibilização massiva dos
testes, pois de outra forma poderia ser prejudicada a estratégia adotada para toda a
população, na medida em que faltariam testes.
Nos itens 10.2 e 10.3, os impetrantes buscam a estipulação de regras para o retorno dos
trabalhadores com resultados positivos e negativos para a doença, sendo razoável que
se estabeleça um período de isolamento para os positivos de 14 dias, porquanto, pelo
que se tem conhecimento, esse seria o período do ciclo viral, de forma que, após
avaliação clínica, o período de 72 horas seria adequado para o retorno às atividades,
razão pela qual acolho o pleito, inclusive no que se refere ao item 14, em que compete a
empresa impedir o ingresso em suas dependências de trabalhadores enquadrados nessa
situação.
No item 15, pleiteiam os impetrantes que seja garantido atendimento ambulatorial aos
trabalhadores com casos suspeitos em local separado dos demais atendimentos,
certamente como forma de prevenir o contágio, porquanto o atendimento comunitário
para contribuir para a disseminação da doença. Acolhe-se.
Nos itens 16 e 17, buscam os impetrantes que a JBS seja compelida tanto a fornecer
Equipamentos de Proteção Individual-EPIS para prevenir o contágio, como ministrar
orientações para seu uso seguro, o que se configura em medida imprescindível para
prevenção, a qual se defere.
No item 18, o pleito dos impetrantes versam sobre a reorganização do trabalho como
forma de prevenir o contágio, devendo ser destacado o distanciamento de 1,8 metros de
cada empregado. Malgrado as dúvidas existentes acerca da forma de contaminação, é
unanimidade que o essa ocorre da proximidade entre os indivíduos, o que levou todo o
mundo a adotar o inédito distanciamento social como forma de prevenção da doença.
Com efeito, é mito razoável o pleito de reorganização do trabalho, por se tratar de
empresa que agrupa grande quantidade de trabalhadores, hipótese em que um único
contaminado pode espalhar a doença para toda a comunidade de trabalhadores. É bem
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Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
verdade que a empresa pode alegar que, até aqui, organizou sua força de trabalho com
maior proximidade de trabalhadores, contudo, toda sociedade está se reinventando, de
forma que a empresa também está obrigada a fazê-lo em prol de um bem maior (saúde e
vida dos trabalhadores). Acolhe-se o pleito.
Todas essas medidas seriam inócuas se fosse permitido o ingresso na empresa, por
terceiros e visitantes, sem a observância de barreiras e protocolos sanitários, pelo que
se entende pertinente o pleiteado no item 22. Defere-se.
A higienização nas trocas de turno, antes dos rodízios das funções e, no mínimo, a cada
3 horas, assim como a limpeza constante dos refeitórios, constitui-se em medida salutar
para, na medida do possível, se evitar o contágio, pelo que se defere os pleitos
constantes nos itens 23 e 25.
Conclui-se, assim, após uma acurada análise em todos os pleitos que os impetrantes
lograram êxito em demonstrar a presença da fumaça do bom direito, porquanto o juízo
impetrado indeferiu os pedidos em questão sem fundamentar a decisão, conforme
determina o art. 93, IX, da CF/88, o que justifica a concessão da liminar, pela presença
desse requisito, salvo quanto aos itens constantes nos itens 10 e 10.1, que versam sobre
testagem massiva, conforme exposto na fundamentação precedente.
Dessarte, à exceção dos itens constantes nos itens 10 e 10.1, concede-se a liminar, por
demonstrados os requisitos necessários para sua concessão (fumaça do bom direito e
perigo da demora).
Registre-se que a multa para eventual descumprimento das obrigações de fazer e não
fazer fixada pela Desembargadora Plantonista nos autos do MS 0000419-
10.2020.5.14.0000 estende-se aos itens ora deferidos nesta ação, reservando-se esta
Desembargadora ao direito de rever a penalidade, inclusive com possibilidade de
suspensão das atividades da empresa, acaso se revele insuficiente para compelir a JBS
ao cumprimento das obrigações.
Providencie-se:
b) a expedição de ofício à autoridade tida por coatora para que preste as informações
que entender necessárias, no prazo de 10 (dez) dias;
c) a citação da litisconsorte;
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Número do documento: 20062918190276300000001297295
Registre-se que esta decisão valerá como ofício/notificação/intimação/ citação.
Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano dois mil e vinte do nascimento do nosso
senhor Jesus Cristo, às 14 horas, de forma telepresencial, por meio de convite
encaminhado aos endereços eletrônicos (e-mails) de cada um dos interessados em
participar do ato, sob a Presidência da Desembargadora Maria Cesarineide de Souza
Lima, realizou-se audiência de tentativa de conciliação, por determinação do
Excelentíssimo Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, ocasião em que o Ministério
Público do Trabalho se fez presente por meio dos Excelentíssimos Procuradores do
Trabalho Antonio Carlos Oliveira Pereira e Helena Duarte Romera, o Ministério
Público do Estado de Rondônia se fez presente por meio do Excelentíssimo Promotor
Felipe Magno Silva Fonseca, a empresa JBS S/A, por meio de seus advogados, Dr.
James Augusto Siqueira - OAB/DF 18.065, Katia Carlos Ribeiro -OAB 2402 e Diego
Rodrigo Grandin OAB-SP 168.825, presença do Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias de Alimentação do Estado de Rondônia - SINTRA-INTRA, por meio dos
advogados Felipe Wendt e Eber Coloni Meira da Silva. Foi declarada aberta a
audiência de tentativa de acordo e explanado pela Presidente, acerca dos benefícios da
conciliação como forma de dirimir conflitos. Após intensos debates, foi dada a palavra à
empresa JBS para lançar a proposta de acordo que entendia razoável, ocasião em que,
por meio do Dr. James, se comprometeu a "continuar cumprindo o protocolo sanitário
por ela estabelecido, bem como a observar integralmente os termos previstos na
Portaria interministerial n. 19/20, que disciplina a forma de prevenção contra o Covid-
19". Os litisconsortes ativos (MPT, MP/RO e SINTRA-INTRA) entendem: a) que o
Protocolo sanitário implantado pela empresa não está sendo suficiente para evitar a
proliferação da doença dentre os empregados da JBS, planta de São Miguel do
Guaporé; b) que a Portaria Interministerial n. 19/20 padece de vícios de ilegalidade e
inconstitucionalidade, por atentar contra os princípios da prevenção e precaução
relacionados ao meio ambiente de trabalho. Os litisconsortes ativos apresentaram a
seguinte proposta: que a JBS se comprometa a cumprir os mesmos termos do acordo
firmado com a empresa MARFRIG S/A em âmbito nacional, segunda maior
processadora de carne do país (a JBS é a primeira), com a qual não houve
concordância da JBS.
JBS: informou que possui protocolo sanitário interno geral, com enfoque na vigilância
ativa e passiva dos trabalhadores em relação aos casos suspeitos e confirmados de
contaminação com Covid-19; questões de orientação; higiene das mãos; questões de
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Número do documento: 20062918190276300000001297295
distanciamento social; ventilação; limpeza e desinfecção dos ambientes; afastamento de
todos os trabalhadores do grupo de risco; utilização de todos os equipamentos de
proteção individual e outros equipamentos de proteção; respeitando normas quanto aos
refeitórios, inclusive com instalação de divisórias, e vestiários; no refeitório,
disponibilizaram uma pessoa servindo cada um dos trabalhadores, com eliminação do
sistema self-service; respeito as regras de transporte de trabalhadores fornecidos pela
empresa; respeitando as medidas para retomada das atividades; testagem e retestagem
de todos os trabalhadores, por determinação judicial; mudança do ambulatório,
separando aqueles de tratamento normal para os casos de Covid; diálogo sobre
prevenção de Covid diariamente para os trabalhadores; álcool e gel disponível em todos
os ambientes, eliminação dos bebedouros a jato; já adquiriu todas as vacinas e, assim
que abrir, pretende vacinar todos os trabalhadores contra H1N1; instalação de
barreiras entre os trabalhadores do abate e desossa.
O MPT registra que a testagem só foi efetuada por determinação judicial. Entende que a
empresa não comprova o cumprimento de todas as medidas que alega ter implementado.
Entende o MPT de que as medidas de vigilância ativa informadas pela JBS, planta de
São Miguel, são ineficientes, na medida em que ficou demonstrado nos autos a presença
de trabalhadores com sintomas de Covid trabalhando normalmente, sem o devido
afastamento. Entende que não foi comprovado o fornecimento de máscara devidamente
certificada e com comprovação de eficiência para evitar a contaminação pelo Covid-19.
Sustenta que não houve medidas para evitar o distanciamento mínimo. Não foi realizado
o mapeamento acerca dos contaminados e respectivo isolamento. Sustenta que não há
comprovação nos autos acerca das instalações de divisórias nos refeitórios e abate. Não
houve demonstração do cumprimento das medidas pleiteadas na inicial da Ação Civil
Pública, sendo tal fato demonstrado pelo MPT por diversas vezes nas petições
protocolizadas no primeiro grau.
MP/RO: Entende que as medidas adotadas pela empresa como mapeamento dos
contaminados e respectivos contatos não foram adequadamente comprovados; não
houve informação completa e adequada ao órgão de controle epidemiológico municipal
acerca dos contaminados; não houve lançamento total dos casos confirmados ao SUS; a
testagem não seguiu os parâmetros que o MP entende adequados, conforme já exposto
na inicial, eis que a empresa se limitou a realizar testes rápidos. SITRA-INTRA: JBS
impediu a visita de assistente técnico do Sindicato na planta da JBS em São Miguel para
atestar as medidas de prevenção. Informou que o protocolo sanitário interno da JBS é
extenso e muito bem elaborado, porém não passa de teoria, pois não é implementado na
prática. Entende que as medidas disciplinadas pelo Executivo Federal são ineficazes
para evitar o contágio. Afirma que a empresa não fornece nenhuma assistência para os
trabalhadores contaminados. Informou que os empregados relatam que se sentem
inseguros de voltar a trabalhar, pois não confiam nas medidas de prevenção ao
contágio. Relata a existência de perseguição por parte da empresa sobre os
trabalhadores que informam a ausência de medidas efetivas de prevenção ao contágio.
Afirma que a empresa não providencia a substituição regular das máscaras. Informa
que, no curto espaço de tempo que a empresa foi aberta entre a liminar de suspensão
das atividades pelo Juízo de Ji-Paraná e a reabertura concedida pelo Desembargadora
Plantonista, a empresa exigiu a prestação de horas extras, o que estava vedado.
Informou que teve notícia de empregados que se desligaram da empresa com medo de
adoecer de Covid-19, dada a ineficiência das medidas implementadas.
a JBS informa que, de acordo com informações atualizadas no dia 24/06/2020, foram
registrados: afastamento do grupo de risco: 48; afastamento de contactantes 10; casos
confirmados 92; total de curados 284; totalizando 376 contaminados no ambiente fabril.
O Ministério Público do Trabalho, por sua vez, informa que, há cerca de 15 dias atrás,
havia 377 contaminados confirmados, cujos respectivos nomes foram discriminados nos
autos do Mandado de Segurança n. 0000181-09.2020.5.14.0091, não dispondo de dados
seguros de contaminados nos últimos 15 dias, porém, discorda dos dados apresentados
pela JBS, por não ter contabilizado o número de contaminados nos últimos 15 dias.
Ao final, apesar dos esforços lançados, a audiência de conciliação foi infrutífera, sendo
que a Presidente da audiência, na condição de Relatora do processo, entende que não
Assinado eletronicamente por: ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA - 29/06/2020 20:14:07 - 189a7f1
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20062918190276300000001297295
Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
há nos autos elementos aptos a reformar a liminar concedida que determinou a
suspensão das atividades da JBS, unidade de São Miguel, pelos fundamentos fáticos e
jurídicos lançados na referida liminar.
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Número do processo: 1000742-85.2020.5.00.0000
Número do documento: 20062918190276300000001297295
sem a indicação para tanto por parte da autoridade sanitária competente, foi determinado que tais dados e
aferições constassem, expressamente da ata de audiência aludida. Contudo, conforme se observa, todas
as questões apontadas permaneceram sem solução ou especificação, somente tendo sido registradas as
alegações das partes, conflitantes entre si, sem a indicação de documentos, registros, ou mesmo quais as
fontes utilizadas para que a decisão impugnada considerasse que o tratamento dispensado por meio de
testes e afastamentos realizados , além das outras medidas que se tenha verificado a implementação, não
fossem eficazes.
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atividade produtiva"). Todo o exposto caracteriza situação extrema e excepcional a atrair a atuação
acautelatória da Corregedoria-Geral, a fim de impedir lesão de difícil reparação, com vistas a assegurar
eventual resultado útil do processo, até que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
competente, nos moldes permitidos pelo parágrafo único do artigo 13 do RICGJT.
Publique-se.
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