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Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique

Engenharia de Máquinas Marítimas

Máquinas de combustão
interna

PL08 – Análise do Processo de Lavagem num Motor a


Dois Tempos

Docente:
Engenheiro Jorge Trindade;

Aluno:
Bruno Codinha Nº11719;
Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique
Engenharia de Máquinas Marítimas

1. Introdução
O presente relatório tem como objetivo estimar o coeficiente teórico de lavagem e,
tendo em consideração o tipo de lavagem, estimar o teor de pureza da mistura retida
no interior do cilindro no final da lavagem e ainda uma estimativa da composição dos
gases de evacuação, bem como da emissão específica de CO2. Para realizar este trabalho
recorreu-se ao simulador de máquinas marítimas. É importante salientar que o tipo de
lavagem utilizada no simulador, é a lavagem longitudinal.
Este relatório será dividido em procedimento realizado no simulador, análise dos
dados obtidos e calculados, e análise critica aos resultados obtidos.

2. Procedimento
2.1 Equipamento

Sala 3.11- Simulador de Máquinas Marítimas

2.2 Procedimento

1. Optando pela hélice de passo fixo com uma velocidade de rotação de


72.0 rpm, iniciou-se a simulação;
2. Após a estabilização das condições de funcionamento, registou-se os
seguintes valores:
a. Velocidade de rotação do motor;
b. Caudal de ar;
c. Caudal de combustível;
d. Pressão no coletor de ar de lavagem;
e. Temperatura do ar no coletor de ar lavagem;
f. Potência efetiva do motor;
g. Temperatura da casa da máquina;
3. Paragem da simulação;
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3. Resultados
3.1 Resultados da simulação

Velocidade de rotação do motor rpm 72,00

Caudal de ar de lavagem ton/h 154

Caudal de combustível m3/h 2,77

Pressão no coletor de ar de lavagem bar 1,82

Temperatura do ar no coletor de ar lavagem °C 44,57

Potência efetiva do motor MW 15,29

Temperatura da casa da máquina °C 35,56

(Tabela 1 - Resultados obtidos da simulação)

3.2 Cálculos realizados com base nos valores obtidos:

𝒎𝒂𝒅𝒎 𝑪𝒂𝒖𝒅𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒂𝒓 𝟑𝟎, 𝟖 × 𝟏𝟎𝟑


𝒎𝒂𝒅𝒎 = 𝒎𝒂𝒅𝒎 = = 𝟕, 𝟏𝟑 𝒌𝒈
𝒓𝒐𝒕𝒂çõ𝒆𝒔 𝟕𝟐 × 𝟔𝟎

𝑽𝒅 𝜋𝐷 2 𝐿 𝜋 × 0,92 × 2,9
𝑉𝑑 = 𝑉𝑑 = = 1,845 𝑚3
4 4
𝝆𝒂𝒓 (1 + 𝑝)105 (1 + 1,82)105
𝜌𝑎𝑟 = 𝜌𝑎𝑟 = = 3,09 𝑘𝑔/𝑚3
287(𝑇 + 273) 287(44,57 + 273,16)

𝒎𝒓𝒆𝒇 𝑚𝑟𝑒𝑓 = 𝜌𝑎𝑟 × 𝑉𝑑 𝑚𝑟𝑒𝑓 = 3,09 × 1,845 = 5,70 𝑘𝑔

𝚲 𝑚𝑎𝑑𝑚 7,13
Λ= Λ= = 1,25
𝑚𝑟𝑒𝑡 5,70

(Tabela 2 - Resultados obtidos por cálculo)


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3.3 Resultados gráficos

Gráfico.1- Estimativa do teor de pureza obtido no processo de lavagem

Após o cálculo do coeficiente teórico de lavagem, utilizou-se o gráfico para


fazer uma previsão do teor de pureza da mistura retida no interior do cilindro no final
da lavagem. Utilizando o valor de 1,25 calculando anteriormente e, tendo em conta
que é utilizada a lavagem longitudinal, podemos constatar que o grau de pureza se
encontra compreendido entre 0,84 e 0,88. Assumindo assim um valor médio de:

Χ = 0,86

4. Análise de resultados e cálculo

Cálculo da composição mássica do combustível e estimativa da composição dos gases


de evacuação:

Elemento Composição (%) Massa atómica Número de átomos


Carbono 86,3 12,01 a=7,185
Hidrogénio 13,7 1,01 b=13,56
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Dividindo a percentagem de cada elemento pela sua massa atómica:

% de Carbono no Combustível
𝑎=
Massa atómica do Carbono

% de Hidrógenio no Combustíve𝑙
𝑏=
Massa atómica do Hidrogénio

Ficamos com uma expressão de C7,185H13,56. Através da equação estequiométrica


de combustão deste combustível (equação 1), e substituindo 𝑎 = 7,185e 𝑏 = 13,56
obtemos a equação 2:

𝑏 𝑏 𝑏
𝐶𝑎 𝐻𝑏 + (𝑎 + ) (𝑂2 + 3,76𝑁2 ) → 𝑎𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 3,76 (𝑎 + ) 𝑁2
4 2 4
(Equação 1)

13,56 13,56 13,56


𝐶7,185 𝐻13,56 + (7,185 + ) (𝑂2 + 3,76𝑁2 ) → 7,185𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 3,76 (7,185 + ) 𝑁2
4 2 4
(Equação 2)

Para que se dê a combustão são necessárias as seguintes massas de ar, para


cada 1mol de combustível:

m𝐶7,185 𝐻13,56 : (7,19 × 12,01) + (13,56 × 1,01) = 100,1 𝑔 𝑑𝑒 𝐶7,185 𝐻13,56

mO2:10,575(2 × 16,00) = 338,4 𝑔 𝑑𝑒 𝑂2

mN2:10,575(3,76 × 2 × 14,00) = 1113,34 𝑔 𝑑𝑒 𝑁2


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Os gases de evacuação são compostos essencialmente por dióxido de carbono


(CO2), vapor de água (H2O) e Azoto (N2), tendo as seguintes massas:

𝐶𝑂2 : 7,185 × (12,01 + 2 × 16,00) = 316,21 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂2

𝐻2 𝑂 ∶ 6,78 × (2 × 1,01 + 16,00) = 122,18 𝑔 𝑑𝑒 𝐻2 𝑂

𝑁2 ∶ 39,762 × (2 × 14,01) = 1114,13 𝑔 𝑑𝑒 𝑁2

Por cada 100,1g de combustível consumido são libertados 316,21g de CO2. Assim
podemos relacionar o caudal de combustível da máquina diretamente com o caudal de
CO2 libertado. Visto que a máquina tem um consumo de 2770𝑘𝑔/ℎ, libertará
8759,02𝑘𝑔/ℎ

Cálculo da emissão específica de CO2:

𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙
𝐶𝑒𝑒𝐶𝑂2 =
𝑁𝑒

2770 × 103
𝐶𝑒𝑒𝐶𝑂2 = = 180,0 𝑔/𝑘𝑊 ∙ ℎ
15,39 × 103
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5. Conclusão
Com este trabalho laboratorial, foi possível perceber a grande importância no
processo de lavagem de um motor a dois tempos. A lavagem tem a função de admitir
ar novo para a combustão e expulsar os gases resultantes da combustão do ciclo
anterior. No motor em estudo, o processo de lavagem é beneficiado pelo facto do
motor ser sobrealimentado, tendo uma pressão no coletor de admissão superior á
atmosférica. Através do gráfico, é possível concluir que o arranjo usado neste motor
(lavagem longitudinal) é o mais eficaz, pois é o que se consegue obter um maior grau
de pureza. Outro ponto muito importante de salientar, é que por cada tonelada de
combustível, máquina liberta 3,16 toneladas de CO2.

6. Bibliografia
Manual do Simulador da Instalação Propulsora com motor diesel 2T;
J. Trindade, Motores de Combustão Interna, 2014.

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