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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TIMON – CESTI


DEPARTAMENTO DE LETRAS
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
PROF. ME. THIAGO AMORIM
ALUNO (A): FABRICIO MARLON SANTOS DA SILVA

FICHAMENTO
ELEMENTOS DESCRIÇÃO
1. Referência do texto MONTE JÚNIOR, J. O. C. do. De volta para os anos incríveis: o
debate político como herança do discurso dos movimentos artísticos
dos anos 60 no Brasil, Revista de Literatura, História e Memória, v.
11 n. 18, p. 177-185, 2015.
2. Objetivo do texto Examinar e discutir o ensaio "A participação engajada no calor dos
anos 60", de Heloísa Buarque de Hollanda, destacando a separação
que a escritora propõe entre os discursos de diferentes grupos
ideológicos no efervescente contexto social, político e cultural da
década de 1960 no Brasil.
3. Problema Na década de 1960, surgia no Brasil um movimento de contestação
da autoridade estatal e dos meios de controle da sociedade pelo
Estado, porém, seus representantes não se monopolizaram em torno
de um ideal único. Por quê e quais foram esses grupos?
4. Hipótese/Tese Monte Junior citando Hollanda fornece argumentos contundentes
contra qualquer dúvida que possa haver sobre a relação necessária e
de via dupla existente entre arte e a história dos movimentos sociais,
especialmente em ambientes de alta tensão como o Brasil dos anos
1960, em que “a relação direta e imediata entre arte e sociedade era
tomada como palavra de ordem e definia uma concepção de arte
como serviço e superinvestida do ponto de vista de sua eficácia
mais imediata”. (Monte Júnior, 2015, p. 178).
5. Argumentos 1. De um lado, estavam os adeptos de um tipo de "populismo"
que, na maneira como tentava integrar o povo em torno de
um ideal nacionalista quase utópico, deixava de lado as
idiossincrasias que caracterizavam a diversidade cultural (e
política) que definia o país.
2. Do outro lado, assistiu-se ao surgimento, evolução e
inexorável esgotamento de movimentos vanguardistas que
sustentavam um discurso revolucionário cuja munição
principal era a criação artística de instrumentos de
contestação e, segundo Hollanda, a poesia concreta, o
poema-práxis e o poema-processo são apontados por ela
como alguns dos principais produtos desse grupo de
experimentalistas, que alimentavam "a crença nos aspectos
revolucionários da palavra poética".
6. Categorias/Conceitos Monte Junior fala que Hollanda expõe de modo competente como o
imaginário populista do CPC acabou por se mostrar incapaz de,
efetivamente, representar a coletividade, uma vez que o momento
de extrema efervescência tornava necessário o desenvolvimento de
novas linguagens e meios de vinculação da arte que se produzia no
âmbito do engajamento político.
Na contramão daquilo que o Manifesto do CPC e ideias como as de
Georg Lukács punham em questão estava outro grupo possível se
der identificado no contexto do Brasil da década de 1960
recuperado por Hollanda.
O concretismo fundou no obscurantismo formal uma revolução
artística Que estivesse em sintonia com o desenvolvimento em
curso no Brasil e no mundo. No entanto, houve uma parcela
significativa da classe artística que não compartilhava desse caráter
puramente estético, da mesma forma com que parte dela negava o
didatismo utópico da opção populista.
Alguns artistas literários brasileiros produziram textos que
buscavam o diálogo direto com a massa, acarretando, segundo
Monte Junior citando Hollanda (2004), certo empobrecimento do
fazer poético. A obra de Ferreira Gullar, autor do poema narrativo
“João Boa-Morte, cabra marcado para morrer” é uma das mais
marcantes expressões desse grupo de artistas.
7. Resultados/Conclusão O autor subentende do percurso de Gullar, a saber, seu retorno ao
poema narrativo engajado após suas incursões pelo concretismo, é
uma aceitação das limitações que o experimentalismo das
vanguardas lhe imporia em sua luta pela inclusão dos artistas na luta
contra a má política praticada pelo governo vigente à época. Dessa
forma, a literalidade dessas palavras – e a comunicação direta com
as massas que elas promovem – simbolizam perfeitamente a
perspectiva do engajamento defendido pelos populistas nos anos 60,
que, entre outras coisas, marcava o lugar deles no debate instaurado
no Brasil pela tensão entre eles e os defensores da “Arte pela Arte”.
8. Considerações do leitor O periódico em estudo remonta aos anos 60 (década 1960), um
período conturbado e de revoluções no Brasil que, historicamente,
deixou lições muito importantes. Nesse recorte temporal, Monte
Júnior examina o trabalho de Heloísa Buarque de Hollanda, o
ensaio “A participação engajada no calor dos anos 60”, com
destaque na separação que a escritora propôs entre os discursos de
distintos grupos ideológicos no efervescente contexto social,
político e cultural no Brasil.
Ao citar dois grupos, os nacionalistas utópicos e os vanguardistas,
discute-se sobre o porquê dos fracassos de ambos os grupos sem
que um dominasse o outro nesse cenário político brasileiro,
criticando também o empobrecimento da arte usada para combater a
má política e comover o povo a aderir ao movimento vanguardista.
A leitura nos faz rememorar uma época, em que o contexto do
Brasil era muito tenso, politicamente falando, porém, houve
movimentos que contestaram a autoridade estatal e os meios de
controle da sociedade pelo Estado. Tais ideologias guiavam as ações
de diferentes grupos, as quais estavam intimamente ligadas às
concepções artísticas de seus participantes que refletiam em seus
discursos e ações políticas. Portanto, embora haja uma contradição
entre o período concebido na década de 1960 e o título do artigo de
Monte Júnior, houve equilíbrio nesse panorama de interesses
divergentes, sem que houvesse a monopolização em torno de um
ideal único.

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