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A Inclusao de Criancas e Jovens Portadores de Necessidades Especiais No Movimento Escoteiro No Brasil
A Inclusao de Criancas e Jovens Portadores de Necessidades Especiais No Movimento Escoteiro No Brasil
São Paulo
Agosto de 2002
1
UNIP – Universidade Paulista
Pós-Graduação em Psicopedagogia
MONOGRAFIA
São Paulo
Agosto de 2000
2
1. Objetivo
2. Síntese
3
CPNE Criança Portadora de Necessidades Especiais
CNPJ Comissão Nacional de Programa de Jovens
G.E. Grupo Escoteiro
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS Organização Mundial da Saúde
UEB União dos Escoteiros do Brasil
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization (Organização Educacional, Científica e
Cultural das Nações Unidas)
UNICEF United Nations International Children’s Emergency
Fund – Fundo Internacional de Emergência para
Crianças das Nações Unidas
WHO World Health Organization – Organização Mundial da
Saúde
WOSM World Organization of the Scout Movement –
Organização Mundial do Movimento Escoteiro
4
4. Lista de Ilustrações
5
5. Sumário
ITEM ASSUNTO PÁG.
1 Objetivo .................................................................................. 3
2 Síntese .................................................................................... 3
3 Lista de Símbolos e Abreviaturas ............................................ 4
4 Lista de Ilustrações .................................................................. 5
5 Sumário .................................................................................. 6
6 Introdução ............................................................................... 7
7 Portadores de Necessidades Especiais ..................................... 8
8 Estrutura Conceitual: Deficiência, Incapacidade, Desvantagem 9
9 Inclusão – Conceito e Histórico ............................................... 12
10 Escotismo – um Movimento de Educacional ............................ 16
11 Um Paralelo entre o Método Educacional Escoteiro e a Visão 21
Pedagógica de Vigotsky
11.1 Marcos Simbólicos ................................................................... 22
11.2 Método Escoteiro e o Papel do Adulto .................................... 23
11.3 Propósito do Escotismo ........................................................... 24
11.4 Aprender Fazendo e o Papel do Adulto Voluntário .................. 25
11.5 Objetivos Educacionais ........................................................... 26
12 Escotismo para Todos (Escotismo e Inclusão) .......................... 27
12.1 Evolução Histórica .................................................................. 28
12.2 Experiências em Diversos Países ............................................. 31
12.3 Experiências no Brasil ............................................................. 33
13 Programa “Escotismo para Todos” ......................................... 36
13.1 Normas para Implantação do Programa .................................. 37
13.2 Considerações Adicionais ....................................................... 38
13.3 Curso Técnico de “Escotismo para Todos” ............................. 41
13.4 Conteúdo Programático do Curso ........................................... 41
13.5 Bibliografia indicada para subsidiar o Curso Técnico ............... 43
14 A Importância de uma Visão Psicopedagógica ........................ 45
15 Benefícios da Inclusão ............................................................. 47
16 Pontos a Serem Discutidos ...................................................... 48
17 Atitudes Inclusivas Fundamentais no Escotismo ...................... 48
18 Práticas Educacionais Não Inclusivas ...................................... 50
19 Vencendo os Desafios ............................................................ 52
19.1 Quando Incluir?....................................................................... 52
20 Considerações Finais ............................................................... 53
6. Introdução
6
O senso IBGE do ano 2000 revelou a impressionante cifra de 14,8% da
população do Brasil com algum tipo de deficiência. Desse enorme contingente
de pessoas com necessidades especiais, 30% são crianças e jovens (na faixa de
5 a 24 anos) que, por motivos genéticos, por evolução de enfermidades ou por
acidentes, tiveram parte de suas capacidades (físicas ou mentais) ceifadas ou
reduzidas1. Essas crianças e jovens que – em caráter temporário, intermitente
ou permanente – possuem necessidades especiais, decorrentes de sua condição
atípica, enfrentam barreiras para tomar parte ativa na sociedade com
oportunidades iguais às dos seus pares da mesma faixa etária. Como resultado,
vemos centenas de milhares de crianças e jovens privados de oportunidades
para o crescimento e desenvolvimento de suas potencialidades, em um
ambiente social que os acolha sem preconceitos e os faça sentir parte do
grupo.
7
Embora essas recomendações não tenham sido ainda implantadas no
Brasil, entendemos que, em razão da aceitação do conceito de inclusão em
nosso país, elas podem ser aplicadas sem prejuízo para o Programa de Jovens2.
8
As necessidades especiais contempladas neste trabalho são aquelas que
podem resultar de condições tais como:
Autismo
Dificuldades de aprendizagem
Insuficiências orgânicas
Distúrbios emocionais
9
8. Estrutura Conceitual: Deficiência, Incapacidade, Desvantagem
10
capacidade que uma pessoa incapacitada tem para viver uma vida normal. É
importante notar que “Uma incapacidade torna-se desvantagem quando as
atitudes sociais e obstáculos físicos dificultam fazer o que se espera na vida.
Pessoas em cadeiras de rodas tornam-se desvantajadas quando escadas
impedem sua entrada em edifícios. Uma menina cega torna-se desvantajada
quando não a ensinam ler pelo sistema Braile”. 11 Como resultado dessa
distinção entre incapacidade e desvantagem, como indica o Relatório WHO:
“uma pessoa pode ser desvantajada em um grupo e em outro não –
contribuindo para isso o tempo, o lugar, a posição e papel sociais”.12
11
encontra. Uma adaptação adequada das instalações físicas (como rampas,
banheiros, telefones públicos, etc) confere maior autonomia física ao portador
de deficiência.
12
portadoras de deficiências são consideradas pessoas doentes,
acarretando seu isolamento para tratamento e cuidados com a saúde.
13
Integrar significa adaptar-se, acomodar-se, incorporar-se. Não é a melhor
palavra porque se presume sempre que se trata da reunião de grupos
diferentes. Reflete sempre uma ação do portador de deficiência para tentar
adaptar-se, incorporar-se, acomodar-se. O mesmo não ocorre com a inclusão.
Incluir significa envolver, fazer parte, pertencer. Representa uma ação da
sociedade que vem envolver parte dessa mesma sociedade que está excluída
por falta de condições adequadas. Significa trazer para dentro de um conjunto
alguém que já faz parte dele.
Não se trata de uma mera troca de verbos, mas de novo olhar sobre o
portador de deficiência como sendo alguém que cabe no “nós”, no “todos”.
No momento em que alcançarmos esse progresso, esse grau de
desenvolvimento humano, essa naturalidade diante da diversidade, o
preconceito e a segregação serão uma realidade muito distante. No momento
ainda em que alcançarmos a verdadeira inclusão, o fato de uma pessoa sofrer
um acidente e transformar-se num portador de deficiência significará apenas
que suas aptidões mudaram e que ela deve adequar-se a uma nova condição de
vida, também repleta de oportunidades.
Assim:
14
Inclusão: modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa
com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania.
16
Seus membros, onde quer que estejam, estão comprometidos com os
Princípios do Movimento Escoteiro (isto é, com seus valores), que formam a
base do código de ética que governa o Movimento como um todo e um código
de honra pessoal ao qual cada membro adere (Promessa e Lei escoteiras).
Esses princípios referem-se ao compromisso ativo e construtivo da pessoa
com os valores espirituais, com a sociedade e consigo mesmo.
17
para reforçar a eficácia de cada um, e contribui para o objetivo a ser
alcançado.
MÉTODO ESCOTEIRO
18
Cabe esclarecer que as divisões de faixas etárias aplicadas no Escotismo
visam contemplar as características das crianças e jovens em cada período de
desenvolvimento, segundo a ótica das seis áreas de desenvolvimento cobertas
no Programa de Jovens, a saber: desenvolvimento físico, intelectual, social,
afetivo, espiritual e de caráter. Cada faixa etária tem uma denominação
própria (Ramo) e um programa específico que visa alcançar os objetivos
educacionais daquela faixa etária em cada uma das áreas de desenvolvimento
anteriormente citadas. Os Ramos são os seguintes:
19
11. Um paralelo entre o Método Educacional Escoteiro e a
visão pedagógica de Vigotsky
20
Educação de Crianças cegas, surdo-mudas e retardadas. Quanto à
importância da inclusão, Vigotsky ressalta que os fatores biológicos têm
preponderância sobre os sociais somente no início da vida da criança. Aos
poucos, as interações com seu grupo social e com os objetos de sua cultura
passam a governar o comportamento e o desenvolvimento de seu pensamento.
21
produzidos culturalmente, provoca mudanças cruciais no comportamento
humano.
22
de aprender por si próprio, somente sugerindo-lhe atividades que o atraiam e
que ele vai realizando até que, com a experiência, executa-as corretamente”.23
23
de forma prospectiva pois a “zona de desenvolvimento proximal define
aquelas funções que ainda não amadureceram, que estão em processo de
maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado
embrionário”.25
24
estabelece vínculos pessoais que ajudam as crianças a conquistar seus
objetivos.
Vigotsky afirma que: “Cada sistema educacional tem seus próprios fins
inclusive cada período da educação pode ter os seus, e independentemente da
expressão que possam ter sempre irão formar certos aspectos e o caráter do
comportamento que a educação quer desencadear para a vida. Só esses fins da
educação podem ter significado real na escolha e na orientação do processo
educacional, pois só eles podem oferecer regras para a seleção dos efeitos
educacionais necessários e sua correta combinação em sistema pedagógico
harmonioso”.28
25
no Escotismo uma oportunidade para que as crianças de mais de 7 anos
viessem a ter uma continuação natural daquilo que o Método Montessori
proporcionava às crianças menores”.29
26
necessário.”32 Seguindo o mesmo princípio, ele enfatiza a regra geral da
educação: ajudá-los a tornarem-se autônomos o máximo possível e a
adquirirem auto-estima: “O Escotismo os ajuda unindo-os à uma fraternidade
mundial, dando-lhes algo que fazer e pelo que esperar, oferecendo-lhes uma
oportunidade de provar a si mesmos e aos outros que eles podem fazer coisas
por si mesmos – e coisas difíceis também”33.
Em 1924 o New York Times publica uma reportagem sobre uma tropa de
escoteiros fundada no Instituto Estadual para Cegos, do Estado da Pensilvânia
(EUA). A reportagem diz que os meninos faziam suas atividades “como
27
qualquer outro escoteiro”, com jornadas, acampamentos, excursões, jogos ao
ar livre, natação, etc.
Até 1968, umas poucas publicações foram lançadas nessa área, na Nova
Zelândia, Estados Unidos e França.
30
Nos Estados Unidos, a Boy Scouts of América editou diversas
publicações, como: 1. Guia do Chefe Escoteiro para Trabalhar com Escoteiros
com Incapacidade; 2. Escotismo para Rapazes com Incapacidades Físicas; 3.
Entendendo os Lobinhos com Incapacidades; 4. Escotismo para Deficientes
Auditivos; 5. Escotismo para Cegos e Deficientes Visuais; 6. Pioneiros com
Incapacidades – Ajudas ao Programa; 7. Escotismo para Jovens com
Incapacidades Emocionais; e 8. Escotismo para Jovens com Retardamento
Mental. Hoje há, aproximadamente, 100.000 Lobinhos, Escoteiros e Pioneiros
portadores de deficiências registrados na Boy Scouts of América, em mais de
4.000 unidades credenciadas por organizações comunitárias.
Os exemplos acima são apenas alguns entre muitos outros levados a cabo
por Associações Escoteiras Nacionais, em consonância com a resolução da
Conferência Escoteira Mundial de 1988 (vide o item Introdução deste
trabalho). Hoje, podemos compartilhar das experiências positivas de todos
esses anos de esforços no Movimento Escoteiro em diversas partes do planeta.
Há centenas de jogos e atividades para cada tipo de deficiência, que podem ser
jogados junto com as demais crianças, que foram testados e plenamente
aprovados.43
A Patrulha de escoteiros “deficientes” (um é cego, outro usa somente uma perna,
outro apenas uma mão, um é surdo e outro é mudo) é desafiada a montar uma
barraca. O resultado é um exemplo de trabalho em equipe.
31
União dos Escoteiros do Brasil que estabeleça princípios, oriente ações e
defina limites, assim como uma estrutura de capacitação de voluntários
adultos e jovens líderes para tarefa de tamanha responsabilidade como essa. A
principal conseqüência dessa carência é a descontinuidade das iniciativas,
por mais bem intencionadas que sejam.
32
técnicos, tendo em vista a inclusão das crianças e jovens com necessidades
especiais. Como afirmamos acima, nos lugares onde existem atividades
voltadas apenas a grupos específicos, elas funcionam com programas
especiais, instituições especializadas e docentes especializados, estando,
portanto, à margem do programa educativo regular – Programa de Jovens –
que no nosso país ainda não contempla a inclusão. Admite-se que essas
experiências, embora com a maior boa vontade dos participantes, conduzem
muitas vezes à exclusão: a diferenciação torna-se uma forma de
discriminação, as crianças que têm necessidades especiais acabam por ficar de
fora da vida normal de um Grupo Escoteiro, continuando, mais tarde, sua vida
social e cultural excluídas da comunidade.
33
Ser diferente não é ser desigual.
Escotismo inclusivo – uma maneira divertida de desenvolver o ser humano
integralmente, valorizando o potencial e a beleza que cada um traz.
13. Programa “Escotismo para Todos”
34
pessoais. É um processo ameno que acompanha o desenvolvimento, estimula
a participação do jovem na Tropa, eleva sua auto-estima e o ajuda a melhorar
o nível de conquista de seus objetivos. É acompanhamento, e não controle”. 47
De fato, todo o Programa se desenvolve de maneira a possibilitar a inclusão,
desde o Ramo Lobinho até o Ramo Pioneiro.
35
5. Enquanto aguarda o primeiro Curso Preliminar da linha Escotista
disponível, o adulto captado começa sua integração na Seção, antes da
entrada do jovem postulante, ao mesmo tempo em que cumpre as
tarefas prévias para o Curso Preliminar. Nesse período – que deve ser o
mais curto possível – o novo voluntário instrui os Escotistas que fizeram
o Curso Técnico de Escotismo para Todos, assim como o líder da
Matilha, Patrulha ou Equipe que receberá o jovem, nas peculiaridades
das necessidades especiais daquele jovem. O voluntário também orienta
os Escotistas do G.E. a respeito das adaptações físicas que precisam ser
feitas na sede. Nessa fase o novo voluntário fica dispensado de firmar
Acordo Mútuo e Acordo com Assessor Pessoal.
36
atitude dos jovens que já pertencem ao grupo. É importante envolvê-los
ativamente no planejamento e nas tomadas de decisão.
37
publicação de material de apoio aos Escoteiros portadores de necessidades
especiais e aos Escotistas que os acompanham, como literatura, peças
audiovisuais, e guias em Braile. Nessas organizações também encontraremos
pessoas dispostas a ingressar no Movimento Escoteiro, como voluntários, com
o fim de ajudar no trabalho de inclusão.
38
13.3. CURSO TÉCNICO DE “ESCOTISMO PARA TODOS”
39
2. Inclusão – conceito e histórico
Incluir é mais que integrar
Auto-confiança e autonomia
O papel essencial da família
Escotismo e inclusão
6. Noções de Psicomotricidade
Esquema corporal
Estruturação espaço-temporal e lateralidade
40
Transtornos mentais (Síndrome de Dawn, Paralisia Cerebral, etc.)
41
12. MIRANDA, Clara Feldeman & Márcio Lúcio, Construindo a Relação
de Ajuda, Crescer, Belo Horizonte, MG, 1991.
22. ____, Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva, 2ª ed.,
314p.
23. ____, Sociedade Inclusiva – Quem cabe no seu todos?, 1ª ed., 236p
42
cognitivos, familiares e sociais, que envolvem a criança. Evidentemente, não
se espera que cada Escotista seja um Psicopedagogo, mas é importante ter
noções dos fatores acima relacionados para entender o diagnóstico dos
profissionais e possibilitar uma atuação eficaz. Daí a importância do Curso
Técnico de Escotismo para Todos, que visa dar uma visão geral da questão da
inclusão.
43
É importante, também, ter informações sobre os diversos tipos de
deficiência física e mental, suas causas orgânicas, prevenção e possível
tratamento. Conhecer os limites físicos e intelectuais dessas crianças evitará
uma ação indesejada de exigências exageradas ou precauções desnecessárias
com elas.
44
Com os amigos, aos poucos e sem perceber, vão tomando contato com
valores de primeira grandeza, como amizade e respeito, sentem-se “parte do
grupo”, melhorando sua capacidade de relacionamento social e sua auto-
estima;
Eles serão mais capazes de conviver com outras pessoas, a despeito das
diferenças que possam existir.
Restam alguns ‘pontos obscuros’ que merecem ser discutidos pela CNPJ,
se possível assessorada por especialistas, a fim de se definir a posição oficial
da UEB a respeito. Listamos, abaixo, alguns exemplos:
45
Adaptar o Programa – Fazer adaptações às exigências para a
conquista de especialidades por parte das CPNE pode ferir o princípio
da inclusão? Essa adaptação pode variar segundo o grau de
intensidade de incapacidade da criança? Deve-se criar especialidades
especiais para portadores de necessidades especiais?
46
defende o princípio de que não deve haver Grupos Escoteiros,
Alcatéias ou Tropas especiais para incluir as CPNE;
sabe que a educação deve ser baseada nos objetivos do jovem e que
cada jovem será capaz de escolher métodos e materiais para alcançar
esses objetivos educacionais;
47
Em muitos jogos há papéis ativos e passivos,
garantindo a participação de todos
quando se recorre constantemente aos pais que busquem seu filho por
causa do seu “comportamento”...
quando o pai fala para o filho que ele não precisa mais voltar para
aquele Grupo Escoteiro e ele responde: ”Graças a Deus!”;
48
quando o portador de necessidades especiais é o único que não vai
para um passeio, excursão ou acampamento;
quando o pai sente definitivamente que teria sido melhor não ter
levado seu filho lá;
49
restrições quanto à origem dos postulantes à filiação, enquanto os Grupos
“fechados” restringem-se a determinados segmentos sociais ou religiosos.
Estes Grupos normalmente são patrocinados por alguma instituição. Assim
como há essa liberdade na própria constituição dos Grupos Escoteiros, há
liberdade para adotarem o uniforme escoteiro (cáqui) ou o traje escoteiro
(jeans), segundo decisão da Assembléia de Grupo, que também é livre e
soberana para decidir se querem atuar com Seções mistas (meninos e
meninas) ou não. Dentro desse princípio, acreditamos que a inclusão também
deve ser tratada nos mesmos moldes, sendo amplamente discutida em cada
Grupo e Seção, antes de se tomar “a decisão”. Em outras palavras, não é
viável a imposição da inclusão em todos os Grupos Escoteiros do Brasil, mas
é possível sua implantação naqueles que assim o desejarem. Reconhecemos
também a importância de se trabalhar junto aos pais das crianças saudáveis,
no sentido de convencê-los de que seus filhos saudáveis também lucram com
essa troca. Trata-se de tarefa mais complexa que deve ser apoiada com
material promocional a ser publicado pela UEB e fortalecida com testemunhos
de casos positivos.
50
20. Considerações Finais
“Não pode haver tarefa mais nobre que dar um melhor futuro
a todas as crianças”.59
51
21. REFERÊNCIAS e NOTAS
52
1
IBGE – “O Portador de Deficiência no Brasil – 1991”. Cabe ressaltar que o IBGE extraiu esses dados
do Censo de 1991, mas não menciona que os dados foram colhidos em questionários que foram
passados a cada dez domicílios visitados. Portanto, esses dados refletem uma amostragem da população
do Brasil, e não à totalidade de pessoas portadoras de deficiências do país. A Organização Mundial da
Saúde considera que, em países desenvolvidos, 10% da população é portadora de algum tipo de
deficiência. Já o Governo Americano divulga que o Censo de 1995 encontrou 20% de pessoas com
algum tipo de deficiência (US Census Bureau, United States Department of Commerce –
www.sensus.gov).
2
Programa de Jovens: É o meio para alcançar os objetivos educacionais. Em sentido estrito, tudo
aquilo que as crianças e jovens fazem no Movimento Escoteiro, incluindo a forma como o fazem
(método escoteiro) e os fundamentos daquilo que fazem (propósito e princípios do escotismo).
3
SASSAKI, Romeu Kazumi, Inclusão – construindo uma sociedade para todos, Rio de Janeiro: WVA,
3a ed. 1997, p. 15.
4
Artigo: “Childhood disability: its prevention and rehabilitation” em “Assignment Children” no 53-54,
“The disable child: a new approach to prevention and rehabilitation”, UNICEF, 1981, p. 45.
5
International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps: a Manual of Classification
Relating to the Consequences of Disease, WHO, Geneva, 1980, citado em “Rehabilitation Digest”,
Ontario, Canadá, agosto de 1992.
6
International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps: a Manual of Classification
Relating to the Consequences of Disease, WHO, op. cit.
7
LIENHARD, Beatriz; artigo “Extending Souting to Disabled Persons”, in “Europe Information”, no.
22, setembro de 1986, pp. 9-15.
8
International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps: a Manual of Classification
Relating to the Consequences of Disease, WHO, op. cit.
9
Beatriz Lienhard, op. cit. pp. 9-15.
10
International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps: a Manual of Classification
Relating to the Consequences of Disease, WHO, op. cit.
11
Beatriz Lienhard, op. cit. pp. 9-15.
12
International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps: a Manual of Classification
Relating to the Consequences of Disease, WHO, op. cit.
13
SASSAKI, Romeu Kazumi, op. cit.
14
SASSAKI, Romeu Kazumi, op. cit.
15
UNESCO. Declaração de Salamanca e enquadramento da ação: necessidades educativas especiais.
Espanha: Salamanca, 1994, p.5..
16
UNESCO, op. cit, p. 6.
17
Declaração Mundial sobre Educação para Todos, Jomtien, Tailândia, março de 1990,
“Education for All: Propósito e Contexto”, temas para mesa redonda I, UNESCO, Paris 1991, p.91.
18
Programa Escoteiro: atualmente denominado Programa de Jovens.
19
AFONSO, A. J. “Sociologia da educação não-escolar: reactualizar um objecto ou construir uma
nova problemática?”, in VON SIMSON, O. R. M. et. al., Educação Não-Formal – cenários da
criação: Campinas, Editora da UNICAMP, 2001, p. 9.
20
A Educação da Juventude – uma declaração no limiar do século XXI, Documento produzido na 29a
Conferência Geral da UNESCO em Paris, em 29 de outubro de 1997 e publicado no Brasil pela União
dos Escoteiros do Brasil, Brasília, DF, 1998.
21
BADEN-POWELL, R. S. S., Jamboree, 1922, in Scouting: An Educational System, WOSM, World
Scout Bureau, 1998, p.13.
22
REGO, Tereza Cristina; Vigotsky – uma perspectiva histórico-cultural da educação, 9a ed., Vozes,
2000, Petrópolis RJ
23
BADEN-POWELL, R. S. S., Guia do Chefe Escoteiro, Brasília, Editora Escoteira, 1982, p. 97, in
ISHIZUKA, Katuoki, et. al., Anais da 6a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisadores
Nikkeis, agosto de 1998, Ilha Solteira, SP, p. 305.
24
REGO, Tereza Cristina; op. cit., p. 98.
25
REGO, Tereza Cristina; op. cit. p. 98.
26
VIGOTSKI, L. S.; Psicologia Pedagógica, 1a edição, Martins Fontes, 2001, São Paulo, pp. 63, 65.
27
VIGOTSKI, L. S.; op. cit. p. 67
28
VIGOTSKI, L. S.; Psicologia Pedagógica, 1a edição, Martins Fontes, 2001, São Paulo, pp. 63, 65.
Psicologia Pedagógica, 1a edição, Martins Fontes, 2001, São Paulo, p. 75.
29
ISHIZUKA, Katuoki, et. al., Anais da 6a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisadores
Nikkeis, agosto de 1998, Ilha Solteira, SP, p. 306.
30
BADEN-POWELL, “Headquarters Gazette”, maio de 1920, citado em M. Sica “Footsteps of the
Founder”, Editrice Ancora Milano, Milano, 1984, p.58.
31
BADEN-POWELL, “Aids to Scoutmastership”, escrito em 1919, World Brotherhood edition,
National Council, Boy Scouts of Canada, Ottawa, p. 54.
32
BADEN-POWELL, “Aids to Scoutmastership”, op. cit., p. 54
33
BADEN-POWELL, “Aids to Scoutmastership”, op. cit., p. 54
34
WOSM, Scouting With the Disabled, World Scout Bureau, Geneva, Switzerland, março de 2000, pp.
21-29.
35
LIENHARDT, Beatriz, artigo: “Extending Scouting to Disabled Persons”, in “Europe Information”,
no 22, setembro de 1986, pp. 9-15.
36
LIENHARDT, Beatriz, op. cit., pp. 9-15.
37
Jamboree Mundial = acampamento, realizado a cada quatro anos, que congrega escoteiros de todos
os países, reunindo de 30 a 35 mil escoteiros, durante uma semana.
38
“If I push him – will he break?” Understanding handicaps in Scouting”, © The Scout Association,
United Kingdom, London. 1986.
39
“Healthy Ideas for Youth Members”, produzido pelo Projeto Escoteiro de Saúde Jovem, com fundos
da Fundação Vitoriana de Promoção de Saúde, © The Scout Association of Australia, 1 a ed., março de
1993.
40
“Integrated Scouting”, editor: Gerard Glynn, The Catholic Boy Scouts of Ireland, © The Scout
Foundation, Dublin, 1a ed. outubro de 1986.
41
Livreto “Il suffit de passer le pont: Propositions et experiénces pus un Scoutisme ouvert aux
handicapés”, publicado pela Federação de Escoteiros Católicos da Bélgica, Bruxelas, 1982.
42
Livreto “Integrar: Una Nueva Aventura”, © MSC, Collección Práxis, No 2, Barcelona, Espanha,
1982.
43
É evidente que todo esse material precisa ser traduzido e, em alguns casos, adaptado às nossas
condições peculiares.
44
Alcatéia = Seção de um Grupo Escoteiro que trabalha com crianças de 7 a 10 anos.
45
Escotista = adulto ou jovem, maior de idade, que assume tarefas que correspondem ao educador
adulto em uma seção de um Grupo Escoteiro.
46
Projeto Basta Passar a Ponte, www.escoteiros.org , União dos Escoteiros do Brasil.
47
UEB, Manual do Escotista do Ramo Escoteiro, Escritório Nacional,1a ed., novembro de 2001,
Curitiba, PR, p. 272.
48
Conselho de Patrulha: Organismo máximo de tomada de decisões na Patrulha e sua única estrutura
formal. Do conselho de Patrulha participam todos os seus membros, sob a presidência do Monitor.
Deve abordar assuntos relevantes, como decidir as atividades de Patrulha, determinar as atividades de
Tropa que a Patrulha irá propor à Assembléia, avaliar as atividades, conhecer a auto avaliação da
progressão pessoal de seus membros e contribuir par ela, eleger o Monitor e o Submonitor e indicar os
demais cargos da Patrulha.
49
Assembéia de Tropa: Um dos três componentes da estrutura da Tropa Escoteira, junto com a Corde
de Honra e a equipe de Escotistas. Determina as normas de convivência, decide as atividades de Tropa
e é integrada por todos os seus membros.
50
Roca de Conselho: Organismo máximo de tomada de decisões na Alcatéia, integrado por todos seus
membros, Escotistas e Lobinhos.
51
Linhas de Formação: A UEB tem três linhas de formação para adultos voluntários: Escotistas,
Dirigentes Institucionais e Dirigentes de Formação. Cada uma dessas linhas tem três níveis: Preliminar,
Básico e Avançado. Cada um dos três níveis é composto por três etapas: Tarefas Prévias, Curso e
Prática Supervisionada. Cf. “Diretrizes Nacionais para Gestão de Recursos Adultos”, UEB, Porto
Alegre, RS, 2000.
52
Há centenas de jogos já preparados e adaptados para o Movimento Escoteiro, os quais estão sendo
usados em outros países, e estão disponíveis para quem desejar usá-los, bastando para isso traduzi-los
para a língua portuguesa (vide Anexos). Além disso, pode-se encontrar aproximadamente 10 mil
páginas na Internet sobre jogos e recreação para deficientes, apenas na língua portuguesa, com milhares
de “links” para serem explorados.
53
VIGOTSKI, L. S.; Psicologia Pedagógica, 1a edição, Martins Fontes, 2001, São Paulo, p. 63.
54
COSTE, Jean-Claude, A Psicomotricidade, 4a ed., Guanabara Loogan, Rio de Janeiro, RJ, 1992.
55
Ficha em que é registrada toda a vida escoteira da criança e do jovem – ingresso, etapas de
progressão, atividades internas e externas, conquista de especialidades, etc.
56
Adaptado para o Escotismo e ampliado de: Speaking of Equality, The Roeher Institute, Ontario,
Canadá, 1995.
57
Adaptado ao Escotismo e ampliado de: FOREST, Marsha et. al., in Inclusion News/2000, Inclusion
Press Internation, Toronto, Canadá, 2000.
58
BADEN-POWELL, “Headquarters Gazette”, maio de 1920, citado em “Footsteps of the Founder”,
de M. Sica, Editrice Ancora Milano, 1984, p. 58.
59
UNICEF, Declaração Mundial sobre a Sobrevivência, Proteção e Desenvolvimento das Crianças –
Acordada na Cúpula Mundial da Infância, Nova Iorque, setembro de 1990 – In: “First call for
children”, p. 1.