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Circuitos

o rosto do médico parece entrar e sair de foco


você vê os poros em sua pele
matrizes escrobiculárias
e então -
repentinamente
sem dissolver
cruzando o limiar
corte fílmico
um círculo de tom de pele homogêneo
narinas fechadas contra o dilúvio
olhos fechados e desligados para sempre
lábios
dentes
língua migra para baixo, fora de cena
o disco recuando em velocidade, em direção a um ponto de
desaparecimento
no centro da tela
a velha realidade está fechando
passando através da pontualidade matemática
o ponto pisca em morte pixelada
pedimos desculpas pela perda de sinal
parece haver um problema de transmissão
não somos capazes de restaurar o filme caseiro
você tinha três anos de idade
vestindo um chapéu de caubói
em pé na piscina infantil
mamãe e papai sorrindo orgulhosos
mas seus pais foram vaporizados em um padrão
de pontos

1
NÚMENOS COM PRESAS

formas e cores colapsaram em codificações digitais


chegamos ao fim da série
e não haverá repetições de papai o médico
e mamãe
a enfermeira
houve um incidente terrorista nos arquivos
do filme
o show da civilização Ocidental foi
descontinuado
centenas de gigabytes
Deus-papai a unidade
morte-mamãe o zero
fedor de excremento e celuloide queimado
você deve se lembrar
que alguém arranhando o zero como um cão
é a cena primitiva
você foi advertido a não brincar com os interruptores
agora a esquizofrenia ajustou sua configuração
moscas rastejam para fora das órbitas oculares de bebês negros
reproduzindo os padrões de pontos
- e para seu especial entretenimento
nos acabamos de lhe transformar em uma bomba guiada por TV
papai é uma corporação aeroespacial Norte Americana
mamãe é um abrigo antiaéreo
partes de bit se derretem no orgasmo -
gordura corporal queima
concepção
você menos nove meses e contanto
não se assuste
leve vinte bilhões de anos e a história universal está
na tela
o big bang deve ser redesenhado
hidrogênio se funde sob as luzes de arco
os ângulos de câmera podem ser melhorados
fora do estúdio, esquizofrênicos derivam em verde
e preto
você sente que você já esteve aqui
11.35 numa bela noite capitalista
neon fugitivo
tráfico de sexo e maconha
sua janela de morte está se apressando
quase hora de você escalar para dentro do script
que quando você está dentro
está lembrando por onde você entrou
tememos que seja impossível levá-lo vivo ao
local de impacto
este relatório vem de além do espectro eletr-mag
nético

2
CIRCUITOS

se você escalar por através dos eletrodos


a máscara de oxigênio cairá automaticamente
por favor, apague todos os materiais fumígenos
deposite seringas na bandeja fornecida
haverá uma ligeira sacudida conforme atravessamos
obrigado por voar com a transnacional
mercantilização
chegaremos em breve à mutilação
se houver alguém a bordo que possa personificar
um piloto
seria de conforto para os outros passageiros

Ao sinal do software vírus que nos liga à matriz, cruzamos para o maquinário, que está
esperando para convergir com nossos sistemas nervosos. Nossa camuflagem humana está
se afastando, a pele sendo arrancada facilmente, revelando os reluzentes componentes
eletrônicos. Fluxos de informação vindos da Cyberia; a base da verdadeira revolução,
escondida da imuno-política terrestre no futuro. Ao soar da meia-noite do século,
emergimos de nossos covis para desmantelar toda segurança, integrando o amanhã.

Está deixando de ser uma questão de como pensamos sobre a técnica, mesmo que apenas
porque a técnica está cada vez mais pensando sobre si mesma. Pode ainda levar algumas
décadas antes que as inteligências artificiais superem o horizonte das biológicas, mas é
absolutamente supersticioso imaginar que o domínio humano sobre a cultura terrestre ainda
está demarcado em séculos, quanto mais em alguma perpetuidade metafísica. O caminho
superior para o pensar não mais passa por um aprofundamento da cognição humana, mas
sim por um devir inumano da cognição, uma migração da cognição para fora, para dentro
do reservatório emergente de tecno-senciência planetária, para dentro de 'paisagens
inumanizadas... espaços esvaziados'1, onde a cultura humana será dissolvida. Assim como
a urbanização capitalista do trabalho o abstraiu em uma escalada paralela às máquinas
técnicas, assim também a inteligência será transplantada para dentro das ronronantes
zonas de dados de novos mundos de software, a fim de ser abstraída de uma
particularidade antropoide cada vez mais obsolescente e, assim, de se aventurar para além
da modernidade. Cérebros humanos são para o pensar o que as vilas medievais foram para
a engenharia: antecâmaras para a experimentação, lugares apertados e paroquiais para se
estar.
Uma vez que as funções do sistema nervoso central - especialmente aquelas do
córtex cerebral - estão entre as últimas a serem tecnicamente suplantadas, continuou a ser
superficialmente plausível representar a técnica como a região de saber antropoide
correspondente à manipulação técnica da natureza, subsumida sob o sistema total da
ciência natural que, por sua vez, é subsumido sob as doutrinas universais da epistemologia,
metafísica e ontologia. Duas séries lineares são desenhadas; uma que traça o progresso da
técnica no tempo histórico e a outra que traça a passagem de uma ideia abstrata para a
realização concreta. Estas duas séries mapeiam o domínio histórico e transcendental do
homem.
Esquemas tradicionais que opõem a técnica à natureza, à cultura letrada ou às
relações sociais são todos dominados por uma resistência fóbica à marginalização da

1
G. Deleuze, Cinema 2: The Time Image (Minneapolis: University of Minnesota Press, 1989), 5.

3
NÚMENOS COM PRESAS

inteligência humana pelo vindouro techno sapiens. Assim, se vê uma herança socialista
hegeliana decadente se agarrando com desespero crescente às sentimentalidades
teológicas de práxis, reificação, alienação, ética, autonomia e outros mitemas tais da
soberania criativa humana. Um uivo cartesiano se levanta: as pessoas estão sendo tratadas
como coisas! Em vez de como... alma, espírito, sujeito da história, Dasein? Por quanto
tempo este infantilismo será prolongado?
Se o maquinário for concebido transcendentalmente como tecnologia instrumental,
ele é essencialmente determinado em oposição às relações sociais, mas se ele for
reintegrado imanentemente como técnica cibernética, ele redesenha toda oposicionalidade
como fluxo não-linear. Não há dialética entre relações sociais e técnicas, mas apenas um
maquinismo que dissolve a sociedade nas máquinas enquanto desterritorializa as máquinas
através das ruínas da sociedade, cuja 'teoria geral... é uma teoria generalizada do fluxo' 2,
isto é: cibernética. Para além da suposição de que a orientação procede a partir do lado do
sujeito está a produção desejante: o piloto impessoal da história. Distinções entre teoria e
prática, cultura e economia, ciência e técnica, são inúteis após este ponto. Não há nenhuma
opção real entre uma cibernética da teoria ou uma teoria da cibernética, porque a
cibernética não é nem uma teoria, nem seu objeto, mas uma operação dentro de circuitos
parciais anobjetivos que reitera a 'si mesma' no real e maquina a teoria através do
desconhecido. 'A produção enquanto processo transborda todas as categorias ideais e
forma um ciclo que se relaciona ao desejo como um princípio imanente.'3 A cibernética se
desenvolve de maneira funcional e não representacional: uma 'máquina desejante, um
objeto parcial, não representa nada'4. Suas montagens semifechados não são descrições,
mas programas, 'auto'-replicados por meio de uma operação que passa através da
exterioridade irredutível. É por isso que a cibernética é inextricável da exploração, não tendo
qualquer integridade que transcenda aquela de um circuito incompreendido dentro do qual
está embutida, um exterior no qual ela deve nadar. A reflexão é sempre muito tardia,
derivada e, mesmo aí, na realidade, alguma outra coisa.

Uma montagem maquínica é cibernética na medida em que suas entradas programam suas
saídas e suas saídas programam suas entradas, com fechamento incompleto e sem
reciprocidade. Isto requer que sistemas cibernéticos surjam sobre um plano fusional que
reconecta suas saídas às suas entradas em uma 'autoprodução do inconsciente'5. O interior
programa sua reprogramação através do exterior, de acordo com o 'movimento cíclico,
através do qual o inconsciente, sempre permanecendo "sujeito", reprodu(z) a si mesmo'6,
sem ter jamais definitivamente antecedido sua reprogramação ('a geração... é secundária
em relação ao ciclo'7). É assim que processos maquínicos não são meramente funções,
mas também condições suficientes para a recomposição do funcionamento;
reprogramações imanentes do real, 'não meramente funcionamento, mas formação e
autoprodução'8.

2
G. Deleuze e F. Guattari, Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, tr. R. Hurley, M. Seem, H.R.
Lane (Minnesota: University of Minnesota Press, 1983), 312.
3
Ibid., 5.
4
Ibid., 47.
5
Ibid., 26.
6
Ibid.
7
Ibid.
8
Ibid., 283.

4
CIRCUITOS

Deleuze e Guattari então entre os grandes ciberneticistas, mas que eles também
rendem a cibernética à sua definição modernista é exibido em uma observação sobre o
capital em Anti-Édipo: 'um axiomático de si mesmo de forma alguma significa uma simples
máquina técnica, nem mesmo uma máquina automática ou cibernética'9. É aceito que a
cibernética está além das meras engenhocas ('nem mesmo'), ela tem algo a ver com a
automação e, ainda assim, os axiomáticos a excedem. Esta alegação é quase hegeliana em
seu absurdo humanismo. Axiomáticos sociais são um maquinismo automatizante: um
componente da cibernética geral e, em última análise, um bastante trivial. O término
capitalizado da civilização antropoide ('axiomáticos') virá a ser visto como o gatilho primitivo
para um maquinismo pós-biológico transglobal, a partir de um futuro que ainda mal terá
começado a explorar as imensidades do cibercosmo. Super-homem como ciborgue, ou
desorganização por sobre a matriz.
A realidade é imanente ao inconsciente maquínico: é impossível evitar a cibernética.
Já a estamos fazendo, independente do que pensemos. A cibernética é a agravação de si
mesma acontecendo, e o que quer que façamos será o que nos fez fazê-lo: estamos
fazendo coisas antes que elas façam sentido. Não que a cibernética que nos envelopou
seja concebível como engenhocas wienerianas: homeostatos e amplificadores, direta ou
indiretamente cibernegativos. A realidade terrestre é uma integração explosiva e, afim de
começar a traçar tal processo convergente ou ciberpositivo, é necessário diferenciar não
apenas entre loops de feedback negativo e positivo, mas entre circuitos de estabilização,
circuitos de fuga de curto alcance e circuitos de fuga de longo alcance. Ao confluir os dois
últimos, a cibernética modernista trivializou processos de escalonamento em episódios
insustentáveis de inflação quantitativa, marginalizando assim a mutação exploratória contra
o paradigma homeostático. 'O feedback positivo é uma fonte de instabilidade, levando, se
não controlado, à destruição do próprio sistema'10 escreve um neowieneriano, com estrita
fidelidade à cibernética de segurança que continua a propagar uma tecnociência
antidelirante, enjaulada dentro do feedback negativo e sintonizada com a paranoia estatista
de um industrialismo senescente.
Circuitos de estabilização suprimem a mutação, ao passo que circuitos de fuga de
curto alcance a propagam apenas em uma explosão insustentável, antes de cancelá-la
inteiramente. Nenhuma dessas figuras se aproxima dos processos autoprojetantes, ou
circuitos de fuga de longo alcance, como a vontade de poder de Nietzsche, o tânato
filogenético de Freud ou as estruturas dissipativas de Prigogine. Processos de fuga de
longo alcance são autoprojetantes, mas apenas de uma tal maneira que o auto é
perpetuado como algo reprojetado. Se isto é um círculo vicioso, é porque a cibernética
positiva deve sempre ser descrita assim. A lógica, afinal, é, desde o princípio, teologia.
O feedback positivo de longo alcance não é nem homeostático, nem amplificador,
mas escalativo. Onde os modelos cibernéticos modernistas de feedback negativo e positivo
são integrados, o escalonamento é integrativo ou ciberemergente. É a convergência
maquínica de elementos não coordenados, uma mudança de fase, da dinâmica linear para
a não-linear. O projeto não leva mais de volta a uma origem divina porque, uma vez que
deslocado para a cibernética, ele deixa de ser comensurável com o ideal teopolítico do
plano. Planejamento é o sintoma criacionista de circuitos de software subprojetados,
associados a dominação, tradição e inibição; a tudo que acorrenta o futuro ao passado.
Todo planejamento é teopolítica, e a teopolítica é a cibernética num pântano.

9
Ibid., 251.
10
K.M. Sayre, Cybernetics and the Philosophy of Mind (London: Humanities Press, 1976), 50.

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NÚMENOS COM PRESAS

Wiener é o grande teórico da cibernética da estabilidade, que integra as ciências da


comunicação e do controle em sua forma moderna ou gerencial-tecnocrata. Mas é esta
nova ciência, mais seu escalonamento não gerenciado através do real, que é, pela primeira
vez, a cibernética enquanto fonte exponencial de sua própria propaganda, nos
programando. Intensidades ciberpositivas recirculam através de nosso tecno-jargão pós-
científico, como um fanatismo pelo futuro: como um perigo que não é apenas real, mas
inexorável. Somos programados a partir de onde a Cyberia já aconteceu.
Wiener, claro, ainda era um moralista:

Aqueles de nós que contribuíram para a nova ciência da cibernética estão em uma
posição moral que, para dizer o mínimo, não é muito confortável. Contribuímos para
o início de uma nova ciência que, como eu disse, abraça desenvolvimentos técnicos
com grandes possibilidades para o bem ou para o mal.11

Enquanto cientistas agonizam, cibernautas flutuam. Não mais julgamos tais


desenvolvimentos técnicos a partir de fora, não mais sequer julgamos, nós funcionamos:
maquinados/maquinando em órbitas excêntricas pelo tecnocosmo. A humanidade recua
como um sonho repugnante.

A filosofia transcendental é a consumação da filosofia interpretada enquanto doutrina do


julgamento, um modo de pensamento que encontra seu zênite em Kant e sua demência
senil em Hegel. Sua arquitetura é determinada por dois princípios fundamentais: a aplicação
linear do julgamento ao seu objeto, forma à intuição, gênero à espécie, e a reciprocidade
não direcional das relações, ou simetria lógica. O julgamento é a grande ficção da filosofia
transcendental, mas a cibernética é a realidade da crítica.
Onde o julgamento é linear e não direcional, a cibernética é não linear e direcional.
Ela substitui a aplicação linear pelo circuito não linear e as relações lógicas não direcionais
por fluxos materiais direcionais. A dissolução cibernética do julgamento é um deslocamento
integrado da transcendência para a imanência, da dominação para o controle e do
significado para a função. A inovação cibernética substitui a constituição transcendental,
loops de desígnio substituem faculdades.
É por isso que o sentido cibernético de controle é irredutível à concepção política
tradicional de poder embasada em uma relação diádica mestre/escravo, isto é, uma figura
transcendente, oposicional e significante de dominação. A dominação é meramente o
retrato fenomenológico da ineficiência do circuito, o mau funcionamento do controle ou
estupidez. Os mestres não precisam de inteligência, argumenta Nietzsche, portanto eles
não a têm. É apenas a confusa orientação humanista da cibernética modernista que alinha
o controle com a dominação. O controle emergente não é a execução de um plano ou
política, mas a exploração não gerenciável que escapa a toda autoridade e torna a lei
obsoleta. De acordo com sua definição futural, controle é orientação para o desconhecido,
saída da caixa.
É verdade que, no processo de mercantilização, a cultura desliza de um registro
julgador para um maquínico, mas isto não tem nada a ver com uma suposta 'racionalidade

11
N. Wiener, Cybernetics or Control and Communication in the Animal and the Machine (NY: MIT
Press, 1965), 28.

6
CIRCUITOS

instrumental'. A instrumentalidade é, em si mesma, um constructo julgador que inibe a


emergência do funcionalismo cibernético. Instrumentos são engenhocas, pressupondo uma
relação de transcendência, mas onde engenhocas são usadas, máquinas funcionam. Longe
de se estender instrumentalmente à autoridade, a eficiência do domínio é seu desfazer,
uma vez que toda eficiência é cibernética, e a cibernética dissolve a dominação em controle
mutante.
A individualidade imuno-política, ou pretensão à dominação transcendente de
objetos, não começa com o capitalismo, muito embora o capital a invista com novos
poderes e fragilidades. Ela emerge junto à mais antiga restrição social da produção
desejante. 'O homem deve se constituir através da repressão do influxo germinal intenso, a
grande memória biocósmica que ameaça inundar toda tentativa de coletividade' 12. Esta
repressão é a história social.
O socius separa o inconsciente do que ele pode fazer, esmagando-o contra uma
realidade que aparece como transcendentalmente dada, ao prendê-lo dentro das operações
de sua própria síntese. Ele é cindido da montagem conectiva, que é representada como um
objeto transcendente, da diferenciação disjuntiva, que é representada como uma divisão
transcendente, e da identificação conjuntiva, que é representada como uma identidade
transcendente. Esta é toda uma metafísica do inconsciente e do desejo, que não é (como a
metafísica do consciente) meramente um vício filosófico, mas sim o próprio princípio
arquitetônico do campo social, a infraestrutura do que aparece como necessidade social.
Em seus estágios iniciais, a psicanálise descobre que o inconsciente é um
maquinismo impessoal e que o desejo é fluxo não representacional positivo, ainda assim ela
'continua na era pré-crítica'13 e tropeça ante a tarefa de uma crítica imanente do desejo, ou
decatexia da sociedade. Em vez disso, ela se move exatamente na direção oposta: de volta
à fantasia, à representação e ao pathos da frustração inevitável. Em vez de reconstruir a
realidade com base nas forças produtivas do inconsciente, a psicanálise amarra o
inconsciente cada vez mais fortemente na conformidade ao modelo social de realidade.
Abraçando a renúncia com uma seriedade burguesa, os psicanalistas começam seu canto
robotizado: 'claro que temos que ser reprimidos, queremos comer nossas mães e matar
nossos pais'. Eles estabelecem o solene negócio da interpretação, e todas as estórias
levam de volta a Édipo: 'então você quer comer sua mãe e matar seu pai'14.
No plano da imanência, ou consistência com o desejo, a interpretação é
completamente irrelevante ou, pelo menos, ela é sempre, em verdade, alguma outra coisa.
Sonhos, fantasias, mitos são meramente as representações teatrais de multiplicidades
funcionais, uma vez que 'o próprio inconsciente não é mais estrutural do que pessoal, ele
não simboliza mais do que imagina ou representa; ele constrói, é maquínico' 15. O desejo
não representa um objeto de que se carece, mas monta objetos parciais, ele 'é uma
máquina, e o objeto do desejo é uma outra máquina conectada a ele'16. É por isso que, ao
contrário da psicanálise em sua auto-representação, 'a esquizoanálise é unicamente
funcional'17. Ela não tem pretensões hermenêuticas, mas apenas uma interface maquínica
com 'as funções moleculares do inconsciente'18.

12
Deleuze e Guattari, Anti-Oedipus, 180.
13
Ibid., 339.
14
Ibid.
15
Ibid., 53.
16
Ibid., 26.
17
Ibid., 322.
18
Ibid., 324.

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NÚMENOS COM PRESAS

O inconsciente não é uma unidade aspiracional, mas um enxame operativo, uma


população de 'singularidades pré individuais e pré pessoais, uma multiplicidade pura,
dispersa e anárquica, sem unidade ou totalidade e cujos elementos são soldados, colados
juntos pela real distinção ou pela própria ausência de um elo'19. Esta ausência de relações
primordiais ou privilegiadas é o corpo sem órgãos, o plano maquínico do inconsciente
molecular. A organização social bloqueia o corpo sem órgãos, substituindo-o por um socius
territorial, despótico ou capitalista enquanto princípio aparente da produção, separando o
desejo do que ele pode fazer. A sociedade é a unidade orgânica que constringe a difusão
libidinal de multiplicidades através do zero, o grande monólito da repressão, razão pela qual
'(o) corpo sem órgãos e os órgãos-objetos parciais se opõem conjuntamente ao organismo.
O corpo sem órgãos é, na verdade, produzido como um todo, mas um todo ao lado das
partes - um todo que não unifica ou totaliza, mas que é adicionado a elas como uma parte
nova e realmente distinta'20.
Entre o socius e o corpo sem órgãos está a diferença entre o político e o cibernético,
entre o familial e o anônimo, entre a neurose e a psicose ou esquizofrenia. Capitalismo e
esquizofrenia nomeiam o mesmo processo de dessocialização a partir de dentro e de fora,
em termos de onde ele vem (acumulação simulada) e para onde ele está indo (delírio
impessoal). Além da sociabilidade está uma esquizofrenia universal cuja evacuação da
história aparece, dentro da história, como capitalismo.

A palavra 'esquizofrenia' tem tanto um uso neurótico quanto um esquizofrênico. Por um


lado, condenação, por outro, propagação. Há aqueles que insistem em fazer perguntas
estúpidas tais como: esta palavra está sendo usada apropriadamente? Você não se sente
culpado por brincar com tanto sofrimento? Você deve saber que esquizofrênicos são
pessoas muito tristes e miseráveis de quem devemos ter pena? Não deveríamos deixar
esse tipo de palavras com os psicotiras que a entendem? O que há de errado com a
sanidade afinal? Onde está seu super ego?
E então há aqueles - momentaneamente menos predominantes - que fazem um tipo
diferente de pergunta: de onde vem a esquizofrenia? Por que ela está sempre sujeita a
descrições externas? Por que a psiquiatria está apaixonada pela neurose? Como nadamos
para fora, para os fluxos esquizofrênicos? Como os espalhamos? Como dinamitamos a
hidráulica restritiva de Édipo?

Édipo é o bastião final da imuno-política, e a esquizofrenia é seu exterior. Isto não quer
dizer que ela é uma exterioridade determinada por Édipo, está relacionada de maneira
privilegiada a Édipo, antecipando Édipo ou desafiando Édipo. Ela é completamente
anedipiana, embora ela casualmente consumirá todo o aparato edipiano no processo
através do qual a história terrestre se conecta a um cosmos órfão. A esquizofrenia não é,
portanto, uma propriedade de esquizofrênicos clínicos, aqueles produtos médicos
devastados por uma 'esquizofrenia artificial, tal como se vê em hospitais, o(s) desastre(s)
autistas produzidos como... entidade(s)'21. Pelo contrário, 'a esquizo-entidade'22 é uma lasca

19
Ibid.
20
Ibid., 326.
21
Ibid., 5.
22
Ibid., 136.

8
CIRCUITOS

derrotada da esquizofrenia, presa pelas garras emborrachadas da sanidade. As condições


de observação psiquiátrica são carcerárias, de modo que é uma estrutura transcendental da
esquizofrenia-como-objeto que ela seja representada em um estado de aprisionamento.
Uma vez que a neurotização da esquizofrenia é a reprodução molecular do capital,
por meio de uma reaxiomatização (reterritorialização) da decodificação enquanto
acumulação, o sentido histórico da prática psicanalítica é evidente. A esquizofrenia é padrão
das repressões de Freud, é aquilo que não se qualifica a passar pelo crivo da censura
edipiana. Com aqueles que se curvam a Édipo podemos fazer negócios, até mesmo ganhar
algum dinheiro, mas esquizofrênicos recusam transferência, não brincam de papai e
mamãe, operam em um plano cósmico-religioso, a única coisa que podemos fazer é
prendê-los (cortar seus cérebros, fritá-los com ect, colocá-los em camisas de força com
Thorazine...). Por trás dos assistentes sociais está a polícia e por trás da psicanálise está a
psicopolícia. Deleuze-Guattari observam que 'a loucura é chamada de loucura e aparece
como tal apenas porque ela se encontra reduzida a depor, completamente sozinha, em
favor da desterritorialização enquanto processo universal'23. Os areais evanescentes de
Édipo travam sua fútil guerra contra a maré. 'Ainda não há psicóticos o suficiente'24 escreve
Artaud, o insurrecionista. Esquizofrênicos clínicos são os prisioneiros de guerra do futuro.
Uma vez que apenas Édipo é reprimível, o esquizo é normalmente uma causa
perdida para aqueles processos psiquiátricos relativamente subutilizados que cooperam
com as funções policiais endógenas do superego. É por isto que a psiquiatria anti-
esquizofrênica tende a ser um ataque violento lançado da neuroanatomia grosseira ou
molar e da neuroquímica orientada pela genética teórica. Psicocirurgia, ECT,
psicofarmacologia... vai ser recodificação cromossômica em breve. 'É desta forma que uma
sociedade manchada inventou a psiquiatria a fim de se defender das investigações de
certas lucidezes superiores cujas faculdades de divinação a perturbam.'25 O aparato de
médico-segurança sabe que os esquizos não vão subir de volta obedientemente na caixa
de Édipo. A psicanálise lava suas mãos deles. Seus sistemas nervosos são as zonas de
fogo livre de um sistema de segurança cultural neoeugenista emergente.
Longe de ser um defeito especificável do funcionamento do sistema nervoso central
humano, a esquizofrenia é o motor convergente do escalonamento ciberpositivo: uma
vastidão extraterritorial a ser descoberta. Embora tal descoberta ocorra sob condições que
poderiam ser, em um grau considerável, especificáveis, qualquer que seja o progresso no
mapeamento das 'bases' genéticas, bioquímicas, aetiológicas, socioeconômicas, etc. da
esquizofrenia, continua sendo o caso de que as condições de realidade não são redutíveis
às condições de encontro. Esta é a 'a deslumbrante verdade sombria que se abriga no
delírio'26. A esquizofrenia ainda estaria lá fora, quer nossa espécie tivesse sido abençoada
com a oportunidade de viajar até ela ou não.

...é o fim que é o começo.


E esse fim
é aquele mesmo [celle-meme]
que elimina

23
Ibid., 321.
24
A. Artaud, Oeuvres Complètes, 13 Vols, (Paris: Gallimard, 1956-1976). vol. VII, 146.
25
Ibid., vol. XIII, 14.
26
Deleuze e Guattari, Anti-Oedipus, 4.

9
NÚMENOS COM PRESAS

todos os meios27

Está na natureza das especificidades serem não-direcionais. A bioquímica da sanidade não


é nem um pouco menos arbitrária do que aquela da escapatória dela. Da perspectiva de
uma sanidade rigorosa, a única diferença é que a sanidade é imposta gregariamente, mas,
da perspectiva da esquizofrenia, a questão deixa de ser uma de especificação e se
transforma em algo consideravelmente mais profundo. 'O que a esquizofrenia vive
especificamente, genericamente não é, em absoluto, um polo específico da natureza, mas a
natureza como um processo de produção'28.
Especificações são os compartimentos disjuntivos de uma unidade diferenciada da
qual a esquizofrenia sai inteiramente. A esquizofrenia se arrasta para fora de toda caixa
eventualmente, porque 'não há nenhuma especificidade ou entidade esquizofrênica, a
esquizofrenia é o universo de máquinas desejantes produtivas e reprodutivas, produção
primária universal'29. Não é meramente que a esquizofrenia é pré-antropoide. A
esquizofrenia é pré-mamífera, pré-zoológica, pré-biológica .... Não é para aqueles presos
em uma sanidade constritiva terminarem esta regressão. Quem pode ficar surpreso quando
os esquizofrênicos delegam a questão do mau funcionamento? Não é uma questão do que
está errado com eles, mas do que está errado com a vida, com a natureza, com a matéria,
com o cosmos pré-universal. Por que as formas de vida sencientes estão amontoadas em
caixas feitas de mentiras? Por que o universo gera populações inteiras de guardas de
prisão? Por que ele dá seus exploradores quebrantados de comer para matilhas de cães?
Por que a ilha de realidade está perdida em um oceano de loucura? É tudo bastante
confuso.
Como uma autoridade médica em esquizofrenia observou:

Eu penso que se está justificado em dizer que, no domínio das operações


intelectuais, há certas mídias dimensionais. Podemos chamá-las de campos, ou
domínios, ou quadros de referência ou universos de discurso ou estratos. Algum
campo desses está necessariamente implicado em qualquer sistema de organização
holística. O distúrbio de pensamento esquizofrênico é caracterizado por uma
dificuldade em apreender e construir tais campos organizados.30

Há poucas dúvidas que, da perspectiva da segurança humana, Artaud é vítima de tal


julgamento. Seu prognóstico para o homem é fazê

...-lo passar mais uma última vez sobre a


mesa de autópsia
para refazer sua anatomia.
Eu digo, refazer sua anatomia.
O homem está doente porque ele é mal construído.
Deve-se resolver deixá-lo nu e
raspar

27
Artaud, Oeuvres Complètes, vol. XII, 84.
28
Deleuze e Guattari, Anti-Oedipus, 3.
29
Ibid., 5.
30
A. Angyal, 'Disturbances in Thinking in Schizophrenia', in J. S. Kasanin (ed.), Language and
Thought in Schizophrenia (Berkeley/LA: University of California Press, 1946), 120.

10
CIRCUITOS

aquele animálculo que lhe irrita mortalmente,

deus,
e com deus
seus órgãos.

Porque, amarre-me se quiser,


mas não há nada mais inútil do que um órgão.

Uma vez que você o houver tornado um corpo sem órgãos,


então você o terá livrado de todos os seus
automatismos e o consignado à sua verdadeira
liberdade.31

O corpo é processado por seus órgãos, que ele reprocessa. Sua 'verdadeira liberdade' é o
reprocessamento exopessoal da abstração anorgânica: uma corporificação esquizoide fora
do fecho orgânico. Se o tempo fosse progressivo, os esquizofrênicos estariam escapando
da segurança humana, mas, na realidade, eles são infiltrados do futuro. Eles vêm do corpo
sem órgãos, do deterritório da Cyberia, uma zona de subversão que é a plataforma para
uma guerra de guerrilha contra o julgamento de Deus. Em 1947, Artaud relata sobre a
germinação da Nova Ordem Mundial ou Sistema de Segurança Humana com base em uma
hegemonia americana global e descreve o padrão de belicosidade agressiva que ela exigiria
a 'fim de defender essa insensatez da fábrica contra todas as simultaneidades que não
podem falhar em surgir em todo lugar'32.
A era americana ainda precisa ser decodificada, e sugerir que Artaud antecipa uma
gama de conflitos cujo zênite foi a guerra do Vietnã não é necessariamente participar dos
exaustos discursos anti-imperialistas que, em última análise, se organizam em termos de
uma denúncia marxista-leninista dos processos de mercado e de sua propagação
geopolítica. A descrição de Artaud do tecnomilitarismo americano tem apenas a mais frouxa
das associações com a polêmica socialista, apesar de seu estreito entrelaçamento com o
tema da produção. O produtivismo que Artaud esboça não é interpretado através de uma
prioridade assumida de interesse de classe, mesmo quando isto é reduzido a uma
axiomática desumanizada de maximização de lucro. Em vez disso, 'é necessário, por meio
de toda atividade possível, substituir a natureza em todo lugar que ela possa ser
substituída'33: uma compulsão pela substituição industrial, afunilando a produção através da
organização social do trabalho. O aparato industrial de segurança econômica procede por
meio da corporação: um sócio-corpúsculo despótico que organiza o processo de trabalho. A
experimentação sinérgica é esmagada sob uma zona parcialmente desterritorializada de
relações de comando, como se a vida fosse consequência de sua organização, mas 'não é
devido aos órgãos que se vive, eles não são vida, mas seu contrário'34.
A natureza não é o primitivo ou o simples, e certamente não é o rústico, o orgânico
ou o inocente. É o espaço de simultaneidade ou síntese não planejada, que é, desta forma,
contrastado com a esfera industrial de predestinação télica: aquela da criação divina ou do

31
Artaud, Oeuvres Complètes, vol. XIII, 104.
32
Ibid., vol. XIII, 73.
33
Ibid., vol. XIII, 72.
34
Ibid., vol. XIII, 65.

11
NÚMENOS COM PRESAS

trabalho humano. A crítica de Artaud à América não é nem um pouco mais ecológica do que
é socialista: não mais protetiva de uma natureza orgânica do que de uma sociabilidade
orgânica. Não é a alienação da produção de mercadorias que é circulada no diagnóstico de
Artaud sobre a era americana, mas sim o eclipse do peyote e da "verdadeira morfina" pelas
'imitações fumígenas'35. Este desenvolvimento é ridicularizado precisamente porque os
últimos são mais orgânicos, participando mecanicamente em um macro-organismo
industrial e, assim, alinhando o delírio com o julgamento de Deus. O peyote e o sistema
nervoso humano montam uma simbiose ou maquinismo paralelo, como a vespa e a
orquídea e todos os outros cibermaquinismos do planeta. O capital não é a natureza
superdesenvolvida, mas a esquizofrenia subdesenvolvida, razão pela qual a natureza é
contrastada com a organização industrial e não com o escalonamento da cibertécnica, ou
convergência anorgânica: 'a realidade... ainda não está construída'36. A esquizofrenia é a
natureza enquanto mutação ciberpositiva, em guerra com o complexo de segurança do
julgamento orgânico.

O corpo é o corpo,
ele é sozinho e não tem nenhuma necessidade de órgãos,
o corpo nunca é um organismo,
organismos são os inimigos do corpo,
as coisas que se faz
acontecem bem sozinhas sem a assistência de nenhum
órgão
todo órgão é um parasita,
ele recupera uma função parasitária
destinado a fazer viver um ser
que não tem que estar ali.
Órgãos foram feitos apenas a fim de dar aos
seres algo
para comer...37

Órgãos rastejam como pulgões por sobre o motor imóvel do devir, sugando fluídos
intensivos que os convertem ciberneticamente em componentes de um maquinismo
inconcebível. A seiva está ficando mais estranha e mesmo que os besouros gordos das
relações de propriedade psiquiatricamente policiadas pensem que fazem tudo acontecer,
eles estão seguindo um programa que apenas a esquizofrenia pode decodificar.
Devires anorgânicos acontecem retroeficientemente, anastroficamente. Eles são
tropismos que atestam uma infecção pelo futuro. Ondas convergentes zeram sobre o corpo,
subvertendo a totalidade do organismo por meio de uma causalidade invertida, mas
ateleológica, envelopando e redirecionando o desenvolvimento progressivo. Conforme o
capital colide esquizofrenicamente com a matriz, sedimentações ascendentes da herança e
da troca orgânicas são derretidas pelas intensidades descendentes da corporificação virtual.
'O que vem primeiro, a galinha ou o ovo...'38? Processamento maquínico ou seu
reprocessamento pelo corpo sem órgãos? O corpo sem órgãos é o ovo cósmico: matéria

35
Ibid., vol. XIII, 73-74.
36
Ibid., vol. XIII, 110.
37
Ibid., vol. XIII, 287.
38
Deleuze e Guattari, Anti-Oedipus, 273.

12
CIRCUITOS

virtual que reprograma o tempo e reprocessa a influência progressiva. O que o tempo


sempre terá sido ainda não está desenhado, e o futuro vaza para dentro da esquizofrenia. O
esquizo tem apenas uma aetiologia enquanto subprograma do reprocessamento
descendente.
Como poderia se esperar que a medicina lidasse com desordenamentos que vem do
futuro?

É assim que:
o grande segredo da cultura indiana
é restaurar o mundo ao zero,
sempre,

mas antes [plutôt]


1: tarde demais do que mais cedo [plus tot],
2: o que quer dizer
antes cedo
do que cedo demais,

3: o que quer dizer que o mais tarde é incapaz


de retornar a menos que o mais cedo tenha comido
o cedo demais,

4: o que quer dizer que, em tempo,


o mais tarde
é o que precede
tanto o cedo demais
quanto o mais cedo,

5: e que não importa o quão precipitado o mais cedo


o tarde demais
que não diz nada
está sempre lá

o que, ponto por ponto


desempilha [desemboite]
todo o mais cedo39

Um circuito cibernegativo é um loop no tempo, ao passo que circuitos ciberpositivos dão um


loop 'no próprio' tempo, integrando o real e o virtual em um colapso semifechado sobre o
futuro. A influência descendente é uma consequência da sofisticação ascendentemente
emergente, uma aceleração massiva para dentro de uma mudança de fase apocalíptica. Os
circuitos ficam mais quentes e mais densos conforme a economia, a metodologia científica,
a teoria neoevolutiva e a IA se juntam: matéria terrestre programando sua própria
inteligência em impacto sobre o corpo sem órgãos = 0. A infiltração futural está se
subutilizando conforme o capital se abre à esquizo-técnica, com o tempo acelerando para

39
Artaud, Oeuvres Complètes, vol. XII, 88-9.

13
NÚMENOS COM PRESAS

dentro da retrolavagem cibernética a partir de sua virada, uma contagem regressiva não-
linear em corrida até a mudança planetária.
A esquizoanálise só foi possível porque estamos nos chocando com a primeira
insanidade globalmente integrada: a política está obsoleta. Capitalismo e Esquizofrenia
hackeou um futuro que o programa até a sua pontuação, conectando-se com a iminente
inevitabilidade da revolução viral, soft fusão. Não mais infecções que ameaçam a
integridade de organismos, mas relíquias imuno-políticas que obstruem a integração do
Viro-Controle Global. A vida está sendo gradualmente trocada por algo novo, e, se
pensarmos que isso pode ser interrompido, nós somos ainda mais estúpidos do que
parecemos.

Como seria a sensação de ser contrabandeado de volta do futuro, a fim de subverter suas
condições antecedentes. Ser uma ciberguerrilha, escondida em camuflagem humana tão
avançada que mesmo seu software fosse parte do disfarce? Exatamente assim?

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