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Resumo Aula_2: Disciplina: PROJETO URBANO – O ENTORNO

O QUE É A CIDADE¿
Ref.: Livro ROLNIK, Raquel. O que é Cidade? São Paulo: Brasiliense,1988.

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COMO NASCE A CIDADE?

A cidade nasce do processo de sedentarização, da necessidade de fixação em um ponto para


plantar (aparecimento de uma nova relação homem/natureza; transformação do espaço:
natural-rural-urbano). O nomadismo, característica dos primeiros grupos humanos, deu lugar
às estruturas sociais sedentárias, tais como, os processos de formação de núcleos familiares,
enterro dos mortos, desenvolvimento da agricultura, construções de abrigos cada vez mais
complexos do ponto de vista estético e funcional e a estratificação social.

Com o passar dos tempos as sociedades foram adquirindo maiores conhecimentos técnicos e
complexidade nas suas formas de organização sócio-espaciais. A cidade passa a ser o locus
dessas transformações à medida que as técnicas na agricultura se ampliam, bem como o
excedente produzido, e a liberação de indivíduos para outras atividades é possibilitada, isto é,
atividades não-rurais.
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- A cidade é uma obra coletiva, fruto da imaginação e trabalho de muitos homens (da
sociedade), cuja AÇÃO SOBRE O TERRITÓRIO deixa marcas (vestígios materiais).
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As cidades que prosperaram localizavam-se junto a rios, vales férteis, abastecimento de água,
pesca e vias de circulação. Exemplos: Cairo / Rio Nilo, Paris / Rio Sena, Bagdá / Rio Tigre,
Nova York / Rio Hudson, Londres / Rio Tamisa, Roma/ Rio Tibre.
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Para se fixar é preciso garantir o domínio permanente sobre um território.


Estratégias de Domínio Territorial (apropriação material, ritual e política do território):

1. Templos: cerimônias/deuses/religiões
2. Muralhas e fortes: proteção
3. Poderio Bélico: guerras
3.200 A.C. Egito: Tebas, Mênfis

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2.200 A.C. Vale do Rio Indu (Paquistão)
1.500 A.C. Mediterrâneo e Europa Ugarit (cid.romanas) : Biblos (cid. Gregas) e China
150 A.C. Novo Mundo : Teotihuacán (México), Dzibilchaltun.
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1. CIDADE COMO IMÃ:

“A cidade é antes de mais nada um imã, antes mesmo de se tornar local de trabalho e moradia”

TEMPLO = imã que reunia os grupos (cidade dos deuses e dos mortos precede a cidade dos
vivos anunciando a sedentarização)
PLANTIO = abastecimento, sedentarização
TÉCNICA = tijolo, irrigação (cria condições para plantio e construção em escala)
FORTALEZA = proteção para fixação
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2. CIDADE COMO ESCRITA:

Na história, a escrita e a construção de cidades ocorrem quase que simultaneamente,


impulsionados pela necessidade da comunicação, da organização social, da memorização, do
registro e da gestão do trabalho coletivo.

Textos que a cidade produz: Documentos, ordens, leis, inventários

E a própria arquitetura urbana: o desenho da rua, casas, praças, templos e monumentos


comemorativos.

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3. A CIDADE POLÍTICA “CIVITAS”: (romanos) Participação do cidadão na vida pública da


cidade

CIDADE: Local de organização da vida social

Necessidade de gestão da produção coletiva


Indissociável da dimensão POLÍTICA

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ESTADO: Autoridade político-administrativa

Constituição de um Poder urbano para a gestão da vida coletiva: lixo, limpeza urbana,
manutenção da cidade, transporte e trânsito, regras de convivência urbana, circulação e
comércio de mercadorias, etc.
A primeira forma de poder político-administrativo é a REALEZA (centralizado e despótico)

REI - A base do poder é a guerra


A conquista e defesa de territórios mantém o poder monárquico.
A cidade da realeza é a CIDADELA (MEDIEVAL): recinto murado e fortificado onde se
encontram o palácio, o templo e o silo, onde se dirigem os trabalhos de construção, produção,
tributos e guerras.
Os súditos estão ao mesmo tempo protegidos e compelidos pelas muralhas.
Domínio Territorial: Muros, guerras e poder despótico

Estrutura social da Cidadela:


CENTRO: Reis, Sacerdotes , Guerreiros , Escribas
ENTORNO: Artesãos, Empregados camponeses , Escravos

A cidadela tem uma HIERARQUIA que se expressa espacialmente:


Suntuosidade dos palácios reais e templos
Simplicidade das demais edificações

CIDADE POLITICA: A origem da cidade se confunde com o binômio:


1) Diferenciação Social;
2) Centralização do Poder.
Tanto internamente: diferenciação de grupos ou classes sociais, quanto externamente: na
conquista e ordenação dos territórios

POLIS GREGA: Expressa claramente a dimensão política do urbano. Duas Partes:

Acrópole: colina fortificada e centro religioso


Cidade Baixa: desenvolve-se em torno da Ágora (grande local aberto de reunião).

OBS. Civitas e Polis : O conceito de cidade não se refere à sua dimensão espacial, mas
política. O conceito de cidadão não se refere ao de morador, mas àquele que tem direito de

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participar da vida política. A Ágora Grega ou a Cidadela Medieval expressam de maneiras
diversas a centralidade do poder na cidade e sua visibilidade

CIDADELA: Poder concentrado na realeza


ÁGORA: Poder repartido entre os Aristocratas (Cidadão era o proprietário de lotes agrícolas.
Escravos, estrangeiros, artesãos e mulheres, embora habitantes, não tinham direitos políticos).

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E nas mega-cidades multicentradas como são Paulo ou Nova York, há manifestações materiais
do poder político-administrativo urbano?
Estaríamos num espaço urbano mais descentralizado?

Nessas metrópoles nunca antes o poder urbano foi tão centralizado !

“A instantaneidade do computador e das imagens de vídeo permite a existência de sistemas de


controle organizados em estruturas fortemente centralizadas e hierarquizadas, sem que isso
implique necessariamente em concentração espacial” Rolnik, 1988

Assim, o poder urbano outrora materializado nas pedras dos palácios, torna-se invisível e mais
eficiente.

Por outro lado, apesar do exercício de dominação da autoridade político-administrativa sobre a


cidade (ou o conjunto dos habitantes), há uma luta cotidiana pela APROPRIAÇÃO do espaço
urbano que também define a dimensão política da cidade.

Espaços Públicos (praças/ ruas): locais de grandes manifestações civis (políticas)


Praça da Sé- 1988 – Diretas Já
Espaços privados: Apropriação de casarões ou palacetes por população de baixa renda:
cortiços.
MST- luta pela ocupação de latifúndios improdutivos. Consolidam a decadência do espaço
urbano, revelam a disputa por território, mudando seu significado (texto) e seu valor de
mercado.

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4. A CIDADE COMO MERCADO

Um espaço urbano, a cidade, ao atrair e aglomerar pessoas, intensifica as possibilidade de


TROCA e colaboração entre os homens: isolados os homens devem produzir tudo aquilo que
necessitam para sobreviver; quando há a possibilidade de obter os produtos necessários à
sobrevivência através da troca, configura-se :
Divisão rural-urbano
Divisão do trabalho
Especialização do trabalho
Mercado

A divisão do trabalho e entre campo e cidade, possibilitou a especialização e o


desenvolvimento das técnicas (metalurgia, cerâmica, vidraria, cutelaria, etc)

OBS. Nas Cidades Antigas (POLIS): mercados e mercadores ficavam fora dos muros,
em feiras e acampamentos

Primeiro, os mercados eram restritos ao interior das cidades;


Depois, acontece uma divisão de trabalho entre cidades: MERCANTILIZAÇÃO;

Condição para a mercantilização:


Divisão de trabalho interurbana politicamente unificada (poder único e centralizado)

Na antiguidade: junção de cidades autônomas (cidades-estado) em IMPÉRIOS, criou


condições para o surgimento de uma economia urbana. Ex. Império Romano. Mongol. Chinês.

IMPÉRIO ROMANO:
Comércio livre, Rede de estradas, Portos integrados, Intensas trocas: mercadorias e cultura.

Na cidade de ROMA o lugar do mercado ganharia um espaço central: o FORUM ROMANO


O FORUM ROMANO: É ao mesmo tempo Ágora (assembléia), Acrópole (templo) e
Mercado (troca)

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CIDADE = PRODUÇAO + TROCA + CONSUMO = Cidade CAPITALISTA

Hoje, a imagem da cidade como centro de produção e consumo é marcante.


Nas cidades contemporâneas não há praticamente nenhum espaço que não seja investido pelo
mercado. Começaram a se formar na EUROPA OCIDENTAL ao final da IDADE MÉDIA, com o
esgotamento do sistema FEUDAL.

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RESUMO:

1. CIDADE COMO IMÃ:


Atração
Estabilização
Aglomeração
Sedentarismo

2. CIDADE COMO ESCRITA:


Comunicação
Documento /Registro
Lei
Símbolo

3. A CIDADE POLÍTICA “CIVITAS”:


Organização
Gestão
Hierarquia
Centralização do poder
Disputa territorial
Apropriação

4. A CIDADE COMO MERCADO


Produção - Troca - Consumo
Divisão do trabalho
Especialização do trabalho
Circulação de mercadorias.

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