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Direito Penal - Teses de Defesa 03 - OAB 2 Fase VII - Area Penal PDF
Direito Penal - Teses de Defesa 03 - OAB 2 Fase VII - Area Penal PDF
04. ATOS DE INCONSCIÊNCIA art. 18, II). A previsibilidade do resultado é elemento comum tanto ao dolo como
à culpa e não serve para diferenciar os institutos. A doutrina chama de dolo
Os atos de inconsciência são da mesma natureza do erro de tipo essencial eventual ao dolo composto pelos seguintes elementos: 1. Resultado indesejado;
invencível, isto é, são considerados como causas de exclusão da consciência da 2. Resultado previsível; 3. Resultado previsto; e 4. Resultado aceito. Chama-se de
conduta típica praticada. Dessa forma, o sonâmbulo e o hipnotizado, que nada culpa consciente, por outro lado, a culpa composta dos seguintes elementos: 1.
entendem do que fazem, não respondem criminalmente por seus atos. Resultado indesejado; 2. Resultado previsível; 3. Resultado previsto; e 4.
05. DOLO & CULPA Resultado não aceito. Como se vê, a previsibilidade é comum ao dolo e a culpa,
mas apenas no dolo o agente aceita/concorda com o resulta. O crime culposo
Não se deve confundir dolo com culpa. Temos dolo quando o agente quer admite coautoria, mas não admite participação. Não existe, em nosso sistema
o resultado ou, no mínimo, assume o risco de produzi-lo (CP, 18, I); culpa, todavia, jurídico, a chamada compensação de culpas. Também cumpre destacar que o
ocorre que o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo (CP, crime culposo não admite a forma tentada, sendo o resultado sempre necessário.
06. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE si só provocam o resultado geram um desdobramento anormal da conduta (“A”
fere “B” que socorrido ao hospital morre em razão de abalroamento de veículos).
Além do caso fortuito e da força maior, o nexo causal pode ser rompido O gráfico abaixo, chamado de “planetário das cocausas”, busca explica quais as
pelas co-causas (ou concausas) absolutamente independentes e pelas co-causas que rompem e quais as que não rompem o nexo causal. A linha azul mostra as
supervenientes relativamente independentes que, por si só, provocam o hipóteses de manutenção do nexo causal e, por conseguinte, de
resultado. Trata-se de tese defesa prevista no art. 13, § 1º do Código Penal. As co- responsabilização pelo resultado; a linha vermelha revela as hipóteses de
causas absolutamente independentes são capazes de, sozinhas, provocarem o rompimento o nexo causal e, por conseguinte, responsabilização unicamente pela
resultado (“A” envenena “B” que morre, todavia, em razão de atropelamento) ao
conduta praticada, podendo ser usado como tese de defesa.
passo em que as co-causas supervenientes relativamente independentes que por
07. ATIPICIDADE FORMAL Princípio da Insignificância
Cabe Não cabe
Toda crime é dotado de tipicidade. A tipicidade deve ser entendida em
Crimes contra o patrimônio Crimes contra o patrimônio
seu aspecto formal e material. Tipicidade formal é a subsunção do fato ao tipo
praticados sem violência ou grave praticados com violência ou grave
penal, ou seja, o enquadramento da conduta praticada à descrição legal do crime. ameaça à pessoa (ex: furto simples) ameaça a pessoa (ex: roubo)
Dessa forma, se Pedro dispara contra Maria, matando-a, a conduta dele está Atos infracionais Tráfico de entorpecentes
prevista no art. 121 do Código Penal (“matar alguém”). Quando a conduta não Crimes ambientais Crimes praticados por militares
pode ser enquadrada no tipo penal, diz-se que a conduta é formalmente atípica. Crimes contra a ordem tributária Crimes praticados por reincidentes
Isso posto, é formalmente atípica a conduta de “causar dano culposamente ao quando o valor sonegado for ou por pessoas com maus
patrimônio de outrem”, de “manter relações sexuais com a própria mãe”, de “dar inferior a R$ 10.000,00 antecedentes
a vantagem indevida solicitada pelo funcionário público que se corrompe”, etc. Consumo de substância Tráfico de armas e munições
entorpecente
08. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Lesão corporal culposa Falsificação de moeda
O segundo elemento da tipicidade é a tipicidade material: trata-se da Crimes contra a administração Crimes contra a liberdade sexual.
lesão significativa e socialmente reprovável a bem jurídico penal. Uma conduta é pública (CESPE e ESAF)
materialmente atípica quando causa lesão insignificante à bem jurídico ou
quando a lesão causada, embora significante, é socialmente aceita. Na primeira 09. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
hipótese – lesão insignificante – temos o chamado Princípio da Insignificância.
Trata-se, portanto, de causa supralegal de exclusão da tipicidade material. O STF Ainda falando sobre tipicidade, temos que a conduta será materialmente
tratou de enumerar os elementos (ou vetores) desse princípio: PROL atípica se for socialmente aceita. Dessa forma, além do Princípio da
Insignificância, temos que o Princípio da Adequação Social é causa supralegal de
Também coube a exclusão da tipicidade material. Exemplo de conduta socialmente aceita é a lesão
jurisprudência, dado ao caráter corporal causada em recém-nascido para lhe furar as orelhas e pôr-lhe um brinco.
supralegal do referido Princípio,
apontar quais as hipóteses de 10. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
cabimento ou de não cabimento
da insignificância. Nesse sentido,
O consentimento do ofendido é causa de exclusão tanto da
vide a tabela a seguir. tipicidade em seu aspecto formal como do fato antijurídico. Quando o não
consentimento do ofendido for elemento do crime, ou seja, estiver
presente na descrição legal do delito, então a presença desse
consentimento fará com que a conduta não se ajuste ao tipo penal e, por
conseguinte, seja fato atípico. Exemplo: “CP, art. 150. Entrar ou
permanecer, clandestina ou astuciosamente, contra a vontade expressa ou
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”. Se o
agente entra em casa alheia com o consentimento do proprietário/usuário A tabela abaixo exemplifica hipótese de descriminantes putativas:
não estará incidindo no art. 150 do Código Penal e sua conduta será
Erro sobre fato Erro sobre limite
formalmente atípica. Todavia, caso o tipo penal não tenha, entre seus
“A” pensa que está “A” pensa que pode
elementos, a ausência do consentimento do ofendido de forma expressa,
repelindo agressão matar em defesa de
então teremos uma causa de exclusão do fato antijurídico. Sobre essa Legítima Defesa injusta quando, em sua honra quando a
segunda possibilidade, trataremos na análise da tese de defesa de nº 19. verdade, não há mesma é injustamente
qualquer agressão. agredida por terceiro.
11. DESCRIMINANTES PUTATIVAS “A” pensa que está sob “A” pensa que pode
perigo atual quando na furtar coisas de valor
O fato antijurídico pode ser afastado por diversas razões. A tais Estado de Necessidade
verdade não existe alheia para matar a sua
motivos, em sentido amplo, dar-se o nome de descriminantes penais. As perigo algum fome ainda iminente.
principais descriminantes (rol não taxativo) são: legítima defesa, estado de “A” pensa que tem o “A” pensa que está
necessidade, estrito cumprimento de um dever legal e exercício regular de dever de prender autorizado, por Lei, a
Estrito Cumprimento
fulano, quando, em bater em alguém
um direito. Às vezes, o agente se equivoca sobre a existência de fatos de um Dever Legal
verdade, não há essa desde que para extrair
autorizem o uso dessas descriminantes e às vezes o equívoco recai sobre
obrigação legal. verdade relevante.
os limites das descriminantes. O equívoco é chamado de putatividade. Daí “A” pensa que tem o “A”, pensa que tem o
se dizer que uma descriminante putativa é, em verdade, uma Exercício Regular de direito de ter várias direito de humilhar seu
descriminante que é fruto de erro. um Direito esposas desde que as filho para exercer o
sustente igualmente. direito de educá-lo.
Em material Penal, o erro pode ser classificado como erro de tipo Erro de Erro de
ou erro de Proibição (uma coisa ou outra). Dessa forma, se considerarmos Tipo Permissivo Proibição Indireto
a descriminante putativa como exemplo de erro de tipo, tem-se causa de
Se estivermos diante de um erro de tipo permissivo é possível
exclusão do fato típico; se considerarmos, todavia, como erro de proibição,
classificá-lo como invencível (inevitável ou escusável) ou vencível (evitável
temos causa de exclusão da culpabilidade. Sobre o tema, o Código Penal
ou inescusável). O erro invencível afasta a responsabilidade penal por
adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade, segundo a qual a putatividade
exclusão do fato típico (e não do fato antijurídico, como poderia parecer a
será exemplo de erro de tipo (chamado de erro de tipo permissivo) quando
primeira vista); o erro vencível permite a punição apenas por crime
o equívoco recair sobre as circunstâncias de fato; será erro de proibição
culposo e, ainda assim, se previsto em Lei; em se tratando de erro de
(chamado de erro de proibição indireto) quando o equívoco recair sobre os
proibição indireto, temos que também é possível a classificação como
limites da descriminante penal.
invencível ou vencível. No primeiro caso – erro invencível – afasta-se a
(vide ainda: http://goo.gl/JTR5K) culpabilidade; no segundo, mantém-se o crime com a pena diminuída de
1/6 a 1/3. O gráfico a seguir detalha essas classificações:
Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz o agente só
responde pelos atos já praticados. Os atos inicialmente pretendidos não
são puníveis por motivo de política criminal. A diferença básica entre
desistência e arrependimento é que, no primeiro, o agente ainda não tinha
esgotado os atos de execução; ao passo que, no segundo –
arrependimento eficaz -, o agente já tinha feito tudo o que poderia ser
feito. Trata-se da mesma diferença que se observa no confronto entre a
tentativa imperfeita e perfeita (vide esquema na próxima página).