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História e direito: possibilidades

metodológicas1
Ironita P. Machado*

Resumo O direito e suas doutrinas e o Judiciá-


rio enquanto processo social na aplicação
Na renovação crítica do direito sobre das elaborações legislativas e representa-
sua memória institucional, suas fontes ção concreta de poder na tríade dos três
históricas, suas ideias e seus agentes poderes pouco têm sido estudados e dis-
é que se situam os novos potenciais de cutidos. Nesse sentido, no direito e na sua
pesquisa histórica. Nessa perspectiva,
historicidade e processualidade reside po-
o presente trabalho propõe, por meio
tencial à compreensão do Estado, incluída
do diálogo entre a história e o direito,
a sociedade civil e a sociedade política, ou
uma reflexão sobre as possibilidades
teórico-metodológicas e as temáticas seja, a investigação da hegemonia armada
de pesquisa histórica, tendo como base de coerção, como síntese de consentimento
as fontes judiciais na perspectiva civil e repressão.
e criminal, referentes aos estudos em Portanto, ao estudar o Judiciário é
andamento, bem como o próprio Poder possível visualizar o poder do Estado, pro-
Judiciário na condição de meio e agen- blematizar e investigar as ações do Poder
te à formatação do estado do Rio Gran- Executivo na processualidade do tempo
de do Sul.

Palavras-chave: Fontes judiciais. His-


tória. Pesquisa. Poder. *
Professora do Curso de Graduação e do Progra-
ma de Pós-Graduação em História. Doutora em
Hitória.
1
As ideias e proposições contidas neste trabalho
foram apresentadas parcialmente no IV Semi-
nário de História Regional, 18 a 19 de novembro
de 2010, Campus I UPF – Passo Fundo - RS.

Recebido em: 02/05/2011 - Aprovado em: 10/07/2011

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História: Debates e Tendências – v. 11, n. 1, jan./jun. 2011, p. 81-93 - Publicado no 1o semestre de 2012
histórico, identificar seu poder sobre as A leitura de processos judiciais de
forças econômicas, reorganizando e desen- época é maçante e confusa, mas ao mesmo
volvendo o aparelho da produção econômi- tempo é instigante, pela natureza da fonte,
ca, dando condições à criação de uma nova pela memória caótica e pela diversidade de
estrutura, orientada e dirigida por fatores possibilidades interpretativas por eles ma-
superestruturais, através do Legislativo e terializadas. Atualmente, ao nos deparar-
do Judiciário, que lhe dá as condições de mos com acervos do Judiciário – processos
impulsionar, solicitar, punir e reprimir, civis, criminais, trabalhistas – quantitati-
bem como de operacionalizar um projeto vamente significativos e correspondentes
de modernização. O direito é uma ação aos mais diversos períodos, as possibili-
política, civilizadora e modernizadora em- dades de pesquisa histórica se amplia. No
preendida pela ação ético-política concreta caso de nossas pesquisas, que voltam seu
dos homens situados numa temporalidade olhar para a República Velha, um período
e espacialidade. em que o poder do mando, a rede de com-
Assim, o poder do direito entrecruza- promissos coronelísticos, a conciliação de
se ao Poder Executivo e/ou Legislativo, frações de classe, da troca de favores, a for-
através do sistema alcançado pela prática mação autoritária das lides político-parti-
do Judiciário de institucionalização de no- dárias e os confrontos de forças partidá-
vas normas aos grupos sociais enraizados rias que reinavam, encontramos o desafio
em costumes que se quer ultrapassar, nas de identificar que conflito social promoveu
temporalidades históricas. e levou aos tribunais tantos litígios e, con-
Em relação a essas questões, encon- sequentemente, o significado do Judiciário
tra-se um cabedal de temas e problemas na constituição e/ou justificação das ações
concernentes à pesquisa histórica, dentre do Estado, seja ele federativo ou nacional.
os quais estão inseridos nossos estudos, De certa forma, podemos encontrar
uma vez que se busca, aqui conceber o situações conflitantes em torno de ques-
pensamento e a prática de operacionaliza- tões políticas, eleitorais e/ou presença ex-
ção do direito de compreensão do proces- plicita do governo ou de lideranças locais,
so de racionalidade moderna capitalista, de violência, identificar os sujeitos dos li-
envolvendo padrões de acumulação e a tígios ora individual ora coletivo, ora ho-
organização política do Estado. O tema mens de posse de “poder”, das “letras”, ora
constitui-se em fértil campo de pesquisa e homens “comuns”, trabalhadores, cabo-
abre a possibilidade de novas fontes e cha- clos, escravos, imigrantes, militares, agri-
ves de leitura sob um referencial teórico cultores, mulheres, viúvas.
e metodológico diverso. Essas são, então, Assim, ler processos judiciais, vidas
questões que apresentaremos neste artigo, pretéritas materializadas e constituídas
com ênfase aos aspectos metodológicos da em memórias, significa adentrar num
pesquisa. mundo multifacetado que nos possibilita
uma pluralidade de caminhos interpreta-

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tivos, entretanto, é necessário um diálogo a evolução das atitudes dos cidadãos ao
metodológico acurado, reflexivo e técnico tomarem decisões, deliberada e conscien-
entre história e direito. temente para intervir nas áreas em que
Exemplo disso, no campo da histó- se decidem seus destinos. Permite, ainda,
ria agrária, no que concerne à questão introduzir uma dialética da continuidade e
da terra, que a historiografia há bastan- da mudança da estrutura e da conjuntura
te tempo vem demonstrando a questão da em oposição ao tempo do acontecimento.
posse-propriedade, da mercantilização da Em outras palavras, a nova história po-
terra e seus implicantes como marcas da lítica se estabelece como possibilidade de
República Velha. No entanto, ao se traba- interseção entre “todas as histórias”, social
lhar com os processos judiciais, foi possível e política, não se pode fazê-la sem o social,
constatar que envolviam uma multiplici- e onde houver poder é campo para história
dade de sujeitos e de situações, portanto, política, portanto, não poderá se furtar de
deveria ter um significado mais alargado tratar do direito, do Judiciário como objeto
do que tradicionalmente se tem atribuído de estudo e/ou meio.4
à questão.2 Seguindo esse campo de análise, no
Outra dimensão da pesquisa históri- caso de nossas pesquisas,5 ao estudar o Rio
ca que ganha contribuição significativa do Grande do Sul, no governo castilhista-bor-
direito, mais especificamente das fontes gista, por exemplo, a avaliação da questão
judiciais, é a história política. O político é da terra e do Judiciário exige o exame da
entendido como o lugar onde se articulam manifestação concreta das flutuações de
o social e sua representação, em que as es- conjuntura e das relações sociais de força.
truturas de poder são permeadas de poder, Para tal propósito tomamos o Judiciário
portanto, terá no Judiciário um gestor or- como “elemento de força” e “estratégia” de
gânico de poderes. Essa acepção ancora-se frações de classe – grupos com poder polí-
nas interpretações de René Rémond, que tico no governo, grupo com poder político e
afirma: econômico –, a dinamização de seus projetos
A nova história do político satisfaz pre- político-econômicos e, também, de grupos
sentemente aspirações que tinham sus- sociais espoliados, explorados, enfim, colo-
citado a revolta justificada contra a his- cados à margem da racionalização legal.
tória política tradicional [...]. Abraçando,
A institucionalização do regime repu-
apreendendo os fenômenos mais globais,
buscando nas profundezas da memó- blicano rio-grandense e as políticas à mo-
ria coletiva ou do inconsciente as raízes dernização do Estado puderam ser estuda-
das convicções e as origens dos compor- dos pela confluência entre relação legal e
tamentos, ela descreveu uma revolução capitalismo. Para tanto, tomamos a ques-
completa.3
tão da terra vista em processos judiciais
Dessa forma, o campo da história po- como objeto central de análise, entenden-
lítica permite a análise do comportamento do a organização e a prática do Judiciário
dos cidadãos diante do político, bem como como “elemento de força” e “estratégia”6 de

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adequação à legitimação da apropriação Como já é sabido, até há pouco tem-
privada da terra. Portanto, demonstra- po a produção historiográfica trabalhava
mos que o desenvolvimento é promovido com o modelo político de Estado, na Re-
sob uma razão legal, que se configura num pública Velha brasileira e rio-grandense,
amálgama entre o universo normativo- e o coronelístico, elucidando-o com base
operacional jurídico e os imperativos da nos conceitos de “estamento burocrático” e
economia de mercado, potencializado por “burocracia”, de “coronel tradicional” e “co-
um governo pensado, dirigido e organiza- ronel burocrata”, de “autoritarismo” e “au-
do por magistrados – Júlio de Castilhos tonomia”.7 Portanto, o elemento comum na
e Borges de Medeiros –, que têm a terra produção historiográfica é o vazio analíti-
(fonte de valor agregado) como base obje- co, ou seja, não se contemplam as questões
tiva disponível e, entre outros elementos de como outros agentes e estratégias força,
sociopolíticos, o domínio de conhecimento como o Judiciário, ocuparam espaço estra-
normativo, do aparato jurídico à racionali- tégico nas relações de poder, nas estrutu-
zação capitalista e à manutenção do poder. ras políticas e nos projetos socioeconômi-
Outro trabalho que demonstra as cos à racionalidade moderna capitalista;
potencialidades da fonte judicial é a dis- o que se mostra é sua presença, de forma
cussão de processos criminais como fonte genérica e formal. Em contrapartida, como
histórica para estudos sobre a violência demonstramos com os exemplos de estu-
política no norte do Rio Grande do Sul, dos que estamos desenvolvendo, cremos
especialmente no município de Soledade, que as fontes judiciais e o conhecimento no
durante a República Velha. Tendo como ce- campo do direito trazem “oxigenação” aos
nário o confronto político partidário para a temas e problemas de estudo da história.
montagem da estrutura do sistema coro- Em geral, por exemplo, para a ques-
nelista e do mandonismo local, a violência tão agrária e fundiária, no caso do Rio
está expressa nas “falas” das vítimas, réus Grande do Sul e do Brasil, encontra-se na
e testemunhas envolvidas nos litígios, bem
produção historiográfica8 a mesma pers-
como nas notícias divulgadas pela impren-
pectiva tímida de renovação da pesquisa.
sa do período. Nessa perspectiva, violência
Todavia, não nos interessa aqui realizar
e política seriam sinônimos de ações para a
um balanço historiográfico. Apenas desta-
conquista do poder local e para a manuten-
camos a perspectiva inovadora da pesqui-
ção do status quo de determinados grupos
sa sob o caleidoscópio do Judiciário reali-
sociais. Tais reflexões consistem em com-
zada por Gunter Axt sobre “o processo de
preender o cenário de violência do norte
construção e de rearranjo da hegemonia
do Rio Grande do Sul durante a República
política e econômica da aliança de frações
Velha, através da quantificação, classifica-
de classe dominante arregimentada em
ção e caracterização dos processos-crime
torno dos governos castilhista-borgista no
presentes na 1ª Vara do Juízo Distrital de
Rio Grande do Sul, entre 1889 e 1929”.9
Soledade, pertencente, no período, à Co-
marca de Passo Fundo.

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Interessa-nos tão somente fazê-lo político de um coronel na pretensão de ma-
enquanto necessário para apresentar sua nipular certos resultados”,11 também sig-
tese, demonstrando que a pesquisa cumpre nificavam um espaço onde o poder central
importante papel na historiografia, justa- do Estado buscava fortalecimento infraes-
mente por cobrir a lacuna interpretativa trutural, isto é, através de processos judi-
que indicamos anteriormente e, também, cantes a resolução e/ou o encaminhamento
por avançar com novos elementos e fontes, de ações em torno de seus interesses políti-
de caráter inédito para a análise histórica cos e socioeconômicos, conforme constata-
referente ao perfil da burocracia estatal, do em nossa pesquisa.
em especial as funções ligadas à Justiça, Destacamos muito positivamente a
elucidando as tensões entre poder central contribuição à historiografia, com o uso
estadual com os poderes locais. de fontes judiciais, da meritória obra de
Essas ideias,10 especialmente de que Márcia Motta, com base na qual destaca-
as tensões contraditórias entre poder cen- mos dois elementos. O primeiro com rela-
tral e poderes locais podem ser captadas ção às novas possibilidades de pesquisa e
na conformação da estrutura judiciária, de fontes no campo do jurídico. Segundo a
tanto para controlar o poder coronelístico, autora, “a lei tem uma história”,12 ao to-
a oposição e a dissidência, quanto para a mar os conflitos de terra entendidos como
execução de objetivos traçados pelo bloco “disputas sobre o sentido da história”, ou,
dirigente, convergem ao problema das re- dito de outra forma, disputas sobre deter-
lações político-econômico-sociais em torno minado sentido da lei. Dessa forma, a in-
da terra, das eleições, das disputas de po- terpretação no campo do jurídico, como um
der local, evidentemente que analisado por “campo de forças em conflito”, possibilita
meio de outras chaves de leitura em nos- ver a lei em suas lacunas e ambiguidades,
sas pesquisas, como, por exemplo, a condu- conforme demonstrado ao se analisar o in-
ção dada às políticas públicas e às iniciati- gresso de pequenos posseiros na justiça re-
vas privadas, aos processos judicantes em clamando por um direito que acreditavam
torno de litígios e de cumprimento legais, ter sobre a terra.13
pelas estruturas burocrático-jurídicas do Destaca-se, em segundo lugar, a
Estado à racionalidade moderna do capi- contribuição desse trabalho para a supe-
talismo, tendo o Judiciário como meio e ração das visões reducionistas do homem
agente. livre pobre para a sociedade escravista,
Assim, como Gunter, a prática da demonstrando como esses homens pensa-
Justiça era um terreno onde reboavam com vam e agiam naquele tempo e, simultanea-
intensidade os interesses e as disputas fac- mente, evidenciando o temor dos grandes
ciosas. Processos, contratos, testamentos, proprietários frente à incorporação pro-
denúncias, entre outros, tornavam-se es- gressiva de terras não ocupadas. Assim,
paços e objetos de grandes conflitos, “jus- não se podem encobrir as relações sociais
tamente por colocarem à prova o prestígio específicas de uma temporalidade por ex-

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plicações globais acerca da sociedade, da artigo aponta alguns elementos de sínte-
economia e do Estado. se das reflexões acerca das possibilidades
Dito isso, é necessário explicitar a de aproximação interdisciplinar entre a
acepção desse campo de conhecimento história e o direito e da metodologia da
histórico, dessas novas possibilidades à pesquisa histórica. Evidenciando as trans-
pesquisa histórica, cuja origem está no formações dos pressupostos teóricos e me-
movimento de revisão teórica, empírico e todológicos de ambas, busca-se analisar
historiográfico promovido pelo movimento as fontes judiciais e suas implicações para
dos Annales, segundo o qual a história so- uma releitura tanto dos fenômenos jurídi-
cial pode ser concebida como cos como da presença do Poder Judiciário
forma de abordagem que prioriza a ex- no âmbito das questões econômicas, polí-
periência humana e os processos de di- ticas e culturais no estado do Rio Grande
ferenciação e individuação dos comporta- do Sul.
mentos e identidades coletivas – “sociais”
A partir da década de 1980, privile-
– na explicação histórica.14
giando toda a atividade humana, a “nova
Dessa forma, como campo de inves- história” passou a estar atenta a mínimos
tigação, o diálogo que estabelecemos com detalhes, incluindo temáticas como o co-
a história agrária e o direito circunscreve- tidiano e as mentalidades. Começou a se
se, principalmente, sob duas questões pré- preocupar com as mudanças estruturais,
vias: as hierarquias sociais e as normas especialmente as sociais e econômicas,
jurídicas, por se considerar e por nelas deixando de lado a história dos “grandes
estarem suas especificidades históricas (e homens estadistas, generais e eclesiásti-
pelas possibilidades empíricas das fontes cos”, buscando reconstruir a experiência
judiciais) o potencial de identificar e anali- histórica das pessoas comuns e das menta-
sar as relações de força política e de poder. lidades coletivas, ou seja, daqueles que por
Nessa ordem de considerações, sinte- muito tempo foram “silenciados” pela his-
tizamos essas proposições com as inferên- toriografia oficial. Outro ponto importante
cias de Thompson referentes à relação en- para este trabalho consiste no fato de que
tre “razão legal” e capitalismo. Ele afirma a “nova história” redefiniu o conceito de
que fontes, libertando-se apenas dos documen-
ao se promover a questão do “desenvol- tos oficiais e registros preservados, bus-
vimento” a uma razão legal, tornou-se cando outras evidências, como a oralidade,
possível efetuar o casamento entre “os as fotografias, as artes, a literatura, entre
termos da linguagem jurídica” e os impe-
outros. Essas novas evidências ocasiona-
rativos da economia de mercado capita-
lista.15 ram uma redefinição por parte dos histo-
riadores, de seus conceitos, das fontes, do
No que concerne às reflexões e exem-
método e da interpretação da história. Um
plificações, buscando um novo horizonte
último ponto a considerar é que a preten-
interpretativo para a história, o referido
sa objetividade da análise histórica tradi-

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cional deu lugar a uma visão da realidade sentido, a historiografia jurídica também
através de subjetividade do historiador. foi perdendo seu significado, como bem es-
Nesse mesmo sentido de renovação clarece Wolkmer:
se enquadra a produção historiográfica ju- Assim a missão da historiografia tornou-
rídica. Oriundas da mesma visão de mun- se mecanismo de endeusamento da or-
do racionalista da modernidade, as áreas dem jurídica, política e social do modo
de produção capitalista, na medida em
de investigação da história do direito, da
que o espaço institucionalizado passa a
história das instituições jurídicas e histó- ser coberto por um universo ideológico
ria das ideias ou do pensamento jurídico, apresentado como uma situação natural
atualmente também passam por um pro- e independente do devir histórico.17
cesso de esgotamento teórico, o que desen- Dessa forma, segundo o Wolkmer, “al-
cadeou uma demasiada crise sobre este guns juristas declinaram para uma narra-
campo de pesquisa. tiva conservadora e dogmática, que visava
Na busca de uma compreensão para à justificação da ordem social e jurídica vi-
a problemática da produção historiográfi- gente, negligenciando a explicitação do Di-
ca jurídica, alguns teóricos, como Hespa- reito como um processo dinâmico, inserido
nha, apontam que as razões para o exau- no bojo de conflitos e tensões sociais”.18 Na
rimento da história do direito residem no medida em que a história do direito serve
fato de esta ser constituída por princípios apenas para justificar a ordem vigente, ele
e valores liberal-burgueses. A “cultura ju- perde seu significado, constituindo-se em
rídica” produzida nos séculos XVII e XVIII um saber de pouca utilidade para a reali-
na Europa Ocidental emergiu de um con- dade atual.
texto histórico específico, Nas duas últimas décadas essa visão
marcado pela formação social burguesa, tradicional das ideias e das instituições
pelo desenvolvimento econômico capi- jurídicas, tem sofrido algumas mudanças.
talista, pela justificação dos interesses
liberal-individualistas e por uma estru-
Visando superar a crise que se abateu so-
tura estatal centralizada.16 bre este campo de pesquisa, busca-se um
novo olhar, de natureza “crítico-ideológica”
A burguesia ascendente desse perío-
para as questões metodológicas da história
do construiu a concepção de direito moder-
do direito. Esse novo olhar sofre influên-
no, buscando desvalorizar a ordem social
cias diretas dos novos paradigmas da his-
e jurídica do antigo regime, acusando-a
tória, especialmente do neomarxismo, da
de irracional, preconceituosa e injusta, e
Escola de Frankfurt e do Movimento dos
erigindo uma nova ordem, baseada nas
Analles. Busca-se uma historicidade do
concepções de liberdade e igualdade. Essa
direito, não mais elitista, conservadora,
crítica contra a antiga ordem foi eficaz
acumulativa e linear, mas, sim, proble-
num primeiro momento histórico, porém,
matizadora e transformadora, no qual o
acabou perdendo seu sentido com a conso-
fenômeno jurídico é entendido enquanto
lidação da ordem liberal-burguesa. Nesse
expressão cultural de ideias.

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Atualmente há um interesse maior guai. Seu trabalho apresentou importan-
por parte dos historiadores pelas fontes do tes contribuições para a compreensão da
Judiciário. De um lado cresce o interesse identidade do gaúcho.
da sociedade em saber como funcionam as Com relação à interdisciplinari-
instituições jurídicas, e, por outro, os estu- dade, é importante ressaltar que ainda
diosos percebem que tais fontes “encerram há muitas discussões em torno do tema.
um feixe profícuo de informações sobre as Apesar das barreiras, a aproximação en-
relações sociais e de poder de tempos pas- tre a história e o direito é essencial para
sados”.19 Com relação às fontes do Poder a produção de novos conhecimentos. Para
Judiciário, essas suscitam múltiplas pos- a historiografia a interdisciplinaridade é
sibilidades interpretativas de uma dada importante no sentido de se buscar maior
realidade social. conhecimento sobre a atuação da Justiça
O direito é um fenômeno sociocultu- no processo histórico.
ral inserido num contexto fático e a preten- No âmbito do direito, Wolkemer enfa-
sa imparcialidade e objetividade de suas tiza a importância da interdisciplinarida-
ações nunca passou “de uma utopia, origi- de quando afirma:
nária da ilusão de autonomia deste poder
A obtenção de nova leitura do fenômeno
em relação às pressões externas”.20 Por jurídico enquanto expressão de idéias e
esse motivo, as fontes judiciais produzidas instituições implica a reinterpretação
se constituem em importante documen- das fontes do passado sob o viés da in-
tação para se compreender as articulações terdisciplinaridade (social, econômico e
político) e da reordenação metodológica,
entre os poderes locais, o sistema de poder em que o Direito seja descrito sob uma
entre os representantes do Poder Judiciá- perspectiva desmistificadora.22
rio e os demais poderes do Estado. Um
Da mesma forma, conclui-se que a
exemplo dessas fontes são os processos cri-
história precisa ser interpretada e repre-
me. Pouco utilizadas, só ganham sentido
sentada sob uma perspectiva “desmistifi-
quando o historiador estabelece perguntas
a essas fontes, pois, apesar de terem per- cadora” e plural. Não pretendendo esgotar
dido seu valor administrativo, à medida as discussões acerca do tema, foram, até
que o tempo passa vão ganhando um novo aqui, analisadas apenas algumas possibi-
poder, neste caso o de representar ideias, lidades de aproximação entre a história
valores e comportamentos de uma deter- e o direito. Os exemplos citados são fruto
minada época. dos esforços de pesquisadores que, buscan-
Embora pouco comum, a análise pelo do novos temas para suas pesquisas, têm
viés cultural utilizando fontes judiciais apostado na interdisciplinaridade como
também se constitui em uma interessante um recurso teórico e metodológico, condi-
proposta. O historiador norte-americano ção epistemológica e política fundamental
Jonh Chastenn21 pesquisou sobre os hábi- ao conhecimento.
tos culturais e cotidianos dos habitantes Nossas pesquisas e reflexões referen-
da região do Rio Grande do Sul e do Uru- tes às práticas no mundo da pesquisa dos

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documentos judiciais nos autorizam a indi- e de crédito sugeridos ou mesmo in-
car alguns aspectos metodológicos, ou seja, dicados pela exaustiva prestação de
destacar possibilidades como fonte, meio contas dos inventários, bem como a
e/ou objeto de estudo – os mais conhecidos grande quantidade de declarações
e mais explorados pelos historiadores – re- de dívidas permite entrever o fun-
ferentes aos autos cíveis e criminais: cionamento do sistema de relações
a) séries de testamentos: esses precio- comerciais internas ao Brasil colo-
sos registros das últimas vontades nial ou independente e as relações
de um indivíduo, permitem que se inter-regionais; aspectos que possi-
penetre no mundo das crenças e das bilitam o estudo da escravidão sob
visões de mundo do homem do pas- os mais variados aspectos;
sado, assim, a análise das disposi- c) processos crimes: dão voz a todos os
ções de caráter religioso permite en- segmentos sociais, desde o escravo
trever as alterações na prática da fé, até o senhor, do estado ao município,
pela mudança dos santos aos quais do colono ao latifundiário. Muito co-
se recorre e pela variação na forma muns, consistem em preciosas fontes
do discurso. É relevante, também, para a compreensão das atividades
avaliar o interesse do indivíduo em mercantis, já que são recorrentes os
exercer a caridade cristã, graças às autos de cobrança judiciais de dívi-
suas últimas vontades no tocante das e os papéis de contabilidade de
à destinação do terço de seus bens, negócios de grande e pequeno porte.
tais como o auxílio aos filhos, inclu- A convocação de testemunhas, so-
sive escravos, parentes, conhecidos bretudo nos casos de crimes e morte,
etc.; de devassas, permite recuperar as
b) série de inventários: a análise desses relações de vizinhança, as redes de
documentos possibilita a compreen- sociabilidade e solidariedade e as ri-
são de como o patrimônio familiar xas, enfim, os pequenos atos das po-
era transmitido de uma geração pulações do passado, além das redes
para a outra, por meio de “dotes, de poder em âmbito local, estadual
terça e legítima” transmitidos aos e nacional e da constituição, admi-
herdeiros; permite discutir a evolu- nistração, práticas e trajetórias do
ção da composição do patrimônio ao próprio Poder Judiciário.
longo dos séculos, diferenciando os Ao trabalhar com a fonte judicial,
níveis de riqueza e ostentação de um é preciso ter alguns cuidados metodoló-
grande proprietário a avaliar a com- gicos, tais como: a) conhecer a origem do
posição e a variedade dos bens pos- documento (estudar o funcionamento da
suídos (ex. das apropriações e legiti- máquina administrativa para entender o
mações de terras). Permite ainda as contexto de produção dos documentos); b)
análise dos mecanismos de mercado descobrir onde se encontram os papéis que

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podem ser úteis; c) aprender e aprimorar- do, as fontes judiciais e suas implicações
se em técnicas de levantamento, seleção e permitem um novo viés de análise sob a
anotação do que é interessante e de regis- presença do Poder Judiciário no âmbito
tro das referências das fontes para futura dos fenômenos socioeconômicos, políticos e
citação; d) assenhorear-se da caligrafia e culturais da história, em especial da histó-
das formas de escrita do material – se for ria regional.
o caso, aprender paleografia; e) trabalhar
com número adequado de casos que garan- History and right:
tam margem aceitável de segurança para methodological possibilities
fazer afirmações, especialmente de caráter
quantitativo e generalizante; f) contextua- Abstract
lizar o documento que se coleta (entender
o texto no contexto de sua época, inclusive New potentials for historical research
o significado das palavras e das expressões arise from the critical renewal of Right
over its institutional memory, its his-
empregadas; g) cruzar fontes, cotejar in-
torical sources, its ideas and agents.
formações, justapor documentos, relacio-
From such perspective, this study is s
nar texto e contexto, estabelecer constan-
reflection on thematic as well as theo-
tes, identificar mudanças e permanências. retical and methodological possibili-
Em suma, a falência dos paradigmas ties for historical research through a
tradicionais da história trouxe à luz outros dialogue between history and right,
métodos de leitura dos fatos históricos, es- based on judicial sources from civil
pecialmente no que diz respeito aos mode- and criminal perspectives, as well as
los de análise da “nova história”. Buscando the Judiciary itself as both means and
uma redefinição dos conceitos, métodos e agent in the formation of the State of
fontes para a historiografia, emergiram Rio Grande do Sul.
novas possibilidades de interpretação do
passado. No mesmo sentido, iniciou-se um Keywords: History. Juridical sources.
Power. Research.
processo de esgotamento teórico das áre-
as de investigação da história do direito, o
que levou a necessidade de uma releitura Notas
dos fenômenos jurídicos e políticos, dentro 2
MACHADO, Ironita Adenir Policarpo. Judiciá-
de novos pressupostos teóricos e metodo- rio, terra e racionalidade capitalista no Rio
lógicos. Grande do Sul (1889-1930). Tese (Doutorado
em História) - PUCRS, 2009.
Diante da ameaça da fragmentação 3
RÉMOND. In: TÉRTART, Philippe. Pequena
do conhecimento histórico, que tem como história dos historiadores. Trad. de Maria Lou-
consequência a perda da visão de con- reiro. Bauru, São Paulo: Esdusc, 2000. p. 127.
4
Ibid., 2000; FALCON, Francisco. História e po-
junto da realidade, a alternativa teórica der. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS,
e metodológica é a interdisciplinaridade Ronaldo (Org.). Domínios da história. Rio de
Janeiro: Campus, 1997.
como proposta metodológica. Nesse senti- 5
Op. cit.

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GRAMSCI, Antônio. Maquiavel, a política e de interventora do governo castilhista-borgista,
o Estado moderno. 5. ed. Trad. de Luiz Mário no que diz respeito aos projetos modernizadores
Gazzenio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, à transição capitalista. Assim, resumidamente,
1984. p. 49-50. a tese trata de avaliar o processo de construção
7
AXT, Gunter. Gênese do estado burocrático- e de rearranjo da hegemonia política e econô-
burgês no Rio Grande do Sul (1889-1929). Tese mica da aliança de frações de classe dominante
(Doutorado em História) - Universidade de São arregimentada em torno dos governos castilhis-
Paulo, São Paulo, 2001a; COSTA, Emília Viotti. ta-borgista no Rio Grande do Sul, entre 1889 e
Da monarquia à república: momentos decisivos. 1929. Analisa o jogo de interesses econômicos
7. ed. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, segmentados e a relação do poder central esta-
1999a; FAORO, Raymundo. Os donos do poder: dual com os poderes locais, no âmbito da rede
formação do patronato político brasileiro. 2. ed. de compromissos coronelísticos. Da confluência
rev. e ampl. Porto Alegre: Globo; São Paulo: Ed. desses fatores, desdobra-se o processo de forma-
da Universidade de São Paulo, 1975; QUEIROZ, ção do aparelho estatal burguês, cuja caracteri-
Maria Isaura Pereira. O coronelismo numa zação transita pela tentativa de apreensão do
interpretação sociológica. In: FAUSTO, Bóris esforço de institucionalização concentrado pelos
(Org.). História geral da civilização brasileira. agentes históricos da elite dirigente, das repre-
O Brasil republicano. 2. ed. São Paulo: Difel, sentações do poder e [...] do processo de inter-
1977. v. 1. tomo III. p. 153-187; FÉLIX, op. cit., venção na economia. Com relação a esse último
1996; FONSECA, Pedro C. D. RS: economia & elemento, o foco de análise está nas políticas pú-
conflitos políticos na República Velha. Porto Ale- blicas voltadas para o setor de transporte ferro-
gre: Mercado Aberto, 1983; FRANCO, op. cit., viário, sistema portuário e de navegação fluvial
1967; HERRLEIN JR., Ronaldo. Rio Grande do e, também, para o campo tributário e orçamen-
Sul, 1889-1930: um outro capitalismo no Brasil tário. AXT, 2001a, p. 5-10.
meridional? Tese (Doutoramento em Economia) 10
Para chegar a esta afirmativa, o autor se valeu
- Campinas, IE-Unicamp, 2000; PESAVENTO, de uma diversidade de registro, mas com rela-
Sandra Jatahy. República Velha gaúcha: estado ção ao Judiciário, especificamente, destacam-se
autoritário e economia. In: CESAR, Guilherme cartas (Arquivo Borges de Medeiros), que foram
(Org.). RS: economia & política. Porto Alegre: selecionadas a partir de nomes que ocupavam
Mercado Aberto, 1979. p. 193-228; TARGA, postos estratégicos na estrutura burocrática es-
Luiz Roberto Pecoits. A política fiscal moderni- tatal e trazem conteúdo elucidativo sobre o con-
zadora do Partido Republicano Rio-Grandense. trole borgista através dos juízes de comarca a
In: RECKZIEGEL, Ana Luiza Setti; AXT, Gun- constringir a abrangência do poder coronelístico
ter. República Velha (1889-1930); GOLIN, Tau; e estratégias adotadas na consecução de objeti-
BOEIRA, Nelson. História geral do Rio Grande vos traçados pelo bloco dirigente.
do Sul. Passo Fundo: Méritos, 2007. v. 3. tomo 1. 11
Ibid., p. 121.
p. 247-267. 12
MOTTA, Márcia Maria Menendes. Nas frontei-
8
Cf. COSTA, Emília Viotti, 1999a; HERRLEIN ras do poder. Conflito e direito à terra no Brasil
JR., Ronaldo, 2000; FAUSTO, Bóris (Org.). do século XIX. Rio de Janeiro: Vício de Leitura;
História geral da civilização brasileira. O Bra- Arquivo público do Estado do Rio de Janeiro,
sil republicano. 2. ed. São Paulo: Difel, 1977. 1998. p. 22.
v. 1. tomo III; FRANCO, 1967; PESAVENTO. 13
Discussão presente, especialmente, no capítulo
In: CESAR, p. 193-228; REICHEL, Heloísa Jo- IV, da obra Nas fronteiras do poder de Márcia
chims. A industrialização no Rio Grande do Sul Maria Menendes Motta.
na República Velha. In: CESAR, Guilherme et. 14
CASTRO. In: CASTRO, Hebe. História social.
al. (Org.). RS: economia & política. Porto Ale- In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ro-
gre: Mercado Aberto, 1979. p. 254-275; TARGA. naldo (Org.). Domínios da história: ensaios de
In: RECKZIEGEL; AXT; GOLIN; BOEIRA, teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus,
2007. p. 247-267. 1997. p. 45-59.
9
Gunter Axt em sua tese não apresenta a terra 15
THOMPSON, Eduard P. (1998). Costumes em
e suas variáveis como objeto principal de inter- comum. São Paulo: Companhia das Letras,
pretação, mas aqui se torna referência impor- 1998. p. 115.
tante por se ocupar deste objeto para discutir 16
WOLKMER, Antonio Carlos. História do direito
a relação Estado e sociedade, a constituição do no Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 24.
estado Rio-grandense, da autonomia e capacida- 17
Idem, p. 16.

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Idem. FÉLIX, Loiva Otero. RS: 200 anos construin-
19
AXT, Gunter; BIANCANAMO, Mary da Rocha do a justiça entre poder, política e sociedade.
(Org.). Cadernos de pesquisa: história adminis-
In: FELIX, Loiva Otero; RECKZEIGEL, Ana
trativa das comarcas. Porto Alegre: Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul. Memorial do Ju- Luiza Setti (Org.). RS: 200 anos definindo
diciário do Rio Grande do Sul, 2003. v. 1. p. 11. espaços na história nacional. Passo Fundo:
20
GUERREIRO, Caroline Webber. Vulcão da ser- UPF Editora, 2002.
ra: violência política em Soledade (RS). Passo
Fundo: UPF, 2005. p. 11. FONSECA, Pedro C. D. RS: economia & con-
21
CHASTEEN, John Charles. Heróes a caballo. flitos políticos na República Velha. Porto Ale-
Los hermanos Saravia y su frontera insurgen- gre: Mercado Aberto, 1983.
te. Montevideo: Edciones Santillana; Funda-
ciòn Bank Boston, 2001, apud AXT, Algumas GOLIN, Tau; BOEIRA, Nelson. História ge-
reflexões sobre os critérios para a identificação e ral do Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Mé-
guarda dos processos judiciais históricos, 2003. ritos, 2007. v. 3. tomo 1. p. 247-267.
p. 11.
22
WOLKEMR, 2003, p. 1. GRAMSCI, Antônio. Maquiavel, a política e
o Estado moderno. Trad. de Luiz Mário Ga-
zzenio. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
Referênciais sileira, 1984.
GUERREIRO, Carolina Webber. Vulcão da
AXT, Gunter. Algumas reflexões sobre os Serra: violência política em Soledade (RS).
critérios para a identificação e guarda dos Passo Fundo: UPF Editora, 2005.
processos judiciais históricos. Porto Alegre,
HERRLEIN JR., Ronaldo. Rio Grande do
2003.
Sul, 1889-1930: um outro capitalismo no
CAMARGO, Ana Maria. Política arquivís- Brasil meridional? Tese (Doutoramento em
tica e historiográfica do judiciário. In: AXT, Economia) - IE-Unicamp, Campinas, 2000.
Gunter. Algumas reflexões sobre os critérios
MACHADO, Ironita P. Judiciário, terra e ra-
para a identificação e guarda dos processos
cionalidade capitalista no Rio Grande do Sul
judiciais históricos, 2003. p. 10.
(1889-1930). Tese (Doutoramento em Histó-
CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ro- ria) - Pontifícia Universidade Católica do Rio
naldo (Org.). Domínios da história. Rio de Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
Janeiro: Campus, 1997.
MOTTA, Márcia Maria Menendes. Nas fron-
CHASTEEN, John Charles. Heróes a cabal- teiras do poder. Conflito e direito à terra no
lo. Los hermanos Saravia y su frontera in- Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: Vício de
surgente. Montevideo: Edciones Santillana/ Leitura; Arquivo Público do Estado do Rio de
Fundaciòn Bank Boston, 2001, apud AXT, Janeiro, 1998.
Algumas reflexões sobre os critérios para a
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. O coro-
identificação e guarda dos processos judi-
nelismo numa interpretação sociológica. In:
ciais históricos, 2003. p. 11.
FAUSTO, Bóris (Org.). História geral da ci-
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: for- vilização brasileira. O Brasil republicano.
mação do patronato político brasileiro. 2. ed. 2. ed. São Paulo: Difel, 1977. v. 1. tomo III.
rev. e ampl. Porto Alegre: Globo; São Paulo: p. 153-187.
Ed. da Universidade de São Paulo, 1975.

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PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes históricas.
2. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. República Ve-
lha gaúcha: estado autoritário e economia.
In: CESAR, Guilherme (Org.). RS: economia
& política. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1979. p. 193-228.
TARGA, Luiz Roberto Pecoits. A política
fiscal modernizadora do Partido Republica-
no Rio-Grandense. In: RECKZIEGEL, Ana
Luiza Setti; AXT, Gunter. República Velha
(1889-1930).
TÉRTART, Philippe. Pequena história dos
historiadores. Trad. de Maria Loureiro. Bau-
ru. São Paulo: Esdusc, 2000.
THOMPSON, Eduard P. Costumes em co-
mum. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.
WOLKMER, Antônio Carlos. História do
direito no Brasil. Rio de Janeiro: Forense,
2003.

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