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Polêmica atravessa os séculos, numa disputa pelo legado de sua magnífica cultura
MARIA CAROLINA CRISTIANINI PUBLICADO EM 14/11/2019, ÀS 07H00
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Os resultados, comparados ao DNA dos egípcios modernos, chegaram a algumas conclusões. Entre elas: os egípcios de
hoje têm 8% mais genes em comum com povos subsaarianos do que os antigos; gregos e romanos, que dominaram o
Egito por sete séculos, deixaram praticamente nenhuma marca genética.
Segundo os cientistas, os genes do sul da África vieram, provavelmente, do tráfico de escravos do mundo islâmico, que
passava pelo Egito e se estendeu da Idade Média até o século 19. Já a ausência de genes gregos e romanos é creditada à
falta de mistura —Cleópatra, por exemplo, foi obrigada a se casar com os próprios irmãos.
Mas os dados estão longe de uma possível determinação da etnia egípcia. “Racializar a compreensão do Egito antigo é
limitar a percepção acerca da sociedade faraônica, que era plural etnicamente falando, com relações antiquíssimas com
a Núbia, com os povos líbios da África do Norte, com a Ásia e o Mediterrâneo. O Egito teve milhares de anos de hist-
ória e influências diversas, que construíram uma sociedade mestiça, plural”, afirma Belchior Monteiro, professor de
História da África do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo.
Tanto foi assim que há representações de governantes núbios, com estrutura corporal muito similar à da África subsaa-
riana — caso do faraó negro Taharqa, que governou entre 690 a.C. e 664 a.C. —, e daqueles que podem ser associados
à Ásia – região de Palestina, Iraque, Líbano, Cisjordânia —, com nariz fino, por exemplo. Basta relembrar os traços da
rainha Nefertiti, do século 14 a.C., para ilustrar a questão.
Entre historiadores e egiptólogos atuais, a afirmação, quando o assunto vem à tona, é relembrar que o Egito é, de fato,
africano. “O único benefício de discutir a ‘raça’ dos antigos egípcios é o de desconstruir o senso comum que percebe o
Egito antigo como asiático — e, consequentemente, branco”, diz Belchior Monteiro.
Ao que Julio Gralha complementa: “O entendimento da cor da pele e da etnia é uma discussão mais das relações de po-
der e de ações afirmativas, sejam elas eurocêntricas ou pan-africanistas”. Não aprendemos nada sobre o Egito ao impor-
mos noções atuais sobre ele.
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