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CORREÇÃO 3ª PROVA 4N3AV – Civil II

1. A aquisição por meio de hasta pública, independentemente de sua natureza, não eximirá o
alienante, quanto à evicção. [VERDADEIRO]
Obs.: Não exime (não libera) o alienante, que é o responsável pela evicção, seja a hasta pública
obrigatória ou particular. Hasta pública (gênero) possui três espécies: praça (bens imóveis); leilão
(bens móveis); e o pregão (bens com cotação em bolsa de valores).
A hasta pública pode ser obrigatória [ex.: quando você está devendo alguém e não paga; essa
pessoa busca o judiciário e o Estado fará uma constrição patrimonial, onde pega parte dos bens de você
(inadimplente) e leva à hasta pública, onde vende aqueles bens para satisfação do credor lesado].
➢ Logo, quando você adquire algo, ainda que seja em hasta pública (particular ou
obrigatória), aquele proprietário anterior é responsável pelo direito que é transmitido.
Caso esse direito tenha defeito/vício, ele irá responder, embora, não tenha sido ele que
tenha vendido diretamente para você (lembre-se, foi através de hasta).

2. Quando o evictor demandar nos juizados especiais, o evicto, caso queira buscar indenização pelo
prejuízo sofrido, poderá adotar a denunciação da lide, que é espécie do gênero intervenção de
terceiro. [FALSO]
Obs.: juizado especial estadual (Lei n. 9.099/1995) e juizado especial federal (Lei n. 10.259/2001):
não admitem a intervenção de terceiros (denunciação da lide). Ou seja, nesse caso existe a
obrigatoriedade da ação autônoma de evicção, pois se o terceiro reivindicante optar por reivindicar
utilizando-se dos juizados especiais, o réu não poderá denunciar a lide ao alienante. Caso o réu (o
evicto) venha a perder a ação autônoma de evicção, terá que entrar com uma nova ação autônoma de
evicção para obter o ressarcimento do prejuízo, já que a denunciação da lide é vedada/proibida
quando envolve juizado especial.

3. A obrigação de indenizar assenta-se, quase sempre, na prática de um ato ilícito.


[VERDADEIRO]
Obs.: QUASE SEMPRE, mas não sempre. Pois a obrigação de indenizar pode surgir sem o
cometimento de um ato ilícito. Por exemplo: obrigação/prestação de alimentos devidos, em razão do
parentesco ou resultantes do direito de família (pensão alimentícia).

4. Pela Teoria da Condição, no contrato com pessoa a declarar opera uma dúplice subordinação
condicional, ocorrendo, com a indicação do terceiro, o implemento da condição suspensiva, para
o electus, e da condição resolutiva, para o estipulante. [VERDADEIRO]
Obs.: Há várias teorias na doutrina tentando explicar qual seria a natureza jurídica do “contrato com
pessoa a declarar”. Tem-se como a mais razoável a “teoria da condição”.
▪ TEORIA DA CONDIÇÃO: Essa condição é ao mesmo tempo RESOLUTIVA e SUSPENSIVA.
a) resolutiva (com relação ao estipulante): se o estipulante indica a pessoa – o electus – já se inicia
a condição suspensiva em favor do electus e a condição resolutiva em relação ao estipulante.
Ou seja, a parte do estipulante já se resolveu (resolutiva/terminou/findou/extinguiu), pois ele
não fará mais parte do contrato, e sim o electus.
b) suspensiva (com relação ao electus – a condição está suspensa): o electus aguarda o
implemento da condição; que seria a sua indicação para assumir os direitos e obrigações
daquele contrato.
5. A promessa de fato de terceiro tem caráter de representação e de acessoriedade, sendo que o
promitente visa ao próprio interesse. [FALSO]
Obs.: O instituto da “promessa de fato de terceiro” NÃO SE CONFUNDE com:
▪ Mandato (espécie do gênero contrato), pois falta o caráter de representação. O mandato é
instrumentalizado pela procuração, já que o mandante/outorgante confere ao
mandatário/outorgado/procurador poderes para que este realize atos jurídicos em nome do
mandante/outorgante.
▪ Fiança, pois a “promessa de fato de terceiro” não é uma garantia acessória.
▪ Gestão de negócios, pois nela, o promitente visa o próprio interesse, e não o de terceiro.

6. A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão
judicial que atribui o seu uso, posse ou propriedade a outrem em decorrência de justo motivo
jurídico posterior ao contrato de aquisição, podendo ocorrer, ainda, em virtude de ato
administrativo do qual também decorra a perda da coisa. [FALSO]
Obs.: Não é por justo motivo jurídico posterior ao contrato de aquisição, mas sim por motivo
ANTERIOR ao contrato de aquisição.
A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial que
atribuiu o seu uso, posse ou propriedade a outrem em decorrência de justo motivo jurídico anterior ao
contrato de aquisição, podendo ocorrer ainda em virtude de ato administrativo do qual também decorra
a perda da coisa.1

7. Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa. Trata-se de lesão de bem que integra os
direitos da personalidade (honra, dignidade, intimidade, imagem, etc.), ressaindo ao lesado dor,
sofrimento, tristeza e humilhação. [VERDADEIRO]
Obs.: Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem
que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade etc. (CF, arts. 1o, III, e 5o, V e X),
e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.
A CF/88 pôs uma pá de cal na resistência à reparação do dano moral, ao dispor que “é
assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem” (art. 5o, V), declarando ainda “invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação” (inc. X).

8. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o
alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do
processo. [FALSO]
Obs.: A notificação será apenas ao alienante imediato, ou seja, não inclui qualquer outro alienante
anterior a este.
“Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu
antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o
denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será
exercido por ação autônoma.” (art. 125, §2º, Novo CPC).

1
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao novo Código de processo civil: artigo por artigo: de acordo
com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
9. Na expropriação e na usucapião, via de regra, o alienante não responde pela perda do bem, não
se operando, pois, os efeitos do instituto da evicção. [VERDADEIRO]
Obs.: CASOS ESPECIAIS: a seguir constata-se dois casos em que a causa posterior, segundo a
doutrina e a jurisprudência, diz haver a responsabilização do alienante.
a) Caso especial, na desapropriação/expropriação: em regra, exime o alienante, a não ser que o
decreto expropriatório/desapropriatório tenha sido expedido antes da celebração do contrato,
ocorrendo posteriormente a efetiva desapropriação.
Logo, o marco é o decreto expropriatório:
▪ quando o alienante vendeu, o mesmo já tinha sido expedido??? SIM, então ele
responderá pela evicção;
▪ quando o alienante vendeu, o decreto expropriatório já tinha sido expedido??? NÃO,
então ele não responderá pela evicção.

b) Caso especial, na usucapião: em regra, exime o alienante, a não ser que a prescrição aquisitiva
ocorra em data tão próxima da formalização do contrato que impossibilite ao adquirente evitá-
la.
Obs.¹: na usucapião a prescrição aquisitiva é por causa do decurso do tempo (com o decurso do
tempo, prescreve o direito do dono sobre a coisa e uma nova pessoa adquire esse direito. Óbvio,
preenchendo os requisitos em Lei e através de uma ação declaratória, aquele que exerce a posse,
tornar-se-á dono. Vale lembrar que a sentença declaratória não é constitutiva, pois aquele que irá
usucapir já é dono, buscando o judiciário apenas para que este declare, efetivamente, que ele é o
dono. Dessa forma, o proprietário anterior perde o domínio, e o possuidor adquire esse domínio da
propriedade);
Obs.²: usucapião especial urbana: no art. 183 da CF/88 - “aquele que possuir como sua área
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.” – Lembrando, novamente, que não será
através do judiciário que será constituído o domínio, pois o domínio é adquirido com o
preenchimento dos requisitos; o que o judiciário irá fazer é a declaração desse domínio para efetivar
a posse através de sentença declaratória.

10. O contrato com pessoa a declarar configura cláusula pela qual o estipulante reserva-se o direito
de indicar o eletus para, em seu lugar, proceder à aquisição dos direitos e à assunção das
obrigações, perante o promitente, com efeito ex nunc. [FALSO]
Obs.: Não tem efeito ex nunc, e sim ex tunc (retroage).
• Forma e efeito da aceitação:
➢ Forma: a mesma forma utilizada pelas partes para o contrato deverá ser utilizada na aceitação
(ex.: se as partes utilizaram da forma escrita, será na forma escrita que a aceitação deverá
acontecer). – vide art. 468, parágrafo único, CC.
➢ Efeito da aceitação: ex tunc, ou seja, retroativo à data da celebração do contrato, ou seja, é
como se a pessoa indicada/nomeada (electus) fizesse parte do contrato desde a data da
conclusão/celebração do contrato (vide art. 469, CC).
11. A evicção tem por fundamento o princípio da garantia, quanto a eventual defeito na coisa
alienada. [FALSO]
Obs.: O princípio da garantia que consta na temática dos vícios redibitórios é no sentido de que “todo
aquele que alienar objeto/coisa de forma onerosa, através de contrato comutativo, deve dar a garantia
de que o objeto/coisa não possui defeito”.
O princípio da garantia no âmbito da “evicção” segue a mesma ideia, só que o defeito/vício
não está no objeto/coisa, e sim no direito transmitido.

12. A cláusula pro amico eligendo é instituída em favor do estipulante. [VERDADEIRO]


Obs.: Conceito de “contrato com pessoa a declarar” segundo Antunes Varela: “Trata-se de contrato
em que uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa que assuma a sua posição
na relação contratual, como se o contrato fosse celebrado com esta última.” (vide art. 467, CC).
Logo, tem-se o:
▪ Estipulante: contratante que institui a cláusula pro amicus/eligendo em seu favor, ou
seja, que pactua em seu favor a cláusula de substituição.
▪ Promitente: contratante que promete reconhecer o amicus/eligendo, ou seja, que
assume o compromisso de reconhecer o nomeado.
▪ Electus: pessoa indicada/nomeada/declarada pelo estipulante.

13. Na promessa de fato de terceiro, se o promitente não se liberar de sua prestação, responderá, em
regra, por perdas e danos. [VERDADEIRO]
Obs.: Uma pessoa (promitente) promete a outra (credor) que obterá prestação de fato de um terceiro.
Se o promitente não conseguir a assunção da obrigação pelo terceiro, responderá – em regra – por
perdas e danos. Ou seja, não será sempre que o promitente responderá por perdas e danos.
• O promitente não responderá por perdas e danos quando:
➢ se o terceiro assumir a obrigação, mas não a cumprir;
Ex.: Voltando ao exemplo anterior, Edgard não prometeu transportar os produtos de Fábio. O que
Edgard prometeu foi que um terceiro (Alder) iria transportar tais produtos. Logo, a partir do
momento em que o terceiro assume a obrigação, o promitente está livre da obrigação. Ou seja, se
Alder (terceiro) tivesse assumido de fazer o transporte, Edgard (promitente) estaria livre da sua
obrigação.
Dessa forma, com Edgard (promitente) livre da obrigação, o “responsável devedor” passa a ser
Alder. Então, a partir de agora, Alder será o responsável se não cumprir a sua obrigação de fazer o
transporte pra Fábio.
➢ se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado,
e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre
os seus bens.
Portanto, existem alguns atos que, para serem praticados, necessitam da anuência
(concordância/autorização) do cônjuge, a não ser que o regime da união entre eles seja o da
separação absoluta de bens. (vide art. 1.647, CC).
Art. 1.647. [...] nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, [...]:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.

Ex.: Edgard (promitente) promete a João (credor) que sua esposa (terceira) iria dar anuência para vender uma
casa a ele. Posteriormente, a esposa de Edgard não autorizou a venda da casa para João.
João já possuía um investimento que venceria apenas em 2022. Então, João antecipou e resgatou esse
investimento, pois imaginava que a casa seria vendida para ele. Em razão disso, João teve um prejuízo de
R$3.500,00.
A regra geral seria que, como Edgard (promitente) não cumpriu a promessa, pois a sua esposa (terceira)
não concordou com a venda da casa e por isso não autorizou a venda. Logo, Edgard deveria indenizar João
sobre o prejuízo que ele teve. PORÉM, nesse caso, Edgard NÃO precisará indenizar João. Pois, caso Edgard
fosse indenizar João pelos R$3.500,00, a esposa do Edgard também estaria pagando metade do prejuízo
(R$1.750,00). Por isso se diz que a esposa, como terceiro, é res inter alios da relação jurídica, ou seja, não é
parte no contrato. Logo, João ficaria com o prejuízo.

14. Na responsabilidade clássica não se prescinde da prova da culpa. [VERDADEIRO]


Obs.: Não se prescinde, ou seja, não se exclui a prova da culpa.
Diz-se ser responsabilidade clássica ou subjetiva a responsabilidade quando se esteia na ideia
de culpa. A prova da culpa passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. O ônus dessa prova
incumbe à vítima. Em não havendo culpa (dolo ou culpa em sentido estrito), não há responsabilidade.
A responsabilidade civil, tradicionalmente, baseia-se na ideia de culpa. O art. 186 do CC define
o que entende por comportamento culposo: “ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência”.
Em consequência, fica o agente obrigado a reparar o dano (art. 927).
Nos últimos tempos vem ganhando terreno a chamada teoria do risco, que, sem substituir a
teoria da culpa, cobre muitas hipóteses em que esta se revela insuficiente para a proteção da vítima. A
responsabilidade seria encarada sob o aspecto objetivo: o agente indeniza não porque tenha culpa, mas
porque é o proprietário do bem ou o responsável pela atividade que provocou o dano.

15. A teoria objetiva pressupõe a culpa como fundamento da responsabilidade civil. [FALSO]
Obs.: A responsabilidade objetiva prescinde-se (exclui/descarta) de culpa e se satisfaz apenas com o
dano e o nexo de causalidade. Denominada objetiva ou teoria do risco, tem como postulado que todo
dano é indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade,
independentemente de culpa. No CC brasileiro a responsabilidade subjetiva subsiste como regra
necessária (art. 186), sem prejuízo da adoção da responsabilidade objetiva, em dispositivos vários e
esparsos (art. 927, parágrafo único, p. ex.).

16. Promessa de fato de terceiro e contrato com pessoa a declarar não se confundem. Naquela, o
contratante promete fato próprio, mas eventual e alternativamente fato de terceiro com o efeito
de que, se a declaração de nomeação for válida, o nomeado não pode legitimamente recusar-se
ao cumprimento. Neste, há obrigação tão somente para o promitente de obter de terceiro uma
declaração ou prestação. [FALSO]
Obs.: Ao contrário. Promessa de fato de terceiro e contrato com pessoa a declarar não se confundem.
NESTE (pessoa a declarar), o contratante promete fato próprio, mas eventual e alternativamente fato
de terceiro com o efeito de que, se a declaração de nomeação for válida, o nomeado não pode
legitimamente recusar-se ao cumprimento. NAQUELA (promessa de fato de terceiro), há obrigação
tão somente para o promitente de obter de terceiro uma declaração ou prestação.
17. No instituto da promessa de fato de terceiro há duas faces sequenciais e sucessividade de
devedores. [VERDADEIRO]
Obs.: Fases do instituto da promessa de terceiro (cada uma das fases o devedor é um):
➢ Constituição (formação): quando o instituto está sendo constituído/formado, o devedor é o
promitente (aquele que fez a promessa).
➢ Execução: Após o promitente ser liberado da obrigação, o terceiro será o novo devedor (devedor
sucessório).
Sucessividade de devedores:
➢ na 1ª fase (constituição/formação): o devedor é o promitente.
➢ na 2ª fase (execução): o devedor será o terceiro.

18. As opções de rescisão do contrato ou de abatimento proporcional do preço somente ocorrem


quando a evicção for parcial e considerável, ficando a escolha critério do evicto.
[VERDADEIRO]
Obs.: Evicção parcial e considerável (art.455, CC)
➢ opções do evicto: rescisão do contrato ou restituição proporcional;
Ex.: Edgard vende um terreno rural para Jander. Jander teve uma perda parcial do terreno para um
terceiro reivindicante. Se essa parte perdida for considerável, o que Jander pode fazer???
Ele poderá rescindir o contrato com Edgard, devido à reivindicação do terceiro; ou, Jander
poderá solicitar a Edgard uma restituição proporcional àquela parte do terreno perdido.
➢ se a evicção parcial não for considerável, o evicto terá apenas direito a indenização.
O que se entende por perda considerável??? Não se pode olhar apenas a extensão da coisa perdida,
mas também a sua utilidade. Deve-se observar, se com aquela perda, o adquirente teria adquirido
aquele bem remanescente
Ex.: Edgard vendeu para Luigi, um terreno de 1 (um) milhão de metros quadrados. Luigi veio a perder
uma área de 30 mil metros quadrados. Se olharmos apenas no sentido da extensão da coisa perdida,
diríamos que a perda não foi considerável. Porém, imaginemos que aquela área perdida tinha o melhor
terreno para plantio, possuía uma nascente de água e era o local da construção sede daquele terreno;
então, a utilidade daquela parte de 30 mil metros quadrados perdida, foi considerável.
Obs.: A Lei não prescreve a respeito da perda considerável, logo, a índole é subjetiva, pois o legislador
outorga ao juiz o exame do caso concreto, para que ele possa concluir se houve, ou não, perda
considerável.
CONCLUSÃO: Se a perda NÃO for considerável, o evicto (Jander, no exemplo anterior), só terá
direito a indenização proporcional. Se o juiz chegar à conclusão de que a perda foi parcial, porém
considerável, o evicto terá direito a duas opções: ou rescindir o contrato, ou pleitear (pedir) a
indenização proporcional.

19. Evicção. A responsabilização do alienante depende de cláusula contratual, porquanto não se lhe
pode impor dever indenizatório que não tenha sido previsto na convenção. [FALSO]
Obs.: Responsabilidade
Essa responsabilidade pela evicção prescinde (dispensa) previsão contratual, pois é um elemento
natural de um contrato (naturalia negotii).
➢ Quando se adquire algo através de um contrato oneroso não há necessidade de uma cláusula
contratual dizendo que quem vende responde pelos riscos da evicção, pois essa responsabilidade
do alienante decorre da Lei (ex lege).
Obs.: accidentalia negotii (elemento acidental): cláusula contratual que modifica o que é natural de um
contrato.
naturalia negotii (elemento natural): aquele que é próprio, comum, natural de um contrato, pois
dispensa cláusula convencional.

20. O regime de bens do casamento do promitente poderá interferir no seu dever indenizatório em
favor do credor, quando não houver assunção da obrigação pelo terceiro. [VERDADEIRO]
Obs.: O promitente não responderá por perdas e danos quando:
➢ se o terceiro assumir a obrigação, mas não a cumprir;
Ex.: Voltando ao exemplo anterior, Edgard não prometeu transportar os produtos de Fábio. O que
Edgard prometeu foi que um terceiro (Alder) iria transportar tais produtos. Logo, a partir do
momento em que o terceiro assume a obrigação, o promitente está livre da obrigação. Ou seja, se
Alder (terceiro) tivesse assumido de fazer o transporte, Edgard (promitente) estaria livre da sua
obrigação.
Dessa forma, com Edgard (promitente) livre da obrigação, o “responsável devedor” passa a ser
Alder. Então, a partir de agora, Alder será o responsável se não cumprir a sua obrigação de fazer o
transporte pra Fábio.
➢ se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado,
e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre
os seus bens.
Portanto, existem alguns atos que, para serem praticados, necessitam da anuência
(concordância/autorização) do cônjuge, a não ser que o regime da união entre eles seja o da
separação absoluta de bens. (vide art. 1.647, CC).
Art. 1.647. [...] nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, [...]:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.

Ex.: Edgard (promitente) promete a João (credor) que sua esposa (terceira) iria dar anuência para vender uma
casa a ele. Posteriormente, a esposa de Edgard não autorizou a venda da casa para João.
João já possuía um investimento que venceria apenas em 2022. Então, João antecipou e resgatou esse
investimento, pois imaginava que a casa seria vendida para ele. Em razão disso, João teve um prejuízo de
R$3.500,00.
A regra geral seria que, como Edgard (promitente) não cumpriu a promessa, pois a sua esposa (terceira)
não concordou com a venda da casa e por isso não autorizou a venda. Logo, Edgard deveria indenizar João
sobre o prejuízo que ele teve. PORÉM, nesse caso, Edgard NÃO precisará indenizar João. Pois, caso Edgard
fosse indenizar João pelos R$3.500,00, a esposa do Edgard também estaria pagando metade do prejuízo
(R$1.750,00). Por isso se diz que a esposa, como terceiro, é res inter alios da relação jurídica, ou seja, não é
parte no contrato. Logo, João ficaria com o prejuízo.

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