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2020-2021

Física
(Engenharia Mecânica)

Componente de laboratório | Docente: J. Bernardino Lopes

Tratamento de dados

1 Erros nas medições


1.1 Erros de leitura nas medições diretas
O erro de leitura de uma medida individual
Quando se efectua uma única medição de uma grandeza física, o valor obtido é afectado
por um erro que depende da escala do instrumento de medida utilizado. Esse erro é
designado por erro de leitura e representa o limite superior da incerteza na medida.
Conforme o tipo de escala do instrumento utilizado temos um erro de leitura que se
determina da seguinte forma:
 Regra geral, o erro de leitura de uma escala contínua (isto é, com uma variação
contínua de valores), como a de uma régua, dinamómetro ou multímetro analógico, é
igual a metade da menor divisão dessa escala (Ex.: O erro de leitura de um
comprimento usando uma régua graduada em milímetros é de 1 mm/2=0,5 mm).
 O erro de leitura de uma escala digital (escala discreta), como a de um cronómetro
ou multímetro digital, é dado pelo menor valor que é possível ler nessa escala (salto
entre dois valores digitais sequenciais)

1.2 Erros acidentais resultantes da medição


Calculo do valor médio

Cálculo do valor médio dos desvios em relação à média (ou desvio médio) como a média
aritmética do valor absoluto dos diversos desvios

2. Registo dos dados em tabela


A tabela de registo de dados é um quadro que lista as medidas efetuadas e permite uma
consulta clara e fácil dos dados. Existem naturalmente várias formas de apresentar essa
tabela, no entanto apresentaremos aquela que dum modo geral é aceite nas publicações e
trabalhos científicos.
Em qualquer caso para uma medida estar completa deve registar-se os seguintes
elementos: (i) o valor da medição, (ii) a incerteza associada e (iii) a unidade em que foi
mediada. Depois e para memória futura (um análise diferente de resultados ou
testar/eliminar hipóteses de trabalho) deve anotar-se as circunstâncias ou anomalias em que
o ensaio experimental foi realizado.
Tabela 1: Valores experimentais obtidos da queda de um objeto

t/s x/cm t2 x/t cm/s x/t2 cm/s2


±0,001 ±0,1
0,440 94,5 0,194 215 488
0,427 88,6 0,182 208 486
0,400 77,8 0,160 194 486
0,321 49,3 0,103 153 478
0,300 44,0 0,090 147 489
0,277 37,6 0,077 136 490
0,252 31,2 0,064 124 491
0,233 26,7 0,054 115 492
0,180 15,8 0,032 88 489
0,150 10,8 0,023 72 480

3. Representação gráfica dos resultados


O estudo de uma grandeza em função de outras pode ser feito qualitativamente recorrendo
ao traçado de gráficos. Se os gráficos forem bem construídos é inclusive um estudo
quantitativo. Os gráficos podem ser construídos a partir de relações funcionais conhecidas
de um conjunto de dados experimentais em que uma ou duas variáveis são conhecidas com
um dado erro.
O interesse dos gráficos é múltiplo. Mencionemos algumas vantagens:
 visualização de como uma grandeza depende de outra, evidenciando se é uma
relação linear ou não, se a variação é lenta ou rápida, se existem descontinuidades e
possivelmente as oscilações de comportamento dos valores experimentais;
 permite a determinação de valores intermédios de uma das grandezas para um dado
valor da outra, sem termos de recorrer a novas medições ou cálculos.
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
x/cm

50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0000,0500,1000,1500,2000,2500,3000,3500,4000,4500,500
t/s

Figura 1: Gráfico x<>t dos valores experimentais da tabela 1 da queda de um objeto


4. Determinação do erro na constante da relação linear de duas grandezas.
Primeiro passo:
Nas relações não-lineares torna-se necessário realizar uma transformação de variáveis
oportuna, de forma a obter uma relação linear, isto é cujo gráfico pode ser expressou reta.
A equação será do tipo: y=mx+b
Segundo passo:
A incerteza no ajuste linear pode ser visualizada pelas retas extremas, que cruzando todas
as barras de erro, englobam todas as soluções possíveis para o sistema. As retas extremas,
uma de inclinação máxima mmax e outra de inclinação mínima mmin, permitem determinar,
com elevada precisão, os valores da melhor reta (ver figura 2),
Terceiro passo
Determinar valor declive de cada reta extrema calculada a partir das coordenadas de dois
pontos (1 e 2) escolhidos nos extremos, mmax e mmin:
𝑦2𝑚𝑎𝑥 − 𝑦1𝑚𝑎𝑥 𝑦2𝑚𝑖𝑛 − 𝑦1𝑚𝑖𝑛
𝑚𝑚𝑎𝑥 = ; 𝑚 𝑚𝑖𝑛 =
𝑥2𝑚𝑎𝑥 − 𝑥2𝑚𝑎𝑥 𝑥2𝑚𝑖𝑛 − 𝑥2𝑚𝑖𝑛
Quarto passo:
Determinar o valor de m, de b e as respetivas incertezas associadas, ∆m e ∆b
𝑚𝑚𝑎𝑥 +𝑚𝑚𝑖𝑛 𝑏𝑚𝑎𝑥 +𝑏𝑚𝑖𝑛
𝑚= 𝑏=
2 2

𝑚𝑚𝑎𝑥 −𝑚𝑚𝑖𝑛 𝑏𝑚𝑎𝑥 −𝑏𝑚𝑖𝑛


∆𝑚 = ∆𝑏 =
2 2
100,0

90,0

80,0

70,0

60,0
x/cm

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2 0,22
t2 / s2

Figura 2: Gráfico x<>t2 dos valores experimentais da tabela 1 da queda de um objeto. As duas retas
extremas permitem determinar o declive da melhor reta com a respetiva incerteza associada.

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