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Encerramento anual de

contas
UFCD: 0574

Carla Sampaio
Data:14/07/2020

(PROGRAMA: PROGRAMA OPERACIONAL INCLUSÃO SOCIAL E EMPREGO - TIPOLOGIA 1.08 – FORMAÇÃO


MODULAR PARA EMPREGADOS E DESEMPREGADOS – CANDIDATURA N.º POISE-01-3524 – FSE- 002028)

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de


formação de curta duração nº 0574 - Encerramento anual de contas, de
acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Índice

Objetivos.....................................................................................................................................3

Conteúdos..................................................................................................................................4

Introdução...................................................................................................................................5

Capítulo 1 - Regularização de contas para apuramento dos resultados...........................6

Capítulo 2 - As NCRF e a prestação de contas..................................................................29

Bibliografia................................................................................................................................35
Objetivos

 Executar lançamentos de regularização de contas para apuramento dos


resultados.

 Identificar os documentos relacionados com a prestação de contas.

 Aplicar NCRF – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro.


Conteúdos

 Regularização de contas para apuramento dos resultados

 As NCRF e a prestação de contas


Introdução

Os registos contabilísticos andaram sempre de mãos dadas com a atividade


económica. A contabilidade terá nascido com o surgimento da vida económica
organizada.

Nasceu pela necessidade de registar o património e as transações. As suas origens


remontam a 4.000 anos A.C., à civilização Suméria. A técnica das partidas dobradas
tem mais de 500 anos.

A contabilidade é uma linguagem do mundo dos negócios. Eis, algumas das


definições mais divulgadas:

Martim Noel Monteiro:


“A contabilidade define-se como a ciência e a técnica que estuda e mede a riqueza
administrada e os efeitos da administração sobre a mesma”.

Jaime Lopes de Amorim:


“A contabilidade tem por fim a análise da situação económica e financeira da empresa
através do exame da composição qualificativa e valorativa do respetivo património,
relevada por processos metodológicos”.

Armandino Rocha:
“A contabilidade é a ciência do equilíbrio patrimonial”.
Capítulo 1 - Regularização de contas para
apuramento dos resultados

As contas do Ativo, Passivo e Capital Próprio são contas do Balanço, que é elaborado
com as contas das classes 1 a 5 com a conta 81 – Resultado líquido do período.

As contas de resultados abrangem as contas das classes 6 – Gastos, 7 –


Rendimentos e 8 – Resultados.

A conta 818 – Resultado líquido é, simultaneamente, uma conta do Balanço e uma


conta de resultados, correspondendo ao resultado algébrico de várias contas de
resultados.

A demonstração dos resultados por natureza consiste num quadro que evidencia as
componentes negativas (Gastos) e positivas (Rendimentos) do resultado relativo a um
exercício económico. O resultado apurado traduz o desempenho da gestão na
utilização dos recursos nesse período.

Trata-se de um quadro que contém informação reportada a um determinado período


que medeia entre dois Balanços. No apuramento do resultado líquido do período,
considera-se o resultado operacional e o resultado financeiro. Deixa de haver
resultados extraordinários e substitui-se o resultado líquido do exercício pelo resultado
do período, devido ao facto de as empresas cotadas em bolsa apurarem e divulgarem
resultados intercalares.

Gastos

São diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma


de exfluxos ou deperecimento de ativos, ou na incorrência de passivos que resultem
de diminuições do Capital próprio que não sejam relacionadas com distribuições aos
participantes no Capital próprio.

A designação de custos (POC) passa a gastos. Deixam de existir contas de custos


extraordinários.

Rendimentos
São aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma
de influxos ou aumentos de ativos, ou diminuições de passivos que resultem em
aumentos no Capital próprio que não sejam os relacionados com as contribuições dos
participantes do Capital próprio.

O SNC refere a Demonstração dos resultados por funções. A apresentação é feita


com o método da função do gasto, classificando os gastos de acordo com a sua
função como parte do custo das vendas, de distribuição ou de administração. Trata-se
de uma fonte de informações mais pormenorizada do que a demonstração de
resultados por natureza.

A entidade no decurso da atividade procura acrescentar valor aos recursos que


pertencem aos seus proprietários, isto é, procura aumentar o valor do seu capital
próprio.

As duas principais formas de aumentar o capital próprio são:

• Através de transferências dos proprietários

• Gerando novos recursos a partir da atividade desenvolvida

Como facilmente se percebe só a segunda é mérito de quem gere o património.

Por vezes em vez de aumentar o valor do património diminui de duas maneiras


principais:

• Distribuindo recursos aos proprietários

• Diminuindo recursos através da atividade

Facilmente se percebe que só a segunda é demérito de quem gere o património.


A necessidade de avaliar o mérito ou demérito de quem gere o património obriga a
contabilidade a considerar uma terceira massa patrimonial constituída exclusivamente
por elementos patrimoniais abstratos (ao contrário do ativo e do passivo que incluem
elementos patrimoniais concretos).

Os elementos do capital próprio representam diferentes variações do valor do


património.

Os três principais elementos em que se divide o capital próprio são os seguintes:

• Capital (ou variações do capital próprio resultantes de contribuições dos


proprietários)

• Resultado do período (ou variações do capital próprio no período resultantes do


desempenho da gestão)

• Reservas (ou variações do capital próprio resultantes do desempenho da


gestão em períodos anteriores ainda não distribuídos aos proprietários)

A contabilidade avalia o resultado do período comparando os aumentos do capital


próprio no período não relacionados com contribuições dos proprietários, que
designaremos por rendimentos do período, com as diminuições do capital próprio
ocorridas no mesmo período não relacionadas com distribuições aos proprietários,
que designaremos por gastos do período, isto é,

Resultado do período = Rendimentos do período – Gastos do período

Sobre a definição de rendimentos e gastos ver parágrafo 69 da EC do SNC e sobre o


princípio da não compensação dos rendimentos e gastos ver ponto 2.6 das Bases
para a apresentação das demonstrações financeiras (BADF) do SNC.

A correta avaliação do resultado de uma entidade num determinado período está


muito dependente de uma adequada segmentação temporal das operações
(aplicação rigorosa do regime de acréscimo referido anteriormente) e do correto
balanceamento (reconhecimento no mesmo período) entre rendimentos e gastos.

Sobre o balanceamento de rendimentos e gastos ver parágrafo 19 da NCRF 20 -


Rédito.

Principais lançamentos de regularização

Existe no trabalho contabilístico, um conjunto de tarefas específicas relacionadas com


o encerramento de contas no final de cada exercício económico anual (ou período de
relato no caso de ser inferior ao exercício económico anual).

O trabalho de fim de exercício envolve normalmente:

• Lançamentos de regularização

• Lançamentos de apuramento dos resultados antes de impostos

• Registo da estimativa de imposto sobre o rendimento

• Lançamento de apuramento do resultado líquido do período

• Elaboração das demonstrações financeiras

Os lançamentos de regularização enquadram-se no trabalho de fim de período e


visam regularizar os saldos de certas contas que não refletem a verdadeira situação
patrimonial da entidade no final de cada exercício.

Relacionados com caixa

O CC do SNC contempla a existência de duas contas para o registo das diferenças de

câmbio:

• 692 Diferenças de câmbio desfavoráveis


– 6921 Relativas a financiamentos obtidos

– 6928 Outros

• 7861 Diferenças de câmbio favoráveis

Daqui parece poder indiciar-se que a segunda se reporta às diferenças de câmbio


favoráveis associadas a operações do ciclo de investimento da entidade e que a
primeira respeita às diferenças de câmbio desfavoráveis associadas às operações do
ciclo de financiamento.

Não considerou o legislador a previsão de contas relativas às diferenças de câmbio


desfavoráveis associadas a operações do ciclo de investimento, nem às diferenças de
câmbio favoráveis associadas a operações do ciclo de financiamento, nem qualquer
conta respeitante às diferenças de câmbio (favoráveis e desfavoráveis) associadas às
operações do ciclo de exploração (operacional).

Tendo sido detetada a lacuna acima referida e mostrando-se necessário clarificar o


modo de a superar, entende a CNC que, para registo daquelas operações, podem ser
criadas as seguintes contas:

• Para o ciclo de investimento

– 6863 Diferenças de câmbio desfavoráveis

• Para o ciclo de exploração (operacional)

– 6887 Diferenças de câmbio desfavoráveis

– 7887 Diferenças de cambo favoráveis

• Para o ciclo de financiamento (a abordar na contabilidade financeira II)

– 793 Diferenças de câmbio favoráveis


Diferenças cambiais desfavoráveis em valores em caixa

6887 Diferenças de câmbio desfavoráveis

a 11 Caixa

Diferenças cambiais favoráveis em valores em caixa

11 Caixa

a 7887 Diferenças de câmbio favoráveis

Relacionados com depósitos bancários

Acréscimo de rendimentos relativo a juros de depósitos (juros credores)

2721 Devedores por acréscimos de rendimentos

a 7911 Juros obtidos - De depósitos

Diferimento de rendimentos relativo a juros de depósitos (juros credores)

12/13 Depósitos à ordem/Outros depósitos bancários

241 Imposto sobre o rendimento

a 282 Rendimentos a reconhecer

a 7911 De depósitos

P/ recebimento de juros com especialização de rendimentos (data da operação)

Ou

12/13 Depósitos à ordem/Outros depósitos bancários

241 Imposto sobre o rendimento

a 7911 De depósitos
P/ recebimento de juros (data da operação)

7911 De depósitos

a 282 Rendimentos a reconhecer

P/ parte dos juros a reconhecer como rendimento no período seguinte (fim de


período)

Este diferimento só se aplica aos depósitos com juros recebidos antecipadamente (ou
juros recebidos à cabeça).

Diferenças cambiais desfavoráveis em depósitos bancários

6863 Diferenças de câmbio desfavoráveis

a 11/12/13 Caixa/Depósitos à ordem/Outros depósitos bancários

Diferenças cambiais favoráveis em depósitos bancários

11/12/13 Caixa/Depósitos à ordem/Outros depósitos bancários

a 7861 Diferenças de câmbio favoráveis

Relacionados com inventários

Apuramento do Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas


(CMVMC) no Sistema de Inventário Intermitente

Hipótese 1 – Com cálculo prévio

Cálculo prévio do CMV (conta 611) e/ou do CMC (conta 612) através da fórmula
seguinte:

CMVMC = Si + CL +/- RI - Sf

Em que:
Si = Saldo inicial (conta 32 e 33)

CL = Compras líquidas (contas 311, 312, 317 e 318)

RI = Regularização de inventários (conta 382 e 383)

Sf = Saldo final (por contagem física no final do exercício, considerando


eventuais mercadorias em trânsito e em poder de terceiros)

Transferência das compras líquidas

317 Devoluções de compras

318 Descontos e abatimentos em compras

321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…)

a 311/312 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

Transferência das regularizações de inventários

382/383 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

a 321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…)

Ou

321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…)

a 382/383 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

Registo do CMV/CMC

611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo


a 321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…)

Hipótese 2 – Sem cálculo prévio

Transferência dos saldos iniciais de mercadorias e matérias

611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

a 321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…) (*)

Transferência das compras líquidas

317 Devoluções de compras

318 Descontos e abatimentos em compras

611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

a 311/312 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

Transferência das regularizações de inventários

382/383 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

a 611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

P/ transferência das regularizações negativas (saldos credores)

Ou

611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

a 382/383 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

P/ transferência das regularizações positivas (saldos devedores)


Reconhecimento dos saldos finais de mercadorias e matérias

321/331/332/333/334 Armazém/Matérias-primas/(…) (*)

a 611/612 Mercadorias/Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

(*) Utilizar as subcontas 325 Mercadorias em trânsito, 326 Mercadorias em poder de


terceiros e 335 Matérias em trânsito no caso de bens em trânsito e em poder de
terceiros.

Variações nos inventários da produção no SII

Hipótese 1 – Com cálculo prévio

Cálculo prévio das variações nos inventários da produção (conta 73) através da
fórmula seguinte:

VIP = Sf – (Si +/- RI)

Em que:

Sf = Saldo final (por valorização no final do exercício, considerando eventuais


inventários em poder de terceiros)

Si = Saldo inicial (contas 34, 35 e 36)

RI = Regularização de inventários (contas 384, 385 e 386)

Transferência das regularizações de inventários

384/385/386 Regularização de inventários

a 34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)


Ou

34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 384/385/386 Regularização de inventários

Registo das variações nos inventários da produção

34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

P/ variações positivas

Ou

731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)

P/ variações negativas

Hipótese 2 – Sem cálculo prévio

Transferência dos saldos iniciais

731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)

Transferência das regularizações de inventários

384/385/386 Regularização de inventários

a 731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

Ou
731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 384/385/386 Regularização de inventários

Reconhecimento dos saldos finais

34/35/36 Produtos acabados e intermédios/(…)

a 731/732/733 Produtos acabados e intermédios/(…)

Mensuração dos inventários (ver parágrafo 9 da NCRF 18)

Os inventários devem ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois
o mais baixo.

Custo dos inventários (ver parágrafo 10 da NCRF 18)

O custo dos inventários inclui:

• Custos de compra (ver parágrafo 11 da NCRF 18)

• Custos de conversão (ver parágrafos 12 a 14 da NCRF 18)

• Outros custos para colocar os inventários no seu local e na sua condição atuais
(ver parágrafos 15 a 17 da NCRF 18)

Valor realizável líquido (ver parágrafos 6, 7 e 28 a 33 da NCRF 18)

É o preço de venda estimado no decurso ordinário da atividade empresarial menos os


custos estimados de acabamento e os custos estimados necessários para efetuar a
venda.

O custo dos inventários, tal como definido anteriormente, pode não ser recuperável:
se estiverem danificados ou obsoletos ou se os preços de venda diminuíram.
Então o seu custo deve reduzir-se para o seu valor realizável líquido.

Perdas por imparidade em inventários

Se à data de fecho das contas, o custo for superior ao valor realizável líquido, a
diferença deve ser reconhecida como gasto.

Se à data de fecho das contas, existirem em inventário, bens sobre os quais foram
feitos ajustamentos para o valor realizável líquido (VRL) no fim do período anterior:

• Se VRL se mantiver, não há que fazer qualquer ajustamento

• Se VRL do fim deste período for inferior ao VRL do fim do período anterior,
reforça-se o ajustamento

• Se VRL do fim deste período for superior ao VRL do fim do período anterior:

– Mas continuar inferior ao custo: procede-se à respetiva reversão, pela diferença


entre o VRL do fim deste período e o VRL do fim do período anterior

– Mas se ficar superior ao custo: procede-se à respetiva reversão, pela diferença


entre o VRL do fim do período anterior e o custo do bem

652 Perdas por imparidade - Em inventários

a 3X9 Perdas por imparidade acumuladas

P/ reconhecimento/reforço de perdas por imparidade em inventários

3X9 Perdas por imparidade acumuladas

a 7622 Ajustamentos em inventários

P/ reversão de perdas por imparidade em inventários


Na venda de inventários cujo custo foi ajustado para o valor realizável líquido, o gasto
a reconhecer na conta 61 é o valor realizável líquido.

Neste caso, no SIP, para além da venda devemos registar anulação da perda por
imparidade nos inventários e a saída dos bens do armazém agora pelo valor
realizável líquido.

Por exemplo, no caso de venda de mercadorias com perda por imparidade


reconhecida, temos:

329 Perdas por imparidade acumuladas

a 321 Armazém (*)

P/ anulação das perdas por imparidade em mercadorias

611 Mercadorias

a 321 Armazém (*)

P/ saída de mercadorias do armazém (pelo valor realizável líquido)

(*) Caso os bens estejam em poder de terceiros (por exemplo, bens à consignação) a
contrapartida é a subconta 326 Mercadorias em poder de terceiros.

No SII a anulação das perdas por imparidade acumuladas relativamente a


mercadorias já vendidas deve-se fazer no final do exercício antes dos lançamentos
referentes ao apuramento do custo da mercadoria vendida. O saldo inicial destas
mercadorias será, para efeitos do apuramento do custo das mercadorias vendidas, o
valor realizável líquido.

Acréscimos e diferimentos em vendas e prestações de serviços

Diferimento de rendimentos relativo a vendas e prestações de serviços

211 Clientes c/c

a 2433 IVA - Liquidado


a 282 Rendimentos a reconhecer

a 71/72 Vendas/Prestações de serviços (sem retenção na fonte)

P/ vendas/prestações de serviços com especialização de rendimentos (data da


operação)

Ou

211 Clientes c/c

a 2433 IVA - Liquidado

a 71/72 Vendas/Prestações de serviços (sem retenção na fonte)

P/ Vendas/prestações de serviços (data da operação)

71/72 Vendas/Prestações de serviços

a 282 Rendimentos a reconhecer

P/ parte do rendimento a reconhecer no período seguinte (fim de período)

Acréscimo de rendimentos relativo a vendas e prestações de serviços

Devedores por acréscimos de rendimentos

a 71/72 Vendas/Prestações de serviços

Relacionados com aquisição de bens consumíveis e serviços

Diferimento de gastos com bens consumíveis e/ou serviços

281 Gastos a reconhecer

62X Fornecimentos e serviços externos


2432 IVA - Dedutível

a 11/12/221 Caixa/Depósitos à ordem/Fornecedores c/c

P/ aquisição com especialização de gastos (data da operação)

Ou

62X Fornecimentos e serviços externos

2432 IVA - Dedutível

a 11/12/221 Caixa/Depósitos à ordem/Fornecedores c/c

P/ aquisição (data da operação)

281 Gastos a reconhecer

a 62X Fornecimentos e serviços externos

P/ parte do gasto a reconhecer no período seguinte (fim de período)

Acréscimo de gastos com bens consumíveis e/ou serviços

62X Fornecimentos e serviços externos

a 2722 Credores por acréscimos de gastos

Relacionados com dívidas de clientes e dívidas a fornecedores

Perdas por imparidade em dívidas a receber de clientes

Quando surgir uma incerteza acerca da cobrabilidade de uma quantia já incluída no


rédito, a quantia incobrável ou a quantia cuja recuperação tenha cessado de ser
provável é reconhecida como gasto (imparidade em dívidas a receber) e não como
um ajustamento da quantia do rédito originalmente reconhecido (ver parágrafo 18 da
NCRF 20).
Perda por imparidade é o excedente da quantia escriturada de um ativo em relação à
sua quantia recuperável.

As perdas por imparidade anuais serão registadas nas contas 6511 Perdas por
imparidade - Em dívidas a receber - Clientes, e as suas reversões (quando deixarem
de existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas contas 76211
Reversões de perdas por imparidade - Em dívidas a receber – Clientes.

Reconhecimento/reforço de perdas por imparidade em dívidas a receber de clientes

6511 Perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Clientes

a 219 Perdas por imparidade acumuladas

Reversão da perda por imparidade em dívidas a receber de clientes

219 Perdas por imparidade acumuladas

a 76211 Reversões – De perdas por imparidade – Em dívidas a receber –


Clientes

Caso se receba uma dívida com perda por imparidade reconhecida, temos:

219 Perdas por imparidade acumuladas

a 211 Clientes c/c

P/ anulação da perda por imparidade

11/12 Caixa/Depósitos à ordem

a 211 Clientes c/c

a 783 Recuperação de dívidas a receber (se valor recebido > valor líquido da
dívida)

P/ recebimento
Se uma dívida a receber com perda por imparidade reconhecida se tornar incobrável,
temos:

219 Perdas por imparidade acumuladas

a 211 Clientes c/c

P/ anulação da perda por imparidade

683 Dívidas incobráveis

2434 IVA - Regularizações (sendo possível a regularização do IVA)

a 211 Clientes c/c

P/ perda (caso a perda por imparidade não iguale o valor da dívida)

Caso se receba uma dívida considerada incobrável, temos:

11/12 Caixa/Depósitos à ordem

a 2434 IVA - Regularizações (caso tenha havido regularização de IVA


anteriormente)

a 783 Recuperação de dívidas a receber

Perdas por imparidade em adiantamentos a fornecedores

Podem também existir situações de imparidade resultantes de incertezas acerca da


recuperabilidade de valores respeitantes a adiantamentos a fornecedores (monetários
ou não monetários).
Tratando-se de adiantamentos não monetários, as perdas por imparidade acumuladas
poderão ser contabilizadas numa conta a criar 399 Perdas por imparidade
acumuladas, para manter a mesma lógica no desdobramento das restantes contas do
ativo.

Adiantamentos monetários

6512 Perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros devedores

a 229 Perdas por imparidade acumuladas

P/ reconhecimento/reforço de perdas por imparidade

229 Perdas por imparidade acumuladas

a 76212 Reversões – De perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros


devedores

P/ reversão da perda por imparidade

Adiantamentos não monetários

652 Perdas por imparidade – Em inventários

a 399 Perdas por imparidade acumuladas (a criar)

P/ reconhecimento/reforço de perdas por imparidade

399 Perdas por imparidade acumuladas (a criar)

a 7622 Reversões – De perdas por imparidade – Ajustamentos em inventários


P/ reversão da perda por imparidade

Quando se verificar o desreconhecimento dos créditos a que respeitam as


imparidades, as contas 229 e 339 serão debitadas por contrapartida das
correspondentes contas do ativo (conta 228, por exemplo).

Créditos sobre clientes e dívidas a fornecedores em moeda estrangeira

Se existirem créditos ou débitos em moeda estrangeira na data de balanço, estes


devem ser atualizados com base na taxa de câmbio desta data

Diferenças cambiais desfavoráveis em fornecedores e clientes

6887 Diferenças de câmbio desfavoráveis

a 211/221 Clientes c/c / Fornecedores c/c

Diferenças cambiais favoráveis em fornecedores e clientes

211/221 Clientes c/c / Fornecedores c/c

a 7887 Diferenças de câmbio favoráveis

Relacionados com gastos com o pessoal

Encargos com férias e gratificações


Os principais aspetos relacionados com os encargos com férias são:

• O trabalhador tem direito, em cada ano civil, a um período de férias retribuídas,


que se vence em 1 de janeiro;

• O direito a férias, em regra, reporta-se ao trabalho prestado no ano civil


anterior;

• Devem estimar-se os encargos com férias (período de férias, subsídio de


férias, contribuições para a Segurança Social) e contabilizá-los no período a
que respeitam, apesar de serem exigíveis apenas no exercício seguinte;

• A estimativa dos encargos com férias deve ter por base os salários em vigor à
data em que as férias serão gozadas e pagas.

Os principais aspetos relacionados com as gratificações são:

Os lucros das sociedades podem, mediante deliberação em Assembleia Geral de


sócios/acionistas, ser distribuídos aos detentores de capital e aos empregados.

• No caso dos empregados tais pagamentos assumem a forma de gratificações.

• Tal como os encargos com férias, estas gratificações a pagar deverão ser
reconhecidas, sempre que possível, nos gastos do exercício em que o serviço
foi prestado à entidade.

• A distribuição de lucros aos detentores do capital (sócios/acionistas) não


assume a forma de gratificação (os lucros pertencem aos detentores do capital
por direito) e, por conseguinte, deverá ser considerada como uma aplicação de
resultados.

631 Remunerações dos órgãos sociais

632 Remunerações do pessoal


a 2722 Credores por acréscimos de gastos

P/ estimativa das remunerações (encargos com férias ou gratificações)

635 Encargos sobre remunerações

a 2722 Credores por acréscimos de gastos

P/ estimativa das contribuições para a segurança social relativos a férias, subsídio de


férias e gratificações (se for caso disso)

Na contabilização subsequente do processamento dos encargos com férias e das


gratificações podem colocar-se duas hipóteses:

• Contabilizar o processamento como se não tivesse havido estimativa


(subcontas da conta 63 Gastos com o pessoal) e no fim do exercício regularizar
a estimativa pela diferença

• Contabilizar o processamento movimentando a débito a conta 272 Credores


por acréscimos de gastos (em substituição das subcontas da conta 63 Gastos
com o pessoal) regularizando de imediato eventuais diferenças (a refletir nos
gastos deste exercício) e no fim do exercício voltar a fazer a estimativa pelo
seu valor total 2.7.5.2. Perdas por imparidade em adiantamentos aos órgãos
sociais e ao pessoal

Podem também existir situações de imparidade resultantes de incertezas acerca da


recuperabilidade de valores relativos a adiantamentos aos órgãos sociais e ao
pessoal

6512 Perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros devedores

a 239 Perdas por imparidade acumuladas

P/ reconhecimento/reforço de perdas por imparidade

239 Perdas por imparidade acumuladas

a 76212 Reversões – De perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros


devedores
P/ reversão de perdas por imparidade

Quando se verificar o desreconhecimento do crédito a que respeita a imparidade, a


conta 239

será debitada por contrapartida da correspondente conta do ativo (conta 2321, por
exemplo).

Acréscimos e diferimentos relacionados com gastos com o pessoal

Diferimento de gastos com o pessoal

281 Gastos a reconhecer

63X Gastos com o pessoal

2432 IVA - Dedutível (se for aplicável)

a 11/12/22/23 Caixa/Depósitos à ordem/Fornecedores/Pessoal

P/ despesa com o pessoal com especialização de gastos (data da operação)

Ou

63X Gastos com o pessoal

2432 IVA - Dedutível (se for aplicável)

a 11/12/22/23 Caixa/Depósitos à ordem/Fornecedores/Pessoal

P/ despesa com o pessoal (data da operação)

281 Gastos a reconhecer

a 63X Gastos com o pessoal

P/ parte do gasto a reconhecer no período seguinte (data de balanço)

Acréscimo de gastos com o pessoal

63X Gastos com o pessoal


a 2722 Credores por acréscimos de gastos
Capítulo 2 - As NCRF e a prestação de contas

O organismo responsável pelo processo de normalização contabilística a nível


internacional é o IASB - International Accounting Standards Board. As duas principais
atribuições do IASB são desenvolver um conjunto de normas de contabilidade e de
relato financeiro e promover a sua aceitação e observância a nível mundial.

As normas emitidas pelo IASB designam-se genericamente por Normas Internacionais


de Contabilidade (NIC).

As NIC incluem as seguintes normas e respetivas interpretações:

• IAS – International Accounting Standards (Normas emitidas antes de 2001).

• SIC – Standings Interpretations Committee (Interpretações das IAS).

• IFRS – International Financial Reporting Standards (Normas emitidas depois de


2001).

• IFRIC – International Financial Reporting Interpretations Committee


(Interpretações das IFRS).

A União Europeia (UE), através do regulamento (CE) n.º 1606/2002 de 19 de Julho,


obrigou todas as empresas com títulos negociados num mercado regulamentado
(bolsa de valores) de qualquer Estado-membro a apresentar as suas contas
consolidadas de acordo com as NIC adotadas na UE (não necessariamente todas as
emitidas pelo IASB) a partir de 1 de Janeiro de 2005, deixando aos Estados-membros
a decisão de alargar a adoção das NIC a outros casos.

A este propósito importa referir que em Portugal, as empresas dos sectores não
financeiros com títulos negociados em bolsa (aquelas que estão apenas sujeitas à
supervisão da CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e que não
apresentem contas consolidadas, têm de apresentar as suas contas individuais de
acordo com as NIC adotadas na UE.

As empresas dos sectores financeiros com títulos negociados em bolsa (sujeitas à


supervisão conjunta da CMVM e do Banco de Portugal ou do Instituto de Seguros de
Portugal) que não apresentem contas consolidadas, devem prestar informação
financeira complementar de acordo com as NIC adotadas na EU (caso não
apresentem já as contas individuais de acordo com as NIC adotadas na UE por
imposição dos respetivos supervisores).

As entidades (dos sectores não financeiros) que não tenham títulos cotados em bolsa
podem optar por elaborar as respetivas contas consolidadas em conformidade com as
NIC adotadas na UE, desde que as suas demonstrações financeiras sejam objeto de
certificação legal das contas.

Finalmente, todas as empresas pertencentes aos grupos que, obrigatória ou


facultativamente, apresentem contas consolidadas podem optar por elaborar as
respetivas contas individuais de acordo com as NIC adotadas na UE (caso não
estejam a isso obrigadas), desde que as suas demonstrações financeiras sejam
objeto de certificação legal das contas.

Em consequência da aprovação do regulamento (CE) n.º 1606 de 19 de Julho, as NIC


adotadas na UE passaram a ser publicadas na íntegra em todas as línguas oficiais da
Comunidade, sob a forma de regulamento da Comissão, no Jornal Oficial das
Comunidades Europeias.

Neste momento as NIC adotadas na UE incluem:

• 29 IAS
• 11 SIC

• 12 IFRS

• 20 IFRIC

O organismo responsável pelo processo de normalização contabilística a nível


nacional é a CNC - Comissão de Normalização Contabilística. Ver regime jurídico de
organização e funcionamento da CNC aprovado pelo DL n.º 160/2009 de 13 de julho e
alterado pelo DL n.º 36-A/2011 de 9 de Março.

São várias as atribuições da Comissão de Normalização Contabilística (ver artigos 3.º


e 4.º do DL n.º 160/2009 de 13 de julho), donde se destaca a responsabilidade pela
emissão de normas contabilísticas e promoção das ações necessárias para que tais
normas sejam adequadamente aplicadas pelas entidades a elas sujeitas.

As principais normas emitidas pela CNC integram o Sistema de Normalização


Contabilística (SNC), aprovado pelo DL n.º 158/2009 de 13 de Julho, retificado pela
declaração de retificação n.º 67-B/2009 de 11 de Setembro e alterado pela lei n.º
20/2010 de 23 de Agosto, pelo DL n.º 36-A/2011 de 9 de Março e DL n.º 98/2015 de 2
de Junho, que o republica.

O SNC inclui normas para mico entidades, pequenas entidades, médias entidades e
grandes entidades e ainda para entidades do sector não lucrativo.

Consideram -se mico entidades aquelas que à data do balanço, não ultrapassem dois
dos três limites seguintes:

• Total do balanço: € 350 000;

• Volume de negócios líquido: € 700 000;


• Número médio de empregados durante o período: 10.

Consideram-se pequenas entidades aquelas que, não sendo mico entidades, à data
do balanço, não ultrapassem dois dos três limites seguintes:

• Total do balanço: € 4 000 000;

• Volume de negócios líquido: € 8 000 000;

• Número médio de empregados durante o período: 50.

Consideram-se médias entidades aquelas que, não sendo micro e pequenas


entidades, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites seguintes:
• Total do balanço: € 20 000 000;

• Volume de negócios líquido: € 40 000 000;

• Número médio de empregados durante o período: 250.

Grandes entidades são as entidades que, à data do balanço, ultrapassem dois dos
três limites anteriores.

Os limites anteriores reportam-se ao período imediatamente anterior, devendo,


quando
aplicável, observar -se as seguintes regras:
• Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam
ultrapassados dois dos três limites, as entidades deixam de poder ser
consideradas na respetiva categoria, a partir do terceiro período;

• As entidades podem novamente ser consideradas nessa categoria, caso


deixem de ultrapassar dois dos três limites nos dois períodos consecutivos
imediatamente anteriores.

O SNC inclui os seguintes instrumentos:


• Bases para a apresentação das demonstrações financeiras (BADF)

• Estrutura Conceptual (EC)


• Código de Contas (CC)

• Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)

• Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)

• Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-


PE)

• Normas Interpretativas (NI)

• Norma Contabilística para Micro entidades (NC-ME)

• Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Sector Não


Lucrativo (NCRF-ESNL)

Fazem parte do SNC 28 NCRF, 1 NCRF-PE, 1 NC-ME e 1 NCRF-ESNL.


O SNC não acolheu todas as NIC adotadas na UE.
Não incluindo as interpretações (SIC e IFRIC), são 41 as NIC adotadas pela UE (29
IAS e 12 IFRS).

São 11 as NIC não contempladas nas NCRF:


• IAS 26 - Contabilização e Relato dos Planos de Benefícios de Reforma

• IAS 29 - Relato financeiro em economias hiperinflacionárias

• IAS 33 - Resultados por ação

• IAS 34 - Relato financeiro intercalar

• IFRS 2 - Pagamento com base em ações

• IFRS 4 - Contratos de seguro

• IFRS 8 - Segmentos operacionais

• IFRS 10 - Demonstrações Financeiras Consolidadas

• IFRS 11 - Acordos conjuntos

• IFRS 12 - Divulgação de Interesses Noutras Entidades


• IFRS 13 - Mensuração pelo Justo Valor

Há 2 NCRF que fundem mais de uma NIC:


• NCRF 13 - Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em
associadas (IAS 28 - Investimentos em Associadas + IAS 31 - Interesses em
Empreendimentos Conjuntos)

• NCRF 27 - Instrumentos financeiros (IAS 32 - Instrumentos Financeiros:


Apresentação + IAS 39 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensuração + IFRS 7 - Instrumentos Financeiros: Divulgações)

A NCRF 26 - Matérias Ambientais não decorre de nenhuma norma internacional de


contabilidade.
Bibliografia

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC): www.cnc.min-financas.pt

• IAS / IFRS – Normas Internacionais de Contabilidade / Relato Financeiro, do


IASB: www.iasb.org

• Código das Sociedades Comerciais

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