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Insolvência

Direito (Universidade de Lisboa)

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Baixado por Helena Barata (helenabarata97@gmail.com)
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Direito da Insolvência

Insolvência traduz a situação daquele que está impossibilitado de cumprir as suas


obrigações, normalmente por ausência da necessária liquidez em momento determinado, ou
em certos casos porque o total das suas responsabilidades excede os bens de que pode dispor
para as satisfazer.

O direito da insolvência abrange as consequências resultantes da impossibilidade de


cumprimento pelo devedor das suas obrigações, designadamente:

• A situação do devedor;
• As medidas de conservação e a liquidez do seu património;
• Eventuais medidas de recuperação que venham a ser determinadas;
• A determinação e a graduação dos direitos dos credores;
• A satisfação dos direitos dos credores.

O direito da insolvência tem uma forte componente processual, dado que, por
necessidade de tutela dos direitos do devedor e dos credores envolvidos, é necessária a
intervenção do tribunal, coadjuvado pelos órgãos da insolvência.

O art.º 1º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas se inicia com a


definição do processo de insolvência como “um processo de execução universal que tem como
finalidade a satisfação dos credores pela forma prevista num plano de insolvência, baseado,
nomeadamente, na recuperação da empresa compreendida na massa insolvente, ou, quando tal
não se afigure possível, na liquidação do património do devedor insolvente e a repartição do
produto obtido pelos credores”.

A insolvência é um processo que visa a satisfação do direito de crédito sobre o


património remanescente do devedor, sendo consequentemente uma execução. É, no entanto,
uma execução com larga incidência de elementos declarativos, como a declaração de
insolvência, a oposição à insolvência e a verificação e graduação dos créditos.

Ao contrário do que sucede na execução singular, o processo de insolvência não se


destina à satisfação do direito individual de cada credor, mas antes visa o tratamento igualitário
de todos os credores do devedor, dado que a crise económica do devedor torna previsível que
nem todos os credores verão satisfeito o seu direito.

Através do processo de insolvência, efetua-se a reunião de todos os credores em


assembleia, para os quais se institui a administração do património do devedor através de um
administrador de insolvência que, sob a fiscalização do tribunal, procura obter a melhor
valorização possível desse património e proceder à sua repartição pelos credores em termos
igualitários.

A insolvência constitui uma execução genérica ou total, uma vez que abrange todo o
património do devedor e não apenas os bens necessários para fazer face a algum ou alguns
créditos determinados.

O processo de insolvência pode terminar, quer com a liquidação e repartição do produto


pelos credores, quer com a aprovação de um plano de insolvência que assegure outra forma de
satisfação aos credores, podendo passar pela recuperação da empresa compreendida na massa
insolvente.

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Direito da Insolvência

A insolvência constitui uma forma de execução para pagamento de quantia certa. O


rateio do património do devedor não é realizado em espécie, mas antes envolve normalmente
um processo de liquidação, destinado a converter em dinheiro os bens do insolvente.

O processo de insolvência, incluindo todos os seus incidentes, apensos e recursos, tem


carácter urgente e goza de precedência sobre todo o serviço ordinário do Tribunal. Em
consequência da sua natureza urgente, o processo de insolvência corre mesmo durante as férias
judiciais.

O valor da causa para efeitos do processo de insolvência é fixado pelo valor do ativo do
devedor indicado na petição inicial.

A situação de insolvência
A incapacidade de cumprimento pressupõe uma avaliação complexa podendo ser
realizada através de dois critérios principais:

• O critério do fluxo de caixa (cash flow): o devedor é insolvente logo que se torna
incapaz, por ausência de liquidez suficiente, de pagar as suas dívidas no momento
em que estas se vencem. Para este critério, o facto de o seu ativo ser superior ao
passivo é irrelevante, já que a insolvência ocorre logo que se verifica a
impossibilidade de pagar as dívidas que surgem regularmente na sua atividade. O
facto de não as pagar no momento do vencimento indicia claramente a sua
insolvência.
• O critério do balanço ou do ativo patrimonial (balance sheet ou asset): a insolvência
resulta do facto de os bens do devedor serem insuficientes para cumprimento
integral das suas obrigações.

Este critério pressupõe uma apreciação jurisdicional mais complexa, pois os bens do
devedor nem sempre são de avaliação fácil, podendo variar o seu preço em função de múltiplas
circunstancias, designadamente se a venda é realizada judicialmente ou extrajudicialmente, ou
se o estabelecimento do devedor é alienado como um todo ou são os seus bens vendidos
separadamente.

O critério da lei portuguesa


A insolvência definida como a impossibilidade de cumprimento das obrigações vencidas
pelo art.º 3º/1 CIRE sendo este critério principal definição da situação de insolvência, o que
implica a adoção do critério do fluxo de caixa. Não está em causa uma situação de
impossibilidade em sentido técnico-jurídico que importaria na extinção da obrigação (790º).

Em face da rejeição do critério do balanço, deve salientar-se que a insolvência


corresponde à impossibilidade de cumprimento pontual das obrigações e não à mera
insuficiência patrimonial, correspondente a uma situação líquida negativa.

A lei admite a aplicação em certos casos do critério do balanço. A insuficiência


patrimonial funciona como um critério acessório de definição de insolvência, aplicável às
pessoas coletivas e aos patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa singular
responda pessoal e ilimitadamente.

Assim, estas entidades podem ser declaradas insolventes em caso de o balanço


demonstrar a manifesta inferioridade do passivo em relação ao ativo, independentemente da
natureza do passivo em relação ao ativo, independentemente da natureza do passivo ou do
vencimento das obrigações.

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Direito da Insolvência

Permite-se assim, para efeitos de insolvência, em primeiro lugar, a consideração de


outros elementos identificáveis, mesmo que não constando do balanço. Em segundo lugar,
admite-se, consoante o que seja mais provável, a valorização da empresa, numa perspetiva de
continuidade, com a inclusão do valor going-concern, ou seja a avaliação em termos de mercado
da possibilidade de prossecução da atividade da empresa. Possibilita-se a não consideração no
passivo das dívidas que só tenham que ser pagas à custa de fundos distribuídos ou com base no
ativo sobrante, após serem satisfeitas ou acautelados os direitos dos credos. Visa-se, neste caso,
excluir as obrigações de reembolso que apenas se possam concretizar após a satisfação dos
credores sociais, como o reembolso do capital social ou estatutário e as prestações
complementares e acessórios.

À insolvência atual é ainda equiparada a insolvência iminente, no caso em que o devedor


se apresente à insolvência (art.º 3º/4).

Sujeitos passivos da declaração de insolvência


O elenco dos sujeitos passivos da insolvência consta do art.º 2º/1, que nos dá a seguinte
enumeração:

• Quaisquer pessoas singulares ou coletivas;


• A herança jacente;
• As associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais;
• As sociedades civis;
• As sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial à data do registo
definitivo do contrato pelo qual se constituem;
• As cooperativas, antes do registo da sua constituição;
• O estabelecimento individual de responsabilidade limitada;
• Quaisquer outros patrimónios autónomos.

Pode falar-se de uma personalidade insolvencial, que não coincide necessariamente


com a personalidade jurídica nem com a personalidade judiciaria em geral, já que é relativa
apenas à suscetibilidade de ser objeto de um processo de insolvência.

Em relação às pessoas singulares, elas podem ser sempre declaradas insolventes,


independentemente de serem ou não economicamente independentes, ou mesmo terem plena
capacidade jurídica. É, no entanto, sujeita a regras especiais, de que se destaca a possibilidade
de solicitar a exoneração do passivo restante (235ºss). As pessoas singulares sujeitas à
insolvência podem ou não ser empresários, sendo que a insolvência dos não empresários ou
titulares de pequenas empresas é sujeita igualmente a um regime especial (249ºss). Se a pessoa
singular for empresária, não há qualquer distinção entre o seu património privado e o
património da empresa, uma vez que todo o património do devedor, incluindo o privado,
responde pelas dívidas empresariais, sendo consequentemente abrangido pela insolvência.

Às pessoas coletivas abrange as associações e as fundações, mas também as sociedades


comerciais, as sociedades civis sob forma comercial, e as cooperativas. Em relação às pessoas
coletivas, a declaração de insolvência acarreta normalmente a sua dissolução, perdendo
posteriormente estas a personalidade jurídica com o encerramento da liquidação. No entanto,
após a dissolução da pessoa coletiva, e enquanto não estiver encerrada a liquidação, continua a
ser possível a declaração de insolvência.

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Direito da Insolvência

É igualmente considerada como sujeito passivo da declaração de insolvência a herança


jacente (2º/1 al. b), a qual pode ser assim declarada insolvente. Herança jacente é a que já foi
aberta, mas ainda não aceite nem declarada vaga para o Estado.

O art.º 10º/a) faz o processo continuar contra a herança e proíbe a sua divisão pelos
herdeiros até ao encerramento do processo, o que leva a que não haja lugar à habilitação de
herdeiros, podendo estes apenas requerer a suspensão do processo por cinco dias (10º/b). A lei
impede que assim que a aceitação de herança tenha com efeito a extinção da sua autonomia
patrimonial, prolongando esta até ao encerramento do processo, ao estabelecer
obrigatoriamente a sua indivisão.

Após a aceitação da herança tenha com efeito a extinção da sua autonomia patrimonial,
prolongando esta até ao encerramento do processo, ao estabelecer obrigatoriamente a sua
indivisão. Mesmo após a aceitação da herança por qualquer herdeiro, mantém-se a
possibilidade de declarar a sua insolvência, dado que esta constitui um património autónomo
sujeito a administração do cabeça-de-casal até à sua liquidação e partilha (2079º CC) e os
patrimónios autónomos estão genericamente sujeitos à insolvência. Já o herdeiro não poderá
naturalmente ser sujeito à insolvência pelas dívidas da herança, atenta a limitação da sua
responsabilidade às forças da herança. Conclui-se, por isso, que o sujeito passivo da insolvência
para efeitos do art.º 2º/1 al. b) não é em rigor a herança jacente, mas pura e simplesmente a
herança.

São considerados como sujeitos passivos de insolvência as associações sem


personalidade jurídica e as comissões especiais. As pessoas singulares que compõem respondem
ilimitadamente pelas dívidas que elas contraíram, mas como a sua responsabilidade é
subsidiária, a declaração de insolvência abrange antes diretamente estas entidades, sendo a
insolvência dos seus membros considerada como derivada.

No art.º 2º/1 al. d) como sujeitos passivos da insolvência as sociedades civis, que a nosso
ver também são pessoas coletivas, e que igualmente se dissolvem com a declaração de
insolvência.

As sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial que tenham iniciado
a sua atividade antes da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem estão
sujeitas à insolvência. Da mesma forma, as cooperativas, antes do registo da sua constituição
podem ser objeto de processo de insolvência.

Pode ser declarado insolvente o estabelecimento individual de responsabilidade


limitada. A insolvência do estabelecimento não deixará, porém, de o afetar igualmente
enquanto seu administrador, mesmo que ele tenha respeitado o princípio da separação
patrimonial.

Podem ser declarados insolventes quaisquer outros patrimónios autónomos (2º/1 al. h).
Nestes casos, em vez de o devedor ser objeto de um processo de insolvência geral, que abrange
universalmente o seu património, a insolvência é restrita a uma parte do seu património, sujeita
a um regime especial de responsabilidade por dívidas, o que legitima a que se fale em insolvência
especial ou particular.

Regimes especiais
O art.º 2º/2 vem excluir do regime comum da insolvência as pessoas coletivas públicas
e as entidades públicas empresariais. Para além disso, o referido regime não é aplicável às

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Direito da Insolvência

empresas do investimento que prestem serviços que impliquem a detenção de fundos ou de


valores mobiliários de terceiros e os organismos de investimento coletivo.

A exclusão total da aplicabilidade do CIRE ocorre quanto a pessoas coletivas públicas e


entidades públicas empresariais.

Em relação às entidades públicas de natureza empresarial, a extinção dessas entidades,


nos termos do art.º 36º do DL 133/2013, de 3 de outubro, é determinada por decreto lei, bem
como o subsequente processo de liquidação, não sendo aplicáveis as regras gerais sobre
dissolução e liquidação, não sendo aplicáveis as regras gerais sobre dissolução e liquidação de
sociedades, nem as relativas à insolvência e recuperação de empresas salvo na medida do
expressamente determinado por esse DL.

A massa insolvente
O âmbito e a função da massa insolvente encontram-se definidos no art.º 46º. Esta
abrange todo o património do devedor à data da declaração de insolvência, bem como os bens
e direitos que este adquira na pendencia do processo, só sendo, no entanto, os bens isentos de
penhora integrados na massa insolvente se o devedor voluntariamente os integrar e a
impenhorabilidade não for absoluta. Esta destina-se primordialmente à satisfação das dívidas
da própria massa insolvente (51º).

Em relação aos bens e direitos que compõem a massa insolvente, estes correspondem
em princípio à totalidade do património do devedor à data da declaração da insolvência (601º
CC).

No caso de o insolvente ser casado em regime de comunhão de bens ou adquiridos, a


massa insolvente compreende, não apenas os seus bens próprios, mas também a sua meação
de bens comuns (1696º CC). Podem nesse caso ambos os cônjuges se encontrar em situação de
insolvência, caso em que estes se podem apresentar simultaneamente à insolvência ou esta ser
requerida contra ambos (264ºss). No caso de o cônjuge do insolvente não ser parte no processo,
o mesmo adquire o direito de separar da massa insolvente os seus bens próprios e a sua meação
nos bens comuns (141º/1 b), podendo igualmente essa separação ser ordenada pelo juiz, a
requerimento do administrador da insolvência.

A classificação dos créditos


Dado que na situação de insolvência se verifica necessariamente um desequilíbrio entre
o ativo e o passivo do insolvente, importa determinar, não apenas quais os bens e direitos que
integram o seu ativo, mas também quais as obrigações que esse ativo pode vir a ser chamado a
satisfazer (passivo do insolvente).

A lei estabelece que a massa insolvente deve primordialmente satisfazer aqueles


créditos que são consequência da própria situação de insolvência (51º) pelo que apenas depois
destes estarem satisfeitos, é que se procede ao pagamento dos créditos cujo fundamento seja
anterior à própria situação de insolvência ou tenham sido adquiridos no decurso do processo
(46ºss).
Declaração de insolvência

Tempo

Créditos sobre a insolvência Dívidas da massa insolvente –


pagas em primeiro lugar
• Créditos privilegiados (2º)
• Créditos comuns (3º)
• Créditos subordinados (4º)

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Direito da Insolvência

Dívidas da massa insolvente


São consideradas dívidas da massa insolvente aquelas cujo fundamento reside na
própria situação de insolvência (art.º 51º).

• São consideradas como dívidas da insolvência as custas do próprio processo de


insolvência
• As remunerações do administrador de insolvência e as despesas deste e dos
membros da comissão de credores
• As dívidas emergentes dos atos de administração, liquidação e partilha da massa
• As dívidas resultantes da atuação do administrador da insolvência, ou do
administrador judicial provisório no exercício das respetivas funções.

A lei inclui ainda aquelas que:

• Resultem de contrato bilateral cujo cumprimento não possa ser recusado pelo
administrador da insolvência, salvo na medida em que se reporte a período anterior
à declaração de insolvência
• Resultem de contrato bilateral cujo cumprimento não seja recusado pelo
administrador de insolvência, salvo na medida correspondente à contraprestação já
realizada pela outra parte anteriormente à declaração de insolvência ou em que se
reporte a período anterior a essa declaração
• Resultem de contrato que tenha por objeto uma prestação duradoura, na medida
correspondente à contraprestação já realizada pela outra parte e cujo cumprimento
tenha sido exigido pelo administrador judicial provisório.
o Quando o administrador da insolvência exige o cumprimento dos contratos
celebrados pelo insolvente, seja porque decide não recusar o seu
cumprimento (102º/1 + 103º/3 e 5), seja porque a lei veda essa recusa
(105º/1 al. a) + 106º/1), é natural que a obrigação correspondente adquira
a natureza de dívida da massa, dado que na hipótese contrária a outra parte
se veria obrigada a realizar uma prestação, em ter qualquer garantia relativa
à realização da contraprestação.
• As que tenham por fonte o enriquecimento sem causa da massa insolvente
• A obrigação de prestar alimentos relativa a período posterior à data da declaração
de insolvência. Face à importância do crédito de alimentos para assegurar a
subsistência do respetivo credor, é natural que este seja qualificado como dívida da
massa, ainda que esta só tenha que o satisfazer em casos excecionais.

As dívidas da massa beneficiam de um regime mais favorável no pagamento (172º),


estas devem ser satisfeitas antes dos créditos sobre a insolvência, ocorrendo o pagamento na
data do respetivo vencimento. As dívidas da massa estão por isso sujeitas ao processo de
verificação e graduação de créditos, pelo que não têm de ser reclamadas (128º), podendo os
respetivos credores exigir diretamente o seu pagamento ao administrador da insolvência.

Créditos sobre a insolvência


São considerados créditos sobre a insolvência aqueles créditos sobre o insolvente que
tenham natureza patrimonial, ou sejam garantidos por bens integrantes da massa insolvente,
cujo fundamento seja anterior à declaração de insolvência (47º/1) e ainda aqueles cujos titulares
mostrem tê-los adquirido no decurso do processo.

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Direito da Insolvência

A distinção entre as categorias de créditos da insolvência, a que se refere o art.º 47º/4m


pode ser formulada da seguinte forma:

• Créditos garantidos são apenas aqueles que beneficiam de uma garantia real,
considerando-se como tal também os privilégios especiais. Abrangem assim, a
consignação de rendimentos, o penhor, a hipoteca e o direito de retenção.
• Créditos privilegiados são aqueles que beneficiam de privilégios creditórios gerais
(mobiliários ou imobiliários), os quais não constituem garantias reais por não
incidirem sobre coisas determinadas.
• Os créditos subordinados correspondem a uma nova categoria de créditos
enfraquecidos (48º), os quais são satisfeitos depois dos restantes créditos sobre a
insolvência.
• Os créditos comuns são aqueles que não beneficiam de garantia real, nem de
privilégio geral, e não são objeto de subordinação.

Nos termos do 173º, o pagamento dos créditos sobre a insolvência depende do seu
reconhecimento por sentença transitada em julgado.

• O pagamento dos créditos garantidos é efetuado após o pagamento das dívidas da


massa e depois de abatidas as correspondentes despesas, sobre o produto da
liquidação dos bens onerados, com garantia geral, respeitada a prioridade que lhes
caiba (174º)
• O pagamento dos créditos privilegiados é efetuado com base nos bens não afetos a
garantias reais prevalecentes, respeitando a sua prioridade e proporção dos seus
montantes (175º)
• Em seguida, há o pagamento aos credores comuns na proporção dos seus créditos,
se a massa for insuficiente para a satisfação integral (176º)
• Se ainda houver salvo, poderá ser efetuado o pagamento aos credores subordinados
(177º)

Créditos garantidos
Os créditos garantidos são aqueles cujos titulares beneficiem de garantias, reais, nelas
se incluindo os privilégios especiais, compreendendo não apenas o capital, mas também os juros
respetivos, até ao valor dos bens objeto da garantia. Entre estes encontram-se os que
beneficiem de consignação de rendimentos (656º CC), de penhor (666º CC), de hipoteca
(686ºCC), privilegio especial (738º CC) ou de direito de retenção (754º CC).

Há certas garantias que se extinguem com a declaração de insolvência pelo que os


respetivos titulares deixarão de integrar a classe dos credores garantidos.

• Os privilégios creditórios especiais que forem acessórios de créditos sobre a


insolvência de que forem titulares o Estado, as autarquias locais, e as instituições de
segurança social, vencidos mais de 12 meses antes da data do início do processo de
insolvência (97º/1 al. b)
• As hipotecas legais cujo registo haja sido requerido dentro dos dois meses
anteriores à data de início do processo de insolvência, e que forem acessórias de
créditos sobre a insolvência do Estado, das autarquias locais e das instituições de
segurança social (97º/1 al. c)
• As garantias reais que não sejam independentes de registo, sobre imóveis a ele
sujeitos integrantes da massa insolvente, acessórias de créditos sobre a insolvência,

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Direito da Insolvência

e já constituídas, mas ainda não registadas nem objeto de pedido de registo (97º/1
al. d)
• As garantias reais sobre bens integrantes da massa insolvente acessórias de créditos
havidos como subordinados (97º/1 al. e)

O credor garantido tem inclusivamente o direito a ser compensado pelo prejuízo


causado pelo retardamento da alienação do bem objeto da garantia que lhe não seja imputável,
bem como pela desvalorização do mesmo resultante da sua utilização em proveito da massa
insolvente (166º/1). O administrador da insolvência pode, no entanto, proceder ao pagamento
dos créditos garantidos antes de iniciar a venda dos bens, desde que esse pagamento só tenha
lugar depois da data fixada para o começo da venda (166º/2). O credor pode ainda solicitar no
processo da insolvência a aquisição do bem da garantia, nos termos estabelecidos para a venda
em processo executivo (165º CIRE e 815º CPC).

Créditos privilegiados
Os créditos privilegiados são aqueles que beneficiam de privilégios creditórios gerais
(47º/4 al. a).

Os privilégios gerais podem ser mobiliários e imobiliários. Em relação aos privilégios


mobiliários gerais podem ser:

• Privilegio para garantia dos créditos fiscais do Estado e das autarquias locais (736º
CC)
• Do credor por despesas do funeral (737º/a) CC)
• Do credor por despesas com doenças do devedor ou dos seus alimentandos,
relativas aos últimos seis meses (737º/b) CC)
• Do credor por despesas indispensáveis ao sustento do devedor e dos seus
alimentados, relativas aos últimos seis meses (737º/c) CC)
• Créditos emergentes do contrato de trabalho ou da violação ou cessão deste,
pertencentes ao trabalhador (737º/d) CC)

Na legislação especial encontram-se outros privilégios mobiliários gerais como:

• Do Estado relativamente ao imposto de rendimento das pessoas singulares


• Do Estado relativamente ao imposto do rendimento das pessoas coletivas
• Do Estado resultante de aval

Na legislação especial encontram-se igualmente previstos privilégios imobiliários gerais


como o das instituições de segurança social sobre os imóveis do devedor e o do Estado, relativo
aos impostos sobre o rendimento.

Créditos comuns
Os créditos comuns correspondem àqueles que não beneficiam de garantia real, nem
de privilégio especial e que não são objeto de subordinação.

O facto de os credores beneficiarem de outras garantias de natureza distinta destas,


como garantias pessoais ou alienações em garantia, não afetará a sua natureza de credores
comuns para efeitos do processo de insolvência, ainda que o seu pagamento possa ficar
condicionado ao não recebimento através da garantia estabelecida.

Créditos subordinados
São subordinados os créditos enumerados no art.º 48º.

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Direito da Insolvência

Os créditos subordinados, embora atribuam normalmente legitimidade para requerer a


insolvência (20º), não conferem em princípio direito de voto na assembleia de credores (73º/3),
nem permitem ao respetivo credor integrar a comissão de credores (66º/1), e não podem ser
compensados com dívidas à massa (99º/4 al. d).

Créditos detidos por pessoas especialmente relacionadas com o devedor, bem como aqueles que
tenham sido transmitidos por estas a outrem
A primeira categoria de créditos subordinados corresponde à dos créditos detidos por
pessoas especialmente relacionadas com o devedor (49º), bem como aqueles que tenham sido
transmitidos por estas a outrem, designadamente por sucessão por morte (2024ºCC) ou por
cessão de créditos (577ºCC), sub-rogação (589ºCC) ou cessão da posição contratual (424ºCC).
Exige-se que a relação especial já existisse quando da aquisição do credito e, no caso de
transmissão para terceiro, que esta se tenha verificado nos dois anos anteriores ao início do
processo de insolvência (48º/a).

Consideram-se especialmente relacionados com o devedor pessoa singular (49º):

• O seu cônjuge e as pessoas de quem se tenha divorciado nos dois anos anteriores
ao início do processo de insolvência;
• Os ascendentes, descendentes ou irmãos do devedor;
• Os cônjuges dos ascendentes, descendentes ou irmãos do devedor;
• As pessoas que tenham vivido habitualmente com o devedor em economia comum
nalgum período dentro dos dois anos anteriores ao inicio do processo de
insolvência.

Já se o devedor for uma pessoa coletiva são havidos como especialmente relacionados
com ele:

• Os sócios, associados ou membros que respondam legalmente pelas suas dívidas e


as pessoas que tenham tido esse estatuto nos dois anos anteriores ao início do
processo de insolvência;
• As pessoas que tenham estado com a sociedade insolvente em relação de domínio
ou de grupo;
• Os administradores, de direito ou de facto do devedor e aqueles que o tenham sido
em algum período nos dois anos anteriores ao inicio do processo de insolvência;
• As pessoas relacionadas com algumas das mencionadas alíneas anteriores.

Daqui resulta que os empréstimos intra-grupo, como no caso do cash-pooling são


considerados créditos subordinados.

O art.º 49º institui uma presunção iuris et de iure, não sendo consequentemente
possível às pessoas abrangidas pela previsão do art.º 49º afastar o regime da subordinação dos
seus créditos com a demonstração de que não têm nenhuma relação especial com o devedor.

Juros de créditos não subordinados não constituídos após a declaração de insolvência


Atualmente, os juros que se vençam após a declaração de insolvência podem ser
reclamados no processo, ainda que, sendo considerados como créditos subordinados, o seu
pagamento só possa ocorrer depois de satisfeitos os credores comuns (177º).

A lei prevê, porém, uma exceção à qualificação dos juros como créditos subordinados,
em relação àqueles abrangidos por garantia real ou por privilégios creditórios gerais, até ao valor
dos bens respetivos (48º/b). Nessa situação, os juros constituem antes, respetivamente, créditos

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Direito da Insolvência

garantidos e créditos privilegiados, sendo pagos de acordo com o regime destes créditos
(174º+175º). Por maioria de razão, parece que não constituirão igualmente créditos
subordinados os juros relativos às dívidas da massa insolvente (51º), os quais são sujeitos ao
regime destas, já que o seu pagamento deve obrigatoriamente ocorrer na data do respetivo
vencimento (172º/3).

Os créditos sobre a insolvência que, como consequência da resolução em beneficio da massa


insolvente, resultem para o terceiro de má fé
Incluem-se igualmente na categoria de créditos subordinados os créditos sobre a
insolvência que resultem para um terceiro de má fé, em consequência da resolução em beneficio
da massa insolvente. Por esta via se estabelece uma penalização do terceiro de má fé que
praticou atos onerosos em prejuízo da massa insolvente, e que por isso tiveram que ser objeto
de resolução em beneficio da massa. Este artigo tem, no entanto, que ser conjugado com o
disposto no art.º 126º/4 e 5, que estabelecem a restituição do objeto prestado por terceiro no
caso de o mesmo pude ser identificado e separado dos que pertencem à parte restante da
massa, sendo que no caso contrário a obrigação de restituir o respetivo valor constitui dívida da
massa insolvente na medida do respetivo enriquecimento e dívida da insolvência quanto ao
eventual remanescente.

Os créditos por suprimento


Os créditos por suprimentos são aqueles que resultam de um contrato de mútuo entre
o sócio e a sociedade, ou de uma convenção de diferimento dos créditos daquele sobre esta
que, em ambos os casos, atribua ao crédito caráter de permanência, considerando-se esse
caráter de permanência indiciado pela estipulação de um prazo de reembolso por um período
superior a um ano ou pela não utilização da faculdade de exigir o reembolso pelo período de um
ano. Os créditos de terceiro sobre a sociedade que o sócio adquira por negócios entre vivos
ficam igualmente sujeitos ao regime dos suprimentos, a partir do momento em que se verifique
alguma das circunstancias indiciadoras do caráter de permanência.

O regime especial sobre os créditos sob condição


Os créditos sob condição suspensiva (50º/1), são aqueles cuja constituição se encontra
sujeita à verificação ou não verificação de um acontecimento futuro e incerto, por força da lei,
de decisão judicial ou de negócio jurídico. No entanto, são ainda havidos como tais:

• Os resultantes da recusa de execução ou denuncia antecipada, por parte do


administrador da insolvência, de contratos bilaterais em curso à data da declaração
de insolvência, ou da resolução de atos em beneficio da massa insolvente,
anteriormente à verificação dessa denuncia, recusa ou resolução (50º/2 al. a);
• Os créditos que não possam ser exercidos contra o insolvente sem prévia excussão
do património de outrem, anteriormente a tal excussão (50º/2 al. b);
• Os créditos sobre a insolvência pelos quais o insolvente não responda
pessoalmente, enquanto a dívida não for exigível (50º/2 al. c);
• O direito contra o devedor insolvente decorrente do eventual pagamento da dívida
por um codevedor solidário (95º/2);
• Os créditos em relação aos quais se verifique o recurso da sentença de verificação e
graduação de créditos ou tenham sido objeto de protesto por ação pendente (180º).

Os créditos sob condição resolutiva são aqueles cuja subsistência depende da


verificação ou não verificação de um acontecimento futuro ou incerto, por força da lei, de
decisão judicial ou de negócio jurídico (50º/1). Esses créditos são tratados como incondicionados

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até ao momento e que a condição se preencha, sem prejuízo do dever de restituição dos
pagamentos recebidos, uma vez verificada a condição (94º).

Órgãos da insolvência
O processo de insolvência implica a criação de um sistema de órgãos, ao qual atribui
competências diversas relativamente aos efeitos da insolvência sobre a massa insolvente, sobre
os credores e sobre o próprio devedor.

O tribunal
O primeiro órgão da insolvência é o tribunal. Atualmente, são competentes para o
julgamento dos processos de insolvência e dos processos especiais de revitalização as secções
de comercio dos tribunais de instância central.

Em relação à competência territorial, esta é primordialmente atribuída ao tribunal da


sede, ou do domicilio do devedor ou do autor da herança à data da morte, consoante os caos
(7º/1), sendo igualmente competente o tribunal do lugar em que o devedor tenha o centro dos
seus principais interesses, entendendo-se por tal aquele em que ele os administre, de forma
habitual e cognoscível por terceiros. A instrução e decisão de todos os termos do processo de
insolvência, bem como dos seus incidentes e apensos compete ao juiz singular.

O administrador da insolvência
A nomeação de um administrador da insolvência é necessária, face à desconfiança na
capacidade de administração do devedor, que a sua insolvência naturalmente pressupõe.

O administrador da insolvência é escolhido pelo juiz (52º), de entre os administradores


inscritos na lista oficial, devendo essa escolha ser efetuada por processo informático que
assegure a aleatoriedade da escolha e a igualdade na distribuição nos processos.

Podem ainda os credores na primeira assembleia realizada após a designação pelo juiz,
por maioria de votos e votantes, eleger para cargo outra pessoa e prover sobre a respetiva
remuneração, desde que previamente à votação se junte aos autos a aceitação do proposto
(53º). Os credores só podem proceder á eleição de pessoa não inscrita em lista oficial em casos
devidamente justificados pela especial dimensão da empresa compreendida na massa
insolvente, pela especificidade do ramo da atividade da mesma ou pela complexidade do
processo (53º/2).

Uma vez realizada a eleição, o juiz é obrigado a nomear a pessoa eleita como
administrador da insolvência em substituição do anteriormente designado, apenas podendo
recusar essa nomeação se considerar que essa pessoa não tem idoneidade ou aptidão para o
cargo, se a retribuição aprovada pelos credores for manifestamente excessiva, ou se estes
tiverem eleito pessoa não inscrita nas listas, fora das situações em que a lei o admite (53º/3).

O juiz pode, a todo o tempo, destituir o administrador da insolvência e substitui-lo por


outro. A assembleia de credores pode nesse caso indicar por eleição o respetivo substituto, cuja
nomeação só poderá ser recusada pelo juiz (53º/3 + 56º/2).

Funções
Tem essencialmente como funções:

• Assumir o controlo da massa insolvente, proceder à sua administração e liquidação


e repartir pelos credores o respetivo produto final
o Para esse efeito a lei atribui a competência para:

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▪ “preparar o pagamento das dividas do insolvente à custa das


quantias em dinheiro existentes na massa insolvente,
designadamente das que constituem produto de alienação, que lhe
incumbe promover, dos bens que a integram” (55º/1 a)
▪ “prover, no entretanto, à conservação e frutificação dos direitos do
insolvente e à continuação da exploração da empresa, se for o caso,
evitando quanto possível o agravamento da sua situação
económica” (55º/1 b)
• Proceder à apreensão da contabilidade e dos bens integrantes da massa insolvente
(149º), devendo diligenciar pela sua entrega (150º), juntar aos autos o auto do
arrolamento e do balanço respeitante a todos os bens apreendidos (151º) e registar
a apreensão dos bens cuja penhora esteja sujeita a registo (152º)
o Elabora um inventário dos bens e direitos integrantes da massa insolvente
(153º), assim como uma lista provisória de credores (154º) e um relatório
destinado a ser apreciado pela assembleia de credores (155º).
• Pode solicitar ao juiz a convocação da assembleia de credores (75º), tem o direito e
o dever de participar nas suas reuniões (72º/5) e pode reclamar para o juiz das
deliberações da mesma (78º/1)
• Tem a faculdade de contestar os embargos interpostos contra a sentença de
declaração de insolvência (41º/1)
• Tem poderes para desistir, confessar ou transigir, mediante concordância da
comissão de credores, em qualquer processo judicial em que o insolvente ou a
massa insolvente sejam partes (55º/8)
• Relativamente ao destino dos negócios jurídicos celebrados pelo insolvente, que
ainda não estejam integralmente executados aquando da declaração de insolvência,
podendo optar pela sua execução ou pela recusa de cumprimento (102º)
• Pode determinar a resolução em beneficio da massa de certos negócios celebrados
pelo insolvente (123º)
• À verificação dos créditos, cabendo-lhe receber as reclamações (128º/2), elaborar a
lista de créditos reconhecidos e não reconhecidos (129º), responder às
impugnações (131º) e ser ouvido na audiência (139º/a)
• Intervém no âmbito da restituição e separação de bens indevidamente apreendidos
para a massa insolvente, podendo contestar esse pedido, incluindo nos casos de
apreensão tardia (144º), requerer ele próprio ao tribunal a separação de bens
(141º/3), e decidir, no caso de perda da posse dos bens a restituir, entre a sua
recuperação e ou o pagamento do seu valor como crédito sobre a insolvência
(142º/1)
• No âmbito da liquidação, proceder à venda dos bens (158º/1), escolhendo a
modalidade de venda mais conveniente (164º/1)
• Proceder à venda antecipada dos bens suscetíveis de perecimento ou deterioração
(158º/2)
• Realizar diligencias para a alienação da empresa ou estabelecimento integrados na
massa insolvente (162º/2)
• Proceder ao pagamento das dividas da massa (172º) e dos créditos sobre a
insolvência (173º)
• Intervenção no âmbito dos incidentes, pleno e limitado, de qualificação da
insolvência (188º/3 + 191º/1 al. a)

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• Apresentar em prazo razoável uma proposta para o plano de insolvência (156º/3 +


193º/2 e 3), devendo pronunciar-se sobre todas as que venham a ser apresentadas
(208º) e opor-se à admissão da proposta do devedor (207º/1 al. d)
• Tem intervenção em caso de administração da massa insolvente pelo devedor,
competindo-lhe especificamente fiscalizar essa administração e comunicar
quaisquer circunstancias que desaconselhem a sua manutenção (226º)
• Em relação à exoneração do passivo restante (236º/4 + 238º/2 + 243º/1)

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