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Insolvencia
Insolvencia
Insolvência
Direito da Insolvência
• A situação do devedor;
• As medidas de conservação e a liquidez do seu património;
• Eventuais medidas de recuperação que venham a ser determinadas;
• A determinação e a graduação dos direitos dos credores;
• A satisfação dos direitos dos credores.
O direito da insolvência tem uma forte componente processual, dado que, por
necessidade de tutela dos direitos do devedor e dos credores envolvidos, é necessária a
intervenção do tribunal, coadjuvado pelos órgãos da insolvência.
A insolvência constitui uma execução genérica ou total, uma vez que abrange todo o
património do devedor e não apenas os bens necessários para fazer face a algum ou alguns
créditos determinados.
Direito da Insolvência
O valor da causa para efeitos do processo de insolvência é fixado pelo valor do ativo do
devedor indicado na petição inicial.
A situação de insolvência
A incapacidade de cumprimento pressupõe uma avaliação complexa podendo ser
realizada através de dois critérios principais:
• O critério do fluxo de caixa (cash flow): o devedor é insolvente logo que se torna
incapaz, por ausência de liquidez suficiente, de pagar as suas dívidas no momento
em que estas se vencem. Para este critério, o facto de o seu ativo ser superior ao
passivo é irrelevante, já que a insolvência ocorre logo que se verifica a
impossibilidade de pagar as dívidas que surgem regularmente na sua atividade. O
facto de não as pagar no momento do vencimento indicia claramente a sua
insolvência.
• O critério do balanço ou do ativo patrimonial (balance sheet ou asset): a insolvência
resulta do facto de os bens do devedor serem insuficientes para cumprimento
integral das suas obrigações.
Este critério pressupõe uma apreciação jurisdicional mais complexa, pois os bens do
devedor nem sempre são de avaliação fácil, podendo variar o seu preço em função de múltiplas
circunstancias, designadamente se a venda é realizada judicialmente ou extrajudicialmente, ou
se o estabelecimento do devedor é alienado como um todo ou são os seus bens vendidos
separadamente.
Direito da Insolvência
Direito da Insolvência
O art.º 10º/a) faz o processo continuar contra a herança e proíbe a sua divisão pelos
herdeiros até ao encerramento do processo, o que leva a que não haja lugar à habilitação de
herdeiros, podendo estes apenas requerer a suspensão do processo por cinco dias (10º/b). A lei
impede que assim que a aceitação de herança tenha com efeito a extinção da sua autonomia
patrimonial, prolongando esta até ao encerramento do processo, ao estabelecer
obrigatoriamente a sua indivisão.
Após a aceitação da herança tenha com efeito a extinção da sua autonomia patrimonial,
prolongando esta até ao encerramento do processo, ao estabelecer obrigatoriamente a sua
indivisão. Mesmo após a aceitação da herança por qualquer herdeiro, mantém-se a
possibilidade de declarar a sua insolvência, dado que esta constitui um património autónomo
sujeito a administração do cabeça-de-casal até à sua liquidação e partilha (2079º CC) e os
patrimónios autónomos estão genericamente sujeitos à insolvência. Já o herdeiro não poderá
naturalmente ser sujeito à insolvência pelas dívidas da herança, atenta a limitação da sua
responsabilidade às forças da herança. Conclui-se, por isso, que o sujeito passivo da insolvência
para efeitos do art.º 2º/1 al. b) não é em rigor a herança jacente, mas pura e simplesmente a
herança.
No art.º 2º/1 al. d) como sujeitos passivos da insolvência as sociedades civis, que a nosso
ver também são pessoas coletivas, e que igualmente se dissolvem com a declaração de
insolvência.
As sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial que tenham iniciado
a sua atividade antes da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem estão
sujeitas à insolvência. Da mesma forma, as cooperativas, antes do registo da sua constituição
podem ser objeto de processo de insolvência.
Podem ser declarados insolventes quaisquer outros patrimónios autónomos (2º/1 al. h).
Nestes casos, em vez de o devedor ser objeto de um processo de insolvência geral, que abrange
universalmente o seu património, a insolvência é restrita a uma parte do seu património, sujeita
a um regime especial de responsabilidade por dívidas, o que legitima a que se fale em insolvência
especial ou particular.
Regimes especiais
O art.º 2º/2 vem excluir do regime comum da insolvência as pessoas coletivas públicas
e as entidades públicas empresariais. Para além disso, o referido regime não é aplicável às
Direito da Insolvência
A massa insolvente
O âmbito e a função da massa insolvente encontram-se definidos no art.º 46º. Esta
abrange todo o património do devedor à data da declaração de insolvência, bem como os bens
e direitos que este adquira na pendencia do processo, só sendo, no entanto, os bens isentos de
penhora integrados na massa insolvente se o devedor voluntariamente os integrar e a
impenhorabilidade não for absoluta. Esta destina-se primordialmente à satisfação das dívidas
da própria massa insolvente (51º).
Em relação aos bens e direitos que compõem a massa insolvente, estes correspondem
em princípio à totalidade do património do devedor à data da declaração da insolvência (601º
CC).
Tempo
Direito da Insolvência
• Resultem de contrato bilateral cujo cumprimento não possa ser recusado pelo
administrador da insolvência, salvo na medida em que se reporte a período anterior
à declaração de insolvência
• Resultem de contrato bilateral cujo cumprimento não seja recusado pelo
administrador de insolvência, salvo na medida correspondente à contraprestação já
realizada pela outra parte anteriormente à declaração de insolvência ou em que se
reporte a período anterior a essa declaração
• Resultem de contrato que tenha por objeto uma prestação duradoura, na medida
correspondente à contraprestação já realizada pela outra parte e cujo cumprimento
tenha sido exigido pelo administrador judicial provisório.
o Quando o administrador da insolvência exige o cumprimento dos contratos
celebrados pelo insolvente, seja porque decide não recusar o seu
cumprimento (102º/1 + 103º/3 e 5), seja porque a lei veda essa recusa
(105º/1 al. a) + 106º/1), é natural que a obrigação correspondente adquira
a natureza de dívida da massa, dado que na hipótese contrária a outra parte
se veria obrigada a realizar uma prestação, em ter qualquer garantia relativa
à realização da contraprestação.
• As que tenham por fonte o enriquecimento sem causa da massa insolvente
• A obrigação de prestar alimentos relativa a período posterior à data da declaração
de insolvência. Face à importância do crédito de alimentos para assegurar a
subsistência do respetivo credor, é natural que este seja qualificado como dívida da
massa, ainda que esta só tenha que o satisfazer em casos excecionais.
Direito da Insolvência
• Créditos garantidos são apenas aqueles que beneficiam de uma garantia real,
considerando-se como tal também os privilégios especiais. Abrangem assim, a
consignação de rendimentos, o penhor, a hipoteca e o direito de retenção.
• Créditos privilegiados são aqueles que beneficiam de privilégios creditórios gerais
(mobiliários ou imobiliários), os quais não constituem garantias reais por não
incidirem sobre coisas determinadas.
• Os créditos subordinados correspondem a uma nova categoria de créditos
enfraquecidos (48º), os quais são satisfeitos depois dos restantes créditos sobre a
insolvência.
• Os créditos comuns são aqueles que não beneficiam de garantia real, nem de
privilégio geral, e não são objeto de subordinação.
Nos termos do 173º, o pagamento dos créditos sobre a insolvência depende do seu
reconhecimento por sentença transitada em julgado.
Créditos garantidos
Os créditos garantidos são aqueles cujos titulares beneficiem de garantias, reais, nelas
se incluindo os privilégios especiais, compreendendo não apenas o capital, mas também os juros
respetivos, até ao valor dos bens objeto da garantia. Entre estes encontram-se os que
beneficiem de consignação de rendimentos (656º CC), de penhor (666º CC), de hipoteca
(686ºCC), privilegio especial (738º CC) ou de direito de retenção (754º CC).
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e já constituídas, mas ainda não registadas nem objeto de pedido de registo (97º/1
al. d)
• As garantias reais sobre bens integrantes da massa insolvente acessórias de créditos
havidos como subordinados (97º/1 al. e)
Créditos privilegiados
Os créditos privilegiados são aqueles que beneficiam de privilégios creditórios gerais
(47º/4 al. a).
• Privilegio para garantia dos créditos fiscais do Estado e das autarquias locais (736º
CC)
• Do credor por despesas do funeral (737º/a) CC)
• Do credor por despesas com doenças do devedor ou dos seus alimentandos,
relativas aos últimos seis meses (737º/b) CC)
• Do credor por despesas indispensáveis ao sustento do devedor e dos seus
alimentados, relativas aos últimos seis meses (737º/c) CC)
• Créditos emergentes do contrato de trabalho ou da violação ou cessão deste,
pertencentes ao trabalhador (737º/d) CC)
Créditos comuns
Os créditos comuns correspondem àqueles que não beneficiam de garantia real, nem
de privilégio especial e que não são objeto de subordinação.
Créditos subordinados
São subordinados os créditos enumerados no art.º 48º.
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Créditos detidos por pessoas especialmente relacionadas com o devedor, bem como aqueles que
tenham sido transmitidos por estas a outrem
A primeira categoria de créditos subordinados corresponde à dos créditos detidos por
pessoas especialmente relacionadas com o devedor (49º), bem como aqueles que tenham sido
transmitidos por estas a outrem, designadamente por sucessão por morte (2024ºCC) ou por
cessão de créditos (577ºCC), sub-rogação (589ºCC) ou cessão da posição contratual (424ºCC).
Exige-se que a relação especial já existisse quando da aquisição do credito e, no caso de
transmissão para terceiro, que esta se tenha verificado nos dois anos anteriores ao início do
processo de insolvência (48º/a).
• O seu cônjuge e as pessoas de quem se tenha divorciado nos dois anos anteriores
ao início do processo de insolvência;
• Os ascendentes, descendentes ou irmãos do devedor;
• Os cônjuges dos ascendentes, descendentes ou irmãos do devedor;
• As pessoas que tenham vivido habitualmente com o devedor em economia comum
nalgum período dentro dos dois anos anteriores ao inicio do processo de
insolvência.
Já se o devedor for uma pessoa coletiva são havidos como especialmente relacionados
com ele:
O art.º 49º institui uma presunção iuris et de iure, não sendo consequentemente
possível às pessoas abrangidas pela previsão do art.º 49º afastar o regime da subordinação dos
seus créditos com a demonstração de que não têm nenhuma relação especial com o devedor.
A lei prevê, porém, uma exceção à qualificação dos juros como créditos subordinados,
em relação àqueles abrangidos por garantia real ou por privilégios creditórios gerais, até ao valor
dos bens respetivos (48º/b). Nessa situação, os juros constituem antes, respetivamente, créditos
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garantidos e créditos privilegiados, sendo pagos de acordo com o regime destes créditos
(174º+175º). Por maioria de razão, parece que não constituirão igualmente créditos
subordinados os juros relativos às dívidas da massa insolvente (51º), os quais são sujeitos ao
regime destas, já que o seu pagamento deve obrigatoriamente ocorrer na data do respetivo
vencimento (172º/3).
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até ao momento e que a condição se preencha, sem prejuízo do dever de restituição dos
pagamentos recebidos, uma vez verificada a condição (94º).
Órgãos da insolvência
O processo de insolvência implica a criação de um sistema de órgãos, ao qual atribui
competências diversas relativamente aos efeitos da insolvência sobre a massa insolvente, sobre
os credores e sobre o próprio devedor.
O tribunal
O primeiro órgão da insolvência é o tribunal. Atualmente, são competentes para o
julgamento dos processos de insolvência e dos processos especiais de revitalização as secções
de comercio dos tribunais de instância central.
O administrador da insolvência
A nomeação de um administrador da insolvência é necessária, face à desconfiança na
capacidade de administração do devedor, que a sua insolvência naturalmente pressupõe.
Podem ainda os credores na primeira assembleia realizada após a designação pelo juiz,
por maioria de votos e votantes, eleger para cargo outra pessoa e prover sobre a respetiva
remuneração, desde que previamente à votação se junte aos autos a aceitação do proposto
(53º). Os credores só podem proceder á eleição de pessoa não inscrita em lista oficial em casos
devidamente justificados pela especial dimensão da empresa compreendida na massa
insolvente, pela especificidade do ramo da atividade da mesma ou pela complexidade do
processo (53º/2).
Uma vez realizada a eleição, o juiz é obrigado a nomear a pessoa eleita como
administrador da insolvência em substituição do anteriormente designado, apenas podendo
recusar essa nomeação se considerar que essa pessoa não tem idoneidade ou aptidão para o
cargo, se a retribuição aprovada pelos credores for manifestamente excessiva, ou se estes
tiverem eleito pessoa não inscrita nas listas, fora das situações em que a lei o admite (53º/3).
Funções
Tem essencialmente como funções:
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