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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO JUIZADO

ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SERGIPE

BRUNO AUGUSTO ROCHA REZENDE, brasileiro, solteiro,


estudante, inscrito no CPF sob o n° 054.261.505-32, portador do RG de n°
3.196.600-4 SSP/SE, residente domiciliado na Rua “A-14”, nº 13, conjunto Marcos
Freire II, Bairro Taiçoca, CEP 49160-000, Município de Nossa Senhora do
Socorro/SE, através de seus advogados, com endereço profissional no rodapé
desta, onde recebe intimações, citações, avisos e demais documentos de praxe,
vem perante Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO ORDINÁRIA PELO RITO DO JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA


COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face do MUNICÍPIO DE ARACAJU, pessoa jurídica de


direito público interno, ambos com endereço para intimação no Centro
Administrativo Aloísio de Campos, localizado na Rua Frei Luiz Canolo de
Noronha, nº 42, Conjunto Costa e Silva, CEP 49097-270, Aracaju, Sergipe, com
supedâneo no art. 5º, LXIX, além dos pressupostos de fato e de direito adiante
demonstrados.

I – DOS FATOS

O requerente realizou concurso público para o cargo de Guarda


Municipal – GM1, realizado pela Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria
Municipal de Administração.

O Edital nº 1/2011 [anexo], publicado em 28 de Novembro de 2011,


assim dispunha:

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Tel.: (79) 3214-9504 - E-mail: contato@kazukas.com.br
A PREFEITURA MUNICIPAL DE ARACAJU, por intermédio da
Secretaria Municipal de Administração, nos termos do disposto pela Lei
Municipal nº 2.984/2011 e alterações posteriores, bem como pela Lei Orgânica do
Município de Aracaju, torna pública a realização de concurso público para
provimento de 100 vagas e formação de cadastro de reserva para o cargo de
Guarda Municipal de Aracaju, no âmbito da Guarda Municipal de Aracaju (GMA),
mediante as condições estabelecidas neste edital.

A Lei Municipal nº 2.984/2001 criou o Plano de Carreira da Guarda


Municipal de Aracaju, dispondo acerca de todo o regulamento da profissão.

O edital previu que o concurso seria composto das seguintes provas:

1ª – Prova de conhecimentos, de natureza objetiva


2ª – Prova física
3ª – Exame psicotécnico
4ª – Curso de Formação para Guarda Municipal

O Edital nº 10/2012 [anexo], de 28 de fevereiro de 2012, publicizou


o resultado final nas provas objetivas do concurso, com a respectiva convocação
para a o teste físico.

Realizado o certame, o demandante – classificado em todas as


etapas do concurso em questão - foi classificado na 146ª (centésima quadragésima
sexta) colocação, cuja homologação foi publicada no Diário Oficial do Estado em
18/05/11, conforme documento anexo.

O demandante, inclusive, recebeu carta de convocação para que


apresentasse a documentação constante no edital, além dos exames médicos
admissionais, conforme documento incluso a esta inicial.

Todavia, tanto o Art. 6º da Lei Municipal 2.984/2001, quanto a


Carta de Convocação [em anexo], exige para o ingresso a idade mínima de 21
anos. E tal exigência já se justificou.

Explique-se: a lei que rege a Guarda Municipal de Aracaju é de


2001 e, nesse ano, ainda vigorava o Código Civil de 1916. Neste, a maioridade
civil era de 21 anos, o que mantinha o sentido da exigência para a investidura no
cargo.

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Ocorre que, após a vigência do Código Civil de 2002, a maioridade
civil foi reduzida para 18 anos. E, praticamente, todas as leis que regiam idade
mínima para admissão em concurso foram alteradas, também para 18 anos.

A Lei 2.984/2001, por inércia do legislador municipal, manteve a


exigência dos 21 anos de idade, o que se afigura contrário aos princípios de
isonomia, razoabilidade, proporcionalidade e impessoalidade, na gestão da coisa
pública.

Posto isto, à época, o requerente impetrou ação mandamental a fim


de garantir sua nomeação e posse, o que ocorreu pela via liminar, perdurando até
pouco tempo atrás, pra ser mais preciso, de 12 de julho de 2013 até meados do mês
de julho de 2015, quando este requerente foi exonerado.

Excelência, o requerente foi exonerado mesmo após ter


desempenhado com zelo e afinco sua atividade pública, merecendo destacar a
declaração emitida pelo Diretor Geral Adjunto da GMA, Capitão Jonatas Souza
Santos – QOPM (em anexo).

O pior é que hoje o requerente já possui a idade de 21 anos, o que


mais uma vez, torna injustificável seu desligamento da corporação municipal.

Injustiçado, então, o demandante não dispõe de outra forma de


solucionar sua demanda e, por isso, vislumbra as portas do Poder Judiciário como
a única maneira de se fazer prevalecer e perpetrar o Direito.

II – DO PÁLIO DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

A Lei 1.060/50 assegura a assistência judiciária gratuita,


compreendendo custas processuais e honorários advocatícios, a todos aqueles que
não têm condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família, bastando para tanto que afirme em Juízo esta condição,
sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais, sendo este os termos do
art. 4º da referida lei.

Destarte, o demandante afirma, sob as penas de lei, não ter


condições financeiras para custear o acesso ao Poder Judiciário, ao tempo que
informa que o advogado subscritor desta inicial, e os constantes da procuração
anexa atuam no presente processo como indicados, hipótese esta admitida no art.
5º, § 4º, da mesma Lei, que assegura tal direito ao autor.

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Informa, ainda, que por conta de acordo verbal firmado entre o
advogado e o ora requerente este estará isento do pagamento dos honorários, caso
não obtenha resultado econômico na presente ação.

Assim, apresentando-se como direito fundamental assegurado


constitucionalmente – art. 5º, XXXV, é certo que este Douto Juízo não negará ao
autor seu legítimo direito de acesso ao Poder Judiciário, pelo que requer a
concessão do benefício da Justiça Gratuita.

III – DOS PRESSUPOSTOS JURÍDICOS

  "Quem quiser governar deve analisar estas duas regras de


Platão: uma, ter em vista apenas o bem público, sem se
preocupar com a sua situação pessoal; outra, estender suas
preocupações do mesmo modo a todo Estado, não
negligenciando uma parte para atender outra. Porque quem
governa a República é tutor que deve zelar pelo bem de seu
pupilo e não o seu: aquele que protege só uma parte dos
cidadãos, sem se preocupar com os outros, induz no Estado
o mais maléfico dos flagelos, a desavença e a revolta."
Cícero

A administração pública, em seu trato com os administrados e


também com seus próprios agentes, deve obedecer a alguns princípios. Alguns
destes princípios estão enunciados no caput do art. 37 da Constituição Federal, a
saber, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Os princípios, que são os alicerces da ciência jurídica, as bases para


toda a construção do Direito, já foram tidos como meros instrumentos de
interpretação e integração das regras legais. Era a estreiteza da visão positivista que
atribuía ao direito posto caráter preponderante em nossa ciência.

Hoje, contudo, vive-se um período pós-positivista, sendo certo que


os princípios deixaram de ser vistos como meros complementos das regras e
passaram a ser também considerados normas cogentes (fazendo-se mister a
distinção entre normas, princípios e normas disposições), impondo-se, sem dúvida,
sua estrita observância.

Ensina a doutrina que:

Os princípios, a exemplo das regras, carregam consigo


acentuado grau de imperatividade, exigindo a necessária
conformação de qualquer conduta aos seus ditames, o que

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denota o seu caráter normativo (dever ser). Sendo cogente a
observância dos princípios, qualquer ato que deles destoe
será inválido, consequência esta que representa a sanção
pra inobservância de um padrão normativo cuja relevância é
obrigatória. (Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves,
Improbidade Administrativa, 2ª ed. 2004, Lumen Juris, p.43)

Sabe-se, ínclito magistrado, que o acesso a cargos públicos através


de concurso possui previsão na Constituição Federal.

Assim, qualquer exigência em concurso público deve preencher três


requisitos:
a) Previsão em Lei;
b) Previsão em Edital;
c) Compatibilidade com as atribuições do cargo a ser exercido.

In casu, a exigência não possui compatibilidade com as atribuições


do cargo.

Facilmente se depreende a incompatibilidade que NENHUMA lei


de Guarda Municipal em TODO o país exige a idade mínima de 21 anos.

Ainda mais complexa a situação se forem listados alguns cargos


que podem ser ocupados aos 18 anos, cujas atribuições são muito mais severas e
expõe o exercente do cargo a risco sensivelmente maior:

POLÍCIA MILITAR
FORÇAS ARMADAS
POLÍCIA CIVIL
POLÍCIA FEDERAL

Com isso, violam-se dois princípios fundantes do Direito


Administrativo: Isonomia e Razoabilidade.

O princípio da isonomia é elemento essencial do Estado


Democrático de Direito. Isso pois, o Estado que se intitula "Democrático de
Direito" assume o compromisso de garantir a igualdade de seus cidadãos, seja a
igualdade perante o direito, denominada formal e prevista no artigo 5º, caput, da
Constituição da República, seja a igualdade material ou social, nos termos do
artigo 3º, inciso III, da norma fundamental.

A isonomia consiste, em linhas gerais, em tratar os iguais de forma


igualitária e os diferentes de maneira diferente, no intuito de superar as diferenças, 

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impedir as distinções ou discriminações arbitrárias e odiosas, não compatíveis com
a ordem constitucional vigente.

Celso Ribeiro Bastos define o princípio da isonomia como:

"direito de todo cidadão não ser desigualado pela lei senão


em consonância com os critérios albergados ou ao menos
não vedados pelo ordenamento constitucional. (...) É este o
sentido que tem a isonomia no mundo moderno. É vedar que
a lei enlace uma consequência a um fato que não justifica tal
ligação." (Curso de direito constitucional. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998, p. 180-181)

E, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:

“as discriminações são recebidas como compatíveis com a


cláusula igualitária apenas e tão-somente quando existe um
vínculo de correlação lógica entre a peculiaridade
diferencial acolhida, por residente no objeto, e a
desigualdade de tratamento em função dela conferida”

Assim, toda discriminação efetivada pelo legislador somente será


considerada constitucional se for fundamentada em uma justificativa objetiva e
razoável. Para tanto, o elemento discriminador deve estar amparado por uma
finalidade razoável segundo o ordenamento jurídico. Sendo certo que a
razoabilidade deve ser considerada nos seguintes termos, conforme lição de Celso
Ribeiro Bastos:

"Trata-se de importante princípio que hoje se estende a


outros ramos do direito, inclusive na feitura das próprias
leis. Consiste na exigência de que estes atos não sejam
apenas praticados com o respeito aos ditames quanto a sua
formação e execução, mas que também guardem no seu
conteúdo uma decisão razoável entre as razões que os
ditaram e os fins que se procura atingir. O direito, aliás, é
um instrumento que requer fundamentalmente a
razoabilidade. No direito administrativo o respeito à
razoabilidade é muito importante, já que, como vimos, o
direito administrativo é resultante de uma confluência de
duas linhas importantes de interesses: os interesses
coletivos, que implicam o exercício de atos de autoridades e,
de outro lado, a vigência de um Estado de Direito, que é um
Estado negador do arbítrio e respeitador dos direitos
individuais. As prerrogativas da administração têm de
obedecer formalmente à lei e só poderão utilizar o seu teor
de extravagância jurídica, digamos assim, serem regras
excepcionais do caráter normal do direito, ou seja,

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estabelecer a coordenação entre as pessoas mais do que
impor vínculos de superioridade e inferioridade, dentro dos
limites impostos pela lei. Deve a administração obedecer à
lei e só fazer uso destas prerrogativas na estrita medida do
necessário. Eis por que sempre tem que haver razoabilidade,
adequação, proporcionalidade entre as causas que estão
ditando o ato e as medidas que vão ser tomadas." (Curso de
direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 46-47)

Certo é que a Constituição da República proíbe qualquer


discriminação em razão de idade, notadamente no que se refere à inserção dos
indivíduos no mercado de trabalho. É o que se extrai da norma contida no artigo 7º,
inciso XXX , in verbis:

Art. 7º, XXX - proibição de diferença de salários, de


exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;

Contudo, é  a própria norma fundamental que excepciona a regra


geral acima transcrita, ao dispor que pode a "lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir", conforme
disposto em seu artigo 39, parágrafo 3º, aplicável aos cidadãos que pretendam
ingressar, por meio de concurso público, nos quadros dos serviço público da
administração direta ou indireta.

Logo, nota-se que, a legislação ordinária ou os editais de


concursos públicos só poderão fixar limites etários para ingresso no serviço
público quando a natureza do cargo o exigir. Ora, vê-se que o constituinte
estipulou de forma clara e inconteste que tais discriminações estão condicionadas à
observância do já estudado princípio da razoabilidade.

Neste sentido, Adilson Abreu Dallari:

“Como regra, a idade não mais pode ser erigida em fator


obstativo da acessibilidade, excetuados, evidentemente, o
limite mínimo para o trabalho adulto e o máximo, que
coincide com o estabelecido para a aposentadoria
compulsória. Isso porque, para os admitidos em regime de
emprego, o art. 7.º, XXX, o impediria, já que ali se dispõe ser
proibida a adoção de critério de admissão por motivo de
idade. A mesma vedação se impõe para os admitidos no
regime de cargo, ex vi do art. 39, § 3.º, de acordo com o qual
aos servidores da Administração direta, autarquias e
fundações públicas aplicam-se, entre outros incisos do art.
7.º, o mencionado inc. XXX.” (Regime dos servidores da

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administração direta e indireta: direitos e deveres. 3. ed. São
Paulo: Malheiros, 1995. p. 60-61)  

Corroborando o exposto, o egrégio Supremo Tribunal Federal, após


reiterado exame da matéria, editou a Súmula n. 683, que possui o seguinte
enunciado

"O limite de idade para a inscrição em concurso público só


se legitima em face do art. 7.º, XXX, da Constituição
quando possa ser justificado pela natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido".

Na doutrina, encontramos elucidativa lição de Alexandre de


Moraes:

"A proibição genérica de acesso a determinadas carreiras


públicas, tão-somente em razão da idade do candidato,
consiste em flagrante inconstitucionalidade, uma vez que não
se encontra direcionada a uma finalidade acolhida pelo
direito, tratando-se de discriminação abusiva, em virtude da
vedação constitucional de diferença de critério de admissão
por motivo de idade (CF, art. 7º, XXX), que consiste em
corolário, na esfera das relações do trabalho, do princípio
fundamental da igualdade (CF, art. 5º, caput), que se
entende, a falta de exclusão constitucional inequívoca, como
ocorre em relação aos militares (CF, art. 42, § 1º), a todo o
sistema de pessoal civil. É certo que ficarão ressalvadas, por
satisfazer a uma finalidade acolhida pelo direito, uma vez
examinada à luz da teleologia que informa o princípio da
igualdade, as hipóteses em que a limitação de idade se possa
legitimar como imposição de natureza e das atribuições do
cargo a preencher." (Direito constitucional. 16. ed. São
Paulo: Atlas, 2004, p. 68)  

Além disso, é pacífica a jurisprudência dos Tribunais Superiores:

"A estipulação de limite de idade para inscrição em


concurso público só se legitima em face do art. 7.º, XXX, da
CF (proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
cor ou estado civil aplicável aos servidores por força do
disposto no art. 39, § 2.º, da CF), quando tal limite possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido (...)
(STF - RE n. 197.84/MG, rel. Min. Moreira Alves, j. em
19.5.1998).

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"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. MAGISTÉRIO
ESTADUAL. LIMITAÇÃO DE IDADE. IMPOSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE CRITÉRIO RAZOÁVEL. PRECEDENTES
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. (...) 4. O Plenário do
Excelso Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento
dos recursos ordinários em mandado de segurança
21.033/DF e 21.046/RJ, firmou entendimento no sentido de
que, salvo nos casos em que a limitação de idade possa ser
justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido, não pode a lei, em face do disposto nos artigos
7º, inciso XXX, 37, inciso I, e 39, parágrafo 2º, da
Constituição da República, impor limite de idade para a
inscrição em concurso público. 5. Da análise dos deveres e
responsabilidades impostos ao membro do Magistério
Público Estadual do Rio Grande do Sul (artigo 120 da Lei
6.672/74), não se mostra razoável a exigência do limite de
45 anos de idade para provimento no cargo. Precedentes do
Supremo Tribunal Federal. 6. Recurso ordinário provido."
(STJ - RMS 6.159/RS, Rel. Ministro  HAMILTON
CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 09.10.2001, DJ
25.02.2002 p. 443)    

A falta de razoabilidade ainda se demonstra clara com os editais em


anexo, em que, ilustrativamente, as Guardas de SALVADOR, RIO DE JANEIRO,
BELÉM, RECIFE, FORTALEZA, BELO HORIZONTE E SÃO PEDRO possuem
idade mínima de 18.

IV - DA REPERCUSSÃO GERAL

Preliminarmente, atendendo aos preceitos legais instituídos pela Lei


nº. 11.418, de 19 de dezembro de 2006, o ora Recorrente vem demonstrar que a
questão discutida nos autos possui repercussão geral apta a ensejar a
admissibilidade de eventual apelo extraordinário ao colendo Supremo Tribunal
Federal.

Com relação à abrangência da repercussão geral, cabe trazermos o


entendimento de autores de renomada sobre o significado da referida expressão.
Antes de tudo pode se inferir que tem repercussão geral àquilo que tem
transcendência, aquilo que terá o sentido de relevância e que transcende o interesse
subjetivo das partes na solução da questão.

Uma causa é provida de repercussão geral quando há interesse geral


pelo seu desfecho, ou seja, interesse público e não somente dos envolvidos naquele

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litígio. No momento em que o julgamento daquele recurso deixar de afetar apenas
as partes do processo, mas também uma gama de pessoas fora dele, despertando
interesse público, tem aquela causa repercussão geral.

Antônio Álvares da Silva, que escreveu sobre a Transcendência no


Processo do Trabalho, nos traz as seguintes lições:

Transcendência jurídica é "o desrespeito patente aos direitos


humanos fundamentais ou aos interesses coletivos indisponíveis, com
comprometimento da segurança e estabilidade das relações jurídicas."

Transcendência política é "o desrespeito notório ao princípio


federativo ou à harmonia dos Poderes constituídos”.

A transcendência social é "a existência de situação extraordinária de


discriminação, de comprometimento do mercado de trabalho ou de perturbação
notável à harmonia entre capital e trabalho”.

A transcendência econômica é "a ressonância de vulto da causa em


relação a entidade de direito público ou economia mista, ou a grave repercussão da
questão na política econômica nacional, no segmento produtivo ou no
desenvolvimento regular da atividade empresarial".

Neste diapasão, corroboraremos com a lição de Fredie Didier Júnior


e também os não menos brilhantes ensinamentos de José Miguel Garcia Medina,
Teresa Arruda Alvim Wambier, e Luiz Rodrigues Wambier, os quais pedimos
vênia para novamente transcrever:

(i) repercussão geral jurídica: a definição da noção de um


instituto básico do nosso direito, "de molde que aquela
decisão, se subsistisse, pudesse significar perigoso e
relevante precedente";

(ii) repercussão geral política: quando "de uma causa


pudesse emergir decisão capaz de influenciar relações com
Estados estrangeiros ou organismos internacionais";
(iii) repercussão geral social: quando se discutissem
problemas relacionados "à escola, à moradia ou mesmo à
legitimidade do Ministério Público para a propositura de
certas ações";

(iv) repercussão geral econômica: quando se discutissem,


por exemplo, o sistema financeiro da habitação ou a
privatização de serviços públicos essenciais. (Breves

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comentários à nova sistemática processual civil, 3ª ed. São
Paulo: RT, 2005. p.104).

A presente causa guarda pertinência com a repercussão geral


jurídica.

Pode-se dizer que, a princípio, toda essa questão envolvendo a


validade de tal dispositivo infraconstitucional, como é o caso, guarda uma
repercussão geral implícita, por se tratar de matéria, em regra, repetitiva onde a
lide é sempre a mesma, bem como uma das partes: uma pessoa jurídica de direito
público interno, in casu, o Município de Aracaju.

Nestes termos, em razão da questão presente causa transcender o


direito subjetivo das partes nela envolvidas e por estar demonstrada a repercussão
geral no caso concreto, o presente Recurso Extraordinário merece ser conhecido
para se decidir o mérito da demanda.

V – DO INCIDENTE DE INCONSTITUCINALIDADE. DA OFENSA AOS


ARTIGOS 7º, XXX, 30, II e 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Não se justifica, no contexto jurídico atual, a exigência que o art. 6º


da lei municipal 2.984/2001 fazia com relação a idade mínima de 21 anos para o
ingresso no cargo, o que na época se justificava, pois vigorava o Código Civil de
1916, onde a maioridade civil se dava com esta idade.

Porém, após o advento do Código Civil de 2002 a maioridade foi


reduzida para 18 anos e praticamente todas as leis que redigiam a idade mínima
para admissão em concurso foram também alteradas.

Acerca do tema, é possível encontrar julgados do Superior


Tribunal de Justiça – STJ, na medida em que não se pode limitar o ingresso a
cargos públicos à idade, quando inexiste razão legítima para inserir tão restrição,
conforme se observa no seguinte julgado, in verbis,
 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO RECURSO
ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA
CONCURSO PÚBLICO – REQUISITOS – LIMITAÇÃO –
IDADE MÍNIMA – IMPOSSIBILIDADE.
1 – Uniforme e pacífica a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal e deste Superior Tribunal de Justiça sobre
não se poder limitar o acesso a cargos públicos impondo-se
limite de idade. Aplicação, pela Administração, do princípio

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da razoabilidade dos atos públicos, levando-se em
consideração a natureza do cargo pretendido.
2 – A exigência de idade mínima em concurso público deve
ser aferida no momento da posse, por ser tal requisito
relativo à atuação da função e, não na ocasião da inscrição
para o provimento do cargo.
3 – Precedentes do STF (RE nº 156.404/BA) e STJ (RMS nº
1.511/CE e 14.156/PE).
4 – Recurso conhecido e provido para, reformando o v.
acórdão de origem, conceder a ordem e determinar que seja
feita a inscrição definitiva do impetrante no referido certame
público. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, a teor
das Súmulas 105/STJ e 512/STF (Processo RMS 13902 /
PE RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA 2001/0145351-4 Relator(a) Ministro
JORGE SCARTEZZINI (1113) Órgão Julgador T5 -
QUINTA TURMA Data do Julgamento 17/12/2002  Data da
Publicação/Fonte DJ 17/02/2003 p. 307)
 
A Constituição Federal garante o tratamento isonômico para todos e
visa em seus princípios fundamentais reduzir as desigualdades sociais e resguardo
da dignidade humana.

Sabe-se que nossa Constituição não tolera discriminações advindas


da idade dos indivíduos, para o ingresso de pessoal na Administração Publica,
dispondo textualmente em seu art. 37, inciso I que "os cargos, empregos e funções
públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”.

In casu, temos que a categoria dos guardas municipais tem regime


diferenciado das demais, e, portanto, em tese poder-se-ia estabelecer regras
próprias para o ingresso na carreira.

Ocorre, entretanto, que a lei regente da carreira – Lei nº 2.984 de


28 de dezembro de 2001 – ao dispor sobre a idade mínima em seu art.
6º, não justifica a restrição imposta relacionando-a a
alguma atribuição desempenhada na função, mas, ao contrário, o limite de idade
mínima figura como um simples requisito ordinário mínimo para admissão na
guarda municipal, equiparada a nacionalidade brasileira, estar no gozo dos seus
direitos políticos e etc.

Dessa forma, é inconstitucional a exigência contida no edital do


certame, haja vista que, em análise do caso concreto, os autores são, aos
18 (dezoito) anos, capazes para todos os atos da vida comum, inclusive, prestar
concurso para carreira de Policial Militar.

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Ainda, no caso presente, é do nosso sentir que milita em seu favor a
aplicação da Teoria do Fato Consumado pois, vários são os julgados
do Superiores Tribunais de Justiça – STJ acolhendo esta tese o que torna a sua
aplicação pacífica no ordenamento jurídico pátrio, conforme se observa no
seguinte julgado,
 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO.
CRITÉRIO SUBJETIVO. CARÁTER IRRECORRÍVEL.
INVIABILIDADE. TEORIA DO FATO CONSUMADO.
–  A jurisprudência dos nossos Tribunais tem admitido a
exigência da aprovação em exame psicotécnico no edital de
concurso público para provimento de certos cargos, com
vistas a avaliação intelectual e profissional do candidato,
desde que prevista em lei, renegando, todavia, a sua
realização segundo critérios subjetivos do avaliador,
susceptível de ocorrer procedimento seletivo discriminatório.
- Na espécie, ainda que a legislação que disciplina a
carreira de Policial Federal exija a aprovação em exame
psicotécnico, vedado é seu desdobramento em fase de
entrevista restrita às conclusões exclusivas do avaliador, que
avalia a aptidão do candidato por meio de critérios
subjetivos, passíveis de ocorrência de arbítrio.
-  Tendo o candidato concluído com êxito o curso de
formação para ingresso no cargo de Agente de Polícia,
obtendo inclusive excelente desempenho no mesmo, impõe-se
o reconhecimento da consolidação da situação de fato para
assegurar seu direito em prosseguir no certame. Recurso
especial não conhecido.(Processo RESP 422698 / RS ;
RECURSO ESPECIAL2002/0035813-7 Relator(a) Ministro
VICENTE LEAL (1103) Órgão Julgador T6 - SEXTA
TURMA Data do Julgamento 04/06/2002 Data da
Publicação/Fonte DJ 01.07.2002 p.00430)
 
Assim, qualquer limite imposto ao ingresso em cargo público, por
intermédio de concurso público, deve ser justificado em razão da atividade peculiar
exercida por seus integrantes, sob pena de incorrer em infundada
discriminação. No caso concreto, o limite de 21 (vinte e um) anos de idade não
encontra justificativa razoável para sua imposição.

Como se sustentou acima, com a Emenda Constitucional nº 45/2004


o Supremo Tribunal Federal recebeu a competência para julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida julgar válida lei local contestada em face da constituição. (alínea "c" do
inciso III, do artigo 102 da CF).

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Destaque-se que os demais artigos aqui sustentados servem única e
exclusivamente para fundamentar a tese do recorrente.

Artigo 6º, da Lei Municipal n. 2984/2001 o qual regula a


carreira do Guarda Municipal. Vejamos o teor do
dispositivo:

“São requisitos mínimos para admissão no quadro de


pessoal operacional da Guarda Municipal:

...

IV – ter idade mínima de 21 anos completos à época da


contratação”.

[...]

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

...

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de


funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
cor ou estado civil;

Constituição Estadual do Estado de Sergipe

Art. 3º O Estado assegura por suas leis e pelos atos dos seus
agentes, além dos direitos e garantias individuais previstos
na Constituição Federal e decorrentes do regime e dos
princípios que ela adota, ainda os seguintes:

...

II - proteção contra discriminação por motivo de raça, cor,


sexo, idade, classe social, orientação sexual, deficiência
física, mental ou sensorial, convicção político-ideológica,
crença em manifestação religiosa, sendo os infratores
passíveis de punição por lei;

O cerne do presente incidente cinge-se em analisar a


constitucionalidade da exigência da idade mínima de 21 (vinte e um) anos para a

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investidura no cargo de guarda municipal prevista na Lei Municipal nº 2.984/2001.
Pois bem.
 
O artigo 6º, inciso IV da Lei Municipal nº 2.984/2001 preceitua
que: “São requisitos mínimos para admissão no quadro de pessoal operacional da
Guarda Municipal: [...] IV – ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos completos à
época da contratação”.
 
É cediço que o Supremo Tribunal Federal possui entendimento
pacífico no sentido de que são possíveis exigências, tais como idade, altura, entre
outras, desde que compatíveis com as atribuições do cargo que se pretende ocupar.
Eis a jurisprudência:
 
AGRAVO REGIMENTAL. CONCURSO PÚBLICO.
EXIGÊNCIA DE IDADE MÍNIMA, A SER COMPROVADA
NA DATA DA POSSE. A lei pode limitar o acesso a cargos
públicos, desde que as exigências sejam razoáveis e não
violem o art. 7º, XXX, da Constituição. A Lei 8.112/1990
prevê a idade mínima de 18 anos para ingresso no serviço
público. Agravo regimental a que se nega provimento (AI
413149 AgR, Relator(a):  Min. JOAQUIM BARBOSA,
Segunda Turma, julgado em 13/06/2006, DJ 22-09-2006 PP-
00048 EMENT VOL-02248-04 PP-00661).
 
Diz a Súmula 683 do Supremo Tribunal Federal: “O limite de
idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX,
da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido”.

De uma análise detida do cargo em apreço, depreende-se que suas


atribuições são:
 
“proteger bens, serviços e instalações do Município
de Aracaju, incluídos os de sua Administração
Direta, Indireta e Fundacional; quando
credenciado, fiscalizar, organizar e orientar o
trânsito de veículos em todo território municipal;
orientar a comunidade local quanto ao direito de
utilização dos bens e serviços públicos; proteger o
meio ambiente e o patrimônio histórico, cultural,
ecológico e paisagístico do Município; cumprir e
fazer cumprir as ordens recebidas dos superiores,
interagindo permanentemente com a população
local com vistas a detectar seus anseios e

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solicitações; orientar e apoiar os turistas
brasileiros e estrangeiros; colaborar nas operações
de defesa civil do Município e em quaisquer outras
que se fizerem necessárias; dar proteção ao
patrimônio municipal e aos eventos culturais;
apoiar autoridades constituídas e funcionários
públicos no exercício de suas funções, dar apoio às
atividades de assistência social no recolhimento de
pessoas carentes; efetuar atendimento de primeiros
socorros, quando necessário; dar proteção aos
professores, funcionários e alunos das Escolas
Públicas Municipais; dar proteção aos
funcionários, usuários de Hospitais Municipais,
bem como apoiar pessoas carentes que os
procurem, participar de operações como condutor
de viaturas, zelando por elas; executar outras
atividades afins”. 
 
Desse modo, as atribuições do cargo de guarda municipal não
possui qualquer necessidade da exigência da idade mínima de vinte e um anos.
 
Note-se que a Lei 2.984/2001, que exige a idade de 21 anos, foi
editada antes da vigência do Novo Código Civil que previu a idade de 18 (dezoito)
anos como a maioridade civil. Assim, a pessoa com mais de dezoito anos é capaz
de exercer todos os atos da vida civil, não se justificando exigir que a pessoa tenha
vinte e um anos para poder exercer o cargo de guarda municipal.
 
Outrossim, a pessoa com dezoito anos de idade pode prestar
concurso público para a Polícia Militar do Estado de Sergipe, consoante a Lei
Estadual nº 2.006/76, carreira que possui porte de arma de fogo, diferentemente da
Guarda Municipal. Dessa forma, injustificável a exigência da idade mínima de
vinte e um anos para a investidura no cargo de Guarda Municipal.
 
O ilustre representante da Procuradoria de Justiça já se manifestou
nesse sentido:
 
No caso em questão não vislumbramos qualquer crédito que
justifique essa imposição do art. 6º, IV da Lei nº 2.984/2001
ao estabelecer a idade mínima de 21 (vinte e um) anos para
a investidura no cargo de Guarda Municipal, não há nenhum
critério de razoabilidade a nosso entender.

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Fazendo um parâmetro com outra carreira relacionada a
Segurança Pública, a dos Policiais Militares, a Lei estadual
nº 2.006/76 estabelece como idade mínima para investidura
no cargo a de 18 (dezoito) anos, pois bem, sabendo-se que as
atribuições dadas a este são totalmente dispares se
comparadas a de um guarda municipal, uma vez que aquele
porta arma de fogo e exerce um trabalho mais ostensivo de
combate ao crime, já o Guarda Municipal não tem porte de
arma e tem como atribuição simplesmente a proteção ao bem
público, vê-se logo a inexistência de razoabilidade no
estabelecimento de 21 (vinte e um) anos” (fls. 152/153)
 
Ora, é incabível a limitação de idade em apreço, seja porque
inexiste lei ou qualquer outro ato normativo que fundamente a exigência
combatida, seja porque o cargo a ser exercido, não  apresenta qualquer critério de
justificação.
 
Logo, não há mais razão para permanência do dispositivo afrontado
no âmbito jurídico do Município de Aracaju, devendo ser declarado
inconstitucional.
 
Destarte, a exigência existente no artigo 6º, inciso IV da Lei
Municipal nº 2.984/2001 viola o artigo 7º, inciso XXX da Constituição Federal e
artigo 3º, inciso II da Constituição Estadual.

Assim, assiste razão o pleito formulado pelo requerente, na


medida em que a limitação de idade apenas pode ser justificada pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido. Desta forma, não pode a lei, em face do
disposto nos artigos 7º, XXX; 30, II e 37 da Constituição Federal, impor limite
de idade mínima para provimento do cargo de GM da prefeitura de Aracaju/SE.

Assim, o demandante vem a requerer que seja desconsiderada a


exigência de 21 anos, declarando-o compatível com as exigências para o cargo,
com seu retorno ao efetivo da Guarda Municipal de Aracaju.      

VI - DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Dispõe o art. 273 CPC que o juiz poderá, a requerimento da parte,


antecipar os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano ou de difícil reparação; ou

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II- fique caracterizado o abuso do direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório do réu.

A Prova Inequívoca e a Verossimilhança da Alegação - requisitos


exigidos para a concessão da Antecipação da Tutela - encontram-se provadas nos
documentos acostados a esta exordial, referentes aos editais de concursos de
diversas unidades federativas e a comprovação da homologação de sua aprovação e
consequente convocação da pessoa do demandante.

Encontra-se, também, presente, o Fundado Receio de Dano quanto


à percepção do salário integral e também do retroativo, haja vista ter o Município
de Aracaju ofendido ao princípio constitucional da isonomia, conforme disposto no
art. 37, caput, da CF.

Por fim, presente está a possibilidade de Reversibilidade da


concessão, vez que o demandado não está sendo compelido a pagar quantia
indevida – de modo a configurar enriquecimento sem causa.

Ao revés, apenas estará a contemplar os princípios constitucionais


vinculantes à Administração Pública, conferindo ao demandante o que lhe é de
direito e justiça devido, não incorrendo, portanto, em prejuízo, posto que tal valor é
infimo frente aos recursos do erário.

Requer, de logo, que o demandante, em sede de provimento liminar,


possa retornar ao cargo de Guarda Municipal de Aracaju (GM1), visto que seu
desligamento foi justificado pela exigência de idade mínima de 21 anos, o que hoje
já possui.

E, apenas na remota hipótese de este não ser o entendimento deste


juízo, requer que a vaga deste requerente seja reservada, até ulterior decisão do
juízo.

VII – DOS REQUERIMENTOS

À vista das razões de fato e de direito aqui expostas, é a presente


peça para requerer:

a) Sejam concedidos ao demandante os benefícios da justiça


gratuita;

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b) Seja concedida a antecipação da tutela para assegurar ao
requerente o retorno ao cargo de Guarda Municipal de Aracaju ou, eventualmente,
lhe seja reservada a vaga;

c) A notificação do requerido no endereço mencionado, para


que, querendo, apresente contestação;

d) A intimação do ilustre membro do Ministério Público;

e) A procedência da ação e o deferimento do presente


requerimento de anulação da exigência de 21 anos para ingresso nos quadros da
Guarda Municipal de Aracaju; Requer o pagamento, a título de indenização, dos
vencimentos pretéritos ao ajuizamento da lide e, deste ajuizamento, até a efetiva
nomeação do candidato;

f) A condenação em custas e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos, mormente


prova documental que instrui esta exordial.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Aracaju, 04 de agosto de 2015.

ANDRÉ KAZUKAS RODRIGUES PEREIRA


OAB/SE Nº 5.316

JOSÉ ANTÔNIO MOURA DE AZEVEDO FILHO


OAB/SE Nº 8.335

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