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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Setor de Pesquisa e Iniciação Científica
Departamento de Química

RODRIGO SATLHER BOREL

INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ONDA


NO TEOR DE FICOCIANINA NA BIOMASSA DA
MICROALGA SPIRULINA PLATENSIS
CULTIVADA EM FOTOBIORREATOR COLUNA
DE BOLHAS INTERNAMENTE ILUMINADO
COM LED

Orientador: Prof. Dr. Mateus de Souza Amaral

Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil

Julho/2020

1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Federal de Ouro Preto
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Setor de Pesquisa e Iniciação Científica
Departamento de Química

RODRIGO SATLHER BOREL

INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ONDA


NO TEOR DE FICOCIANINA NA BIOMASSA DA
MICROALGA SPIRULINA PLATENSIS
CULTIVADA EM FOTOBIORREATOR COLUNA
DE BOLHAS INTERNAMENTE ILUMINADO
COM LED

Relatório final, referente ao período de 01 de


agosto de 2019 a 31 de julho de 2020, apresentado
ao programa de iniciação científica/ PIVIC/UFOP.
Orientador: Prof. Dr. Mateus de Souza Amaral

Ouro Preto – Minas Gerais - Brasil

Julho/2020

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RESUMO

Devido ao uso inconsciente dos combustíveis fósseis e a preocupação com um futuro


esgotamento desses recursos, o uso da biomassa de microalgas para a geração de energia
renovável têm sido uma alternativa estudada cada vez mais para tentar contornar esse problema,
pois as microalgas apresentam um alto rendimento de lipídeos que são utilizados para conversão
em biodiesel e por sua elevada capacidade de fixação de CO2 atmosférico durante a formação
da biomassa. Ao longo dos anos, vários estudos visando custo-benefício de processos de cultivo
das microalgas até a conversão em biocombustíveis vêm sendo desenvolvidos em conjunto com
a obtenção de biomoléculas provenientes da biomassa, como os pigmentos, para agregar valor
ao processo, bem como o uso e otimização dos fotobiorreatores para elevar a produtividade da
biomassa. Desse modo, este trabalho teve como objetivo a construção de um sistema de
fotobiorreatores coluna de bolhas iluminados internamente por luz de LEDs, a fim de avaliar a
influência de diferentes comprimentos de onda no crescimento celular da microalga Spirulina
platensis e acúmulo do pigmento ficocianina presente na biomassa da mesma. A cepa da
microalga Spirulina platensis foi adquirida do Instituto Oceanográfico da USP após dois meses
do ínicio do projeto e levou majs de seis meses para se adaptar as condições adequadas de
cultivos que a ela foram aplicadas no laboratório, dificultando a obtenção de quantidades
adequadas de cultivos para proceder os repiques para o fotobiorreator projetado, atrasando
assim o estudo da influência do comprimento de onda no teor do pigmento ficocianina presente
na biomassa. Ainda assim, foi projetado e adquirido os materiais para a construção do
fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado, porém não foi possível finalizá-lo
devido a suspensão das atividades no laboratório por conta da pandemia do COVID-19.
Enquanto isso o trabalho de iniciação científica se pautou paralelamente na construção de um
sistema de cultivo para auxiliar na repicagem das demais cepas de microalgas, Chlorella sp.,
Chlorella minutíssima e Tetraselmis gracilis (espécies que se adaptaram bem no laboratório) e
na produção de biomassa microalgal para o uso em outros projetos de iniciação científica no
Laboratório de Química Tecnológica e Ambiental da UFOP. O sistema construído permitiu a
manutenção dos cultivos e a construção das curvas de calibração das espécies de microalgas
para o acompanhamento diário do crescimento celular via densidade óptica, e resultou na
produção de aproximadamente 1,0 g de biomassa semanal para cada espécie, e cerca de 4,73 g
de biomassa por mês, proporcionando uma produção mensal de aproximadamente 14,2 g de
biomassa para o laboratório, quantidade suficiente conduzir mais de dez ensaios mensais de

3
determinação de teor de lipídeos, importante para estudos de produção de biodiesel por
exemplo.

Palavras-chave: Cultivo de microalgas; Fotobiorreator coluna de bolhas; Iluminação LED;


Tetraselmis gracilis; Spirulina platensis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Fotobiorreator tubular vertical ..............................................................................13

Figura 3.2 - Esquema de um fotobiorreator tubular em formato de serpentina .........................13

Figura 3.3 - Esquema de um fotobiorreator tubular espelhado em formato de serpentina ........14

Figura 3.4 - Fotobiorreator tubular do tipo coluna de bolhas ....................................................14

Figura 3.5 - Esquema da vista superior de um tanque raceway .................................................15

Figura 3.6 - Espectro da radiação solar incluindo um detalhamento da faixa visível humana
...................................................................................................................................................17

Figura 3.7 - Sistema com três fotobiorreatores integrados internamente iluminados: (A) antes
e (B) durante cultivo da microalga Chlorella minutíssima ........................................................19

Figura 3.8 - Variação do crescimento de biomassa em função do tempo ao longo do período


de cultivo ..................................................................................................................................22

Figura 4.1 - Desenho esquemático da montagem do cepário ....................................................23

Figura 4.2 - Desenho esquemático do painel de lâmpadas de LEDs .........................................23

Figura 4.3 - Ilustração dos galões de 4,0 litros contendo o cultivo ............................................24

Figura 4.4 - Espectrofotômetro UV-Vis ...................................................................................26

Figura 4.5 - Desenho esquemático de funcionamento de um espectrofotômetro ......................27

Figura 4.6 - Desenho esquemático do fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado


...................................................................................................................................................30

Figura 5.1 - Medidor de temperatura digital fixado no exterior do cepário ...............................31

Figura 5.2 - Vista superior do cepário montado .......................................................................31

Figura 5.3 - Fotos do cepário em funcionamento com as cepas inoculadas ..............................32

Figura 5.4 - Painel de madeira com o conjunto de lâmpadas de LEDs instaladas .....................33

5
Figura 5.5 - Imagem dos galões de 4,0 L com o painel de LEDs em funcionamento ................34

Figura 5.6 - Gráfico Concentração versus Absorbância referente a microalga Chlorella


minutíssima ...............................................................................................................................34

Figura 5.7 - Gráfico Concentração versus Absorbância referente a microalga Tetraselmis


Gracilis .....................................................................................................................................35

Figura 5.8 - Fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado ...................................36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 11
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 11
2.2 OBJETIVOS ESPÉCIFICOS .......................................................................... 11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 11
3.1 FOTOBIORREATORES .................................................................................. 11
3.1.1 FOTOBIORREATORES TUBULARES ........................................ 12
3.1.2 FOTOBIORREATORES COLUNA DE BOLHAS ...................... 14
3.1.3 TANQUES “RACEWAY”............................................................... 15
3.2 ILUMINAÇÃO .................................................................................................. 16
3.2.1 NATURAL ...................................................................................... 16
3.2.2 ARTIFICIAL .................................................................................. 17
3.3 MICROALGAS ................................................................................................ 19
3.4 ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO CELULAR .......................... 20
3.5 CINÉTICA DE CRESCIMENTO CELULAR ............................................... 21
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 22
4.1 ESPÉCIES DE MICROALGAS ...................................................................... 22
4.2 CONSTRUÇÃO DO CEPÁRIO ...................................................................... 22
4.3 SISTEMA DE MANUTENÇÃO DOS CULTIVOS ........................................ 23
4.4 MEIOS DE CULTIVO ..................................................................................... 24
4.5 ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO CELULAR .......................... 25
4.5.1 CURVAS DE CALIBRAÇÃO ......................................................... 27
4.6 COLHEITA DE BIOMASSA ................................................................................28
4.7 CONSTRUÇÃO DO FOTOBIORREATOR COLUNA DE BOLHAS
INTERNAMENTE ILUMINADO ......................................................................29
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 30
5.1 CEPÁRIO ......................................................................................................... 30
5.2 SISTEMAS DE MANUTENÇÃO DOS CULTIVOS ...................................... 32
5.3 CONSTRUÇÃO DE CURVAS DE CALIBRAÇÃO ....................................... 34
5.4 FOTOBIORREATOR COLUNA DE BOLHAS INTERNAMENTE
ILUMINADO ................................................................................................... 35
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 37
7 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ..................................................................38

7
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................39

8
1. INTRODUÇÃO

Em decorrência do uso crescente, exacerbado e inconsequente dos combustíveis fósseis


são várias as preocupações em relação ao seu rápido esgotamento, como consequência o
aquecimento global e outros problemas ambientais, para contornar esses problemas têm sido
utilizado a biomassa de microalgas para a geração de energia renovável. A microalga é um
recurso ideal de biomassa para a produção de energia renovável devido ao seu alto rendimento
lipídico para conversão em biodiesel e capacidade de fixar o CO2 liberado pelos gases residuais
industriais (CHISTI, 2007).

Os migrorganismos algais ou como são conhecidos normalmente por microalgas,


possuem diversos pigmentos fotossintéticos de acordo com a espécie, entre esses por exemplo
a clorofila, esses pigmentos dão as microalgas capacidade de realizar a fotossíntese oxigênica.
Normalmente as microalgas são classificadas de acordos com os tipos de pigmentos que elas
possuem e as substâncias que armazenam (TOMASELLI, 2004).

Ao longo dos anos várias pesquisas estão sendo desenvolvidas a fim de obter
combustíveis renováveis e neutros de emissão de carbono. A partir das biomassas de microalgas
é obtido os chamados combustíveis de terceira geração, para obter as microalgas não é
necessário o uso de terras aráveis,como outro no caso do cultivo de plantação de cana-de-açúcar
para uso do bagaço na obtenção do etanol, com isso o rendimento final de biomassa microalgal
por hectare é muito superior do que as culturas alimentícias (AMARAL, 2018).

O custo de produção relativamente alto da biomassa de microalgas em comparação com


as biomassas agrícolas e florestais tem sido um dos maiores desafios em sua produção
comercial. Embora esforços extensos tenham sido dedicados à otimização do meio e do
processo de cultivo, também se espera que o desenvolvimento de sistemas de cultivo de
microalgas econômicos e de alta eficiência produza melhorias significativas na relação custo-
benefício da produção (LI et al., 2007).

Com o intuito de tornar os biocombustíveis provenientes de microalgas mais


competitivos financeiramente alguns fatores podem ser melhorados. A busca por avanços a fim
de melhorar a velocidade de crescimento de biomassa, de aumentar a eficiência fotossintética e
também aumentar o teor de óleo na biomassa de microalgas têm sido significativos. Outro fator
importante que pode reduzir o custo do biocombustível é a extração do óleo da biomassa, pois
esta etapa do processo chega a representar 50% do custo de produção. Além disto, os

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subprodutos da biomassa podem ser utilizados para gerar energia ou serem comercializados
como biofertilizantes, podendo assim diminuir o custo dos biocombustíveis (CHISTI, 2007).

Para um cultivo de biomassa eficiente de microalgas um dos principais cuidados e


passos que devem serem tomados é no desenvolvimento dos fotobiorreatores. Para garantir a
eficiência de um fotobiorreator, a formação de grandes zonas escuras ao longo do mesmo deve
ser evitada, zonas essas onde a luz não consegue chegar, impedindo assim que o processo de
fotossíntese ocorra. O fluxo ao longo do fotobiorreator deve ser turbulento a fim de obter uma
incidência de luz onde consiga chegar em todas as células fotossintéticas, mesmo sendo
turbulento a agitação não deve ser intensa demais, pois isso pode chegar a destruir as células
das microalgas. Outro fator importante que deve ser observado e evitado é o crescimento de
microalgas nas paredes dos fotobiorreatores, pois isso evita que a luz chegue em todas as células
(KLEIN, 2015).

Diante do que foi exposto, este trabalho se pautou na montagem de um sistema de


cultivo de microalgas para a produção de biomassa microalgal para o Laboratório de Química
Tecnológica Ambiental (LQTA) da UFOP, construindo um cepário para a manutenção das
microalgas Chlorella sp., Chlorella minutíssima, Spirulina platensis e Tetraselmis gracilis e
projetar um fotobiorreator coluna de bolhas.

A espécie Spirulina platensis não conseguiu se adaptar as condições de cultivo que a ela
foi aplicada, com isso a análise do teor de ficocianina presente na biomassa da mesma não pode
ser realizada como previsto no projeto original. Foi construído um sistema de cultivo que serviu
para auxiliar na repicagem e manutenção das cepas das microalgas Chlorella sp., Chlorella
minutíssima e Tetraselmis gracilis para a produção de biomassa microalgal para o uso em
diversos projetos de iniciação científica no laboratório. O sistema construído permitiu
determinar a curva de calibração de duas espécies de microalgas, sendo elas a Chlorella
minutíssima e Tetraselmis gracilis. O sistema construído permitiu obter para cada espécie 1,05
g de biomassa por semana, e cerca de 4,73 g de biomassa por mês, proporcionando uma
produção mensal de aproximadamente 14,2 g de biomassa para o laboratório, sendo possível
conduzir cerca de 10 experimentos por mês para determinação de lipídeos, para as espécies
Chlorella minutíssima, Chlorella sp. e Tetraselmis gracilis. Além disso, foi projetado e
adquirido os materiais para a construção do fotobiorreator coluna de bolhas iluminado
internamente com LEDs, porém sua operação teve que ser interrompida devido a suspensão das
atividades no laboratório devido a pandemia do COVID-19.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste projeto de iniciação científica foi realizar a montagem de um


sistema de cultivo de microalgas para a produção de biomassa microalgal para o Laboratório de
Química Tecnológica Ambiental (LQTA) da UFOP.

2.1.1 OBJETIVOS ESPÉCIFICOS

• Construção de um cepário para a manutenção das microalgas Chlorella sp.,


Chlorella minutíssima, Spirulina platensis e Tetraselmis gracilis;

• Projetar um fotobiorreator coluna de bolhas.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos e dos diferentes
tipos de fotobiorreatores, os tipos de iluminação utilizados no cultivo de microalgas e
acompanhamento do crescimento celular.

3.1 FOTOBIORREATORES

Os fotobiorreatores são sistemas fechados que tem como objetivo utilizar iluminação
seja ela recebida de forma natural ou artificial na produção de biomassa. Os fotobiorratores eles
favorecem que o processo de fotossíntese nas microalgas ocorra, favorecendo assim o
crescimento celular, gerando assim uma grande quantidade de biomassa. Esses sistemas
possuem diferentes tipos e formatos, como os de coluna de bolhas, tubulares (sendo esses
cônicos ou helicoidais), placas planas, os tanques abertos, dentre outros modelos (CARVALHO
et al., 2014).

Mesmo tendo um custo mais elevado na produção, quando comparado com os sistemas
abertos, os sistemas fechados apresentam várias vantagens como: um maior controle das
condições de cultivo (sendo elas temperatura, pH, concentração do CO2 injetado no sistema); é
menor a contaminação advinda de microrganismos contaminantes; e os sistemas fechados
apresentam menos desgaste evaporativo que prejudicam o cultivo final de biomassa
(BOROWITZKA, 1999; SINGH e SHARMA, 2012).

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Segundo Mérida (2015) o desenvolvimento de fotobiorreatores é talvez um dos
principais passos a serem tomados para o cultivo eficiente da biomassa microalgal. Um
fotobiorreator para economicamente viável pode ser projetado incorporando os seguintes
recursos:

• Fornecer a maior relação área/volume;

• Estabilizando o CO2 absorvido;

• Fornecendo o tempo suficiente para a absorção de fótons;

• Manutenção da concentração ideal de microalgas que corresponde à taxa mais


alta;

• Manutenção do nível desejado de nutrientes.

3.1.1 FOTOBIORREATORES TUBULARES

Os fotobiorreatores tubulares normalmente são os mais usados no cultivo de microalgas,


pois graças a estudos e avanços nas pesquisas pode ser aplicado em escala industrial. A
construção dos fotobiorreatores tubulares é realizada utilizando tubos de materiais transparentes
a fim de permitir a penetração da luz em toda a sua área de cultivo, em sua maioria são feitos
de plásticos (principalmente acrílico) ou vidro. As dimensões dos mesmos podem variar de
acordo com o planejamento do cultivo, podendo possuir diâmetros de até 10 cm e chegando a
1,5 metros em escala laboratorial ou até mesmo a 80 metros de comprimento em escala
industrial. Os tubos podem ter orientação vertical ou horizontal, para otimizar o contato com
luz solar e aumentar a produtividade os tubos são colocados na direção norte-sul, como é
ilustrado na Figura 1, e para evitar que ocorra sedimentação das microalgas o fluxo que passa
no interior dos tubos é turbulento sendo esse produzido através de bombas (CHISTI, 2007). A
Figura 3.1 apresenta o fotobiorreator tubular vertical segundo Chisti (2007).

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Figura 3.1. Fotobiorreator tubular vertical.

Fonte: Adaptado de Chisti (2007).

Em um estudo realizado por Liao et al (2014) ele prôpos em um fotobiorreator tubular


onde ele era iluminado externamente, o fotobiorreator proposto possuia uma base cônica, onde
foi concectada um sistema de tubos de vidro serpentino por onde a mistura de microalgas era
bombeada, o tubo serpentino possuia regiões pintadas com tinta escura por onde a luz não
conseguia penetrar, essas regiões criaram zonas claro/escuro ao longo do tubo, isso
porporcionava uma maior eficiência na utilização da luz pra conversão de biomassa. A Figura
3.2 abaixo, demostra o fotobiorreator proposto.

Figura 3.2. Esquema de um fotobiorreator tubular em formato de serpentina

Fonte: (LIAO et al., 2014).

Um estudo semelhante proposto por Ilus e Abu-Goshi (2016), consistia em um


fotobiorreator tubular onde em sua base possuia um espelho que refletia a luz que era incidida

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sobre o tubo serpentino, como consequência a produtividade de biomassa foi melhorada. A
Figura 3.3, ilustra o fotobiorreator desenvolvido.

Figura 3.3. Esquema de um fotobiorreator tubular espelhado em formato de serpentina.

Fonte: (ILUS; ABU-GOSHI, 2016).

3.1.2 FOTOBIORREATORES COLUNA DE BOLHAS

Entre os sistemas fechados de cultivo estão os fotobiorreatores tubulares do tipo coluna


de bolhas, que são constituídos por tubos transparentes geralmente confeccionados de plásticos
(acrílico) ou vidro, a iluminação dos tubos pode ser feita externamente ou internamente (como
proposto por este projeto), os tubos normalmente possuem uma elevada razão altura/diâmetro.
São chamados de coluna de bolhas pois em sua montagem são colocados sistemas que tem por
finalidade inserir bolhas de ar no interior do cultivo, normalmente são utilizados bombas ou
compressores de ar comprimido, além da inserção das bolhas de ar, eles promovem a aeração
do cultivo. A Figura 3.4 demonstra um modelo de fotobiorreator do tipo coluna de bolhas
desenvolvido por Gressler (2011).

Figura 3.4. Fotobiorreator tubular do tipo coluna de bolhas.

Fonte: (GRESSLER, 2011).

14
3.1.3 TANQUES “RACEWAY”

Os tanques raceway são um dos modelos de tanques abertos mais utilizados para o
cultivo de microalgas, esse tipo de tanque recebe esse nome pois possui o formato de um
circuito fechado de corrida, esses tanques são construídos de concreto ou terra compactada,
normalmente possuem cerca de 0,3 metros de profundidade, a fim de evitar a sedimentação da
biomassa cultivada a agitação da mistura é realizada por uma roda de pás por tempo ininterrupto
e alimentação na parte da frente da roda de pás e logo após a mistura completar todo o circuito
ela coletada na parte de trás da roda de pás. Apesar desse tipo de sistema ser utilizado em uma
escala grande de produtividade ele apresenta algumas desvantagens, como por exemplo, não é
possível controlar a temperatura durante o ciclo, pois a temperatura é a ambiente, além disso,
por ser um sistema aberto pode ocorrer contaminação do cultivo, entre outras (CHISTI, 2007).
A seguir, a Figura 3.5 apresenta o esquema de um tanque raceway.

Figura 3.5. Esquema da vista superior de um tanque raceway.

Fonte: (CHISTI, 2007).

Em um comparativo realizado por Brennan e Owende (2010) foram expostas algumas


vantagens e limitações entre os fotobiorreatores (sistemas fechados) de cultivos com os tanques
abertos (tipo raceway), de acordo com o comparativo, por exemplo, a produtividade de
biomassa é alta nos fotobiorreatores tubulares e já nos tanques raceway é baixa a produtividade
de biomassa, nos fotobiorratores é possível ter controle de temperatura, enquanto que nos
tanques raceway a temperatura é a ambiente sendo difícil o controle da mesma, o risco de

15
contaminação do cultivo é bem maior nos tanques raceway do que nos fotobiorreatores
tubulares, entre outras.

3.2 ILUMINAÇÃO

A produção de biomassa de microalgas está diretamente relacionada com a quantidade


de luz que as células microalgais recebe para realizar o processo de fotossintese, a luz é
essencial para o desenvolvimento e crescimento das microalgas, além de refletir também na
fixação de CO2 pelas células fotossintéticas (DERNER, 2006).

Segundo Danesi et al (2004) para se obter uma biomassa rica em clorofila, deve-se expor
as microalgas à uma intensidade baixa de luz, já a exposição de alta intensidade irá refletir
diretamente no crescimento das microalgas.

Para o cultivo de microalgas a exposição das microalgas a luz é realizada em


fotoperíodos, ou seja, o tempo de exposição será horas de luz e horas de escuro. Normalmente
é comum utilizar o fotoperíodo de 12 horas de luz: 12 horas de escuro em cultivos laboratoriais,
mas já dependendo dos objetivos que se querem obter é usualmente utilizado o fotoperíodo de
16 horas de luz: 8 horas de escuro. Longos períodos de exposição de luz iram favorecer o
crescimento do cultivo, sendo esses aplicados para fim comercial (LOURENÇO, 2006).

3.2.1 NATURAL

As microalgas estão sendo cultivadas desde meados dos anos 50 em sistemas abertos, a
iluminação utilizada nesse tipo sistema é natural, ou seja, a energia solar. A radiação solar se
encontra na faixa espectral de 400 nm a 700 nm e a luz utilizada pelas microalgas para realizar
o processo de fotossíntese se encontra dentro dessa faixa, os pigmentos fotossintéticos
existentes nas microalgas são os responsáveis por absorver essa luz e converter em energia
para células, auxiliando assim no crescimento celular e no acúmulo de pigmentos, como a
clorofila, de lipídeos (SUH, 2003).

Uma das limitações do uso da iluminação natural em sistemas abertos é que pode ocorrer
perdas evaporativas significativas durante o cultivo, além disso a intensidade da luz solar pode
variar durante os ciclos aplicados, com isso tendo consequência direta no crescimento das
microalgas (CHISTI, 2007). A Figura 3.6, demonstra a faixa espectral da radiação solar.

16
Figura 3.6. Espectro da radiação solar incluindo um detalhamento da faixa visível humana.

Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar, 2ª ed. INPE, 2017.

3.2.2 ARTIFICIAL

Além do uso da iluminação natural no cultivo de microalgas, os sistemas fechados


(fotobiorreatores) fazem uso da iluminação artificial, proveniente de lâmpadas fluorescentes e
recentemente o uso de LEDs.

O funcionamento das lâmpadas fluorescentes ocorre por meio da ionização de átomos


de argônio com vapor de mercúrio. A vida útil de uma lâmpada fluorescente pode variar entre
5.000 a 10.000 horas (ALMEIDA, 2014; CARVALHO et al., 2014).

Segundo Lourenço (2006), para realizar o cultivo de microalgas as lâmpadas


fluorescentes de luz fria, do tipo luz do dia e luz branca quente são as mais adequadas para
realizar o cultivo, sendo recomendado o uso de lâmpadas de mesmo potência e tipo nos sistemas
de cultivo.

Como as lâmpadas fluorescentes emitem luz branca, isso quer dizer, que emitem em
todos os comprimentos de onda, ou seja, emitindo inclusive em comprimentos que as
microalgas não utilizam para seu crescimento, sendo assim que uma parte da luz emitida por
elas é desperdiçada e acaba não sendo aproveitada pelas microalgas (REDAÇÃO GREEN
POWER, 2018).

Apesar das lâmpadas fluorescentes serem eficientes no cultivo de microalgas e também


serem de baixo custo quando se comparada com as lâmpadas incandescentes, elas possuem
algumas desvantagens como, devido ao fato de serem constituídas por metais que são altamente
poluentes o seu descarte deve ser feito de maneira adequada e a reciclagem das mesmas serem
feitas por empresas especializadas, mesmo sendo mais econômica, elas consomem bastante

17
energia elétrica o que não é vantajoso no quesito custo-benefício, com isso, o seu uso no cultivo
de microalgas vem sendo substituído por lâmpadas de LEDs (REDAÇÃO GREEN POWER,
2018).

Como mencionado anteriormente, os Diodos Emissores de Luz ou LEDs como


popularmente são conhecidos, estão sendo cada vez mais utilizados no cultivo de microalgas,
os LEDs possuem algumas vantagens como, o seu consumo energético é baixo, além de
possuírem um vida útil de cerca 50.000 horas, quase 5 vezes maior quando se comparada com
uma lâmpada fluorescente (AVILA-LEON, 2014).

Os LEDs são componentes eletrônicos semicondutores, eles utilizam a mesma


tecnologia que é empregada nos chips de computadores, que tem a função de transformar
energia elétrica em luz. São componentes do tipo bipolar, onde um dos lados é o anodo
(carregado positivamente) e o lado é catodo (carregado negativamente). A geração ou não de
luz, irá depender de como o componente for polarizado, permitindo assim a passagem ou não
de corrente elétrica (LIMA, R. F, 2018).

O LED foi inventado por Nick Holonyac, no ano de 1963, somente na cor vermelha e
era de baixa intensidade luminosa, o LED só era usado por aparelhos de TV, rádios, dentre
outros equipamentos com a finalidade de indicação se o aparelho estava ou não ligado. Com o
passar do tempo e o avanço da tecnologia novas cores foram introduzidas no mercado, como o
LED de cor amarela, posteriormente surgiu o LED de cor verde de baixa intensidade, somente
por volta do início dos anos 90 que houve o surgimento dos LEDs com comprimento de onda
baixos, como nas cores azul, verde e ciano. E por fim, foi possível a obtenção do LED branco,
abrangendo assim todo o espectro de cores (LIMA, 2018).

O uso de LEDs nos sistemas de cultivo de microalgas tem sido difundido cada vez mais,
devido a enorme gama de cores existentes, isso tem permitido que os pesquisadores realizem
experimentos a fim de avaliar o crescimento celular em diferentes comprimentos de onda
(SCHULZE et al., 2014). Graças as pesquisas feitas com utilização de LEDs, foi percebido que
o uso de LEDs de cores vermelha e verde favorecem o acúmulo de lipídeos nas microalgas, e
os LEDs de cores azul e branco auxiliam na quantidade de biomassa produzida (AMARAL,
2018). A Figura 3.7 demonstra um sistema de fotobiorreatores iluminados internamente com o
uso de LEDs.

18
Figura 3.7. Sistema com três fotobiorreatores integrados internamente iluminados: (A) antes
e (B) durante cultivo da microalga Chlorella minutíssima.

Fonte: (AMARAL, 2018).

3.3 MICROALGAS

Microalgas são microrganismos fotossintéticos com requerimentos nutricionais


relativamente simples e cuja biomassa pode ser empregada para obtenção de biocompostos,
como suplemento alimentar humano, alimento animal ou fonte de biocombustíveis
(ANDRADE; COSTA, 2008).

O meio preparado para o cultivo influencia diretamente no crescimento celular, bem


como na composição química da alga que está em estudo. Os elementos nutritivos mais
importantes são carbono, nitrogênio, fosfato, sais de magnésio, potássio e cálcio.
Microelementos como manganês e cobalto atuam favoravelmente em suas atividades vitais
(BORGHETTI, 2009).

A Chlorella minutíssima é uma alga verde, microscópica que possui uma rígida parede
celular, contém a maior concentração de clorofila então conhecida, em maior quantidade do que
quaisquer outras algas. A Chlorella minutíssima é uma microalga unicelular microscópica,
eucariótica, esférica e com diâmetro variando entre 5-10 μm, que pode ser encontrada em
tanques e lagos, com alta capacidade fotossintética. Dentre os fatores que podem influenciar no
crescimento da Chlorella minutíssima, podemos citar: pH, salinidade, luminosidade, presença
de contaminantes, temperatura, aeração, presença de íons bicarbonato, fonte de nitrogênio, tipo
de biorreator, idade do inóculo, concentração inicial de biomassa, densidade populacional
(BORGHETTI, 2009).

19
A Spirulina é uma microalga rica em proteínas, vitaminas e ácidos graxos
poliinsaturados. Esse microorganismo cresce fotossinteticamente, mas um substrato orgânico
pode estimular seu crescimento. A Spirulina platensis é uma microalga com composição
apropriada para uso como complemento alimentar, podendo ser empregada no combate à
desnutrição. Em sua composição destacam-se os altos teores de proteínas (64 - 74%), ácidos
graxos poli-insaturados e vitaminas além de compostos antioxidantes. Essa microalga é
classificada como GRAS (Generally Recognized as Safe) pelo FDA (Food and Drug
Administration), o que garante seu uso como alimento sem riscos à saúde (VONSHAK, 1997).

A Tetraselmis é uma microalga verde pertencente a classe Prasinophyceae e a divisão


Chlorophyta. As microalgas do gênero Tetraselmis são indivíduos solitários, de vida livre,
móveis e monadóides, possuem forma que pode variar de codiforme, sendo essa a mais comum,
forma elipsóide e até mesmo possuindo forma quase esférica (BICUDO e MENEZES, 2006).

3.4 ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO CELULAR

Acompanhar o crescimento das microalgas é de suma importância, pois com isso será
possível determinar quando a biomassa produzida deverá ser colhida. O tempo de crescimento
celular microalgal irá depender e variar de acordo com a espécie a ser cultivada, além dos
fatores que influenciam o crescimento celular, sendo eles: temperatura, pH, luz, aeração e
nutrientes.

Segundo Fernandez et al. (2013), para que tanto a taxa de produtividade e crescimento
do cultivo sejam altos, é necessário que o meio onde os microrganismos estão dispostos
apresente condições adequadas para que se desenvolvam.

A água juntamente com o carbono são os mais importantes fatores que auxiliam no
crescimento celular microalgal. O carbono por estar presente na composição celular de todos
os seres vivos, não sendo diferente nas microalgas, ele participa efetivamente do crescimento
celular (MAGRO et al., 2016).

Um dos métodos mais utilizados para acompanhar o crescimento das microalgas é a


medida da densidade óptica, que faz uso de espectrofotômetro, para leituras de absorbância,
esse método se baseia na quantidade de luz absorvida pela amostra, ou seja, a absorção de luz
será maior quanto mais células estiverem na amostra, com isso, a quantidade luz que passará

20
pela amostra será menor, outro método é a contagem de células por microscopia, onde faz-se o
uso apenas de um microscópio e uma câmara de contagem (LOURENÇO, 2006).

3.5 CINÉTICA DE CRESCIMENTO CELULAR

O controle do crescimento celular microlagal pode ser determinado através da curva de


crescimento. A partir da determinação da curva de crescimento de uma determinada espécie de
microalga, em determinadas condições de cultivo, sendo assim possível estimar a densidade
que a cultura se encontra.

Segundo Madigan et al. (2010), há seis fases que podem ser observadas durante o
crescimento das microalgas e que descrevem todo o ciclo de crescimento, sendo elas:

1) Fase de latência (fase lag) – essa é a fase onde ocorre a adaptação dos inóculos no meio
de cultivo novo, nessa fase o crescimento só começa depois de um certo período de
tempo, ela é relativamente uma fase curta, onde o crescimento não ocorre e até mesmo
podendo ocorrer uma diminuição da cultura. O que terá influência na duração dessa
fase, demonstrando se será curta ou demorada, irá ser as condições iniciais do inóculo.

2) Fase de aceleração – está é a fase de aceleração do crescimento, e acontece logo após


o período de adaptação do inóculo ao meio de cultivo novo, nesta fase começa a divisão
celular e multiplicação das células.

3) Fase exponencial (fase log) – é a fase onde a velocidade do crescimento é acelerado,


onde as células se dividem e multiplicam-se mais rapidamente, em intervalos de tempo
curtos ou longos e de forma constante, atingindo um valor máximo de crescimento. As
células nessa fase apresentam-se nas condições mais saudavéis.

4) Fase de desaceleração – está fase é caracterizada pela desaceleração do crescimento,


onde a velocidade de crescimento começa a diminuir, os nutrientes presentes no meio
já não influenciam mais no crescimento.

5) Fase estacionária – esta fase acontece logo após o cessamento da fase esponencial,
nesta fase é observado que não ocorre nem aumento e nem diminuição na concentração
de biomassa, se tornando constante. Nesta fase a concentração de nutrientes estão
dimunindo, enquanto que a concentração de produtos tóxicos estão aumentando.

21
6) Fase de morte – nesta fase acontece um declinio da curva de crescimento, onde a
maioria das células estão em processo de morte, mesmo que outras ainda estejam se
dividindo. A concentração de células viáveis diminui com o passar do tempo
(MADIGAN et al., 2010). A Figura 3.8 apresenta uma curva de crescimento de cultivo
identificando as fases que ocorrem durante o crescimento.

Figura 3.8. Variação do crescimento de biomassa em função do tempo ao longo do período


de cultivo.

Fonte: Adaptado de Tortora et al. (2012).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ESPÉCIES DE MICROALGAS

As espécies utilizadas para os estudos nos sistemas de cultivos durante a execução do


projeto foram, Chlorella minutíssima, Chlorella sp, Spirulina platensis e Tetraselmis gracilis.
Todas cedidas pelo Banco de Microrganismos Aidar e Kutner do Instituto Oceanográfico da
Universidade de São Paulo (USP).

4.2 CONSTRUÇÃO DO CEPÁRIO

Foi montado um sistema para cultivar as cepas em volumes menores, podendo tal
sistema ser chamado de cepário. Para a construção do cepário se fez o uso de diferentes
materiais, mas com o foco em materiais de fácil acesso e de fácil manutenção. Utilizou-se uma
caixa de isopor de capacidade de 120,0 litros para ser o cepário, na parte interna desta caixa
foram colocadas fitas de LED de luz branca envolta de toda a caixa sendo essas apoiadas por
hastes de cano PVC, para manter a ventilação dentro da caixa usou-se dois ventiladores de
cooler 12v, um posicionado no interior da caixa e outro fixado em uma das paredes laterais da

22
caixa, e para monitoramento da temperatura, foi afixado um medidor de temperatura digita na
parede lateral externa da caixa, além disso, para fazer todas as conexões elétricas foi utilizado
fios de cobre. A Figura 4.1 apresenta um desenho esquemático de como procedeu a montagem
do cepário.

Figura 4.1. Desenho esquemático da montagem do cepário.

Caixa de
isopor Termômetro
digital

25.0
Hastes de
PVC

Ventiladores Luzes de
Erlenmeyers
com Cepas LEDs

Fonte: Autoria própria.

4.3 SISTEMA DE MANUTENÇÃO DOS CULTIVOS

Para auxiliar no cultivo de biomassa, foi construído com a ajuda dos profissionais da
carpintaria da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) um painel de madeira com três
lâmpadas de LED, na Figura 4.2 é apresentado um desenho do painel com três lâmpadas de
LEDs do tipo tubular.

Figura 4.2. Desenho esquemático do painel de lâmpadas de LEDs.

Fonte: Autoria própria.

23
As microalgas foram cultivadas em galões com capacidade de 4,0 litros, onde foram
adicionados os meios de cultivo e as cepas das microalgas. Foram realizadas medidas de
absorbâncias periodicamente, para acompanhar o crescimento das espécies das microalgas. A
cada três dias foi realizada a adição de cultivo, até o ponto de alcançar quase 90% do volume
total do galão. Quando a absorbância atingiu o valor de 0.500nm ou acima foi realizada a
floculação do cultivo. A Figura 4.3 apresenta uma ilustração do cultivo de microalgas em galões
de plástico de 4,0 litros, com o sistema de iluminação do painel de lâmpadas de LEDs. A
tonalidade diferente entre os galões serve para indicar diferentes fases do crescimento celular
das microalgas.

Figura 4.3. Ilustração dos galões de 4,0 litros contendo o cultivo.

Fonte: Autoria própria.

4.4 MEIOS DE CULTIVO

Durante a execução do projeto foram utilizados dois meios de cultivo, inicialmente


utilizou-se o meio Guillard f/2 (GUILLARD, 1975), indicado para cepas de origem marinha.
Foi preparado um meio tendo 1 litro de água, 2 ml de solução de fosfato, 2 ml de solução de
nitrato e 2 ml da solução de metais, sendo esta contendo (cobalto, cobre, mangânes, molibdênio
e zinco) e 30 gramas de cloreto de sódio (NaCl), seguindo as orientações de Lourenço (2006).
Após a preparação do meio, foi colocado em frasco de vidro e posteriormente este foi levado
para a autoclave por 40 minutos à uma pressão e temperatura, de 1 atm e 120 ºC,
respectivamente, com o intuito de eliminar qualquer microrganismo ali presente que por ventura
viesse a contaminar o cultivo.

Foram preparadas soluções estoque de fosfato e nitrato, com a seguinte composição:

• Solução estoque de Nitrato de sódio: 7,5 g de NaNO3 em 100 ml de água destilada;

• Solução estoque de Fosfato de sódio: 0,5 g de NaH2PO4 em 100 ml de água destilada.

24
A solução estoque de metais (Co, Cu, Mo, Mn, Zn) foi preparada a partir da adição de
1 ml de cada solução de metal independente preparado anteriormente, as soluções de cada metal
foram preparadas com a seguinte composição:
• Cobre (Cu): 0,98 g de CuSO4 em 100 ml de água destilada;
• Cobalto (Co): 1,0 g de CoCl2 em 100 ml de água destilada;
• Manganês (Mn): 18,0 g de MnCl2 em 100 ml de água destilada;
• Molibdênio (Mo): 0,63 g de Na2MoO4 em 100 ml de água destilada;
• Zinco (Zn): 2,2 g de ZnSO4 em 100 ml de água destilada.

O segundo meio de cultivo foi preparado utilizando 1 litro de água, 30 g de Cloreto de


sódio (NaCl) e 20 ml de urina. Após a preparação do meio, este foi levado por a autoclave por
40 minutos à uma pressão e temperatura, de 1 atm e 120 ºC, respectivamente, com o intuito de
eliminar qualquer microrganismo ali presente que por ventura viesse a contaminar o cultivo.

4.5 ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO CELULAR

Durante o experimento, o crescimento celular das microalgas foi monitorado através de


leituras de absorbâncias que é proporcional à concentração de moléculas que absorvem a luz de
um determinado comprimento ou faixa de comprimento de onda, as medições foram realizadas
a cada 2 dias, quando a absorbância atingiu o valor igual ou acima 0,500nm, o cultivo se tornava
ideal para as etapas de floculação, centrifugação, secagem e obtenção de biomassa.

Para realizar as medidas de absorbância foi utilizado um espectrofotômetro da marca


Thermo Scientific modelo GENESYS10S UV-Vis, disponível no laboratório, sendo as medidas
realizadas em dois diferentes comprimentos de onda de 665 e 675nm. A Figura 4.4 apresenta o
espectrofotômetro UV-Vis que foi utilizado para realizar as leituras de absorbâncias.

25
Figura 4.4. Espectrofotômetro UV-Vis.

Fonte: Autoria própria.

A espectroscopia UV-Vis baseia-se em medidas de absorção da radiação


eletromagnética, nas regiões visível e ultravioleta do espectro. É um método adequado e
confortável, para medir concentrações, mede-se a quantidade de luz absorvida pela amostra e
relaciona-se a mesma com a concentração do analito (SKOOG et al., 2006).

Para realizar essa medida faz-se uso da lei de Lambert-Beer, que é uma relação linear,
entre a absorbância (A) e a concentração (c), de acordo com a equação (1):

𝐼0
𝐴 = log = 𝜀∙𝑏 ∙𝐶 𝐸𝑞. (1),
𝐼

onde I0 é a intensidade da luz incidente; I a intensidade da luz que passa pela amostra; ε é o
coeficiente de absorção ou coeficiente de extinção; b é a espessura da cubeta ou caminho óptico.
A absorbância é diretamente proporcional a concentração da solução da amostra (SKOOG et
al., 2006).

A absortividade molar ou coeficiente de extinção (ε) é uma característica de uma


substância em um dado meio para um dado comprimento de onda (λ), indicando a quantidade
de luz absorvida em um dado λ (SKOOG et al., 2006). A Figura 4.5 demonstra
esquematicamente o funcionamento de um espectrofotômetro.

26
Figura 4.5. Desenho esquemático de funcionamento de um espectrofotômetro.

Fonte: Adaptado de InfoEscola – Espectrofotometria.

4.5.1 CURVAS DE CALIBRAÇÃO

Após a realização das medidas de absorbâncias, que serviram para acompanhar o


crescimento das microalgas, foi possível determinar as curvas de calibração de duas das quatro
microalgas cultivadas, sendo elas a Chlorella minutíssima e a Tetraselmis Gracilis.

Para realizar a curva de calibração foram seguidos alguns critérios:

1) Foram colocados filtros de 25 cm de diâmetro na estufa a 80 ºC e pesados ao longo de


uma semana até alcançarem peso constante, indicando assim a remoção de toda
umidade;
2) Utilizando balões volumétricos de 250 mL foram feitas diluições, adicionando 50, 100,
150, 200 e 250 mL do cultivo de microalgas respectivamente nos balões, sendo o
volume dos balões completados com água destilada;
3) Em seguida, foram realizadas as medidas de absorbância de cada uma das diluições
feitas, as leituras das absorbâncias foram realizadas nos comprimentos de onda de 665
nm;
4) Após feitas as medidas foi realizada a floculação, centrifugação, filtração e secagem a
100 ºC da biomassa, respectivamente, contida nas diluições;
5) A biomassa ficou na estufa até que o peso ficasse constante;
6) Posteriomente, os filtros contendo a biomassa seca foram pesados, com o valor obtido
foi descontado o valor do filtro sem a biomassa, obtendo assim a quantidade de
biomassa presente em cada diluição;
7) Em seguida, utilizando a equação (2), foi possível encontrar a concentração contida em

27
cada diluição;
8) Por fim, com o auxílio do programa Excel foi traçado o gráfico absorbância versus
concentração, contendo a curva de calibração de cada espécie.

Obs: Todas as etapas foram realizadas para cada espécie.

𝑚
𝐶= Eq. (2)
𝑉

Para a contrução da curva de calibração de cada espécie foi utilizado os valores de


absorbância no comprimento de onda 665 nm.

A medição diária da concentração de biomassa (X), produtividade volumétrica de


biomassa (PX) foi determinada de acordo com as equações (3) e (4), respectivamente:

𝑋(𝑔 𝐿−1 ) = 0,0385 + 0,3807 × 𝑂𝐷665 𝐸𝑞. (3)

𝑋(𝑔 𝐿−1 ) = 0,1008 + 0,3545 × 𝑂𝐷665 𝐸𝑞. (3.1)

𝑋𝑚𝑎𝑥 − 𝑋0
𝑃𝑋 (𝑚𝑔 𝐿−1 𝑑 −1 ) = 𝐸𝑞. (4)
𝛥𝑡

Onde OD665 é a densidade óptica a 665nm e Δt é o período de cultivo até atingir a


concentração máxima de biomassa para cada experimento. Sendo que as equações (3) e (3.1)
refere-se as medidas de concentrações diárias de biomassa (X) da Chlorella minutíssima e
Tetraselmis gracilis, respectivamente.

4.6 COLHEITA DE BIOMASSA

Após a espécie de microalga chegar a fase estacionária, que é indicada pela leitura da
absorbância, iniciou-se a colheita da biomassa. O primeiro passo para colheita foi realizar a
floculação, onde preparou-se uma solução do agente floculante Al2SO4 P.A., pesou-se 10,0 g
do agente e transferiu-se para um béquer e foi adicionando água destilada aos poucos para
dissolver, logo após colocou-se em um balão volumétrico de 100,0 ml e completou-se com água
destilada. Com a solução pronta, transferiu-se o cultivo para um béquer de 2,0 litros e
adicionou-se 10,0 ml da solução floculante, e feita agitação utilizando um bastão de vidro, a
solução foi colocada em repouso por 30 minutos e observando até a formação dos flocos,
quando a formação dos flocos não ocorria mais solução floculante era adicionada.

28
Após o processo de floculação acontecer, os sólidos suspensos presentes na solução
sedimentaram no fundo do béquer, em seguida retirou-se o sobrenadante deixando apenas a
biomassa sedimentada, levou-se para centrifuga dispondo em tubos falcons de 15,0 mL e
centrifugou-se a 4500 rpm por 5 min até que toda a biomassa decantasse deixando o mínimo de
água presente na biomassa, feito isso, lavou-se a biomassa três vezes com água destilada para
retirar resquícios de agente floculante ainda presente na biomassa.

Em seguida filtrou-se toda a biomassa a vácuo, lavando 3 vezes com água destilada,
assim que toda biomassa ficou retida no papel de filtro, o mesmo foi retirado e colocado em um
vidro de relógio e colocado na estufa por 12 horas a uma temperatura de 60°C. Antes de passar
para etapa de extração do óleo, macerou-se a biomassa até a formação de um pó fino. Quando
a extração não era feita no mesmo dia a biomassa era armazenada em uma vidraria adequada,
devidamente tampada, evitando que assim absorção de umidade pela biomassa, posteriormente
colocada em um local sem luz.

4.7 CONSTRUÇÃO DO FOTOBIORREATOR COLUNA DE BOLHAS


INTERNAMENTE ILUMINADO

O fotobiorreator proposto pelo projeto foi dimensionado levando em conta o cultivo de


microalgas entre 10 a 12 litros de volume útil, para montar o fotobiorreator foi ultilizado um
tubo cilíndrico de policloreto de vinila (PVC) com diâmetro de 0,1 m e 1,5 m de altura, na sua
base foi colocada um tampão também de PVC e adaptado um registro no centro da base com
intuito de facilitar a coleta de biomassa produzida. No interior do cilíndro de PVC foi colocado
um tubo transparente de acrílico de mesma altura, para proteger a fita de LED (sendo essa a
fonte iluminação dentro de todo o tubo de PVC) da água, uma vez a iluminação é submersa.

A aeração do cultivo foi realizada com a injeção de ar comprimido utilizando um


compressor de ar, na ponta da mangueira do compressor foi conectada uma pedra porosa de
aquário, e posicionada perto da base do tudo de acrílico a fim de promover a asperção de ar por
todo o cultivo. A Figura 4.6 demonstra um desenho esquemático do fotobiorreator coluna de
bolhas iluminado internamente por LEDs.

29
Figura 4.6. Desenho esquemático do fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado.
proposto.

Fita de
LED

Compressor
de ar Tubo transparente
de acrílico

Tubo de
Pedra porosa PVC
de aquário

Registro coletor
de biomassa

Fonte: Autoria própria.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CEPÁRIO

A construção do cepário foi realizada com o intuito de abrigar as vidrarias de porte


pequeno, que serviram para monitorar o cultivo das diferentes cepas de microalgas que foram
adquiridas para os estudos e verificando assim qual espécie melhor se adaptou as condições de
cultivo expostas no laboratório.

Um dos fatores que afetou diretamente no cultivo das microalgas foi a temperatura, com
isso, ela teve que ser bem controlada, normalmente foi comum cultivar espécies de microalgas
que se desenvolvem em temperaturas entre 16 a 27 ºC. As temperaturas abaixo de 16 ºC faz
com que o crescimento ocorra mais lentamente, já temperaturas superiores a 35 ºC podem
prejudicar algumas espécies de microalgas de forma letal. Segundo Lourenço (2006) para uma
melhor reprodutibilidade, estabilidade e até mesmo uma previsibilidade nos experimentos é
interessante que mantenha a temperatura constante nos cultivos de microalgas.

30
Como o cepário montado para o cultivo de microalgas foi confeccionado utilizando uma
caixa de isopor, sendo esse um material polimérico e tendo como uma de suas principais
propriedades ser um bom isolante térmico, fez-se necessário o uso de um sistema de trocadores
de calor interno, a fim de controlar e manter a temperatura interna da caixa na faixa de cultivo
ideal. O uso desse sistema de trocadores de calor interno fez com que a temperatura se
mantivesse na maioria do tempo por volta dos 25 ºC. Esse sistema foi composto por dois
ventiladores cooler de 12v, um deles posicionado no fundo da caixa em uma das extremidades
e o outro adaptado em uma das paredes da caixa de isopor. O monitoramento da temperatura
foi feito por um medidor digital fixado na parede lateral externa da caixa de isopor, como pode
ser visualizado na Figura 5.1. Na Figura 5.2 está demonstrado como ficou disposto internamente
o sistema de iluminação e ventilação na caixa de isopor.

Figura 5.1. Medidor de temperatura digital fixado no exterior do cepário.

Fonte: Autoria própria.

Figura 5.2. Vista superior do cepário montado.

Ventilador
Fitas de Cooler
LEDs

Hastes de
cano PVC

Fonte: Autoria própria.

A Figura 5.3 apresenta imagens externa e interna do funcionamento do cepário com as

31
cepas sendo cultivadas, que foram repicadas para meios de cultivos de maior volume
posteriormente.

Figura 5.3. Fotos do cepário em funcionamento com as cepas inoculadas.

Fonte: Autoria própria.

5.2 SISTEMA DE MANUTENÇÃO DOS CULTIVOS

Umas das atividades mais importantes no cultivo das microalgas foi manutenção das
cepas, pois assim as espécies eram repicadas periodicamente a fim de sempre ter novos cultivos
e com o objetivo de aumentar a produtividade de biomassa, Além disso, o manuseio adequado
das cepas evitava que ocorresse contaminação dos cultivos por bactérias ou até mesmo por outra
espécie de microalga, com isso, as cepas poderiam ser posteriormente utilizadas em outras
pesquisas elaboradas no laboratório.

Os nutrientes foram adicionados periodicamente, a temperatura foi observada


diariamente tendo o cuidado para que a temperatura do interior da caixa não excedesse a
temperatura de 27 ºC e nem ficasse muito abaixo da faixa ideal de cultivo. O sistema de aeração
realizado por bombas de aquário externas foi cuidadosamente monitorado, pois assim garantia
que todas as células ficavam suspensas no meio, além de melhorar a eficiência da utilização da
luz por todo o cultivo. Outro importante fator tomado, foi colocar pedras porosas nas
extremidades das mangueiras que asperjiam o ar atmosférico dentro dos cultivos, com o intuito
de que a dissolução dos gases fosse mais eficente, garantindo assim máxima eficiência do
sistema de aeração.

Nos galões de plástico de 4,0 litros de capacidade, era inoculada uma cepa de cada
espécie e para cada espécie cultivando um volume útil de 3 litros se obteve 1,05 g de biomassa
por semana e 4,73 g de biomassa por mês, proporcionando uma produção mensal de

32
aproximadamente 14,2 g de biomassa para o laboratório, podendo conduzir quase 10
experimentos por mês de determinação de lípideos ou pigmentos e estimando ao longo de 6
meses podendo conduzir cerca de 57 experimentos realizados por outros alunos de iniciação
científica do laboratório, sendo este valor para as espécies Chlorella minutíssima, Chlorella sp.
e Tetraselmis gracilis.

A espécie Spirulina Plantensis, mesmo aplicando todas as condições adequadas de


cultivo e as temperaturas estipuladas pelo projeto, só se desenvolveu em frascos de volume de
200 mL, não apresentando crescimento quando repicada nos frascos de maior volume, e com
isso não foi possível obter uma quantidade significativa de biomassa dessa espécie comparada
com as demais. Cabe pontuar que a referida espécie apenas começou a dar sinais de adaptação
em volume maiores semanas antes da suspensão das atividades devido a COVID-19. Na Figura
5.5 apresenta o cultivo sendo realizado utilizando o painel de LEDs contruido e em
funcionamento.

Além da construção do cepário, realizou-se a construção do painel de madeira com um


sistema de lâmpadas de LEDs, que teve o intuito de auxiliar na repicagem dos cultivos para
recipientes de maior capacidade, a fim de aumentar a produtividade de biomassa. A Figura 5.4
apresenta o painel de madeira com as lâmpadas de LEDs instaladas que foi construído.

Figura 5.4. Painel de madeira com o conjunto de lâmpadas de LEDs instaladas.

Fonte: Autoria própria.

33
Figura 5.5. Imagem dos galões de 4,0 L com o painel de LEDs em funcionamento.

Fonte Autoria própria.

5.3 CONSTRUÇÃO DE CURVAS DE CALIBRAÇÃO

As Figuras 5.6 e 5.7 apresentam os gráficos de absorbância em função da concentração


para obtenção da curva de calibração das microalgas Chlorella minutíssima e da Tetraselmis
Gracilis, respectivamente.

Figura 5.6. Gráfico Concentração versus Absorbância referente a microalga Chlorella


minutíssima.

0,35

0,3
Concentração (g.L-1)

0,25

0,2
y = 0,3807x + 0,0385
0,15 R² = 0,9964
0,1

0,05

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Absorbância (nm)

Fonte: Autoria própria.

34
Figura 5.7. Gráfico Concentração versus Absorbância referente a microalga Tetraselmis
Gracilis.

0,45
0,4
Concentração (g.L-1)

0,35
0,3
0,25
y = 0,3545x + 0,1008
0,2 R² = 0,9998
0,15
0,1
0,05
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Absorbância (nm)

Fonte: Autoria própria.

Os gráficos acima apresentam a sua respectiva equação da reta e o coeficiente de


correlação (R2), sendo que quanto mais próximo de 1 o valor do R2 mais ajustados estão os
dados, para que isso ocorra as vezes é necessário a retirada de alguns pontos que destoaram da
reta, como foi feito em ambos os gráficos, inicialmente deveriam apresentar 5 pontos.

5.4 FOTOBIORREATOR COLUNA DE BOLHAS INTERNAMENTE


ILUMINADO

Inicialmente foi adquirido material para a montagem de um dos três fotobiorreatores


coluna de bolhas internamente iluminado, enquanto a cepa da microalga Spirulina platensis se
adaptava as condições de cultivo e posteriormente iria ser realizada a montagem dos três
fotobiorreatores coluna de bolhas, só que devido a pandemia do COVID-19 e a necessidade de
evitar o contágio e possível disseminação do vírus as atividades acadêmicas e projetos de
iniciação científica da Universidade foram suspensas e o acesso ao laboratório ficou limitado
aos projetos da pós-graduação (mestrado e doutorado) que demandavam de realização de
experimentos periódicos, com isso, a montagem do sistema completo de fotobiorreatores não
pode ser concluída. A Figura 5.8 mostra a montagem do único fotobiorreator coluna de bolhas
internamente iluminado (LED vermelho na imagem) antes da paralisação.

35
Figura 5.8. Fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado.

Fonte: Autoria própria.

36
6. CONCLUSÕES

Como o surto da pandemia de COVID-19 resultou na paralisação das atividades


acadêmicas e de extensão a construção do sistema completo de fotobiorreatores coluna de
bolhas internamente ilumindado foi comprometida, possibilitando a construção de apenas um
dos três fotobiorreatores previstos no projeto original, pois demanada tempo e deslocamento
até ao laboratório para ser realizada a montagem e operação. Desse modo, a partir das cepas
adquiridas no Banco de Microrganismos Aidar e Kutner do Instituto Oceanógrafo da
Universidade de São Paulo (USP) foi projetado e construído um cepário e um sistema de cultivo
iluminado por um painel de LEDs onde as cepas foram repicadas e cultivadas, que auxiliaram
no crescimento microalgal de forma substancial, produzindo biomassa suficiente para ser
utilizados por outros alunos de iniciação científica do Laboratório de Química Tecnológica
Ambiental da UFOP. Além disso, o sistema montado demonstrou que em um período de 6
meses as cepas se adaptaram bem em frascos de volumes maiores.

Realizou-se a construção da curva de calibração da Chorella minutíssima e Tetraselmis


gracilis. A obtenção da curva de calibração para a microalga Chlorella sp., não pôde ser
concluída devido a suspensão das atividades acadêmicas por conta da pandemia do COVID-19,
pois dependia de experimentos periódicos. A microalga Spirulina platensis apenas conseguiu
se adapatar as condições adequadas de cultivos em volume de 2L semanas antes da suspensão
das atividades presenciais pela COVID-19, impossibilitando assim o estudo da influência do
comprimento de onda no teor do pigmento ficocianina presente em sua biomassa e a
determinação de sua curva de calibração.

37
7. SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

1) Montagem dos demais fotobiorreatores colunas de bolhas a partir do projeto


realizado nessa iniciação científica para ser empregado no cultivo da microalga
Tetraselmis gracilis usando efluente de reator UASB;

2) Dar sequência nos repiques da microalga Spirulina platensis em cultivos de maior


volume (2 e 4L) para avaliar conteúdo de pigmentos em sua biomassa.

3) Utilizar o fotobiorreator coluna de bolhas internamente iluminado para cultivar


outras espécies além da Spirulina platensis.

38
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, C. C. Sistema Eletrônico baseado em diodos emissores de luz (LEDs) para


aplicação em estudos de Fisiologia Vegetal. 2014, 88p. Dessertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica) - Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz
de Fora, 2014.

ANDRADE, D. S.; FILHO, A. C., Microalgas de Águas Continentais: Potencialidades e


Desafios do Cultivo, vol. 1. Londrina: IAPAR, 2014.

ANDRADE, M. R.; COSTA, J. A. V. Cultivo da microalga spirulina platensis em fontes


alternativas de nutrientes. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n.5, p.1551-1556, 2008.

AMARAL, S. M. Cultivo da microalga marinha Chlorella minutíssima em fotobiorreator


integrado (coluna de bolhas – tubular) internamente iluminado visando à obtenção de
biomassa para a produção de biodiesel. 2018. Tese (Doutorado em Conversão de Biomassa)
– Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2018.

AVILA-LEON-LEON, I.A. Estudo da produção de biomassa e lipídeos no cultivo de


Neochloris oleoabundans sob diferentes condições de estresse nutricional e físico. 2014,
107p. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São
Paulo. 2014.

BICUDO, M.; MENEZES, M. Gêneros de algas continentais do Brasil (Chave para


identificação e descrição). 2ª.ed., São Paulo: RiMa, 502p., 2006.

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