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Em sede constitucional, o direito à reparação de abalo moral é assegurado pelo art. 5º, V e
X, verbis:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
(...)
Para o surgimento do direito à indenização por dano moral, são requisitos indispensáveis a
comprovação do dano, do ato ilícito e da respectiva relação de causalidade.
Tendo em conta que não se trata de dano moral presumido, cabe à demandante comprovar
os danos morais alegados. Isso porque, a situação fática delineada nos autos não se
apresenta suficiente para, por si só, configurar o alegado dano moral.
Na hipótese em análise, nada foi trazido aos autos para comprovar o desgaste que a autora
alega ter sofrido na tentativa de resolver o problema na via administrativa.
No caso, em que pese a demora no fornecimento do documento possa ter gerado algum
aborrecimento, trata-se de mero inconveniente, não se vislumbrando efetivo abalo de ordem
psicológica ou à sua reputação, ou mesmo exposição vexatória, sofrimento e humilhação.
Registre-se que a mera ocorrência de falha na prestação de serviço da CEF -
desacompanhada de comprovação de maiores reflexos negativos ao patrimônio imaterial da
parte autora - não gera direito a indenização por danos morais, sob pena de reputar-se que
o dano moral é desdobramento necessário de todo e qualquer ato ilícito.
Observo que tem sido muito debatida nos processos judiciais a distinção entre dano moral e
mero incômodo ou dissabor, o que leva em consideração o grau da ofensa (se muito intensa
ou não). Vale dizer, algumas ofensas, por se caracterizarem como transtornos da vida
diária, não seriam indenizáveis.
O STJ tem entendimento pacificado no sentido de que o mero dissabor não pode ser alçado
ao patamar de dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos
fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem a ela se dirige.
(RESp 200301849581, Min. Cesar Asfor Rocha, DJU 06/09/2004).
De fato, a jurisprudência tem feito a distinção entre o mero transtorno e o dano moral.
Considera-se dano moral o dano à intimidade, à vida privada, à honra ou à imagem das
pessoas (art. 5º, X, CF/88) ou a qualquer outro tipo de direito extrapatrimonial, mas não se
incluem no conceito de dano moral os transtornos da vida diária.
não se deve confundir o aborrecimento das partes, decorrente da necessidade da defesa dos direitos em
juízo, com dano moral, sob pena de se estender demasiadamente esse conceito, banalizando-se esse instituto
jurídico e multiplicando-se excessivamente a litigiosidade. Esse tipo de indenização deve se restringir a
casos excepcionais.
Aplicando-se esses ensinamentos à espécie, conclui-se que não se pode falar em indenização por dano
moral no caso dos autos, pois, como anteriormente mencionado, não restou comprovado nos autos prejuízo
à índole subjetiva da parte autora.