{Concretos especiais}

Microestrutura e propriedade do CAR

↪ Microestrutura e propriedades do
concreto convencional ou de resistência
normal (CRN)
Nível macroscópico – duas fases:
Agregado e pasta de cimento.

Nível microscópico - há a terceira

fase: interface agregado pasta/ zona
de transição (ZT).

 Interface agregado/pasta ou
 Efeito parede:
Zona de transição:
-Orientação preferencial de
-Próximo à superfície do
cristais de hidróxido de cálcio
agregado graúdo existe uma
em eixo perpendicular aos
tendência de se formar um
agregados, aproximadamente
acúmulo de água na
ordenada, diminuindo a
superfície. Como resultado, a
resistência (planos preferenciais
relação a/c aumenta nessa
de clivagem)
região, resultando numa
- Essa zona porosa impede uma
maior porosidade e também
transferência eficiente de carga
formação de cristais maiores
entre o agregado graúdo e a
de CH.
argamassa
-A ZT apresenta um volume e
- A microfissuração se inicia na
tamanho de vazios maiores
interface agregado graúdo-
do que na pasta de cimento,
pasta mesmo antes da
em função do acumulo de
aplicação de carregamento.
água na superfície do
-Maior porosidade (devido à
agregado (efeito parede),
exsudação da água e do efeito
resultando numa relação
parede)
água/cimento maior do que
-Relação a/c é maior na
na pasta de cimento.
interface que na pasta de
- Em função do efeito parede,
cimento
quanto maior o agregado,
-Formação de grandes cristais
maior será a relação
de CH e de etringita, de maiores
água/cimento na sua
dimensões e morfologicamente
interface.
melhores, devido ao espaço
disponível
-Diminuição das forças de
adesão (Van der Waals) com o
agregado
  Zona de Transição e o
Comportamento do Concreto:
Na ZT a Permeabilidade do
concreto é maior do que a da
pasta de cimento devido a
microfissuração presente na
zona de transição.
 Fase agregados: agregados
com maior resistência, limpos,
atendendo os limetes de
material pulverulento.
{IMPORTANTE}
Quanto maior a resistência do
concreto, deve-se reduzir a dimensão
máx. do agreg. Graúdo – o concreto
não é um material homogêneo, pois
há uma zona de transição. A zona de
transição fica ao redor do agregado
graúdo e é a zona mais crítica, mais
fraca.
Como melhorar a ZT de modo a aumentar a
resistência do concreto?
- A resistência da ZT e a resistência
do agregado sejam da mesma
ordem de grandeza.
- A resistência da pasta pode ser
aumentada reduzindo-se a relação
a/c.
- É uma região que tem a
necessidade de ser melhor
compreendida e caracterizada para
melhorar o desempenho do
concreto. (Dificuldade
experimentais).
- resistência do concreto pode ser
melhorada adicionando-se adição
mineral (Sílica ativa, Metacaulim,
Cinza da casca de arroz, Cinza
volante, Escória de alto forno, ...) que
reage com Ca(OH)2 , formando mais
C-S-H.
- A microestrutura dos concretos de
alta resistência permite uma
transferência de carga eficiente
entre a argamassa e o agregado
graúdo.
Em concretos com mais de 100MPa
não há agregado graúdo, então não
há zona de transição.
↪ Materiais constituintes do concreto
de alta resistência (CAR)
Não há nada diferente do normal,
apenas os materiais precisão ser
mais selecionados
 Cimento: CP V ARI (Brasil) é
mais utilizado pois têm menos
adições minerais (95%
clinquer + gipsita e 5%
adições minerais)
- PORQUE UM CIMENTO MAIS PURO?
Quando os compostos são
misturados com água é
formado os produtos de
hidratação (principais
compostos do CP: C3S, C2S,
C3A,C4F).
Composto responsável por
promover a resistência
mecânica é o C-S-H (Silicato
de cálcio hidratado).
 Agregado Miúdo: Não pode
ser muito fino – módulo de
finura = 3,7+ 0,05 (areia média-
grossa).
 Agregado Graúdo: Tem que
ter pouco pulverulento (máx
1%), se houver mais atrapalha
a aderência.
 Aditivo: Super Plastificante –
permite elevada resistência e
alta trabalhabilidade.
↪ Definições do CAR
Resistência de 55 a 100 MPa – NBR
8953:2015, para estruturas de
concreto na NBR 6118:2014 até 90MPa.
Consumo de cimento acima de
400kg/m³
Na pratica convencional é usual
especificar a resistência do concreto
com base nos resultados de ensaios
aos 28 dias. Porém, vários elementos
estruturais não estão totalmente
carregados por dois ou três meses,
ou até por mais tempo e, por isso, há
uma corrente crescente para
especificar a resistência do concreto
aos 56 ou 90 dias.
↪ CAR e CAD
Concretos com resistência muito
altas nas primeiras idades são mais
propensos à fissuração quando
jovens, resultado da elevada
retração autógena e elevada
retração térmica. Portanto,
concretos mais resistente nem
sempre são mais duráveis. Algumas
estratégias são propostas na
literatura técnica para mitigar a
retração autógena e precauções
devem ser tomadas para evitar a
fissura de origem térmica.
 O CAR enfoca a resistência
mecânica como elemento
básico.
 O CAD foca no máximo
desempenho: aumento da
compacidade, da resistência
mecânica, da durabilidade
 O CAD, segundo o ACI (1998),
pode-se defini-lo por: “Um
concreto que atenda uma
combinação especial entre
desempenho e requisitos de
uniformidade que não pode
ser atingida rotineiramente
com componentes
convencionais e práticas
normais de mistura,
lançamento e cura”. (Definição
ampla tentando abranger
todos os concretos)
 O CAD é um concreto
planejado para ser mais
durável e, se necessário mais
resistente do que o
convencional.
↪ Aplicações do CAR
Demanda: Viés resistência e viés
durabilidade.
 Resistência: Estruturas mais
esbeltas, ex: pilares (com
sessões mais avantajados,
mais altas- a partir de 10 pav
já é vantajoso).
 Durabilidade: Usinas de
tratamento de esgoto, pois a
estrutura fica mais densa, o
empacotamento é maior.
↪ Dosagem do CAR
 Dosagem De Larrad: MEC
(Método de Empacotamento
Compressível) que apresenta
uma abordagem inédita,
baseada no modelo de
empacotamento de
partículas, para otimização
de misturas granulares.
Programa computacional
Betonlab pro 2 ® (Sedran e De
Larrard, 2000). - Método mais
completo e mais complexo.
↪ CAR
A Influência da Adição mineral:
- Reduz a espessura e a porosidade
da ZT. ( Ex.: Sem adição a espessura
da ZT é 50μm, com adição de sílica
ativa a espessura é 10μm).
- Efeito químico: Ação pozolânica
 Reação de hidratação do C3S:
C3S+Água  (reação rapida) C-S-
H+CH+CALOR
 Cimento Portland com adição de
pozolona (Reação pozolânia)
Pozolana+CH+Água (reação lenta)
C-S-H+ menor calor de hidratação
CH, que é o hidróxido de cálcio
Ca(OH)2, e poros capilares são fases
cristalinas e podem ser
considerados como
inomogeneidades microestruturais
no sistema e limitam a resistência. A
solução é modificar a
microestrutura.
A reação pozolânica é
acompanhada também por uma
redução do volume total e tamanho
dos poros capilares, efeito
igualmente importante para o
aumento da resistência. Tem-se um
produto final mais homogêneo,
quando se substitui parte do
cimento Portland por uma pozolana,
além de reduzir custo e reduzir o
calor de hidratação.
- Efeito Físico: efeito microfiler e
refinamento dos poros
Efeito microfiler (pontos de
nucleação): são tão finos que
favorecem a hidratação

Refinamento dos poros: Efeito

parede- Faz com que haja vazios,
prejudicando o empacotamento
(ocorre na ZT).

↪ O CAR
- Baixo A/C, adição mineral e
consumo elevado de cimento.
- Aumento da compacidade, res.
Mecânica, modulo de elasticidade,
durabilidade e desempenho.
↪Retração Autógena:
É a retração que acontece num
concreto selado, durante o processo
de hidratação, submetido à
temperatura constante, sem atuação
de carregamento. Ela é pequena em
concretos de resistência normal,
mas é considerável em concretos de
alta resistência.

cAr x crn
Propriedade distintas: Mecânicas
(resistência à compressão, à tração
direta e indireta) e elásticas
(Estabilidade dimensional:
durabilidade associada à variação
dimensional causada por retração
autógena, térmica e por secagem)

Variação dimensionais do concreto

t = 1 hora - Os grãos de clínquer
começam a se hidratar formando o
C-S-H. Os íons sulfato, provenientes
da dissolução da gipsita, se ifundem
pela água de amassamento.
t = 2 horas - Uma quantidade não
desprezível de etringita é formada t = 28 dias - A hidratação conduz à
na periferia dos grãos de clinquer. autodessecação. Os poros capilares
se esvaziam pouco a pouco.

Ilustração do Balanço volumétrico

da reação de hidratação do C3S

t = 5 horas - As camadas de C-S-H na

superfície dos grãos de clínquer,
assim como os cristais de
portlandita e de etringita começam
a se interpenetrar. O material se
enrijece: é o início da pega.
Os valores calculados dependem
muito das hipóteses feitas acerca da
estequiometria do C-S-H e sobre sua
massa específica. O que se pretende
mostrar, é apenas a ordem de
grandeza dos diferentes valores dos
compostos.

t = 9 horas - Após o consumo da

gipsita, ocorre a dissolução da
etringita
Da figura, observando o balanço
volumétrico da reação de
hidratação nota-se que ocorreu:

- Um aumento do volume de sólidos

(neste exemplo igual a 90,6%), que se
traduz por um preenchimento
progressivo dos poros capilares
pelos hidratos.

- Uma diminuição do volume (Neste

exemplo igual a 16,5%) e cuja
consequência sobre o material é a
retração autógena.

Representação do fenômeno da
retração autógena num tubo capilar. Capilar completamente saturado
Há saída de água p/ reações de
(a) capilar completamente saturado hidratação e para absorver na
com umidade relativa interna (UR) superfície de C-S-H e produtos de
igual a 100 %; hidratação recém formados 
Forma-se o menisco para equilibrar
(b) capilar parcialmente saturado,
a diferença de pressão entre água e
mostrando a saída de água para a
gás A fase liquida é devido ao
reação de hidratação, UR< 100% e
menisco criado na interface liquido-
formação de menisco para
gás que induz uma pressão negativa
equilibrar a diferença de pressão na
sobre as paredes dos capilares,
superficie ar-água ;
tendendo a aproxima-las, A retração
(c) no detalhe: a região ar-água macroscópica pe a RA.
dentro do capilar e a representação
da tensão superficial, ação da água
sobre o poro (vetor amarelo) e as
componentes horizontais,
representando a RA (vetor vermelho)
e a consequente tensão induzida de
tração (vetor preto);

(d) representação da componente

horizontal de tensão superficial, que
faz encolher o poro, e da
componente vertical, que faz
encurtar o poro (SILVA et al, 2011).

Há uma diferença de pressão entre

a fase liquida e a fase gasosa
(depressão capilar) que se acentua à
medida que se intensifica a
secagem. Essa depressão do liquido
deve ser globalmente equilibrada
por uma retração no sólido.

DUAS partículas circundadas por um

filme de água

À medida que o material seca,
ocorre primeiramente a criação de
menisco dentro dos capilares,
seguida de uma diminuição do raio
de curvatura desses meniscos, para
manter o equilíbrio entre o liquido e
a fase gasosa (vazio).
 Quanto mais estreitos forem os
poros em processo de
esvaziamento, maior a
intensidade da depressão capilar,
uma vez que P e r são grandezas
inversamente proporcionais.
 Quanto menor a umidade relativa,
menor a dimensão do poro não
saturado (onde pode existir
menisco).
CONCRETO DE RESISTÊNCIA
CONVENCIONAL
A/C elevado, rede mais porosa
Tem-se mais água que o
necessário para completar a
hidratação do cimento
Formação de grandes capilares
conectados entre si  Menisco
criados geram tensões induzidas
de tração desprezíveis.
CONCRETO DE alta RESISTÊNCIA
A/C baixo, rede mais compacta
Grãos de cimentos mais próximos
uns dos outros  Rede de
capilares inicial composta por
capilares estreitos Meniscos são
rapidamente formados nos
pequenos capilares e altas
tensões dão induzidas no
concreto.
Estratégias mitigadoras da RA
 Usar menor volume de pasta
possível
 Cura interna – materiais porosos
que funcionam como
reservatórios de água
 Aditivo químico Redutor de
Retração
 Aditivo químico Compensador de
retração
 Fibra – combate da retração
autógena por restrição mecânica.
 Polímeros Super Absorventes
(SAP) - (diâmetro de micrômetros)
 Combinação de mais de uma
técnica.

↪ SAP
Na prática da engenharia, na sua
maioria, poliacrilatos interligados
por ligações covalentes cruzadas, ou
poliacrilatos/poliacrilamidas
copolimerizados
São, na sua maioria, poliacrilatos
interligados por ligações covalentes
cruzadas, ou
poliacrilatos/poliacrilamidas
copolimerizados.
(a) Partícula esférica de PSA,
colorida com tinta azul, nos
estados seco e saturado
(b) Representação de uma partícula
de PSA a base de poliacrilato, nos
estados seco e saturado
- Quando o PSA é exposto a água,
suas partículas incham tornando-se
um gel e, quando submetido à
secagem, as partículas voltam a
encolher, liberando a água
A QUANTIDADE DE ÁGUA ABSORVIDA PELO
SAP DEPENDE:
- Das próprias propriedades: a
forma geométrica influencia a taxa
de intercambio de água com
ambiente e a composição química
influencia tanto na taxa de
intercâmbio de água como a
capacidade de absorção.
- Parâmetros no ambiente de
exposição: temperatura, pressão e
composição iônica específica do
líquido em exposição.
- Granulometria das partículas:
dimensão ótima do tamanho da
partícula do polímero que é de cerca
de 100μm, partículas muito finas
podem apresentar menor absorção
por conta da menor superfície ativa
e as partículas muito grandes
podem ter uma redução na
eficiência pelo fato do tempo ser
insuficiente para a absorção da
mistura.
A CAPACIDADE DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM
MEIO CIMENTICIO
-Em soluções cimenticias o SAP tem
absorção de 15g de água por grama
de polímero.
-Sua principal função é mitigar a
retração autógena em CAR.
-É fundamental para determinar a
quantidade de polímero seco
necessária para a incorporação da
água calculada para evitar a
autodessecação.
- É necessário que haja um pre-teste
da amostra de SAP quanto a
absortividade, bem como a sua
cinética de absorção e de dessorção
antes da implementação em
concreto ou argamassa.
Cura interna
- O polímero SAP é inserido seco
durante a mistura, agindo como
agente de cura interna, servindo
como um reservatório de água
interno.
- Agente de cura interna pode ser
definido como o material que
armazena água no concreto e
libera-a ao longo do tempo, a fim de
evitar a autodessecação no material
cimentício.
- A autodessecação é mitigada pela
movimentação da água de reserva
interna para o espaço dos poros,
criado pelo fato do volume dos
hidratados ser menor que o volume
dos reagentes, desta forma, a
formação de meniscos ar-água é
minimizada e a queda de UR é
reduzida ou até mesmo evitada.
- A água absorvida pelo SAP, pode
ser considerada como água livre -
útil para as reações de hidratação.
A/C TOTAL = A/CBÁSICO + A/CI
- A água de cura interna participa
do processo de hidratação,
aumentando o grau de hidratação
da pasta. Logo, as reações de
hidratação são controladas pela
relação a/c total e não pela relação
a/c básica inicial da pasta de
cimento.
-A comparação sobre a eficácia do
SAP deve basear-se na mesma
relação a/c total. Ou seja, para se
obter uma comparação consistente
entre as misturas não deve ser
adicionada água exta de cura
interna.
Mecanismo de atuação do PSA
- Duas fases: colapsado (seco) e
saturado
- A transição de fase é resultado de
um equilíbrio competitivo entre as
forças repulsivas que atuam de
modo a expandir a rede polimérica e
as forças de atração que atuam
para diminui-la.
- A pressão osmótica determina a
movimentação de água do lado mais
saturado para o menos saturado,
devido à elevada concentração de
íons, promovendo o ingresso de
água no interior do polímero.
- A matriz macromolecular de um
PSA é um polieletrólito, ou seja, um
polímero com grupos ionizáveis que
podem dissociar-se em solução. Por
esta razão a concentração iônica no
interior é elevada, o que gera um
fluxo de água para o seu interior.
- A salinidade da solução aquosa é
de especial importância para o
inchamento do PSA.
- Os íons na solução podem alterar
as interações inter e
intramoleculares dos polieletrólitos
devido à proteção das cargas na
cadeia de polímero.
- Como a concentração de íons fora
do PSA aumenta, a pressão osmótica
no interior do gel diminui,
conduzindo a uma redução na taxa
de inchamento.
↪Aditivo redutor de retração:
- O ARR reduz a retração por
secagem e autógena do concreto,
devido à diminuição da tensão
superficial da água nos poros
capilares, com dimensão entre 2,5nm
e 50 nm.
- É adicionado à água de
amassamento e dispersado no
concreto durante a mistura.
-Após o endurecimento do concreto,
o aditivo permanece no sistema de
poros, onde continua a reduzir os
efeitos da tensão superficial, que
contribuem para a retração por
secagem.
↪ Durabilidade e considerações finais:
- O CAR possui ótima resistência à
penetração de águas agressivas.
- Apresenta baixa fluência e elevada
deformação por retração (sobretudo
a autógena, mas soma-se a térmica
e por secagem), tende a fissurar,
principalmente em condições
ambientais severas
-O polímero super absorvente (SAP) é
o melhor agente regulador de água
no interior do concreto, atuando por
cura interna, capaz de mitigar ou
mesmo eliminar a RA, dependendo
do teor adicionado.
-O custo não deve ser analisado
apenas em função do dispêndio
inicial, mas também em função da
durabilidade aumentada
(permeabilidade extremamente
baixa, alta resistência à abrasão),
aumento de vida útil, frequente
redução das seções dos elementos
estruturais, que resulta em maior
área útil e menores cargas nas
fundações.