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PENSAMENTO MÍTICO, FILOSÓFICO E CIENTÍFICO

PENSAMENTO MÍTICO
 Capacidade do homem em criar instrumentos a partir de elementos da
natureza.
 Caracterizava-se pela crença em seres fantásticos e superiores (ex: deuses).
Existiam rituais para manter a segurança e a ordem, com base nas ideias de
prestar um tributo uma divindade. Estes rituais iriam contribuir para uma vida
com mais qualidade.
 Toda a causalidade dos fenómenos era atribuída aos deuses.

PENSAMENTO FILOSÓFICO
 Transição do sobrenatural para o natural. O importante passa a ser captar a
essência das coisas, a sua verdadeira essência.
 Para isto é necessário adotar uma atitude teórica de contemplação das coisas,
ideia esta desenvolvida pelos gregos (sabedoria é dos homens e não dos
deuses).

PENSAMENTO CIENTÍFICO
 É baseado na ideia de que para se criar uma verdade tem que se definir um
método NÃO dogmático, ou seja, tem que se definir um método científico.
 Para se desenvolver as técnicas precisas é necessário intervir na natureza.

CIÊNCIA MODERNA consegue-se através:


 COMPROVAÇÃO SISTEMÁTICA – esta comprovação é conseguida através da
observação naturalista ou provocada.

 HIPÓTESES

 DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA
Leahey – “Conjunto de crenças dos cientistas, todas elas mutantes através dos
tempos, á exceção de duas: Naturalismo e Possibilidade (Leis explicativas).

Para Einstein o cientista tem uma dupla tarefa:


1) Poética – cria hipóteses
2) Pragmática – recolhe efeitos
“O cientista é um poeta humilde”

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SENSO COMUM CIÊNCIA
 “Dox” (opinião)  Não natural (formada)
 Apaixonado  Supõe Artificio
 Nada é dado, tudo e conseguido
 Intuitivo
através do poder de adquirir
O Senso Comum é um pouco de todos os
saberes, e confirma-se a si próprio.
Gaston Bachelard sublinha a rutura entre o senso comum e a ciência

PERÍODO CLÁSSICO GREGO


MILAGRE GREGO
Na mitologia grega clássica os deus adquiriram pela primeira vez uma dimensão
humana, tanto em termos de corpo como de comportamento:
- Passam a apresentar emoções;
- Têm brigas invejas vinganças e traições;
- Cometem erros;
- Têm histórias novelescas;
Esta dimensão humana adquirida pelos deuses levou os homens a partir do
pressuposto que se os deuses são em parte humanos, os homens serão em parte
deuses.

Á humanização dos deuses corresponde também uma divinização dos homens  Dá-
se uma enorme aproximação dos deuses aos homens.

Devido a isto, os sábios começaram a deixar de procurar respostas na religião, mitos e


lendas e começaram a interrogar-se a si próprios e a descobrir em si a capacidade de
dar respostas ás suas dúvidas, através do raciocínio.

Para além disto os gregos compilaram mitos e lendas de outros locais e verificaram
que o padrão é idêntico, o que os levou a ponderar se não seriam criações do homem.

Estas circunstâncias deram origem aos primeiros pensadores e filosóficos.

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NATURALISTA: Tales de Mileto; Anaximandro; Anaxímenes; Heráclito; Parménides;
Demócrito

Tales de Mileto
 Pai da filosofia grega;
 Considerava a água com o elemento principal de tudo, a força geradora da
vida;
 Venerava o Rio Nilo e via o mundo como um tronco flutuando num
interminável curso de água;

Anaximandro
 Acreditava que não era necessário escolher uma substância, já que por trás
dessas substâncias estaria o APEIRON - substância não necessariamente
física que estaria na origem de tudo.

Anaxímenes
 Discordava dos outros;
 Para ele, o elemento mais importante seria o PNEUMA (ar);
 Tudo seria composto de ar (elemento ilimitado, fonte de vida que rodeia tudo o
que existe, está na base de uma série de fenómenos), a própria Terra esta
sustentada de ar.

Heráclito
 Considerava o fogo como o elemento mais importante, pois este estaria na
base da mudança e de permanência, é capaz de destruir e mudar tudo;

Parménides
 Os sentidos enganam;
 Acreditava na existência de uma substância una (espaço continuo, sem lacunas
nem espaço, repleto de matéria homogénea, onde o nada não teria lugar)
 O principio unitário seria a permanência, o carácter inalterável da matéria;
 Não existiria espaço para a mudança;
 Parménides é o pai do racionalismo porque coloca a razão á frente dos sentidos

Demócrito
 Tenta a síntese das teorias de Parménides e Heráclito.
 Cria a teoria dos átomos, que seriam elementos palpáveis e indivisíveis, e que
formam todas as coisas consoante o tipo de átomos (Parménides). No entanto
a mudança será possível pois as ligações ou relações entre os átomos variam
(Heráclito).
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BIOLÓGICA: Alcmeon de Crotona; Empédocles; Hipócrates
Devemos procurar no próprio homem as explicações para os seus problemas

Acmeon de crotona
 Original pai da medicina;
 Descobriu o nervo ótico e a sua ligação ao cérebro;
 Distinguiu veias de artérias;
 Foi do primeiros a propor o cérebro como o órgão central, a sede das
sensações e da vida intelectual, e não o coração;

Empédocles
 Médico/mago;
 Atribuía importância aos rituais da magia;
 Defendia a teoria dos 4 elementos relacionando-os com os quatro fluidos
corporais (sangue linfa, 2 tipos de bílis);

Hipócrates (o físico)
 Tentou avançar com explicações, das doenças, baseadas em causas naturais,
não atribuindo peso ás divindades;
 Acreditava que era necessário ajudar a natureza a restabelecer o equilíbrio do
corpo;
 Descobriu a necessidade de equilíbrio entre o corpo e a mente;
 Desenvolveu a teoria de Empédocles, elaborando dietas especiais para cada
elemento;
 Avança co a ideia do importante papel do cérebro, considerando que tudo o
que está relacionado com o psicólogo é colocado no cérebro e não no coração;
 Teoria do Humores – a saúde consistia no equilíbrio e a doença no desequilíbrio
dos quatro humores. (ex. – a loucura seria um excesso de humidade e a
melancolia um excesso de bílis)

MATEMÁTICA: Pitágoras e Hipócrates

Pitágoras
 Procura a verdade e o acesso a esse mundo transcendente, através das
equações matemáticas, pois estas são universais, sempre iguais, e se estiverem
certas estarão sempre certas;

Hipócrates (o matemático)

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 Escreveu o primeiro manual de geometria e sintetizou as ideias de Pitágoras
ECLÉTICA (sofistas: Górgias e Protágoras)
SOFISTAS
 Sinónimo de flexibilidade intelectual, os sofistas aperceberam-se que a verdade
não é o mais importante, mas sim a argumentação.
 O homem ganha um novo valor, é a medida de todas as coisas.
 Não acreditam em princípios universais, sendo estes dependentes da educação
e formação de cada um.
 Procuram explicações e orientações práticas.
 São céticos (duvidam).

Górgias
 Nihilistas: Nada existe
 Mesmo que existisse o ser, não poderia ser conhecido
 Mesmo que existisse o ser e pudesse ser conhecido, eram impossível transmitir
esse conhecimento aos outros

Protágoras
 O homem é a medida de todas as coisas

HUMANISTA: Anaxágoras e Sócrates


Enfatiza a unicidade da atividade humana. Grande importância dada ao homem.

Anaxágoras
 “nous” – noção
 No inicio tudo era um caos (desordem), até que o “nous” introduziu ordem,
dotado de racionalismo e intencionalidade separou e ordenou: fogo, água, ar e
terra.
 O “nous” está presente em todas as formas de vida, introduzindo ordem e
definindo vida.
 Este “nous” permite-nos ter pensamentos comuns.

Sócrates
 Não publicou nenhuma obra escrita, só é conhecido devido a Platão.
 Método interrogativo (diálogo socrático) – fazia perguntas de forma a que os
indivíduos chegassem ás suas próprias conclusões.
 “Só sei que nada sei” – representava que tem noção dos seus próprios limites.
 Para ele a Moral era universal

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 O conhecimento foi acusado de corrompera juventude e introduziu novos
deuses em Atenas.
PLATÃO
 Considerava que os sentidos não eram fiáveis, porque transmitiam ilusões
MORTE DE SÓCRATES  FIM DO TEMPO ÁUREO DA GRÉCIA CLÁSSICA
(influencia de Pitágoras e Parménides).
 Utilizava o método socrático (diálogo sob a forma de colocação de questões até
os indivíduos chegarem às conclusões).

Contributos do pensamento de Platão para a psicologia:


(1) Teoria das ideias
(2) O dualismo alma corpo
(3) Noção de alma tripartida
(4) Teoria da reminiscência
(5) A invenção de uma psicoterapia verbal na sua obra

( 1 ) – TEORIA DAS IDEIAS INATAS


 O que aparece vs o que é – o que aparece aos sentidos não são as coisas
verdadeiras
 Aparências imperfeitas vs formas perfeitas – aquilo que aparece, os objetos
físicos são imperfeitos (aparências); as formas e as ideias é que são perfeitas
(coisas na sua essência)
 Critica o conhecimento baseado na perceção (nos sentidos) – o conhecimento
só poderia ser atingido por meio da razão (o que constitui uma critica aos
sofistas)
 As ideias (eternas) são mais reias que os objetos (transitórios e ilusórios) –> é
nesta ideia que a teoria das ideias ou formas consiste

( 2 ) O DUALISMO DA ALMA CORPO


 Dicotomia entre o mundo dos objetos e o mundo das ideias.
Ex: Alegoria da Caverna (os cegos sabem mais porque o verdadeiro conhecimento
cega) – um grupo de homens estão acorrentados numa caverna e só se conhecem
como sombras, quando as correntes de um dos homens se partem ele corre para a
luz. Quando chega ao exterior da caverna, no inicio, fica ofuscado, mas depois vê a
verdadeiras formas, o mundo real. Volta para contar aos outros e é ridicularizado,
porque os homens não querem ver a verdadeira realidade -- a primeira reação
em relação ao conhecimento é a ofuscação, depois vê-se o mundo para além das
aparências ; aqueles que não tem qualquer conhecimento não vão aceitar aqueles
que o possuem.

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( 3 ) NOÇÃO DE ALMA TRIPARTIDA
A alma corresponde à personalidade do homem vivo; é imortal e está tripartida:
 Racional – elemento pelo qual a ala racionaliza e aprende (sociedade
deliberativa / homem filosofo);
 Concupiscência – a alma ama, tem fome e sede, e esvoaça em torno dos
desejos (sociedade negociante/ homem ambicioso);
 Irascível – ira, elemento pelo qual o homem se irrita, que funciona como aliado
da razão (sociedade auxiliar / homem interesseiro);

As características associadas à ala odiam ser transportadas para a cidade, que


representam a sociedade e o homem.

(4) TEORIA DA REMINISCÊNCIA


Platão, colocou um problema matemático a um escravo que não tinha educação e este
conseguiu resolve-lo. Com este acontecimento Platão chegou à seguinte teoria:
A alma possui conhecimentos de vidas anteriores (porque a alma é imoral, passa de
corpo para corpo), o conhecimento era a recordação.

(6) PSICOTERAPIA VERBAL


Platão acreditava que a palavra tinha o poder de melhorar a saúde de um
individuo, tendo o terapeuta se apresentar como alguém credível.
Na antiguidade grega acreditava-se no poder da palavra, segundo os sofistas
falar bem é saber e poder – ÉPODÉ (encantamento): as palavras conseguem encantar
as pessoas e assim, agir sobre elas.
Platão não concordava com esta teoria das palavras serem mágicas, mas
achava que era possível lidar com as palavras num contexto médico e filosófico –
LOGOS KALÓS (belo discurso): tem como suporte a razão e não a magia.
A passagem de ÉPODE para KALÓS faz-se através da ordenação da ama do
paciente.
Platão ultrapassou Hipócrates, separando a medicina da magia. Acreditava que
o corpo humano não era só corpo – O CORPO HUMANO É UMA PRISÃO DA ALMA.

ALMA – imaterial; prisioneira do corpo


(tripartida)
1 – alma racional (principio divino)
2 – energia moral (coragem)
3 – o desejo (os apetites)

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Psicologia - estudo das relações alma/corpo. São substancias diferentes que se
influenciam mutuamente.

ARISTÓTELES
 Mais influente de todos os filósofos.
 Natural de Macedónia.
 Aluno de Platão.
 Tutor de Alexandre, o Grande.
 Fundou a sua própria escola: Lyceum.
 O seu sistema entra para a cultura europeia no século XII, tornando-se um
dogma até ao século XVII.

CONTRIBUTOS DO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES PARA A PSICOLOGIA


 Diferenças em relação ao sistema Platónico.
 A lógica Aristotélica como base para uma metodologia científica.
 A graduação hierárquica da alma.
 A analogia perceção/ tábua rasa.
 Algumas conceções associacionistas.

DIFERENÇAS EM RELAÇÃO AO SISTEMA PALTÓNICO


o Aristóteles concorda com Platão dizendo que podemos fazer uso dos nossos
sentidos, mas que estes devem ser operados pela razão.
o Aceita o dualismo Platónico (corpo/alma) mas rejeita a Teoria das Ideias (ou
formas), porque não aceita que a realidade se limite ás formas/ideias.

A LÓGICA ARISTOTÉLICA COMO BASE PARA UMA METODOLOGIA CIENTÍFICA


o A inteligência (razão) tem a faculdade de aprender o universal na perceção do
individual (ultrapassa o ceticismo dos sofistas permitindo a generalização).
o A metodologia é a lógica:
- Silogismo – consiste em vários passos; no 1 define-se o objeto, no 2
constrói-se uma preposição sobre o objeto, no 3 verifica-se a validade da
proposição através da razão.
- Dedução – do global deduz-se o particular, do geral chega-se ao
particular.
- Indução – do particular induz-se até ao geral

o Considera que a categorização do mundo físico (amor pela natureza) e da


estrutura das classificação botânicas e zoológicas em géneros espécies,
apresenta vários erros.

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o Vê a matéria como material básico que compõe os objetos que existem no
mundo: o corpo e a forma como o que dá existência à matéria.
o Para Aristóteles não existe acidentes nem mutações (mudanças), a direção do
movimento é determinada pelo objeto.

A GRADUAÇÃO HIERÁRQUICA DA ALMA


o Aristóteles dividiu a alma em três:
- vegetativa: partilhada por todas as formas de vida,
encarrega-se da auto nutrição e da capacidade de
sobreviver;
- animal: partilhada apenas pelos animais, possibilita a
sensação;
- racional: é imortal, exclusiva dos seres humanos,
encarrega-se do raciocínio.
o Diferenciou as formas de vida em termos do poder que possuíam (scala
nature): o ser humano seria único, superior (com mais poder) e o mais perfeito
de todos os seres.

A ANALOGIA PERCEÇÃO/TÁBUA RASA


o A alma não nasce com conhecimentos, apenas com capacidades cognitivas
(para depois, ser-nos permitido adquirir conhecimentos).
o Comparou a alma humana, aquando do nascimento, como uma tábua rasa que
seria posteriormente esculpida com conhecimentos  Esta teoria é
considerada uma antecipação da ciência cognitiva.
o As conceções de Aristóteles sobre a memória dividem-se em absurdas e atuais,
constituindo as ultimas conceções associacionistas.
o Acreditava que nos lembramos melhor das coisas quando a memória esta
húmida, e mais dificilmente quando está seca.
o As crianças têm uma memória mais fraca porque a superfície da cera sofria
alterações (de onde se justifica o esquecimento de acontecimento vividos da
infância) – conceções absurdas.

ALGUMAS CONCEÇÕES ASSOCIACIONISTAS


o Quando associamos emoções fortes a episódios recordamos mais facilmente
essas situações.
o A repetição vai auxiliar a memória.

A principal diferença entre Platão e Aristóteles é a forma como estes viam a alma:
Platão: alma como substância eterna e imoral que passa de corpo para corpo,
levando consigo o conhecimento. Consequentemente a aprendizagem aparece
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como recordação (teoria da reminiscência). São ainda importantes na sua teoria: o
dualismo Platónico (alma/corpo); e a divisão da alma em racional, concupiscência e
irascível.

Aristóteles – retoma a ideia de dualismo dizendo que tudo aquilo que existe, a
realidade, é constituído por matéria e forma. Considera que a alma precisa de um
corpo mas não é corpo; Existem três almas: a vegetativa, a animal e a racional.
Considera que a razão deve-se apoiar nos sentidos.

Psicologia como ciência empírica que estuda as relações ALMA-CORPOn

COMO?
o O mundo em que vivemos é real, não ilusório.
o É um “mundo natural” de substâncias, sujeito à causalidade.
o A alma é parte da natureza.

Alma: aquilo que explica o viver dos corpos; inseparável do corpo.

Manifestações da alma e do corpo estão interligadas.

Três tipos de alma:


Vegetativa (ou nutritiva)
Animal (ou sensitiva)
Racional (ou intelectiva)

Conhecimento – a partir da observação de indivíduos concretos chegamos, por


indução, a conceitos gerais.

ATARAXIA – paz interior.

TEORIAS DA FELLICIDADE  PROCURA DA ATARAXIA


- Surgiram após a morte de Alexandre Magno, como resposta às guerras internas pela
sucessão e consequente crise politica e social.

ETNOCENTRISMO
 Atingir a tranquilidade através do controlo das emoções.
 Se a mente controla as emoções, estas anulam-se e não há sofrimento.

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 A razão humana está ligada ao universo de matéria, o que conduz à ideia de
determinismo universal  as leis do universo controla-nos e nada podemos
fazer contra isso (não podemos interferir no nosso destino, esse já foi traçado).
 O individuo é reativo (e não proactivo)
 Vive de acordo com a natureza.
 Suporta e abstém-se
 Viver para a alma, cooperar com causalidade, dizer não as pulsões.
 Zenão.

EPICURISMO
 Retoma do atomismo de Demócrito (alma feita de átomos, material e moral).
 Importância dos sentidos como fonte única de conhecimento.
 Homem = senhor do seu destino (recusam a predestinação).
 Objetivo único é a felicidade, “procura o prazer foge á dor”.
 Busca de prazer  antecipação das teorias da aprendizagem.
 Terapia epicurista: recordar momentos agradáveis.
 Epicuro.

PERÍODO CRISTÃO
A queda do império Russo, após as invasões Bárbaras, (e as consequentes crises
económicas e sociais) teve como efeito o abandono da filosofia e a ascensão do
pensamento religioso. A igreja preencheu o vazio deixado pelo colapso da estrutura
civil.

Ideias cristãs:
-Zelo
- Vida após a morte
- Poderes miraculosos
- Moralidade pura e austera
- Disciplina

A IDENTIDADE DO HOMEM MEDIEVAL


O auto conhecimento era um problema que não se colocava, a identidade era definida
pelo papel social, pela linhagem e pelo género ao qual pertencia. A relação do
individuo com a sociedade era vista como estável e não problemática, porque o poder
divino comandava o destino e por isso o que acontecia não era contestado.

O CONHECIMENTO DA IDADE MEDIEVAL


O mundo estava cheio de fome, guerras, pestes e doenças, o que não favorecia
nada o desenvolvimento do saber. Os mosteiros eram centros intelectuais, onde se
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encontravam obras muito valiosas a nível do saber, mas a igreja impedia a erosão do
saber.
A ciência, nesta altura, estava extremamente condicionada pela doutrina da
igreja. Todas as descobertas cientificas tinham de estar de acordo com a bíblia e se tal
ao acontecesse era consideradas ideias hereges e imorais, com graves consequências
para quem as defendesse.
Podemos assim concluir que a ciência foi substituída pela teologia e a lei dos
homens passou a ser a lei de Deus.

AS ORDENS MONÁSTICAS E O TRATAMENTO DOS DOENTES


 Eram os monges que tratavam dos doentes e os hospitais eram encarados
como locais para morrer.
 Eram conhecidas e utilizadas as propriedades medicinais das plantas (boticas
dos conventos); a mandrágora era considerada a rainha de todas as plantas.
 A loucura e as doenças mentais eram vistas como possessões demoníacas e
aconteciam por desvio do caminho de deus. Apenas podiam ser curadas por
padres, em exorcismos, pois os padres detinham poder total. A igreja detinha
os principais poderes.
 A sexualidade era extremamente reprimida, por contraste com os rituais
pagãos que a celebravam. A igreja via tais coisas como pecado e punia-as.

O CONTROLE DE HERESIAS: o Malleus Malleficarum (1487) e a inquisição (1233)


 Estas instituições perseguiam todos aqueles que praticavam heresias. No século
XV atingem o seu ponto mais alto, o seu auge (como o Malleus Malleficaram)
pois o conceito de herege é alargado, e são considerados heréticos todos
aqueles que têm comportamentos considerados desviantes.
 Nos séculos XVI e XVII aparecem vários instrumentos de tortura.

SANTO AGOSTINHO
 Reabilitou as ideias de Platão:
- O corpo é a prisão da alma;
- A alma partilha a glória de deus e é o caminho para o conhecimento;

 Deus não é apreendido pelos sentidos e o conhecimento interior da alma


permite um nível de consciência que transcende a realidade física. Os sentidos
não são a via do conhecimento, mas sim a alma.
 A fé é mais importante do que a razão.

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 Completou a cristianização da filosofia grega afirmando a relação platónica
entre corpo e alma. Exerceu assim um corte definitivo com a tradição Greco-
Romana.

2 obras:
 Confissões
-Esta obra mostra o seu percurso pessoal. Aqui Santo Agostinho conta as suas dúvidas
em relação à opção entre os prazeres da vida e a vida cristã.
- Afirma que o conhecimento proveniente dos sentidos não é digno de confiança
(inspiração Platónica); o conhecimento interior da ama permite um nível de
consciência que transcende a realidade física (é mais importante conhecer deus do
que compreende-lo, a fé é mais importante que a razão e a razão não ajuda a explicar
a fé; o que determina a direção do nosso comportamento é a nossa mente e não os
nossos sentidos)
- Cria os dogmas.

 Cidade de Deus
- Nesta obra continua a valorizar a introspeção, afirmando que permite revelar
verdades superiores.
- A mais importante faculdade da mente é a vontade (livre-arbitrium), Deus é bom e a
maldade existe porque o Homem assim o quer;
- Dividiu a humanidade em cidade terrestre, o que era material e cidade de Deus, o
que era espiritual. Com base nesta ideia vai legitimar o seu poder e vai estar sempre
acima do estado.
- É representada quase como uma embaixada do reino de deus.

SÃO TOMÁS DE AQUINO


 Faz uma ligação entre o Cristianismo e a filosofia Aristotélica, dizendo que o
edifício filosófico de Aristóteles corresponde à melhor filosofia cristã.
 Criou uma conceção piramidal dos seres terrestres na qual afirma:
- que as criaturas estão hierarquicamente ordenadas refletindo os
próprios divinos;
- a inclinação para o bem varia em função do lugar que se ocupa na
hierarquia;

 Considera a alma um meio caminho entre o mundo dos corpos e dos espíritos,
que tem diferentes potências:
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- Vegetativa: assegura as funções físicas;
- Sensitiva: assegura a perceção, o apetite e a locomoção;
- Intelectiva: assegura a memória, a imaginação e a razão;
- Apetitiva: vontade, desejos
- Locomotiva: movimento dirigido;

 Faz a divisão entre intelecto possível e intelecto agente:


- intelecto possível  passivo  perceção  perecível tábua rasa
- intelecto agente  ativo  torna inteligível  imortal  atinge o conceito

 A razão é mais nobre e sublime na natureza do que a vontade:


Razão – determina o bom
Vontade – procura a satisfação do desejo
A vontade de amar a Deus será onde tudo se reúne. É aqui que está a reconciliação
entre a fé a razão ( de um lado a experiência e a razão, e do outro a revelação).

Contributos de São Tomás para a Psicologia:


 A insistência no conhecimento através da fé constituiu uma refutação
antecipada do empirismo;
 a descrição da razão como meio de adquirir o conhecimento é uma indicação
de uma base cientifica;
 elevou a razão ao mesmo nível que a fé enquanto fonte de conhecimento e
assim, a igreja passou a aceitar uma argumentação racional;

 São Tomás de Aquino constituiu um acrescento ás ideias de Santo Agostinho.


Considera que desde que se aceite que a razão também pode contribuir para o
conhecimento, a fé deixa de ser a última razão.

FRANCIS BACON
Novo método: indutivo-sistemático

3 tábuas:
- Presença (tudo o que acontece quando ocorre o fenómeno e estudo)
- Ausência (tudo o que ocorre quando não se dá o fenómeno)
- Graus (as variações do fenómeno)

Deixa de ser dedutivo, parte do particular para o geral e passa a ser sistemático, quase
obsessivo.

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Bacon embirrava com os escolásticos por serem redutores, dogmáticos, e irem do
geral para o particular.

DESCARTES
Componente metodológica: Método cartesiano
“Nunca aceitar como verdadeira uma coisa sem a conhecer evidentemente como tal”

 Começa por criticar a lógica tradicional e cria um novo método.


 Considera que os sentidos são enganadores, consequentemente, que as
demostrações matemáticas também podem ser falsas porque os homens
também se enganam.
 A distinção entre vigilia e o sono é para ele pouco clara, pelo que conclui que
não pode confiar na veracidade das coisas, pois as mesmas podem-nos surgir
em sonhos e não ser reais.
 Poe a hipótese de existir um génio maligno que engana o homem por pura
diversão.

A dúvida é o resultado dos sentidos: a partir da dúvida metódica (passar de dúvida em


dúvida) chega à conclusão que dúvida  se dúvida pensa  se pensa, logo existe.

Componente científica:
 Como solução para o dualismo que existe entre mente e corpo, Descartes diz
que a glândula pineal é que se encarrega das suas interações (interação entre
os dois hemisférios).
 O corpo e o comportamento humano é visto como uma máquina – responde
aos estímulos através da mecânica da fisiologia;
 Realizou dissecações e vivificações (dissecações em animais pois, acreditava
que estes não sofriam, porque não tinham alma, os ruídos que emitiam seriam
apenas ruídos mecânicos)..
 Para realizar alguns dos seus estudos, teve que distrair a igreja com estudos da
alma para poder estudar o corpo.

Componente filosófica:
 A alma é uma identidade espiritual.
 A função da alma é a razão.
 As ideias inatas são as ideias espirituais.
 Afirma a imortalidade da alma
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 Contributos de Descartes para a psicologia:
 Deu grande importância à razão (pai do racionalismo);
 Avança com explicações sobre temas de futura psicologia e temas diferentes
dos da filosofia;
 A mente e o corpo são entidades separadas ;
 O corpo humano está sujeito às mesmas leis do que qualquer outro corpo, não
há diferença entre um corpo humano sem alma e uma máquina;
 A alma/mente só pode ser atingida através da reflexão;
 Só o próprio individuo pode conhecer a sua alma; só podemos conhecer a
nossa alma diretamente;
 Forneceu bases da psicologia introspetiva (dando grande importância à
introspeção), da psicologia como ciência comportamental (a observação era
necessária para ser possível controlar), e da psicologia como ciência fisiológica
(a psicofisiologia pode entender os processos mentais).

EMPIRISTAS VS RACIONALISTAS

EMPIRISTAS RACIONALISTAS
Thomas Hobbes; Jonh Locke; David Leibniz; VOn Wolff
Hume; David Hartley; James Mill; John
Stuart Mill; Alexandre Bain;

THOMAS HOBBES LEIBNIZ


No estado natural, os homens não Nada existe no intelecto que não tenha
estão sujeitos a qualquer lei, não há passado pelo sentido… a não ser o
segurança porque a luta entre os homens próprio intelecto.
é uma constante, o estado natural seria A mente tem um papel ativo
um estado de guerra.
Aí os homens desejariam lei e ordem,
as quais só era possível de atingir se o CHRISTIAN VON WOLFF
poder e força fossem delegados a apenas PSICOLOGIA:
um homem, ou a uma assembleia de  Empírica: ciência dos fatos
Homens, que reduziria a pluralidade a psicológicos, estudo das sensações
uma única vontade.
Assim, o rei teria direito absoluto de  Racional: ciência da alma, o acesso
criar leis, sem ter que justificar as suas a esta é feito através da
opiniões perante o povo, exceto para introspeção.
garantir a paz.

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JOHN LOCKE
 Estudioso de línguas, povos e
costumes;
 Apercebeu-se que existia uma
grande diferença entre os povos,
línguas e tradições;
 Cruza isto com a informação dada
por Descartes;
 “Será possível haver ideias
inatas... com tanta diversidade
ideológica e cultural?” Se
existissem ideias inata, os povos
teriam costumes tão diferentes?
NÃO EXISTEM IDEIAS INATAS
- Antes de estarem no intelecto, as ideias
passam pelo filtro dos sentidos. Quando
nascemos somos uma tábua rasa onde se
vai escrevendo o que adquirimos pelos
sentidos. Assim a palavra alma vai
desaparecendo e vai dar origem à mente.

Fonte das ideias:


- Sensação (sentidos)
- Reflexão (o que aprendemos)

Tipos de ideias:
- Simples: de sensação ; de reflexão;
- Complexas (por associação)

JAMES MILL
 A mente como uma máquina
passiva: “mecânica mental”;
 A alma não existe. Tudo é matéria
e movimento.
 Teoria mecanicista.
 As ideias são resíduos de
sensações e as ideias complexas
são agregadas das ideias simples.
 Única lei de associação:
contiguidade (duas ideias
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aprendidas são sempre ligadas)

JOHN STUART MILL


 Denominava-se Máquina Lógica.
 Quando o pai morreu, ficou contra
as suas ideias: da ideia da
mecânica mental passa para a
ideia da química mental.
 A mente deixa de ser passiva.
 As associações obedecem a
princípios, as ideias complexas são
uma fusão das ideias simples.
 Os resultados finais podem ser
qualitativamente diferentes dos
compostos iniciais, tanto na
química como na mente.

KANT
 Fez a síntese: empirismo + racionalismo
 O corpo sem nada e apenas matéria e não é capaz de criar conhecimento
(empirista).
 A mente por si só, se matéria que a provoque, não se manifesta nem sequer
aparece (racionalista).
 É necessário: mente com noções a priori + dados dos sentidos.

Tudo o que a nossa mente filtra desde que nascemos

Critica a Wolff:
- A psicologia empírica seria impossível já que os fenómenos psíquicos não podiam ser
medidos no espaço, só no tempo.
- A racional seria também impossível porque a alma nunca poderia ser estudada
sozinha. Kant criticava o racionalismo porque a alma só poderia ser movida graças a
estímulos exteriores.

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Critica à introspeção:
- Duro crítico da psicologia: se um observador se Auto observa, ou as suas paixões
desaparecem ou continuam presentes provocando distração na observação.

PSICOLOGIA CIENTIFICA
Frenologia - Estudo dos altos do crânio
Psicofísica – Ernest Weber e Gustav Theodor Fechner

ERNEST WEBER
 Estudou a relação quantitativa entre o mundo físico e o mundo psíquico das
sensações.
 Pretendia descobrir qual a estimulação tátil mínima para produzir uma
sensação. Considerou possível que a estimulação tátil fosse algo subjetivo,
relacionado com o grau de sensibilidade do sujeito. Chegou assim á lei de
Weber, válida para qualquer sistema sensorial.
 Compasso de Weber – experiencias rigorosas.
 Foi a primeira vez que se estabeleceu uma relação quantitativa entre o mundo
material e o psicológico.

GUSTAV THEODOR FECHNER


 Pretendia relacionar cientificamente alma e corpo, para provar que a alma
existe.
 Era muito metafisico e místico.
 Pretendia medir estímulos e sensações através do limiar absoluto e do limiar
diferencial.
 Mede a mente e oferece à psicologia o que lhe faltava  métodos e técnicas
de medida. Métodos elegantes e precisos:
- Método do erro médio (ou dos ajustamentos);
- Método dos estímulos constantes;
- Método dos limites;

WUNDT
Pai da psicologia como ciência. - PORQUÊ?
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- Conhecia e dominava áreas limítrofes (psicofísica, metodologia, psicologia filosófica,
etc.)
- Abriu um laboratório para realizar experiências.
- Publicou livros e artigos científicos – Academia Cientifica.
- Tornou os seus estudos públicos.
- Tinha vontade de criar uma nova disciplina, ao contrário de Weber e Fechner.

Alma: Segundo Wundt o estudo da alma não tem lugar na ciência, a alma não é
problema cientifico. Resolveu estudar os elementos mais básicos – as sensações.

O que fazer com as Faculdades Superiores?


Temos de começar pelo mais básico: pelos elementos mais fundamentais ou seja, as
sensações. Partindo das sensações podemos ir para as ideias e depois para os
pensamentos.
Wundt é empirista/associacionista.

Introspeção: Wundt afirma que a introspeção não encaixa com a ciência. Wundt criou
a INTROSPEÇÃO (filosofia) CONTROLADA (ciência), no laboratório.

Wundt defendia que se deveria estudar as experiências imediatas.

Para que?
- Analisar os processos conscientes nos seus elementos mais básicos;
- Descobrir como estes se organizam;
- Determinar leis de conexão;

Métodos:
- INTROSPEÇÃO CONTROLADA – propõem que se criem condições especiais para
desenvolver processos mentais específicos. Limites deste método: artificialidade do
ambiente; subjetividade; não pode ser aplicado a certos grupos e dificulta a criação de
uma amostra significativa da população que permita generalizações.
- COMPARATIVO
- ETNOGRÁFICO

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A IMPORTÂNCIA DE WUNDT ESTÁ NAS CRITICAS QUE RECEBER E NAS NOVAS
TEORIASS E MÉTODOS QUE DAÍ SURGIRAM:

Behaviorismo = outro objeto de estudo (comportamentos) e outro método


(observação)
Gestaltismo= estudar o todo e não apenas as partes em separado (atomismo)
Funcionalismo Americano= estudar as funções da consciência em vez dos conteúdos.
Psicanálise = estudo dos processos inconscientes.

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