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PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

2.1.1 Números Binomiais Complementares

Dois números binomiais são ditos complementares quando tiverem o mesmo numerador e a soma
dos denominadores for igual ao numerador comum aos dois, ou seja, são complementares os números
binomiais que respeitem a seguinte estrutura:

 n  n 
 p ←complementares
 →  n − p ; {n , p ∈ℵ | p ≤ n}

2.2 Propriedades Fundamentais

2.2.1 Igualdade de Números Binomiais Complementares

Propriedade: dois números binomiais complementares são sempre iguais.

Prova:

Sabemos que:

 n n!
 p = p ! (n − p )!

Vamos recorrer agora ao seguinte truque algébrico: adicionar e subtrair n no termo p!


presente no denominador (ou seja, adicionaremos zero ao termo, não alterando, portanto, nada
no denominador). Vejamos:

 n n! n!
 p = ( n + n − p) !(n − p) ! =  n + n − p  ! n − p !
 ( ) ( )
Reorganizando o denominador, chegamos a outro número binomial:

 n n!  n 
 p = n − p ! n + n − p ! = n − p
( )  ( )
ou seja:

 n  n 
 p =  n − p
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Unidade I

2.2.2 Igualdade de números binomiais quaisquer

Dados dois números binomiais quaisquer:


 n
 p

e ; onde {n, p, q ∈ℵ | p ≤ n e q ≤ n}
 n
 q

Eles serão iguais se, e somente se:


p= q
 n  n
 p =  q ⇒
q = n −p

2.2.3 Relação de Stiffel

Sendo:

{n,p} ⊂ℵ e (p + 1) ≤ n , temos :
 n  n   n + 1
 p + p + 1 =  p + 1

expressão conhecida como Relação de Stiffel.

De fato,
 n  n  n! n!
 p + p + 1 = +
p !(n − p) ! (p + 1) !(n − p −1) !
n! n!
= +
p !(n − p) (n − p − 1)! (p + 1)p ! (n − p − 1)!

=
(p + 1)n!+ (n − p )n! = (n + 1)n!
p!( n − p −1) !( n − p) (p + 1) (p + 1)p! (n − p )( n −p − 1) !

=
(n + 1 )!
(p + 1)! (n− p)!
ou sej a:
 n  n   n + 1
 p + p + 1 =  p + 1
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2.3 O Triângulo de Pascal

Os números binomiais podem ser organizados em uma estrutura conhecida como Triângulo de Pascal,
em homenagem ao grande matemático Blaise Pascal. O esquema é organizar os números binomiais em
linhas e colunas.

Os valores de n variam verticalmente, ou seja, ao longo da coluna, enquanto os valores de p variam


horizontalmente, ou seja, ao longo da linha. O exemplo a seguir ilustra o Triângulo de Pascal:

Coluna 0 Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna n


 0
 0 Linha 0

 1  1
 0 1 Linha 1

 2  2 2
 0  1  2 Linh a 2

 3  3 3  3
 0  1  2  3 Linha 3

 4  4  4 4  4
 0  1  2   3   4  Linha 4

 
 n  n
 0     Linha p
 p

 3
Observe que o número binominal   se encontra na intersecção entre a linha 3 e a coluna 2
 2

Observação

Blaise Pascal (1623-1662) foi um físico, filósofo e matemático


que viveu na França do século XVII. Muito embora sua vida tenha sido
breve, sua contribuição à Ciência é monumental. Entre seus trabalhos
mais importantes estão aqueles ligados à Hidrostática (ramo da Física
que estuda os fluidos em equilíbrio) e a Teoria de Probabilidades.
É dele também a famosa frase: “O coração possui razões que a própria
razão desconhece”.
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Unidade I

Vamos calcular os valores correspondentes a cada número binomial, lembrando que:

 n n!
=
 p p! (n − p)!

Coluna 0 Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna n


1 Linha 0
1 1 Linha 1
1 2 1 Linha 2
1 3 3 1 Linha 3
1 4 6 4 1 Linha 4
 
1   1 Linha p

Note que o primeiro elemento de cada linha é sempre igual a 1, pois sempre ocorre, nessas posições,
a situação:

 n n!
 0 = 0! (n − 0)! = 1

Lembrete

Ao construir a operação fatorial de um número natural, foi definido


que:

0! ≡ 1.

Outro fator digno de observação é que os números binomiais no final de cada linha são sempre
iguais à unidade, uma vez que, nessa posição:

n =p
 n n! 1
 p = n! (n − n)! = 0! = 1

A Relação de Stiffel também encontra seu lugar no Triângulo de Pascal, resultando no seguinte
padrão: a soma de dois números binomiais consecutivos em dada linha corresponde ao valor do número
binomial imediatamente abaixo da segunda parcela da soma. Vejamos:
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1
1 1
+
1 2 1
=
1 3 3 1
1 4 6 4 1

Exemplos de Aplicação

1. Calcule o valor numérico da expressão E dada por:

 3  5  7
E=  +  − 
 2  3  0

Solução:

Usando a definição para números binomiais em que:

 n n!
=
 p p ! (n − p )!

temos:

3! 5! 7!
E= + −
2! (3 − 2 )! 3! (5 − 3 )! 0 ! (7 − 0 )!

3! 5! 7!
E= + −
2!1! 3! 2! 0 !7 !

6 5.4.3! 7 !
E= + −
2 3! 2! 1.7!

E = 3 + 10 − 1 ⇒ E = 12

E = 12

Resposta: o conjunto solução (S) da expressão é S = {E ∈ℵ|E = 12} .


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Unidade I

2. Utilizando a Relação de Stiffel, calcule o valor numérico da soma de números binomiais dada por:
 4  4 
 2 +  3

Solução:

A relação de Stiffel afirma que:

 n  n   n + 1
 p + p + 1 =  p + 1

Logo,

 4  4   4   4   4 + 1 5
 2 +  3 = 2  +  2 + 1 =  2 + 1 =  3

Calculando o número binomial obtido, temos:

 5 5! 5!
 3  = 3! (5 − 3 )! = 3! 2!

 5 5.4.3! 20
 3 = 3 !2 ! = 2

 5
 3 = 10

Resposta: o valor da soma dos números binomiais é 10.

3. Utilizando o Triângulo de Pascal em seguida, no qual estão os valores de alguns números binomiais,
calcule X.
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 x 1
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PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

Solução:

Lembrando que o Triângulo de Pascal guarda o padrão de que a soma de dois números binomiais
consecutivos em dada linha corresponde ao valor do número binomial imediatamente abaixo da segunda
parcela da soma, temos:
1
1 1
1 2 + 1
1 3 3 + 1

=
1 4 6 x 1

ou seja:

3 + 1= x ⇒ x = 4

Resposta: o valor do número binomial na posição X do triângulo de Pascal é 4.

4. Um dos padrões encontrados no Triângulo de Pascal é de que a soma dos números binomiais de
uma mesma linha tem como resultado 2n . Sendo assim, determine o valor de n para que:
 n  n  n  n
 0 +  1 +  2 + ... +  n = 256

Solução:

Recorrendo ao padrão enunciado, temos:

 n  n  n  n n
 0 +  1 + 2  + ... +  n = 2 = 256

n 8
2 =2

Como as bases em ambos os termos da equação são iguais, os expoentes também deverão ser iguais
para fazer valer a igualdade. Então:

n=8

Resposta: o valor de n requerido, para que a soma verifique-se, é 8.


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2.4 Usando a Análise Combinatória no cálculo de potências naturais de


monômios

Dos bancos escolares do Ensino Fundamental, sabemos que o resultado de:

( x + y )2 é:
2
( x + y) = x2 + y2 + 2 xy

Resultado este conhecido como Trinômio Quadrado Perfeito, que está presente em inúmeros cenários
de interesse prático.

Saiba mais

Para relembrar e explorar mais sobre o assunto ligado a trinômios


e trinômios quadrados perfeitos, consulte o segundo capítulo da obra
de Iezzi e Muramaki chamada Fundamentos da matemática elementar.
São Paulo: Atual, 2005. v. 6.

No entanto, também é comum depararmo-nos com situações em que potências maiores que 2 estão
presentes. Por exemplo, em:
3
(x + y)
que pode ser calculado, na garra, realizando o produto:

( x + y)3 = ( x + y) ( x + y)
2

(
= (x + y ) x 2 + y 2 + 2xy )
= x 3 + xy 2 + 2 x 2 y + y 2 +y 3 + 2x y3
= x3 + y3 + 3x2 y + 3xy3

Imagine agora se nos depararmos com a necessidade do cálculo de:

( x + y )5
Na verdade, o cálculo não é difícil na realização, pois sabemos o caminho, no entanto é bem
trabalhoso. Felizmente, a Análise Combinatória apresenta-se como uma alternativa engenhosa, elegante
e mais simples de utilizar. Observe que, ao realizarmos o produto repetido entre os monômios ( x + y ),
obtemos todas as possíveis combinações do tipo:
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PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

i j i = 0, 1, 2...n 
x y onde :  
 j = 0, 1, 2...n

Temos então um típico problema da contagem de agrupamentos, em que a ordem não diferencia os
elementos, ou seja, trata-se de uma combinação.

Exploremos em maior detalhe. Seja:

( x + y )5 = ( x + y)( x + y)( x + y) (x + y )( x + y )
Agora, em vez de partir para a realização dos produtos, vamos pensar de forma combinatória.
Observe que, para obter o termo, por exemplo: x2y3, precisamos escolher, dentre os 5 fatores
disponíveis, 2 para a obtenção de x2, ao passo que, ao fazer isso, o termo y3 fica automaticamente
determinado no produto dos termos remanescentes. Vejamos como obter uma dentre todas as
possibilidades:

( x + y )( x + y) ( x + y)( x + y) (x + y ) x2 y3

O número total de possibilidades é, portanto, o número de combinações distintas dentre os 5 fatores,


em que X é tomado 2 a 2, ou seja, o termo x2y3 aparecerá C5,2 vezes.

Estendendo o raciocínio para os outros termos, chegamos à conclusão de que:

( x + y )5 = ( C5,0 ) x0 y5 + ( C51, ) x1y4 + (C5,2 ) x2 y3 + ( C5,3 ) x3y2 + ( C5,4 ) x4 y5 + ( C5 ,5 ) x 5y 0


Calculando explicitamente as combinações, obtemos:
5!
C5,0 = =1
0 ! (5 − 0 )!
5!
C51, = =5
1!(5 −1) !
5!
C5,2 = = 10
2! (5 − 2)!
5!
C5,3 = = 10
3! (5 − 3)!
5!
C5,4 = =5
4 !( 5 − 4) !
5!
C5,5 = =1
5 !(5 − 5) !
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Logo,

( x + y)5 = ( C5,0 ) x0 y5 + ( C51, ) x1 y4 + (C5,2 ) x2 y3 +( C5,3 ) x3 y2 + ( C5,4 ) x 4y 5 + ( C 5,5) x5 y0


( x + y)5 = y5 + 5 xy4 + 10 x2 y3 + 10 x3 y2 + 5 x4 y5 + x5

ou, de forma equivalente:

( x + y)5 = x5 + 5 xy4 + 10 x2 y3 + 10 x3 y2 + 5 x4y 5 + y 5


Em termos práticos, trocamos a manipulação de longas cadeias de produtos pelo cálculo de termos
combinatórios mais simples de se efetuar.

2.5 Teorema do Binômio

O resultado obtido anteriormente pode ser generalizado e aplicado para quaisquer potências
naturais de monômios. Devemos essa generalização ao grande Isaac Newton, que demonstrou
que:

n  n n  n  n
( x + y) =   x0 yn +   x1 yn−1 +   x2 yn−2 + ... +   xn y0
 0  1  2  n

ou, de modo mais compacto:

n
n  n
( x + y) = ∑   xiyn −i
i =0
i

Tal expressão é conhecida como Teorema do Binômio de Newton.

2.6 Binômio de Newton e Triângulo de Pascal

O fato de encontrarmos números binomiais no Teorema do Binômio de Newton sugere alguma


conexão com o Triângulo de Pascal. De fato, essa conexão existe e torna o cálculo de potências
de monômios incrivelmente fácil e imediato, se dispusermos de um Triângulo de Pascal à mão.
Vejamos o caso do cálculo de (x + y)5, usando um Triângulo de Pascal já com os valores dos
números binomiais calculados. Para calcularmos, basta encontrarmos a linha correspondente ao
expoente do monômio, no caso, linha 5 (lembre-se de que a contagem das linhas inicia-se do
zero!)
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