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DISCIPLINA DE CARTOGRAFIA

NOTAS DE AULA

1 - INTRODUÇÃO
1.1 DEFINIÇÕES E CONCEITO DE CARTOGRAFIA
Etimologicamente Cartografia é uma palavra derivada do grego “grafei”, significando
escrita ou descrita e do latim “carta”, com o significado de papel, mostra portanto uma estreita
ligação com a apresentação gráfica da informação, através da sua descrição em papel. Foi criada
em 1839 pelo historiador português Visconde de Santarém, em carta escrita em Paris e dirigida
ao historiador brasileiro Adolfo Vanhanen. Antes do termo ser divulgado e consequentemente
consagrado na literatura mundial, usava-se tradicionalmente como referência, o vocábulo
Cosmografia, que significa astronomia descritiva (OLIVEIRA, 1980).
Uma definição simplista pode ser estabelecida, apresentando-a como a “ciência que
trata da concepção, estudo, produção e utilização de mapas” (ONU, 1949). Outras definições,
mais complexas e mais atualizadas fornecem uma visão mais profunda dos elementos, funções e
processos que a compõem, tais como a estabelecida pela Associação Cartográfica Internacional
(ICA), em 1973, que a apresenta como: “A arte, ciência e tecnologia de construção de mapas,
juntamente com seus estudos como documentação científica e trabalhos de arte. Neste contexto
mapa deve ser considerado como incluindo todos os tipos de mapas, plantas, cartas, seções,
modelos tridimensionais e globos, representando a Terra ou qualquer outro corpo celeste”. A
mesma ICA em 1991, apresentou uma nova definição, nos termos seguintes: “ciência que trata
da organização, apresentação, comunicação e utilização da desinformação, sob uma forma que
pode ser visual, numérica ou tátil, incluindo todos os processos de elaboração, após a
preparação dos dados, bem como o estudo e utilização do mapas ou meios de representação em
todas as suas formas”.
Esta é uma das definições mais atualizadas, incorporando conceitos que não eram
citados anteriormente, mas nos dias atuais praticamente já estão diretamente associados à
Cartografia. Ela extrapola o conceito da apresentação cartográfica, devido à evolução dos meios
de apresentação, para todos os demais compatíveis com as modernas estruturas de representação
da informação. Apresenta o termo desinformação, caracterizando um aspecto relativamente
novo para a Cartografia em concepção, mas não em utilização, pois é uma abordagem
diretamente associada à representação e armazenamento de informações. Trata-se porém, de
associar a Cartografia como uma ciência de tratamento da informação, mais especificamente
de informações gráficas, que estejam vinculadas à superfície terrestre, sejam elas de natureza
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física, biológica ou humana. Dessa forma a informação geográfica sempre será a principal
informação contida nos documentos cartográficos.
Fica também evidenciado, de uma maneira geral, que a Cartografia tem por objetivo o
estudo de todas as formas de elaboração, produção e utilização da representação da informação
geográfica. Continua a caracterizar a importância do mapa, como uma das principais formas de
representação da informação geográfica, incluindo outras formas de representação e aspectos de
armazenamento da informação cartográfica, principalmente os definidos por meios
computacionais.
A utilização de mapas e cartas é um aspecto bastante desconsiderado pelos usuários da
Cartografia. Uma grande maioria de usuários utiliza mapas e cartas, sem conhecimentos
cartográficos suficientes para obtenção de um rendimento aceitável que o documento poderia
oferecer. Geralmente um guia de utilização é desenvolvido, através de manuais distintos ou
legendas específicas e detalhadas, destinados a usuários que possuem uma formação cartográfica
limitada. Ao usuário, no entanto, cabe uma boa parcela do sucesso de um documento
cartográfico, podendo a divulgação e a utilização de um documento cartográfico ser equiparada a
um livro. Um documento escrito sem leitores, pode perder inteiramente a finalidade de sua
existência e da mesma forma isto pode ser estendido para um mapa, ou seja um mapa mal lido ou
mal interpretado pode induzir a informações erradas sobre os temas apresentados.

1.2. CARTOGRAFIA E GEOGRAFIA: UMA RELAÇÃO IMPORTANTE


Face à Geografia, a Cartografia apresenta-se funcionalmente, como uma ferramenta de
apoio, permitindo, por seu intermédio, a espacialização de toda e qualquer tipo de informação
geográfica. Desta forma, para o geógrafo, é imprescindível o conhecimento dos aspectos básicos
da cartografia bem como dos fundamentos de projeto de mapas. O cartógrafo geográfico deve ser
distinto de outras áreas de aplicação da Cartografia, pois a sua representação pode ser
considerada ao mesmo tempo como ferramenta e, ao mesmo tempo, produto do geógrafo
(DENT, 1999).
O geógrafo, como cartógrafo, deve perceber a perspectiva espacial do ambiente
geobiofísico, tendo a habilidade de abstrai-lo e simboliza-lo. Deve conhecer projeções e
seleciona-las; ter a compreensão das relações de áreas e também conhecimentos da importância
da escala na representação final de dados e informações.
Por outro lado deve ter a capacidade, devido à intimidade com a abstração da realidade
e sua representação, de avaliar e revisar o processo, visando facilitar o entendimento por parte do

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usuário final. É fundamental a sua participação no projeto e produção de mapas temáticos,
associando também a representação de outros tipos de informações , tais como sensores remotos.
SAUER, (1956) sintetiza claramente a importância da Cartografia para o geógrafo,
através da seguinte citação:
Mostre-me um geógrafo que não necessite deles (mapas) constantemente e os queira ao
seu redor e eu terei minhas dúvidas se ele fez a correta escolha em sua vida. O mapa
fala através da barreira da linguagem. (SAUER, 1956).

2 - COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
A Cartografia é, em princípio, um meio de comunicação gráfica, exigindo portanto,
como qualquer outro meio de comunicação (escrita ou oral), um mínimo de conhecimentos por
parte daqueles que a utilizam. A linguagem cartográfica é praticamente universal: um usuário
com uma boa base de conhecimentos, será capaz de traduzir satisfatoriamente qualquer
documento cartográfico, seja sob qual forma esteja se apresentando.
Considerando-se a Cartografia como um sistema de comunicação, pode-se verificar que a
fonte de informações é o mundo real, codificado através do simbolismo do mapa, sendo que
o vetor entre a fonte e o mapa é caracterizado pelo padrão gráfico bidimensional estabelecido
pelos símbolos.

SISTEMA CARTOGRÁFICO

Mundo Concepção
Real Cartográfica MAPA USUÁRIO

Fonte Tratamento Apresentação Utilização

Sistema de Comunicação Cartográfica

Figura 1.1 - Sistema de Comunicação Cartográfica


Na realidade, de uma forma simplificada, o sistema de informação está restrito ao mundo
real, ao cartógrafo e ao usuário, gerando três realidades distintas, como se fossem conjuntos
separados. Quanto maior a interseção destas três realidades, mais se aproxima o mapa ideal para
a representação de um espaço geográfico em qualquer dos seus aspectos.

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REALIDADE

Realidade Realidade
do do
Cartógrafo Usuário

MUNDO REAL

Figura 1.2 - Mapa Ideal

O modelo de comunicação cartográfica envolve então, em uma forma simplista, quatro


elementos distintos: o cartógrafo ou o elemento de concepção, o mapa juntamente com o tema e
o usuário. Uma pergunta pode descrever todo este modelo como um todo: “Como eu posso
descrever o que para quem ?” . Eu, refere-se ao cartógrafo (elaborador), como ao mapa, o que
ao tema e para quem ao usuário. O modelo pode ser apreciado pela figura 3.

COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

Tema do Usuário
Cartógrafo (O que) (Para que?)
MAPA
(Como)

Modelo Simples

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Figura 1.3 - Modelo Simples de Comunicação Cartográfica

Por outro lado, podem ser descritos, segundo esses conceitos, os ciclos de comunicação
da informação cartográfica que podem ser alcançados no processo:
- Ciclo ideal da comunicação cartográfica
Leitura e
Interpretação
Mundo Real
Cartógrafo
Codifica

Decodifica
Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário

Ciclo Ideal da Comunicação Cartográfica

Figura 1.4 - Esquema do ciclo ideal da comunicação cartográfica


Aqui o cartógrafo faz a leitura e interpretação do mundo real, codificando as informações
para o documento de comunicação, o mapa. O usuário por sua vez, sem contato com o mundo
real, apenas com o documento, vai fazer a leitura e interpretação das informações contidas no
mapa, para ao decodifica-las, possa reconstituir o mundo real. Este tipo de ciclo não é alcançado
na maioria das vezes. Consegue-se uma aproximação através de fotomapas ou ortofotocartas,
dependendo ainda do tipo de informação que se vai veicular.

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- Ciclo de Comunicação Cartográfica Ideal Cartógrafo-Usuário

Mundo Real

Leitura e
Interpretação

Criação
Cartógrafo Visão do Cartógrafo

i ca

Decodifica
dif
Co

Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário

Ciclo de Comunicação Cartográfica Ideal Cartógrafo-Usuário

Figura 1.5 - Esquema do ciclo real entre cartógrafo e usuário


Este modelo mostra que na leitura e interpretação pelo cartógrafo do mundo real, na
realidade ele criará um modelo segundo a sua visão, só passando a sua codificação para o mapa
após a elaboração dessa visão própria. Segundo o usuário agora, a leitura e interpretação dessa
informação, vai permitir no máximo que se chegue até a visão do cartógrafo do mundo real. Não
se consegue chegar ao mundo real, porém alcança-se a comunicação, com o sucesso do usuário
em decodificar o mundo real na visão do cartógrafo.
- Ciclo de Comunicação Falho

Mundo Real

Leitura e
Interpretação

Criação
Cartógrafo Visão do Cartógrafo

ifica
Cod

Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário

ca
ifi
od
ec
D

Visão do Usuário

Ciclo Falho de Comunicação Cartográfica Cartógrafo-Usuário

Figura 1.6 - Esquema do ciclo falho de comunicação

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Neste esquema, o usuário não consegue, no processo leitura, interpretação e posterior
decodificação da informação transmitida pelo mapa, chegar a visão do mundo real definida pelo
cartógrafo. É criada uma outra visão, agora definida pelo usuário, segundo a qual ele ve o mundo
real. Neste processo, as distorções de visão tanto podem ser do cartógrafo, que não soube
codificar a sua visão do mundo real no mapa, como também do usuário, em não saber como
decodificar essas informações. De uma ou outra maneira, aqui a comunicação cartográfica não é
alcançada.

3- HISTÓRICO DA CARTOGRAFIA
O histórico da Cartografia é tão extenso quanto a própria história da humanidade. Não se
sabe quando o primeiro “cartógrafo” elaborou o primeiro mapa. Não há dúvidas porém que este
seria uma representação bastante bruta em argila, areia ou desenhada em uma rocha.
Na Antiguidade, um dos mapas mais antigos conhecidos, data de aproximadamente 5000
AC, mostrando montanhas, corpos d`água e outras feições geográficas da Mesopotâmia,
gravadas em tábuas de argila.
Datam desta época também mapas com a mesma estrutura, do vale do Rio Eufrates e do
rio Nilo.
Aos fenícios são atribuídas as primeiras cartas náuticas, que serviam de apoio à
navegação, bem como as primeiras sondagens e levantamentos do litoral.
Na Grécia, à época de Aristóteles (384-322 AC), a Terra foi reconhecida como esférica
pelas evidências da diferença de altura de estrelas em diferentes lugares, do fato das embarcações
aparecerem “subindo o horizonte” e até mesmo pela hipótese de ser a esfera a forma geométrica
mais perfeita.
Por volta de 200 AC, o sistema de latitude e longitude e a divisão do círculo em 360 já
era bem conhecida.
Estimativas do tamanho da Terra foram realizadas por Eratóstenes (276-195 AC) e
repetido por Posidonius (130-50 AC), através da observação angular do Sol e estrelas.
O processo de Eratóstenes consistia em medir a diferença da vertical do Sol ao longo do
meridiano que unia Alexandria a Syene (atual Aswan)

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Polo Norte

5000 st

c al
Trópic
o de C Alexandria Verti o
7 12’
ancer

SOL
o
7 12’
Syene

Equad
or

Sabendo-se que a distância entre as duas cidades - 5000 estádias (1st = 185m), verificou-
se que a diferença entre a posição do Sol nas duas cidades - 712’ equivalia a 1/50 do círculo
completo, logo ter-se-ia como o valor da circunferência terrestre cerca de 46250 km, ou seja,
valor apenas 15% maior do que o real, o que para os métodos da época são valores bastante
razoáveis. Eratóstenes errou por duas razões: a distância entre a s duas cidades
Figura 1.7 - O processo de eratóstenes não era exatamente de 5000 st, nem as
duas cidades estavam situadas no mesmo meridiano. Caso isto tivesse ocorrido, o seu erro estaria
em torno de 2% da medida real!
Pelas referências existentes, os mapas eram documentos de uso corrente para os gregos,
como pode ser verificado pela edição de 26 mapas, trabalhados por Claudius Ptolomeu (90-160
DC), em seu tratado simplesmente entitulado GEOGRAFIA.
Os romanos interessavam-se pela Cartografia apenas com fins práticos: cartas
administrativas de regiões ocupadas e representações de vias de comunicação, como pode ser
observado nas tábuas de PEUTINGER.
Na Idade Média, como praticamente ocorreu em toda a humanidade, há um retrocesso no
desenvolvimento da Cartografia. Existem poucas referências, e as que existem carecem de
qualquer base científica. São apenas esboços e croquis desprovidos de beleza e funcionalidade. O
de melhor representação são devido aos árabes. Os europeus são pobres, sem nenhuma base
científica.
Com o Renascimento inicia-se também o ciclo das grandes navegações. As descobertas
marítimas dos Escandinavos não acrescentam nenhum material novo ao conhecimento do
mundo, exceto a descoberta da bússula a partir do século XIII.

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Ao fim da Idade Média e início da Moderna, surgem os PORTULANOS, cartas com a
posição dos portos de diferentes países, bem como indicação do Norte e Sul (Rosa dos Ventos),
voltadas para a navegação e comércio. As cartas passam a ser artisticamente desenhadas,
surgindo a impressão das primeiras cartas com Gutemberg, em 1472 ( Etmologia de Isidoro de
Sevilha / 1560 - 1632).
Desenvolve-se neste períodoo primeiro sistema de projeção cartográfica, devido a
Gerhardt Kremer dit Mercator. Deve-se a Abraham Oertel dit Ortelius (1527 - 1598) a edição do
primeiro ATLAS em 1570 sob o nome de THEATRUM ORBIS TERRARUM.
A Idade Moderna trás com a política de expansão territorial e colonial a necessidade de
conhecimentos mais precisos das regiões. Surgem as primeiras triangulações no século XVIII
com os franceses e italianos, estabelecendo-se um modelo matemático geométrico perfeito de
representação terrestre.
Cassini desenvolve o primeiro mapa da França, com auxílio da astronomia de posição
(escala de 1/86 400), em 1670.
Os processos de cálculo, desenho e reprodução são aprimorados. Nomes como Clairout,
Gauss, Halley, Euler desenvolvem a base matemática e científica da representação terrestre.
Utiliza-se correntemente a Topografia, Geodésia e Astronomia de precisão nos
desenvolvimentos de mapas.
Os sistemas transversos de Mercator, aperfeiçoados por Gauss e Krüger sào criados e
aplicados no mapeamento da Alemanha.
No século XX, muitos fatores ajudam a promover uma aceleração acentuada no
desenvolvimento da Cartografia. Pode-se incluir o aperfeiçoamento da litografia, a invenção da
fotografia, da impressão a cores, o incremento das técnicas estatísticas, o aumento do transporte
de massas.
A invenção do avião foi significante para a Cartografia. A junção da fotografia com o
avião, tornou possível o desenvolvimento da fotogrametria, ciência e técnica que permite o
rápido mapeamento de grandes áreas, através de fotografias aéreas, gerando mapas mais precisos
de grandes áreas, a custos menores que o mapeamento tradicional. Desenvolvem-se técnicas de
apoio que incrementam a sua utilização.
Surgem os equipamentos eletrônicos para determinação de distâncias, aumentando a
precisão das observações, assim como a rapidez na sua execução.
O emprego de técnicas de fotocartas, ortofotocartas e ortofotomapas geram documentos
confiáveis e de rápida confecção.

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A utilização de outros tipos de plataformas imaginadoras para a obtenção da informação
cartográfica, tais como radares (RADAM, SLAR), satélites artificiais imaginadores (LANDSAT,
TM e SPOT), satélites RADAR (RADARSAT), vem modernamente revolucionando as técnicas
de informação cartográfica para o mapeamento, abrindo novos e promissores horizontes, através
de documentos tanto confiáveis como de rápida execução..

4 - O CAMPO DE ATUAÇÃO DA CARTOGRAFIA


Pelo histórico apresentado, é fácil ver que a Cartografia é uma atividade bastante antiga,
porém pode-se perfeitamente delimitar aplicações específicas ao longo da sua história.
Inicialmente como apoio às explorações, especialmente os mapas de navegação e aplicação
comercial. Poucas eram as aplicações que fugiam a esses objetivos. Por outro lado eram poucos
os que se dedicavam à elaboração e construção de mapas, isto no decorrer de séculos,
praticamente até o século XIX.
No decorrer do século XIX e início do século XX, conforme o aumento da demanda de
mapas para fins mais específicos, foram criadas instituições que se dedicam exclusivamente à
elaboração de cartas e mapas, tanto com propósitos gerais, como com propósitos definidos.
Hoje em dia a maior parte dos países possuem organizações governamentais dedicadas à
construção de cartas, com as mais diversas finalidades. Existem outras organizações, públicas e
privadas, com finalidades semelhantes, para atuação cartográfica apenas nas suas áreas
específicas.
Os avanços técnicos nos processos de construção de cartas, a necessidade crescente de
informação georreferenciada, tanto para a educação, pesquisa, como apoio para tomada de
decisões, à nível governamental ou não, caracteriza o mapa como uma ferramenta importante,
tanto para análise de informações, como para a sua divulgação, em quaisquer áres que trabalhem
com a informação distribuída sobre a superfície terrestre.

- Caracterizar uma tabela com uma distribuição de ocorrência de cólera.


- Mostrar a tabela e um mapa.
- Definir o que se pode obter com a visualização do mapa.
- A tabela oferece uma visão quantitativa do fenômeno.
- O mapa oferece tanto esta visão, como a distribuição espacial, permitindo cruzamento de
outros tipos de informações e a consequente análise deste cruzamento.
Por Ex: - Ocorrência c/ águas poluídas

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- Ocorrência c/ consumo de pescado
- Ocorrência c/ favelas
- Ocorrência c/ migração
Dividir a Cartografia em áreas de aplicação é tão difícil quanto classificar os tipos de
cartas e mapas.
Normalmente usa-se caracterizar duas classes de operações para a Cartografia:
- preparação de mapas gerais, utilizados para referência básica e uso operacional. Esta
categoria inclui mapas topográficos em grande escala, cartas aeronáuticas hidrográficas.
- preparação de mapas usados para referência geral e propósitos educacionais e
pesquisa. Esta categoria inclui os mapas temáticos de pequena escala, atlas, mapas rodoviários,
mapas para uso em livros, jornais e revistas e mapas de planejamento.
Dentro de cada categoria existe uma considerável especialização, podendo ocorrer nas
fases de levantamento, projeto, desenho e reprodução de um mapa topográfico.
A primeira categoria trabalha inicialmente a partir de dados obtidos por levantamentos
de campo ou hidrográficos, por métodos fotogramétricos ou de sensores remotos.
São fundamentais as considerações sobre a forma da Terra, nível do mar, cotas de
elevações, distâncias precisas e informações locais detalhadas.
Utilizam-se instrumentos eletrônicos e fotogramétricos complexos e o sensoreamento
remoto tem pêso importante na elaboração dos mapas.
Este grupo inclui as organizações governamentais de levantamento.
No Brasil são as seguintes:
- Fundação IBGE
- Diretoria de Serviço Geográfico
- Diretoria de Hidrografia e Navegação
- Instituto de Cartografia Aeronáutica
A outra categoria que inclui a Cartografia Temática, trabalha basicamente com os mapas
elaborados pelo primeiro grupo, porém está mais interessada com os aspectos de comunicação
da informação geral e a delineação gráfica efetiva dos relacionamentos, generalizações e
conceitos geográficos.
O domínio específico do assunto pode ser extraído da História, Economia,
Planejamento Urbano e Rural, Sociologia, Engenharias e outras tantas áreas das ciências
físicas e sociais, bastando que exista um georeferenciamento, ou seja uma referência espacial
para a representação do fenômeno.
Orgãos que no Brasil dedicam-se à elaboração de mapas temáticos:

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- Fundação IBGE
- DNPM / CPRM - Mapas geológicos
- EMBRAPA - solos, uso de solos, pedologia
- Institutos de Terras - planejamento rural
- Governos Estaduais e Municipais (incipiente)
- DNER - mapas rodoviários

5 DEFINIÇÃO DE MAPA
5.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
O termo mapa é utilizado em diversas áreas do conhecimento humano como um sinônimo
de um modelo do que ele representa. Na realidade deve ser um modelo que permita conhecer a
estrutura do fenômeno que se está representando. Mapear então, pode ser considerado mais do
que simplesmente interpretar apenas o fenômeno, mas o sim ter-se o próprio conhecimento do
fenômeno que se está representando. A Cartografia vai fornecer um método ou processo que
permitirá a representação de um fenômeno, ou de um espaço geográfico, de tal forma que a sua
estrutura espacial será visualizada, permitindo que se infira conclusões ou experimentos sobre a
representação (KRAAK & ORMELING, 1996).
Os mapas podem ser considerados para a sociedade tão importantes quanto a linguagem
escrita. Caracterizam uma forma eficaz de armazenamento e comunicação de informações que
possuem características espaciais, abordando tanto aspectos naturais (físicos e biológicos), como
sociais, culturais e políticos.

5.1.1 Conceito de Mapa


A apresentação visual de um mapa pode variar de uma forma altamente precisa e
estruturada, até algo genérico e impressionista, como um esboço ou croquis.
Devido a esta variedade de representações, não é fácil definir o termo MAPA, muito
embora o seu significado seja claro em todos os contextos.
Por outro lado, a palavra “mapa” possui algumas características significantes restritivas,
seja qual for a forma que se apresente:
- A representação é dimensionalmente sistemática, uma vez que existe um
relacionamento matemático entre os objetos representados. Este relacionamento,
estabelecido entre a realidade e a representação, é denominado escala.

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- Um mapa é uma representação plana, ou seja, esta sobre uma superfície plana. Uma
exceção é a representação em um globo.
- Um mapa pode mostrar apenas uma seleção de fenômenos geográficos , que de
alguma forma foram generalizados, simplificados ou classificados. É diferente de
uma fotografia ou imagem, que exibe tudo que afetou a emulsão do filme ou foi
captado pelo sensor.

O conceito de mapa é caracterizado como uma representação plana, dos fenômenos sócio-
bio-físicos, sobre a superfície terrestre, após a aplicação de transformações, a que são submetidas
as informações geográficas (MENEZES, 1996). Por outro lado um mapa pode ser definido
também como uma abstração da realidade geográfica e considerado como uma ferramenta
poderosa para a representação da informação geográfica de forma visual, digital ou tátil
(BOARD, 1990).
Para a Geografia é também indiscutível a importância da forma de representação da
informação geográfica, em essência dos mapas e da Cartografia. Através deles o geógrafo pode
representar todos os tipos de informações geográficas, bem como da estrutura, função e relações
que ocorram entre elas. Pela caracterização de sua aplicação em quaisquer campos do
conhecimento que permitam vincular a informação à superfície terrestre. Dentro da divisão da
Cartografia, um dos cartógrafos temáticos é o geógrafo por excelência, tanto por ser a Geografia
a ciência mais integrativa dentro do conhecimento humano, como por ter a necessidade de
visualizar os relacionamentos entre conjuntos de informações que isoladamente não permitem
quaisquer conclusões.

3.2.2 Definição de Mapa


As definições de mapas, com ligeiras diferenças, englobam um núcleo comum, que uma
vez caracterizado, não deixa nenhuma margem de dúvida sobre seus objetivos e abrangência.
Este núcleo envolve as informações que serão representadas, as transformações à que estarão
sujeitas, para que possam ser representadas por alguns dos possíveis meios gráficos de
visualização.
De 1708, por exemplo, tem-se a definição devida a Harris (1708, apud ANDREWS,
1998), definindo mapa como “uma descrição da Terra, ou uma parte de sua área, projetada
sobre uma superfície plana, descrevendo a forma dos países, rios, situação das cidades, colinas,
florestas e outras feições”.

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Outra definição, de 1736, estabelece que um mapa “é uma figura plana, representando
diversas partes da superfície terrestre, de acordo com as leis da perspectiva ou projeção da
superfície do globo ou parte dele em um plano, descrevendo os diversos países, ilhas, mares,
rios, com a situação das cidades, florestas, montanhas, etc. Mapas universais, são os que
exibem toda a superfície terrestre, ou os dois hemisférios; mapas particulares exibem uma
porção definida da superfície terrestre”, (BAILEY, 1736, apud ANDREWS, 1998)).
Em 1896, a Enciclopédia Concisa Cassel (1896, apud ANDREWS, 1998)), definiu mapa
como “a delineação de uma porção da superfície terrestre sobre papel ou outro material
similar, mostrando os tamanhos proporcionais, formas e posições de lugares”.
Para estabelecer um padrão comparativo entre as definições dos séculos XVIII e XIX, são
apresentadas as definições devido a dois cartógrafos e uma instituição cartográfica americana. A
primeira, estabelecida por Robinson (1995), diz que “mapa é a representação gráfica de
conjuntos geográficos”.
O USGS (United States Geological Survey) define mapa como “a representação da
Terra ou parte dela”, uma definição bastante simplista, mas de conteúdo bastante extenso.
Umas das mais modernas definições é devida à Thrower (1996), dizendo que um mapa “é
uma representação usualmente sobre uma superfície plana, de toda ou uma parte da superfície
terrestre, mostrando um grupo de feições, em termos de suas posições e tamanhos relativos” .
A definição formal de mapa, aceita e difundida pela Sociedade Brasileira de Cartografia,
estabelece como “a representação cartográfica plana dos fenômenos da sociedade e da
natureza, observados em uma área suficientemente extensa para que a curvatura terrestre não
seja desprezada e algum sistema de projeção tenha que ser adotado, para traduzir com
fidelidade a forma e dimensões da área levantada” (SBC, 77).

3.2.3 Classificação dos Mapas


Classificar os mapas em categorias distintas é uma tarefa quase impossível devido ao
número ilimitado de combinações de escalas, assuntos e objetivos. Existem tentativas de
classificações, que permitem agrupar mapas segundo algumas de suas características básicas, não
existindo porém um consenso com respeito à essas classificações. Nesse contexto serão
apresentadas aqui as classificações que melhor estão adaptadas para este trabalhos. Algumas
destas classificações são conclusões oriundas de aglutinações e combinações de diversos autores.
Inicialmente a própria divisão da Cartografia já fornece uma divisão formal, pela função
exercida pelos mapas. Encontram-se assim os mapas de referência ou de base e os mapas
temáticos, possuindo as características e funções já descritas na divisão da Cartografia.

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Quanto à escala de representação, os mapas podem ser classificados em: muito pequena,
pequena, média, grande e muito grande. Alguns autores (ROBINSON, 1995; BAKKER, 1965)
dividem apenas em três grandes grupos: pequena, média e grande. ë difícil porém estabelecer o
limiar de cada escala. O conceito de grande, médio e pequeno é bastante subjetivo e esta
associação à um valor numérico de escala é definida para estabelecer uma referência ao tamanho
relativo dos objetos representados. Também é possível classifica-los segundo características
globais, regionais e locais, mas também encontra-se outro conceito bastante subjetivo, gerando
polêmicas quando de sua associação à escalas numéricas (ROBINSON, 1995; MENEZES, 1996;
BAKKER, 1965).
Para a primeira classificação citada, vincula-se a seguinte associação de escalas (tabela
3.1):

Tabela 3.1 Classificação dos Mapas segundo Escala de Representação


Escalas Classificação
< 1:5 000 000 muito pequena Globais
1: 5 000 000 – 1:250 000 pequena Geográficas
1: 250 000 – 1: 50 000 média Topográficas
1: 50 000 – 1: 5 000 grande Cadastrais
> 1: 5000 muito grande Plantas

Define-se ainda como plantas, os mapas caracterizadas por escalas grandes e muito
grandes. São mapas locais e normalmente não exigem métodos geodésicos para sua elaboração,
utilizando a topografia para a sua elaboração, envolvendo apenas transformações de escala.
Podem ser definidas como: “a representação cartográfica plana, dos fenômenos da natureza e
da sociedade, observados em uma área tão pequena que os erros cometidos nessa
representação, desprezada a curvatura da Terra, são negligenciáveis” (SBC, 77).
É comum a referência ao termo carta para referenciar um mapa. Procurando fornecer um
conceito e não uma definição formal, os mapas são caracterizados por representar um todo
geográfico, podendo estar em qualquer escala, seja ela grande, média ou pequena. Por exemplo:
mapa de Minas Gerais na escala 1: 2 500 000; Mapa do Brasil em escala 1:5 000 000, mapa da
Ilha do Fundão na escala 1: 10 000, mapa do Maciço da Tijuca na escala 1: 5 000. A carta por
sua vez é caracterizada por representar um todo geográfico em diversas folhas, pois a escala de
representação não permite a sua representação em uma única folha. Como exemplos, podem ser
citadas as escalas de mapeamento sistemático do Brasil, caracterizando diversas cartas de
representação: Carta do Brasil em 1:100 000, 1:250 000, carta do Município do Rio de Janeiro

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em escala 1: 10 000. O conjunto de todas as folhas caracteriza a carta, ou seja, a representação do
todo geográfico que se deseja mapear.

1.X Meios e Mídias de Apresentação de Mapas


Até o início da década de 80, os mapas em papel eram considerados um dos poucos meios
cartográficos de representação e armazenamento da informação geográfica, além de ser o
produto final de apresentação desta mesma informação. O desenvolvimento tecnológico ampliou
a capacidade de representação e armazenamento da informação, incorporando conceitos de
exibição de mapas em telas gráfica de monitores de vídeo, mapas voláteis, bem como
caracterizando os meios magnéticos de armazenamento da informação, tais como: CD-ROM,
discos rígidos, fitas magnéticas, disquetes, etc, como uma forma numérica de representação.
Os mapas em papel possuem uma característica analógica, sendo uma forma de
representação permanente da informação, definindo um modelo de dados e armazenamento,
como também um modelo de transferência da informação para os usuários (CLARKE, 1995).
Os mapas apresentados em telas gráficas correspondem àqueles que possuem uma
capacidade de visualização temporária da informação, sendo a transferência estabelecida
segundo a vontade ou a necessidade de ser visualizada. A sua visualização também pode se dar
através de cópias em papel, neste caso assumindo a característica de visualização dos mapas em
papel. São muitas vezes denominados como mapas ou cartas eletrônicas.
Sob ese enfoque, os mapas podem ser classificados segundo seus atributos de visibilidade e
tangibilidade, (MOELLERING, 1980; CROMLEY, 1992; KRAAK, 1996):
- Mapas analógicos ou reais, de características permanentes, diretamente visíveis e tangíveis,
tais como os mapas convencionais em papel, as cartas topográficas, atlas, ortofotomapas,
mapas tridimensionais, blocos-diagramas. Existe uma característica da informação ser
permanente, não podendo ser atualizada, a não ser por processos de construção de novo
mapa.
- Mapas virtuais do tipo I, diretamente visíveis, porém não tangíveis e voláteis, ou seja, não
permanentes, como a representação em um monitor de vídeo e mapas cognitivos. Neste caso
apenas a visualização não é permanente. A informação porém possui os mesmos problemas
de atualização.
- Mapas virtuais do tipo II, aqueles que não são diretamente visíveis, porém possuem
características analógicas e permanentes como meio de armazenamento da informação.
Como exemplos, pode-se citar os modelos anaglifos de qualquer espécie, dados de campo,

16
hologramas armazenados, CD-ROM, laser-disc, etc. A informação contida só poderá ser
modificada através de processos completos de atualização.
- Mapas virtuais do tipo III, têm características não visíveis e não permanentes, podendo-se
incluir nesta classe a memória, discos e fitas magnéticas, animação em vídeo, modelos
digitais de elevação (inclusos aqui os modelos digitais de terreno) e mapas cognitivos de
dados relacionais geográficos.
Ainda pode-se incluir uma quinta categoria, descrevendo os mapas que podem ser
considerados dinâmicos. Nesta categoria algumas distinções poderão ser ainda serem tratadas
(MENEZES, 1996; PETERSON, 1998):
- Mapas que apresentam dinamismo das informações, mais precisamente representando fluxos,
movimentos ou desenvolvimentos temporais de um dado tipo de informação;
- Mapas animados, que apresentam as mesmas características dos mapas anteriores, porém
mostrando o dinamismo em seqüências animadas. São de características tipicamente
computacionais.
- Mapas dinâmicos em tempo real, que por serem associados à sensores que fornecem a
informação em tempo real, têm a capacidade de associa-la e representa-la praticamente ao
mesmo tempo da recepção.
Segundo essa abordagem, os mapas podem ser vistos como um modelo de apresentação
gráfica da realidade geográfica.

O Brasil está enquadrado na Carta do Mundo ao Milionésimo. A partir deste


enquadramento foram estabelecidas as cartas de mapeamento sistemático. O quadro abaixo
fornece as escalas, o número de folhas de cada escala
N de Folhas Executadas
Escala N Total de Folhas % Mapeada
1/ 1 000 000 46 46 100,00
1/ 500 000 154 68 44,00
1/ 250 000 556 529 95,1
1/ 100 000 3049 2087 68,4
1/ 50 000 11928 1641 13,7
1/ 25 000 47712 548 1,2

1.6- DIVISÃO DA CARTOGRAFIA


Modernamente a Cartografia pode ser dividida em dois grandes grupos de atividades
(TYNER, 1992; DENT, 1999)
- de propósito geral ou de referência
- de propósito especial ou temática
17
O primeiro grupo trata da cartografia definida pela precisão das medições para confecção
dos mapas. Preocupa-se com a chamada cartografia de base. Procura representar com perfeição
todas as feições de interesse sobre a superfície terrestre, ressalvando apenas a escala de
representação. Tem por base um levantamento preciso e normalmente utilizam como apoio, a
fotogrametria, a geodésia e topografia. Seus produtos são denominados mapas gerais, de base ou
de referência.
O segundo grupo de atividades de mapeamento depende do grupo anteriormente citado.
Mapas de ensino, pesquisa, atlas e mapas temáticos, bem como mapas de emprego especial,
enquadram-se nessa categoria. Estes mapas são denominados mapas de temáticos.
Os mapas temáticos podem representar também feições terrestres e lugares, mas não são
definidos diretamente dos trabalhos de levantamentos básicos. São compilados de mapas já
existentes (bases cartográficas), que servirão de apoio à todas as representações. Distinguem-se
essencialmente dos mapas de base, por representarem fenômenos quaisquer, que sejam
geograficamente distribuídos, discreta ou continuamente sobre a superfície terrestre. Estes
fenômenos podem ser tanto de natureza física, como por exemplo a média anual de temperatura
ou precipitação sobre uma área, ou de natureza abstrata, humana ou de outra característica
qualquer, tal como a taxa de natalidade de um país, condição social, distribuição de doenças,
entre outros. Estes mapas dependem de dados reunidos através de fontes diversas, tais como
informações censitárias, publicações industriais, dados governamentais, pesquisa local, etc.
A exigência principal para que um fenômeno qualquer possa ser representado em um
mapa, é a associação da distribuição espacial ou geográfica. Em outras palavras, deve ser
conhecida e perfeitamente definida a sua ocorrência sobre a superfície terrestre. Este é o elo de
ligação entre o fenômeno e o mapa. Assim, qualquer fenômeno que seja espacialmente
distribuído, é passível de ter representada a sua ocorrência sobre a superfície terrestre através de
um mapa. Um fenômeno assim caracterizado é dito como georreferenciado.
Quanto à natureza a Cartografia pode ser dividida em:
- Topográfica
- Temática
- Especial
A Topográfica se propõe a representar os aspectos físicos da superfície terrestre.
Enquadram-se todas as cartas topográficas. Normalmente serve de base à múltiplos usuários. ë
incluído aqui todo o mapeamento sistemático, identificando-se com os mapas de propósito geral
ou de referência..

18
A Cartografia Temática, já explanado os seus objetivos, pode ser dividida três sub-classes
(GUÉNIN, 1972; BÉGUIN & PUMAIN, 1994):
- Inventário
- Estatística ou Analítica
- Síntese
A Cartografia Temática de Inventário é definida através de um mapeamento qualitativo.
Possui uma característica discreta, realizando apenas a representação posicional da informação
no mapa. Normalmente estabelecida pela superposição ou justaposição, exaustiva ou não, de
temas, permite ao usuário saber o que existe em uma área geográfica.
A Cartografia Analítica é eminentemente quantitativa, mostrando a distribuição de um ou
mais elementos de um fenômeno, utilizando para isso informações oriundas de dados primários,
com as modificações necessárias para a sua visualização. De uma forma geral ela classifica,
ordena e hierarquiza os fenômenos a representar.
A Cartografia de Síntese é a mais complexa e a mais elaborada de todas, exigindo um
profundo conhecimento técnico dos assuntos a serem mapeados. Integrativa por excelência,
exige o concurso de várias especialidades integradamente. Representa a integração de
fenômenos, feições, fatos ou acontecimentos que se interligam através da distribuição espacial.
Permite que se desenvolva um aspecto analítico, para estabelecer um estudo conclusivo-analítico
sobre a integração e interligação dos fenômenos que estejam sendo estudados.
A Cartografia Temática de caráter especial é destinada a objetivos específicos, servindo
praticamente a um único tipo de usuário. Por exemplo a definida por mapas e cartas náuticas,
aeronáuticas, sinóticas, de pesca entre outras.
O mapeamento temático trata muitas vezes de fenômenos que não necessitam de um
posicionamento preciso, pelo tipo de ocorrência do fenômeno, como por exemplo um mapa
pedológico. Deve haver porém a preocupação com uma correta apresentação da ocorrência da
sua distribuição, necessitando para isso de uma base cartográfica com precisão compatível às
suas necessidades. Não se pode confundir precisão da base cartográfica com a precisão do
fenômeno a representar.
A preparação de uma apresentação eficaz, requer uma visão crítica dos dados a serem
mapeados bem como o simbolismo ou convenções que serão utilizadas para representá-los. É
necessário ser considerado para o projetista do mapeamento temático os seguintes aspectos:
- conhecimento profundo dos princípios que fundamentam a apresentação da informação e
o projeto da composição gráfica efetiva;

19
- ter um forte sentido de lógica visual, e uma habilidade especial para escolher as palavras
corretas que descreverão o gráfico, o mapa ou o cartograma;
- conhecimento do assunto a ser mapeado, ou estar com uma equipe multidisciplinar.

3.6 INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA x INFORMAÇÃO CARTOGRÁFICA


Como já referenciado, a informação geográfica pode ser conceituada como toda aquela,
de natureza física, biológica ou social, que possua um relacionamento com um sistema de
referência sobre a superfície terrestre.
Define-se informação cartográfica como a informação contida em um mapa. Pode ser de
natureza estritamente cartográfica, como a rede de paralelos e meridianos, canevá geográfico,
pontos cotados, como também, principalmente, as representações das informações geográficas,
inclusive as legendas. Em outras palavras, a informação cartográfica representa a informação
geográfica, após ter sido submetida a um processo de transformação, o que permitirá que venha a
ser representada em um mapa, conforme pode ser observado na figura 3.7.

Mundo Real Mapa

Processo
Informação
Informação Geográfica de Cartográfica
Transformação

Figura 3.7 – Esquema representativo da transformação da informação geográfica em cartográfica

As transformações a que as informações geográficas são submetidas, possuem natureza


diferenciada, porém todas são inter-relacionadas. São elas:
- Transformações geométricas;
- Transformações projetivas;
- Transformações cognitivas.

As transformações geométricas são caracterizadas por um relacionamento de escala e


orientação entre sistemas de referência. As projetivas referem-se às transformações da superfície
tridimensional curva da Terra, para a superfície de representação de um mapa, bidimensional
plana. As transformações cognitivas, por fim referem-se às transformações do conhecimento da
informação, em relação ao que será efetivamente representado no mapa, generalização
cartográfica e simbolização cartográfica.

20
2 - O Geóide e o Problema da Representação Cartográfica
2.1 - Introdução

A Geodésia é uma ciência que se ocupa do estudo da forma e tamanho da Terra no


aspecto geométrico e com o estudo de certos fenômenos físicos tais como a gravidade e o campo
gravitacional terrestre, para encontrar explicações sobre as irregularidades menos aparentes da
própria forma da Terra. O assunto é intimamente ligado com mapeamento e Cartografia.
A maior parte das evidências sobre a forma e tamanho da Terra é baseada em
levantamentos geodésicos. Por outro lado é necessário se conhecer o tamanho da Terra e sua
grandeza, para se poder representá-la em mapas, em uma escala desejada.
Sabe-se que a Terra é um planeta de forma aproximadamente esférica e sobre o qual
existem irregularidades da superfície definida pelas terras, mares, montanhas, depressões etc.
Estas irregularidades topográficas não representam mais do que uma pequena aspereza da
superfície, comparadas ao tamanho da Terra. Considerando-se o raio da Terra com

21
aproximadamente 6.371 Km, a maior cota em torno de 9 Km (Monte Everest) e a maior
depressão por volta dos 11 Km (Fossa das Marianas), a representação da Terra como um globo
de 6 cm de raio mostra que a variação entre as duas cotas representará apenas 0,2 mm, ou seja, o
limite de percepção do olho humano.
A idéia da Terra esférica data da época dos geômetras gregos, em torno de 600 AC. O
primeiro trabalho com embasamento científico foi a experiência clássica de Eratóstenes,
definindo as primeiras dimensões conhecidas para a Terra. Ainda durante o período grego,
Aristóteles, através dos estudos sobre os movimentos da Terra, concluiu que deveria haver um
achatamento nos pólos.
Somente próximo ao fim do século XVII, ISAAC NEWTON demonstrou que a forma
esférica da Terra era realmente inadequada para explicar o equilíbrio da superfície dos oceanos.
Foi argumentado que sendo a Terra um planeta dotado de movimento de rotação, as forças
criadas pelo seu próprio movimento tenderiam a forçar quaisquer líquidos na superfície para o
Equador. Newton demonstrou através de um modelo teórico simples que o equilíbrio hidrostático
seria atingido, se o eixo equatorial da Terra fosse maior que o seu eixo polar. Isto é, equivalente
a um corpo que seja achatado nos pólos.

2.2 - O Geóide
A forma da Terra, na realidade, é única. É definida como um Geóide, que significa a
forma própria da Terra.
O geóide é definido pela superfície do nível médio dos mares supostamente prolongado
sob os continentes. Assim ele está ora acima, ora abaixo da superfície definida como a superfície
topográfica da Terra, ou seja, a superfície definida pela massa terrestre.
A superfície do Geóide (nível médio
dos mares) é propriamente definido
S upe rfície Topográ fica
como sendo uma superfície
S upe rfície do
Elips óide
equipotencial - igual potencial

Supe rfície do Ge óide


gravitacional -, onde a direção da
gravidade é perpendicular a ela em
S upe rfície s Te rre s tre s todos os lugares.

Devido á variações na densidade dos elementos constituintes da Terra e também por


serem estes irregularmente distribuídos, o Geóide normalmente eleva-se sobre os continentes e
afunda nas áreas oceânicas. Isto mostra outras perturbações e depressões com uma variação de
60 m.
22
A significância do Geóide para o mapeamento e a Cartografia é efetiva, uma vez que
todas as observações na Terra são realizadas sobre o Geóide.
Como o Geóide é irregular, a direção da gravidade não é, em todos os lugares,
direcionada para o centro da Terra, e por outro lado, a sua forma não permite uma redução
precisa das observações, por não ser matematicamente definido.

2.3 - O Elipsóide ou Esferóide


Além das irregularidades causadas pelas variações da densidade terrestre, da distribuição
dos elementos componentes da Terra, o Geóide é ainda mais deformado da aproximação de uma
esfera, pela existência do movimento de rotação terrestre.
Devido à rotação em torno do seu eixo, a Terra incha na área equatorial, enquanto achata-
se nos pólos, efetuando o equilíbrio hidrostático da sua massa. A diferença real entre o raio
equatorial e o polar é de aproximadamente 23.0 km, sendo o raio equatorial maior que o polar.
Para o mapeamento preciso de grandes áreas, tais como o mapeamento geodésico, uma
figura regular geométrica deve ser considerada, matematicamente definida, para que os cálculos
sejam igualmente precisos.
As reduções ao Geóide são inconsistentes devido às diferenças na direção da gravidade.
Esta limitação pode ser contornada pela redução ou transferência dos dados para uma figura
geométrica que mais se aproxime do Geóide.
Esta figura é um elipsóide de revolução, gerada por uma elipse rotacionada em torno do
seu eixo menor.
A elipse possui dois eixos 2a (eixo maior) e 2b (eixo menor), a e b representam os semi-
eixos maior e menor, respectivamente.

ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO

23
A razão que exprime o achatamento ou a elipticidade é dada pela expressão: f

(a  b)

a
Para a Terra esse valor é definiido em torno da razão de 1/300.
Sabe-se que a diferença entre os dois semi-eixos terrestres é de aproximadamente 11,5
Km, ou seja, o eixo polar é cerca de 23 Km mais curto que o eixo equatorial.
Para uma redução de escala de 1/100.000.000, o que representa a Terra com um raio
equatorial de 6 cm, a diferença para o raio polar será da ordem de 0,2 mm, valor imperceptível,
uma vez que é a largura do traço de uma linha.
Equivale a dizer com o que foi explanado acima, que para pequenas escalas o
achatamento é menor do que a largura das linhas usadas para o desenho, portanto,
negligenciável.
Tira-se uma importante conclusão sob o ponto de vista cartográfico, que permite
estabelecer a Terra como esférica para determinados propósitos.

Entretanto deve-se notar que qualquer tentativa de representar o elipsóide terrestre por
meio de um elipsóide reconhecível, deve envolver um considerável exagero, uma vez que é
imperceptível a diferença entre os dois semi-eixos.
Isto pode conduzir por sua vez a uma má interpretação de algumas ilustrações retratando
a geometria do elipsóide.
Como o elipsóide de revolução aproxima-se muito da esfera, é também tratado na
literatura como esferóide. Ambos os termos (elipsóide e esferóide) têm o mesmo significado.
As medições da figura da Terra são desenvolvidas de cinco diferentes formas,
determinando seu tamanho e sua forma:

24
- medição de arcos astro-geodésicos na superfície terrestre;

Superfície Física

Ondulação
Geoidal

Geóide
Elipsóide

Desvio da
Vertical

- medições da variação da gravidade na superfície;


- medição de pequenas perturbações na órbita lunar;
- medição do movimento do eixo de rotação da Terra em relação às estrelas;
- medição do campo gravitacional terrestre a partir de satélites artificiais.
Estas medições, além de definirem o Geóide pela determinação da sua superfície
equipotencial, estabelece o elipsóide melhor adaptado à superfície terrestre, seja ele de âmbito
global ou local.
O relacionamento entre o Geóide e o elipsóide indica o desvio da vertical da superfície do
Geóide, permitindo determinar as cartas geodésicas, estabelecendo o desnível geoidal
(diferença entre o Geóide e o elipsóide em uma dada região). São elaboradas por sua vez mapas
geoidais, que mostram esses desníveis entre o geóide e o elipsóide.

ALTITUDE GEOIDAL - Elipsoide WGS 84

25
O elipsóide por sua vez pode ser determinado para adaptar-se a uma região, país ou
continente, evitando a ocorrência de desníveis geoidais muito exagerados. A relação abaixo
mostra alguns dos mais de 50 elipsóides existentes no mundo:

Nome Data a b f Utilização

Delambre 1810 6376428 6355598 1/311,5 Bélgica


Everest 1830 6377276 6356075 1/300,80 Índia,Burma
Bessel 1841 6377997 6356079 1/299,15 Europa
Central e
Chile
Airy 1849 6377563 6356257 1/299,32 Inglaterra
Clarke 1866 6378208 6356584 1/294,98 USA
Hayford 1924 6378388 6356912 1/297,0 Mundial
Krasovsky 1940 6378245 6356863 1/298,30 Rússia
Ref. 67 1967 6378160 6356715 1/298,25 Brasil e
América
do Sul
WGS 84 1984 6378185 6356??? 1/298,26 Mundial
levantame
nto de
satélites

2.4 - A escolha de uma Superfície Adequada de Referência para o Mapeamento

O conhecimento da forma e tamanho da Terra é necessário para descrevê-la


momentaneamente, visando as necessidades de mapeamento.
O aumento de complexidade do modelo matemático muitas vezes é desnecessário face à
magnitude dos valores expressos por um modelo mais simples. Assim, dependendo do objetivo e
a significância dessas variações, deve-se considerar a possibilidade da utilização de diferentes
superfícies de referência, que descrevam adequadamente a forma e o tamanho da Terra para o
propósito que se destina.

26
A superfície terrestre é geometricamente mais complicada que o elipsóide, porém as
variações do Geóide não ultrapassam algumas centenas de metros, variações essas que são
praticamente negligenciáveis para a maior parte dos levantamentos e para a Cartografia.
Pode-se simplificar o problema apresentado e considerar-se três diferentes formas de
representar a forma e tamanho da Terra para diferentes propósitos:
- Um plano tangente à superfície terrestre;
- Uma esfera perfeita de raio apropriado;
- Um elipsóide de revolução de dimensões e achatamento adequados.
Essas três hipóteses estão listadas em ordem ascendente de refinamento, assim um
elipsóide adequado representa melhor a forma da Terra do que uma esfera de raio equivalente.
Estão também ordenados em ordem crescente de dificuldade matemática. As formulações
necessárias para definir posições; para estabelecer as relações entre ângulos e distâncias sobre
um plano, são muito mais simples do que as definições para uma superfície curva de uma esfera,
que por sua vez são mais simples do que as formulações estabelecidas para um elipsóide.

2.4.1 - A Superfície Plana de Representação


Pode parecer um retrocesso assumir a Terra com uma representação plana. Esta
representação é no entanto, muito útil por assumir simplificações que facilitam o trabalho de
mapeamento.
Supor a Terra plana evita o problema da existência de um sistema de projeção a
elaboração de um mapa ou levantamento.
Um plano tangente à superfície curva, tal como a figura mostra, tangente em A, está
próximo à superfície na vizinhança deste ponto.
Se deseja-se mapear ou levantar feições que estejam próximos a A, pode-se assumir que a
Terra é um plano, desde que os erros cometidos por esta hipótese
simplificadora, sejam suficientemente pequenos para que possam
influenciar no mapeamento executado.

Plano Tangente

Sendo a hipótese justificada, o levantamento pode ser calculado com a utilização da


geometria plana. A plotagem na planta pode ser executada pela simples redução das dimensões
na superfície pelo fator de escala considerado.
27
O problema central da argumentação é a definição da representação da “vizinhança do
ponto A”, ou seja, qual o limite de representação da Terra plana, de forma que os erros advindos
desta representação não tenham significância na área mapeada. Imediatamente isto implica, até
intuitivamente, que a hipótese plana deva ser confinada à elaboração de mapas de pequenas
áreas.
De uma forma geral, utiliza-se a hipótese plana no desenvolvimento de Cartografia
cadastral, de áreas urbanas, plantas e outras formas de representação, em escalas variando de
1/500 até 1/10.000.
O limite de representação plana, sem outras considerações é definido por um círculo de 8
km de raio em torno do ponto de tangência do plano.
Apesar de não ser necessário o seu emprego, existem tipos de projeções com utilização
específica na hipótese plana.

2.4.2 - A Hipótese Esférica


O fato de que em uma escala superior a 1/100.000.000 não existe praticamente diferença
entre o tamanho dos eixos do elipsóide, implica que o uso principal da hipótese esférica ocorrerá
na preparação de mapas de formato muito pequenos, mostrando grandes partes da superfície
terrestre, isto é, um hemisfério, continente ou mesmo um país. Tal como aparecem nos Atlas.
Neste aspecto, questiona-se qual a escala máxima aproximada que justifica a utilização da
hipótese esférica.
Estudos realizados, principalmente por Willian Tobler, através da comparação de erros
angulares e lineares, mostraram que a maior escala possível de representação para uma área de
aproximadamente 8.000.000 Km2 , estaria algo em torno de 1/500.000, porém os erros padrões
indicavam que este número era muito otimista.
Genericamente, pela consideração do erro gráfico de 0,2 mm representando de 7 a 8 km,
estar-se-ia limitado a uma representação em torno de 1/15.000.000 ou menor.
Em termos cartográficos práticos, assume-se a escala média de 1/5.000.000 como
possível de representar a Terra como uma esfera.
O raio de representação é normalmente definido pelo raio terrestre médio, estabelecido
pela formulação: R = M . N , onde M é o raio da seção meridiana e N o raio da seção normal
ao elipsóide, para o centro da latitude da região a representar.
Em termos gerais, valores de 6370 a 6372 km são utilizados normalmente para definir o
raio terrestre com uma razoável precisão, na assunção da Terra como uma esfera.

28
2.4.3 - A Hipótese Elipsóidica
Obviamente o elipsóide ou o esferóide adapta-se melhor ao Geóide do que a esfera. Em
razão disto, esta é a superfície de referência mais amplamente empregada em levantamentos e
mapeamentos. Por outro lado possue uma superfície matematicamente desenvolvida, que permite
a execução de cálculos diversos com uma precisão necessária para a cartografia de grandes áreas.
Para a execução do levantamento de um país, inicialmente é determinada uma rede de
pontos sobre a sua superfície, que servirão de apoio à determinações posteriores.
Essa rede de pontos são determinados de 1a ordem, ou de precisão, e estende-se por toda a
região a se levantar.
Possuem alta precisão (da ordem do milímetro), podendo ser desenvolvida pelos
processos clássicos planimétricos (Triangulações, Trilateração) ou modernamente com o auxílio
de satélites de posicionamento geodésicos (NNSS e GPS).
Para que os cálculos possam ser desenvolvidos, determina-se o elipsóide que melhor se
adapte à região (maior tangência e menores desníveis geodésicos).
Esta hipótese da figura elipsóidica gera menores erros na definição de uma superfície de
referência para a Terra, sendo portanto a superfície ideal para o cálculo de precisão (cálculo
geodésico).
Esta superfície portanto é apropriada à todas as escalas de mapeamento topográfico e de
navegação, assim como para todas as cartas temáticas e especiais que se apoiem nestes
levantamentos. Estima-se como o limite, a escala aproximada de 1/4.000.000 a 1/5.000.000.
A seleção de um elipsóide particular para uma região, é devido ao fato de parâmetros de
um adaptar-se melhor aos dados observados do que qualquer outro.
No Brasil, a rede primária inicialmente estava desenvolvida sobre o elipsóide
Internacional de Hayford, de 1924, sendo a origem de coordenadas estabelecida no ponto Datum
de Córrego Alegre.
A partir de nossas observações e cálculos, o sistema geodésico brasileiro foi mudado para
o SAD - 69 (South American Datum - 69) com elipsóide de referência de 67 e o ponto Datum
estabelecido no ponto CHUÁ Astro Datum (Minas Gerais).

3. Posicionamento de Pontos na Superfície Terrestre

3.1 – Introdução
29
Para se determinar a localização de uma ocorrência qualquer sobre a superfície da Terra,
deve-se sempre conhecer alguns elementos básicos, que podem ser definidos por duas perguntas
simples: onde ocorre e como chegar-se até ele?
Em termos urbanos, um sistema de localização composto do nome do Estado, nome da
cidade, nome do bairro, nome da rua, número do prédio e número do apartamento, é o suficiente
para localizar um morador de uma cidade. Supondo-se agora que o morador em tela está
localizado em um espaço plano, surgirão obstáculos que impedem a materialização matemática
de um sistema assim descrito, ou seja como representa-lo em forma matemática.
A instituição de um sistema de coordenadas vem a tornar um método bastante
conveniente de registro de uma posição no espaço, qualquer que seja a dimensão que se esteja
referenciando. Por coordenada entende-se qualquer dos membros de um conjunto que determina
univocamente a posição de um ponto no espaço. O conjunto é formado por tantos membros
quantas as dimensões do espaço considerado, e o número de membros constitui característica
intrínseca do espaço. A coordenada pode ser uma distância, um ângulo, uma velocidade, um
momento, etc.
Um espaço 0-dimensional, não possui dimensão mensurável. Pode ser visualizado e
materializado atrvés de um ponto.
Para um espaço unidimensional, onde só se percebe uma dimensão, por exemplo, um
comprimento ou uma distância entre dois pontos, necessita-se apenas de um ponto origem, e uma
escala de unidade que permita, através dessa origem e a quantidade de unidades medida na
escala, estabelecer o posicionamento de um ponto a outro. Neste caso, a coordenada é definida
pela distância da origem até o ponto, em unidades especificadas.

Origem
O P

Figura 3.1 - Coordenada unidimensional


Existindo um plano, define-se um sistema bidimensional, onde a sua definição é dada por
duas dimensões, estabelecendo uma origem única para cada dimensão. Utiliza-se um sistema de
30
coordenadas, que permita portanto a locação conjunta dessas duas dimensões. Em termos de um
mapa, isto será possível pela definição de uma grade de referência. Duas coordenadas serão o
suficiente para posicionar um ponto no espaço. Duas retas que se interceptam definem um plano,
também definido por uma retae um ponto ou três pontos.
A definição da posição de um ponto em 3 dimensões ou tridimensional,é um pouco mais
difícil, principalmente se essa localização tiver que ser realizada sobre a superfície de uma esfera
ou de um esferóide. Sistemas apropriados de representação são desenvolvidos, para que se possa
representar com precisão a localização exata de um ponto. Porém necessita-se em qualquer dos
sistemas, três coordenadas, as quais posicionarão o ponto no espaço. Um espaço é definido pela
intercessão de três planos (três retas não coplanares que se inteceptam em um ponto.
A utilização de Geometria plana e no espaço é fundamental para o desenvolvimento e
possibilidade de se estabelecer um sistema unívoco de posicionamento, no plano e no espaço.
Qualquer posição, seja em qual dimensão for, terá apenas uma única representação no sistema e
vice-versa. A cada representação de um ponto corresponderá a uma e apenas uma posição no
espaço.
De qualquer forma, dois pontos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

3.2 Sistema de Coordenadas Planas


Existe uma infinidade de maneiras de se referenciar pontos sobre um plano, entre sí.
Algumas são mais apropriadas ou mais simples, adaptando-se melhor aos propósitos de
localização a que se prestam.

3.2.1 Sistema de Coordenadas Retangulares


A definição de um sistema de um par fixo de eixos permitindo a medição linear em duas
direções. é considerado como sendo um sistema cartesiano.

Orige m

Eixos Coorde na dos

Um sistema de coordenadas genérico compreende conjuntos ou famílias de linhas que se


interceptam umas às outras, formando uma rede ou malha quando desenhada.

31
Ma lha ou grade

As condições necessárias que devem ser preenchidas pelo sistema são:


1 - as duas famílias sejam distintas entre si;
2 - que qualquer linha de uma família deva interceptar as linhas da outra família em
apenas um ponto;
3 - duas linhas de uma mesma família não podem se interceptar.
Desta forma, um sistema cartesiano pode abranger famílias de retas ou curvas que se
interceptem sob quaisquer ângulos, conforme pode ser visualizado na figura abaixo:

Famílias de Curvas e Retas


Sistema de Eixos

Entretanto existem vantagens significativas para o


Y
caso especial de se tornar ambas as famílias de linhas
como retas, ou que se interceptem segundo direções
ortogonais (perpendiculares entre si). A esse sistema dá-se
o nome de sistema plano retangular de coordenadas.
O X

Na figura, a origem do sistema retangular é o ponto O, através do qual foram traçados os


eixos OX e OY, definindo a direção das duas famílias de linhas.

32
Sendo os eixos linhas retas e perpendicular um ao outro, segue-se que todas as linhas de
uma mesma família serão paralelas entre si e todos os pontos de interseção dentro da rede são
obtidos através de famílias de linhas retas perpendiculares.

N P
y
x
0 M X

A posição de um ponto P é definido pelas duas medidas lineares PN = x e PM = y,


tomado da origem O nos dois eixos, traçados de P como perpendiculares aos eixos X e Y.
PM é paralelo a OY e PN é paralelo a OX.
A convenção matemática estabelece o eixo horizontal OX como eixo X, definindo a
coordenada denominada abcissa e o eixo vertical OY como eixo Y, definindo as coordenada
denominada ordenada.
Em Geodésia, Cartografia ou Topografia, esta convenção pode ser modificada, podendo
para o leigo trazer alguma confusão.
A notação para designação de um ponto P, através das observações x = PN e y = PM, é
dado pelo par de coordenadas P (x,y).
As unidades que os eixos para a finalidade de medições são bastante arbitrárias:
milímetros, centímetros, metros, quilômetros, polegadas, pés, ou seja, quaisquer sistema de
unidades métricas podem servir para medições desde que sejam coerentes com o fim a que se
destina. A convenção de sinal adotada no uso da
4 1 2 1
coordenadas retangulares é um pouco diferente da
convenção trigonométrica.
3 2 3 4

ca rte s ia no Trigonomé trico


(topográ fico)

As quatro regiões resultantes da divisão do espaço pelos eixos X e Y são denominados


quadrantes e numerados no sentido horário, de 1 a 4, a partir do quadrante superior direito, no
sentido horário, enquanto os quadrantes trigonométricos são numerados em sentido antihorário.

33
Assim, o sinal convencional das coordenadas são:
o o
4 Q 1 Q
x- x+
y+ y+

0 x+
x-
y- y-
o o
3 Q 2 Q

10 quadrante + x e + y
20 quadrante + x e - y
30 quadrante - x e -y
40 quadrante - x e +y
A posição absoluta de um ponto, será sempre estabelecida através das suas
coordenadas, em relação à origem do sistema de Y

coordenadas. S
xs
xp P
ys
yp

O X

yr yq

R
xr Q
xq

A diferença de coordenadas entre dois pontos estabelece uma quantidade linear,


equivalente a projeção da medida linear entre estes dois pontos em cada eixo coordenado.
Tendo-se dois pontos genéricos A e B, definidos por suas coordenadas, 1 (x 1 , y1) e 2 (x2 ,
y2), pode-se determinar a diferença de coordenadas entre 1 e 2, genericamente, pelas grandezas
x12 = ( x2 - x1 ) e y12 = ( y2 - y1 ) e
x21 = ( x1 - x2 ) e y21 = ( y1 - y2 ),
verificando-se que o valor de cada diferença é idêntico, porém de sinal contrário, ou seja têm o
mesmo valor absoluto e sinal contrário.
x12 = -x21
Através destas igualdades, verifica-se que as coordenadas de um ponto podem ser
perfeitamente determinadas se forem conhecidas as cordenadas de um deles e adiferença de
coordenadas entre eles.
x2 = x1 + x12 y2 = y1 + y12
x1 = x2 - x21 y1 = y2 - y21
34
As relações trigonométricas que envolvem coordenadas e diferenças de coordenadas são
as seguintes:
Y
2 (x 2,y2 )

y

1 (x1,y1) x

0 X

O ângulo , definido pelas diferenças de coordenadas, é calculado pelas funções


trigonométricas
y y
tg  ou   arctg
x x
( y 2  y1 )
e ainda   arctg .
( x 2  x1 )

O ângulo  por sua vez é determinado pelas relações


x ( x 2  x1 )
  arctg
y
ou   arctg e
( y 2  y1 )
x
tg 
y

A determinação do comprimento da linha entre 1 e 2, é desenvolvida através da


formulação da distância entre dois pontos da geometria plana:

d12  12   x 2  x1    y2  y1 
2

2 1/ 2
ou d12  x 2  y 2

Por sua vez, pode-se em função do comprimento d, medido entre 1 e 2 e do ângulo


formado por esta linha e o eixo X, que estabelece o ângulo , pode-se também determinar as
diferenças de coordenadas:
x12 = (x2 - x1) = d cos 
y12 = (y2 - y1) = d sen 
Estabelecendo-se o cálculo em função do ângulo , definido pelo eixo Y e a direção da
linha considerada, as relações são as seguintes:
35
x12   x2  x1   d12 sen   d12 sen(900   )

y12   y2  y1   d12 cos   d12 cos(900   )

Para a determinação de 
x ( x 2  x1 )
tg   e
y ( y 2  y1 )

( x 2  x1 )
  arctg
( y 2  y1 )

A posição relativa é estabelecida sempre entre dois pontos, ou seja, considerando-se um


ponto 1 e um ponto 2, genéricos quaisquer, tem-se a posição relativa de 1 em relação a dois e
vice-versa. Este posicionamento relativo é definido através das diferenças de coordenadas de um
ponto em relação ao outro.

Y x Define-se um dos pontos como uma suposta


p4 x
4 p1 1
origem de um novo sistema de coordenadas, no
 p4
y  p1 y
p4
 p4  p1
p1 qual, em lugar das coordenadas absolutas de cada
y  p3
 p3
P
 p2
ponto, são consideradas as diferenças de
p3  p2 y
p2
3 x 2
coordenadas entre estes mesmos pontos.
O p3 x
p2
X

O cálculo das diferenças de coordenadas através dos ângulos  e  complica-se com a


posição relativa dos pontos em outra posição diferente de valores das diferenças de coordenadas
exclusivamente positivas (1o quadrante). Tem-se com isto que verificar continuamente a posição
dos pontos, para se determinar qual o ângulo que está sendo computado para o cálculo, sinal da
diferença de coordenadas, sinal do seno, coseno ou tangente, uma vez que os ângulos  e  são
sempre menores que 90, portanto fornecendo valores referidos ao 1o Quadrante.
Facilita-se o problema, através da adoção de um ângulo, que tem como origem o ponto
que se deseja definir a diferença de coordenadas, tomando-se como origem angular uma paralela
ao eixo Y passando por este ponto e o valor angular contado no sentido horário até a direção do
segundo ponto.
Y

2
12 21
34

3
1

36 X

4
43
Pode ser facilmente verificado que a diferença entre os dois ângulos 12 e 21 será sempre
de 180 , ou seja:

12 = 21 + 180o


Por outro lado, o cálculo das diferenças de coordenadas pode ser facilmente obtido a
partir desta direção base, fazendo-se

x12 = d12. sen12 e y12 = d12. cos12

3.2.2 Coordenadas Planas Polares

As coordenadas polares definem uma posição por meio de uma medição linear e uma
medição angular.
O par de eixos ortogonais é substituído por uma linha simples, OQ, passando pela origem
O, agora denominado origem ou polo do
Q O - polo
OQ - Eixo Polar sistema.
 OP=r - Raio Vetor
O
 - Ângulo Vetorial
r P
A posição de qualquer ponto P é definida por meio de uma medição linear da origem ou
polo ao ponto considerado e o ângulo formado entre o eixo polar OQ e a direção OP,
respectivamente por meio da distância OP = r e o ângulo QÔP = , definindo um par de
coordenadas, caracteristica de um sistema plano de posicionamento.
A linha OP é denominada raio vetor e o ângulo  ângulo vetorial, ângulo que o raio
vetor faz com o eixo polar.
Assim a posição de P é definida pelo par de coordenadas P (r, ).
O ângulo vetorial pode ser expresso em unidades sexagesimal (graus), centesimais
(grados) ou ainda, em radianos.
360 = 400g = 2 rd
A direção de medição do ângulo vetorial é convencionalmente tomado no sentido
antihorário pela matemática, a partir do eixo polar, pode porém esta convenção ser modificada,
sendo possível a sua adoção em sentido horário. É convencional.

37
Y As coordenadas polares relacionam-se com as
N P coordenadas planas retangulares, através de relações

r trigonométricas simples.
y

0 x M X

Toma-se o ponto P, de coordenadas planas retangulares (x, y). Assumindo-se agora o


sistema polar onde a origem esteja em O, o eixo polar seja o eixo cartesiano OY, r = OP e 
= YOP e as coordenadas x = PN e y = PM, pela triângulo PON tiram-se as relações:
x = r sen 
y = r cos 
Estabelece-se assim o relacionamento de transformação de coordenadas polares para planas.
O relacionamento inverso pode ser obtido de diversas formas:
tg  = x / y
r = y sec 
r = x cosec 
r2 = x 2 + y 2
sen  = x / r
cos  = y / r
Este relacionamento é bastante simples, uma vez que as origens dos dois sistema estão
coincidentes. Havendo um deslocamento entre origens, deve ser considerada a diferença de
coordenadas entre os dois sistemas.
Y Neste caso, todos os relacionamento anteriores são válidos,
P
N levano-se em consideração a diferença de coordenadas entre
 r
y
x0
as duas origens O e O’ (x0 , y0). As coordenadas de P em
x
O' y
0
relação à origem O serão:

O M X

xp = x + x0
38
yp = y + y0

3.3 - Transformação de Coordenadas Cartesianas

As relações entre coordenadas cartesianas e polares fornecem o embasamento para as


transformações entre sistemas cartesianos. São considerados dois sistemas de eixos coordenados
planos, entre os quais deseja-se definir o relacionamento de transformação de um sistema de
coordenadas (x, y), para um sistema de coordenadas (x’, y’).
Existem três transformações básicas, assim definidas:
- translação de eixos ou mudança de origem;
- alteração de escala de um sistema para outro e
- rotação de eixos segundo uma origem comum.

3.3.1 - Translação de eixos


Esta transformação introduz uma falsa origem na malha. É
Y' Y necessário que os eixos dos dois sistemas sejam paralelos entre
x' x A sí.
y
x''
O y'
X
y''

O'
X'
Considerando-se o ponto A ( x , y ) no sistema inicial de origem O, para se determinar as
coordenadas no sistema O’, onde ocorre um deslocamento entre as duas origem de x’’ e y’’
respectivamente, as novas coordenadas para o ponto serão:
x’ = x  x’’ e
y’ = y  y’’
O sinal de x’’ e y’’ dependem da direção do deslocamemnto aplicado aos sistemas

3.3.2 - Mudança de Escala de um Sistema a Outro

Considerando-se dois ponto A e B distinto, comuns aos dois sistemas de coordenadas,


considere-se os segmentos que os une: AB no primeiro sistema e ab no segundo.

39
Se o comprimentoAB é diferente de ab, um fator de escala deve ser aplicado para
converter as coordenadas do primeiro para o segundo sistema, de tal forma que:

ab
m , seguindo-se que
AB

x’ = m . x
y’ = m . y

3.3.3 - Rotação dos Eixos em Relação à Origem

x'
x P

r
 y
y'
O X

X'

Y' Y
Assumindo-se que os dois sistemas tem uma origem comum O, rotaciona-se os eixos do
sistema X’Y’, em sentido horário do ângulo .
São conhecidas as coordenadas do ponto P ( x , y ) e o ângulo de rotação .
Do sistema XY tira-se:
x = r sen e y = r cos
 = AÔY

O ângulo AÔY’ =  - , logo


x’ = rsen ( -  ) e y’ = rcos ( -  ). Desenvolvendo pelo seno e coseno da diferença de
dois ângulos
sen ( -  ) = sen cos - cos sen
cos ( -  ) = cos cos + sen sen , logo

x’= rsen cos - rcos sen


40
y’= rcos cos - rsen sen . Substituindo

x’= xcos - ysen


y’= ycos + xsen

Se a rotação for efetuada em sentido antihorário, determina-se de forma semelhante as


relações de transformação:

x’= xcos + ysen


y’= ycos - xsen

3.3.4 - Transformação Conjunta


Considerando-se agora uma transformação que envolva as três condições precedentes,
rotação, escala e translação, assumindo-se uma rotação antihorária, as relações de transformação
são as seguintes:
x’= m.x.cos  + m. y. sen  + x”
y’= m.y.cos  - m. x. sen  + y”
Fazendo m.sen  = a e m.cos  = b, as fórmulas reduzem-se a
x’ = x”  ax + by
y’ = y”  bx - ay

3.4 - Transformação Isogonal e Afim


De uma forma genérica é possível fazer-se a transformação de coordenadas entre
diferentes sistemas, conhecendo-se as coordenadas de controle, ou seja algumas coordenadas que
são conhecidas nos dois sistemas, determinando-se os parâmetros de rotação, translação e escala,
que permitirão transformar todas as demais coordenadas.
A transformação definida acima, pode ser reescrita para a forma
x’ = ax + by + c
y’ = bx + ay + d
Esta transformação é denominada de transformação isogonal, possuindo quatro
parâmetros envolvendo escala, rotação e translação. Esta transformação pressupõeos eixos
perpendiculares entre sí.

41
Um mínimo de dois pontos de coordenadas conhecidas resolve um sistema de equações
possível e determinado da forma
x’1 = ax1 + by1 + c
y’1 = bx1 + ay1 + d
x’2 = ax2 + by2 + c
y’2 = ax2 + by2 + d
Em uma transformação afim, o processo é semelhante, supondo-se agora que não existe
ortogonalidade entre os eixos coordenados, aumentando o número de paâmetros de 4 para 6. A
estrutura de transformação será definida pelas equações:

x’ = ax + by + c
y’ = dx + ey + f
São necessários agora as coordenadas de três pontos para a determinação do sistema.
Em ambos os casos, normalmente utilizam-se mais coordenadas, criando-se um sistema
indeterminado, que só poderá ser resolvido por intermédio de um método de ajustamento
estatístico, tal como o método dos mínimos quadrados.

3.5 - Sistemas de Referência Tridimensionais


Os sistemas tridimensionais são sistemas espaciais, portanto necessitam de três
coordenadas para o posicionamento de um ponto no espaço. Alguns sistemas são extensões dos
sistemas planos e outros são trabalhados de forma a definerem um sistema de representação mais
específico para determinada aplicação.

3.5.1 - Sistema Cartesiano e PolarTridimensional


A extensão de um sistema cartesiano plano retangular para um espaço tridimensional é
simples e de fácil compreensão.
Um espaço tridimensional possui evidentemente 3 dimensões físicas: x, y, caracterizando
um plano e a 3a coordenada z, constituída por uma família de planos.
A definição agora, não mais refere-se a família de linhas ortogonais dois a dois. O
sistema de eixos coordenados, será caracterizado pela interseção destes planos: OXZ, OYZ e
OYX.

42
Z Qualquer ponto no espaço será definido pela
interseção dos planos paralelos nos planos origem

P
considerados.

r z


O
X
 r1 y

Assim um ponto será determinado por um terno coordenado P (x, y, z).


Considerações semelhantes podem ser deduzidas para um sistema polar no espaço, que
através de uma distância ao ponto pela origem (r) e dois ângulos vetoriais, tem a sua posição
determinada: P ( r, ,  ).

3.5.2 Sistemas de Coordenadas na Esfera e no Elipsóide


Esfera e elipsóide (ou esferóide) são corpos sólidos e em conseqüência, um sistema de
posicionamento de pontos sobre ou sob a sua superfície, é necessariamente tridimensional,
sendo portanto exigidas três coordenadas para a sua materialização.
A idéia de latitude, longitude, paralelos ou meridianos, muitas vezes já é conhecida,
porém sem os fundamentos que levaram à sua caracterização.
É desejável portanto alguns comentários um pouco mais profundos sobre a geometria da
Terra, quando é assumida como uma esfera perfeita, para introduzir uma notação padronizada
para esta hipótese e mostrar algumas diferenças básicas para o esferóide.
Inicialmente deve ser entendido o que é precisamente representado por planos, arcos e
ângulos em um e em outro.
Sabe-se que:
- uma esfera é um corpo sólido cuja superfície é eqüidistante do centro;
- toda esfera tem raio constante;
- a normal a um plano tangente à superfície no ponto de tangência é um raio da esfera;
- a distância entre dois pontos na superfície pode ser medida como distância angular ou
distância arco.
Estas são as propriedades principais da esfera e que serão essenciais para o
prosseguimento das definições seguintes.
- Se um plano intercepta uma esfera, a seção resultante da superfície curva que é traçado
no plano é um círculo.

43
- Um círculo máximo ou grande círculo é o círculo
de uma seção que passa pelo centro da esfera. Em outras
palavras, o círculo PP’CD e ABCD são círculos máximos.
Todos com centros em O, centro da esfera.

Um e somente um círculo máximo pode ser traçado entre dois pontos na superfície da
esfera, que não sejam diametralmente opostos.
O menor arco de um círculo máximo passante por dois pontos, é a menor distância entre
estes pontos na superfície esférica.
- Se o plano de interseção com a esfera não passa pelo centro da esfera, determina
também uma seção circular, porém de raio menor que o raio da esfera. Esses círculos são
denominados de pequenos círculos.
Na figura, o círculo EFGH é um pequeno círculo, de centro O’.
- O eixo de qualquer círculo é uma linha reta passando pelo centro da esfera,
perpendicularmente ao plano do círculo.
Na figura a linha POP’ é o eixo do círculo máximo ABCD. Pela definição de que apenas
um círculo máximo pode ser traçado por 2 pontos que não sejam diametralmente opostos, o eixo
de dois ou mais círculos máximos não coincidem.
Por outro lado um círculo máximo e um número infinito de pequenos círculos podem ter
o mesmo eixo.
Neste caso especial, pela definição de eixo, o círculo máximo e os pequenos círculos
serão paralelos entre si. Além disso, se os planos são paralelos, as circunferências dos círculos
também são paralelas.
Os polos de qualquer círculo são os pontos de interseção do eixo do círculo com a
superfície da esfera.
Na figura P e P’ são os polos do círculo máximo ABCD.
Pela definição que uma esfera tem raio constante e que a seção de um grande círculo
passa pelo centro da esfera, os polos de um círculo máximo são eqüidistantes do seu plano: PO
= P’O. Para um pequeno círculo, pode-se notar claramente a desigualdade entre P’O’ e PO’.

44
- Se um círculo máximo é denominado círculo máximo primário, qualquer círculo
máximo que passe por seus pólos será denominado círculo máximo secundário.
Como os polos são diametralmente opostos, pode-se definir infinitos círculos
secundários. Na figura os círculos máximos PFAP’CH e PGBP’DE, são secundários ao círculo
máximo ABCD.
Como o eixo do círculo primário coincide com o plano de cada círculo secundário, pode
se verificar que o plano, e portanto, a circunferência de cada círculo secundário, é perpendicular
ao plano e circunferência do círculo máximo primário.
Além disso quaisquer pequenos círculos que tenham um eixo comum a um círculo
máximo primário, terão também planos e circunferências perpendiculares aos círculos
secundários desse círculo máximo.

a) - Coordenadas Geográficas

A Terra possui um movimento de rotação, em torno de seu eixo. Este eixo intercepta a
superfície em dois pontos, os polos Sul e Norte.O círculo máximo primário, perpendicular ao
eixo é denominado equador, e os polos Sul e Norte geográficos.
Não é dado nenhum nome específicos aos círculos máximos secundários, mas a palavra
meridiano define cada semicírculo de um par, que juntos formam um círculo secundário. A cada
meridiano, opõe-se o seu antimeridiano, ou seja o meridiano diametralmente oposto. O círculo
secundário completo, compreende o meridiano e o seu antimeridiano.
Pelo conceito do uso de ângulos centrais (a partir do centro de uma esfera), para medir
distâncias sobre a superfície curva, pode-se inferir um sistema de coordenadas tridimensionais
polares como um método de locação de pontos sobre a superfície da esfera tendo o seu centro
como origem.
Como uma extensão do conceito de coordenadas polares visto anteriormente, um ponto
pode ser localizado no espaço através de dois ângulos vetoriais e um raio vetor. Isto define um
sistema polar esférico ou coordenadas esféricas polares.

45
Na esfera o raio vetor é constante, logo, qualquer ponto na superfície poderá ser então
localizado pela definição apenas, dos dois ângulos
vetoriais. São escolhidos para isto dois planos
ortogonais que se interceptam no centro da esferas,
considerados então como origem.

Um plano já foi definido e é o plano do Equador. O Equador é utilizado como origem


para as medições do ângulo vetorial conhecido como latitude. O outro plano é um plano
arbitrário, definido pelo meridiano que passa pelo centro ótico da luneta do Observatório de
Greenwich, utilizado para as medições do ângulo vetorial denominado de longitude.
Formalmente define-se a latitude de um lugar como o ângulo vetorial entre o Equador e
o lugar, medido sobre o meridiano que o contem, ângulo AÔQ. É positiva se for medida do
Equador para o norte e negativa se medida em direção ao polo Sul. A latitude é expressa em

unidades sexagesimais, ou seja, graus, minutos e segundos. É notada pela letra grega  (fi).
Para qualquer valor de latitude , existirão uma infinidade de pontos na superfície
terrestre, que fazem este mesmo ângulo com o Equador. O lugar geométrico desses pontos é a
circunferência de círculo, cujo plano é paralelo ao Equador.
Assim essa circunferência é chamada de paralelo de latitude ou simplesmente paralelo.
Assim os planos de todos os paralelos são paralelos ao Equador e compartilham o mesmo eixo.
Segue-se que qualquer paralelo será um pequeno círculo, porque o Equador é um círculo
máximo.
A longitude é o ângulo vetorial definido pelo plano do meridiano origem e o plano do
meridiano passante pelo lugar, medido sobre qualquer paralelo ao Equador,uma vez que este
ângulo é esférico. A escolha de um meridiano origem é arbitrária. Porém é mundialmente aceita
a definição do meridiano que passa pelo eixo da luneta do Observatório de Greenwich, na
Inglaterra, como meridiano origem para as medições de longitude. Existem, no entanto, países
que ainda adotam outros meridianos como origem de suas coordenadas, exceto para navegação,
devido a ser padronizado internacionalmente.

46
Será positiva se estiver a este de Greenwich e negativa se estiver a oeste. É notada pela
letra grega  (lâmbda), sendo também medida em unidades sexagesimais.

Meridiano Origem

 
 

 Equador

 

A definição de coordenadas de um ponto sobre a superfÍcie terrestre será dada então pela
dupla (  , ).
A diferença de coordenadas entre dois pontos 1 e 2, genéricos quaisquer, pode ser
expressa pelas relações:

 = 2 - 1
 = 2 - 1

A malha resultante de paralelos e meridianos definem o sistema de coordenadas


geográficas conhecidas como gratícula, seja com referência a superfície terrestre, seja em
relação à sua representação em um plano através de uma projeção cartográfica. Uma interseção
de gratícula define um ponto na superfície de coordenadas geográficas (, ). Esta convenção é
internacionalmente aceita.
As coordenadas geográficas constituem a forma mais eficiente de prover uma referência
de posicionamento unívoco em Geografia, navegação e outras ciências afins.
A rede de paralelos e meridianos (gratícula) efetua o controle geométrico para o uso de
um mapa, reconhecida universalmente a diferentes níveis de utilização.
Existem outros sistemas, porém de uso mais restrito, podendo-se citar o sistema de
coordenadas de azimute e distância e o próprio sistema cartesiano tridimensional.
Estes sistemas porém são interrelacionados e podem ser transformados de um para outro,
bastando que para isso se conheça parâmetros de translação, rotação e escala entre elas, como já
visto nas transformações isogonal e afim.

47
b) - Ângulos e Distâncias na Terra

Um ângulo esférico é a medida angular no ponto de interseção, de dois arcos de círculo


máximo medidos na superfície curva da esfera. Ele é igual ao ângulo plano formado entre as
duas tangentes traçadas no ponto de interseção, a cada círculo máximo.
Considerando-se os círculos máximos PA e PB, o ângulo DPA é igual ao ângulo plano
KPJ.
Por essa figura, pode-se verificar que a longitude  pode ser medida em qualquer ponto
do eixo de rotação, uma vez que este ângulo pode ser medido em um plano paralelo ao Equador.
Na figura, o ângulo plano KPJ e o ângulo esférico
APD.

Um segundo conceito angular importante é o conceito de azimute e suas extensões,


rumo, etc, entre dois pontos, introduzindo a noção de direção sobre a superfície terrestre.
Considerando-se 3 pontos N, A e B conforme a figura.
N é o Pólo Norte e NA é um arco de círculo máximo, representando o meridiano A,
similarmente com B e NB.

48
A linha AB representa a menor distância entre A e B, portanto um arco de círculo
máximo. Define-se um triângulo esférico, formado pela interseção dos 3 círculos máximos.
O azimute de um ponto a outro, é genericamente definido como “o ângulo formado entre
a direção norte e a direção ao outro ponto, contado no sentido horário. Em termos da superfície
terrestre, pode ser visto como o ângulo esférico formado entre qualquer círculo máximo e um
meridiano, tendo como origem a orientação para o Norte”. Contado no sentido horário NAB
representa o azimute de A para B e NBA o azimute de B para A.
A definição de rumo é um pouco diferente: “ângulo horizontal em um ponto, medido no
sentido horário de um ponto de referência específico para um terceiro ponto”.
O rumo pode ter como origem quaisquer uma das direções N, S, L ou O, passante pelo
ponto. Desta forma, um rumo nunca será superior a 900.

b.1) - O Comprimento de um Arco de Meridiano


O comprimento de um arco de círculo é dado pela formulação: Arc de comp AB = R. z,
onde R é o raio do círculo e z o ângulo AOB, expresso em radianos.

(180 =  rd) 360 = 2  rd


Desta equação, introduzindo as notações correspondentes, o comprimento de um arco de
meridianos, a contar do Equador para um ponto A, de latitude a, será: S = R a.

49
O arco entre dois pontos A = (a, a) e F (f, a), que estejam sobre um mesmo
meridiano.
S = R, onde  = (f - a)
Todos os ângulos expressos em radianos.

b.2) - Comprimento de um Arco de Paralelo

Sabe-se que um paralelo é um pequeno círculo, assim r  R ( o raio do círculo definido


pelo paralelo é menor que o raio da esfera). Assim, para uma distância angular dada, a distância
arco no paralelo é menor que a distância correspondente ao longo do Equador.
Na figura, NFA corresponde ao meridiano de, de longitude a e NGB é o meridiano de
B, de longitude b, portanto o ângulo AOB = FO’G = = b -a.
Da formulação de arco de um círculo: AB = R  e
r
O'

R 90 - 

FG = r 

Do triângulo O’FO, retângulo em O’


Tira-se:
r = R sen (90 - ) ou
r = R cos 

Consequentemente a distância arco ao longo de um paralelo de latitude  é determinado


por:
Sp = R cos 

b.3) - Comprimento de um Arco Qualquer de Círculo Máximo

50
Considerando-se dois pontos A e B, com as coordenadas (a, a) e (b, b)
respectivamente deve-se resolver o triângulo NAB (esférico) para determinar o lado AB = z.
Expressando a formulação, sem dedução, em função da latitude e longitude de A e B,
define-se::
cos z = sen a sen b + cos a cos b cos( ) ou
cos z = sen a sen b + cos a cos b cos (a - b)

E finalmente:
S=Rz

b.4) - Determinação do Azimute

O azimute entre dois pontos A e B qualquer, pode ser definido através da trigonometria
esférica NAB = Z.
A dedução de equação conduz à formulação

cot Z = cos a .Tg b .cosec  - sen a cot 

b.5) - Convergência de Meridianos

O azimute de A para B e B para A não são recíprocos, ou seja,    + 180.


Diferem de uma quantidade  mostrado na figura.

 

'

B
A
Isto leva a uma conclusão importante que um azimute de qualquer círculo máximo que
cruza um meridiano obliquamente, somente pode ser definido no ponto que estiver sendo

51
medido, significando que o azimute muda continuamente, a razão para isto é existência da
quantidade angular denominada convergência meridiana.
No Equador o arco entre 2 meridianos é: Sa = R .
Nos pólos a distância correspondente é nula.
No Equador, os meridianos a e b são perpendiculares a ele, interceptando-se nos polos
para definir a diferença de longitude .
A convergência entre dois meridianos em qualquer latitude intermediária, é expressa pelo
ângulo  , variando de 0 no Equador até  nos pólos.
Pode ser presumida que varie então de acordo com o seno da latitude ( 0 a 1 ), logo:
 =  . sen 
Para uma linha AB qualquer entre os paralelos a e b, é usual expressar a convergência
em termos de uma latitude média:
(  )
   sen a b

c) - Sistema de Coordenadas no Elipsóide

A utilização da figura do elipsóide de revolução como representativo da forma da Terra,


tem por objetivo a maior aproximação entre o geóide e o elipsóide, acarretando com isso erros
menores no desenvolvimento de cálculos geodésicos.
Isto acarreta a necessidade de um estudo profundo da geometria do elipsóide e sua
adaptação à superfície terrestre.
Não será desenvolvido isto aqui, tendo em vista que foge aos objetivos do curso, uma vez
que cálculos que requeiram a utilização do elipsóide não serão necessários para o dia a dia do
geógrafo.
Deve-se, no entanto, observar que nos mapeamentos efetuados em escala média (de
1: 1.000.000, até alguns de 1: 2.000) são sempre efetuados com a utilização desta figura
matemática como base.
Os conceitos de latitude e longitude continuam como expressão do sistema de
posicionamento sobre a superfície terrestre.

N
P

 

52
S
O conceito de longitude é idêntico. O de latitude porém tem uma pequena modificação.
Existirão duas latitudes: a geocêntrica, tomada em relação ao centro do elipsóide e a
geodésica, tomada em relação à normal ao plano tangente e o plano do Equador. Para a definição
do sistema de posicionamento, utiliza-se a latitude geodésica como ângulo vetorial.

3.6 Tempo e Fusos Horários

A medida do tempo no passado, quando mesmo os pequenos deslocamentos apresentavam-se


com a duração de vários dias, apenas os astrônomos podiam compreender que o tempo solar, no
mesmo momento, era variável, em diferentes lugares.

De fato, se em um determinado local o Sol encontra-se próximo à


posição do meio dia, a oeste dessa posição, o Sol ainda não alcançou esta
posição, enquanto que a leste, ela já foi ultrapassada.

Se dois lugares estiverem alinhados ao longo de um mesmo meridiano, terão a mesma hora solar, pois
estarão vendo o Sol sob o mesmo ângulo horário com a posição do meio dia.

Figura xx.x

A figura xx.x mostra um exemplo das situações apresentadas. A Terra (E), observada pelo polo norte, é
iluminada pelo Sol (S). Os raios solares atingem a superfície terrestre paralelamente, devido à distância
Terra-Sol. A seta curva mostra a direção contrária da rotação terrestre, uma vez que se está
considerando a Terra fixa. O Sol está alinhado com a direção do meridiano (MN) e o ponto M indica a
passagem do Sol pelo meridiano (meio dia). Em E, a este são 3 horas, havendo um ângulo horário de +
3 horas, definido pelas direções MN e NA, direção do meridiano local. Similarmente, existirá um ângulo
horário de – 3 horas, em relação ao meridiano BN, em W. No ponto L também serão meio dia, pois está
situado sobre o mesmo meridiano MN.

3.6.1 Medidas de Tempo

O tempo e sua medida é algo que é amplamente conhecido e vivido por cada ser humano. Porém o que
é tempo? Qual o seu significado real? Como é medido e sentido sobre a superfície terrestre?

O dicionário Webster define tempo como: “O período medido ou mensurável, durante o qual uma ação,
processo ou condição exista ou continue a existir”.
53
Também é definida a duração desse período, como “o continuum não espacial, que é medido em termos
de eventos que se sucedem um ao outro, do passado, através do presente, para o futuro.

O conceito antigo de tempo definia o dia como a unidade básica, estabelecida como o período de luz
solar, seguido pela noite, consistindo de dois períodos de 12 horas, num total de 24 horas. Uma hora é
dividida em 60 minutos, que por sua vez subdivide-se em 60 segundos, estabelecendo assim um
sistema sexagesimal. Os segundos por sua vez são subdivididos no sistema decimal, em décimos,
centésimos, milésimos de segundo.

Modernamente o tempo é definido tendo por base o segundo. Um dia possui 86400 segundos e um
segundo é oficialmente definido como 9 192 631 770 oscilações do átomo do Césio-133 em um relógio
atômico.

Existem ainda outros sistemas de tempo, principalmente voltados para aplicações astronômicas e
satélites (GPS), como por exemplo:

- Tempo dinâmico, que considera o tempo definido pelo movimento orbital da Terra no Sistema Solar

- Tempo Universal (UT), baseado na rotação terrestre em relação às estrelas (Tempo sideral).
Sideral Time : Tempo Sideral – A medida de tempo definida pelo movimento diurno aparente do
ponto vernal; portanto, uma medida da rotação da Terra com respeito a malha de referência
relacionada com as estrelas ao invés do sol. São usados dois tipos de tempo sideral em
astronomia: tempo sideral médio e tempo sideral aparente. Um dia sideral é igual a cerca de 23
horas, 56 minutos, e 4,090 segundos do dia solar médio. Da mesma forma, 366,2422 dias
médios siderais são iguais a 365,2422 dias solar médio.

- Tempo Atômico Internacional (IAT), Uma escala de tempo atômico baseada em dados
provenientes de um conjunto mundial de relógios atômicos. Constitui por acordo
internacionalmente aceito a referência de tempo em conformidade com a definição do
segundo, a unidade fundamental de tempo atômico no Sistema Internacional de Unidades
(SI). É definido como a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente a
transição entre dois níveis hiperfinos dos átomos de césio 133 em seu estado básico.
O TAI é mantido pelo Bureau International des Poids et Mesures (BIPM) na França. Embora o
TAI
tenha sido oficialmente introduzido em Janeiro de 1972, ele está disponível desde Julho de 1955..
- Tempo Terrestre (TT) –A nova denominação do Tempo das Efemérides, definida pela União
Astronômica Internacional em 1991. Em Janeiro 01, 1997, TT = TAI + 32,184 segundos, e a
duração do segundo foi escolhida em concordância com o Sistema Internacional (SI) sobre o
geóide. A escala TT difere do antigo Tempo das Efemérides em sua definição conceitual.
Todavia, na prática é materializado pelo Tempo Atômico Internacional (TAI).

- Greenwich Mean Time (GMT) : Hora Média de Greenwich - Um sistema de 24 Horas baseado
na hora Solar média mais 12 horas em Greenwich, Inglaterra. A Hora Média de Greenwich pode

54
ser considerada aproximadamente equivalente ao Tempo Universal Coordenado (UTC), o qual é
disseminado por todas rádio emissoras de tempo e freqüência. Entretanto, GMT é um termo
obsoleto e foi substituído por UTC.

- Tempo civil (Tc): é o tempo solar médio acrescido de 12 horas, isto é, usa como origem do dia
o instante em que o sol médio passa pelo meridiano inferior do lugar. A razão da instituição do
tempo civil é não mudar a data durante as horas de maior atividade da humanidade nos ramos
financeiros, comerciais e industriais, o que acarretaria inúmeros problemas de ordem prática.

- Hora legal: é o tempo determinado pela posição do meridiano do lugar

- Tempo universal (TU): é o tempo civil de Greenwich. Note que os tempos acima são locais,
dependendo do ângulo horário do Sol, verdadeiro ou médio. Se medirmos diretamente o tempo
solar, este vai provavelmente ser diferente daquele que o relógio marca, pois não se usa o tempo
local na vida diária, mas o tempo do fuso horário mais próximo.

Por acordos internacionais, a grande maioria das informações de tempo são relacionadas ao Tempo
Universal Coordenado (UTC), antiga denominação do Tempo Médio de Greenwich (GMT), que por sua
vez é uma aproximação do Tempo Universal (UT).

3.6.2 Fusos Horários

Considerando o movimento de rotação terrestre, é impossível o Sol estar cruzando o meridiano de dois
lugares exatamente ao meio dia, exceto se esses lugares estiverem sobre o mesmo meridiano. Como a
Terra gira 360 em 24h , é fácil verificar que à cada hora ela gira em 15. Surge assim o conceito de
divisão da Terra em fusos horários, com a amplitude desses mesmos 15, estabelecendo-se assim 24
fusos de uma hora cada.

Todos os fusos foram definidos a partir do meridiano de Greenwich, por acordo internacional
estabelecido em 1884, por ser o mesmo meridiano já considerado origem para alguns dos sistemas de
posicionamento terrestre, passando pelo cruzamento dos fios da luneta do antigo Observatório Real.
Este meridiano é definido como o meridiano central do fuso, dessa forma cada fuso tem a longitude do
meridiano central divisível por 15. A hora em cada fuso é assumida pela hora do meridiano central.

MY X W V U T S R Q P O N Z A B C D E F G H I

55
Meridiano
Figura xx.xde– Greenwich
Fusos Horários – O Mundo em fusos de 15
Linha Internacional de Mudança de Data
A linha Internacional de Mudança de Data é uma linha imaginária posicionada próximo ao meridiano
180 , cortando o Oceano Pacífico. O cruzamento desta linha, para oeste faz com que a data do
calendário seja adiantada de um dia. Se cruzada em sentido contrário (para este), a data observada será
um dia atrasada em relação ao oeste da linha.

Esta divisão, bem caracterizada, define a hora civil em cada ponto da superfície terrestre. O fuso de
Greenwich recebe a denominação de Z ou ZULU, sendo a hora em Greenwich chamada de hora Zulu.
Aos demais fusos são também atribuídas letras. O fuso que abrange a Linha Internacional de Mudança
de Data possui duas designações: a oeste M e a este Y, correspondendo à data adiantada e atrasada
respectivamente.

Para acomodar divisões políticas a maior parte dos países têm modificado os fusos, criando contornos
que melhor enquadram as suas necessidades, conforme pode ser visto na figura xx.x.

56
Figura xx.x – Fusos Horários adaptados

Fusos no Brasil: o Brasil abrange quatro fusos:


-2h: arquipélago de Fernando de Noronha
-3h: estados do litoral, Minas, Goiás, Tocantins, parte oriental do Pará
-4h: parte ocidental do Pará, parte oriental do Amazonas, Mato Grosso do Norte e Mato
Grosso do Sul.
-5h: parte ocidental do Amazonas e Acre.

A figura yy.y mostra como os fusos horários estão distribuídos:

57
Figura
yy.yy –
Fusos
Horários
no Brasil

Em função das divisões apresentadas, algumas definições sobre tempo podem ser agora
firmadas.
- Hora legal: é a hora civil do fuso para a área geográfica considerada
- Hora oficial: normalmente considerada em cada país, como a hora legal da sua Capital.
- Hora Universal local: hora determinada pelo meridiano passante pelo lugar em relação à
Greenwich.

3.6.3 Determinação da Hora


Como pode-se determinar a hora em cada local da superfície terrestre. Inicialmente, pelas
explicações dadas, este problema está intimamente ligado à determinação da longitude do lugar,
uma vez que, pelo seu conhecimento será possível estabelecer a diferença em relação à
Greenwich.

Hora Civil
De posse de um mapa de fusos horários, verificar qual a diferença horária (UT  f, onde f é o
fuso do lugar) em relação à Greenwich. Observar que este tipo de mapa, conforme pode ser visto
na figura xx.x, todas os horários estão reduzidos ao fuso origem. Assim serão também obtidos
horários relacionados à este fuso. Sabendo-se a hora de Greenwich, basta somar ou subtrair os
valores.
58
Para a determinação de um horário em relação à outro ponto terrestre, deve-se reduzir um dos
pontos como origem estabelecendo-se o diferencial em relação aos dois pontos.

Exemplos:
1 – Qual a hora em Nova York, sabendo-se que são 14:00 em Greenwich
Pelo mapa, NY está no fuso Q, correspondendo a UT – 4, ou seja, quatro horas a menos que em
Greenwich, logo

HNY = HG (UT) –4 = 14:00 – 4 = 10:00

2 – Tendo-se 18:00 em Rio Branco, Acre, qual a hora em Greenwich


Fuso do Acre = UT –5
HAC = UT –5 18:00 = UT –5  UT = 18:00 + 5 = 23:00

Deve-se ficar atento para o problema de mudança de data. Por exemplo se fossem 22:00 horas
em Rio Branco, a hora de Greenwich seriam 22: 00+ 5 = 27:00, porém já extrapolado para 24:00,
a hora correta é 03:00 do dia seguinte ao dia em Rio Branco.

3 – Determinar a hora em Moscou, quando forem 11:00 no Rio de Janeiro


Fuso do Rio de Janeiro UT –3
Fuso de Moscou UT + 3, logo

HRJ = UT –3 e HM = UT + 3
Considerando então que UT =
HM = (HRJ + 3) + 3, portanto HM = HRJ + 6, assim a hora em Moscou será 17:00, do mesmo dia.

4 – Considerando-se serem 21:00 horas em São Paulo, determinar a hora em Tóquio.


Fuso de São Paulo UT –3 (P)
Fuso de Tóquio UT + 9, logo pelas mesmas considerações do exercício anterior
HT = (HSP + 3) + 9, assim
HM = (21:00 + 3) + 9 = 33:00, ultrapassando as 24:00, que subtraídas fornecem o valor de 9:00.
Verificando-se então que houve transposição da linha de mudança de data, caracterizando a data
do dia D+1 em relação ao dia em São Paulo.

Hora Legal
A hora legal sempre será determinada pela diferença de longitude entre os dois lugares
considerados. Dividindo-se a diferença de longitude pelo valor unitário de 1 h (15), obtem-se a
diferença horária entre os dois meridianos. Este valor obtido deve ser somado ou subtraído,
conforme a posição do ponto desejado estar à este ou oeste do ponto origem.

O cálculo é semelhante a determinação da diferença de longitude netre dois pontos


12 = 2 - 1 , h12 = (12)/ 15
h12 = h2 - h1
h2 = h12 + h1 determinando-se então a hora civil no local desejado.

Exemplos
1 – Determinar a hora na cidade de Estocolmo, de longitude igual a 18 17 22, sabendo-se que
são 17h 22m na cidade de Salvador, Brasil, cuja logitude é igual a -38 18 42.

SE = E - S SE = 18 17 22 -(-38 18 42) = 56 36 04
59
SE = 56,6011111 (graus decimais)

Determinação da diferença horária


h12 = (12)/ 15 = 56,6011111/ 15 = 3,773407407 (hora decimal) = 3h 46m 24s
Como Estocolmo está a leste de Salvador, esta diferença será positiva, logo a hora em Estocolmo
será dada por
HE = 17h 22m + 3h 46m 24s = 21h 08m 24s
Evidentemente esta hora não será a hora legal em Estocolmo, pois Salvador está no fuso P, UT –
3 e Estocolmo está no fuso A UT + 1, sendo portanto a diferença de fuso, dada por H S + 4, logo a
hora legal em Estocolmo será
HlE = 17h 22m + 4 = 21h 22m.

3.6.4 Horário de Verão


O horário de verão é adotado por um grande número de países, como medida de economia de
eletricidade, durante parte da primavera e verão, onde os dias são maiores que as noites. A idéia
é ajustar as horas de claridade o mais próximo possível das horas de atividade humana, havendo
com isso uma razoável economia. Normalmente é definida por decretos, com datas de início e
término variáveis, adiantando-se os relógios em uma hora, quando começa e atrasando-se ao seu
final.

Para o Brasil, normalmente o hrário de verão é decretado no início de outubro, com término
previsto em meados de fevereiro.

4 - ESCALA E ESCALAS

4.1- Conceito de escala


O conceito de escala em termos cartográficos é essencial para qualquer tipo de
representação espacial, uma vez que qualquer visualização gráfica é elaborada segundo uma
redução do mundo real. Genericamente pode ser definido de uma forma bem simples:
Escala é a relação entre a dimensão representada do objeto e a sua dimensão real. É
portanto uma razão entre as unidades da representação e do seu tamanho real.
Em termos lineares, planares ou volumétricos, dispõe-se então das relações
adimensionais de escala linear, de área e de volume:
EL = d/D Ep = a/A Ev = v/V
Sendo d = medida linear da representação; D medida linear real
a = medida de área (planar) da representação; A medida planar real.
v = medida de volume da representação; medida de volume real.
A razão é adimensional, por relacionar quantidades físicas idênticas, acarretando a
ausência de dimensão.

60
O inverso da relação de escala D/d , A/a e V/v , denomina-se número da escala ( N ),
podendo então a representação numérica da escala ser estabelecida pela relação
E = 1/N ou 1: N ou 1/N ( NL , Na , Nv )
Quando a dimensão do objeto representado é menor que o objeto real, tem-se uma escala
de redução. O contrário estabelece uma escala de ampliação.
E = 1/20000 - redução (uma unidade linear equivale a 20 000 unidades lineares no
terreno)
E = 20/1 - ampliação (20 unidades lineares na carta equivalem a uma unidade
linear no terreno)

4.2 Formas de Expressão de Escala

Uma escala pode ser expressa das seguintes formas:


- fração representativa ou numérica;
- em palavras e
- gráfica ou escala de barras.
A expressão numérica de escala é dada pelo relacionamento direto entre medidas
lineares,planares ou volumétricos na representação (mapa) e no superfície terrestre (da definição
de escala)
El = d / D Ea = a/A Ev = v/V
A apresentação da razão no entanto é feita normalmente mostrando o numerador unitário
e o denominador expressando um valor:
d /d
E=1/N =
D/d

A este valor N denomina-se número da escala e a E dá-se o nome de fração


representativa ou fator de escala, e tanto pode ser dada pela fração como pela razão
representativa: 1/100.000 ou 1:100.000, dizendo-se por exemplo, “um para cem mil”, neste caso.
Formalmente esta razão expressa que uma unidade no mapa, equivale ao número de
escala de unidades no terreno, ou seja
1 mm na carta = 100.000 mm no terreno
1 cm na carta = 100.000 cm no terreno
1 dm2 na carta = 100.000 dm2 no terreno

61
1 m3 na carta = 100.000 m3 no terreno

Esta forma de expressar uma escala estabelece a segunda maneira de mostrar a relação, a
forma escrita. Normalmente esta expressão é dada em termos de uma unidade coerente para as
observações no mapa (mm ou cm em termos lineares, cm 2 , cm3 ), para unidades também
coerentes em termos de terreno (quilômetros, quilometros quadrados ou cúbicos).
1:100.000 - 1 cm = 10 km = 10.000 m
1 mm = 1 km = 1.000 m
1:25.000 - 1 cm = 0,25 km
4 cm = 1 km
Área - 1/ 250 000 - 1 cm2 = 25 m2
Volume - 1/ 1 000 000 000 = 1cm3 = 1000 m3
A conversão de uma forma é simples, bastando efetuar uma transformação de unidades.
Deve-se estar atento para mapas ou cartas antigas, principalmente oriundos de países que
adotavam o sistema inglês. Por exemplo a expressão de
1 m = 1 milha, fornece um fator de 1 / 63360.
1 / 2 = 1 milha = 1 / 253440
4 = 1 milha = 1 / 15840
Recordando: 1 = 2,54 cm
1 mi n = 1852 m
1 ft = 30, 48 cm
1 yd = 1, 093613 m
A tabela abaixo mostra as escalas mais comuns e equivalências:

Escala 1 cm 1 km 1 in (pol) 1 mi
1:2.000 20 m 50 cm
1:5.000 50 m 20 cm
1:10.000 0,1 km (100 m) 10 cm
1:20.000 0,2 km 5 cm
1:25 000 0,25 km 4 cm
1:31.680 0,317 km 3,16 cm 0,5 m 2
1:50.000 0,5 km 2,0 cm
1:63 360 0,634 km 1,58 cm 1,0 1
1:100.000 1.0 km 1 cm
1:250.000 2,5 km 4 mm
1:500.000 5,0 km 2 mm
1:1.000.000 10 km 1 mm

62
Pode-se verificar que quanto maior o número da escala, menor será a escala, e
inversamente; quanto menor o número da escala, maior a escala. Uma escala maior acarreta
portanto um maior grau de detalhamento dos objetos cartografados, sendo aplicada em áreas
menores e vice versa.

4.3 - Escala Gráfica


A escala gráfica ou de barra é forma de apresentação da escala linear, sendo apresentada
por uma linha, normalmente fazendo parte da legenda da carta, dividida em partes, mostrando os
comprimentos na carta, diretamente em termos de unidades do terreno.

1Km 0 1 2 3 4 5 Km

a)

1Km 0 1 2 3 4 5 Km

b)

1Km 0 1 2 3 4 5 Km

1/2 mi 0 1 mi 2 mi

c)

A figura mostra algumas formas de apresentação de escalas gráficas.


Este tipo de escala permite que as medidas lineares obtidas na carta sejam comparadas
diretamente na escala, já se estabelecendo o valor no terreno.
As escalas podem ser simples ou duplas (a) e (c), isto é, calibradas em mais de um
sistema de medida linear.

63
Normalmente a escala gráfica apresenta-se dividida em duas partes, a partir da origem: a
escala propriamente dita e o talão ( parte menor), sendo que o talão, é subdividido em
intervalos menores da maior graduação da escala, para permitir uma medição mais precisa.
A escala propriamente dita inicia do zero para a direita e o talão do zero para a esquerda.
O tamanho do talão corresponde a uma unidade da escala.
A escala gráfica, por razões de espaço e funcionalidade, não deve ter menos do que 6
divisões e no máximo 12 divisões (incluindo o talão), dependendo da escala que está
representando.
A divisão do talão deve seguir o sistema de unidades. Com o sistema métrico
normalmente divide-se em 10 partes. Para uma escala de milhas, tomam-se 8 divisões e para
uma escala horária tomam-se 6 divisões (10 min).

Construção de uma escala gráfica


A construção de uma escala gráfica é por vezes necessária, ou pela carta não o ter ou
para prover uma escala para uso em diversos mapas de mesma escala. Sua construção é simples,
não necessitando de muitos cálculos. O exemplo abaixo mostra toda a seqüencia de elaboração
de uma escala gráfica. Considerar uma escala numérica de 1/ 24 000.
1 - Calcular o comprimento total da escala gráfica a representar, na escala considerada. Levar em
consideração o comprimento da escala propriamente dita e do talão, número de divisões mínimo
e máximo, a unidade de cada divisão da escala e do talão, bem como o comprimento que a escala
gráfica terá ao final do traçado.
Neste exemplo, tomando-se 1 km como a unidade da escala, com a divisão do talão em 100 m, o
comprimento da unidade será dada por
1 d
 , d = 1/24 = 0,041667 m = 4,167 cm = 41,67 mm
24000 1000

Ponderando o comprimento da unidade com o comprimento total da escala gráfica, tomando-se a


escala com 3 divisões para a escala gráfica e mais um para o talão, o comprimento total; da
escala será definido pelo valor
4 (3 da escala + 1 do talão) x 41,67 mm = 166,7 mm
Marcar este comprimento total na folha de papel, sem se preocupar em dividir pelas unidades.

64
- traçar uma linha auxiliar por uma das extremidades da reta, e sem compromisso de
comprimento correto, dividi-la com o auxílio do compasso, no número de divisões que se divide
a escala ( 4 no exemplo):

- Unindo-se a extremidade da ultima divisão marcada com a extremidade da reta da escala,


traçam-se paralelas à esta reta, pelas marcações das demais divisões da reta auxiliar,
determinando-se então as divisões corretas da escala.

- O talão é dividido de forma semelhante, no número de divisões que o caracterizará. No


exemplo, em dez divisões, cada uma delas representando 100 m.

Talão

- Apagam-se as linhas auxiliares para evitar confusão com a escala.

Este processo gráfico tem por finalidade evitar a propagação de erros de medição, que
ocorrem se as divisões da escala forem marcadas diretamente pelo compasso.
O processo de obtenção de uma distância através da escala gráfica, é direto, não
necessitando de cálculo. Apenas é efetuada a medição da distância a determinar sobre o mapa,
com o auxílio de um compasso.

65
Transfere-se esta distância para a escala gráfica, a partir da origem da escala
propriamente dita, marcando-se o ponto que alcançou. Com isto tem-se a valorização em
unidades inteiras da escala, mais uma fração da unidade.
A partir da unidade inteira determinada, mede-se agora em direção ao talão, assim a
fração estará inteiramente sobre o talão, podendo então ser estimada o seu comprimento total.
Deve ser observado, que a precisão da escala gráfica é determinada pela divisão do talão,
sendo estimado os valores inferiores. Por exemplo: se a divisão é de 100 m, a estimativa fica em
torno de valores múltiplos de 10m (10, 20, 30, 40m ... etc).

4.4 - Escala Gráfica Decimal


A escala gráfica decimal é uma escala mais precisa que a escala gráfica comum, pois
permite que as medidas sejam efetuadas com uma precisão maior que a determinada pela escala
gráfica comum. Esta precisão é alcançada por um processo gráfico que permite subdividir as
divisões do talão em quantas partes sejam possíveis. No caso da escala gráfica decimal, divide-se
em 10 partes. Logo, se a precisão da escala gráfica for de 100 m, com estimativa de 10m, a
precisão da escala gráfica decimal será de 10m de leitura direta e estimativa de 1 m.

Construção de uma escala gráfica decimal:


- traçar a escala gráfica para a escala numérica com as divisões do talão ;
- levantar perpendiculares à escala, para cada uma das marcações e dividir em 10 partes
iguais de tamanho arbitrário;
- traçar paralelas à escala gráfica por estas divisões;
- unir transversalmente o talão, do 0 da primeira escala ao 1 da última escala (de baixo
para cima ou vice versa).

ESCALA GRÁFICA DECIMAL


100 m
900 m

600 m
500 m
300 m
200 m
800 m
700 m

400 m

1km 0 1 2 3 km

66
4.5 - Escalas Especiais

As fotografias aéreas e grande parte das projeções cartográficas não possuem escalas
constantes, elas são variáveis dependendo de uma sérei de fatores inerentes ao processo de
elaboração da projeção.
As fotografias aéreas, por serem uma projeção central. a escala é variável do centro da
foto para a periferia, sendo tanto menor quanto mais próximo das bordas.
Para determinadas projeções porém, a escala pode ser constante apenas segundo
condições que são ditadas pela própria projeção, valendo a escala nominal ou principal (Ep),
apenas para uma área do mapa, também ditada pela projeção.
Quando a escala for grande, não ocorrerão muitos problemas pois os erros serão
desprezíveis, o que já não ocorrerá em escalas pequenas, podendo ser constante ao longo dos
paralelos e variável ao longo dos meridianos, ou vice-versa. Depende do tipo de projeção e da
sua estrutura projetiva.
Na projeção de Mercator por exemplo, a escala é variável, constante ao longo dos
paralelos e variável ao longo dos meridianos, variando com a latitude, quanto maior a latitude,
maior a escala. No equador tem-se a escala nominal, aumentando-se a medida caminha-se para
os polos, onde a escala é infinita.
P ROJ EÇÃO DE MERCATOR

Es ca la e m Diferentes Latitudes
1/50 000 000 no Equador - 1/9 132 500 na Latitude de 24

É obrigatória nas pequenas escalas a citação da área de validade da escala principal,


complementando-se com gráficos variáveis ou ábacos de variação de escala.

4.6 - Erro e Precisão Gráfica


A escala de representação está ligada a um conceito de evolução espacial e precisão de
observação.
O olho humano permite distinguir uma medida linear de aproximadamente 0,1 mm. Um
ponto porém, só será perceptível com valores em torno de 0,2 mm de diâmetro em termos

67
médios. Este valor de 0,2mm é adotado como a precisão gráfica percebida pela maioria dos
usuários e caracteriza o erro gráfico vinculado à escala de representação. Dessa forma, a
precisão gráfica de um mapa está diretamente ligada a este valor fixo de 0,2 mm, estabelecendo-
se assim, em função direta da escala a precisão das medidas da carta, por exemplo:

E = 1/20000 -------- 0.2mm = 4000 mm = 4 m


E = 1/10000 -------- 0,2mm = 2000 mm = 2 m
E = 1/40000 -------- 1,2mm = 8000 mm = 8 m
E = 1/100000 ------- 0,2mm = 20000 mm = 20 m

Em observações lineares, estas são as precisões alcançadas pelas escalas mostradas.


Quanto menor a observação, maior o erro relativo associado.
Em geral, quando se parte para a representação de uma parte da superfície terrestre,
entende-se que a escala a ser aplicada à área será uma escala de redução, ou seja, a superfície a
representar será reduzida de forma a estar contido na área do mapa.
Esta redução tráz o erro gráfico aplicado a escala de representação. Tome-se que o erro
gráfico já é o componente final de todos os erros inerentes ao processo de construção do mapa.
Desta forma, todas as medições e observações estarão com uma precisão inerentes a propagação
de erros de todas as fases da construção de uma carta: campo, aerotriangulação, restituição,
gravação e impressão.
O processo automatizado de construção de cartas tem também algumas dessas fases
embutidas, também com prescrições de precisão bem definidas.
Já a aquisição de dados para SIG, Geoprocessamento e mesmo trabalhos de cartografia
temática de síntese, pode ser realizada através de documentos cartográficos já existentes. Do
momento que se adquire dados a partir de um documento já existente, verificam-se os seguintes
pontos:
- o documento já possue um erro gráfico inerente à sua escala de representação, e nada
vai
fazer com que esse erro diminua;
- o documento está em uma escala pré-definida .
Surge então a questão de que esses dados só poderão servir à essa escala de aquisição,
não podendo ser trabalhados para outras representações em outras escalas, o que evidentemente é
um disperdício em um sistema de armazenamento de dados.

68
Em termos de utilização desses dados para uma redução, não existe nenhuma restrição de
utilização. Através do exemplo, pode-se facilmente verificar isso:
Suponha-se a aquisição de dados para uma região, através de folhas de carta na escala de
1/ 250 000. Deseja-se fazer a redução de representação para a escala de 1/ 1 000 000. O erro
gráfico da primeira escala corresponde a 50m e para a segunda escala, de 200m, ou seja quatro
vezes menor.
Em termos de uma ampliação, ocorrerá o problema inverso. Supondo-se aquisição na
escala de 1/ 1 000 000 e uma ampliação para a escala de 1/ 250 000, o erro de 200 m terá uma
ampliação de quatro vezes passando para 800m o que na realidade corresponde não a quatro
vezes, mas a dezesseis vezes maior que o erro gráfico permitido para aquela escala, que é de 50
m. Para uma ampliação de um mapa, da escala de 1/ 100 000 para 1/ 20 000, o erro gráfico
inerente à primeira escala é igual a 20 m e para a segunda, igual a 4 m. Ao se ampliar a
informação gráfica, o erro será também ampliado, passando para 100 m, uma vez que a
ampliação submentida foi de 5 vezes. Comparando-se esse valor com o erro gráfico da escala
final, verifica-se que é 25 vezes maior que o erro permitido para a escala de 1/ 20 000.
Podem ocorrer casos que os erros oriundos de uma ampliação não sejam relevantes para
uma determinada representação. Com todos a s restrições, é possível até aceitar-se, mas em
princípio, as ampliações não são consideradas em termos cartográficos.

4.7 - Escolha da Escala


As condicionantes básicas para a escolha de uma escala de representação são:
- dimensões da área do terreno que será mapeado;
- tamanho do papel que será traçado o mapa;
- a orientação da área;
- erro gráfico;
- precisão do levantamento e/ou das informações a serem plotadas no mapa.
Pelas dimensões do terreno e do tamanho do papel, pode-se fazer uma primeira
aproximação para a escolha da escala ideal de representação. Desta primeira aproximação deve-
se então arredondar-se a escala para que fique a mais inteira possível.
Deve-se considerar em relação ao papel, locais para a colocação de margem e legendas
para o mapa. Isto fará com que a área do papel seja menor que as dimensões iniciais.
Supor que se deseje editar um mapa do Estado do Rio de Janeiro em tamanho A4. Para se
definir a escala ideal de representação, devem ser seguidos os seguintes passos:

69
a) Tamanho do papel
A4 - 21,03 x 29,71 cm
b) Dimensões do Estado

km
0 300 km
45

450 km

 450 km na linha de maior comprimento


c) Tomando-se uma margem de 1 cm por borda, a área útil será diminuída para 19,03cm x
27,71cm  18cm x 26cm (margem de segurança)

área útil

d) Orientando de forma que a área fique com a base voltada para a margem inferior,
desenvolvem-se os seguintes cálculos para a determinação das escalas
26cm 1

45.000.000cm 1730769

1:1.700.000  26,47 cm  450 km OK


300 km (1:1.700.000)  17,64 cm OK
Escala determinada  1:1.700.000

4.8 - Determinação de Escala de um Mapa


Quando por algum motivo não é fornecida a escala de um mapa pode-se, obter uma
escala aproximada, através da medição do comprimento de um arco de meridiano entre dois
paralelos.
O comprimento médio de um arco de meridiano é de 111, 111 km, bastando então dividir
a distância encontrada no mapa por este valor.

70
o
21

22o

dist . mapa mm
E= 
111,111 111111
. .000

Desejando-se valores mais precisos, pode-se consultar uma tabela de valores de arco
meridiano para as diversas latitudes.

Latitude Comprimeneto Latitude Comprimento


0-1 110.567,3 km 50-51 111.239,0 km
10-11 110.604,5 km 60-61 111.423,1 km
20-21 110.705,1 km 70-71 111.572,2 km
30-31 110.857,0 km 80-81 111.668,2 km
40-41 111.042,4 km 89-90 111.699,3 km

4.9 - Transformação de Escala de Mapa


Frequentemente é necessário alterar o tamanho de um mapa, isto é, reduzi-lo ou ampliá-
lo. Uma ampliação acarretará também uma ampliação dos erros existentes. O problema é então,
passar de um fator de escala para outro. Uma vez determinado o novo fator, basta efetuar a
transformação de todas as medidas para a nova unidade.
Exemplo

E1 = 1 / 25.000 E2 = 1 / 125.000

E1 1 / 25.000 125.000
FR =   5
E 2 1 / 125.000 25.000

As transformações podem ser efetuadas também por processos mecânicos ou


instrumentos ótico-mecânicos, por exemplo, com a utilização de pantógrafos, ou de um
aerosketchmaster..
Um processo gráfico de uso bastante comum é o gradeamento do desenho original e o
desenho de uma grade com o fator de escala definido, passando-se o desenho de um para outro.

71
4.10 - Problemas de Escala
1) Tendo-se medido uma distância na carta igual a 2 mm, sabendo-se que a distância no
terreno é igual a 1.200 m, calcular a escala da carta.

2 1
E= 
1.200.000 600.000

2) Tendo-se uma carta na escala 1/40.000, e medido-se uma distância na carta igual a 4
mm, determinar a distância correspondente no terreno.

E = 1/40.000 d = 4 mm
4
E = d/D D = d/E D=  160.000mm = 160 m.
1 / 40.000
3) Tendo-se a escala da carta igual a 1/50.000, e a distância no terreno de 5,5 km,
determinar a distância na carta.

d
E= d = E x D = 5,5 x 1/50.000 = 5.500.000/50.000 = 110 mm
D
4) Sendo dada a escala de uma carta igual a 1/80.000, e uma distância medida na carta
igual a 5 cm, pede-se verificar qual a escala de uma carta em que a mesma distância foi medida
por 2,6667 cm.
Existem dois caminhos:

a) E = d/D 1/80.000 = 5/D  D = 5 x 80.000 = 400.000


D = 4.000 m = 4 km
2 ,6667 1
E = 
400.000 150.000
72
b) Pelo fator de redução

5
FR =  1,8750
2 ,6667

1 1 1
E = x 
80.000 FR 150.000

5 - PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

5.1 – O Conceito de Projeção


Uma projeção de mapa ou um sistema de projeção cartográfica pode ser definido como
sendo “qualquer representação sistemática de paralelos e meridianos retratando a superfície da
Terra, ou parte dela, considerada em uma esfera ou esferóide, sobre um plano de referência”.
Toda projeção é uma forma de representação de coordenadas sobre um plano; a rede de
coordenadas geográficas, a gratícula, deve ser locada por coordenadas cartesianas ou polares,
assim como qualquer outro meio, que represente coordenadas na projeção. Dessa forma, pode-se
estabelecer que as projeções são transformações projetivas, que permitem transformar a
superfície tridimensional da superfície terrestre em uma representação plana, ou seja
bidimensional.
Cada ponto da superfície terrestre de coordenadas geográficas ou geodésicas (, ), deve
ser definido em um plano por um único ponto de coordenadas (x, y) cartesianas ou (r, ) polares.
Em uma forma funcional, o relacionamento deve ser expresso como:
x = f1 (, ),
y = f2 (, ),
r = f3 (, ),
 = f4 (, ).
Em que fi são funções que determinam cada uma das coordenadas na representação do
mapa. Assim, fica estabelecido que cada ponto da superfície terrestre terá um e apenas um ponto
correspondente na carta ou mapa, ou seja, existirá uma correspondência um-para-um entre o
mapa e a superfície terrestre, ou seja, x e y (ou r e ), são funções de (, ).

73
Este relacionamento na realidade poderá ser até questionado mais tarde, uma vez que
algumas projeções mostram o mesmo meridiano duas vezes, ou os polos são representados por
linhas ou alguma parte da superfície terrestre não seja representada. Mas isso são características
intrísecas à determinados tipos de projeções, que exigem representações duplas de mesmos
meridianos ou paralelos, ou mesmo por relacionamenmtos matemáticos que não permitam a
visualização de determinada porção terrestre. O principal motivo destes problemas é exatamente
a superfície contínua da esfera ter de ser representada sobre um plano limitado.
Estas particularidades geralmente ocorrem nas bordas das projeções e devem ser tratadas
como casos excepcionais ou pontos singulares. De qualquer forma, dentro do contexto das
projeções cada ponto da superfície terrestre é representado apenas uma vez, e portanto a idéia de
pontos correspondentes pode ser aplicado.
A correspondência entre a superfície e o mapa não pode ser exata por dois motivos
básicos:
- Alguma transformação de escala deve ocorrer porque a correspondência 1/1 é
fisicamente impossível.
- A superfície curva da Terra não pode ajustar-se a um plano sem a introdução de
alguma espécie de deformação ou distorção, equivalente a esticar ou rasgar a
superfície curva.
Estas deformações serão tanto maiores quanto maior for a área projetada, e quanto mais
afastada for do centro da projeção. O centro de projeção caracteriza o local onde a distorção é
nula. A área em torno do centro de projeção, onde as distorções são inferiores a certos valores
limites, estabelecidos a priori em função da finalidade da projeção, caracteriza o campo de
projeção. O termo deformação não é muito bem aplicado podendo levar à idéia do
desconhecimento de formas e estruturas aplicadas. Já o termo distorção estabelece que existe um
conhecimento prévio do comportamento da deformação.

5.2 - Escala Principal e Fator de Escala


A definição de escala aplicada ao globo terrestre, pode ser caracterizada pela razão entre
a distância no mapa, globo ou seção vertical e a distância real que representa. De uma forma
genérica, se AB é o comprimento no terreno e ab o comprimento no mapa
ab
E= representa a razão de escala para o mapa.
AB

74
Esta definição pode ser usada para caracterizar a escala de um globo que representa a
Terra. Neste caso, a comparação é efetuada pelo comprimento de dois arcos de círculo máximo
AB na Terra e ab no globo. O comprimento de um arco de círculo máximo é dado por:
AB = R  e ab = r , sendo  o arco subentendido entre A e B e a e b. Relacionando:
ab r r 1
 ou E = R  N  número da escala 
AB R
Assume-se que o globo gerado dessa forma é uma réplica exata da Terra à escala
considerada e a escala principal é definida como sendo “a escala de redução para um globo,
representando a esfera ou esferóide, definida pela relação fracionária de seus respectivos
raios”.
Estabelece-se ainda que esta escala, por ser representativa da réplica perfeita da Terra à
escala do mapa, é isenta de variação. Assim, define-se a escala principal como tendo um fator de
escala µ0 = 1.0, e as distorções que venham a ocorrer serão avaliadas como frações de unidade
ou múltiplos da unidade.
A escala principal é equivalente à fração representativa impressa no mapa.
Fator de escala µ = 1.0 = µ0 , não há distorção.Se houver dilatação ou ampliação de
escala, o fator de escala µ >µ0 e se houver compressão ou diminuição de escala o fator de escala
µ < µ0.
O fator de escala  pode ser então definido como o valor adimensional determinado pelo
relacionamento entre a escala na área considerada e a escala principal.
Ea

Ep

Assim um fator de escala igual a 2, caracteriza uma ampliação de escala de duas vezes a
escala principal, por exemplo, se a escala principal for igual a 1/ 20 000 e a escala de área igual a
1/ 10 000. Da mesma forma um fator de escala igual a 0,5, caracteriza uma redução de escala
também de duas vezes, ou seja, se a escala principal é igual a 1/ 20 000, a escala de área será de
1/40 000.

5.3 - O Conceito de Distorção


O exame de um globo representativo da superfície terrestre mostra que a sua superfície
não poderá ser transformada em um plano. É possível porém, para um globo de dimensões de
uma bola de futebol, ajustar-se um pedaço de papel, como por exemplo um selo, sem deformá-lo
ou rasgá-lo. Se este mesmo selo for colocado sobre a superfície de uma bola de ping-pong,

75
dificilmente será conseguida a adaptação à superfície sem esticá-lo ou rasgá-lo, ou seja, sem uma
deformação ser aplicada.
As distorções ou deformações são tanto maiores quanto maior a área representada, e terão
características próprias segundo a forma de relacionamento entre a superfície terrestre e a
representação plana correspondente, caracterizando a projeção adotada.
A figura abaixo apresenta uma representação plana da Terra pelo corte da superfície
esférica ao longo dos paralelos de  150 ,  450 e  750 e ao longo do meridiano de Greenwich.
Aproxima-se do corte de uma laranja. É possível desta forma, realizar-se uma planificação
razoável.

Figura 5.1 - Representação Terrestre por cortes ao longo dos paralelos

Esta representação faz com que alguns paralelos sejam mostrados duas vezes, gerando
uma descontinuidade do mapa e deixando vazios entre os paralelos.
Desejando-se evitar estes vazios, ou seja, o mapa mostrar a superfície de forma contínua,
deve-se fechar os vazios esticando-se cada zona em uma direção ao longo dos meridianos até a
coincidência dos paralelos, conforme mostra a figura abaixo.

76
Figura 5.2 - Representação contínua da Terra

Comparando-se as figuras. pode-se verificar que a deformação cresce à medida que se


aproxima das bordas do mapa. A quantidade de distorção pode ser visualizada pela deformação
dos círculos na figura anterior, para as elipses da figura.
Uma notável ilustração de distorções e deformações pode ser vista nas figuras. Um rosto
foi desenhado sobre a projeção globular, sendo depois transportado para as projeções ortográfica,
estereográfica e de Mercator.

Figuras 5.3 a, b, c e d - Distorções

Isto não quer dizer que uma projeção é melhor que outra, por que a figura pode ser
desenhada em outra projeção e transportada para a inicial, gerando também distorções.

5.4 - Distorção Linear

A distorção descrita para a elaboração do mapa contínuo da figura 5.2, é definida como
uma distorção linear ao longo dos meridianos.

77
O resultado gráfico mostra que o comprimento entre dois paralelos aumenta do meio para
as extremidades do mapa, ou seja, os comprimentos entre os meridianos sucessivos variam
apenas em função da latitude.
Considerando-se porém o espaçamento entre os meridianos ao longo de um paralelo
qualquer, verifica-se que é quase constante e praticamente igual ao da figura anterior,
significando que a distorção linear nesta projeção, ocorreu em uma direção apenas.
Esta distorção porém, irá influenciar a representação de ângulos e áreas no mapa,
conforme pode ser demonstrado da seguinte forma:
Considerando-se o ponto P de coordenadas (10,10), o ângulo YOP é de 45 0 e a área é de
100 unidades quadradas.
Y'

P'

O O' X'
X

Fazendo-se a escala ao longo do eixo dos Y dobrar, enquanto que no eixo dos X continua
a mesma.
Assim P’ = (10,20) Y’OP’ = 300 e a área do retângulo Y’OX’P’ = 200.
À diferença angular  = Y’OP’ - YOP denomina-se deformação angular e à alteração na
área A = Y’OX’P’ - YOXP, denomina-se deformação de área (exagero superficial).
Em um sistema de projeção estas deformações não podem ser facilmente definida por
gráficos planos, mas a característica principal é perfeitamente definida: ambas as deformações
dependem da deformação linear e em conseqüência podem ser definidas através delas.
Quando a escala de um mapa é conhecida, supõe-se que ela seja constante para toda a
área do mapa, em três aspectos:
- que a razão de escala seja aplicada à todos os comprimentos e distâncias e linhas
medidas no
mapa;
- que razão de escala seja constante para todas as partes dos mapas;

78
- que a razão de escala seja independente de direção de aplicação.
Isto parece ser axiomático em muitos tipos de mapas, mas a suposição de que a escala é
constante para todas as distâncias, em todos os lugares e em qualquer direção, não é
verdadeira.
Qualquer representação plana do globo, envolve variação de escala em alguns ou em
todos os três aspectos.

5.4.1 - Distorção Nula


É claramente impossível criar um mapa perfeito, onde a escala principal seja preservada
em todos os pontos. É fácil porém, manter a escala principal ao longo de certas linhas ou pontos
no mapa, onde a escala é constante e igual à escala principal, ocasionando uma distorção é nula.
Linhas de distorção nula, são linhas em uma projeção, ao longo das quais a escala
principal é preservada e correspondem a determinados círculos máximos ou pequenos círculos
na esfera ou elipsóide.
Pontos de distorção nula são os pontos onde a escala principal é preservada. Os planos
tangentes à superfície da Terra gerarão sempre um ponto de distorção nula.
Qualquer plano secante à superfície terrestre irá gerar uma linha de distorção nula, que
será sempre identificada como um pequeno círculo.

Distorção

Baixa

Média

Alta

Figura 5.4 - Áreas de distorção mínima, média e alta no plano


Um cilindro ou cone tangente à superfície terrestre gerará uma linha de distorção nula,
igualmente um pequeno círculo.

Tangente

Secante

79
Figura 5.5 - äreas de distorção no cilindro
Um cilindro ou um cone, secante à superfície terrestre, gerará duas linhas de distorção
nula, também pequenos círculos.

Tangente

Secante

Figura 5.6 - Áreas de distorção mínima no cone

5.4.2 - Escalas Específicas


As escalas específicas de interesse para o estudo das projeções e em conseqüência das
deformações e distorções causadas pela variação de escala, são as seguintes:
- escala ao longo de um meridiano (h);
- escala ao longo de um paralelo (k);
- escala máxima em um ponto (a);
- escala mínima em um ponto (b).
A escala ao longo de uma direção qualquer segundo um azimute determinado existe,
porém não será importante para o estudo da maior parte das projeções.
As escalas ao longo dos meridianos e paralelos, são funções da projeção que esteja sendo
empregada, da latitude e da longitude.
As escalas máxima e mínima são funções das escalas ao longo dos paralelos e
meridianos, e representam a variação máxima e mínima de escala em um ponto.
É traduzida pela figura geométrica, definida e descrita pela elipse de Tissot.
Na esfera, em qualquer ponto, pode ser representado pela igualdade das escalas máxima e
mínima a = b, criando-se um círculo de escala:

80
Figura 5.7 - Elipse de Tissot
Representando-se cada eixo do círculo como eixos da projetada pelo sistema de projeção,
dependendo da escala ao longo dos paralelos e dos meridianos, haverá uma relação de escala
máxima e mínima, de tal forma que h2 + k2 = a2 + b2.
A deformação será mostrada pela elipse traçada segundo a direção da deformação
máxima.

Figura 5.8 - Distorções mostradas pela elipse de Tissot


5.5 - Propriedades Especiais das Projeções
Apesar do fato da escala principal ser preservada em algumas linhas ou pontos em uma
projeção e as escalas específicas serem variáveis em posição e direção no mapa, é possível criar
combinações de escalas específicas que podem ser mantidas por todo o mapa, exceção feita
apenas nos pontos singulares, onde não se mantêm as características projetivas.
81
Estas combinações são denominadas propriedades das projeções ( ou propriedades
especiais) e podem ser definidas como as propriedades de uma projeção que surgem do
relacionamento entre as escalas máxima e mínima em qualquer ponto e são preservadas em
todo o mapa, exceto em seus pontos singulares.
As mais importantes dessas propriedades são:
- Conformidade
- Equivalência
- Eqüidistância

5.5.1 - Conformidade
Uma projeção conforme é uma projeção em que a escala máxima é igual à mínima em
todas as partes do mapa (a = b).
Um pequeno círculo na superfície terrestre se projetará como um círculo na projeção,
caracterizando uma deformação angular nula.
Assim as pequenas formas são preservadas e os ângulos de lados muitos curtos também
são preservados. Isto é uma característica necessária aos mapas que servirão a propósitos de
medição de ângulos ou direções. Ou seja, os ângulos em torno de um ponto são mantidos.
Incorretamente esta propriedade é referenciada como uma projeção de formas verdadeiras. Na
realidade só a forma de pequenas áreas são preservadas. Grandes áreas, de caracteristicas
regionais ou globais são distorcidas em sua configuração geral.
A variação de escala é constante em todas as direções em torno de um ponto qualquer.
Fora do centro de projeção podem existir grandes alterações.
Não havendo deformação angular, as
intercessões da gratícula (paralelos e
meridianos) são ortogonais, independendo
da natureza dos paralelos e meridianos
mapeados, mas não quer dizer que todas as
ÂNGULOS E PEQUENAS FORMAS PRESERVADOS
projeções que tenham esta característica
Figura 5.9 - Manutenção de áreas e formas
sejam conformes.
Serve para todos os empregos relativos a direção dos ventos, rotas, cartas topográficas,
etc.

5.5.2 - Equivalência

82
As escalas máxima e mínima são recíprocas: a.b = 1, mantendo uma escala de área
uniforme. Deforma muito em torno de um ponto, porque a escala varia em todas as direções.

O princípio da equivalência é a manutenção das áreas de tamanho finito. Um aspecto


importante das projeções equivalentes é a sua habilidade de que todo ou parte do globo, pode ser
mapeado em um quadrado, retângulo, círculo ou elipse, ou outra figura geométrica qualquer,
tendo a mesma área da parte do globo.

Figura 5.10 - Conservação de áreas


Devido às suas deformações não interessa à cartografia de base, porém é de muito
interesse para a cartografia temática.

5.5.3 - Eqüidistância
Uma escala específica é mantida igual à escala principal ao longo de todo o mapa. Por
exemplo:
a escala ao longo de um meridiano h = 1.0. Assim sob certas condições, as distâncias são
mostradas corretamente. A equidistância porém não mantida em todo omapa, a escala linear é
correta apenas ao longo de determinadas linhas ou a partir de um ponto específico.
É menos empregada que as projeções conforme ou equivalentes, porque raramente é
desejável um mapa com distâncias corretas em apenas uma direção.
No entanto os mapas eqüidistantes são bastante usados em Atlas, mapas de planejamento
estratégico e representações de grandes porções da Terra onde não é necessário preservar as
outras propriedades, pelo fato do aumento da escala de área ser mais lento dos que nas projeções
conformes e equivalentes.
5.6 - Classificação das Projeções

83
As projeções cartográficas podem ser classificadas segundo diversos tipos de
características.
- Propriedades
- Superfície de projeção
- Método de traçado

5.6.1 - Quanto às Propriedades


Quanto às propriedades, é uma repetição do item anterior, podem ser dividsidas em:
- Conformes
- Equivalentes
- Eqüidistantes
- Afiláticas
Nenhuma dessas propriedades podem coexistir, por serem incompatíveis entre si. Uma
projeção terá uma e somente uma dessas propriedades.
As projeções afiláticas não conservam área, distância, forma ou ângulos, mas podem
apresentar alguma outra propriedade específica que justifique a sua construção.

5.6.2 - Quanto à Superfície de Projeção

A superfície de projeção é a figura geométrica que estabelecerá a projeção plana do


mapa.

Figura 5.11 - Superfícies de projeção - tangentes


Podem ser:
- Planas ou Azimutais: quando a superfície for um plano.
- Cilíndricas: quando a superfície for um cilindro.
- Cônicas: quando a superfície for um cone.

84
Conforme o contato da superfície de projeção com o globo, podem ainda ser classificadas
em:
- Tangentes, mostradas nas três figuras anteriores e
- Secantes, mostradas nas três figuras seguintes.

Figura 5.12 - Superfícies de projeção - secantes


Ainda em relação à superfície de projeção, quanto a posição relativa ao Equador e Pólos,
cada uma dessas superfícies de projeção tem uma outra classificação.
As projeções planas são classificadas em:

- Normais ou Polares: plano tangente ao pólo (paralelo ao Equador).


Figura 5.13 - Plana normal ou polar

- Transversa ou Equatorial: plano tangente ao Equador.


Figura 5.14 - Plana Trannsveras ou equatorial

- Horizontais ou Oblíquas: plano tangente a um ponto qualquer.

85
Figura 5.15 - Plana horizontal ou obligua
As projeções cilíndricas são classificadas em:
- Equatoriais ou Normais: o eixo do cilindro é perpendicular ao Equador (paralelo ao eixo
terrestre).

Figura 5.16 - Cilindrica normal ou equatorial


- Transversa ou Meridianas: o eixo do cilindro é perpendicular ao eixo da Terra.
Figura 5.17 - Cilíndrica tarnsversa

- Horizontais ou Oblíquas: o eixo do cilindro é inclinado em relação ao eixo terrestre.

Figura 5.18 - Cilídrica obligua

As projeções cônicas por sua vez também podem ser classificadas em:
- Normais: quando o eixo do cone é paralelo ao eixo da Terra (coincide).

86
Figura 5.19 - Cônica normal

- Transversais: quando o eixo do cone é perpendicular ao eixo terrestre.

Figura 5.20 - Cônica transversa

- Horizontais ou Oblíquas: quando o eixo do cone é inclinado em relação ao eixo da

Terra.

Figura 5.21 - Cônica obligua

5.6.3 - Quanto ao Método de Traçado


Segundo a forma de traçar (desenhar ou criar as projeções) podem ser classificadas em:
- Geométricas: São as que podem ser traçadas diretamente utilizando as propriedades
geométricas da projeção.
- Analíticas: São as que podem ser traçadas com o auxílio de cálculo adicional, tabelas
ou ábacos e desenho geométrico próprio.

- Convencionais: São as que só podem ser traçadas com o auxílio de cálculo e tabelas.
As projeções geométricas possuem ainda uma subdivisão, caracterizando ou não a
existência de um ponto de vista ou centro de perspectiva:
- Perspectiva: possuem um ponto de vista.
87
- Pseudo-perspectivas ou Não-perspectivas: possuem um ponto de vista fictício ou não
possuem.

Conforme a posição do ponto de vista, podem ser ainda mais uma vez subdivididas em:

Figura 5.22 - Posição do ponto de vista


- Ortográficas: o ponto de vista está no infinito.
- Estereográficas: o ponto de vista está no ponto diametralmente oposto à tangência do
plano de projeção.
- Gnomônica: o ponto de vista está no centro da Terra.

5.7 - A Aparência e Reconhecimento de uma Projeção


Após a classificação das projeções, pode-se verificar que a quantidade de formas de
representação da Terra é muito grande e diversa.
Uma pergunta pode então ser feita. “Como reconhecer uma projeção?”
Visando a resposta a esta pergunta, serão colocadas sete elementos diagnóstico, sob os
quais deverão ser examinadas as projeções.

1) - A Terra está mapeada como uma feição contínua ou existem descontinuidades no


mapa?
2) - Que tipo de figura geométrica é formada pelo limite do mapa, seja ele do mundo ou
do hemisfério?
Retângulo, círculo, elipse ou figuras mais complicadas.
3) - Como estão os continentes e oceanos dispostos em relação aos limites e eixos do
mapa?
Isto é uma verificação da convenção do Equador e meridiano de Greenwich e localização
dos pólos. Alguma coisa diferente do que se está acostumado a ver, Equador e Greenwich
como eixos centrais e os pólos acima e abaixo, possivelmente causarão estranheza a um leigo.
4) - Os meridianos e paralelos são retilíneos ou curvos?

88
5) - As interseções dos meridianos e paralelos em qualquer ponto do mapa são ortogonais
ou ocorrem interseções de gratícula oblíquas, em alguma parte do mapa?
6) - Os meridianos ou paralelos curvos são formados por círculos, arcos de círculos ou
arcos de curvas de ordem superior (elipses, hipérboles). Se os arcos forem circulares são
concêntricos?
7) - O espaçamento entre os meridianos sucessivos é uniforme ou variável? Se é variável,
o espaçamento dos paralelos aumenta ou diminui do Equador para os Pólos? Em relação aos
meridianos aumenta ou diminui do centro do mapa para as bordas?
Todas essas variáveis podem ajudar a identificar uma projeção e maior parte delas pode
ser usada de alguma forma para verificar a sua classificação.
A aparência de uma projeção é de valor menor para a definição de uma ou outra
propriedade, por exemplo, se uma projeção tem as gratículas oblíquas, pode-se inferir que não
seja conforme, porém a recíproca não é verdadeira.

6 - ESTUDO DAS PRINCIPAIS PROJEÇÕES

6.1 - PROJEÇÕES PLANAS OU AZIMUTAIS


As projeções planas ou azimutais constituem-se num importante grupo de projeções,
algumas das quais conhecidas há mais de dois mil anos. São caracterizadas pela projeção da
superfície terrestre sobre um plano tangente à superfície, conforme pode ser visto na figura 1.
São também chamadas de azimutais, pelo fato de que o azimute do centro da projeção a qualquer
direção é sempre mostrado corretamente na representação do mapa.

Figura 1 – Superfície plana de projeção

89
As principais projeções planas são as seguintes:
- Ortográficas
- Estereográficas
- Gnomônicas
- Equivalente Azimutal de Lambert
- Azimutal Eqüidistante
Como características gerais das projeções azimutais ou planas, pode-se citar:
- Na hipótese esférica, todos os grandes círculos que passam pelo centro de
projeção são apresentados como linhas retas. Portanto, o caminho mais curto
do centro da projeção a qualquer ponto serão sempre retas.
- Apresentam a Terra em uma representação circular, com exceção às projeções
gnomônicas;
- A forma mais simples de representação são as projeções polares, onde os
meridianos são representados por linhas retas, irradiadas do centro de projeção
e o s paraleos são círculos concêntricos com centro no mesmo centro de
projeção.
- Possuem um único ponto de contato, se tangentes, e as distorções aumentam a
medida que afasta-se dele.
A figura 2 apresenta a posição do plano tangente, conforme os aspectos polar,
equatorial e obliquo da projeção azimutal.

Figura 2 - Aspectos da Projeção Azimutal


Em seguida serão apresentadas as características e propriedades mais importantes das
projeções azimutais descritas.

6.1.1 - Projeção Ortográfica


Características Gerais

90
O ponto de perspectiva para a projeção ortográfica está situado no infinito, sendo os

Perspectiva Infinita

Plano Tangente

paralelos e meridianos projetados sobre o plano tangente através de linhas de projeção


paralelasconforme pode ser observado na figura 3.

Figura 3 – Perspectiva da projeção ortográfica no aspecto polar

Figura 4 – Aspectos Polar e equatorial da projeção azimutal ortográfica


Todos os meridianos e paralelos são mostrados como elipses, círculos ou linhas retas.

No aspecto polar os meridianos aparecem como linhas retas irradiadas do polo, em ângulos reais,
com os paralelos representados como círculos concêntricos com centro no polo.
Os paralelos são mais espaçados próximo ao polo, diminuindo o espaçamento até zero no
Equador, que marca o paralelo limite do mapa no aspecto polar. A escala é maior próximo ao
polo diminuindo em direção ao Equador. As formas próximas ao polo parecem maiores por

91
este motivo, ficando comprimidas próximo ao Equador, sendo de difícil reconhecimento nesta
área.
A escala ao longo de qualquer paralelo é constante, uma vez que varia ao longo dos
meridianos, do valor real no centro de projeção, até zero.
O aspecto equatorial tem o centro de projeção em qualquer ponto do Equador terrestre.
Os paralelos sào representados por retas, que se estendem de limite a limite da projeção.
O meridiano central é uma reta. Os meridianos de 90 a partir do meridiano central formam um
círculo, marcando o limite da projeção. Os demais meridianos são elipses de excentricidade
0( círculo limite) até 1 (meridiano central).
O aspecto oblíquo tem o centro de projeção em qualquer lugar situado entre o Equador e
os polos. Fornece uma imagem parecida com um globo, sendo preferida para ilustrações no lugar
dos aspectos polar e equatorial.
O único meridiano representado como uma linha reta é o central. Todos os paralelos são
elipses de mesma excentricidade. Algumas das elipses são mostradas inteiramente, enquanto que
algumas só parcialmente. Todos os demais meridianos são elipses de excentricidade variável.
Nenhum meridiano aparece como círculo.
A escala e distorção mudam apenas em função da distância do centro de projeção.
O esquema de distorção será sempre o mesmo para os três casos. O esquema de distorção
da projeção em qualquer aspecto, coincide com a projeção no caso polar.
Figura 5 – Aspecto obliquo da projeçao azimutal ortográfica

Utilização
- Foi popular durante a 2a Guerra Mundial.
- Com os vôos espaciais foi rebuscada pois lembra a fotografia dos corpos celestes.

6.1.2 - Projeção Estereográfica


Características Gerais
92
Aa projeção estereográfica é uma perspectiva verdadeira na sua forma esférica. É a única
projeção perspectiva verdadeira conforme. Seu ponto de projeção está na superfície da esfera, no
lado diametralmente oposto ao ponto de tangência do plano ou do centro de projeção.
Figura 6 - Aspecto Projetivo Estereográfico
Polo Norte Plano de Projeção

Equador

Polo Sul

Se o polo Sul é o centro do mapa, a o ponto de vista está no polo Norte, e vice versa.
O ponto na esfera oposto ao centro de projeção, é projetado no infinito no plano do mapa.
No aspecto polar é semelhante a todos os aspectos polares azimutais, meridianos
irradiados como retas pelo centro de projeção e os paralelos como círculos concêntricos. Este
aspecto coincide com o esquema de distorção da projeção.

Figura 7 – Aspecto polar da projeção esterográfica azimutal


O espaçamento dos paralelos aumenta à medida que se afasta do polo (oposto à
ortográfica), significando um aumento da escala neste sentido. A escala é constante ao longo
dos pararelos e aumenta ao longo dos meridianos, afastando-se dos polos.
O aspecto equatorial e oblíquo torna a aparência da projeção mais distinta: todos os
meridianos e paralelos, são mostrados como arcos de círculo, exceto o meridiano central e o
Equador.
No caso obliquo, o meridiano central é uma linha reta, assim como o paralelo de mesmo
valor numérico, mas de sinal contrário ao paralelo de contato. Por exemplo: se o paralelo de
contato for + 40 , o paralelo - 40 será mostrado como uma reta.
93
Figura 8a - Aspecto Equatorial b - Aspecto Obliquo
Os paralelos são centrados ao longo do meridiano central. Os círculos dos meridianos são
centrados ao longo do paralelo retilíneo. O meridiano de 90 a contar do meridiano central - no
caso equatorial - define o limite da projeção.
Como uma projeção azimutal, as direções a partir do centro da projeção são verdadeiras
na forma esférica. No caso elipsóidico, apenas o aspecto polar é realmente azimutal, mas não é
perspectiva, para manter a conformidade.
Devido à conformidade, muitas vezes é estabelecida não a tangência do plano, mas uma
secância, passando a existir um círculo padrão de distorção nula, balanceando os erros por todo o
mapa.

Utilização
O aspecto oblíquo tem sido usado para projeção planimétrica de corpos celestes: Lua,
Marte, Mercúrio, Vênus.
O aspecto polar elipsóidico tem sido usado para mapear as regiões polares (Ártico e
Antártico).
A projeção UTM é complementada pela projeção UPS (Universal polar estereográfica)
acima de 84 e abaixo de - 80.
Em 1962 a porção polar da carta ao milionésimo do Mundo foi modificada da projeção
policônica para a polar estereográfica, nos mesmos moldes da UPS.

6.1.3 - Projeção Azimutal Equivalente de Lambert


Características Gerais
Não é perspectiva, podendo ser chamada de “sintética” , por ter sido desenvolvida para
apresentar a característica de equivalência.

94
O aspecto polar tem as mesmas características das demais azimutais. Círculos
concêntricos para os paralelos nos polos e meridianos irradiados. Mostra o esquema de distorção
da projeção, para a esfera, podendo este esquema ser colocado sobre os demais casos, para se
definir as regiões de deformação e distorção da escala.
O espaçamento dos paralelos diminui conforme aumenta a distância do polo.
Normalmente a projeção não é mostrada abaixo de um hemisfério (ou do Equador).

Figura 9 - Aspecto Polar

Figura 10 a - Aspecto Equatorial b - Aspecto Obliquo

95
O aspecto equatorial mostra o meridiano central como reta e o meridiano central +90 e o
meridiano central - 90, como um círculo, limitando a projeção, a este e a oeste.
Os demais meridianos e paralelos são curvas complexas.
O aspecto oblíquo assemelha-se à projeção ortográfica, porém é mais compacta. O único
meridiano apresentado como uma reta é o meridiano central, todos os demais meridianos e
paralelos são curvas complexas (não são elipses), que só podem ser traçadas através de cálculo.

Utilização
É bastante utilizada em Atlas comerciais e mapas que necessitem de relações de
equivalência entre as formas. Serve de base para mapas geológicos, tectônicos e de energia;
mapas comerciais e mapas geográficos (físicos, políticos e econômicos).

6.1.4 - Projeção Azimutal Eqüidistante


Características Gerais
Não é uma projeção perspectiva, porém como eqüidistante tem a característica especial
de todas as distâncias estarem em uma escala real quando medidas do centro até qualquer outro
ponto do mapa.
O aspecto polar é idêntico às demais: paralelos como círculos concêntricos e meridianos
irradiados a partir do centro de projeção. Coincide também com o esquema de distorção da
projeção.

Figura 11 a - Aspectp Polar b – aspecto equatorial


Os paralelos são igualmente espaçados na forma esférica. Pode-se estender a
representação além do Equador, mas as distorções serão sempre muito grandes. No Equador a
escala é cerca de 60% maior do que no centro de projeção.

96
O aspecto equatorial é o menos usado dos três casos. É substituído com vantagens pela
projeção estereográfica. O Equador e o meridiano central são retas, sendo todos os demais
meridianos e paralelos curvas complexas. Os dois polos são mostrados.
O aspecto oblíquo lembra a projeção azimutal equivalente de Lambert. Com exceção do
meridiano central, todos os demais são curvas complexas, incluindo o Equador.
Quando é representado os dois hemisférios, as diferenças com a projeção de Lambert são
mais pronunciadas. Enquanto as distorções são extremas em outros aspectos, as distâncias e
direções do centro superam agora as distorções para muitas aplicações.

Figura 12 - Aspecto Obliquo, com dois centro diferentes (Chicago e Brasília)

Utilização
- Utilizada no aspecto polar para mapas mundiais e mapas de hemisférios polares;
- No aspecto oblíquo para Atlas de continentes e mapas de aviação e uso de rádio.
- Utilização regular em Atlas, mapas continentais e comerciais tomando-se o centro de
projeção em cidades importantes.
- Cartas polares;
- Navegação aérea e marítima;
- Rádio Comunicações (orientação de antenas) e rádio-engenharia;
- Cartas celestes tendo a Terra como ponto central.

6.1.5 - Projeção Gnomônica


Características Gerais
Estando o ponto de vista no centro da Terra, estará contido no plano de qualquer círculo
máximo e este plano, seja qual for o aspecto, intercepta o plano de projeção segundo uma reta,

97
que será a transformada de círculo máximo correspondente na projeção. Assim todo círculo
máximo sempre será representado por uma reta.
Figura 13 - Característica Projetiva da projeção gnomônica
A ortodrômica, rota mais curta que une dois pontos, é um arco de círculo máximo no caso
esférico, sendo portanto representada por uma reta.

Figura 14 - Representação da Loxodrômica


Em qualquer caso, os meridianos serão retas por serem arcos de círculos máximos. São
retas paralelas entre si e perpendiculares à transformada do Equador. O polo não terá

representação.

Figura 15 - Aspecto polar e equatorial da projeção gnomônica


Os paralelos nos casos oblíquo ou equatorial serão curvas que dependendo da situação do
plano de projeção, poderão ser elipses, parábolas ou hipérboles.
Devido às grandes deformações, quanto mais extensa a área mapeada, as diferenças de
escala também serão consideráveis.

Aplicações
- Cartas polares de navegação;
- Navegação marítima e aérea;
- Rádio e rádiogoniometria, rádio faróis;

98
- Geologia (alinhamento de componentes da crosta);
- Cartas de portos.
6.1.6 - Gráfico Comparativo das Projeções Azimutais
A figura 16 abaixo apresenta um gráfico comparativo para a esfera modelo, da aparência
dos paralelos para o caso polar, permitindo verificar o espaçamento existente entre eles, em cada
tipo de projeção.
Este mesmo gráfico pode ser visualizado como a variação da escala radial em todos os
aspectos das projeções plana, com o detalhe que agora, não está mostrando a representaçÃo dos
paralelos, e sim as radiais de variação de escala.

Figura 6.16 - Gráfico Comparativo das Projeções Azimutais Polares e Variação de Escala

6.2 - PROJEÇÕES CILÍNDRICAS


As projeções cilíndricas correspondem às projeções que têm um cilindro como superfície
de projeção. O desenvolvimento da superfície do cilindro em um plano, vai apresenta-la como
um retângulo em todos os casos considerados.

99
Figura 6.2.1 - Superfície de projeção cilíndrica

Geométricamente são parcialmente desenvolvidas por um cilindro tangente ou secante ao


globo terrestre, em seus três aspectos: equatorial, transverso e oblíquo.

Figura 6.2.2 - Aspectos equatorial, transverso e obliquo


Nas projeções equatoriais, os meridianos e paralelos são sempre representados por retas
ortogonais, sendo que o Equador sempre estará em verdadeira grandeza.
Nos demais casos, geralmente nem os meridianos nem os paralelos são retas, ocorrendo
isto apenas em casos especiais.
As principais projeções cilíndricas que serão analisadas são as seguintes:
- Projeção de Mercator;
- Projeção Transversa de Mercator;
- Projeção Equivalente de Lambert;
- Projeção Oblíqua de Mercator.

6.2.1 Projeção de Mercator

100
Figura 6.2.3 - Projeção de Mercator

Características e Utilização
Os meridianos da projeção de Mercator são retas verticais paralelas, igualmente
espaçadas, cortadas ortogonalmente por linhas retas representando os paralelos, que por sua vez
são espaçados a intervalos maiores, à medida que se aproxima dos polos. Este espaçamento é tal
que permita a conformidade, e é inversamente proporcional ao coseno da latitude.
A característica mais importante da projeção de Mercator, é a sua capacidade de mostrar
a loxodrômica entre dois pontos como uma linha reta. A loxodrômica é uma linha de azimute
constante.

Figura 6.2.4 - Loxodrômica ou linha de rumo


A loxodrômica possui um comprimento sempre maior que a ortodrômica, só havendo
coincidência das duas no Equador ou sobre um meridiano.
Devido a esta capacidade de apresentar as loxodrômicas, uma das suas principais
aplicações são as cartas de navegação.
A grande distorção de área de projeção pode levar a concepções erradas por leigos em
Cartografia. A comparação clássica é estabelecida entre a América do Sul e a Groelândia. Esta
aparece maior, apesar de realmente ser 1/8 do tamanho da América do Sul.

101
Figura 6.2.5 - Comparação de distorção da projeção de Mercator
O polo Norte e Sul não podem ser mostrados por serem pontos singulares, estão no
infinito, podendo dar a impressão de serem inacessíveis.
Apesar das desvantagens, é uma projeção conforme, em consequência as direções em
torno de um ponto são conservadas, logo as formas de pequenas áreas também o são.
Praticamente todas as cartas de navegação marítima são desenvolvidas na projeção de
Mercator.

Equador

Figura 6.2.6 - Escala varável de Mercator


Devido às distorções, a escala da projeção é uma escala variável. É constante ao longo
dos paralelos, variando porém em função da latitude, é inversamente proporcional ao coseno da
latitude.
É ainda bastante empregada em
Atlas e cartas que necessitem mostrar
direções (cartas magnéticas e
geológicas). Praticamente todas os
mapas de fusos horários são impressas
na projeção de Mercator.

Figura 6.2.7 - Mapa de fusos horários

102
Cículos Máximos e Linhas de Rumo

A linha mais curta entre dois pontos dados na superfície de uma esfera é o menor arco do
círculo máximo que os une. Na esfera define-se como a ortodrômica entre estes pontos. Se for
considerado o esferóide, a linha mais curta é definida pela linha geodésica entre os dois pontos,
que é a linha mais curta em uma superfície curva qualquer. Entetanto é possível considerar a
superfície terrestre como uma esfera e esta aproximação ser suficientemente precisa para uma
grande quantidade de aplicações.
Uma linha de rumos ou uma loxodrômica, é a linaha que corta os meridianos segundo
um azimute constante. Assim, será sempre possivel de qualquer ponto da superfície terrestre
chegar até o polo, apenas percorrendo esta linha. A navegação entre dois pontos utilizando a
loxodrômica não necessita de correção de direção.
A única projeção que apresenta uma loxodrômica como uma linha reta é a projeção de
Mercator, enquanto que a única que apresenta as ortodrômicas como retas é a projeção
gnomônica. Porém, o que é representado como reta em uma não o é na outra, colocando-se uma
opção para se determinar uma navegação entre dois pontos, se pela ortodrômica ou pela
loxodrômica. Evidente que cada uma delas possue suas vantagens características.

o
Máxim
Círculo

Rumo
Linha de

Figura 6.2.8 - Linha de rumo e círculo máximo na projeção de Mercator

A solução do problema é estabelecida por uma seleção de pontos ao longo do curso de


navegação de uma ortodrômica, definindo-se a orientação pela loxodrômica entre este pontos
intermediários. Assim parte da navegação será desenvolvida pela ortodrômica e parte pela
loxodrômica.

103
Figura 6.2.9 - Solução para navegação em um círculo máximo

6.2.2 - Projeção de Mercator Transversa


Características Gerais
Os meridianos e paralelos são curvas complexas, exceção ao Equador, ao meridiano
central e cada meridiano afastado de 90, que são retas,.
A forma esférica é conforme e o erro da escala é apenas função de distância do meridiano
central, como é função da distância do Equador na projeção de Mercator regular. O esquema da
projeção de Mercator funciona como esquema de distorção de escala aplicada a projeção
transversa.
A forma elipsóidica é também conforme mas a escala é afetada por outros fatores além da
distância do meridiano central.
A escala ao longo do meridiano central é tomada como verdadeira ou ligeiramente
menor, para que todo o mapa fique como uma escala média. Dessa forma o cilindro será secante
à Terra, criando-se duas linhas de escala verdadeira.

Utilização
- Mapeamentos Topográficos;

104
- Base para a projeção UTM (Universal Transversa de Mercator).

desenhos
Figura 6.2.10 - Mercator transversa

Figura 6.2.11 - Aparência da projeção

6.2.3 - Projeção Oblíqua de Mercator

Características Gerais
É uma projeção semelhante à projeção regular de Mercator, onde o cilindro é tangente a
um círculo máximo que não o Equador ou um meridiano.

105
Figura 6.2.12 - Aparência da projeção obliqua de Mercator
O mapa da oblíqua de Mercator lembra a projeção regular com as massas continentais
rotacionadas para os polos. Duas linhas a 90 do grande círculo escolhido como centro de
projeção estão no infinito.
Normalmente é utilizada para mostrar a região próxima à linha central. Sob essas
condições parece similar aos mapas da mesma área em outras regiões, à exceção das medidas de
escala, que mostrarão diferenças.

Utilização
- Foi a projeção mais capaz de projetar imagens de satélite no sistema Landsat (HOM -
Hotime Oblique Mercator).
- Serviu de para a elaboração da projeção SOM (Space Oblique Mercator).
- Mapeamento de regiões que se estendem em uma direção oblíqua (Alaska,
Madagascar).
- Base para a projeção SOM (Space Oblique Mercator).

6.2.4 - Projeção Cilíndrica Equivalente de Lambert

Resumo e Características
- É uma projeção cilíndrica, equivalente e equatorial;
- A escala sobre o Equador é verdadeira;
- Os paralelos são representados com o mesmo comprimento do Equador;

106
- A escala sobre os meridianos é reduzida na proporção inversa do aumento sobre os
paralelos h= cos ;
1
- A ampliação da escala nos paralelos é proporcional a sec  h = sec  ( cos );

- O espaçamento dos paralelos diminui à medida que se aproxima dos polos, indicando
uma redução de escala;
- À proporção que a latitude aumenta a escala sobre os paralelos vai sendo
progressivamente exagerada, ao mesmo tempo vai diminuindo sobre os meridianos na proporção
inversa;
- Grande distorção nas altas latitudes devido a desigualdade entre a escala nos meridianos
e nos paralelos.

Aplicações
- Apropriada para cartas equivalentes em baixas latitudes;

- Mapas mundiais de baixas latitudes.


Figura 6.2.14 - Projeção equivalente de Lambert

Figura 6.2.14 - Projeção cilíndrica equidistante

6.3 - PROJEÇÕES CÔNICAS

107
Enquanto as projeções cilíndricas são usadas para representar mapas mundiais, ou uma
faixa estreita ao longo do Equador, meridiano ou círculo máximo, as projeções cônicas são
utilizadas para mostrar uma região que se estenda de este para oeste em zonas temperadas.

Figura 6.3.1 - Aspectos das projeções cônicas


A superfície de projeção agora é definida pela superfície de um cone, que pode ser
tangente ou secante à superfície terrestre, sendo então planificada. Apresenta-se igualmente em
três aspectos: equatorial, transverso e obliquo.

Figura 6.3.2 - Desenvolvimento cônico


As projeções cônicas normais distinguem-se pelo
uso de arcos de círculos concêntricos para a
representação dos paralelos e raios desses círculos,
igualmente espaçados, para representar os
meridianos. Os ângulos entre os meridianos são
menores que a diferença real em longitude.

Os arcos circulares podem ou não ser igualmente espaçados, dependendo das


características da projecão. Figura 6.3.3.- Aspecto geral da projeção A projeção policônica
tem características diferentes.

108
O nome cônica origina-se do fato das projeções mais elementares serem derivadas de um
cone colocado no topo do globo. O eixo do cone coincidindo com o eixo terrestre e seu lado
tangente ao globo, descrevendo um paralelo padrão, onde a escala é real e sem distorções.
Os meridianos são traçados no cone do vértice para os pontos do meridiano
correspondente no globo, através do paralelo padrão.

Figura 6.3.4 - Características projetivas


Os demais paralelos são traçados como arcos centrados no vértice do cone, de forma
dependente da projeção, que irá definir o espaçamento.
Se o cone é cortado ao longo de um meridiano e desenvolvido, resulta em uma projeção
cônica.
Um cone secante ao globo, o corta segundo dois paralelos padrões onde a escala principal
é preservada.

ta
exa
s cala
E

ata
ex
la
s ca
E

Figura 6.3.5 - Projeção cônica com cone secante

Os meridianos e paralelos podem ser definidos como descrito para o caso tangente, mas
os relacionamentos são diferentes, dependendo da projeção.
As projeções cônicas a serem analisadas são as seguintes:
- Projeção Equivalente de Albers;
- Projeção Cônica Conforme de Lambert;
109
- Projeção Policônica.

6.3.1 - Projeção Equivalente de Albers

Características e Utilização
Tem arcos concêntricos de círculos para os paralelos e raios igualmente espaçados para
os meridianos.
Os paralelos não são igualmente espaçados, sendo o espaçamento maior próximo ao
paralelo padrão e diminuindo próximo às bordas norte e sul.
O polo não é o centro dos círculos, mas também um arco de círculo.
Os paralelos padrões devem ser tomados de forma a minimizarem a distorçao em uma
determinada região.

Figura 6.3.6 - Aparência da projeção cônica equivalente de Albers


Resumo
- Cônica;
- Equivalente;
- Os Paralelos são arcos de círculos concêntricos desigualmente espaçados. Estão mais
aproximados nas bordas norte e sul do mapa, pois o cone é secante;
- Os meridianos são raios de um mesmo círculo cortando os paralelos ortogonalmente;
- Não há distorção ao longo do paralelo padrão (tangência) ou dos paralelos padrões
(secância);
- Os polos são arcos de círculo;
- Utilizada para mapas equivalentes de regiões que se estendem no sentido leste-oeste.

6.3.2 - Projeção Cônica Conforme de Lambert

110
Características Gerais
Alguns dos comentários feitos para a projeção de Albers em relação à aparência são
idênticos, como por exemplo a aparência do espaçamento dos paralelos.
A seleção de paralelos padrões, também deve se ater à região que se deseja mapear.
É uma projeção conforme, porém em altas latitudes, a propriedade não é válida, devido às
grandes deformações introduzidas.
As linhas retas entre pontos próximos aproximam-se de arcos de círculos máximos.
A escala, reduzida entre os paralelos padrões, é ampliada exteriormente a eles. Isto
aplica-se às escalas ao longo dos meridianos, paralelos ou qualquer outra direção, uma vez que é
igual em um ponto dado.

Figura 6.3.7 - Aparência da projeção cônica conforme de Lambert

Utilização
- Aplicação em regiões com pequena diferença de latitude (um paralelo padrão).
Manutenção das formas das áreas e precisão de escala satisfatória. Mapeamento de utilização
geral.
Com dois paralelos padrões tem ampla aplicação:
- pela Organização Internacional da Aviação Civil (OIAC): Cartas Aeronáuticas na escala
de
1:1.000.000;
- estudo de fenômenos meteorológicos (Organização Mundial de Meteorologia);
- cartas sinóticas;
- Atlas;
- Carta Internacional do Mundo na escala 1:1.000.000.

111
Resumo
- Cônica;
- Conforme;
- Os paralelos são desigualmente espaçados, mais próximos entre si perto do centro de
projeção;
- Os meridianos são raios igualmente espaçados cortando os paralelos ortogonalmente;
- A escala é real ao longo de um ou dois paralelos padrões;
- O polo no mesmo hemisfério é um ponto;
- É utilizada para mapeamento de regiões que se estendem no sentido leste-oeste.

6.3.3 - Projeção Policônica

Características Gerais
Utiliza como superfície intermediária de projeção diversos cones tangentes em vez de
apenas um.
No caso normal os eixos dos cones são coincidentes con o eixo terrestre. Os cones
tangenciam a superfície a representar em seus paralelos, de modo que a cada um corresponda um
cone tangente. Em consequência, na projeção, cada paralelo será desenvolvido separadamente,
por meio do cone que lhe é tangente, e representado por um arco de círculo.

Figura 6.3.8 - Esquema de desenvolvimento

Os arcos de círculo que representam os paralelos, não são concêntricos, por que cada um
terá como centro o vértice do cone que deu origem. Estes centros estão todos sobre o mesmo
segmento de reta, pois os eixos dos cones são coincidentes, no prolongamento do meridiano
central.
O meridiano central é uma reta ortogonal ao Equador, que também é uma reta.

112
Os demais meridanos são curvas complexas calculadas e plotadas para cada posição de
cone tengente, sendo o resultado da união desses pontos.

Figura 6.3.9 - Projeção policônica

Utilização
- Mapas topográficos de grandes áreas e pequena escala;
- Cartas gerais de regiões não muito extensas;
- Levantamentos hidrográficos;
- Mapa Internacional do Mundo através da projeção policônica modificada - substituído
usualmente pela cônica conforme de Lambert.

Resumo
- Não é nem conforme nem equivalente;
- Os paralelos, exceto o Equador, são arcos de círculos mas não concêntricos;
- O meridiano central e o Equador são retas. Os demais meridianos são curvas complexas;
- A escala é real ao longo de cada paralelo e ao longo do meridiano central, mas não
existe um paralelo padrão;
- Distorção nula apenas ao longo do meridiano central.

6.4 - PROJEÇÕES CONVENCIONAIS E ESPECIAIS

6.4.1 - Projeção SOM (Space Oblique Mercator)

113
Com o lançamento dos satélites de sensoreamento remoto pela NASA em 1972, surgiu
uma nova era de mapeamento. a partir de uma base contínua no espaço.
A série ERTS, rebatizada como Landsat, hoje já no número 7, levou ao estabelecimento
de um projeto que permitisse ema relação direta entre o imageamento e uma representação
cartográfica.
Um mapeamento contínuo requer uma nova projeção. Inicialmente tentou-se a projeção
oblíqua de Mercator, mas que revelou-se não satisfatória porque a Terra tem um movimento de
rotação simultâneo com o movimento do satélite, que é praticamente ortogonal ao Equador,
fazendo com que a órbita projetada na Terra, conjugando esses movimentos seja uma linha
curva.
Verifica-se também que as projeções oblíquas sobre o elipsóide são válidas apenas para
uma pequena área no entorno da parte central, e não para uma faixa contínua.

Características e Utilização
A projeção SOM visualmente difere da Oblíqua de Mercator no fato da linha central da
projeção, órbita do satélite projetada na Terra, de ser ligeiramente curva. Para o sistema Landsat,
esta órbita aparece como uma curva senóidica, cruzando o eixo dos x em um ângulo de
aproximadamente 8.
As linhas de imageamento, perpendiculares à órbita no espaço estão ligeiramente
inclinadas em relação à órbita projetada, quando plotada na esfera ou elipsóide.
Devido à rotação da terrestre, as linhas de imageamento interceptam a órbita na Terra a
86 próximo ao Equador e 90 próximo aos pólos.
A órbita do Landsat intercepta o plano do Equador com uma inclinação de 99. Assim a
órbita projetada alcança limites de  81 de latitude.
A cobertura de imageamento é de 185 Km, 0,83 em ambos os lados da linha projetada,
permitindo a cobertura terrestre nas latitudes  82, no curso de 233 revoluções.
Com uma altitude nominal em torno de 700 Km, em 16 dias o satélite executa uma
cobertura total da Terra.
A SOM não é uma projeção perfeitamente conforme, porém os erros são negligenciáveis.
É uma projeção que apesar de ter sido desenvolvida para aplicação nos satélites da série
LANDSAT, é aplicada a qualquer satélite imageador, apenas com modificações dos parâmetros
de cálculo.

114
Figura 6.4.1 - Duas órbitas na SOM para o sitema Landsat

Linhas de varredura
Limite de varredura
Órbita terrestre

Figura 6.4.2 - Projeção SOM limites de aplicação

6.4.2 - Projeção Sinusoidal


Características e Utilização
É uma projeção pseudo-cilíndrica, com simplicidade de construção, seja gráfica ou
matematicamente.
É equivalente, as áreas são mostradas corretamente, sem distorções ao longo do Equador
e meridiano central. Tornam-se pronunciadas próximo a outros meridianos e próximo às regiões
polares.
Devido a estas distorções foi desenvolvida uma outra projeção interrompida por Goode
(Projeção de Goode), que pode ser traçada para mostrar os continentes ou os oceanos, apenas por
mudanças dos meridianos centrais.

115
É normalmente usada na forma esférica adequada para escalas pequenas, principalmente
América do Sul e África.
Os paralelos são retas e os meridianos são curvas senoidais.

Figura 6.4.3 - Projeções Sinusoidais contínua e interrompida

6.4.3 - Projeção de Van der Gritten


Características e Utilização
- Não é conforme nem equivalente;
- Mostra o globo em um círculo;
- O meridiano central e o Equador são retas;
- Todos os meridianos são arcos de círculos;
- É uma modificação da projeção de Mercator com distorções menores na área dos pólos;
- A escala no Equador é real;
- É utilizada apenas na forma esférica e para mapas mundi.

Figura 6.4.4 - Projeção de Van der Giten

116
6.4.4 - Projeção de Mollweide (homolográfica)

É uma projeção equivalente apropriada para a representação de toda a Terra.


O meridiano central, o Equador e os paralelos são retas. Os meridianos de +- 90 ao eixo
do meridiano central são arcos de círculo. Todos os demais são elipses.
Não possui uma escala própria aplicável a toda a projeção. Cada paralelo e meridiano
possui uma escala particular, sendo que, no caso dos meridianos, varia com a latitude,
aumentando progressivamente a partir do meridiano central, tornando-se exagerada sobre as
elipses exteriores ao círculo.
Quanto a representação da forma, longe do centro de projeção, onde as interseções são
dos paralelos e meridianos são oblíquos, são bem alterados.
Na representação de todo o globo esta desvantagem é superada.
empregada em mapas gerais (estudos geográficos), para mostrar a distribuição espacial
dos fenômenos geográficos (densidade, religião, roças, etc) ou para mostrar posição relativa de
diferentes partes do globo.

Figura 6.4.5 - Projeção de Mollweide

6.4.5 - Projeção de Aitoff

Derivada da projeção azimutal equivalente de um hemisfério. Tem um aspecto


semelhante à projeção de Mollweide. Em ambos a esfera é representada por uma elipse com o
eixo maior 2 vezes maior que o menor.
Na projeção de Aitoff os paralelos são curvas e em consequência a interseção com os
paralelos são menos oblíquos, e em consequência nas partes mais afastadas do centro do mapa a
forma das áreas é melhor representada.
As distorções são ainda bastante acentuadas.
117
Tem as mesmas aplicações da projeção de Mollweide.

Figura 6.4.6 - Projeção de Aitoff

6.4.6 - Outras Projeções

A quantidade de projeções que existem podem ser listadas na ordem de centenas, cada
uma delas possuindo propriedades e características bem próprias ou apenas desenvolvidas para
mostrar uma ou outra característica da superfície da Terra.
A fiagura 6.4.7 mostra a projeção interrompida de Goode, a qual mostra a área dos
continentes com uma menor distorção. Existe uma translação de meridianos, para apresentar esta
mesma projeção com as distorções menores na área oceânica.

Figura 6.4.7 - Projeção de Goode

118
Figura 6.4.8 - Outras projeções contínuas

Figura 6.4.9 - Projeção Eckert IV e “Armadillo”

Figura 6.4.10 - Planificação da Terra em um cubo

119
Figura 6.4.11 - Projeções interrompidas
6.5 - PROJEÇÃO UTM - O SISTEMA UTM

6.5.1 - Introdução

Ao fim do século XVIII, tendo por fim o levantamento do território de Hannover, Gauss
estabeleceu um sistema de projeção conforme para a representação do elipsóide: Gauss
Hannovershe Projektion.
Esta projeção tinha as seguintes características:
- cilindro tangente a Terra;
- cilindro transverso, tangente ao meridiano de Hannover.

120
Me ridiano de Ha nnover
Figura 6.5.1 - Projeção Transversa de Mercator com cilindro tangente ao meridiano de
Hannover
Aproveitando os estudos de Gauss, outro geodesista alemão, Krüger, definiu um sistema
projetivo, no qual o cilindro era rotacionada, aproveitando-se fusos de 3 de amplitude, ficando
este sistema conhecido pelo nome de Gauss-Kruger.

Figura 6.5.2 - Modificação de Krüger: cilindro tangente e fusos de 3o


Após a 1a Grande Guerra Mundial (1914-1918), as exigências militares fazem com que as
projeções conformes sejam largamente empregadas na confecção de cartas topográficas.
Um outro geodesista, francês, chamado Tardi, introduz novas modificações ao sistema de
Gauss, criando o sistema Gauss-Tardi.
Este passa a ser aplicado a fusos de 6 de amplitude, idênticos à da carta do mundo ao
milionésimo, e os meridianos centrais são múltiplos de 6 (36, 42 ...). O cilindro passa a ser
secante, criando-se duas linhas de distorção nula.

Figura 6.5.3 - Modificação de Tardi: cilindro secante e fusos de 6o


Este sistema foi proposto pela UGGI em 1935 como um sistema universal, numa
tentativa de unificação dos trabalhos cartográficos.
O antigo Serviço Geográfico do Exército (SGE), em 1932 adotou o sistema Gauss-
Krüger, em fusos de 3 (1,5 para cada lado do meridiano central).

121
Em 1943 o SGE adotou o sistema de Gauss-Tardi. Os meridianos centrais são múltiplos
de 6 , não coincidindo com a carta ao milionésimo.
Em 1951 a UGGI (União Geodésica e Geofísica Internacional) recomendou o emprego
em sentido mais amplo para o mundo inteiro, o sistema UTM (Universal Transversa de
Mercator), o qual foi adotado a partir de 1955 pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército.

6.5.2 - Especificações
Serão apresentadas aqui as especificações de todos os sistemas (G. Kruger, Tardi e
UTM), devido ao fato de ainda existirem em circulação cartas que foram impressas nesses
sistemas. Isto pode confundir o leigo, uma vez que as coordenadas desses sistemas não são
compatíveis. Mesmo tratando-se de sistemas teoricamente semelhantes, são diferentes em
conteúdo.

2.1 Sistema Gauss-Krüger - (Gauss 3)


-Projeção conforme de Gauss;
- Decomposição em fusos de 3 de amplitude;
- Meridiano central múltiplo de 1 30’;
- Cilindro tangente no meridiano central;
Central

+y

x- x+
y+ y+

-x +x
Equado
r

x- x+
-y y-
y-

3o

- Ko coeficiente de escala (fator de escala) = 1 no meridiano


central;
- Existe ampliação para as bordas do fuso;
- Constante do Equador - 0;
- Constante do meridiano central = 0;
- Coordenadas planas:
122
x - abcissa sobre o meridiano;
y - ordenada sobre o Equador;
(Inversão do sistema matemático)
Desenho
É um sistema de aplicação mais local. Inspirou a criação dos
Figura 6.5.4 - Sistema Gauss 3 sistemas LTM (Local Transversa de Mercator).

2.2 Sistema Gauss-Tardi - (Gauss 6)

- Projeção conforme de Gauss, cilíndrica, transversa e secante;


- Fusos de 6 de amplitude (3 para cada lado);
- Meridiano central múltiplo de 6. Para o caso brasileiro, os MC são: 36, 42, 48, 54,
60, 66 e 72;
O fator de escala (coeficiente de redução de escala) ho = 0,999333...
Figura 6.5.5 - Cilindro secante e fusos de 6o

Existe portanto um miolo de redução, até a região de secância, aonde h = 1.0. Até as
bordas do fuso haverá ampliação;

123
Meridiano
Central
- Origem dos sistemas parciais no cruzamento
500
km central, acrescidas as constantes:

x>0 x>0
y < 500 y > 500
km km Equado
r
5000
x > 5000 x > 5000 Kmkm
km
y < 500 km
y > 500
km km

6o

Sistema Gauss-Tardi
(Gauss 6)
5.000 km para o Equador,
500 km para o meridiano central;
- Estas constantes visam não existir coordenadas negativas o que aconteceria com o
sistema Gauss-Krüger;
- Existência de uma zona de superposição de 30' além do fuso. Os pontos situados até o
limite da zona de superposição são colocados nos dois fusos (próprio e subsequente), para
facilitar trabalhos de campo.

Figura 6.5.6 - Sistema Gauss 6

2.3. - Sistema UTM

O sistema UTM foi adotado pelo Brasil, em 1955, passando a ser utilizado pela DSG e
IBGE para o mapeamneto sistemático do país.

124
Gradativamente foi o sistema adotado para o mapeamento topográfico de qualquer
região, sendo hoje utilizado ostensivamente em
quaisquer tipo de levantamento.

- Utiliza a projeção conforme de Gauss como um sistema Tardi;


- O cilindro é secante, com fusos de 6, 3 para cada lado;
- Os limites dos fusos coincidem com os limites da carta do mundo ao milionésimo;
- Os fusos de 6 são numerados a partir do antimeridiano de Greenwich, de 1 até 60, de
oeste
Figura 6.5.7 - Divisão dos fusos do Brasil
para leste (esquerda para a direita, desta forma coincidindo com a carta do mundo; pela figura
6.5.7 pode ser verificado a divisão do país em fusos.

A tabela abaixo, mostra o número de fusos, seu meridiano central e os meridianos


extremos dos fusos brasileiros
Fusos Meridiano Central Meridianos Limites
18 -75o -78o
-72o
19 -69o -72o
-66o
20 -63o -66o
-60o
21 -57o -60o
-54o
22 -51o -54o
-48o
23 -45o -48o
-42o
24 -39o -42o
-36o
25 -33o -36o
-30o

125
- Para evitar cooredenadas negativas, são acrescidas as seguintes constantes:
- 10.000.000 m para o Equador,
- 500.000 m para o meridano central.
Obs.: A constante de 10.000.000 refere-se apenas ao hemisfério sul.

- O coeficiente de redução de escala (fator de escala) no meridano central é h0 = 0,9996

O cilindro sofre uma redução, tornando-se secante ao globo terrestre, logo, o raio do
cilindro é menor do que a esfera modelo.
A vantagem da secância é o estabelecimento de duas linhas de distorção nula, nos pontos
de secância, ou seja, h = 1.0.
Estas linhas estão situadas a aproximadamente 180 km a leste e a oeste do meridiano
central do fuso. Pelo valor arbitrado ao meridiano central, as coordenadas da linha de distorção
nula estão situadas em 320.000 m e 680.000 m aproximadamente.
A figura 6.5.8b mostra a representação esquemática da variação da distorção na projeção.
A partir do meridiano central, existe um núcleo de redução, que aumenta de 0,9996 até 10,
quando encontra a linha de secância. A partir da linha de secância, até a extremidade do fuso
existe uma aompliação, até o valor de h = 1,0010.

126
Figura 6.5.8 a - Região de secância b - áreas de ampliação e redução
A tabela 2 mostra o fator de escala ao longo das coordenadas este.

Deve ser observado, que o limite de fuso deve sempre ser preservado. A ampliação cresce
de tal forma após a transposição de fusos, que não respeitar o limite traz distorções
cartograficamente inadmissíveis.
A simbologia adotada para as coordenadas UTM é a seguinte:
N - coordenada ao longo do eixo N-S,
E - coordenada ao longo do eixo L-O.
Meridiano
Central

500 km

N> 0 N> 0
N<500km E>500 km
Equador
10 0000km
N>10000 km N >10000 km
km
E < 500 km E > 500 km

6o

Sistema UTM

127
As coordenadas são dimensionadas em metros, sendo normalmente definidas até mm,
para coordenadas de precisão.
As coordenadas E variam de aproximadamente 150.000 m a 850.000 m, passando pelo
valor de 500.000 m, no meridiano central.
As coordenadas N, acima do Equador são caracterizadas por serem maiores do que zero e
crescem na direção norte.
Abaixo do Equador, que tem um valor de 10.000.000 m, são decrescentes na direção sul.

Um ponto qualquer P, será definido pelo par de coordenadas UTM E e N de forma P


(E;N).
Exemplo
Figura 6.5.9 - Sistema UTM - P1 (640 831,33 m; 323, 285 m)
É um ponto situado à direita do meridiano central e no hemisfério norte.
- P2 (640 831,33 m; 9 999 676, 615 m)
É um ponto simétrico do ponto anterior em relação ao Equador.
- P3 (359 168,67 m; 9 999 676, 715 m)
É um ponto simétrico em relação ao anterior, em relação ao meridiano central.

A E'A
E'
EA = 500 000 - E'A B
B
E B = E'B + 500 000
NA = N'A
N B = N'B

E
N'C N'D
E' ND = 10 000 000 - N'D
NA = 10 000 000 - N' D
A
E'
E D = E'D + 500 000
C
D
C
E C = 500 000 - E'C

Figura 6.5.10 - Esquema de representação das coordenadas UTM


É importante observar que cada fuso será responsável por um conjunto igual de
coordenadas, ou seja, o que irá diferenciar o posicionamento de um ponto, será a indicação do
meridiano central ou do fuso que contém o ponto ou conjunto de pontos.
Pelo esquema apresentado na figura 6.5.10 , pode-se verificar que as coordenadas, não
têm os valores das constantes do Equador e do meridiano central. Estas constantes são
adicionadas para evitar coordenadas negativas.

128
- O sistema UTM é utilizado entre as latitudes de 84 e - 80. As regiões polares são
complementadas pelo UPS (Universal Polar Estereographic).

3. Transformação de Coordenadas

A trasnformação de coordenadas da projeção UTM para o elipsóide e vice-versa, foge do


objetivo deste curso. No entanto, deve ser salientado algumas recomendações para não se cair
em erros que possam colocar a perder todo um trabalho que porventura esteja sendo realizado.
A latitude e longitude de cartas topográficas em projeção UTM, estarão sempre referidas
a um elipsóide de revolução. São portanto latitudes e longitudes geodésicas e não geográficas
(referidas à esfera).
Até 1977, o sistema cartográfico brasileiro utilizava o elipsóide de internaconal de
Hayford, sendo o datum (origem) do sistema Córrego Alegre. A partir de 1977 todo o sistema foi
modificado, passando-se a utilizar o SAD - 69 (South American Datum) composto do elipsóide
de Referência de 67 e o datum CHUÁ.
Os dados rekativos aos dois elipsóides são mostrados abaixo:

Hayford: a = 6 378 388 m


f = 1 / 297

Referência de 67 a = 6 378 160 m


f = 1 / 298,25

Cartas mais antigas podem mostrar não só sistemas de projeção diferentes (Gauss-
Krüger, Gauss-Tardi) como também estarem relacionando outros data e elipsóides.
Deve-se ter a atenção ao se retirar coordenadas de cartas antigas.
A transformação de coordenadas pode ser efetuada por cálculo manual, utilizando-se
tabelas e manuais de transformação desenvolvidos pela DSG e IBGE, ou através de rápido
cálculo em calculadora de bolso ou programas de computadores.
Tais programas são capazes de calcular também a convergência meridiana e coeficiente
de redução de escala para o ponto considerado.

7 - A CARTOGRAFIA BÁSICA

129
7.1 - SISTEMA CARTOGRÁFICO NACIONAL

O Sistema Cartográfico Nacional, não abrange apenas a questão do mapeamento do


território brasileiro. Existem diversos outros fatores que são considerados, definindo entidades
encarregadas, áreas de atuação, levantamentos específicos, normas e especificações técnicas para
cada tipo de trabalho a ser desenvolvido.
Fundamentalmente, o Sistema Brasileiro deve ser cumprido através de metas que são
estabelecidas quinquenalmente, e divididos por ano de trabalho. Dispõe o país dos seguintes
órgãos de base:
- FIBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
- DSG - Diretoria do Serviço Geográfico (Exército);
- DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação (Marinha);
- ICA - Instituto de Cartografia Aeronáutica (Aeronáutica).

Ao IBGE compete o mapeamento do território nacional a pequena escala, confecção de


mapas gerais, Atlas e a elaboração do apoio básico fundamental (planimétrico e altimétrico).
Trabalha também com Cartografia Temática e apóia a Cartografia sistemática do país.
À DSG, além de atender às necessidades específicas do Exército, o apoio a Cartografia
sistemática do país e à Cartografia de Base (apoio fundamental) quando necessário.
À DHN compete o mapeamento náutico (hidrográfico), inclusive para o apoio à
navegação internacional.
Ao ICA compete o mapeamento aeronáutico específico do país.
Diversos outros órgãos governamentais possuem núcleos mais ou menos desenvolvidos,
para seus trabalhos temáticos, como a CPRM, DNPM, EMBRAPA. Contam-se também os
órgãos estaduais e municipais, que atuam em suas unidades de governo.

7.1.1 - Mapeamento Sistemático

O mapeamento sistemático topográfico do Brasil compreende as seguintes escalas:


1/1.000.000, 1/500.000, 1/250.000, 1/100.000, 1/50.000 e 1/25.000.
Mapeamentos em escala maior são considerados cadastrais e as suas escalas normais
variam de 1/10.000 até 1/2.000.
O Brasil é, portanto, mapeado nas escalas das cartas do mapeamento sistemático. A
divisão em folhas e as projeções das cartas são as seguintes:

130
Escala Folhas Existentes Projeção
1/1.000.000 46 Cônica conforme de Lambert
(Carta ao milionésimo)
1/500.000 154 idem
1/250.000 556 UTM
1/100.000 3049 idem
1/50.000 11928 idem
1/25.000 47712 idem

7.2.2 - Índices de Nomenclatura

O índice de nomenclatura é definido para auxiliar a localização de uma folha de carta no


conjunto do território mapeado.
Existem diversas formas de localização, tal como o GEOREF, que foi criado visando ser
um índice padronizado para o mundo todo. Tem vantagens de ser aplicado a qualquer tipo de
projeção adotada e é o índice mais simples de manuseio.

a - GEOREF (Sistema Geográfico de Referência Internacional)

Consiste na divisão inicial do globo terrestre em quadrângulos de 15 de latitude por 15
de longitude. Esta divisão não é relacionada com nenhuma projeção específica.
Nota-se de A até Z, a partir do antimeridiano de Greenwich excluindo-se as letras I e O
para leste. A partir do Sul, nota-se com as letras A até M, excluindo-se o I. Ver figura 7.1.1.
A referência sempre será o canto inferior esquerdo da folha, sendo a primeira letra a
correspondente à longitude. Desta forma são dadas as duas primeiras letras do índice, por
exemplo: KE.
Cada quadrícula de 15 é agora enquadrada dentro de uma projeção qualquer, que melhor
caracterize o objetivo do mapeamento.

131
S is te ma de Enquadrame nto Mundial - GEOREF KE

Figura 7.1.1 - Enquadramento mundial do GEOREF


Novamente o quadrângulo é dividido em quadrângulos, agora de 1 de latitude por 1 de
longitude. cada quadrângulo é notado da mesma maneira que a divisão anterior, Sul-Norte, de A
até Q, e de de Este-Oeste, também de A até Q, excluidos o I e o O.

EJ

o o
GEOREF - Qua drâ ngulo de 15ode 1 x 1

Figura 7.1.2 - Enquadramento de um quadrângulo de 15o


Figura 7.1.3 - Divisão do quadrângulo de 1o x 1o em quadrângulos de 1’x 1’

51 1' x 1'
o
1
43

o
1
Soma-se ao índice as duas letras que identificam o canto inferior esquerdo do
quadrângulo.
132
Por exemplo, EJ, ficando o índice KEEJ
Cada quadrícula de 1 por 1 é dividida em minutos, ou seja 60 x 60, tendo-se portanto
3.600 quadrículas.
A contagem é realizada pelo número de minutos que do limite esquerdo e do limite
inferior, em qualquer hemisfério e em qualquer posição em relação à Greenwich. Exemplo:
KEEJ4351

b - Identicação das Cartas Brasileiras


As cartas brasileiras podem ser identificadas por três elementos:
- nome;
- número do mapa índice;
- índice de nomenclatura.

- Nome
O nome da folha é uma designação através de um indicativo claro, geográfico, de algum
aspecto físico ou humano que se desenvolva na região cartografada.
Não é a melhor forma de identificar uma folha, pois não fornece nenhum indicativo
posicional ou de localização de escala, podendo inclusive existir duplicação de nomes em
diferentes e até mesmo em escalas idênticas.

- Número do Mapa Índice


O número do mapa índice, refere-se ao número indicativo da folha, correspondente à
divisão do Brasil em folhas da carta 1/100.000.
As cartas são numeradas de Oeste para Leste. e de Norte até o Sul, de 1 até 3036
inclusive.
A numeração das cartas 1/100.000 é pura, por exemplo, a folha MI número 2436 equivale
a uma folha da carta 1/100.000.
A numeração MI é estendida para as folhas 1/50.000 e
1/25.000.
1 2

3 4

133
A numeração das folhas 1/50.000 é dada pela divisão da carta 1/100.000 em 4, sendo
numeradas da esquerda para a direita, de cima para baixo, com os dígitos 1, 2, 3 e 4.
Figura 7.1.4 - Divisão da folha 1/100 000.
A numeração é então definida pelo número MI da folha 1/100.000, seguido pelo
dígito após um hífen, do número correspondente à posição da folha 1/50.000 na divisão da folha
1/100.000.
A numeração das folhas 1/25.000 é semelhante. A folha 1/50.000 é também dividida em
4. sendo notada as folhas em NO, NE, SO e SE, conforme a sua posição seja superior esquerda,
superior direita, inferior esquerda ou inferior direita.
Figura 7.1.5 - Divisão da folha 1/50 000

NO NE

SO SE

O número MI então, de uma folha 1/25.000 será dada pela composição do número MI da
folha 1/100.000, acrescida do dígito da folha 1/50.000 e acrescido das letras da folha 1/25.000.
Exemplo: Fl 1416-3-NE
Apesar de ser uma notação unívoca, o número de mapa índice não possui indicativo
posicional, uma vez que tem que se dispor do mapa índice para se poder localizar a folha.
Por outro lado, as folhas acima da escala 1/100.000 não dispõem de uma numeração que
permita estabelecer uma relação.

- Índice de Nomenclatura

O índice de nomenclatura supre todas as deficiências apresentadas anteriormente:


- goza de unicidade;
- atende todas as escalas do mapeamento sistemático, podendo ser estendido ao
mapeamento cadastral;
- possui características posicionais, ou seja, pelo próprio índice já se pode localizar a
folha dentro do território brasileiro.
Todo enquadramento de folhas de carta, é desenvolvido pela definição dos seus quatro
cantos, que são definidos em coordenadas geodésicas, latitude e longitude.
134
O canto 1 corresponde ao canto inferior esquerdo da folha; o canto 2 ao canto superior
esquerdo; o canto 3 ao canto superior e o canto 4 ao canto inferior direito. A figura 7.1. mostra
este esquema, que será sempre aplicado para quaisquer folhas do mapeamento sistemático, da
menor à maior escala.
 
2
2 2 3 3
3

1 
1 1

4 4 4
canto 1 = CIE ( canto inferior esquerdo)
canto 2 = CSE ( canto superior esquerdo)
canto 3 = CSD ( canto superior direito)
canto 4 = CID ( canto inferior direito)

Figura 7.1.6 - Posicionamento dos cantos de folhas

A base do índice é a divisão da carta do Mundo ao Milionésimo, ficando definido da


seguinte forma:

Escala 1/1.000.000

Divisão do mundo nas folhas de 6 de longitude por 4 de latitude.


A numeração dos fusos de 6 é determinada a partir do antimeridiano de Greenwich para
Leste, de 1 até 60.
Os fusos de interesse para o Brasil são os de número: 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25.

Fusos Limite Esquerdo Limite Direito


18 - 78 - 72
19 - 72 - 66
20 - 66 - 60
21 - 60 - 54
22 - 54 - 48
23 - 48 - 42
24 - 42 - 36
25 - 36 - 30

135
Em relação aos paralelos, cada faixa de 4 é notada acima e abaixo do Equador pelas
letras do alfabeto: A, B, C, D, E, F ...
Para a formação do índice, o hemisfério Norte é notado pela letra N e o hemisfério sul
pela letra S.
O índice é formado então pela união da letra que caracteriza o hemisfério, com a letra que
corresponde ao limite inferior da faixa e o número do fuso, correspondente ao limite esquerdo do
fuso considerado. Exemplo:

Figura 7.1.7 - Estrutura das folhas 1/ 1 000 000


o
6 A
o
0
o
A
-4
B
N ou S +Alfa de + Nr Fuso -8
o

o C
4 -12
o
D
o
-16 F 20 21 22 23 24 25
o o o o o o
S B 23 -60 -54 -48 -42 -36 -30

Es ca la 1/ 1 000 000

Escala 1/ 500 000


Na seqüência, a carta de 1/1.000.000 é dividida em 4 folhas da escala 1/500.000, ou seja,
cada folha agora terá 2 de latitude e 3 de longitude.
Cada folha é notada pelas letras V, X, Y e Z, da esquerda para a direita e de cima para
baixo.
O índice para a folha de 1/500.000 é formado pelo índice da folha de 1/1.000.000 que ela
pertence, seguido da letra da folha de 1/500.000. Exemplo:

o
6

V X
o
4

o
2 Y Z

o
3
Es ca la 1/ 500 000

Figura 7.1.8 - Enquadramento das folhas 1/ 500 000


SB 23 X

136
Correspondente a folha de canto inferior esquerdo  = -6  = -45

Escala 1/250.000

Cada folha de 1/500.000 é agora dividida em quatro folhas de 1/250.000, cada uma com
1 de latitude por 1 30' de longitude.

o
3

A B
o
2

o
1 C D

1 o 30'

Es cala 1/ 250 000

Figura 7.1.9 - Enquadramento das folhas 1/ 250 000


As quatro folhas advindas da divisão, são notadas pelas letras A, B, C e D, da esquerda
para a direita e de cima para baixo.
O índice da folha 1/250.000 é definido pelo índice da folha 1/500.000 a que pertence,
adicionanda a letra da folha 1/250.000 correspondente. Exemplo:
SB 23 XD
Para a folha de canto inferior esquerdo  = -6 e  = - 43 30'

Escala 1/100.000
Figura 7.1.10 - Enquadramento 1/ 100 000
1 30'

I II III
o
1

30' IV V VI

30'

Es cala 1/ 100 000

137
Na seqüência do mapeamento sistemático, cada folha é dividida em 6 folhas de
1/100.000, cada uma de 30' de latitude por 30' de longitude.
Cada folha de 1/100.000 é notada pelos algarismos romanos I, II, III, IV, V e VI, da
esquerda para a direita e de cima para baixo
O índice de nomenclatura de uma folha 1/100.000 é definido pelo índice da folha
1/250.000 que pertença a folha, seguido do algarismo romano da folha correspondente. Exemplo:
SB 23 X-D-II
Para a folha de canto inferior esquerdo dado pelas coordenadas  = -5 30',  = - 43

Escala 1/50.000
Cada folha de 1/100.000 é dividida em quatro folhas de 1/50.000, cada uma de 15' de
latitude por 15' de longitude.

30'

1 2
30'

15' 3 4

15'
Es cala 1/ 50 000

Figura 7.1.11 - Enquadramento 1/ 50 000


As quatro folhas são numeradas pelos números 1, 2, 3 e 4, da esquerda para a direita e de
cima para baixo.
O índice de nomenclatura de uma folha 1/50.000 é dado pelo índice da folha de
1/100.000 a qual ela pertença, acrescido do número da folha 1/50.000 em pauta. Exemplo:
SB 23 X-D-III-3
Para a folha de canto inferior esquerdo de coordenadas  = -5 30',  = - 43

Escala 1/25.000

É a última escala de mapeamento sistemático. Cada folha de 1/50.000 é dividida em


quatro folhas de 7' 30" de latitude por 7' 30" de longitude.

138
15'

NO NE
15'

7'30" SO SE

7'30"
Es ca la 1/ 25 000

Figura 7.1.12 - Enquadramento das folhas 1/ 25 000


As folhas são notadas pelas siglas NO, NE, SO e SE, pela sua posição relativa na divisão.
O índice de nomenclatura das folhas 1/25.000 é dado pelo índice de nomencaltura da
folha 1/50.000 que ela faz parte, acrescida pela sigla da folha correspondente. Exemplo:
SB 23-X-D-II-3-SE
Para a folha de canto inferior esquerdo dado pelas coordenadas  = -5 30';  = - 42 52'
30"

A figura 7.1.13 mostra o esquema de desdobramento de uma folha 1/ 1 000 000, até a
folha 1/ 50 000.
o
-43 30'
o
-8

o
-9

o
-10

o
-12
o o o
-48 -45 -42

Figura 7.1.13 - Desdobramento da folha 1/ 1 000 000 até 1/ 25 000

c - Manuseio do Índice de Nomenclatura

Visto que uma das vantagens do índice de nomenclatura é a sua característica posicional,
diversas aplicações podem ser definidas:

139
- dado um índice de nomenclatura, definir a escala e o enquadramento da folha em
coordenadas geodésicas.
- dada uma coordenada qualquer, enquadrá-la em uma folha segundo uma escala
qualquer;
- dada uma área, definida por suas coordenadas geodésicas, fazer o enquadramento das
folhas que compõem a área, segundo uma escala desejada;

- Dado um índice de nomenclatura, definir a escala e o enquadramento dos cantos da folha


Para este problema deseja-se, em linhas gerais, a partir de um índice de nomenclatura
conhecido, estabelecer a escala e as coordenadas dos cantos da folha.
A solução é dada pelas seguintes etapas:
- análise e definição de escala;
- enquadramento a partir da escala 1/1 000.000;
- decompor a folha ao milionésimo até chegar ao índice conhecido.

Exemplo:
Enquadrar a folha cujo índice é SD 21-Y-B-IV
Desenho
Enquadramento dentro da folha ao milionésimo:
Pela letra S já pode-se inferir que a folha está no hemisfério sul.
Meridianos limites:
A fórmula padrão para determinar a longitude dos limites da folha 1/1.000.000 é:
le = (6.f - 186)
ld = (6.f - 180)
onde f é o fuso da folha e le é a longitude do meridiano limite esquerdo e ld a longitude
do meridiano limite direito da folha
Para o fuso 21
le = - 60 e ld = - 54

Paralelos limites:
A formulação que permite a definição dos paralelos limites, inferior e superior
 inf = (Numeral da letra) x 4
 sup = (Numeral da letra - 1) x 4
Para a letra D, o numeral correspondente é 4 (A,B,C,D...1,2,3,4)

140
 inf = 4 x 4 = -16  sup = 3 x 4 = - 12
Observe-se que esta formulação é invertida para o hemisfério Norte

Através de um gráfico de decomposição, é fácil agora chegar ao enquadramento dentro da escala


do índice considerado:

O canto inferior é: CIE = - 15; CIE = -58 30' (1 , 1)


O enquadramento é dado pelos pares de coordenadas correspondentes aos quatro cantos
da folha:
 
Canto 1 (inf esq) - 15 - 58 30'
Canto 2 (sup esq) - 14 30' - 58 30'
Canto 3 (sup dir) - 14 30' - 58
Canto 4 (inf dir) - 15 - 58

- Dado um ponto por suas coordenadas, enquadra-lo em uma folha de carta de uma escala
dada.
O problema seguinte é definido por dada uma coordenada de um ponto qualquer e a
escala da carta, determinar o índice de nomenclatura da folha a qual o ponto pertença.
A solução é dada pelo enquadramento das coordenadas dentro da folha 1/1.000.000. A
partir daí definir o índice até chegar à folha na escala dada.
Exemplo
Estabelecer o índice de nomenclatura da folha, que comtem o ponto  = -13 22' 14" ; 
= -43 48' 42", na escala 1/50.000

a) Cálculo das longitudes limites em 1/1 000 000

 le = int (/6) x 6 - 6  ld = in (/6) x 6


 le = int ( - 43 / 6 ) x 6 - 6 = - 48
 ld = - 42

b) Cálculo da latitude

141
 inf = int (  / 4 ) x 4 - 4  sup = int (  / 4 ) x 4
 inf = int ( -13 / 4 ) x 4 - 4 = int ( - 3,25 ) x 4 - 4 = - 3 x 4 -4 = - 16
 sup = - 12

Pode-se agora enquadrar pelas coordenadas ou fazer o cálculo inverso do problema


anterior.

 le = 6 f - 186  f = ( le + 186) / 6
f = - 48 + 186 / 6 = 23

Enquadramento semelhante pode ser feito com a latitude, bastando dividir o paralelo
limite inferior por 4 e procurar a letra do número obtido.

Nu =  / 4 = 16 / 4 = 4 = A B C D

O enquadramento é de folha 1/1.000.000 SD 23


Partindo de folha, efetua a divisão sucessiva até chegar a folha na escala que contenha o
ponto desejado.

- Dada uma área por suas coordenadas limites, determinar o índice de nomenclatura das
folhas que fazem a sua cobertura.
Dada a escala que se deseja enquadrar e as coordenadas limites (normalmente canto
inferior esquerdo e canto superior direito), pode-se definir quais, quantas são e a nomenclatura
das folhas que compõem a área.

Exemplo

Enquadrar a área definida pelas coordenadas:


( - 20 38'; - 45 40') - limite inferior esq.
( - 19 23'; - 43 42') - limite superior direito, na escala 1/50.000 - número de folhas e o
IN das folhas.
1) Enquadrar os cantos na folha 1/1.000.000
CIE - paralelo - 20 - S E
Longitude - 48 
142
CSD - paralelo - 24 - 6 F

7.2 - A CARTA TOPOGRÁFICA


7.2.1 - Introdução
Pelos conceitos já definidos, as cartas das escalas de mapeamento sistemático são
divididas em folhas e cada folha representa a cobertura topográfica de uma área, sob a projeção
cartográfica escolhida para a representação terrestre.
No caso brasileiro, o mapeamento sistemático é constituído pelas escalas mostradas na
tabela 1, dividida em folhas, cuja área de cobertura é apresentada.
Tabela 1 – Cobertura do Mapeamento sistemático
Escala Projeção Dimensão Área Coberta
1/1.000.000 Cônica Conforme 6 x 4 290400 km2
1/500.000 Cônica Conforme 3 x 2 72600 km2
1/250.000 UTM 1 30' x 1 18150 km2
1/100.000 UTM 30' x 30' 3025 km2
1/50.000 UTM 15' x 15' 756 km2
1/25.000 UTM 7' 30" x 7' 30" 189 km2

As cartas são elaboradas para apresentar uma representação o mais precisa possível do
terreno, tanto planimétrica como altimetricamente, bem como a hidrografia e vegetação da
região.
A planimetria compreende:
- rodovias, caminhos e elementos afins;
- terrenos e elementos afins;
- elementos relacionados à comunicações;
- edifícios e lugares povoados;

143
- elementos de áreas e contornos;
- obras públicas e industriais;
- pontos de controle;
- limites e fronteiras;
- sinais convencionais diversos.

A hidrografia:
- hidrografia costeira (litoral e afastada da costa);
- elementos hidrográficos em geral.
A vegetação, apesar de ser um elemento planimétrico, é tratada separadamente, por ser
restituída separadamente dos demais.
A altimetria, ou hipsografia faz a representação dos elementos topográficos de relevo na
carta.

7.2.2 - Organização da Folha de Carta Topográfica


As folhas de cartas são padronizadas pelas folhas modelo, que definem a situação
relativa, área ocupada, inscrições marginais, tipos de letras da toponímia e legendas, bem como a
espessura de todos os tipo de linhas, limites, áreas etc.
A padronização das cartas ao milionésimo e 1/500.000 segue o “Manual de Normas,
Especificações e Procedimentos Técnicos para a carta Internacional do Mundo ao Milionésimo -
CIM”, editado pelo IBGE, seguindo as normas internacionais.
As escalas do mapeamento sistemático são padronizadas pelos Manual Técnico T34-700
Convenções Cartográficas, 1a Parte - Normas para o Emprego dos Símbolos e 2a Parte - Catálogo
de Símbolos do Estado Maior do Exército, normatizando a reambulação, restituição e desenho
final, para as escalas de 1/250.000 e 1/100.000. As escalas maiores seguem as normas relativas à
escala de 1/100.000.

7.2.2.1 - Descrição Geral da Folha


O tamanho da folha não está vinculado a série A da ABTN, e sim à área útil definida pela
folha.
Até 1/100.000, o tamanho está definido em 60 x 75 cm e para e 1/250.000 75 x 65 cm.

144
Figura 7.2.1 - Organização da folha
Basicamente a carta consta de 3 elementos:
- Quadro;
- Moldura;
- Legenda.
A figura 7.2.1 ilustra a organização da folha.

a) Descrição do Quadro
O quadro é a parte da carta onde está traçado o reticulado UTM e onde será traçado os
elementos cartográficos que constituirão a planimetria, hidrografia, vegetação e altimetria.

Me ridia no Ce ntra l

Equa dor

Figura 7.2.2 - Reticulado UTM


O reticulado UTM é definido pelo quadriculado formado pelas linhas paralelas ao
meridiano central (coordenadas E) e paralelos ao Equador (coordenadas N).

145
O reticulado possui um traço mais grosso, de 10 em 10 km até a escala de 1/100.000 e de
50 em 50 km na escala de 1/250.000. Este traço tem por finalidade auxiliar nas medições de
coordenadas. Por sua característica, sempre terão valores múltiplos de 10 ou de 50, conforme a
escala da carta.
A finalidade do reticulado UTM é servir de apoio à obtenção ou plotagem de
coordenadas na folha.
Uma quadrícula corresponde ao quadrado definido pela intercessão de duas linhas
ortogonais de coordenadas consecutivas.
A referência da quadrícula será sempre definida pela coordenada do canto inferior
esquerdo da quadrícula.

Quadrícula
750000; 6378000

6 378 000 m

750 000 m

Figura 7.2.3 - Quadricula UTM


O tamanho da quadrícula é padronizado para qualquer escala em 4cm x 4cm. A tabela 3
mostra as dimensões de terreno para cada quadrícula:
Tabela 3 – Tamanho de quadrículas das diversas escalas
1:25.000 1 km x 1 km 4cm x 4cm
1:50.000 2 km x 2 km 4cm x 4cm
1:100.000 4 km x 4 km 4cm x 4cm
1:250.000 10 km x 10 km 4cm x 4cm

b) Moldura
O reticulado UTM é circundado pela moldura da folha, constituído pelos 4 cantos da
folha, definidos pelas suas coordenadas geodésicas.

 
2
2 2 3 3
3

1 
1 1

4 4 4
Figura 7.2.4 - Definição dos cantos da folha

146
É obrigatória a colocação das coordenadas dos 4 cantos da folha (, ), nos quatro cantos
de cada folha.

As anotações marginais na moldura referem-se aos valores das coordenadas UTM do


reticulado.

Figura 7.2.5 - Anotação das coordenadas UTM na folha


A partir do canto 1, marca-se por inteiro o valor das primeiras linhas de coordenadas que
encontram a moldura.
A partir daí todos os demais contatos das linhas E e N com a moldura, serão numerados
com apenas os 3 algarismos iniciais (coordenadas E) e os 4 algarismos iniciais para as
coordenadas N.
Ainda constam da moldura a numeração intermediária de latitude e longitude, sendo
definida por traços na moldura e no cruzamento por cruzetas. Servem para auxiliar na marcação
e plotagem de coordenadas geodésicas. O seu espaçamento em valores sexagesimal é definido
na tabela 4.
Tabela 4 – Espaçamento das marcações intermediárias de latitude e longitude
Escala Espaçamento
1/25.000 2' 30"
1/50.000 5'
1/10.000 10'
1/250.000 15'

c) Legenda
As legendas correspondem a todos as demais inscrições marginais existentes na folha da
carta.
Na parte superior da folha encontram-se as seguintes legendas:
Canto Superior Esquerdo

147
- Organização executora;
Convênios associados
- Região de localização da folha e escala

Figura 7.2.6 - Anotações da parte superior da legenda


No centro é lançado o nome da folha e símbolos da organização executora.
No canto superior direito é lançado o Índice de Nomenclatura da folha, e se a escala for
maior ou igual a 1/100.000, é lançado também o seu número MI (mapa índice).
A parte inferior da folha pde ser dividida em três setores distintos.

Figura 7.2.7 - Setores da legenda inferior


No setor esquerdo encontram-se os dados referentes a edição e impressão e ano da
impressão.

Figura 7.2.8 - Sinais convencionais


Encontra-se também sinais convencionais mais frequentes, referentes a todos os
elementos cartográficos (planimetria, vegetação, hidrografia e altimetria).
No bloco direito são encontrados os dados de execução das fases de construção da folha.

148
Figura 7.2.9 - Tabela de fases de execução da folha
A articulação da folha, que mostra o posicionamento da folha em relação às folhas
adjacentes, sendo referenciadas pelo nome. Caso não exista nome, a referência deve ser feita
pelo número MI.
A folha é colocada no centro em verde e a articulação das 8 folhas adjacentes é mostrada
ao seu redor.

Figura 7.2.10 - Articulação da folha


Outra legenda é a situação da folha no Estado. Mostra-se a localização ou o
posicionamento da folha no Estado que pertence a folha.
Figura 7.2.11 - Situação da folha no Estado

O bloco central é composto dos seguintes elementos de legenda:


- Escala da carta;
- Escala gráfica
1:25.000 2.000 m talão de 100m (1.000 m)
1:50.000 4.000 m talão de 100 m (1.000 m)
1:100.000 10 km talão de 200 m (1.000 m)
1:250.000 20 km talão de 1 km (5 km)

Definição da eqüdistância da folha:


1:25.000 10 m
149
1:50.000 20 m
1:100.000 50 m
1:250.000 100 m

- Descrição da marcação de curvas mestras;


- Origens para Datum vertical e Datum horizontal;
- Origem das coordenadas UTM (Meridiano Central e Equador);

Figura 7.2.12 - Legenda central inferior


- Exemplo de obtenção de coordenadas UTM;
- Divisão Administrativa, mostrando os limites administrativos aproximados (minicípios)
da região abrangida pela folha;
- Dados de orientação
Definidos pelo posicionamento na data da impressão dos nortes de quadrícula, magnético
e geográfico, declinação magnética (valor e taxa de variação anual) e convergência meridana.
Deve ser observado que a posição é esquemática, devendo ser usados apenas os valores
numéricos para cálculo.
NV
NM NQ

o
 7 25'

 -32' 06"

A declinação magnética cresce 8,2' anualmente.


150
Figura 7.2.13 - Ângulos de orientação da folha
É ainda dado o ano da declinação magnética e a indicação de que a convergência meridiana é
relativa ao centro da folha.

7.3 - OBTENÇÃO E PLOTAGEM DE COORDENADAS EM CARTAS


TOPOGRÁFICAS

O posicionamento de um ponto em coordenadas UTM é dado pelo par coordenado E e N,


correspondentes ao afastamento do meridiano central (E) e do Equador (N).
Meridiano Centra l

N>0m N>0m

E< 500 000m E > 500 000m

Equador

N < 1 000 000 m N < 10 000 000 m

E < 500 000m E > 500 000m

Figura 7.3.1 - Valores das coordenadas UTM


Normalmente as coordenadas são referenciadas em metros, por exemplo:
P (E,N) = P (362.422,00 m; 7.389.901,38 m)
Q (713.901,38 m; 8.728.773,83 m)

O problema de se obter as coordenadas UTM em uma carta topográfica e a sua plotagem está
ligado à escala da carta e ao erro gráfico de percepção. O erro gráfico é a menor percepção
visual, para um ponto, que o olho humano pode ter. O valor é aceito como 0,2 mm, embora
alguns autores cheguem a aceitar 0,1 mm. Aqui será aceito 0,2 mm por razões de precisão
instrumental.

Este valor é único, seja qual for a escala de carta que esteja sendo considerado, pois é vinculado
ao menor elemento gráfico que o olho humano pode perceber, ou seja, um círculo de 0,1 mm de
raio ou 0,2 mm de diâmetro. Em termos práticos, é aceito como a área de indefinição relativa à
ponta de um lápis no papel ou à ponta seca do compasso.
Assim, para cada escala haverá um erro gráfico associado:
1:5.000 1 m (1.000 mm)
1:10.000 2 m (2.000 mm)
1:25.000 5m
151
1:50.000 10 m
1:100.000 20 m
1:250.000 50 m

Para entender o significado destes valores, para a obtenção de coordenadas em uma carta,existem
dois aspectos a considerar:

- em relação à escala da carta, não se poderá obter coordenadas com valores de


precisão menores do que o valor expresso pelo erro gráfico;

- não se poderá plotar coordenadas com uma precisão menor do que a expressa pelo
erro
gráfico.

Por exemplo:
Em uma carta de escala 1/50.000, medindo-se uma coordenada qualquer, o erro de sua
determinação estará em torno de 10 m.
14 mm x 50 000 = 700 m
13,9 mm x 50 000 = 695 m
13,8 mm x 50 000 = 690 m

13.9 mm

Figura 7.3.2 - Medida obtida para determinação da coordenada

Por outro lado, ao se plotar uma coordenada, por exemplo 635.843,32 m, na escala 1/25.000,
seria necessário plotar (só a parte de centenas de metros) com 33,7328 mm, o que é impossível.

152
Pode-se plotar 33 mm e estimar 0,7 mm, sendo a certeza (à regua) em 0,5 mm, ocasionando uma
precisão em torno de 5 m definidos pelo erro gráfico.

7.3.1 - Obtenção de Coordenadas UTM na carta


O problema é prático, devendo-se inicialmente ser verificada a escala da carta de onde serão
obtidas as coordenadas. As coordenadas serão obtidas por interpolação linear, dentro da
quadrícula que contém o ponto de interesse, sendo portanto essencial a sua identificação, através
dos valores de coordenadas E e N que a limita.

E
7538

dE

N
dN

7536

672 674

Figura 7.3.3 - Obtenção de coordenadas na carta


Desta forma, serão utilizados os valores de E e N e dE e dN, na carta e no terreno,
respectivamente EC , NC , dEC , dNC e ET , NT , dET , dNT.

Uma simples regra de três, relacionando estes elementos resolverá o problema, tanto para a
obtenção como para a plotagem de coordenadas.

EC dEC N C dN C
 e 
ET dET N T dN T

O que se deseja obter são os valores de dE e dN, seja da carta ou do terreno. Logo para a
obtenção de uma coordenada do terreno, a formulação associada será:

153
dEC x ET dN C x NT
dET  e dNT 
EC N C
dET x EC dNT x N C
e dEC  e dN C 
ET N T

Mas os valores de EC , NC , ET e NT serão fixos, e os seus relacionamentos serão iguais à
escala da carta e ao número da escala respectivamente:
E ou N C E ou NT
E e N (número da escala) 
E ou NT E ou N C
Assim, para a obtenção de coordenadas, basta multiplicar o valor de dE c ou dNc obtidos na carta,
pelo valor do número da escala do mapa em trabalho:

dET  dEC x N e dN T  dN C x N

Exemplo para a escala 1/50.000.


A quadrícula é definida pelos limites de coordenadas inferior e à esquerda. No caso Q1 (672,
7536), lembrando que as quadrículas sempre serão referenciadas em quilômetros.
São medidos na carta, os afastamentos de cada uma
EC = 4 cm
7538 das linhas de coordenadas limite, que
dE = 2,84 cm
NC = 4cm corresponderão às diferenças de coordenadas, a
partir do início da quadrícula.
NT = 2 km
dN = 2,93 cm

7536
ET = 2 km

672 674

Essas observações podem ser efetuadas à régua milimetrada de precisão (1/2 mm), ou com o
escalímetro.
Sendo medida à régua, os resultados devem ser transformados para a escala. Aplicando-se a
formulação desenvolvida

dE = 2,84 cm x 50.000 = 1.420 m


dN = 2,27 mm x 50.000 = 1.465 m

154
Estes dados obtidos devem ser somados às coordenadas da quadrícula: 672.000 para E e
7.536.000 para N, dando as coordenadas do ponto considerado:
EP = 672.000 + 1.420 = 673.420 m
NP = 7.536.000 + 1.465 = 7.537.465 m

A medição com o escalímetro fornece diretamente a coordenada, uma vez que ele funciona como
se fosse uma escala gráfica

7.3.2 - Plotagem de Coordenadas na Carta


É o problema inverso, ou seja, dado um ponto do terreno, através de suas coordenadas E e N,
fazer a sua localização na folha da carta correspondente. Os passos são os seguintes:
- identificar a escala da carta;
- identificar a quadrícula que conterá o ponto, verificando as suas coordenadas inteiras;
- decompor as coordenadas, retirando a parte quilométrica;
-transformasr o valor que sobrar para a escala, em cm ou mm;
- marcar na quadrícula o dEC e NC respectivamente, pelos valores determinados ou
através do escalímetro.

Exemplo - Escala 1/25.000


P ( 649.385,3; 7.744.726,8 m)
Quadrícula (649, 7744) = 649.000 m; 7.744.000 m
dET = 649 385,3 – 649 000 = 385,3 m
dNT = 7 744 726,8 – 7 744 000 = 726,8 m

Para determinar os valores na escala da carta, utiliza-se a formulação desenvolvida:


dEC  dET / N e dN C  dN T / N

dEC = 385,3 m / 25000 = 15,412 mm  15,4 mm


dNc = 726,8 m / 25000 = 29,072 mm  29,1 mm

155
7745

 P

29,1 mm

7744
15,4 mm
649 650

Figura 7.3.4 - Plotagem de coordenadas na carta

Finalmente, traçar as perpendiculares e no cruzamento marcar o ponto definido.

7.4 - AZIMUTES E RUMOS NA CARTA TOPOGRÁFICA


A definição de azimute entre dois pontos é estabelecida como sendo o ângulo formado
entre a direção do Norte passando pelo ponto estação e a direção considerada entre este e o outro
ponto, sempre contada em sentido horário.


B

Figura 7.4.1 - Ângulo azimutal

Considerando-se o norte magnético como direção base, o azimute será magnético. Com o norte
geográfico, o azimute pode ser o azimute geográfico ou geodésico ou verdadeiro. Considerando-
se o norte da carta, direção do eixo de coordenadas N, será definido o azimute da quadrícula da
156
carta. O norte da quadrícula é definido sempre pela direção das linha de coordenadas paralelas ao
meridiano central, ou seja, das linhas verticais que estabelecem as coordenadas N. O norte
geográfico ou verdadeiro é o ponto de convergência de todos os meridianos. O norte magnético é
a direção determinada pela agulha magnética, livre de influência de massas metálicas.

7.4.1 - Declinação Magnética


O ângulo formado entre o plano do meridiano e o plano do meridiano magnético que passa pelo
lugar, define a declinação magnética. Assim, a declinação pode ser definida também como a
diferença entre o azimute magnético e verdadeiro.

NV NV
NM NM




Ocidental Orienta l

Figura 7.4.2 - Declinação magnética


A declinação pode ser ocidental, caso o norte geográfico esteja a direita do norte magnético,
sendo então a declinação positiva. Az mg  Az v.

Estando o norte verdadeiro à esquerda do norte magnético, Az mg  Az v, a declinação será


oriental e negativa.
Se
 = Az mg - Az v,
então
Az mg = Az v +  (soma algébrica)
A declinação é determinada com rigor por meio de magnetômetros e com precisão compatível
com trabalhos topográficos, comparando-se valores lidos com bússolas de boas qualidade e
determinações astronômicas executadas a teodolitos. Em um mesmo local, a declinação sofre
variações periódicas e acidentais. As variações periódicas são de ocorrência secular, anual e
diurna. A secular é resultante da movimentação dos pólos magnéticos. A anual é decorrente da
secular. a diurna é resultante de um movimento oscilatório. Não é levado em conta para a
topografia.

157
As variações acidentais são divididas em climáticas (tempestades magnéticas) e espaciais
(presença de grandes massas magnéticas - jazidas de ferro, estruturas metálicas , etc)

O valor básico da declinação em um lugar e época, é extraído dos mapas isogônicos que contém:
- graticulado de meridianos e paralelos;
- linhas isogônicas (igual declinação);
- linhas isopóricas (igual variação anual);
- linhas referentes à perturbações magnéticas.
Figura
Para calcular a declinação magnética do lugar, loca-se o ponto no mapa isogônico, através de
suas coordenadas geográficas. O mapa fornece as linhas isogônicas (igual declinação) para o 10
de janeiro do ano, bem como as linhas isopóricas, linhas de igual variação anual.
Como normalmente a precisão da bússola é da ordem de 15' ou maior, basta proceder a
determinação por simples interpolação, obtendo-se:
- a declinação entre as isogônicas que enquadram o lugar;
- a variação anual entre as isopóricas correspondentes.

Exemplo: Obter a declinação magnética e a respectiva variação anual, para a cidade de Belo
Horizonte, através do Mapa Isogônico do Observatório Nacional.

Descrição da solução

7.4.1.1 – Atualização da Declinação Magnética em uma Carta Topográfica


A carta topográfica apresenta a declinação magnética para o ano indicado para a sua edição, bem
como a sua variação anual, devendo-se portanto realizar-se a atualização da declinação para o
ano de utilização.

Considera-se a diferença entre o ano atual para o ano indicado pela carta, por exemplo, se ano
atual for 1998 e o ano da declinação 1991, faz-se 1998 – 1991= 7 anos. Para se corrigir o numero
de meses para o ano em curso, conta-se até o mês considerado menos um, por exemplo, para o
mês de setembro, conta-se até agôsto, no caso 8. Entra-se com os valores na fórmula:

va
 AT   CARTA  va x N o anos  x N o meses
12
158
Exemplo: A folha Registro apresenta para o ano de 1993 a declinação de - 28 18, com uma
variação anual de –8,3, para o mês de julho. Calcular a declinação atualizada para 1998.
Número de anos para 1998 - 1998 – 1993 = 5 anos
Número de mêses – julho = 6

va
 98   93  va x N o anos  x N o meses
12

( 8,3' )
 98   28o 18'  (8,3' ) x 5  x6
12
98 = -29 03 39

7.4.2 - Convergência Meridiana


É definida como o ângulo entre o norte da quadrícula e o norte geográfico ou verdadeiro. É
invariante para cada ponto, dentro da projeção UTM.

A relação entre o azimute plano (quadrícula) e o azimute verdadeiro define a convergência na


projeção UTM. A convergência será sempre nula em todos os pontos ao longo do Equador e do
meridiano central, uma vez que a tangente ao meridiano ao longo dessas linhas, coincidem com o
próprio norte da quadrícula.
12 = 12 +  ou Azv = Azq + 



Figura 7.4.3 - Relação entre azimute plano e verdadeiro

159
A convergência também será ocidental ou negativa se o azimute plano for maior que o
verdadeiro, e oriental ou positiva, se o azimute planofor menor que o verdadeiro
(respectivamente se o norte geográfico estiver à direita e à esquerda do norte da quadrícula).
NV
NV NQ
NQ

 
Ocidental Oriental

Figura 7.4.4 - Convergência meridiana-sinal


Regra prática para a determinação do azimute plano a partir de valores do 10 quadrante
trigonométrico.

IV I

III II

Figura 7.4.5 - Quadrantes topográficos


7.4.2.1 – Determinação de Azimute de Quadrícula
O azimute de quadrícula é resultado do relacionamento trigonométrico, determinado entre as
diferenças de coordenadas E e N.

Estabelecidas as diferenças de coordenadas entre os dois pontos, o azimute é calculado através


das relações trigonométricas definidas entre estes valores.

B (EB; NB)

Azq(AB)
N

A (EA; NA) E

Figura 7.4.6 – Azimute de quadrícula de A para B

160
A tabela abaixo mostra as formulações para o cálculo do azimute de quadrícula, com redução ao
primeiro quadrante. As diferenças de coordenadas devem ser consideradas como positivas, ou
seja, sem consideração de sinal.

Relação entre coordenadas Quadrante Valor do Azimute


EbEa 10 E
 = arc tg
NbNa N
EbEa 20 N
 = arc tg + 900
NbNa E
EbEa 30 E
 = arc tg + 1800
NbNa N
EbEa 40 N
 = arc tg + 2700
NbNa E

7.4.3 - Rumos
Denomina-se rumo de um alinhamento o ângulo que ele forma com a ponta da agulha magnética
que lhe fique mais próxima.

Os rumos são contados para a direita ou para a esquerda, conforme se achem mais próximos de E
ou de W, variando sempre de 00 a 900.

N
R4 R1
D A

W E

B
R2
C R3
S
Figura 7.4.6 - Rumo
Ângulo NOA = 600 Rumo OA = 600 NE
Ângulo SOB = 700 Rumo OB = 700 SE
Ângulo SOC = 200 Rumo OC = 200 SW
Ângulo NOD = 680 Rumo OD = 68 NW

161
Para converter um rumo em azimute, são válidas as seguites relações:
- 10 Quadrante R = Az
- 20 Quadrante R = 1800 - Az
- 30 Quadrante R = Az - 1800
- 40 Quadrante R = 3600 - Az

Observar que o Rumo está ligado aos azimutes magnéticos.

7.5 - Representação do Relevo nas Cartas Topográficas


7.5.1 - Introdução
O relevo é um fenômeno definido por uma superfície contínua e quantititativa,
envolvendo uma terceira dimensão, que tem que ser reduzida a duas dimensões, para que possa
ser representada em uma carta topográfica.
A superfície contínua é expressa em termos de elevações sobre uma superfície de
referência, ou profundidade sob essa superfície. Quaisquer superfícies contínuas, para uma
representação plana tem um comportamento assemelhado, de forma que o que for definido para a
representação do relêvo, pode ser estendido para a representação dos demais fenômenos
contínuos sobre a superfície terrestre, tais como: temperatura, pressão, anomalias magnéticas,
força da gravidade, potencial gravitacional, etc.
A variação em relevo, afeta as observações de quase todas as demais feições
cartografadas, pois todas têm que ser projetadas em um plano de referência, para serem
representadas na carta.
Por outro lado, não é possível representar a 3a dimensão completamente em um mapa
bidimensional. Ela só pode ser indicada seletivamente, caso contrário, por ser contínua, ocuparia
toda a área do mapa.
Ocupando uma área então, é um fenômeno zonal ou de área, devendo portanto ter
também uma representação zonal. Existem, porém, pontos e linhas importantes do relevo que
devem ser representados, por exemplo: cumes, divisores de água, linhas de declividade, ruptura
de declive etc, concluindo-se que a representação do relevo tem elementos isolados pontuais,
lineares e zonais, devendo-se combiná-los de forma que a representação como um todo seja tanto
precisa como visualmente fiel.

162
A precisão é absolutamente necessária para a utilização da carta como um instrumento
científico de trabalho, onde se necessita de valores precisos e coerentes com a escala de
representação.
A visualização está de acordo com a precisão. A observação na carta tem que permitir
visualizar o que existe no terreno, com as limitações da carta.
Em conseqüência da representação seletiva, o problema cartográfico de representação do
relevo deve fornecer informações suficiente, sem interferir em outros elementos cartográficos.
O relevo compreende dois elementos principais:
- elevação
- declividade.
É difícil a representação de declividade sem a obtenção de informações de altitude, a não
ser de uma forma aproximada, por que a declividade é obtida pelo relacionamento da diferença
de altitude com a distância plana.
Enquanto a declividade só pode ser obtida a partir das elevações, o inverso não ocorre,
havendo então uma precedência na determinação das altitudes nas cartas topográficas.
As informações de algumas elevações podem ser representadas diretamente na carta, por
símbolos pontuais ou lineares. As feições de relevo devem ser interpretadas a partir das
informações de elevação ou representadas graficamente, sugerindo uma superfície contínua.

7.5.2 - Formas de Representação do Relevo


Existem duas formas de representação do relevo:
- qualitativa
Onde busca-se mais o aspecto artístico (representação visual), devendo ser legível o
bastante para ser reconhecida por qualquer usuário;
- quantitativa
Representação científica, dando preferência ao aspecto precisão, em detrimento muitas
vezes da representação visual.
1) - Processo Qualitativo
A representação qualitativa teve início com Leonardo da Vinci, que foi o primeiro a
tentar uma representação do relevo em mapas.

163
Sua representação era uma perspectiva simbólica, que mostrava algumas colinas em
plano. Não havia nenhuma precisão.

Figura 75.1 - Relevo desenhado por Leonardo da Vinci


No decorrer do século XIX houve alguma preocupação da representação qualitativa
(visual), com algumas características quantitativas.

a) - Hachúrias ou hachuras
Foi o primeiro processo de representação da altimetria na Cartografia de base. Hoje em
dia é pouco usado devido a imprecisão do processo. Surgiu nas cartas da França em 1889, sendo
utilizada até meados da década de 50.
As hachúrias são pequenas linhas traçadas no sentido de maior declividade do terreno,
devendo obedecer as seguintes considerações:
- devem ser dispostas em filas e não serem desenhadas em toda a extensão das encostas;

Figura 7.5.2 - Representação de relêvo por hachuras

- O comprimento e o intervalo entre elas é tanto menor quanto maior for a declividade.

164
Figura 7.5.3 - Apreciação do espaçamento, intervalo e comprimento das hachuras

- As hachúrias apoiam-se em curvas de nível e devem ser exatamente perpendiculares a


elas.
Os processos de traçado fazem com que haja um efeito plástico, dando uma gradação de
escurecimento, quanto mais forte for a declividade, por exemplo, variando a espessura, o
comprimento e a direção do traçado.
Todo o processo de hachúrias é desenvolvido por desenho a mão livre.

Figura 7.5.4 - Mapa de relevo por hachuras

b) - Representação Sombreada
Dentro do mesmo tipo de representação qualitativa é definida a representação sombreada
do relevo.
Em princípio o sombreado não tem nenhum valor científico. Possui apenas um valor
estético e sua principal vantagem sobre as hachúrias é não sobrecarregar a carta, fornecendo um
melhor efeito plástico.
Existem dois processos:
- manual;
- automático.

165
O manual considera apenas a sombra do relevo e é artisticamente desenhado a aerógrafo.
É dependente do desenhista.

Figura 7.5 5 - Relevo sombreado


O processo automático trabalha com softwares específicos e necessita da geração de um
modelo digital de terreno, que permita efetuar o sombreamento. Exige técnicas avançadas de
programação em computação gráfica, já existindo porém, pacotes gráficos que executam esse
tipo de trabalho.
Em ambos os processos, o trabalho exige a definição de uma fonte de luz sobre o modelo
que vai definir a área de sombra. No processo manual, o desenhista não tem o modelo e sim a
carta em desenho bidimensional, e a sua abstração é exatamente criar o modelo na imaginação,
para que o sombreado saia coerente, daí a subjetividade do sombreado.

c) - Cores Hipsométricas
As cores hipsométricas são usadas para a representação do relevo por classes de altitudes.
Em se tratando de relevo submarino, passam a chamar-se cores batimétricas.
O problema da representação do relevo através de cores é basicamente a definição
número de intervalos de altitude (intervalos de classe) entre as altitudes extremas, que serão
representadas pelas cores e a escolha das próprias cores que representarão cada intervalo de
classe.
A representação hipsométrica por cores, é uma das possibilidades de representação de
uma distribuição contínua de um fenômeno sobre a superfície terrestre. Pode-se de uma maneira
geral representar qualquer ocorrência de distribuição contínua por este processo.

166
3 7 .5 0

3 7 .4 5

3 7 .4 0 3800
3600
3 7 .3 5
3400

3 7 .3 0 3200
3000
3 7 .2 5 2800
2600
3 7 .2 0
2400
3 7 .1 5 2200
2000
3 7 .1 0
1800

3 7 .0 5

3 7 .0 0
-1 0 7 .5 0 -1 0 7 .4 0 - 1 0 7 .3 0 - 1 0 7 .2 0 -1 0 7 .1 0 -1 0 7 .0 0

c.1 - Escolha da Cor


A cor antes de mais nada é um fenômeno psicológico.
Luz é a sensação visual despertada pelo estímulo de receptores (bastonetes) no olho
humano, por uma porção do espectro eletromagnético.
O espectro eletromagnético contém desde os comprimentos de onda pequenos dos raios
X e gama, até os grandes comprimentos usados pelo radar.

Figura 7.5.6 - Espectro eletromagnético


Apenas uma pequena porção do espectro é visível, estando os comprimentos de onda
entre 400 e 700 m . (1 m = 10-9 m).
Nessa faixa, conforme pode-se verificar na figura, está todo o espectro visível da luz,
correspondendo a emissão da luz branca, que emite todos os comprimentos de onda do visível.
Decomposta por um prisma, fornece a gama de cores que a compõe.
A reprodução de qualquer documento a cores é diretamente proporcional ao número de
cores que deva ser representada, ou quanto mais cores mais onerosa será a sua reprodução.
Pela prática, não devem ser escolhidas mais de 10 cores para a representação de um
documento, ficando a escolha ideal entre 6 e 8 cores.

167
A cor azul, e os seus matizes, será sempre reservada para a representação batimétrica,
podendo-se chegar até violeta.
Para representação altimétrica ou hipsométrica, a evolução da representação, desde o
século XIX, estabeleceu que as cores seriam escolhidas do intervalo mais baixo para o mais alto,
seguindo o espectro eletromagnético, a partir do verde até o vermelho e em seus diversos
matizes, conforme o universo de classes a representar.
Em geral o vermelho puro não é atingido, pois possui outra representação genérica,
substituído por matizes de marrom.
Para a representação de geleiras, foi decidido a utilização do branco.

c.2 - Escolha dos Intervalos


Pode-se verificar que 85% da superfície terrestre está abaixo da cota 1.000 m, chegando-
se a conclusão que deve-se enfatizar as cotas abaixo de 1.000 m, agrupando-se os intervalos e
espaçando-os acima de 1.000 m.
A carta ao milionésimo apresenta os seguintes intervalos:
Hipsométrico Batimétrico
0 - 100 0 - 200
100 - 200 200 - 500
200 - 500 500 - 1.000
500 - 1.000 1.000 - 3.000
1.000 - 1.500 3.000 - 6.000
1.500 - 2.000
2.000 - 2.500
2.500 - 3.000
3.000 - 4.000
4.000 - 5.000
5.000 - 6.000
Acima de 6.000

As cores são o azul para a batimetria e o verde, amarelo e vermelho para a hipsometria.
Os processos de escolha de intervalos são basicamente 3:
- progressão aritmética
Em geral não é uma boa escolha pois não traduz o agrupamento ou e espaçamento desejado.
- progressão geométrica
define-se os limites inferior e superior e o número de intervalos. Por exemplo:
(10 intervalos)
0.50  5.000
5.000
Calcula-se a razão geométrica: r= 9 = 1,668
50
Calcula-se os seguintes intervalos:
168
0 - 50 387,13 - 645,77

50 - 83,4 645,77 - 1.077,21


83,4 - 139,12 1.077,21 - 1.796,90
139,12 - 232,07 1.796,90 - 2.997,42
232,07 - 387,13 2.997,42 - 5.000,00

- Definição de intervalos pela soma dos dois limites imediatamente inferiores:


0 - 50 100 - 150 150 - 250 250 - 400...

2) - Processo Quantitativo
O processo quantitativo dee representação da altimetria é uma forma moderna e científica
de representação da altimetria.
Existem três formas básicas de representação, podendo uma ser decorrente da outra:
- curvas de nível, curvas hipsométricas ou isohipsas (curvas batimétricas);
- representação por perfis;
- representação por traçado perspectivo.

Quaisquer um dos processos permite que se faça medições sobre a representação,


obtendo-se valores de altitude ou profundidade, compatíveirs com a escala de representação, o
que não era possível com os métodos qualitativos.

a) - Representação por Curvas de Nível


Imagina-se o relevo sendo cortado por planos horizontais paralelos entre si.

169
Figura 7.5.7 - Curvas de nível
As curvas de nível correspondem as linhas de interseção do relevo com os planos
horizontais, projetados ortogonalmente no plano da carta topográfica.
Este é o sistema que permite a melhor tomada de medidas até hoje desenvolvido. Os
contornos são as isarítmas, ou linhas que são obtidas pela intercessão dos planos paralelos
cortando a superfície tridimensional da forma terrestre, projetadas ortogonalmente na carta.
Uma linha de contorno é portanto uma linha de igual altitude a partir de uma superfície
de referência, denominada “datum vertical”, que indica a cota origem das altitudes, na superfície
do geóide.
As observações não são efetuadas no elipsóide, são determinadas no geóide e podem ser
reduzidas ao elipsóide, desde que se conheça a diferença de nível entre o geóide e o elipsóide, o
desnível geoidal.
O problema está em estebelecer a posição horizontal sobre a superfície e a elevação
vertical acima da superfície, de um grande número de pontos na superfície física.
Quando dispõe-se de posições suficientes e a superfície curva do plano origem foi
transformado em uma superfície plana por meio de um sistema de projeção, o mapa pode ser
traçado. Em conseqüência o leitor vê a superfície da Terra ortogonalmente.

Visão do
Usuário

Mapa
Sistema de
Projeção
Superfície
terrestre
Geóide

Figura 7.5.8 - Visão do usuário para o mapa

A representação por curvas de nível é um sistema de representação artificial, que tem


pouca correspondência na natureza, ou seja os planos não são vistos cortando a superfície
terrestre, sendo, portanto, um exercício de visualização para a maior parte das pessoas.
As figuras abaixo representam o relevo em uma carta topográfica, e uma representação
em luz e sombra, que é o que normalmente se vê, e a comparação com a representação de
contornos.

170
As curvas de nível são os símbolos mais notáveis em uma carta topográfica, se eles forem
corretamente locados e o intervalo entre eles for constante e relativamente pequeno.

Figura 7.5.9 - Trecho de uma carta topográfica com curvas de nível


O intervalo entre duas curvas de nível consecutivas é denominado eqüdistância e
significa a diferença de nível constante entre as curvas de nível de uma mesma escala.
A eqüdistância padronizada para as escalas do mapeamento sistemático brasileiro são as
seguintes:
1:25.000 ----- 10 m
1:50.000 ----- 20 m
1:100.000 ----- 50 m
1:250.000 ----- 100 m

Sugere-se para escalas maiores:


1:1.000/2.000 ----- 1m
1:5.000 ----- 2/5 m
1:10.000 ----- 5/10 m

As curvas de nível são numeradas a intervalos regulares, para não prejudicar a clareza das
cartas. Por convenção, a cada 5 curvas será traçada mais grossa e numerada.

171
Figura 7.5.10 - Curvas mestres e espaçamento entre as curvas
Assim, as curvas numeradas sempre serão:
1:25.000 ----- múltiplo de 50 m
1:50.000 ----- múltiplo de 100 m
1:100.000 ----- múltiplo de 250 m
1:250.000 ----- múltiplo de 500 m.

Deve-se verificar sempre a eqüdistância definida nas cartas, pois existem cartas antigas
com eqüidistâncias de 40 m para a escala de 1/100.000.
O relevo acidentado apresenta intervalo entre as curvas de nível menor, indicando a
existência de uma maior declividade. Exige um maior número
de curvas que o relevo plano, para que se possa ter uma melhor
visualização da topografia.

Se o relevo for muito acidentado e íngreme, pode ocorrer o fenômeno de coalescência,


que não permite a representação de
Figura 7.5.11 - Coalescência
todas as curvas de nível, sendo então simplificada a representação para as curvas mestras.
A combinação de processos quantitativos e qualitatitivos permite reunir os aspectos
científicos com os estéticos-plásticos. Pode-se citar as seguintes combinações:
- sombras e curvas;
- cores hipsométricas, sombras e curvas (denominado mise à l’effet)

Processos Especiais de Representação


a) - Curvas Intermediárias
Utilizadas para representação de rupturas de declividade entre as curvas de níveis. Não há
necessidade de ser traçada por completo, apenas na região em que a ruptura ocorre.

Figura 7.5.12 - Curvas intermediárias


172
b) - Representação por Perfis
O segundo método de visualizar uma superfície contínua é definido através da utilização
de perfis.
Um perfil é o resultado da interseção de um plano perpendicular ao plano origem
XY, com a superfície contínua. No caso do terreno, com a superfície física do terreno.

1X

2,67X

PERFIL 5,33X
LINHA DO
PERFIL

PLANO
6 km

Figura 7.5.13 - Perfil de uma linha


Um perfil não se constitui num mapa, porém uma série de perfis em seqüência
podem fazer uma boa visualização do terreno.

Figura 7.5.14 - Série de perfis


A construção de um perfil começa sempre em um mapa de curvas de nível.
É traçada uma linha ao longo dos pontos que se deseja traçar o perfil. Os pontos inicial e
final são traçados em uma folha de papel, levantando-se paralelos, que serão divididos segundo
os valores das cotas das curvas de nível.

173
Traçam-se paralelos segundo a cota das curvas e transfere-se para essas linhas os
pontos de intercessão da reta do perfil com as curvas de nível.
Une-se os pontos, fazendo-se uma suavização.

Figura 7.5.15 - Perfil


Deve-se prestar atenção em relação a escala horizontal e a escala vertical. Normalmente
usa-se uma escala vertical maior, deforma a se visualizar melhor as diferenças de altitude, o que
pode não ocorrer na maioria das vezes em que as duas escalas sejam iguais.

c) - Representação por Traços Perspectivos


Um dos primeiros métodos cartográficos a serem programados para tirar vantagem da
abordagem computacional, foi o cálculo de plotagem automática de traços perspectivos.
É a representação usual para visualizar modelos digitais de terreno.

174
O traçado automático permite normalmente a possibilidade de se alterar os seguintes
elementos:

- O ângulo de rotação entre o eixo vertical e a superfície;


- A alteração da distância de visada;
- Alteração na ângulo de elevação .

Figura 7.5.16 - Representação por traços perspectivos


Os traços podem ser efetuados ao longo de cada um dos eixos X e Y ou em ambos, para
devidamente suavizado, dar a impressão da forma da superfície.

7.5.3 - Nomenclatura do Terreno

Linha de Crista
Vertente
Contra-encosta Encosta
Contra-vertente

Ruptura de Declive

Talvegue

Interflúvio
175
Figura 7.5.17 - Nomenclatura do Terreno
Inicialmente são necessárias algumas definições sobre a configuração do relevo.
Considere-se a figura 7.5.14
- Linha de Crista: linha formada pela interseção de 2 planos das vertentes (vertente e
contravertente). É um divisor de águas natural.
- Vertentes ou Encostas: plano de declividade; são as superfícies com aclives, as
contraencostas ou contravertentes são as superfícies com declive em relação às encostas.
- Interflúvio: é um divisor de águas sem a forma de crista.
- Talvegue: é a linha de interseção de uma encosta e uma contraencosta no plano inferior.
Corresponde ao leito dos rios.
- Ruptura de declive: mudança brusca da direção de uma vertente.
Regra geral de representação das curvas de nível: Para uma eqüidistância constante, em
qualquer caso, vertente ou talvegue, o intervalo entre as curvas de nível é tanto maior quanto o
declive for menor e vice-versa. Para um declive constante, o intervalo é constante.

a) - Representação dos Talvegues


O declive cresce de jusante para montante, assim para um talvegue as curvas de nível
serão mais afastadas para jusante e mais próximas para montante.

Figura 7.5.18 - Estrutura de curvas em talvegue


O perfil de um rio, apresentando uma forma parabólica, indica que já atingiu o seu
perfil de equilíbrio.

Perfil

Figura 7.5.19 - Estrutura de curvas em talvegue em equilíbrio


Se houver irregularidades no perfil, também será aparente nas curvas de nível.

Perfil

176
Figura 7.5.20 - Curvas em um talvegue em desequi-
líbrio
Se o rio tiver um traçado reto, as curvas que o acompanham serão também retas. Se o rio
for sinuoso, as curvas também o serão.

Figura 7.5.21 - Curvas em traçado reto e sinuoso


Em relação à confluência de rios, o rio afluente tem como nível de base, o nível do rio
principal, tendo uma declividade maior que o rio principal, ocorrendo então que as curvas de
nível são mais próximas no rio afluente que no principal.

Figura 7.5.22 - Confluência de rios


O declive no talvegue é sempre inferior ao declive das vertentes, assim o intervalo entre
as curvas de nível será sempre maior que em qualquer outro lugar.

b) - Representação de Vertentes

A vertente é o plano da superfície que liga a linha de crista ao talvegue, assim o talvegue
influencia o traçado no sopé da vertente e a linha de crista no topo. Haverá sempre uma
reentrância da curva de nível, indicando a existência de um talvegue.

Figura 7.5.23 - Curvas em vertentes

As vertentes podem ser:


- regulares
Apresentam intervalos iguais entre as curvas em todo o conjunto.
- convexas
177
As curvas são próximas na base e afastados no topo.
- côncavas
As curvas são afastadas na base e próximas no topo.

Convexas Côncavas

Figura 7.5.24 - Vertentes convexas e côncavas


c) - Informações sobre estratigrafia
Figura 7.5.25 - Possível informação de camada

Na estrutura horizontal ou monoclinal, o talvegue é paralelo à direção da camada. As


curvas são paralelas entre si. É típico de região sedimentar.
No caso do talvegue ser oblíquo ou perpendicular à direção da camada terão uma
aparência bastante sinuosa.

Figura 7.5.26 - Estrutura de camada em talvegue oblíquo

d) - Interpretação do fundo de vale


A tendência geral é a modelagem de um vale em forma de V.
- Vale Simétrico
Se o terreno for homogêneo, haverá simetria em relação a um eixo.

178
Figura 7.5.27 - Vale simétrico

- Vale Assimétrico
Caso o terreno não seja homogêneo.

Figura 7.5.28 - Vale de fundo assimétrico

- Vale de fundo chato

Figura 7.5.29 - Vale de fundo chato

- Vale de fundo convexo


Figura 7.5.30 - Vale de fundo convexo

- Vale de fundo côncavo

Figura 7.5.31 - Vale de fundo côncavo

- Vale transverso

Figura 7.5.32 - Vale transverso


- Vale meandrítico

179
Figura 7.5.33 - Vale meandrítico

e) - Representação dos Divisores d’Água

Figura 7.5.33 - Divisor de águas

A linha poderá ser deslocada se existir um rio com uma declividade maior que outro, para
o de maior declividade.

Figura 7.5.34 - Deslocamento de um divisor

7.6 - Trabalhos Sobre a Carta

7.6.1 - Medidas de Distância

a) - Medidas em linha reta


São obtidas pela medição direta por uma escala, uma régua ou compasso e por
coordenadas.
Pela escala são determinadas diretamente. Pela régua a distância é calculada
multiplicando-se o valor obtido pelo número da escala e efetuada as transformações de unidade
apropriadas. As medidas por compasso podem ser transportadas diretamente sobre a escala
gráfica, ou então, obtidas pelo processo anterior.

180
Figura 7.6.1 - Medição de distância em linha reta
A medição por coordenadas consiste em se aplicar a formulação de Pitágoras ao triângulo
formado pelas coordenadas dos dois pontos a considerar. Em termos de coordenadas UTM, tem-
se as coordenadas E e N, ficando genericamente, entre dois pontos 1 e 2, a distância determinada
por:
D ( E2  E1 ) 2  ( N 2  N 1 ) 2

Figura 7.6.2 - Medição de distância por coordenadas


2 (E 2, N 2)



1 (E 1, N 1)



b) - Distâncias em curvas
Existem dois processos que se eqüivalem quanto à precisão:
- Uso de curvímetro - É obtida a distância percorrendo o papel com a roda do curvímetro.
A medida pode estar em metros ou quilômetros, definida pela escala específica da carta.

Figura 7.6.3 - Uso do curvímetro


- Processo da tira de papel - Com uma tira de papel com cerca de 5 mm de espessura,
acompanha-se toda a extensão da linha curva, rotacionando-se a tira em cada ponto de inflexão
da curva. Pode ser também feita com um fio (linha grossa). A vantagem da tira de papel sobre o
fio é a possibilidade de indicar a passagem por curvas de nível e pontos notáveis.

181
Figura 7.6.4 - Processo da tira de papel

7.6.2 - Medidas de Altitude


A medida de uma altitude na carta, é desenvolvida através da medição direta dos
espaçamento entre duas curvas de nível, que será a observação da distância horizontal entre as
duas curvas de nível. Através de uma regra de três, interpola-se linearmente os valores.
A observação deve ser tomada o mais perpendicular as duas curvas de nível que estão
sendo consideradas para a medida. Pode-se realizar uma interpolação e excepcionalmente uma
extrapolação.
A interpolaçãoleva em consideração o intervalo existente entre as curvas de nível, ou
seja, observações reais do mapa, enquanto que na extrapolação admite-se que no trecho exterior
as informações existentes, mantenham-se as características do terreno em termos de declividade.
Na figura 7.6.4, pode-se verificar os processos de interpolação e extrapolação para a
determinação de altitudes intermediárias às curvas de nível.

INTERPOLAÇÃO EXTRAPOLAÇÃO
540 m
500 m

520 m

B
A
A B

560 m
cia
tân
Dis erfície 540 m
Su p
520 m
520 m
Mapa
Equidistância

500 m
Mapa

Figura 7.6.5 - Determinação de altitudes por extrapolação e interpolação


Formulação geral:

Compmapa Compdet Compdet  Equid


Equid

H det  Hdet 
Compmapa

Onde Compmapa = comprimento entre as duas curvas de nível consideradas (unidades do mapa)

182
Comp det = comprimento da curva de cota mais baixa até o ponto a determinar (unidades
do mapa)
Equid = equidistância entre as curvas de nível (unidades do terreno)
Hdet = Altitude a determinar (unidades do terreno)
Esta formulação é válida tanto para interpolação como para extrapolação. O resultado já é
apresentado em unidades do tereno.
Exemplos:
a) Interpolação
Equidistância = 20 m Cota de A = 500 m Cota de B = 520 m
Comprimento no mapa entre A e B = 18,5 mm
Comprimento no mapa ao ponto a determinar ( a partir da curva mais baixa ) = 3,7 mm
Aplicando a formulação
Compdet  Equid 3,7  20
Hdet  Hdet   4m
Compmapa 18,5

Cota = 500 + 4 = 524 m


b) Extrapolação
Equidistância = 20 m Cota de A = 520 m Cota de B = 540 m
Comprimento no mapa entre A e B = 20,7 mm
Comprimento no mapa ao ponto a determinar ( a partir da curva mais baixa ) = 28,0 mm
Aplicando a formulação
Compdet  Equid 28,0  20
Hdet  Hdet   27 ,05m
Compmapa 20,7

Cota = 520 + 27,05 = 547,05 m

7.6.3 - Medida e escala de declividade


A escala de declividade é uma escala gráfica que permite obter diretamente, através da
distância horizontal entre dois pontos, a declividade existenete entre eles .
Ela é diretamente vinculada à escala horizontal da carta e ao desnível entre estes dois
pontos, considerado fixo, que é a equidistância. Considerando então estes dois elementos fixos, a
escala de declividade representa a distância horizontal para uma diferença de altitude, segundo
um ângulo determinado, ou seja, que representa a declividade ou a inclinação do terreno.
o
en
terr
o
an Distância Vertical
i nad
l
inc ou
ia
t ânc Equidistância
Dis 
183
Distância Horizontal
Figura 7.6.6 - Esquema da declividade
O cálculo da declividade naturalmente tem precisão compatível com a medida de
altitudes. É importante para aplicações de engenharia, construção de estradas, agricultura,
aproveitamento hidrelétrico, erosão de encostas etc.
A declividade pode ser definida como o ângulo de inclinação do terreno, segundo uma
direção determinada. Tem então uma relação direta entre a distância horizontal e a distância
vertical no terreno. Relacionando a distância vertical com a horizontal, chega-se a definição da
tangente do ângulo de declividade:
h
Tg  =
x
Onde h = distância vertical ou a equidistância
x = distância horizontal
Para a determinação da declividade, utiliza-se a função arco inversa:
h
 = arc tg
x
A determinação da distância horizontal, determinada por uma declividade conhecida,
pode ser definida pela relação:
h
x = tg

Considerando-se agora uma carta de escala conhecida, a distância vertical pode ser
definada pela relação:
h 1
x = tg  N , onde N é o número da escala conhecida.

Para a obtenção do valor da declividade em percentagem, que é a dimensão normalmente


empregada, apenas multiplica-se a tangente do ângulo por 100.
h
Tg  x 100 = = declividade em percentagem
x
Os elementos fíxos são o desnível e a escala. Sabendo-se que para cada escala tem-se a
eqüidistância fixa, o desnível entre duas curvas de nível, monta-se uma escala de declividade
para as quantidades fixas.
Para medir-se a declividade entre duas curvas de nível, basta levar o comprimento
medido entre as duas curvas (o mais perpendicular possível entre as duas curvas), até a escala de
declividade da carta.
Figura 7.6.7 - Escala de declividade

184
Ponto de Chegada

Abertura com declividade


constante
Ponto de Partida

Figura 7.6.8 - Determinação de caminho com declividade constante


Conforme pode ser visto na figura 7.6.7, pode-se facilmente determinar o caminho de
declividade constante em uma carta, bastando para isto marcar entre as curvas consecutivas, a
distância horizontal relativa à declividade que se deseja mostrar.

Elaboração de cartas de isodeclividade.


Cartas de isodeclividade são cartas formadas por base a carta de isohipsas (curvas de
nível), traçando-se todas as regiões de igual declividade, ou com declividade compreendida entre
determinados intervalos. Essas cartas são de interesse às aplicações urbanas, agricultura e outras
ciências afins. Mostram os locais de declividade crítica, a partir das quais existem restrições de
alguma forma.
A seguinte tabela é aceita para uma classificação da declividade:
Terreno Plano de 0,5 a 1
Fraca de 1 a 5
Moderada de 5 a 10
Média de 10 a 20
Forte de 20 a 35
Muito Forte acima de 35
A partir desses valores estabelece-se intervalos de classe de acordo com o emprego da
carta.
Por exemplo
0 - 2 2 - 6 6 - 11 11 - 20 Acima de 20
O homem não utiliza declividades acima de 35. A elaboração manual de uma carta de
isodeclividade é extremamente trabalhosa. Verifica-se o intervalo na escala de declividade dos
espaçamento relativo ao intervalo. Percorre-se a carta seguindo perpendiculares às curvas de
nível. Este traçado é otimizado quando executado por computador.

7.6.4 - Perfis
Define-se perfil como o traço de um plano vertical na superfície topográfica terrestre.
185
Como já foi visto, é uma forma de se representar o terreno, por que é obtida a sua
configuração, porém restrita apenas a uma direção determinada.
O emprego de perfis do terreno se dá particularmente nas áreas de engenharia (vias de
transporte), telecomunicações, geografia, urbanismo etc.
A construção de um perfil permite apreciar com clareza a possibilidade de progressão no
terreno, montagem de postos de observação, determinação de áreas de visibilidade.

Figura 7.6.9 - Perfil topográfico


Ele pode ser definido ao longo de uma única direção, como também caracterizado ao
longo de uma poligonal ou linha curva, como por exemplo uma estrada ou linha curva.
a) - Construção de um perfil entre dois pontos
A análise da figura permite deduzir como se constrói o perfil. As fases serão
ordenadas para uma melhor assimilação do processo.
PERFIL TOPOGRÁFICO ENTRE LAGE E TERRAÇO
Escala Horizontal 1:50 000
Escala Vertical 1:10 000
Orientação NW-SE

400 m
350 m
300 m
250 m

200 m
150 m
100 m

500m 1000m 1500m 2000m 2500m 3000m 3500m 4000m 4500m 5000m 5500m
BR 364
Represa Timbau
Rio Carero
Torres
Rio Açu

Figura 7.6.10 - Perfil topográfico entre dois pontos

186
Inicialmente os seguintes elementos devem ser verificados:
- Utilizar para facilidade papel milimetrado;
- Marcar na carta o ponto inicial e final do perfil;
- Verificar a escala horizontal da carta
- Determinar o desnível existente no perfil, entre a maior e a menor cota
h = maior cota - menor cota
- Estabelecer a escala vertical a ser utilizada.
Se a escala vertical for igual a escala horizontal o perfil é dito normal. Se a escala vertical
for menor que a escala horizontal, o perfil é denominado rebaixado e se for maior, é dito
elevado. O que determina um perfil ser normal, rebaixado ou elevado é a visualização dos
desníveis na escala considerada.
Para escalas menores, deve-se adotar perfis elevados, em torno de 2 até no máximo 6x de
ampliação, dependendo do tipo de terreno:
- terreno plano ou para melhor observar e apreciar o terreno - elevado;
- terreno montanhoso - perfil rebaixado.

Figura 7.6.11 - Perfil normal e exagerado


O traçado do perfil será desenvolvido no papel milimetrado( ou em outro papel qualquer).
A seguir são apresentados as fases de traçado de um perfil.
1) - Traça-se no papel milimetrado a linha que define a intercessão do terreno
2) - Levantar perpendiculares nos limites do perfil, marcando a eqüidistância da carta, a
partir de uma cota menor que a menor cota do perfil, até uma imediatamente maior.
3) - Verificar a intercessão das curvas de nível com o perfil e levantar perpendiculares até
a cota marcada na horizontal.
4) - Ligar os pontos de intercessão das horizontais com as verticais, por uma linha
suavizada, não deixou de haver passagens bruscas de um declive para outro.
5) - Marcar todos os pontos notáveis(rios, estradas etc)
6) - Identificação do perfil.

187
Título, escala vertical e horizontal, região, orientação do perfil. Colocar todas as
informações úteis.
b) - Perfil Contínuo
Este tipo de perfil é utilizado em levantamentos de estradas, linhas telegráficas,
microondas, levantamento de perfis de rios etc.
A diferença para o perfil anterior é o seu desenvolvimento ao longo de uma linha
contínua ou poligonal.
A construção é idêntica a um perfil individual devendo ser construído em trechos,
sendo que sempre que houver uma mudança de direção brusca, deve ser indicado no perfil.
Perfil Topográfico do Rio Curimataú
Escala Horizontal 1:50 000
Escala Vertical 1:10 000
450 m
350 m
300 m
250 m
200 m
150 m
100 m
50 m

1 km 2 km 3 km 4 km 5 km
Foz Rio

Ponte sobre
Represa Botelho

Itararé

Rv BR 364

Figura 7.6.12 - Perfil contínuo de um rio


c) - Determinação de Zonas Ocultas (Escondidas)
A construção de um perfil permite, além de conhecer o relevo do terreno de uma melhor
forma, resolver problemas de visibilidade de um ponto a outro.
Permite verificar de se um ponto pode se observar outro, quais as áreas que são visíveis e
não visíveis, o caminho a seguir de um ponto a outro sem ser visto de um terceiro ponto, etc.

Figura 7.6.13 - Perfil com linhas escondodas

188
Observando o perfil acima, tira-se tangentes a todos os pontos elevados B, C e D, cujo
prolongamento determina os pontos de intercessão com o perfil b, c e d. Conclui-se facilmente
que do ponto de observação A, são invisíveis, as partes da superfície do terreno compreendida
entre a tangente e a intercessão.
Essas regiões definem as regiões não vistas ou escondidas. As demais áreas são as zonas
vistas ou visíveis.
Através da elaboração de vários perfis, pode ser elaborada a carta de visibilidade. Os
perfis não devem ser em número regular, nem devem ser tanto mais quanto mais difícil for a
dedução da zona de visibilidade. Devem também passar pelo maior número de acidentes
importantes no terreno(colos, vales etc).

7.6.5 - Medidas de Área


A medição de áreas em princípio exige uma projeção equivalente. A medição de áreas na
projeção UTM, no entanto, não é muito alterada até a escala de 1:100 000, sendo compatíveis os
resultados obtidos.
Em princípio, qualquer medida de área em carta é muito expediente. O que realmente é
medido é a área projetada e não a área real. Por exemplo: um terreno medindo 1 km2, em uma
região com uma declividade de 10, na realidade mede 1.015 km2.

Área real

Área distorcida

Figura 7.6.14 - Distorção na medição de área inclinada


Existem tabelas de conversão de área segundo a declividade, mas normalmente não se
leva em consideração, mantendo-se o cálculo sobre o plano.
Em princípio podem ser empregadas quaisquer processos de cálculo de área conhecido,
porém, para os casos mais gerais e práticos foram selecionados os seguintes processos:
- papel milimetrado;
- decomposição;
- Fórmula de Gauss;
- planímetro polar.

a) - Processo do Papel Milimetrado

189
Utilizado no caso de pequenas áreas. Dispondo-se de um papel milimetrado vegetal,
ajusta-se da melhor maneira possível à área a medir. A área é calculada pela fórmula:

S =  int. +  nao int


2

onde  int. = somatório dos quadrados inteiros


 não inteiros = somatório dos quadrados não inteiros.
O resultado é multiplicado pelo número da escala ao quadrado.

Figura 7.6.15 - Cálculo de área pelo papel milimetradao


Exemplo
Para a escala 1:25.000 foram encontrados em uma área os seguintes valores:
235 quadrados de 1 mm de lado inteiros,
138 quadrados não inteiros.

138
S = 235 + = 304 quadrados de 1 mm
2
Smm = 304 mm2 na carta
S = 304 x 25.0002 = 190.000..000.000 mm2 = 190.000 m2

b) - Processo de Decomposição
Este processo é utilizado no caso de áreas maiores, procurando-se dividir a região em
figuras geometricamente conhecidas, normalmente triângulos e retângulos.
A área residual pode ser calculada pelo processo anterior.
A área total será o somatório das áreas das figuras geométricas e das áreas residuais.

190
Se a área for calculada em termos de unidades reais (unidades da carta), a área deve ser
transformada para unidades do terreno pela utilização da relação de escala.

3 4 6

Figura 7.6.16 - Medição de área por decomposição


c) - Processo da Fórmula de Gauss
O processo da fórmula de Gauss de medição de áreas, é um processo preciso, que pode
ser aplicado a quaisquer medição, desde que se conheça as coordenadas dos vértices limitantes
da área.

2 (E 2, N 2)

3 (E3, N 3 )

1 (E 1, N 1)

n (E n, N n) 4 (E 4, N 4)

7 (E 7, N 7)

5 (E 5, N5)
6 (E6, N 6)

Figura 7.6.17 - Área a ser calculada


Devem ser conhecidas as coordenadas dos vértices 1 a n na figura:
1 (x1, y1)..........n (xn, y7)
ou
1 (E1, N1)..........n (En, Nn)

A formulação de Gauss é baseada em um processo geométrico conhecido como trapézio.


Dispondo-se então das coordenadas de n vértices que compõem o polígono, a área é dada pela
formulação:

2A =  Xi * (Yi-1 - Yi + 1) ou

191
2A =  Ni * (Ei - 1 - Ni + 1)
Quando i = n, entenda-se que o vértice é o primeiro e quando i = 1, o vértice 0 é o último.

7.6.6 - Medidas de Volume


O interesse no cálculo de volume extraído da carta prende-se à avaliação de bacia,
cálculos hidrológicos, agricultura etc.
É um processo bastante expedito, mas que fornece um elemento preliminar de avaliação.

S1
S2
S3
S4

Figura 7.6.19 - Cálculo de volume


- Corta-se a região a medir passando-se uma reta por todas as curvas que compõem o
volume;
- Mede-se a área sob cada curva pelo planímetro ou papel milimetrado;
- Soma-se cada duas áreas subsequentes, dividi-se por dois e multiplica-se pela
eqüidistância, obtendo-se os volumes parciais:
V1 = (S1 + S2 )/ 2 x Eq V2 = (S2 + S3 )/ 2 x Eq .....Vn = (Sn - 1 + Sn )/ 2 x Eq
- Pode-se verificar que o fundo da cava não é medido. acrescenta-se então, conforme a
declividade da cava, de 5 a 10% do total.
- Calcula-se então o volume total da figura
Vt = V1 + V2 +.....Vn + 10% (V1 + V2 + .....Vn)

8 - TOPONÍMIA - REAMBULAÇÃO
8.1 - Introdução
Pode-se definir a toponímia como o estudo lingüístico ou histórico dos topônimos, ou a relação
dos nomes de um lugar ou região. Portanto, a toponímia de uma carta corresponde aos nomes
que caracterizam os acidentes naturais ou não correspondentes de uma carta topográfica.

Uma carta sem nomes ou sem toponímia não é uma carta completa, por menos que se necessite
identificá-la. Existem cartas mudas, porém para fins bastante específicos ou didáticos.

192
A toponímia é portanto um elemento essencial para as cartas ou mapas, pois permitem fazer a
associação entre nomes e posição geográfica, ou seja, a identificação da área de ocorrência do
acidente e dele próprio pelo seu nome associado ao mapa.

Por essas razões, a toponímia correta apresentada em um mapa é de extrema importância, pois
ajuda não só na orientação, mediante referência aos elementos representados, como também
fornece informações essenciais que não podem ser representadas de forma adequada unicamente
por símbolos.

O processo de coleta de topônimos, dados e informações, relativos aos acidentes naturais e


artificiais (orográficos, hidrográficos, fito-geológicos, demográficos, obras de engenharia em
geral), além da materialização das linhas divisórias nacionais e internacionais e respectivos
marcos de fronteira, denomina-se reambulação.

Além destes objetivos, para a cartografia de base, pode-se enumerar ainda:


- esclarecimento de imagens fotográficas não reconhecíveis pela fotointerpretação;
- coleta de informações que não se possam obter através da interpretação por
estereoscopia;
- elucidação de nomes múltiplos de mesmos acidentes.
A fotografia aérea anexa, mostra um trabalho de reambulação de campo para a
cartografia de base, onde a toponímia é anotada na fotografia, servindo de base aos trabalhos de
escritório.
Para a cartografia temática, dependendo do tema a representar, a reambulação também
pode ser definida através de documentos existentes, em escala apropriada. Não se prescinde no
entanto, de trabalhos de campo para checagem e elucidação de dúvidas.
8.1 Letras
Assim como os nomes são elementos importantes no mapeamento em geral o desenho e uso de
letras são igualmente importantes no projeto do mapa.

O uso de letras envolve duas operações:


- especificação, que controla a aparência de cada nome;
- seleção e disposição dos nomes nos mapas que é parte do processo de compilação.

193
Deve-se ver na letra também uma parte estética da carta. O conjunto desenho e letras devem ser
esteticamente harmônicos e balanceados. Letras deslocadas, mal escolhidas ou projetadas, seja
por tamanho desproporcional ou forma, influem bastante no aspecto visual da carta.

a) - Classificação das letras


Pela forma podem ser classificadas em:
- maiúsculas
- minúsculas

As maiúsculas são empregadas em títulos e nomes principais. As minúsculas, com a exceção da


primeira letra, são empregadas em nomes secundários.

Para os nomes que ocupam grandes áreas, linhas ou regiões, que tem de ser bem espaçados, usa-
se sempre letras maiúsculas, qualquer que seja o acidente ou fenômeno.

A prática mostra que as letras minúsculas são mais perceptíveis que as maiúsculas, por se
aproximarem da escrita manuscrita. Tem uma melhor união e fornece um conjunto visual
agradável à vista.
Conforme o tipo, as letras podem ser classificadas em:
- Bloco
- Romano

Os caracteres em bloco são cheios, sem apoio:

Os caracteres romanos apresentam serifa ou apoio:

A d
Em relação a espessura podem ser classificados em:
-finas

194
-normais
-grossas

As simples são finas, enquanto as cheias, do mesmo tipo são dupla ou triplamente encorpadas

G G
Quanto a orientação, as letras podem ser:

-verticais B
-oblíquas (itálicas ou cursiva) B

As verticais são usadas para qualquer fenômeno que não seja hidrográfico. As itálicas só são
empregadas em acidentes e fenômenos ligados à hidrografia.

Em relação às dimensões, deve-se observar a largura e altura. Em termos de largura as letras são
classificadas em 4 grupos:
- M e W - Largas
- C O S D G Q - Meio Largas
- A B E F H K L N P R T U V X Y Z - Meio Estreitas
- I J - Estreitas

Em relação a altura, não existe variação para as letras maiúsculas. Quanto às minúsculas, existe
um problema, pois apesar da mesma linha de base, algumas vão para cima e outras para baixo.
Consideram-se os seguintes grupos:
- curtas - a e o i m n r s c u v x
- com perna - g p q y z
- com braço - b d h f l
-intermediária - t

Tipograficamente as letras são classificadas pelo número de pontos de sua caixa, eqüivalente a
1/72 da polegada:
1 ponto = 0,353 mm US
= 0,351 mm GB

195
O problema desta classificação está no fato do ponto se referir não ao tamanho da letra, mas ao
tamanho da base tipográfica da letra. Sempre haverá portanto uma diferença para o tamanho real
da letra.

Quanto a largura, não existe uma unidade, porém existem três tipos que variam bastante devido a
não padronização:
- Condensada

Desenho
- Normal

Desenho
- Largas

Desenho

Quanto a definição de cores para as letras, este é um problema por não se ter muito o que
escolher. A cor deve ser escolhida de modo a provocar um contraste entre o fundo e a
nomenclatura. Como o fundo muitas vezes não é branco, não pode-se usar qualquer cor.
Exemplos:
- vermelho sobre a curva de nível
- o azul é reservado para a hidrografia.
- usa-se o preto para todo o resto, exceto curvas de nível (mesma cor da curva - sépia).

Como variantes, ainda tem-se alternativas de letras cheias, semivazias e vazias.

1 1 1

8.3 - Disposição da toponímia


Da forma como os nomes estarão dispostos no documento cartográfico, vai depender em grande
parte não só a estética, mas também a qualidade do mapa, pois a toponímia tem também uma
função de localização.

A disposição da toponímia obedece regras que se diferenciam uma vez que estejam
representando um fenômeno pontual, linear ou zonal.

196
a) - Nomes de posição (Elementos pontuais)
A noção de pontualidade está ligada diretamente a escala da carta. Em uma escala grande, pode-
se representar uma cidade por seu contorno; em uma escala pequena, poderá ser através de um
símbolo pontual. Evidentemente as regras de um não será aplicada ao outro, pois haverá
inclusive alteração da representação geométrica dos fenômenos (zonal para pontual).

Devem ser observadas sempre que possível as seguintes normas:


- Os nomes devem ser colocados paralelamente aos limites do mapa, diretamente à visão

Limite Infe rior

normal.
Figura 8.1 - Colocação dos nomes paralelamente à base do mapa
- Deve estar o mais próximo possível do local de ocorrência do fenômeno. Se existirem
limites com duas cores contrastantes, o nome não deve atravessar o limite.

Figura 8.2 - Nomes em limites

- Deve-se dar as seguintes prioridades para o posicionamento do nome:


1- um pouco acima e direita
2- um pouco abaixo e direta 5

4 1

3 2

3- um pouco abaixo e esquerda


4- um pouco acima e esquerda
5- no meio em cima
6- no meio embaixo
197
Figura 8.3 - Situação dos nomes

A prioridade à direita deve-se ao fato deste ser o sentido geral de leitura nomes. Os nomes
situados acima são melhores do que os embaixo, por existir um menor número de letras com
braços que com pernas.
- Existindo vários pontos próximos, pode haver necessidade e é permitido, colocar-se o
nome em curva, que é melhor que se houver uma troca de lugar.

Figura 8.4 - Situação de nomes de pontos muito juntos

A mudança para a esquerda não é uma boa opção e deve ser evitada.

- Nomes compostos, que não puderem ser escritos em uma só linha, podem ser escritos
em duas. Havendo preposição, colocar a preposição na segunda linha.

Rio Serra
de Janeiro do Mar
- Localizações próximas a margem de rios, o nome deve ficar todo na margem que situa o
fenômeno. Não se pode cortar o rio.

Se o rio for representado por uma linha simples, pode ser colocado na margem oposta, mas
também não pode cortá-lo.
Mina s
do Sul
Mina s

Figura 8.5 - Nomes de rios


- Em litoral mais ou menos paralelo aos limites da carta, a melhor opção é colocar os
nomes em curva, nunca em perpendicular.
Figura 8.6 - Nomes em litoral

198
b) - Nome de feições lineares
Estão representando feições lineares, tais como rios, linhas notáveis, canais etc.
- O nome deve acompanhar a direção da linha(do eixo da linha) e não deve ser separado
do fenômeno que ele representa, por outro tipo de linha

o
ra d in h
S ob
R io

Figura 8.7 - Orientação de nomes lineares


- A disposição geral das palavras deve permitir a leitura do mapa sem movimentá-lo ou
rotacioná-lo. Não deve mudar muito a orientação.

Figura 8.8 - Orientação geral dos nomes


- Os nomes devem ser dispostos ao longo de uma linha de base, afastada da ordem de
2mm da linha do fenômeno.

Figura 8.9 - Disposição ao longo de linha base


Se o nome for composto ou espaçado entre outros, o espaçamento entre as partes deve ser
constante.
Se o nome estiver contido pelo fenômeno, a altura não deve exceder 2 terços do espaçamento
existente.

Figura 8.10 - Nomes em rios de margem dupla

199
Um nome deve ser repetido, principalmente se for cortado por outro elemento linear.

c) - Nomes de identificação de área (zonais)


- O nome deve ser escrito uma vez e não deve ser repetido no mesmo mapa ou folha.
- Deve ser lançado na horizontal ou em duas linhas se possível.
- Não podendo ser disposto horizontalmente, pode ser inclinado ou colocado em curva
única, acompanhando toda área, ou o eixo maior da área.

a s tra
Ca n
da
S e rra

Figura 8.11 - Nome de área

8.4 - Processos de Desenho


- Mão livre
-Normógrafo
- Colada
- Decadry
- Letraset
- Zip-a-tone
- Letraform

9 - GENERALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

9.1 - Introdução
Um mapa sempre representará uma área em uma escala menor que a sua correspondente
sobre a superfície terrestre. A informação contida nele é restrita ao que pode ser representada na
escala considerada.

200
A tranformação que a informação geográfica sofre, através de processos de seleção,
classificação, esquematização e harmonização, para reconstituir em um mapa o mundo
real, seja em relação à superfície do terreno ou da distribuição espacial que se deseja
representar, por seus traços essenciais, denomina-se generalização cartográfica.

201
Figura 9.1 - Redução fotográfica versus generalização cartográ-
fica

A generalização é função direta dos seguintes fatores:


- finalidade da carta
- do tema representado
- da escala (mais importante)
- das características da região mapeada
- da natureza das informações disponíveis sobre a região
O processo de generalização é de grande importância na representação cartográfica de
fenômenos, sejam eles de cartografia de base ou temática, pois a representação demasiada de
elementos, forçosamente irá prejudicar a clareza do documento, conforme pode ser visto na
figura 9.1 e 9.2.

202
Figura 9.2 - Generalização de pontos e áreas
A finalidade diz respeito ao emprego do mapa, ou seja, para o que ele vai servir, ou a que
usuários deverá servir. Assim são definidas quais informações são importantes para estarem
contidas no mapa, em função do seu emprego e dos usuários que o utilizarão.
Por exemplo, uma mesma área geográfica representada em um atlas de referência e em
um atlas escolar, não conterão a mesma quantidade de informações. O mapa de referência terá
sempre muito mais informações, enquanto que no escolar são simplificadas para não prejudicar a
clareza.
O tema conduz a uma simplificação dos detalhes que não interessam exibir ou são
irrelevantes, como por exemplo, o relevo em uma carta básica é essencial, enquanto que em uma
carta náutica é apenas esquematizado.

203
A escala é o fator mais importante, por que independente de todos os demais, o mapa será
sempre generalizado. Quanto menor a escala, ocorrerá uma maior generalização das
informações, sendo portanto inversamente proporcional à escala.
As características regionais vão estabelecer o que é importante ser representado no mapa.
Depende da importância relativa do fenômeno para a região considerada. Por exemplo, a
localização de um poço artesiano no Rio de Janeiro e um poço artesiano em uma região desértica
ou semi-árida. O poço da região desértica tem uma importância relativa muito maior, sendo
relevante a sua representação em qualquer escala.
Em relação as informações disponíveis, deve-se documentar a região, de forma a se
conhece-la, para se definir o que será possível generalizar. Por outro lado, é necessário conhecer
as características de referenciamento de uma feição. Devido ao fato da informação primária ser
de posição, é a forma linear ou de área que o mapa mostra efetivamente dentro de seus limites.
Por exemplo, estradas de rodagem podem ter retas e curvas acentuadas, enquanto as
estradas de ferro terão sempre curvas suaves e de raios longos. As linhas de costa e contornos
serão suaves ou irregulares dependendo também da região. Alguns limites de cidades são
completamente irregulares em termos de construção e layout, outros porém são de aparência
bastante simétricos. Algumas formas de terreno são caracterizadas pela freqüência de outras
formas menores, dispersas ou nucleadas, caracterizando um padrão de ocorrência.

9.2 - Processos de Generalização

Os processos de generalização são os seguintes:


- seleção (ou omissão seletiva)
- esquematização (simplificação)
- classificação
- harmonização

9.2.1 - Seleção
Também chamada de omissão seletiva ou eliminação, é um processo que estabelece o
número total de feições de uma classe que serão ou não representadas no mapa.
A seleção pode ser qualitativa ou quantitativa, porém deve ser estabelecida para ambas as
formas, a priorização da omissão.
Uma seleção qualitativa pode ser exemplificada pela decisão de supressão das cidades
com menos de 10.000 habitantes, ou todas as feições com menos de 5m de largura.

204
No aspecto quantitativo, por exemplo, a supressão de riachos com menos de 1cm de
comprimento na carta, ou matas com menos de 16mm2.
Desenho
A figura 1 mostra um processo de generalização por seleção de áreas de povoamento em
pequenas escalas.
A omissão seletiva deve ser regida por algumas normas, para se escapar de ser um
processo estritamente subjetivo. Existe uma subjetividade, porém deve ser conjugada com regras
objetivas, para evitar de ser dependente de um elemento ou pessoa. Em termos computacionais,
procura-se chegar a um consenso, porém a interferência humana é ainda necessária.
O seguinte processo é estabelecido como um bom critério de seleção:
Ni = número de objetos no mapa inicial
Nr = número de objetos no mapa final
1
= escala do mapa inicial
Ei
1
= escala no mapa final
Ef
Relacionando estes valores, obtem-se os modos de seleção.
- Nr = Ni ; para manutenção dos números de elementos iguais
- Nr = Ni Ei / Er ; para seleção de 70% dos elementos (2 em 3)
- Nr = Ni x Ei/Er ; para seleção de 50% dos elementos (1 em 2)
- Nr = Ni x ; para a seleção de 35% (1 em 3)
Ei 2
- Nr = Ni ( ) ; para a seleção de 25% (1 em 4)
Er
Este processo é válido para a cartografia temática, se aplicado a pontos, mas não é válido
para a cartografia de base. A figura 2.1 é um bom exemplo do emprego deste processo.
Em relação a símbolos lineares, a forma mais indicada é o estabelecimento de um critério
pelo comprimento ou largura.
Para a seleção zonal, praticamente não existe. Não há necessidade de ser selecionado, por
que enquanto for necessário deve-se manter o limite representado.
A seleção é característica de fenômenos pontuais, não se aplicando muito aos lineares e
planares.

9.2.2 - Simplificação (Esquematização)


A simplificação aplica-se as feições lineares e o limite de feições planares. Tanto maior
for a sinuosidade de uma linha, maior será o efeito de simplificação.

205
Uma linha reta reduzida em escala, será ainda uma linha reta, embora mais curta. Por sua
vez uma linha altamente irregular sofrerá além da redução em escala, uma redução em tamanho,
a medida que as sinuosidades são removidas.

Figura 9.3 - Generalização de limites por redução de escala

206
Durante o processo de redução, é muito importante que as características do objeto sejam
mantidas. Deve ser evitada a substituição das linhas irregulares por linhas suavizadas, bem como
evitar que este exagero seja introduzido em alguns casos.
A esquematização pode ser definida como estrutural, que é a simplificação voluntária dos
ângulos, curvas das linhas e limites de área.
Afeta todas as escalas, uma vez que em qualquer uma delas, as linhas tem espessura
e ocupa uma largura maior que o terreno.

Figura 9. -

Por esquematização ou simplificação conceitual, entende-se como um resultado de uma


mudança de nível de observação. Por exemplo, a representação de uma cidade por seus limites e
a representação da mesma cidade por um ponto; um poço de petróleo e uma zona petrolífera.
No aspecto conceitual, não se pode esquematizar tudo; os elementos podem estar ligados
entre si. Pode-se por exemplo suprimir um rio sem se alterar as curvas de nível, mas não se
representa um rio cheio de curvas e generalizar as curvas de nível. São elementos interligados e
devem ser simplificados na mesma proporção.

207
9.2.3 - Classificação
A classificação é um processo de aglutinação da informação, podendo ser aplicada a
quaisquer tipos de informações, pontuais, lineares ou planares. A aglutinação por sua vez
determina a definição de intervalos de classe que irão delimitar os subconjuntos de informação
aglomerados em um grupo agora único. Existirá sempre um problema de perda de informação,
pois a divisão de um fenômeno contínuo em intervalos de representação junta elementos
distintos em um grupo de mesmas características.
Exemplos pontual, linear e de área

9.2.4 - Harmonização
Define o princípio de equilíbrio entre os detalhes: a visibilidade do mapa, a percepção dos
detalhes, o equilíbrio de cores etc. É a harmonia do conjunto, definida pela estética, dada pelo
planejamento da visualização.

9.3 - Princípios de Generalização

Toda generalização a ser efetuada deve seguir princípios bem definidos, para que não se
perca qualidade, clareza e precisão do documento a representar.
Os seguintes princípios devem ser seguidos sempre que possível:
- Juntar o máximo de informações possíveis sobre a área a generalizar
- Não se ater ao princípio de supressão do pequeno e manutenção do grande. Em
determinados locais, o pequeno pode ter prioridade sobre o grande. Por exemplo em dois trechos

208
de um mapa, a área A é mais seca que a área B. Suprimindo-se os pequenos lagos em B, haverá
uma idéia errada do terreno.
Desenho
- Princípio de classificação
A alteração da classificação dos objetos e feições, por exemplo, passando-se de área à
ponto, a generalização tem que atingir todos os elementos envolvidos.
A supressão de classe, por outro lado, leva a um outro conceito de generalização. Existe a
possibilidade inclusive de perda do equilíbrio.
- Visualização
Por este princípio, sé se pode agrupar elementos que sejam vizinhos.
Desenho
Se existir uma separação por meio de outros objetos, não podem ser grupados.
Desenho
- Semelhança
Se possível, deve-se sempre seguir o princípio de preservação das formas. Existirá uma
degradação das formas, porém deve ser próxima à forma original.
- Equilíbrio
O equilíbrio em um mapa é caracterizado por estabelecer prioridades sobre os elementos
a representar. Se todos tiverem o mesmo peso, não poderá haver uma prioridade visual sobre
nenhum dos elementos.
Em cartas temáticas porém, o equilíbrio será dado pela priorização da visualização sobre
o tema a representar.

209
10 - SÍMBOLOS E CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

10.1 - Introdução
210
A simbolização ou a definição dos símbolos e convenções cartográficas que representarão as
informações geográficas em um mapa ou carta, é a última das transformações cognitivas que
serão submetidas a informação geográfica.

Uma das grandes vantagens de um documento cartográfico é a sua universalidade. Na realidade


ele não precisaria ter uma linguagem escrita padronizada, para que pudesse ser interpretado, ou
seja, a interpretação de um mapa poderia ser realizada, em princípio, sem que se conheça
totalmente a linguagem escrita, reconhecendo-se apenas a linguagem gráfica associada.

Por outro lado, o mapa fornece uma visão global de uma região, facilitando a sua memorização,
uma vez que é, com as limitações inerentes, uma imagem generalizada do terreno.

Caracteriza-se portanto um mapa, como uma linguagem peculiar de comunicação, que permite a
comunicação de informações por este meio. Como qualquer linguagem, (e especificamente é
uma linguagem gráfica), utiliza símbolos para poder traduzir uma idéia ou um determinado
fenômeno. Assim, pela associação de símbolos, chega-se perfeitamente a uma analogia e mesmo
a comparação de fenômenos.

Desta forma o mapa registra o fenômeno e em conseqüência a informação que o traduz, logo
pode ser considerado um inventário dos fenômenos representados. Por ser um documento
informativo tem que ser completo, ou seja, tem que ser fiel àquilo que se deseja representar. Isto
pode, de uma certa forma, prejudicar a legibilidade, o que deve ser o mais possível evitado, ou
seja, tem-se ao mesmo tempo registrar a informação e o menos possível prejudicar a legibilidade.

Logo, a informação deve ser tratada para poder representar o fenômeno de acordo com essas
características. Não deve apenas registrá-lo, sob pena de não representar o fenômeno de forma
coerente, criando-se uma simbolização ou convenções, que traduzam com fidelidade a
informação cartográfica representada no mapa.
Ao nível do tratamento da informação, pode-se dar um tratamento qualitativo ou quantitativo à
informação, o que permitirá a sua sintetização, visando facilitar a comunicação.

A comunicação com o usuário deve ser clara, legível e nítida. Uma boa carta pode até ser lida
sem legendas, porém necessita da legenda para uma interpretação mais aprofundada.

211
Existem diversas formas de simbolizar ou codificar dados geográficos, seus conceitos e
relacionamentos, porém atribuir um significado específico aos vários tipos de símbolos, suas
variações e suas combinações, é apenas o primeiro dos dois passos de um projeto gráfico. O
segundo passo é dispor os símbolos e códigos de forma que o usuário os veja de forma que o
cartógrafo quer que sejam vistos, ou seja, pela atribuição de um significado próprio e pela
disposição e apresentação da simbologia adotada.

Pode-se então estabelecer, que símbolos e conveções cartográficas são os elementos que se
dispõe para representar cartograficamente a informação geográfica, dentro de uma linguagem
gráfica pré-estabelecida.

O objetivo de um mapa geral é exibir uma variedade de informações geográficas e pelo menos
em teoria, nenhuma classe deve ser mais importante que outra. Um mapa temático por sua vez,
tem interesse principal em apresentar a forma geral ou a estrutura de uma dada distribuição
espacial ou combinação delas. O relacionamento estrutural de dada parte com o todo é que tem
importância. É uma espécie de ensaio gráfico relacionado com as variações espaciais e
relacionamentos com algumas distribuição espacial. Os objetivos e problemas de mapas gerais e
temáticos são portanto bastante diferentes.

10. 2 - Informações Qualitativas e Quantitativas


As informações geográficas possuem características que podem ser assumidas como qualitativas
ou quantitativas.

Por informação qualitativa deve ser entendida como a informação que tem caráter tipicamente de
apresentar a tipificação da informação, ou seja, a sua qualificação. Por exemplo, uma igreja, uma
estrada, um rio, uma área de vegetação, uma ocorrência de determinado tipo de solo, um tipo
específico de cobertura vegetal. A simbologia adotada irá apenas qualificar o tipo de ocorrência,
juntamente com o seu posicionamento geográfico, sendo estes os seus princiapis atributos. Não
existe associação com nenhum tipo de hierarquização ou quantificação de valores.

Já as informações quantitativas são caracterizadas por representar um valor mensurável para o


fenômeno ou à sua ocorrência. Podem dar também, sem valorizar, uma idéia de hierarquia ou de
priorização de elementos, ou podem associar valores quantificáveis para a representação do
fenômeno. Por exemplo, a ocorrência de estradas, distintas por classes (auto-estrada, 1 a classe,

212
federal, estadual, pista simples, pista dupla, etc), dando uma idéia de hierarquia, ordenação ou
prioridade. A associação às estradas de dados de fluxo de veículos, capacidade de escoamento de
carga, capacidade de suporte de veículos, são típicas de quantificação por valores mensuráveis
sobre o fenômeno.

10.3 - Escalas ou Classes de Observação


As escalas de observação ( neste caso, o termo escala representa a forma de associação às
informações qualitativas e quantitativas e não ao conceito clássico espacial de razão de escala),
são denominadas como: nominais, ordinais, intervalos e razão.

A classe nominal traduz as informações qualitativas, possuindo portanto todas as suas


características. A classe ordinal associa-se às distribuições quantitativas que não são
representadas por valores dimensionais, mas por uma hierarquização de importância ou
priorização apropriada. As classes de intervalo e razão associam-se às informações quantitativas
valoradas, sendo as de intervalo traduzidas por valores dentro de uma faixa contínua de
ocorrência e a de razão, representadas por valores obtidos de associações ou relacionamentos
entre dois ou mais elementos. Por exemplo a representação de altitudes por curvas de nível são
intervaladas e a densidade demográfica associa-se às representações por razão - habitantes/km2.

10.4 - Classes de Símbolos


Existe uma variedade ilimitada de dados espaciais que podem ser mapeados e todos devem ser
representados por símbolos.

De forma a considerar as maneiras pelas quais os sinais convencionais (ou convenções) podem
ser empregadas, é útil classificá-las, através de sua geometria. Define-se 3 tipos de classes de
símbolos, quanto às sua características gráficas: pontos, linhas e áreas.
Pode -se ainda estabelecer uma outra classe, definida por uma característica volumétrica.

a) - Símbolos Pontuais
São convenções individuais, tais como pontos, triângulos etc, usados para representar um lugar
ou dados de posição, tais como uma cidade, uma cota, o centróide de uma distribuição, ou um
volume conceitual, como a população de uma cidade.

213
Mesmo que a convenção possa cobrir uma pequena área do mapa, pode ser considerada um
símbolo pontual quando conceitualmente refere-se a uma posição geográfica de ocorrência.

b) - Símbolos Lineares
São convenções lineares, para representar elementos que têm características de linhas, tais como
cursos d’água, rodovias, fluxos, limites etc.

Não significa que representem porém só elementos lineares, por exemplo, a representação de
curvas de nível permite que se extraiam informações de volume.

c) - Símbolos Zonais, de Área ou Planares


São convenções que se estendem no mapa, caracterizando que a área de ocorrência tem um
atributo comum, por exemplo: água, jurisdição administrativa, tipo de solo ou vegetação.
Usado desta forma, uma convenção de área é graficamente uniforme e cobre toda área de
representação do fenômeno.
Figura 10.1 – Classificação por classes de observações e por características gráficas

Pontos Linhas Área


Cidade Pântano
Rio Terras
Mina
l

Estrada
ina

Áridas
Igreja Gratícula Floresta
m
No

Marca de Altitude Limites Setores


Censitários

Maior Menor
Grande Auto-estrada
al

Federal
Médio
in

Estadual
Ord

Pequeno Vicinal
Fonte poluidora

Repetição Coropletas
Cada ponto vale Isaritmas
-

75 pessoas
a lo
Ra Interv

Valorados Valorados
Unidimensional Hachuras
zão

Bidimensional
Fluxos
Círculos, quadrados
triângulos etc
Isopletas

214
10.5 - Elementos Gráficos Primários
Para a representação da informação cartográfica, dispõe-se dos símbolos, que são traduzidos pela
visualização e diferenciados portanto, por serem variáveis visuais.

Assim define-se como elementos gráficos primários, as variáveis visuais de diferenciação dos
símbolos:
- cor;
- valor;
- forma;
- tamanho;
- orientação;
- espaçamento;
- posicionamento.

Variáveis Gráficas

Ponto Linha Área

Cor

Valor

Tamanho

Forma

Espaçamento

Orientação

Posição

a) - Cor e Valor

215
São duas variáveis interligadas. Para uma escala monocromática o valor varia do branco ao
preto. Só é visível em símbolos robustos. Para símbolos pequenos, a variação de valor
(saturação) não é distinta.

Também é valido para as cores. Não deve-se escolher muitas cores para não confundir e
desequilibrae uma representação. Devem ser poucas e contrastantes.

A cor traduz fenômenos quantitativos quando é usada apenas uma cor em seus vários matizes.
Cores diferentes vão expressar fenômenos qualitativos.
A variável possue características controvertidas e complexas. Existem fatores para o estudo da
cor, que muitas vezes são divergentes entre si, fazendo com que tenham que ser considerados
inicialmente isolados, para depois serem observados em conjunto. São os seguintes fatores ou
aspectos a considerar:
- físico;
- fisiológico;
- subjetivo;
- simbólico;
- estético.

É possível através das cores: ordenar, distinguir contrastes,enfatizar efeitos ou mesmo


representar a evolução de um fenômeno, além de aumentar a legibilidade da carta.

A cor contribui para a estética e para a qualidade do documento, mas deve ser lembrado que uma
má escolha de cores gerará um documento com características invertidas.

Aspecto Físico da Cor


As cores vistas são as do aspectos eletromagnético, dentro da faixa do visível (0,3 a 0,7 mm).
As cores fundamentais são vermelha e azul a amarelo.

216
Estas são as cores que pode combinar. Em termos de sistemas de cores, os mais utilizados são o
RGB (red, green e blue) para computação, e o CMY (cian, magenta e yellow), aditivo e
subtrativo respectivamente.

O RGB tem um emprego maior junto com o HIV (hue, intensity, value) para emprego
computacional, enquanto que o CMY para emprego topográfico.
Deve ser levado em conta o efeito da luz branca (ou outra) sobre o documento que será gerado.
R C

G 0 M

B Y

Hierarquia Cromática
É a ordem de percepção das cores. Por exemplo, o preto é logo notado, enquanto que o amarelo é
das últimas cores a serem percebidas. Reserva-se ao preto detalhes importantes, enquanto ao
amarelo os de pouca importância. Nota-se melhor:
- preto no branco;
- preto no amarelo;
- vermelho no branco;
- verde ou azul no branco;
- branco no vermelho;
- amarelo no preto;
- branco no azul ou verde.

O alaranjado tem uma boa percepção.

O olho humano distingue 25 variações de tonalidade da mesma cor. Limita-se porém a 5


variações, para haver um contraste suficiente para não criar confusão de percepção.

217
Aspecto Fisiológico da Cor
Em relação ao aspecto fisiológico da cor deve-se considerar três fatores:
- tom;
- valor;
- saturação.

Tom ou cor são sinônimos, caracteriza as diferentes cores dentro de cada sistema. É estritamente
qualitativa em termos de representação de fenômenos. Pode no entanto representar
quantificações desde que não dêm margem a dúvidas sobre que tipo de representação está sendo
apresentada.

Valor, também chamado de brilho, corresponde à luminosidade da cor, devido ao grau de


reflectância da cor, dependendo do seu comprimento de onda e da diluição do branco em
proporção variável.
azul - vermelho
verde - laranja
violeta - vermelho roxo

Por saturação entenda-se a relação entre a cor pura e a mesma cor diluída no branco. A cor pura
será 100% saturada.

A partir dessas características pode-se ordenar quantitativamente um fenômeno através da


definição de uma escala monocromática com variações de saturação de cor.
Ex.: vermelho puro - 100%; com 25% de branco; com 50%, com 75%.
O branco é normalmente usado para representar ausência do fenômeno.

A escala monocromática de cinza também pode ser utilizada em percentuais de diluição que
permitam uma boa definição da sua variação:
preto - 100%; 23% branco; 48%; 78%.

Pode-se também definir uma representação quantitativa utilizando-se de uma ou outra banda do
espectro, incluindo-se o amarelo em cada uma delas. Não é aconselhável misturar as duas bandas
ara uma representação única quantitativa.

218
Para esta consideração, deve-se levar em conta a intensidade da fonte luminosa: sob luz normal a
maior sensibilidade do olho humano é ao amarelo. Se a luz for fraca é deslocada para o verde,
resulta que a cor azul é vista mais clara que o vermelho, apesar de terem valores iguais. Quando
se quiser um bom contraste, deve-se usar uma próxima à escala da direita do espectro
eletromagnético.

Em relação às cores acopladas, o olho humano é mais apto a reconhecer 2 saturações próximas
que estejam vizinhas, do que quando estiverem em duas regiões afastadas. Todavia todas as
cores são notadas com maior ênfase se limitada por preto ou visualizadas sobre um fundo claro.
As cores de maior valor avivam as de menor valor.
Ex.: vermelho junto do verde, este é avivado;
azul  laranja

Aspecto Subjetivo da Cor


Cores frias e quentes
Violência, guerra, calor  vermelho
Frio  azul
Aspecto emocional da cor, liga a cor com estado de espirito, procurando-se dar aparência de
calma, tranquilidade etc. É o caso por exemplo, da utilização de tonalidades suaves, o verde para
hospitais, rupas de médicos, etc.

Aspecto Simbólico da Cor


Azul  água
verde  vegetação

Aspecto Estético
É uma preocupação secundária, mas também deve ser considerada. O usuário é sensível ao
aspecto estético e de beleza. O documento deve ter uma estética no mínimo funcional.

b) - Forma
É uma variável ilimitada. É uma característica gráfica definida pela aparência:
- regular - triângulo, círculo;
- limite de uma área irregular: ilha ou estado;
- contorno de uma feição linear.

219
Apesar de ser na teoria ilimitada, na prática deve ser limitada, com figuras de formas conhecidas
e fáceis de serem diferenciadas uma das outras.

Figuras de mesma área (círculos, triângulos, quadrados) darão relação de equivalência e não de
classificação.

c) -Tamanho
Fornece uma informação quantitativa sobre a ocorrência do fenômeno. Pode excepcionalmente
representar idéias qualitativas
.

Variam em tamanho quando têm dimensões aparentes diferentes: diâmetro, área, comprimento,
altura. Normalmente quanto maior o símbolo, maior a sua importância.

d) - Orientação
Refere-se à disposição direcional dada à variável. Deve haver uma referência (reticulado, borda
do mapa), para a modificação da disposição.

Não é permitido a todas as variáveis, como por exemplo o círculo.

220
As variáveis podem ainda ser combinadas entre si, criando-se novas formas de símbolos, por
exemplo:
- formas diferentes de mesma área;
- formas e dimensões;
- formas e cores diferentes;
- dimensões diferentes e cores diferentes;
- todas com orientações.

e) - Espaçamento
Quando um símbolo é definido por uma arranjo de outros componentes (pontos ou linhas), o seu
espaçamento pode ser variável, qualificando ou quantificando. Por exemplo:
Saturação (valor)

Idéia de saturação  quantificação para determinadas ocorrências (vegetação)


Qualificação  sem quantificação áreas diferenciadas por textura visível sem
diferenciação de intensidade. Espaçamento regular (linhas/pontos).

Pode-se ainda dar uma estrutura regular ou irregular.

f) - Posição
O posicionamento no campo visual, o plano do mapa, é geralmente aplicado apenas aos
componentes que podem ser movidos, tais como títulos, legendas e toponímia.

A posição da maior parte dos símbolos e convenções são prescritas pela ordenação geográfica
dos dados e são suscetíveis de alteração, apenas por mudanças de projeção ou deslocamentos
dentro da área do mapa, para melhorar a legibilidade.

221
10.6 - Símbolos Cartográficos
Símbolos cartográficos são convenções utilizadas na representação de feições cartográficas,
exibidas em um mapa ou carta.

Para a cartografia de base, mapeamento sistemático, são codificadas em manuais de instruções,


como por exemplo os Manuais T 34 - 700 - Convenções Cartográficas, do EME e Normas para a
Carta Internacional do Mundo - IBGE, incluindo além dos sinais convencionais, tipos de letras e
outra informações necessárias.

Por outro lado, todas as convenções utilizadas em um mapa ou uma folha isolada, devem, em
princípio, constar da legenda, como um dado marginal do mapa ou carta.

Em termos de Cartografia Temática, não existe uma padronização de convenções, devido à


diversidade de fenômenos que podem ser veiculados e mapeados. Assim , a criação de símbolos,
o seu planejamento, distribuição e visualização são de responsabilidade exclusiva do elaborador
do documento, devendo constar obrigatoriamente da legenda do mapa, bem como, quando
necessário, a elaboração de descritores que permitam a tradução do mapa ao leigo.

10.6.1 - Limites de Percepção, Diferenciação e Separação


Um dos problemas que logo se apresenta para a apresentação do que será representado no mapa,
está ligado ao tamanho da sua representação, ou seja, até que dimensões reais na carta, um objeto
será percebido, e como será essa interação com o usuário.

Em princípio, nada que possua menos que 0,2 mm na escala do mapa será representado, mas se o
for, devido a sua importância relativa, como fazê-lo de modo que a sua percepção seja
estabelecida através da sua ponderação em relação aos demais.
Pode-se estabelecer três limites em uma série de símbolos de tamanho variados:
- limite de percepção: o nível de presença que possa discernir o símbolo;
- limite de diferenciação: o reconhecimento claro da diferença de formas;
- limite de separação: a diferenciação por incremento de alguma dimensão do símbolo.

222
A aplicação desses limites no conjunto, permite estabelecer não só uma melhor diferenciação
para os símbolos, mas também impor uma estética e clareza, baseada em uma hierarquia de peso
e classificação qualitativa e quantitativa dos objeto.

10.6.2 - Escolha de Convenções


A escolha das convenções então deve ser guiada através de uma análise criteriosa dos fatores
apresentados, bem como sobre a escala do documento cartográfico.

Para os fenômenos pontuais, os símbolos devem sempre que possível conservar os limites e as
formas. Não sendo possível, devem, pelo menos ter uma forma que lembre estes limites.

O aproveitamento de uma mesma forma para gerar símbolos deve ser estabelecida levando em
consideração os limites estabelecidos.

Para os fenômenos lineares, conserva-se sempre que possível o alinhamento original, variando-se
a largura da convenção e a espessura do traço.

Para os fenômenos zonais, a convenção irá recair em estrutura e textura, seja de cor ou de padrão
gráfico, que represente a área que o fenômeno ocorre.

10.7 - Formato do Papel


As normas técnicas sobre papel no Brasil, definidas pela ABNT, correspondem a DIN476.
O formato básico é o definido pela série A e tamanho 0, de 1 m2 de área.
A0  841 x 1.189 mm 1m2
A partição do papel é sempre feita pela divisão da maior dimensão por 2, mantendo-se
sempre a relação.
X 1 2
 ou X Y
Y 2 2

223
XY = 1 M2
Partindo-se da base tem-se todos os tamanhos.

2AO 1.189 mm 1.682 mm 2 m2


AO 841mm 1.189 mm 1 m2
A1 549 mm 841 mm 0,5 m2
A2 420 mm 549 mm 0,25 m2
A3 297 mm 420 mm 0,125 m2
A4 210 mm 297 mm 0,0625 m2
A5 148 mm 210 mm 0,0313 m2

Qualquer projeto gráfico deve incluir a margem do desenho ou mapa.


Além do formato, ainda devem ser verificados os seguintes características do papel:

- peso do papel
Definido pela gramatura. Um papel grosso quebra com facilidade. A gramatura é dada pelo peso
de uma folha AO.

- deformação do papel
Considerações sobre o aspecto de deformação do papel pela ação do tempo, umidade etc.
Normalmente os papeis poliester são usados para desenhos, onde se deseja deformação mínima.
Não são usados para impressão, devido ao seu custo, sendo para isso utilizado papel canson.

- brilho
Dar preferência ao papel fosco. O brilho pelo reflexo atrapalha a visão.

- aspecto de absorção da tinta


224
Tipo do papel que pega melhor a tinta, dando uma melhor nitidez, sem borrar.

10.8 - Layout do Mapa


Um layout preliminar da disposição dos elementos do mapa deve sempre ser elaborado antes do
desenho definitivo. Isto evita perda de tempo e trabalho, prevendo-se alternativas possíveis e
correções a priori.

As figuras abaixo mostram algumas alternativas possíveis de disposição de título, legendas e


inscrições marginais.

A B

A C
C D
B
D

A C
B

D
C
A B

225
A A
B

C
D
D
B

A
D

O título deve estar sempre em situação dominante, enquanto que os demais componentes
deverão se equilibrados em distribuição ao longo de toda a área do papel.

A figura abaixo indica alguns erros bastante comuns:


a - uma borda grande tendo a fazer o mapa parecer menor do que é;
b - bordas irregulares são antiestéticas;
c - a área do mapa foi posicioando abaixo de centro visual do papel. Eles devem (centro
do mapa e centro da folha) estar mais próximo possível e acima;
d - a continuidade do mapa é perturbada por desenho de gratícula ou valores de grid;
e - área vazia não utilizada;
226
f - título arbitrariamente posicionado;
g - legendas e texto não alinhados pela borda;
h - espaços irregulares entre linhas do texto;
I - texto muito próximo da borda do mapa.

A figura abaixo mostra um layout da figura anterior ordenado, tendo sido efetuados as
seguintes melhorias:

a - a borda está próxima e suas proporções são controladas;


b - geometria regular do mapa;
c - centro de gravidade do mapa acima do centro da folha;
d - desenho de gratícula dentro da área do mapa;
e - texto e legendas distribuídos regularmente nos espaços vazios;
f - título em posição dominante;
g - disposição da legenda em blocos ordenados;

227
h - espaços entre letras sempre que possível o mesmo;
I - a borda não afeta o texto que foi posicionado próximo a ele.

11 - CARTOGRAFIA TEMÁTICA E ESPECIAL

11.1 - Introdução
Estas duas áreas da Cartografia podem ser estudados em conjunto, pois traduzem a
representação de fenômenos específicos.

Ambas têm a cartografia de base como suporte para as suas representações, porém o objetivo não
é apenas a representação do espaço fisico, mas a representação dentro de um espaço físico
delimitado, de temas específicos e determinados, que terão então, uma prioridade dentro da
imagem do mapa.

Quaisquer fenômenos, sejam físicos, sociais, biológicos, políticos, etc, que tenham uma
vinculação com o espaço terrestre, sendo georeferenciados, serão passíveis de serem
representados. Dessa forma, fica caracterizada a diversificação de temas que poderão ser
envolvidos.

11.2 - Cartografia Especial


As cartas especiais são cartas técnicas, servindo a um único fim ou usuário. Podem
eventualmente serem empregadas para outros fins.

As principais cartas especiais que são normalmente encontradas e de interesse para a Geografia
são as seguintes:
- Cartas meteorológicas
- Cartas náuticas
- Cartas Aeronáuticas

Cartas Meteorologicas
Um exemplo de cartas meteorológicas são as cartas sinóticas, pois apresentam um aspecto
resumido da dinâmica do tempo.

228
Em geral são cartas elaboradas em projeções conformes, por terem necessidade de conservação
das direções. Visualizam a direção dos ventos, movimentos de frentes frias, áreas de alta e baixa
pressão, com o objetivo de facilitar a previsão do tempo de uma área geográfica. Consta de uma
base cartográfica estática da área a ser visualizada e sobre ela são atualizadas as informações
meteorólogicas de tempos em tempos.

Atualmente as informações recebidas por satélites meteorológicos atualizam os movimentos de


nuvens, diretamente em tempo real,
gerando mapas eletrônicos de
atualização constante.

As cartas sinóticas são de âmbito continental. No caso brasileiro, abrangem desde a Argentina
até a parte inferior da América Central.

Os dados dos satélites são complementados pelos dados das estações meteorológicas terrestres,
sendo gerados com essas informações, mapas com informações de pressão, temperatura, etc.

Não confundir as cartas sinóticas com as cartas climatológicas, que são apenas cartas temáticas
de informação climatológica.

229
Cartas Náuticas
São também elaboradas em projeções conforme (Mercator) ou Gnomônica.

O detalhamento da carta náutica é exclusivamente desenvolvido para a parte de batimetria e dos


acidentes da hidrografia. O litoral é definido com a maior precisão possível. Além do
detalhamento da linha de costa e acidentes como, rochedos, baixos canais de navegação etc, as
sondagens da área marítima, lacustre e fluvial, caracterizamo principal interesse da carta náutica.
A posição das sondagens é definida pelo centro de medição, apesar de não ser mostrada na carta.
Entre os pontos de sondagem são traçadas as linhas de mesma profundidade ou ISÓBATAS. Não
é definida uma eqüidistância entre elas, sendo traçadas apenas as que realmente interessam
próximas a portos, canais, litoral, em relação ao calado das embarcações.

Sào mapas e cartas que necessitam de constante atualização (3 a 4 anos), sendo que as cartas
náuticas fluviais são ainda mais dinâmicas (1 a 2 anos).

O trabalho é orientado e gerenciado por convênios internacionais, sendo o Brasil responsável


pela Cartografia náutica de sua costa e de todo o Atlântico Sul.

Ainda como exemplo de outros tipos de cartas especiais, pode-se citar:


- cartas aeronáuticas nas suas diversas aplicações: pilotagem, aeroportos, obstáculos,
aproximações, aerovias etc;
- cartas de pesca;
- carta de encostas etc.

11.2 - Cartografia Temática


A Cartografia Temática é uma cartografia que realiza o inventário, a análise ou a síntese dos
fenômenos físicos ou humanos. Não possui limitação, pois pode representar qualquer fenômeno
que tenha uma distribuição espacial, ou que seja georeferenciado. Assim, tanto os fenômenos
físicos como os humanos, que sejam distribuídos sobre a superfície terrestre, são passíveis de
serem visualizados.

11.2.1 - Divisão da Cartografia Temática

230
Cartografia Temática é uma subdivisão da Cartografia. Ela pode por sua vez ser subdividida,
conforme a abordagem e a finalidade do mapeamento temático, apresentando-se como
cartografia de inventário, cartografia analítica e cartografia de síntese.

- Cartografia Temática de Inventário


Estabelece um levantamento qualitativo dos elementos representados nos mapas; é mais simples,
uma vez que se preocupa apenas em apresentar o posicionamento geográfico dos fenômenos a
mapear.
Exemplos: mapeamento geológico, mapas de distribuição de vegetação, mapas de localização de
estradas, mapas pedológicos etc.

- Cartografia Temática Analítica (Cartografia Estatística)


É uma cartografia quantitativa, classificando, ordenando e hierarquizando os fenômenos a
representar.

Pode-se analisar apenas um fenômeno, por exemplo, a produção agrícola de trigo no Brasil, ou
vários fenômenos em conjunto, bem como estabelecer a análise de fenômenos compostos:
balança comercial (importação e exportação) do país, ou mesmo vários fenômenos interligados,
por exemplo, a produção agrícola e extrativismo mineral do Estado do Rio de Janeiro.

- Cartografia de Síntese
É a mais difícil e complexa, pois exige alto conhecimento técnico e pensamento subjetivo.
Representa a correlação, cruzamento, função ou interligação de fenômenos, permitindo a partir
de uma análise de inter-relacionamentos, conclusões sobre sua dinâmica, bem como
estabelecimento de novas informações que tenham por base esta mesma dinâmica.

Reúne a informação de vários documentos, fundindo-as em uma só, resultado de união,


cruzamentos, diferença e outras operações sobre as possíveis ligações entre as informações.
Essas operações, de forma genérica podem ser expressas por:
- dupla contabilidade, reduzida a uma diferença. Ex.: movimento de entrada e saída de
um porto;

231
- por simbologia própria estabelecida
- por construção matricial, interligando-se todas as possibilidades. Ex.: correspondência
de elementos de uma série temporal com os elementos de outra série temporal ;
- agrupamento e cruzamento de fatores de fatores em um quadro lógico. Ex.: temperatura,
precipitação, umidade relativa, vegetação, solos, declividade, etc.
Deve ser observado, que neste tipo de estudo, o que importa é a análise do inter-relacionamento
dos fatores, visando gerar uma informação pré-determinada, que só é possivel obter através de
um estudo integrado de todos os fatores em conjunto, ou seja, o objetivo tem que ser definido
antes, para depois serem definidos que fatores ou elementos que terão que ser relacionados para
permitir atingir os objetivos propostos.

Com o desenvolvimento da computação, a informação geográfica é manipulada de forma


racional através da tecnologia dos Sistemas de Informações Geográfica,(SIG/GIS), os quais
utilizam a cartografia como ferramenta para a visualização das informações.

Estes sistemas são baseados em computador, que permite a aquisição, tratamento,


gerenciamento, análise e exibição da informação geográfica.

As informações geográficas são definidas através do seu relacionamento à uma base cartográfica,
pelos seus dados de posição, atributos e variação temporal, conforme pode-se ver na figura.

Para cada tipo de informação, estabelecem-se camadas que possuem a mesma posição
geográfica. Deste forma é possível efetuar-se o cruzamento destas informações e a sua análise
subsequente.

O assunto de Sistemas de Informação Geográfico é extenso, e por si só justifica um curso


específico.

11.2.2 - Cartografia Temática de Inventário


Qualquer mapeamento temático qualitativo poderá em princípio ser qualificado como um
mapeamento de inventário. O objetivo deste tipo de mapeamento é apresentar o posicionamento
geográfico do fenômeno a mapear, podendo assim caracterizar-se mapeamentos pontuais,
lineares e planares.

232
Os processos de representacão serão definidos principalmente pela simbolização ou convenções
que serão atribuídas aos elementos, visando principalmente apresentar a sua área de ocorrência,
através de símbolos e convenções que venham a expressar a sua característica gráfica.

Abaixo estão listados alguns exemplos de mapas de inventário:


- Mapa Fitogeográfico: representa a associação de vegetação, mapeamento qualitativo de
área;
- Mapa Geológico: mostra afloramentos, falhas, mergulhos de camadas, direções, eixos
de anticlinal e sinclinal, uma mistura dos três elementos gráficos, com ocorrências pontuais,
lineares e planares;
- Mapas de Mineração: mostrando as ocorrências de minerais em uma região, planar;
- Mapas Pedológicas: apresentam a distribuição horizontal e composição dos solos.

11.2.3 - Cartografia Analítica


1) Processos de Representação
a) Mapas de pontos
É estabelecido um valor para um ponto como elemento isolado, quantitativo da representação, e
a distribuição de pontos, com a sua densidade mostrará como o fenômeno mapeado está
caracterizado.

Em princípio o ponto não tem dimensão, mas faz-se a correlação para o fenômeno a representar.
Pode-se representar um único fenômeno (gado, produção, população, etc), ou vários, fazendo-se
uma diferenciação de cor entre as representações.

A locação dos pontos pode ser regular ou irregular conforme a sua ocorrência. A locação regular
só é aceita no desconhecimento da localização da ocorrência. A dimensão do ponto tem que ser
considerada em relação à quantificação do fenômeno.

233
Na figura, o mapa 1 representa um desenho que um ponto tem um valor muito pequeno e cada
ponto representa uma grande quantidade de informação caracterizando-se uma dispersão e uma
densidade irreal;

Mapa 2
Mapa 1
1 Ponto = 150 000 hab
1 Ponto = 1 500 000 hab
1 ponto = 0,3 mm
1 ponto = 0,3 mm

O mapa 2 já apresenta com o mesmo tamnho de ponto uma menor qunatificação para o valor de
um ponto, apresentando uma distribuição mais densificada.

No mapa 3 os pontos são pequenos em dimensão, atribuido um valor muito pequeno gerando um
padrão de preenchimento, que também pode não expressa a verdader, criando áreas muito
densas.

No mapa 4 a dimensão foi superdimensionada, atribuindo-se uma quantificação média


fornecendo uma impressão errada de densidade, apesar inclusive de haver surgido coalescência.

Mapa 3 Mapa 4
1 Ponto = 10 000 hab 1 Ponto = 150 000 hab
1 ponto = 0,3 mm 1 ponto = 1 mm

234
O mapa 5 apresenta a mesma situação de tamanho do ponto, associado à uma quantificação
baixa para o ponto.

A melhor distribuição de valor e tamanho, só é definida através de estudo comparativo


entre tamanho do ponto/valor em relação à densidade da distribuição.

Mapa 5
1 Ponto = 10 000 hab
1 ponto = 1 mm

O ábaco abaixo mostra uma forma de se estudar a distribuição e tamanho do ponto,


associada a uma quantificação ótima.

Diâmetro dos pontos em cm


Área agreagada dos pontos em cm2

cm
s em
onto

A
t re p

ZON
DE
n

COA
as e

LES
CÊN
ânci

CIA
Dist

m
em c
nt os
re p o
ncia s e nt
Distâ

Pontos por cm quadrado


235
b) - Propriedades Essenciais da Cor para Mapas Temáticos
Existem algumas propriedades básicas que devem ser seguidas para a utilização de cores em
mapas temáticos:
- os símbolos de mesma forma, dimensões e orientações mas de cores diferentes são
analogamente semelhantes. São vistos como um conjunto equivalente, sem idéia da
quantificação;
- todos os símbolos de mesma cor, quaisquer que sejam suas características. são vistos
como pertencentes a um mesmo fenômeno;
- diferenciação de cor ou tonalidade estabelece diferenciação qualitativa;
- mesma cor, com diferente saturação e mesma simbologia, define uma representação
quantitativa.

c) - Coropletas
De “choros”- lugar e “plethas” - valor, são mapas que representam dados coletados para
unidades administrativas ou áreas previamente definidas para representá-los. Usam-se cores ou
padrões determinados para representar as classes de ocorrência dos fenômenos.

Para a representação dos fenômenos, pode-se combinar propriedades quantitativas de cor ou


padrões e dimensões, com propriedades de ordem (valor visual), aplicando em cada unidade uma
estrutura de característica constante ou irregular, relacionando a área com a ocorrência do
fenômeno. Por exemplo a densidade demográfica, taxas de natalidade, produção de bens, etc.

236
Pode-se estabelecer também escala de cinza, com poucas classes (máximo 5), de escala de cores
ou de padrões diversificados. As figuras mostram alguns tipos de mapas coropléticos,

c) - Representação de Fenômenos Quantitativos por Símbolos Proporcionais


A vantagem deste método é fornecer informações sobre a localização espacial do
fenômeno bem dar uma idéia com razoável precisão de sua quantificação.
Pode-se associar figuras de duas dimensões ou três dimensões, cujas áreas ou volumes
sejam proporcionais às quantidades representadas.
Os símbolos escolhidos devem ser sempre o de construção mais fácil (quadrados,
triângulos e círculos), em termos geométricos. O círculo é a figura de mais fácil
desenvolvimento, sendo uma boa escolha na maior parte dos casos.

1. Representação por Círculos


A área do círculo representa a informação, logo a proporção é dada em termos de área e não do
raio do círculo. A relação de proporcionalidade ao raio é dada pela raiz quadrada da área. Pode-
se usar ábacos que fornecem diretamente o raio para uma dada proporção.

A posição do círculo deve ser definida no centro geométrico da área, caso não se conheça nada
sobre ela. Havendo, porém, em uma mesma região vários círculos, a distribuição pode ser
irregular, correspondendo à ocorrência do fenômeno, ou igualmente distribuída, não sendo
recomendada. A escolha do tamanho dos círculos tem que ser bastante criteriosa, para não
acontecer que uma ocorrência fique muito grande ou que alguma outra não possa ser
representada por ter ficado muito pequena.

237
Por outro lado o círculo tem um problema de visualização: a representação de círculos maiores
não será facilmente diferenciada, pois o olho humano não faz boa comparação sem uma
referência linear. Assim, os círculos maiores deverão ser sempre aumentados, sem alterar o valor
dos círculos pequenos, criando-se uma representação quantitativa e matematicamente errada.
Nestes casos utiliza-se uma tabela de aumento logaritmo.

2-Representação por outras figuras


Também serão as mais simples (triângulos e quadrados).

São de desenho um pouco mais difícil, porém as relações quantitativas são mais fácil de serem
estabelecidas, pelo fato de haver uma referência linear.

Existe um aspecto puramente simbólico para as formas das figuras: o circulo evoca dinamismo,
evasão, fenômenos quantitativos evolutivos, reservando-se os fenômenos estáticos para as
demais figuras. Os triângulos são normalmente aplicados em produção e os quadrados, por ser
mais estável, em fenômenos que não evoluem no tempo.

Em relação às figuras de 3 dimensões, estas são de desenho e comparação mais difícil .

d) - Representação de Dados Quantitativos por Isaritmas


Isaritma ou isolinha, são linhas de igual valor, ou seja, o lugar geométrico dos pontos que uma
determinada variável ou fenômeno assume um único valor. Alguns exemplos são vistos nas
aplicações abaixo descriminadas:
- curvas de nível - isahipsas
- temperatura - isotermas

238
- pressão - isóbaras
- declinação magnética -isogônicas
- variação anual da declinação magnética - isóporas

Para se representar um fenômeno por isaritma, este tenha que ter uma progressão regular e
contínua sobre a superfície terrestre, não podendo ter discrepâncias fortes ou descontinuidades.
Admitem sondagens isoladas, para uma determinação por amostragem do fenômeno, deduzindo-
se depois a sua continuidade sobre a supefície de desenvolvimento.

A representação de fenômenos discretos pode eventualmente ocorrer, porém as vezes é de difícil


visualização.

Este processo aplica-se melhor a fenômenos físicos do que para humanos, por serem mais
regulares. Por outro lado, o fenômeno deve ser contínuo, ou seja, ele deve ter uma distribuição
sobre a superfície terrestre, não podendo sofrer descontinuidades.

Os softwares cartográficos mais completos permitem a representação de fenômenos contínuos


por isaritmas.
7 .0 0

6 .0 0

5 .0 0

4 .0 0

3 .0 0

2 .0 0

1 .0 0

0 .0 0
0 .0 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0 4 .0 0 5 .0 0 6 .0 0 7 .0 0 8 .0 0 9 .0 0

e) - Isopletas

239
Os mapas de representação por isopletas, têm origem nos mapas de isolinhas ou isarítmas, porém
mostram distribuições de classes de ocorrências de valores. Um bom exemplo de um mapa de
isopletas, são os mapas de cores hipsométricas, onde não existem curvas de nível, mas áreas de
ocorrência de classes de altitudes.

Da mesma forma, para fenômenos contínuos, pode ser atribuída este tipo de representação. A
ocorrência do fenômeno é dividida em classes e cada classe será agrupada em uma área, definida
por curvas delimitantes. Deve-se ressaltar que estas curvas limitantes não são isolinhas; apenas
delimitam a área de ocorrência de uma determinada classe.

A diferença principal entre um mapa de isolinhas e um de isopletas, está no fato da isolinha ser
quantitativa por excelência, permitindo interpolar valores entre as curvas, o que não ocorre com
as isopletas. Nestas apenas se sabe que na área ocorre o valor, mas não se sabe onde realmente
ele ocorre. Desta forma fica-se impossibilitado de obtenção de valores precisos.
7 .0 0 7 .0 0

6 .0 0 6 .0 0

5 .0 0 5 .0 0

4 .0 0 4 .0 0

3 .0 0 3 .0 0

2 .0 0 2 .0 0

1 .0 0
1 .0 0

0 .0 0
0 .0 0 0 .0 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0 4 .0 0 5 .0 0 6 .0 0 7 .0 0 8 .0 0 9 .0 0
0 .0 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0 4 .0 0 5 .0 0 6 .0 0 7 .0 0 8 .0 0 9 .0 0

Mapa de Isolinhas Mapa de Isopletas

f) - Traçado de Isolinhas

O traçado sempre se fará por interpolação linear, ponderada ou não, seja por computador ou
manualmente.

- Por rede irregular ou triangulação


A partir da rede de pontos coletados faz-se o traçado do maior número de triângulos possíveis,
ligando-se os pontos mais próximos, definidos por algum critério de visualização.

240
Os triângulos não podem interceptar. Os lados são divididos em partes iguais, de acordo com os
valores de cada vértice e a dimensão e a unidade da isoritma.

Unem-se os pontos por linhas retas, a princípio, para serem depois suavizados.

Existe um processo aplicado tanto manual, como computacionalmente. O algoritmo


computacional é bem mais complicado, pois estabelece a ponderação para eleição dos pontos
vizinhos e determinação de triângulos.

- Por rede regular


É definida uma rede regular, com os seus pontos de interseção bem definidos. Os pontos de
amostragem, por critérios de vizinhança, distância, e ponderação estabelecem o valor para cada
um dos pontos de interseção.

Uma vez valorados os pontos, é feito o traçado de forma semelhante ao anterior. Quanto menor a
malha mais preciso o trabalho. Em oposição, será mais trabalhoso de ser executado
7 .0 0

6 .0 0

5 .0 0

4 .0 0

3 .0 0

2 .0 0

1 .0 0

0 .0 0
0 .0 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0 4 .0 0 5 .0 0 6 .0 0 7 .0 0 8 .0 0 9 .0 0

241
12 GRÁFICOS, DIAGRAMAS E CARTOGRAMAS

12.1 - Definições
Gráficos ou diagramas são representações gráficas ou geométricas de dados, caracterizando a
estrutura ou a evolução de um fenômeno. A estrutura mostra o esquema comportamental do
fenômeno, por exemplo, uma pirâmide de idade é um diagrama de estrutura porque mostra o
comportamento da idade de uma população. A evolução por sua vez é a visualização quantitativa
do fenômeno no tempo, por exemplo a precipitação anual, aumento de população, produção em
um espaço de tempo etc.

Um cartograma é a representação de dados estatísticos em mapas esquemáticos ou não, incluindo


as representações isarítmas, coropléticas, fluxos, pontos, tridimensionais prismáticas etc.

Qualquer fenômeno pode ser representado em palavras, números e gráficos. A exposição por
palavras diz-se descritiva, a numérica é definida como tabelas, sendo apresentada por tabelas, e
os desenhos representam a apresentação gráfica.

12.2 - Constituição
Genericamente os gráficos podem ser construídos segundo o sistema de coordenadas cartesianas,
ou ainda segundo o sistema de coordenadas polares.
Y


P
O X O d

Figura 12.1 - Sistemas de Coordenadas usados em gráficos: cartesiano e polar


No sistema cartesiano é usado apenas o quadrante positivo.

12.3 - Tipos de Gráficos

242
Com os métodos descritivos, pode-se construir os seguintes tipos de gráficos:
- poligonal;
- em barras;
- em colunas;
- barras ou colunas compostas;
- circulares;
- pirâmide;
- pictográficos;
- polares;
-triangulares;
- climatogramas;
- histogramas;
- polígonos de freqüência.

12.3.1 Gráficos Poligonais


Normalmente representam uma série temporal ou a evolução em um período de tempo
determinado. Necessita normalmente de um número de informações maior que 5 para ter
significado.

A abcissa representa normalmente o intervalo de tempo. A divisão é regular, representando o


número de meses, anos, dias, semanas etc. A altura (ordenada) é a função escolhida
arbitrariamente.

A escala horizontal e vertical devem ser coerentes. Deve ser lembrado que a variação de escala
muda a aparência de um gráfico, podendo transmitir uma impressão errônea, mesmo com dados

100

80

60 Leste
Oeste
40
Norte
20

0
1° Trim . 2° Trim . 3° Trim . 4° Trim .

corretos.
Figura 12.2 - Exemplo de gráfico poligonal
243
Construção do Gráfico
Parte-se de dados tabelados, sendo que uma coluna é relativa à série temporal e a outra relativa
ao fenômeno que se deseja visualizar. Por exemplo, a tabela abaixo mostra o número de
imigrantes que entraram no Brasil, agrupados por décadas.

ANO NÚMERO DE
IMIGRANTES
1860 140.000
1870 120.000
1880 170.000
1890 450.000
1900 1.200.000
1910 700.000
1920 800.000
1930 850.000
1940 165.000
1950 110.000
Tabela 1 - Dados de Imigração
Tem-se 10 décadas, ou seja, 10 intervalos de tempo, com os valores relativos ao intervalo.
O eixo X valorizará a série tempo, enquanto o eixo Y a variável dependente. Estabelecendo uma
escala de 1 cm para o intervalo de uma década e 0,5 cm para cada 1.000 imigrantes, pode-se
marcar os valores correspondentes da tabela no gráfico.

Número de Imigrantes no Brasil

Escala de Equivalência
(mil Hab) Escala Vertical
1 cm = 200 mil Hab
1200 Escala Horizontal
1100 1cm = 10 anos
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100

Anos
1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950

244
Figura 12.2 - Gráfico Poligonal
Pode ser feita uma moldura para realçar o gráfico.
12.3.2 - Gráfico em Barras e em Colunas
É o tipo mais simples de diagramas, sendo utilizados para comparação simples de quantidades.
As quantidades envolvidas podem ser representadas por linhas simples ou por barras, de
comprimento proporcional às quantidades envolvidas, em uma escala compatível e de igual
largura.

Podem ser usados vertical e horizontalmente, sendo então chamadas de gráfico em colunas ou
em barras respectivamente.

Este tipo de gráfico pode ser usado para representar praticamente qualquer série estatística. É um
gráfico cartesiano.

Os gráficos em barras são usados normalmente quando as legendas são longas e o tempo é fixo
ou referente a mesma época e para comparação entre diversos atributos.

Sugere-se a aplicação do gráfico em colunas quando existir uma cronologia ou seqüência lógica
entre os dados e exigir comparações entre alguns atributos.

GRANDES REGIÕES ÁREA ABSOLUTA (km2)


- Norte 3.581.180
- Nordeste 1.546.672
- Sudeste 924.935
- Sul 577.723
- Centro-Oeste 1.879.455
TOTAL 8.511.965
Tabela 2 - Dados de área das grandes Regiões Brasileiras

Construção
Para um gráfico em barras é construída uma barra variando apenas o comprimento proporcional
a área, que é o atributo de comparação (variável dependente).

As barras podem ser separadas ou juntas. Uma melhor visualização é dada pelas barras separadas
entre si, por intervalos regulares. A relação ideal largura/altura é de 5 ou 7/4. A figura abaixo
mostra a representação do gráfico.

245
O gráfico em colunas, oriundo da mesma tabela pode ser visualizado abaixo.

Regiões

Norte Escala de Equivalência


Escala Vertical
1 cm = Largura da barra
Centro- Escala Horizontal
Oeste 1cm = 500 km2

Nordeste

Sudeste

Sul

1000 2000 3000 4000 km2 (mil)

Figura 12.3 - Gráfico em barras

Escala de Equivalência
km2 (mil)
Escala Vertical
1 cm = Largura da barra
Escala Horizontal
1cm = 500 km2
4000

3000

2000

1000

Sul Sudeste Nordeste Centro- Norte Regiões


Oeste

Figura 12.4 - Gráfico em colunas

246
12.3.3 - Gráfico em Colunas Compostos
Este tipo de gráfico, conhecido também por gráfico de barras divididas, tem por finalidade a
comparação de elementos constituintes como o todo.

A sua construção é definida pela divisão de uma barra ou coluna de comprimento arbitrário, em
partes proporcionais à ocorrência dos vários elementos a comparar.

A tabela 3 mostra uma série de dados e a figura 6 e 7, representações possíveis.


Fator de Comparação
Produção Industrial-1992 (1981=100) Percentagem
Geral 106.2 16,48
Bens de Capital 68.9 11,86
Bens Intermediários 118.9 31,62
Bens Duráveis 121.7 22,39
Bens Não Duráveis 102.4 17,85
Total 518.1 100.00
Capital

Não
Geral Intermediários Duráveis
Duráveis

Figura 12.6 - Gráfico Proporcional


Figura 12.7 - Gráfico Percentual
Intermediários
Duráveis
11,86%

31,62% 22,39% 17,85% 16,48% Não Duráveis


Geral
Capital

12.3.4 - Gráficos Circulares


Este tipo de gráfico é semelhante ao gráfico anterior. O todo agora (100%) é a área total do
círculo. Define-se para cada ocorrência um setor de círculo, correspondendo ao seu percentual
em relação ao todo.
É construído em um círculo de raio qualquer com ângulos centrais ou setores proporcionais às
ocorrências; a área do círculo é proporcional às parcelas que constituem a série.

Pode-se também manter o valor angular dos setores e modificar o tamanho dos raios, mas esta
não é uma boa representação, pois perde-se o efeito comparativo com o todo.

247
A construção é simples e rápida, porém os cálculos são demorados se feitos manualmente. Sendo
um gráfico de áreas, estas devem ser traduzidas em percentagens para uma melhor legibilidade
do gráfico.
Sudeste Sul
Nordeste 10,85%
6,77%
18,35%

Centro- Norte
Oeste 41,99%

Figura 12.8 - Gráfico de Círculo


Para produzir o traçado do gráfico recomenda-se:
- iniciar sempre às 12 horas no gráfico para a marcação dos setores;
- marcar sempre que possível de forma decrescente e no sentido horário;
- indicar o percentual no seu interior;
- evitar o uso de convenções para simplificar.

A tabela 4 mostra dados sobre a área das regiões que devem ser mostradas em um gráfico
circular.

(1) (2) (3) (4) (5) (6)


Grandes Área Área % Ângulo Ângulo
Regiões Absoluta (km2) Relativa (%) Acumulada Simples Acumulado
- Norte 3 581 180 42,0 42,0 151 151
- Centro-Oeste 1 879 455 22,1 64,1 80 231
- Nordeste 1 546 672 18,2 82,3 66 297
- Sudeste 924 935 10,9 93,2 39 336
- Sul 577 723 6,8 6,8 100,0 24 360
TOTAL 8 511 965 100% - 360 -
Tabela 4 - Área das Grandes Regiões Brasileiras

Para o cálculo das percentagens (área relativa) foi usada a seguinte regra de cálculo:
Areadaregiaox100
%=
Areatotal

248
Para o cálculo dos ângulos:
Areadaregiao
Ang = 360 x
Areatotal

O gráfico final é o gráfico apresentado da figura 12.8.

12.3.5 - Gráfico em Pirâmide


São barras construídas para representar dados quantitativos de população. São empregados
principalmente na análise do crescimento da população e de sua composição (Figura 9).
Figura 12.9 - Gráfico em pirâmide da população brasileira

As barras podem ser subdivididas para mostrar a composição da população (urbana, rural etc).

12.3.6 - Gráficos em Unidades


As barras são separadas em unidades contáveis (filas de círculos, retângulos, ou pequenas
gravuras). Cada figura representa um quantitativo do elemento representado. São chamados de
pictográficos.

Como desvantagem, é difícil representar 1/10 de uma vaca ou 1/5 de um telefone.

249
Figura 12.10 - Exemplo de gráfico em unidades

12.3.7 - Gráfico Polar


O gráfico polar é baseado no sistema de coordenadas polares; tem grande aplicação na análise de
séries mensais.

Sua construção é desenvolvida de forma contrária a do gráfico em setores. A coordenada angular


é constante, variando a coordenada linear, de acordo com a parcela.

As extremidades das coordenadas lineares são ligadas posteriormente para acentuar um


contorno, confrontando com um círculo traçado no próprio gráfico, que pode ter significados
diversos (média das ocorrências mínima, máxima ou qualquer outro valor de comparação).
A tabela 5 mostra dados de freqüência de alunos.
Meses Frequência
Março 79
Abril 74
Maio 80
Junho 77
Agosto 83
Setembro 73
Outubro 65
Novembro 59

Sendo 8 parcelas (meses), dividi-se o círculo em 8, estabelecendo-se valores proporcionais para


cada raio. Estabelece-se um valor também de comparação (média das freqüências) e o gráfico
terá a aparência abaixo.

250
Figura 12.11 - Gráfico polar referente a tabela 5
As figuras seguintes mostram outros tipos de diagramas polares, com índices de precisão
pluviométrica em localidades brasileiras.

Figura 12.12 - Gráficos pluviométricos polares

12.3.8 - Gráficos Triangulares


São gráficos específicos para representar três variáveis expressas em percentagem. Esses
gráficos são empregados para indicar composição de valores, solos, etc, mas podem ser
empregados em qualquer divisão tríplice.

A figura 12.13 mostra uma composição de agregados.

Em relação a uma outra divisão tríplice, um fenômeno com 3 características de população, por
exemplo, jovens, adultos e velhos, mostrando a distribuição de diferentes países.
Também podem caracterizar para um país, características de população em 3 diferentes anos.
Permite também a análise de tendências, pois visualiza um aspecto evolutivo do fenômeno.

251
Figura 12.13 - Gráfico triangular
12.3.9 - Climatogramas
Conhecidos também como climatográficos, climográficos ou climogramas, são gráficos de
disposição da temperatura em coordenadas vertical, nível pluviométrico ao longo da coordenada
horizontal e os pontos para cada mês estabelecidos. Ligados os pontos, tem-se um gráfico
característico para cada região.

Existem climatogramas mais complexos, com a locação de mais informações, tais como
produção de cereais, regiões etc, permitindo uma série de análises e prognósticos.

A figura 12.14 mostra um climatograma de uma região, com a temperatura e índice

pluviométrico.

Figura 12.14 - Gráfico pluviométrico


12.3.10 - Histograma
Qualquer distribuição de freqüência, seja relativa ou absoluta tem como representação gráfica os
histogramas.

Um histograma então é a representação gráfica de uma distribuição de freqüência, definida por


retângulos (barras) cujas áreas são proporcionais à freqüência absoluta ou à freqüência relativa
da distribuição. Se o gráfico for relativo à freqüência absoluta, o somatório das áreas, ou seja, a
área total, tem que ser proporcional também ao somatório das freqüências absolutas. Se o gráfico
for relativo à freqüência relativa, o somatório das áreas deve ser igual a 1, pois o somatório das
freqüências relativas tem que ser igual a unidade também.

Observe-se que seja através de uma ou outra representação, a aparência do gráfico é a mesma.
Não existe alteração de aparência, pois representam a ocorrência do mesmo fenômeno.

252
Para a construção de um histograma pode-se seguir o esquema abaixo:
- traçar os dois eixos coordenados X e Y;
- marcar no eixo das abcissas X os intervalos de classe que pertencem à distribuição;
- construir, tendo por base cada intervalo de classe, retângulos justapostos, que tenham
para a altura (ordenada), as freqüências das classes, ou valores proporcionais, se os intervalos
forem todos iguais.

Se os intervalos forem diferentes, torna-se para a altura, as freqüências divididas pelo valor do
intervalo de classe.

Para a construção para a freqüência relativa, age-se de forma semelhante levando-se em conta
agora a freqüência relativa.

A tabela 6 mostra uma distribuição de freqüência e o gráfico correspondente está na figura 12.15.

Tabela 6 - Número de Alunos por Classe de Notas


Notas No de Alunos
0-1 1
1-2 2
2-3 1
3-4 2
4-5 3
5-6 10
6-7 12
7-8 18
8-9 30
9 - 10 3
Total 83

253
Figura 12.15 - Histograma

12.3.11 - Polígono de Freqüência


A partir do histograma, ligando-se os pontos médios de cada lado menor dos retângulos, forma-
se um gráfico derivado denominado polígono de freqüência.

É um gráfico dito de análise, e se presta para conclusões sobre comportamento estatístico de


fenômenos, com possíveis aderências à distribuições estatísticas pré-determinadas.
A figura 12.16 mostra um polígono de freqüência obtido pelo histograma anterior.

Figura 12.16 - Polígono de frequência

254

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