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Processo: 2009/15022-4
Perı́odo: 01/01/2010 à 31/05/2010
Introdução à Astronomia
Dinâmica
Introdução ii
Índice de Figuras 33
Bibliografia 34
Introdução
• Conservação da energia
• Elementos orbitais
• Integrais de movimento
• Função pertubatriz
• Integral da energia
ii
Cap. 0 Sumário iii
• Movimento relativo
• Soluções estacionárias
Simulações numéricas
• Órbitas elı́pticas, parabólicas e hiperbólicas no problema de dois corpos
• Perturbação de Netuno sobre a órbita de Urano no problema de três corpos
• Simulação das órbitas dos planetas gigantes (problema de quatro corpos)
No perı́odo a que se refere o relatório parcial, foram desenvolvidos integralmente
os estudos sobre o Problema de dois corpos (P2C) e o Problema de N corpos
(PNC). As dificuldades e dúvidas surgidas no desenvolvimento do projeto foram
dirimidas durante os encontros com o orientador, sempre procurando um bom en-
tendimento do assunto.
Começamos tratando do problema de força central, que é o ponto fundamen-
tal da Mecânica Celeste. De uma maneira geral, podemos dizer que a formulação
matemática da dinâmica teve inı́cio em 1686, com a publicação dos “Princı́pios”por
Sir Isaac Newton. Outros que contribuı́ram definitivamente para isso, e que foram
predecessores de Newton foram Johannes Kepler e Galileu Galilei. Kepler, baseando-
se nas observações de Marte feita por Tycho Brahe, enunciou as suas três leis, as
duas primeiras em 1609, e a terceira em 1619. Em linhas gerais, essas leis são:
1. A órbita de cada planeta ao redor do Sol é uma elipse, com o Sol num dos
focos.
2. O raio-vetor Sol-planeta varre iguais áreas em iguais intervalos de tempo.
3. A razão dos quadrados dos perı́odos de quaisquer dois planetas, é igual à razão
dos cubos de suas distâncias médias ao Sol.
A terceira lei é aproximadamente verdadeira. A sua validade depende do fato
de que as massas dos planetas são bem menores que a do Sol. Essas leis levaram
Newton a concluir que a força que prende um planeta na sua órbita ao redor do
Sol varia inversamente com o quadrado da distância do Sol ao planeta. Essa idéia
foi generalizada quando se provou que a atração gravitacional entre duas esferas
homogêneas, pode ser calculada supondo que as massas das esferas estão concen-
tradas nos respectivos centros. A partir daı́, o progresso da Astronomia Dinâmica
foi claro e rápida. O resultado mencionado acima é conhecido como sendo A Lei
da Gravitação Universal, e é a base da Mecânica Celeste. Essa lei pode ser
enunciada assim:
“Se duas partı́culas de massas m1 e m2 estão separadas por uma distância r, cada
partı́cula atrai a outra com um força igual a Gm1 m2 /r2 , onde G é uma constante
universal.”
As forças agem ao longo da reta que une as partı́culas. O “Princı́pia”contém
também postulados dinâmicos, sobre os quais as análises apresentadas a seguir estão
apoiadas. Essas leis são:
Cap. 0 Sumário 1
2. Uma partı́cula sob a ação de uma força, move de tal maneira que a variação
do momento linear no tempo é igual a força.
2
Cap. 1 1.1. Problema de Força Central 3
F~ = mf (k~rk)~
r1 (1.1)
Na expressão 1.1, F~ é a força, m a massa da partı́cula, f (k~rk) = f (r) a função lei
de atração, mf (k~rk) representa o módulo da força, ~r é o vetor de posição, k~rk = r
denota o módulo deste vetor e introduzimos um vetor unitário r~1 na direção de ~r
~r ~r
para caracterizar a direção vetorial da força, sendo que r~1 = = . Se F~ tem o
k~rk r
sentido de r1 a força central é dita de repulsão, isto é, no sentido de O para P . Caso
contrário a força central é dita de atração. A expressão 1.1 será reescrita como
~r
F~ = m[−f (r)]~
r1 = −mf (r) (1.2)
r
Observando a figura 1.1 temos também que a força F~ que atua sobre a partı́cula
P de massa m, tenta mudar constantemente seu estado de repouso, então pela
segunda lei de Newton, essa força também é igual a
F~ = m~a (1.3)
Vamos utilizar a nomenclatura:
d~r
= ~v = ~r˙
dt
d2~r d~v
2
= = ~a = ~v˙ = ~r¨
dt dt
F~ = m~r¨ (1.4)
Igualando as equações 1.2 e 1.4, temos
Cap. 1 1.2. Movimento de uma Partı́cula em um Campo de Força Central 4
~r
m~r¨ = −mf (r)
r
Essa equação pode ser desdobrada por
~r˙ = ~v
~r (1.5)
~r¨ = ~v˙ = −f (r)
r
Note que a massa m é irrelevante. A questão agora se resume em estudar as
propriedades das funções ~r(t) e ~v (t) que satisfazem o sistema de equações 1.5, num
determinado intervalo de tempo.
Demonstração
De fato,
~r × F~ = ~r × [−mf (r)]~
r1 = −mf (r)[~r × r~1 ] (1.6)
1
Mas, r~1 tem a mesma direção que ~r, ou seja, r~1 k ~r, uma vez que r~1 = ~r.
k~rk
Logo, o ângulo entre os vetores ~r e r~1 é 0o , o que implica que k~r × r~1 k =
r1 ksen0o = 0 ⇒ [~r × r~1 ] = ~0, já que k~xk = 0 ⇔ ~x = ~0
k~rkk~
Voltando a equação 1.6 temos que: ~r × F~ = −mf (r)[~r × r~1 ] = −mf (r)~0 = ~0.
Portanto,
~r × F~ = ~0 (1.7)
Esse resultado, se olhado com mais atenção, mostra que a força F~ atua na direção
do vetor posição ~r, já que ~r × F~ = ~0 (~r k F~ ).
¥
Demonstração
De fato,
d~v
Da equação 1.4 como F~ = m , então a equação 1.7 pode ser escrita como
dt
d~v d~v ~ d~v ~
~r × m = ~0 ⇒ m~r × = 0 ⇒ ~r × =0
dt dt dt
Cap. 11.3. Momento Angular da Partı́cula em um Campo de Força Central 5
Mas,
~r × ~v = ~c (1.9)
¥
onde ~c é um vetor constante. O resultado 1.9 é conhecido como conservação do
momento angular. Vejamos a seguir por quê.
~ = ~r × p~ = m~c
Ω
Portanto, o momento angular Ω ~ sobre uma partı́cula em um campo de força
~ é sempre constante, em
central é conservado, pois m e ~c são constantes, logo Ω
magnitude e direção.
Cap. 1 1.4. A Segunda Lei de Kepler 6
p
θ
O h
r
P θ p =mv
Demonstração
Para provarmos tal fato, basta mostrarmos que o vetor posição ~r = ~r(t) é a todo
instante t ortogonal a um vetor constante.
Fazendo o produto escalar de ambos os membros de 1.9 por ~r, temos:
~r • (~r × ~v ) = ~r • ~c
Como, ~r • (~r × ~v ) = ~v • (~r × ~r) = ~v • ~0 = 0, temos:
~r • ~c = 0 (1.10)
¦ Se ~c 6= ~0, isso significa que sempre se tem ~r(t)⊥~c, ∀t, isto é, a curva descrita por
P está contida em um plano fixo que passa pela origem O, e é ortogonal ao vetor
constante ~c, como ilustra a figura 1.3.
Portanto, se uma partı́cula move-se em um campo de força central, esta partı́cula
move-se em um plano fixo ortogonal a um vetor constante.
Portanto, a órbita de um planeta é uma curva plana.
Cap. 1 1.4. A Segunda Lei de Kepler 7
O r
P v
Demonstração
Ainda no caso ~c 6= ~0, considere a figura 1.5. Sabemos que o movimento de uma
partı́cula P de massa m em um campo de força central ocorre em um plano, conforme
foi demonstrado em 1.4.1. Para facilitar os cálculos e sem perda de generalidade,
escolhemos esse plano como sendo xOy.
Vamos passar os vetores ~r e ~v = ~r˙ de coordenadas retangulares para coordenadas
cilı́ndricas. Temos então:
θ x'
O
x
r
y' v
P
y
Já o vetor constante ~c por ele ser ortogonal aos vetores ~r e ~v , então ele é ortogonal
ao plano xOy e podemos considerá-lo, sem perda de generalidade, com origem em
O. Daı́, ele só tem a coordenada do eixo z, ou seja,
~c = (0, 0, c)
Vejamos agora como a equação 1.9 fica com essas novas coordenadas.
Cap. 1 1.4. A Segunda Lei de Kepler 10
¯ ¯
¯ ~i ~j ~k ¯
¯ ¯
~r × ~v = ¯¯ rcosθ rsenθ 0 ¯¯ = 0~i + 0~j + rcosθ(ṙsenθ +
¯ ṙcosθ − rθ̇senθ ṙsenθ + rθ̇cosθ 0 ¯
rθ̇cosθ)~k − rsenθ(ṙcosθ − rθ̇senθ)~k
= 0~i + 0~j + (r2 θ̇cos2 θ + r2 θ̇sen2 θ)~k = [r2 θ̇(sen2 θ + cos2 θ)]~k
Mas, como sabemos da relação fundamental sen2 θ + cos2 θ = 1. Logo,
r2 θ̇ = c (1.16)
Mas, o que representa o termo r2 θ̇ na equação 1.16? Procuremos uma inter-
pretação geométrica para esse resultado.
Como sabemos a área da região ∆A da figura 1.7 é dada pela integral do teorema
1.3.
Vamos considerar essa integral como sendo a função F do Teorema Fundamental
do Cálculo, e chamá-la de A. Neste caso, passando para nossas notações, fica:
r2 (θ) r2
F = A, F (x) = A(x), f = a, f (y) = a(y) = = , k = α = θ(t1 ) e é fixo,
2 2
x = β = θ(t) e é variável, isto é, varia em I=[0, 2π], y = θ, y ∈ I=[0, 2π].
Teorema 1.4. Seja a definida e contı́nua no intervalo I=[0, 2π] e seja α ∈ I. Nestas
condições, a função A (área) dada por
Z β 2 Z β 2
r (θ) r
A(β) = dθ = dθ
α 2 α 2
β∈I
dA
é uma primitiva de a em I, isto é, A0 (β) = = a(β) para todo β em I.
dβ
Logo,
dA r2 (β)
A0 (β) = = a(β) =
dβ 2
No caso particular em que β = θ teremos,
dA r2 (θ)
A0 (θ) = = a(θ) =
dθ 2
Mas, θ = θ(t). Daı́, pela regra da cadeia
dA dA dθ r2 (θ) dθ 1
= = = r2 θ̇
dt dθ dt 2 dt 2
Porém, da equação 1.16 vem que
dA c
=
dt 2
¥
Esse resultado é conhecido como segunda lei de Kepler, e diz que a partı́cula
varre a área numa razão constante e igual a c/2.
~r • ~r˙
~r˙ • ~r¨ = −f (r) (1.17)
r
Seja θ o ângulo entre o raio-vetor ~r e a velocidade ~v = ~r˙ . Observando a figura
1.8 temos:
180- θ
v
a
θ
O
a
r
P θ v
Figura 1.8.
· ¸
d ˙ ˙ 1d d 1
Como (~v • ~v ) = 2~v • ~v ⇒ ~v • ~v = (~v • ~v ) = (~v • ~v ) e ~v • ~v = v 2 ,
dt 2 dt dt 2
substituindo na equação 1.17 vem que
µ ¶
d 1 2 dr
v = −f (r)ṙ = −f (r)
dt 2 dt
Multiplicando por dt e integrando resulta
1 2
v = f1 (r) + h (1.18)
2
com h uma constante de integração, e
Z a
f1 (r) = f (x)dx
r
a = ∞ se p > 1
a = 0 se p < 1
a = 1 se p = 1
Cap. 1 1.6. Órbita em Coordenadas Polares 14
T = U + h1 (1.19)
e é conhecida como princı́pio da conservação de energia total. ¥
~r˙ = ~v
~r
~v˙ = −µ 3 (1.20)
r
Além do vetor ~c, existe um outro vetor importante que mantém constante durante
o movimento. Chamaremos de vetor excentricidade e denotaremos por ~e. Para
deduzi-lo, tomaremos a fórmula 1.13 e multiplicamos ambos os lados por −µ. Então
µ ¶
d ~r
−µ = ~c × (−µr−3~r)
dt r
De acordo com 1.20 vem
µ ¶
d ~r
µ = ~v˙ × ~c
dt r
Integrando essa última equação resulta
µ ¶
~r
µ ~e + = ~v × ~c (1.21)
r
que é conhecida como integral de Laplace, onde ~e é uma constante de integração.
Como ~r • ~c = 0, segue que ~e • ~c = 0 pois
µ ¶
~r
µ ~e + •~c = ~v × ~c • ~c = 0,
r
isto é
Cap. 1 1.6. Órbita em Coordenadas Polares 15
~r • ~c
µ~e • ~c + µ = 0,
r
donde ~e • ~c = 0.
Portanto, se c 6= 0 os vetores ~e e ~c são sempre perpendiculares, logo ~e está contido
~r
no plano da órbita (~e é coplanar com ~r). Se c = 0, temos que = −~e e ~e estará
r
sobre a reta do movimento, e e = ||~e|| = 1.
Vamos agora interpretar a quantidade e quando c 6= 0. Multipliquemos escalar-
mente por ~r a equação 1.21, obtendo
µ(~e • ~r + r) = ~r • ~v × ~c = ~r × ~v • ~c = ~c • ~c
Portanto
c2
~e • ~r + r = (1.22)
µ
c2
Temos dois casos a considerar. Se e = 0, então r = e ~r é uma constante.
µ
Nesse caso, o movimento é circular. Utilizando a relação:
(~r • ~v )2 + (~r × ~v )2 = r2 v 2
temos que:
µ2
h=−
2c2
ou seja, h < 0 e 2T = U .
Suponhamos agora e 6= 0, que é o segundo caso. Representemos o vetor ~e no
plano da órbita, como mostra a figura 1.9
O ângulo fixo entre o eixo x e o vetor ~e indicaremos por ω. Se (r, θ) representa
a posição Q da partı́cula, o ângulo θ − ω indicaremos por f . A mesma posição Q
pode ser representada por (r, f ), se ~e é utilizado como uma referência.
Assim, ~e • ~r = ercosf , e a equação 1.22 torna:
c2 /µ
r= (1.24)
1 + ecosf
Considere agora uma lina L, traçada a uma distância c2 /µe de 0, perpendicular
a ~e, e do lado em que ~e está apontando. A equação 1.24 pode ser escrita:
Cap. 1 1.7. Coordenadas Relativas e Baricêntricas 16
Figura 1.9.
µ 2 ¶
c
r=e − rcosf ,
µe
o que diz que a distância da partı́cula Q até a origem O, é e vezes a sua distância
até L.
Consequentemente, a partı́cula move sobre uma secção cônica de excentricidade
e, e com um dos focos em O.
Esse resultado é precisamente a primeira lei de Kepler.
Quando f = 0, teremos o menor valor para r, desde que e > 0, como podemos
ver em 1.24. Portanto, o vetor ~e tem o comprimento igual à excentricidade, e aponta
para o ponto P , onde a partı́cula está mais próxima do foco. O ponto P é chamado
pericentro, e o ângulo f , a anomalia verdadeira. Dependendo da fonte de atração
em O, o pericentro P recebe nomes apropriados, por exemplo,
Sol em O: P = perihélio
Terra em O: P = perigeo
Júpiter em O: P = perijove, etc
No estudo do Sistema Solar, o eixo x é fixado pela convenção astronômica inter-
nacional. O ângulo ω é denominado de amplitude do pericentro.
Da teoria das cônicas, os vários tipos de órbitas são obtidos, dependendo do valor
de e. Assim, para 0 < e < 1 a órbita é uma elipse, se e = 1, temos uma parábola, e
se e > 1, teremos um ramo de hipérbole, convexo ao foco.
Lembramos que em cada caso tem-se que e > 0. Como r2 θ̇ = c e θ̇ = f˙, vem que
f˙ > 0, e a órbita se desenvolve na direção de f crescente. ¥
são contı́nuas numa região do espaço n-dimensional, e seja (ς1 , ..., ςn ) um ponto
particular dessa região. Então o sistema de equações diferenciais
ẋ = α
ẏ = β
ż = γ
x
α = −f (r)
r
y
β = −f (r)
r
z
γ = −f (r)
r
onde r2 = x2 + y 2 + z 2 . Segue-se que existe uma única solução satisfazendo seis
valores iniciais de x, y, z, α, β e γ para t = 0. Na forma vetorial, significa que existe
uma única solução ~r(t) e ~v (t) tomando valores iniciais ~r0 e ~v0 no instante t = 0.
No caso especial f (r) = µr−2 , vimos que cada uma das quantidades ~c, ~e e h
mantém constante durante o movimento, e portanto, é determinada pelo seu valor
no instante t = 0.
~c = ~r0 × ~v0
~v0 × ~c ~r0
~e = −
µ r0
1 2 µ
h = ~v0 −
2 ~r0
e = 1 se c = 0
Cap. 1 1.8. Posição na Órbita Elı́ptica: Caso h < 0 18
e
−µ2
h= se e = 0
2c2
Consequencias importantes decorrem de 1.25. Se c 6= 0, então e < 1, e = 1 ou
e > 1 conforme a energia h seja negativa, nula ou positiva. Se h 6= 0 e c 6= 0 e a é o
semi-eixo maior, então:
1
a = µ|h|−1 (1.26)
2
Com esse resultado e a fórmula de energia, obtemos as seguintes fórmulas básicas
µ ¶
2 2 1
v =µ + se h>0 (1.27)
r a
2µ
v2 = se h=0 (1.28)
r
µ ¶
2 2 1
v =µ − se h<0 (1.29)
r a
Figura 1.10.
A T −T πab
= A= (t − T )
πab p p
Por outro lado, A0 é obtida da área do setor circular P CQ0 , subtraindo a área
do triângulo OCQ0 . Assim,
0 a2 u aeasenu
A = −
2 2
Portanto
2π
(t − T ) = u − esenu
p
e que escrevemos
l = u − esenu (1.30)
onde l = n(t−T ) com n = 2π/p. A equação 1.30 é chamada equação de Kepler, l
é conhecida como anomalia média e n é o movimento médio. O ângulo u é chamado
de anomalia excêntrica, e f de anomalia verdadeira.
Existem fórmulas que relacionam f e u.
Procuremos agora expressar r como função de u. Da figura 1.10 temos que
b
acosu = ae+rcosf e rsenf = asenu. Destas relações obtemos r2 = a2 (1−ecosu)2 ,
a
e portanto
c2
ṙ2 +
= 2[f1 (r) + h]
r2
Multiplicando por r2 ambos os membros, resulta:
Figura 1.11.
(r0 )2 + c2 /µ = 2r
Diferenciando, vem r0 r00 = r0 . Como r0 6= 0, segue-se que r00 = 1. Portanto r é
quadrática em u, e escrevemos
1
r = (u − u0 )2 + A
2
Substituindo na equação, resulta A = c2 /2µ. Escolhemos u0 = 0, uma vez que u
depende de uma constante arbitrária em 1.32, e então
1
r = (u2 + c2 /µ)
2
Assim, de 1.32 temos kdt = rdu, donde
Z t Z
1 u 2
k dt = (u + c2 /µ)du
T 2 0
3
Sendo k = µ, resulta
Cap. 1 1.10. Posição na Órbita Hiperbólica: Caso h > 0 21
√ 1 c2
µ(t − T ) = u3 + u
6 2µ
µ ¶
1 2 c2
r= u + (1.35)
2 µ
As equações 1.35 do caso h = 0 são as equivalentes às equações 1.30 e 1.31 do
caso h < 0. Aqui também T tem a interpretação já vista. Consideremos inicialmente
o caso c 6= 0. Sendo h = 0, então e = 1 e de 1.24 temos uma órbita parabólica dada
por
c2 /µ
r=
1 + cosf
2
O maior valor de r é c /2µ, quando f = 0. Mas esse valor é o valor de r quando
u = 0, ou ainda t = T , conforme 1.35. Portanto T é o instante de passagem pelo
pericentro. Se c = 0, as equações 1.35 tornam
√
6 µ(t − T ) = u3
1
r = u2
2
Então t = T acarreta u = 0, e consequentemente r = 0. Nesse caso T corresponde
ao instante de colisão com a origem. Se T > 0, então podemos falar do movimento
no intervalo −∞ < t < T . Se T < 0, então a partı́cula foi emitida de O no instante
t = T , e o movimento é descrito no intervalo T < t < ∞.
(r0 )2 + a2 e2 = (a + r)2
Definimos uma nova função ρ(u) tal que
eaρ = a + r (1.36)
Substituindo na equação acima, resulta
(ρ0 )2 − ρ2 = −1 (1.37)
Se excluirmos as soluções triviais ρ = ±1, a equação 1.37 é satisfeita por ρ =
cosh(u + k1 ). Como T é livre, escolhemos k1R= 0. Então, de 1.36 vem que r =
u
a(ecosu − 1). Substituindo em k(t − T ) = 0 rdu, obtemos o par de equações
equivalentes a 1.30 e 1.31 para o caso h > 0
n(t − T ) = esenu − u
r = a(ecosh − 1) (1.38)
√ √
onde n = k/a = u/ a3
Cap. 1 1.11. Elementos Orbitais 22
Figura 1.12.
~r = X~i + Y ~j + Z~k
~v = X~i + Y ~j + Z~k,
podemos obter um algoritmo para calcular os elementos orbitais
Cap. 1 1.12. Problema de Dois Corpos 23
1. a(1 − e2 ) = c2 /µ
Figura 1.13.
m1 r~¨1 + m2 r~¨2 = ~0
Isso tem uma interpretação muito importante. O vetor posição do centro de
massa O0 é dado por
m1 r~1 + m2 r~2
r~c =
m1 + m2
donde tem-se que ~r¨ = 0. Então
1 Gm1 m32 1
h1 = T1 − U1 = m1 v12 −
2 M 2 r1c
1 Gm2 m31 1
h2 = T2 − U2 = m2 v22 −
2 M 2 r2c
Usando 1.43 podemos concluir que
T = T1 + T2 e U = U1 + U2
Ainda podemos mostrar que
h1 U1 T1 m2
= = =
h2 U2 T2 m1
~r
~r¨ = −µ 3 com µ = G(ms + mp )
r
ms sendo a massa do Sol, e mp a do planeta.
Sejam np e ap o movimento médio e o semi-eixo maior da órbita elı́ptica do
planeta, com o Sol num dos focos. Da 3a lei de Kepler
4π 2 a3
p2 = com a = a1 + a2
G(m1 + m2 )
m1 a1 = m2 a2
Capı́tulo 2
Figura 2.1.
27
Cap. 2 2.1. Formulação do Problema de N Corpos 28
gravitação universal, e rij a distância entre o i-ésimo e o j-ésimo corpo. Esta distância
é dada por
2
rij = (xi − xj )2 + (yi − yj )2 + (zi − zj )2 (2.2)
As equações do movimento em cada coordenada são
∗
X
mi ẍi = − fij (xi − xj ) (2.3)
j
∗
X
mi ÿi = − fij (yi − yj ) (2.4)
j
∗
X
mi z¨i = − fij (zi − zj ) (2.5)
j
Gmi mj P∗
onde fij = fji = 3
e j é o somatório sobre j 6= i, de 1 a N . Sendo N o
rij
número de corpos do sistema, então temos 3N equações diferenciais do tipo 2.3 e 2.5.
Essa equações não podem ser resolvidas completamente e portanto iremos estudar
algumas propriedades do PNC. Tomemos como exemplo N = 2 ou o P2C (Problema
de Dois Corpos)(Figura 2.2). Pela lei de atração gravitacional e a segunda lei de
Newton,
Figura 2.2.
m1 r~¨1 = f12 (~
r2 − r~1 ) = f12 (~
r1 − r~2 )
m2 r~¨2 = f12 (~
r1 − r~2 ) = f12 (~
r2 − r~1 )
Gm1 m2 2
com f12 = 3
e r12 = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2
r12
Cap. 2 2.1. Formulação do Problema de N Corpos 29
1 d(~v • ~v ) 1 d(v 2 )
~v˙ • ~v = =
2 dt 2 dt
e
dr
~r • ~v = ~r • ~r˙ = rṙ = r
dt
Então
1 d(v 2 ) Gm1 dr
=− 2
2 dt r dt
Multiplicando por dt e integrando temos
Z
1 2 1
v = −Gm1 dr + E 0
2 r2
ou
Cap. 2 2.2. Integrais de Movimento 30
1 2 Gm1
v = + E0
2 r
Multiplicando por m2 e fazendo E = m2 E 0
1 Gm1 m2
m2 v 2 = +E
2 r
O termo da esquerda é conhecido como energia cinética T , e o primeiro termo
da direita com o sinal trocado, é exatamente a energia ou função potencial V . A
constante de integração, ou constante do movimento E representa a energia total
do sistema, e a equação
T =U +E
exprime o princı́pio da conservação da energia, donde
U = −V
∗
X
mi v~˙i = − fij (~
ri − r~j )
j
onde ~c é um vetor constante. Esse resultado é conhecido como integral das áreas
e o plano que passa pelo centro de massa e é perpendicular ao vetor ~c, é chamado
de plano invariável do sistema. É importante ter certo cuidado na aplicação desse
princı́pio, pois, mesmo que não existam forças externas ao sistema, se a integração
entre corpos for tal que provoque problemas de maré, criando assim movimentos
precessionais nas órbitas, então o momento angular ~c deixará de ser constante.
No sistema planetário, a conservação é boa, e o plano invariante é bem definido
(Ω = 107◦ e i = 1◦ 350 ).
Falta determinar mais uma constante escalar, e esta está relacionada com o
princı́pio da conservação de energia total do sistema.
Tomando a função potencial 2.1, com o sinal trocado:
∗
X Gmi mj
U = −V = (2.10)
i<j
rij
pois,
1 ∂rij
∂ 0.rij − · ¸
rij ∂xi 1
= 2
= − 3 (xi − xj )
∂xi rij rij
∂U ∂U
Analogamente para e , as equações 2.3 a 2.5 podem ser escritas
∂yi ∂zi
∂U
mi x~¨i =
∂xi
∂U
mi y~¨i =
∂yi
∂U
mi z~¨i =
∂zi
Utilizando o operador nabla
∂ ∂ ∂
∇i = ~i + ~j + ~k
∂xi ∂yi ∂zi
podemos escrever a equação 2.7 na forma
mi~r¨ = ∇i U (2.11)
Multiplicando escalarmente por ~r˙ , e somando sobre todo i temos
X X
mi r~˙i • r~¨i = r~˙i • ∇i U
i i
Observemos que
T =U +E (2.12)
onde E é a décima integral do movimento procurada. Novamente esse princı́pio
é válido somente para sistemas conservativos. Com estas dez integrais primeiras
podemos eliminar 10 coordenadas no sistema 2.6, reduzindo-o assim a um sistema
em 6N − 10 equações diferenciais de primeira ordem. Pode se provar que não existe
mais nenhuma constante independente, além destas aqui determinadas.
Lista de Figuras
33
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