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Contabilidade Comercial

Prof. Fabio Darci Kowalski

2012
Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:
Prof. Fabio Darci Kowalski

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

657.839
K886c Kowalski, Fabio Darci
Contabilidade Comercial / Fabio Darci Kowalski.
Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2012.

217 p. il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-363-1

1. Contabilidade Comercial
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título

Impresso por:
Apresentação
A Contabilidade é uma ciência social, pois é a ação humana que
pode modificar toda a estrutura patrimonial de qualquer tipo de empresa.
Sendo assim, na contabilidade faz-se necessária a utilização de diversos
controles, regras, leis e princípios que devem ser seguidos, os quais
permitirão que as empresas saibam, a todo o instante, qual a sua situação
e o caminho que deve ser seguido.

Dentre os vários ramos da contabilidade, destaca-se a Contabilidade


Comercial, na qual se aplica o estudo e o controle do patrimônio das empresas
comerciais, cuja finalidade é oferecer informações sobre sua composição e
suas variações, além do resultado decorrente da atividade mercantil. Logo, o
contador tem um papel fundamental, o de ser o responsável por esse controle.

O Caderno de Estudos da disciplina de Contabilidade Comercial


foi construído com esta intenção, ou seja, proporcionar, ao(à) acadêmico(a),
conhecimento suficiente para que este(a) possa atuar, além de contador(a),
como um(a) consultor(a) de empresas.

Dessa forma, apresentamos, na Unidade 1, as principais características


e elementos de uma sociedade e o conjunto de contas necessárias para
construir a Demonstração do Resultado do Exercício. Na Unidade 2, os
tributos incidentes sobre as compras e vendas de produtos, mercadorias ou
serviços, bem como, devoluções, fretes e abatimentos. E por fim, na Unidade
3, apresentamos operações contábeis envolvendo juros e descontos, provisão
para créditos de liquidez duvidosa e uma revisão do Caderno de Estudos de
Contabilidade Comercial.

Então, vamos seguir em frente! Desejo, a todos vocês, ótimos estudos.

Prof. Fabio Darci Kowalski

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os
seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que
possuem o código QR Code, que é um código que
permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS
SOCIEDADES COMERCIAIS.................................................................................. 1

TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 3
2 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES
COMERCIAIS..................................................................................................................................... 3
2.1 DEVERES LEGAIS DO CONTADOR................................................................................ 5
3 EMPRESA COMERCIAL.................................................................................................................. 8
3.1 CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS......................................... 10
3.2 NOME SOCIAL.......................................................................................................................... 15
3.3 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS............................................................................... 15
4 LIVROS OBRIGATÓRIOS............................................................................................................... 16
5 LIVROS AUXILIARES....................................................................................................................... 20
5.1 LIVRO RAZÃO........................................................................................................................... 21
6 LIVROS FISCAIS................................................................................................................................ 25
7 DOCUMENTOS FISCAIS................................................................................................................ 26
8 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL - SPED................................................. 26
8.1 SPED CONTÁBIL...................................................................................................................... 29
8.2 SPED FISCAL............................................................................................................................. 29
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 35

TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO...................................... 41


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 41
2 CRITÉRIOS BÁSICOS CONTÁBEIS............................................................................................. 41
2.1 PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA............................................................... 44
2.2 PRINCÍPIO DO CONFRONTO COM AS DESPESAS................................................. 44
2.3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE APRESENTAÇÃO DE ACORDO COM A LEI
Nº 11.638/07....................................................................................................................................... 46
3 EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO............................... 55
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 64

UNIDADE 2 – OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS.................................... 69

TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS................................. 71


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 71
2 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS –
ICMS...................................................................................................................................................... 72

VII
2.1 DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS DE ICMS - DIFA..................................................... 78
2.2 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA............................................................................... 79
2.3 ICMS SOBRE COMPRAS E VENDAS NORMAIS........................................................ 85
2.4 ICMS INCIDENTE SOBRE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO.............................. 93
3 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI................................................ 97
4 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISSQN................................ 104
5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA .
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS................................................... 108
5.1 REGIME NÃO CUMULATIVO............................................................................................ 109
5.2 REGIME CUMULATIVO....................................................................................................... 116
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 122
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 125

TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS .


DE MERCADORIAS...................................................................................................... 131
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 131
2 REGISTRO EM CONTAS DESDOBRADAS................................................................................ 131
3 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO E SISTEMA DE INVENTÁRIO
PERMANENTE................................................................................................................................... 132
4 FRETES E SEGUROS SOBRE COMPRAS.................................................................................... 137
5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS............................................................................................. 139
6 DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS........................................................................... 140
7 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS....................................................................................................... 142
8 DEVOLUÇÕES DE VENDAS.......................................................................................................... 144
9 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS................................................................................................ 146
10 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS................................................................ 147
11 FRETES SOBRE VENDAS.............................................................................................................. 148
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 152

UNIDADE 3 – OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL.................. 159

TÓPICO 1 – JUROS E DESCONTOS .............................................................................................. 161


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 161
2 JUROS ATIVOS, JUROS PASSIVOS, DESCONTOS OBTIDOS E DESCONTOS .
CONCEDIDOS.................................................................................................................................... 161
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 170

TÓPICO 2 – PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD........... 177


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 177
2 CÁLCULO DA PCLD......................................................................................................................... 177
3 CONTABILIZAÇÃO DA PCLD....................................................................................................... 179
4 REVERSÃO DA PCLDA................................................................................................................... 180
5 PCLD CONFORME O REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA.................................. 183
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 186
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 189
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 190

VIII
TÓPICO 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE................................................................................... 193
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 193
2 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE............................................................................. 193
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 206

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 215

IX
X
UNIDADE 1

A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS


SOCIEDADES COMERCIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer as principais características e elementos de uma sociedade;

• identificar o conjunto de contas necessário para construir a Demonstração


do Resultado do Exercício.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos. Em cada um deles você
encontrará os conceitos básicos de uma sociedade e os critérios que devem
ser seguidos na elaboração da Demonstração de Resultado do Exercício,
além de exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS

TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Assista ao vídeo
desta unidade.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

SOCIEDADES COMERCIAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico vamos conhecer as principais características e
elementos de uma sociedade. Veremos desde a definição de contabilidade
comercial, a perspectiva do profissional contador nessa área, bem como as
obrigações legais, fiscais e contábeis exigidas no decorrer das atividades.

Notaremos que, no cotidiano, não basta apenas gerarmos a informação


em grande quantidade, é preciso trabalhar de maneira tal que essa represente
de forma qualitativa a atual situação vivida pela sociedade, ou seja, o contador
precisa se adequar às obrigações exigidas diariamente pelos usuários internos e
externos da contabilidade, proporcionando, cada vez mais, a agregação de valor
em sua informação prestada.

2 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE


ENTIDADES COMERCIAIS
A Contabilidade Comercial pode ser definida como o ramo da
Contabilidade aplicado ao estudo e ao controle do patrimônio das empre­sas
comerciais, cuja finalidade é oferecer informações sobre sua composição e suas
variações, além do resultado decorrente da atividade mer­cantil. Logo, o contador
tem um papel fundamental, o de ser o responsável por esse controle.

A perspectiva profissional do Contador de empresas comerciais, até pouco


tempo atrás, era bastante modesta, seja pelo número de empresas em que este
prestava serviços ou pela própria dimensão das entidades, que eram consideradas
pequenas. Atualmente, cada vez mais é cobrada do contador uma posição diferente
do que se exigia há algum tempo atrás, ou seja, o contador não está no mercado de
trabalho apenas para fornecer informações ao fisco, calcular os impostos e enviar
as guias de arrecadação para as empresas. O contador está assumindo a função de
gestor, pois é ele, muitas vezes mais do que ninguém, que sabe e pode dizer para
onde vai essa empresa, quais rumos devem ser tomados, mercados que devem ser
analisados, produtos que devem ser vendidos e que trarão benefícios às empresas.

3
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Não há mais empresas grandes ou pequenas, todas são e devem ser vistas
pelo contador como únicas, cada uma com suas peculiaridades. Todas as empresas
querem a melhor informação possível, de preferência algo que lhes garanta sua
presença no mercado, trazendo bons retornos sobre o capital investido. Segundo
Iudícibus e Marion (2002, p. 28):

Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade


de dis­tribuição é um dos pontos básicos e mesmo com a ampliação
e moderniza­ção das empresas mercantis, que atuam em grandes
mercados, às vezes ul­trapassando até as fronteiras geográficas de um
país, multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais.

Para que o contador possa fornecer esse tipo de informação, precisará ter
uma boa formação, ampla e flexível. Dessa forma, por exemplo, é preciso conhecer
e interpretar informações do tipo: qual o verdadeiro custo do produto, mercadoria
ou serviço, qual o preço de venda adequado, qual o capital de giro necessário para a
empresa, quando e como captar recursos de terceiros ou próprios, como administrar
a mão de obra empregada nos mais diversos departamentos, entre outras.

TUROS
ESTUDOS FU

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você verá e aprenderá a gerar e


interpretar ess\as informações.

A cobrança desses conhecimentos, das empresas para os contadores, será


sempre maior. Espera-se que não dependa da empresa, por exemplo, a iniciativa
de buscar novos benefícios fiscais, como redução da carga tributária. Sendo
assim, depende do contador a informação eficaz e, uma vez que há cada vez mais
pessoas qualificadas, quem souber mais e souber repassar esse conhecimento é
que se sairá bem no mercado de trabalho.

NOTA

Cultura, conhecimento técnico, bons relacionamentos profissionais e o mínimo


de empatia podem ser o diferencial do contador comercial.

4
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

2.1 DEVERES LEGAIS DO CONTADOR


O contador deve respeitar e seguir todas as normas exigidas pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Caso contrário, poderá sofrer punições
financeiras ou até mesmo perder seu registro como contador. O Código Civil
aprovado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, comenta nos artigos 1177
e 1178, Seção III, onde trata da responsabilidade civil dos contadores, que caso o
contabilista venha a provocar qualquer dano à empresa ou à sociedade, este será
responsável solidariamente junto com o empresário pelos seus atos:

Art. 1177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por


qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se
houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.

Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são


pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e,
perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.

Art. 1178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer


prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da
empresa, ainda que não autorizados por escrito.

Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do


estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes
conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou
cópia autêntica do seu teor.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codcivil2livro2tit4c3.>.


Acesso em: 16 jan. 2011.

O contador é a pessoa responsável por todas as informações contábeis,


ou seja, responde diretamente pela veracidade dessas informações, indiferente se
este alegar estar ciente ou não do que ocorreu ou está ocorrendo na sociedade. É
preciso ficar atento a todas as exigências legais, uma vez que, a partir do momento
em que o contador assume a contabilidade da sociedade, esta então passa a ser de
sua responsabilidade.

O Código de Ética do Profissional Contabilista – CEPC, instituído pela


Resolução nº 803/1996 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, define em seu
Capítulo II, artigo 2o, os deveres do contabilista, os quais são enunciados a seguir:

I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada


a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou
empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais;

5
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

II - guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional


lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos
em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os
Conselhos Regionais de Contabilidade;

III - zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos


serviços a seu cargo;

IV - comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento


reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele
que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação
a sócios e executores;

V - inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir opinião sobre


qualquer caso;

VI - renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de


confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com
trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesses dos
mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os
motivos da renúncia;

VII - se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos


que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom
desempenho das funções a serem exercidas;

VIII - manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para


o exercício da profissão;

IX - ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade


profissional, seja propugnando por remuneração condigna, seja zelando
por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da
Contabilidade e seu aprimoramento técnico.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codetica>. Acesso em: 16


jan. 2011.

E quanto ao desempenho de suas funções, o CEPC, em seu Capítulo II,


artigo 3o, comenta que é vedado ao contabilista:

I - anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação,


conteúdo que resulte na diminuição do colega, da Organização Contábil ou da
classe, sendo sempre admitida a indicação de títulos, especializações, serviços
oferecidos, trabalhos realizados e relação de clientes;

6
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

II - assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza,


com prejuízo moral ou desprestígio para a classe;

III - auferir qualquer provento em função do exercício profissional que


não decorra exclusivamente de sua prática lícita;

IV - assinar documentos ou peças contábeis elaborados por outrem,


alheio à sua orientação, supervisão e fiscalização;

V - exercer a profissão, quando impedido, ou facilitar, por qualquer


meio, o seu exercício aos não habilitados ou impedidos;

VI - manter Organização Contábil sob forma não autorizada pela


legislação pertinente;

VII - valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse


nos honorários a receber;

VIII - concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou


destinado a fraudá-la ou praticar, no exercício da profissão, ato definido como
crime ou contravenção;

IX - solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem


que saiba aplicação ilícita;

X - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua


responsabilidade profissional;

XI - recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem,


comprovadamente, confiadas;

XII - reter abusivamente livros, papéis ou documentos,


comprovadamente confiados à sua guarda;

XIII - aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições


expressas em lei ou contra os Princípios Fundamentais e as Normas Brasileiras
de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;

XIV - exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com


finalidades ilícitas;

XV - revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador


para acordo ou transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento;

7
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

XVI - emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com


quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho
que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles;

XVII - iludir ou tentar iludir a boa-fé de cliente, empregador ou de


terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como
fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas;

XVIII - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos Conselhos


Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado;

XIX - intitular-se com categoria profissional que não possua, na


profissão contábil;

XX - elaborar demonstrações contábeis sem observância dos Princípios


Fundamentais e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade;

XXI - renunciar à liberdade profissional, devendo evitar quaisquer


restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e correção de seu
trabalho;

XXII - publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou


técnico do qual não tenha participado.
FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codetica>. Acesso em: 16
jan. 2011.

3 EMPRESA COMERCIAL
As empresas podem ser separadas em três segmentos distintos: indústria,
comércio e/ou prestadoras de serviços.

As indústrias em geral são responsáveis pela operação que modifique


a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do
produto, ou o aperfeiçoe para consumo. Nesse sentido, segundo o Regulamento
do IPI aprovado pelo Decreto 7.212/2010, considera-se industrialização:

● Transformação: a que, exercida sobre matéria-prima ou produto


intermediário, importe na obtenção de espécie nova.

● Beneficiamento: a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer


forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência
do produto. No beneficiamento não há a fabricação de um produto.

8
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

● Montagem: a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que


resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma
classificação fiscal.

● Acondicionamento ou reacondicionamento: a que importe em alterar


a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em
substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine
apenas ao transporte da mercadoria.

● Renovação ou Recondicionamento: a que, exercida sobre produto usado


ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou
restaure o produto para utilização.

FONTE: Adaptado de: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/decreto7212_2010.htm>.


Acesso em: 16 jan. 2010.

Já nas empresas consideradas como prestadoras de serviços não há a


venda de algum bem ou produto, mas sim da própria prestação de serviços, ou
seja, considera-se como prestação de serviço o resultado de um trabalho realizado
por um indivíduo, que tem como consequência uma remuneração. Ocorre a
circulação econômica, não de um bem material, mas sim, de capital intelectual,
ou seja, é fornecido o trabalho e não a mercadoria.

As práticas existentes no ato do comércio possibilitam definir a Empresa


Comercial como sendo aquela que serve de intermediária ou mediadora entre o
produtor e o consumidor ou usuário dos bens, para obtenção de resultados positivos.

Conforme Iudícibus e Marion (2008, p. 3), “a atividade comercial é uma


das mais importantes, pois permite colocar à disposição dos consumidores, física
ou economicamente delimitados, grande variedade de bens e serviços, necessários
à satisfação das necessidades humanas”.

Obviamente que numa mesma empresa é possível encontrar vários


segmentos reunidos, ou seja, a empresa pode ter como atividade a prestação
de serviços, a industrialização e o comércio, dividida em atividades primárias e
secundárias, conforme o ato constitutivo.

A empresa comercial poderá ser constituída por uma só pessoa física, no


exercício individual do comér­cio, ou por um grupo de pessoas sob a forma de
sociedade.

Segundo Andrade (2002, p. 7), a “sociedade mercantil é a união de duas ou


mais pessoas que celebram con­trato e mutuamente se obrigam a combinar esforços,
com o objetivo de tirar proveito dos atos de comércio praticados em comum”.

9
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

A sociedade tem como início a ideia de uma ou mais pessoas físicas que no
decorrer do tempo é colocada em prática através de uma nova pessoa, a Jurídica,
que pode ser caracterizada pelos seguintes elementos:

• Diversidade de pessoas: duas ou mais pessoas concorrem para sua criação,


sejam elas físicas ou jurídicas.

• Patrimônio próprio: constituído, inicialmente, por sócios, acionistas ou


associados.

• Finalidade lucrativa: o objetivo social de toda empresa comercial é o resultado


positivo, ou seja, a remuneração do investimento aplicado.

Assim, pode-se dizer que tudo começa de uma boa ideia, na qual, após
várias análises sobre a viabilidade de pô-la ou não em prática, poderá então
surgir a empresa, através de aportes de bens e direitos, tendo como finalidade a
melhor remuneração destes do que em outra fonte de investimento.

3.1 CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS


A partir do momento em que a sociedade é constituída e registrada,
assume personalidade jurí­dica própria, ou seja, personalidade independente dos
sócios. Conforme Andrade (2002), essa situação permite à empresa:

• Agir em defesa de seus próprios fins.

• Possuir seu patrimônio.

• Assumir direitos e obrigações.

• Assumir em juízo.

A sociedade tem vida própria e capacidade de, através das pessoas


físicas ou jurídicas que a compõem, atingir plenamente seus objetivos sociais. A
sociedade, na maioria das vezes, é constituída por contrato, onde é identificada
por um nome social pelo qual será reconhecida publicamente. O contrato deve
designar, também, quem representará a sociedade nos direitos e obrigações que
vier a ter em decorrência de suas atividades.

Uma das formas mais comuns de sociedade é a Sociedade por Cotas de


Responsabilidade Limitada, representada pela sigla LTDA, em que o capital é
dividido em cotas e cada quotista ou sócio entra com uma parcela do capital.

10
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

As Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada ou Sociedades


Limitadas foram reformuladas pelo Código Civil de 2002, que, de forma
expressa, derrogou o Decreto nº 3.708/1919. A sociedade limitada é o tipo de
sociedade na qual cada sócio responde pelo valor de sua cota, porém, todos terão
responsabilidade solidária pela integralização do chamado capital social.

A constituição da sociedade LTDA se dá mediante contrato escrito,


particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará
as informações abaixo; sendo ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto
separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato segundo preleciona
o disposto nos artigos 997 e 1.054 do Código Civil:

• nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se


pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos
sócios, se jurídicas;

• denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

• capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender


qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação pecuniária;

• a quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la;

• as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

• as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade e seus


poderes e atribuições;

• a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

• se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

FONTE: Disponível em: <http://www.cartoriosaojose.com.br/infopjsoccso.htm>. Acesso em: 16


jan.1011.

Nos 30 dias subsequentes à constituição da sociedade, deverá a mesma


requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do
local de sua sede, consoante determina o art. 998 do Código Civil. O pedido de
inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato e, se algum
sócio nele tiver sido representado por procurador, da respectiva procuração.

11
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

TUROS
ESTUDOS FU

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você verá outras formas jurídicas


de Sociedades Mercantis, como, por exemplo, as sociedades por ações, mais conhecidas
como Sociedades Anônimas.

O patrimônio é da sociedade, ou seja, da Pessoa Jurídica, não podendo


ser confundido com o patrimônio de seus sócios. A partir do momento em
que a empresa é registrada, nasce uma nova pessoa, a Pessoa Jurídica, que é
independente do patrimônio das pessoas que a fundaram.

Para que haja quaisquer modificações na sociedade, como, por exemplo,


alteração de capital, do quadro social, do nome social, dentre tantas, desde que
seja legal, basta, pela vontade de seus sócios, modificar a estrutura da sociedade
elaborando uma alteração contratual.

Quanto à forma de tributação, a maioria das empresas comerciais, pelo


fato de serem Microempresas – ME ou Empresas de Pequeno Porte – EPP, optam
pelo regime tributário simplificado, denominado Simples Nacional.

O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado


e favorecido, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às
microempresas e às empresas de pequeno porte, a partir de 01.07.2007.

• Microempresa (ME) é a sociedade empresária, a sociedade simples e o


empresário (individual) que, no ano calendário anterior, auferiu receita bruta
igual ou inferior a R$ 240.000,00.

• Empresa de pequeno porte (EPP) é a sociedade empresária, a sociedade


simples e o empresário (individual) que, no ano calendário anterior, auferiu
receita bruta superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.

NOTA

As micro e pequenas empresas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), representam: 67% do pessoal ocupado, 20% do Produto Interno Bruto
(PIB) e 99% das empresas de comércio, indústria e serviços do país.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

Dentre as principais características do Simples Nacional, destacam-se:

• Ser facultativo.

• Ser irretratável para todo o ano calendário.

• Abranger os seguintes tributos: IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS, ICMS, ISS,
Contribuição Previdenciária Patronal.

• Apurar e recolher os tributos abrangidos mediante documento único de


arrecadação.

• Disponibilizar às ME e às EPP sistema eletrônico para a realização do cálculo


do valor mensal devido.

• Apresentar declaração anual, única e simplificada, de informações


socioeconômicas e fiscais.

• Vencer no último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao do


período de apuração.

• Possibilitar aos Estados adotarem sublimites de EPP em função da respectiva


participação no PIB.

FONTE: Adaptado do site: <http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/sobre/caracte-


risticas.asp>.Acesso em: 16 jan. 2011.

Entretanto, há outras formas de tributação em que as empresas comerciais


podem optar, dentre as mais comuns: Lucro Presumido e Lucro Real. Nessas
duas formas de tributação, os tributos: IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS, ICMS, ISS
e Contribuição Previdenciária Patronal são calculados separadamente, ou seja,
uma guia para cada imposto, ao contrário do que acontece no Simples Nacional,
onde todos os impostos podem ser pagos em guia única.

O Lucro Presumido é uma variável usada por muitos contribuintes com a


finalidade de apurar o lucro e, por consequência, o Imposto de Renda das pessoas
jurídicas que, partindo do total da receita bruta, encontra uma presunção de lucro,
que na verdade á uma ficção tributária criada para simplificar o pagamento dos
impostos de determinados contribuintes previamente selecionados.

Já o regime do Lucro Real, por ser a forma mais exata de determinação da


base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido,
resulta, na maioria das vezes, ser mais vantajoso do que o lucro presumido,
simplesmente pelo fato de que pelo Lucro Real é pago IRPJ e CSLL sobre o lucro
e não sobre as receitas, como acontece no Lucro Presumido.

13
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

NOTA

Atualmente, no Brasil:

• Temos cerca de 5,5 milhões de empresas com CNPJ ativo; dessas, 250 mil estão no
Lucro Real e as restantes são Lucro Presumido e Simples Nacional.
• De cada R$ 100,00 arrecadado, R$ 84,00 são de empresas que estão no Lucro Real.
• Lucro Real (maioria empresas de grande porte) = 4% das empresas do Brasil = 84% da
arredacação nacional.
• Lucro Presumido (maioria empresas de pequeno e médio porte) = 26% das empresas do
Brasil = 10% da arrecadação nacional.
• Simples (micro e pequenas empresas) = 70% das empresas do Brasil = 6% da arrecadação
nacional.

Algumas estão obrigadas a optar pelo Lucro Real, como, por exemplo:

- bancos comerciais;
- bancos de investimentos;
- bancos de desenvolvimento;
- caixas econômicas;
- sociedades de crédito;
- financiamento e investimento;
- sociedades de crédito imobiliário;
- sociedades corretoras de títulos;
- valores mobiliários e câmbio;
- distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
- empresas de arrendamento mercantil;
- cooperativas de crédito;
- empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência
privada aberta;
- empresas que auferiram lucros, rendimentos ou ganhos de capital no exterior,
prestação de serviços (factoring).

As empresas cujas receitas brutas no ano anterior foram superiores a


R$ 48.000.000,00 ou a R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número de meses de
atividade do ano calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, estão
obrigadas a optar pelo Lucro Real. Esse fato faz com que esta forma de tributação
seja responsável por 84% de toda a arrecadação nacional. São poucas empresas
(4% das empresas no Brasil), mas empresas gigantes, como, por exemplo, a
Petrobrás S/A.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

NOTA

Não há como concluir, de forma generalizada, qual a melhor forma de tributação,


pois cada empresa apresenta situações diferentes. Por isso, é obrigação do contador analisar
a melhor alternativa, dentro da legalidade, para não onerar a empresa em sua carga tributária.

3.2 NOME SOCIAL


Obrigatoriamente, as sociedades precisam de um nome pelo qual desejam
ficar conhecidas publicamente. De acordo com o Código Civil de 26 de dezembro de
2002, artigo 1158, há duas classificações técnicas para dife­renciar os nomes sociais:

a) Firma ou razão social: é composto pelo nome de um, de alguns, ou de to­dos os


sócios por extenso ou abreviadamente. Exemplo: Silva e Soares.

b) Denominação social: quando a empresa utiliza algum nome, sem que possa
identificar algum sócio ou sócios, mas que indique qual a sua atividade.
Exemplo: Imobiliária Central, Padaria dos Sonhos.

Em função da forma jurídica da sociedade mercantil, haverá casos em


que a lei exigirá somente a razão social, a denominação social ou ambas em sua
identificação pública. No caso das Sociedades Limitadas, vistas até o momento,
poderão utilizar ambas: denominação ou razão social.

3.3 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS


A responsabilidade do sócio com relação às dívidas sociais varia segundo
a forma jurídica que a sociedade assumir, podendo ela ser classificada em li­
mitada ou ilimitada.

De acordo com o Código Civil de 26 de dezembro de 2002, artigo 1052,


quando a responsabilidade é limitada, os sócios, com relação às dívidas sociais,
respondem somente pelo valor do capital por eles subscritos, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social. Entretanto, quando a
responsabilidade é ilimitada, respondem também com seus bens particulares.
Por exemplo: O Sr. Fulano e o Sr. Beltrano resolveram abrir uma empresa com
o nome de Fulano e Beltrano Padaria Ltda. Ambos iniciaram a empresa com um
capital de R$ 10.000,00 cada, num total de R$ 20.000,00. Se, por acaso, a empresa
vier a ter dívidas sociais e não quitá-las, a dívida alcançará apenas o total de R$
20.000,00, que faz parte do capital da empresa. Entretanto, se fosse uma sociedade
ilimitada, a dívida alcançaria, além dos R$ 20.000,00 que fazem parte do capital
da empresa, também os bens particulares do Sr. Fulano e do Sr. Beltrano.

15
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

NOTA

Conforme o artigo 1158, § 3, do Código Civil de 2002, a omissão da palavra


“limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim
empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

4 LIVROS OBRIGATÓRIOS
Na constituição da empresa faz-se necessário alguns livros obrigatórios,
onde serão registradas as operações referentes às atividades da mesma. Na
sociedade comercial há o Livro Diário, onde, como o próprio nome já diz, são
registradas todas as operações que aconteceram no dia, em ordem cronológica,
com individualização, clareza e caracterização do documento respectivo.

A obrigatoriedade do Livro Diário está prevista:

a) no novo Código Civil, pela Lei nº 10.406/2002, art. 1.180;

b) no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), em seu art. 258; e

c) na Lei das S.A. (Lei nº 11.638/2007), em seus artigos 100, 176 e 177.

De acordo com o art. 258 do Regulamento do Imposto de Renda de 26


de março de 1999, o Livro Diário poderá ser substituído por folhas numeradas
seguidamente, quando empregadas na escrituração mecanizada, devendo o livro
ou folhas do Diário conter termos de abertura e de encerramento, submetidos
à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio, ou seja, onde foi
registrado o ato constitutivo da empresa.

A autenticação é um registro (assinatura) adquirido junto ao órgão


competente do Registro do Comércio. A autenticação é feita na primeira folha do
Livro Diário, ou seja, no termo de abertura, fazendo com que, dessa forma, o livro
não seja posteriormente alterado.

16
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

No termo de abertura e de encerramento do Livro Diário deverá constar a


finalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o número de folhas, a firma
individual ou o nome da sociedade a que pertença, o local da sede ou estabelecimento,
o número e data do arquivamento dos atos constitutivos no órgão de registro do
comércio e o número de registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

Os termos de abertura e encerramento serão datados e assinados pelo


comerciante ou por seu procurador e por contabilista legalmente habilitado, ou
seja, que tenha registro no CRC.

O novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), em seu art. 1.179, § 2º, dispensa
o pequeno empresário da escrituração contábil. A legislação fiscal dispensa
as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, assim como as
microempresas e empresas de pequeno porte, da escrituração contábil, desde que
mantenham escrituração em Livro Caixa e Registro de Inventário.

Apesar de essas empresas estarem dispensadas da escrituração contábil, a


utilização do Livro Diário é essencial a todas as empresas que detêm patrimônio,
tendo em vista que a escrituração contábil é uma ferramenta da administração
dos negócios das empresas.

A entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus atos e


fatos administrativos por intermédio de processo manual, mecanizado ou eletrônico.

A escrituração será executada:

• em idioma e moeda corrente nacional;

• em forma contábil (partidas dobradas);

• em ordem cronológica de dia, mês e ano (o Livro Diário poderá ser escriturado
por meio de partidas mensais, resumida ou sintética, com valores totais que
não excedam a operações de um mês, desde que haja escrituração analítica
lançada em registros auxiliares;

• com ausência de espaço em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou


transportes para as margens;

• com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta,


em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prática de atos
administrativos.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

A terminologia utilizada deve expressar o verdadeiro significado das


transações.

O uso de códigos e/ou abreviaturas nos históricos dos lançamentos é admitido,


desde que permanentes e uniformes, devendo constar, em elenco identificador, do
Livro Diário ou de registro especial revestido das formalidades extrínsecas.

No caso de ser adotada a escrituração contábil mecanizada ou eletrônica,


os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipograficamente, serão
destacados e encadernados em forma de livro.

Exemplo simples de escrituração no Livro Diário:

A Cia. Alfenas Ltda. teve as seguintes operações no mês de setembro:


(Neste exemplo não estão sendo reconhecidos os encargos sobre os salários e os
tributos sobre as operações de compra e venda de mercadorias).

02-09 – Integralização de capital social no valor de $ 50.000 pelo sócio Ademar


Bel em dinheiro, cujo depósito foi feito no Banco do Brasil em conta corrente.

04-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 001, um veículo


marca/modelo MB 2428 no valor de $ 10.000. O veículo foi adquirido do fornecedor
Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239.

08-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 002, um computador


modelo Windows XP 4600 no valor de $ 1.000. O computador foi adquirido do
fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899.

10-09 – Compra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A para


o estoque no valor total de $ 2.000. A mercadoria foi adquirida do fornecedor
Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

15-09 – Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A no


valor total de $ 2.280. A mercadoria foi vendida ao cliente Comércio MM Ltda.,
através da Nota Fiscal 001.

20-09 – Pagamento da compra efetuada em 10-09 do fornecedor Albatroz


Ltda. Nota Fiscal 432. O pagamento foi via banco, através do Cheque 003.

30-09 – Provisão de salários no mês no valor de $ 600,00.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

QUADRO 1 – EXEMPLO DE LIVRO DIÁRIO


DATA CONTA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO
Integralização de capital em dinheiro do
02/09 Capital Sócio Ademar Bel em dinheiro, numa 50.000
conta corrente no Banco do Brasil.
Integralização de capital em dinheiro do
02/09 Banco do Brasil Sócio Ademar Bel em dinheiro, numa 50.000
conta corrente no Banco do Brasil.
Aquisição de 01 veículo marca/modelo
MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda.,
04/09 Veículo 10.000
através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo
cheque 001 BB.
Aquisição de 01 veículo marca/modelo
MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda.,
04/09 Banco do Brasil 10.000
através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo
cheque 001 BB.
Aquisição de 01 computador modelo
Windows XP 4600, do fornecedor
08/09 Computador 1.000
Computel Ltda., através da Nota Fiscal
4.899 – pago pelo cheque 002 BB.
Aquisição de 01 computador modelo
Windows XP 4600, do fornecedor
08/09 Banco do Brasil 1.000
Computel Ltda., através da Nota Fiscal
4.899 – pago pelo cheque 002 BB.
Compra a prazo de 10 unidades da
10/09 Estoque mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz 2.000
Ltda., através da Nota Fiscal 432.
Compra a prazo de 10 unidades da
10/09 Fornecedores mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz 2.000
Ltda., através da Nota Fiscal 432.
Venda à vista, via banco de 6 unidades da
Receita de
15/09 mercadoria tipo A, ao cliente Comércio 2.280
Venda
MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.
Venda à vista, via banco de 6 unidades da
15/09 Banco do Brasil mercadoria tipo A, ao cliente Comércio 2.280
MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.
Custo da Venda à vista, via banco de 6 unidades da
15/09 Mercadoria mercadoria tipo A, ao cliente Comércio 1.200
Vendida MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.
Venda à vista, via banco de 6 unidades da
15/09 Estoque mercadoria tipo A, ao cliente Comércio 1.200
MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.
Pagamento da compra efetuada em 10-09,
20/09 Fornecedores do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 2.000
432 - pago pelo cheque 003 BB.
Pagamento da compra efetuada em 10-09,
20/09 Banco do Brasil do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 2.000
432 - pago pelo cheque 003 BB.
30/09 Salário Provisão de salários no mês. 600
30/09 Salário a pagar Provisão de salários no mês. 600
Total 69.080 69.080
FONTE: O autor

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Este é apenas um simples exemplo de escrituração, mas há outras


informações que deveriam ser lançadas no campo histórico, como, por exemplo,
número da conta do Banco do Brasil na qual foi lançada a integralização, melhor
descrição da marca ou modelo dos bens etc.

NOTA

Desde 1º de janeiro de 1992, as empresas optantes pela tributação no Lucro


Real estão obrigadas a escriturar também o Livro Razão. Porém, para as demais empresas
não optantes do Lucro Real, o Livro Razão é considerado apenas um livro auxiliar.

5 LIVROS AUXILIARES
Os livros auxiliares são livros facultativos, porém necessários internamente
na empresa para melhor rapidez e exatidão nas informações. Os livros auxiliares
mais utilizados e úteis na contabilidade são:

• Razão: um dos mais importantes livros do dia a dia contábil. Registra,


individualmente, cada conta do Livro Diário. Utilizado para analisar a
movimentação exclusiva de determinada conta, de forma rápida e simples,
facilita a busca de informações. O seu for­mato, assim como o Diário, pode ser
em fichas, folha solta etc;

• Caixa: registra toda a movimentação de dinheiro da empresa. Indispensável


para qualquer empresa, independentemente do seu tamanho;

• Livro de Contas a Pagar e Contas a Receber: utilizados para controle das


contas a receber e a pagar da empresa.

A maioria das empresas já possui esses livros em meio eletrônico. Há


alguns anos se notava que, principalmente, as pequenas empresas mantinham um
controle do livro caixa e de contas a pagar e a receber em cadernetas ou cadernos,
o que muitas vezes provocava erros no saldo do caixa, falta de cobranças, falta de
pagamentos etc.

As operações eletrônicas aprimoraram os controles na contabilidade


e tendem a cada vez mais facilitar e deixar de forma mais eficiente e eficaz o
trabalho do contador.

20
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

5.1 LIVRO RAZÃO


O Livro Razão é uma forma individualizada de evidenciar o Livro Diário,
uma vez que este último demonstra a movimentação diária da empresa, de todas as
contas juntas naquele dia, porém, o primeiro evidencia cada conta separadamente,
facilitando a conciliação de saldos e a procura por determinados valores.

Conforme o artigo 259, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999,


desde 1º de janeiro de 1992 tornou-se obrigatória, para as pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real, a escrituração e a manutenção do Livro
Razão ou fichas, utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subcontas, os
lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições
previstas na legislação. A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo-
se a ordem cronológica das operações.

Também de acordo com o artigo 259, do Regulamento do Imposto de Renda


de 1999, o Livro Razão ou as respectivas fichas estão dispensados de registro ou
autenticação em qualquer órgão. Entretanto, na escrituração deverão ser obedecidas
as regras da legislação comercial e fiscal aplicáveis aos lançamentos em geral.

ATENCAO

A não manutenção do Livro Razão ou fichas, nas condições determinadas na


legislação, implicará no arbitramento do lucro da pessoa jurídica (RIR/1999, art. 530, inciso VI
e art. 259, §2º).

O Livro Razão pode ser considerado como sendo o Razonete da conta


contábil, ou seja, a individualização de todas as contas que tiveram algum
movimento no período.

Exemplo simples de escrituração no Livro Razão:

Com base nas informações da Cia. Alfenas Ltda., vistas anteriormente e


escrituradas do Diário, será registrado o Livro Razão:

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

QUADRO 2 – LIVRO RAZÃO – BANCO DO BRASIL


Conta: BANCO DO BRASIL             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Integralização de capital em
dinheiro do sócio Ademar
 02/09    50 000    D   50 000
Bel, numa conta corrente no
Banco do Brasil.
Aquisição de 01 veículo
marca/modelo MB 2428,
do fornecedor Carro Bom
04/09 10 000 C 40 000
Ltda., através da Nota Fiscal
234.239 – pago pelo cheque
001 BB.
Aquisição de 01 computador
modelo Windows XP 4600,
do fornecedor Computel
08/09 1 000 C 39 000
Ltda., através da Nota Fiscal
4.899 – pago pelo cheque
002 BB.
Venda à vista, via banco, de
6 unidades da mercadoria
15/09 tipo A, ao cliente Comércio 2 280 D 41 280
MM Ltda., através da Nota
Fiscal 001.
Pagamento da compra
efetuada em 10-09 do
20/09 fornecedor Albatroz Ltda. 2 000 C 39 280
Nota Fiscal 432- pago pelo
cheque 003 BB.
  SALDO MÊS             D   39 000
FONTE: O autor

QUADRO 3 – LIVRO RAZÃO – ESTOQUE


Conta: ESTOQUE             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Compra a prazo de 10
unidades da mercadoria tipo
 10/09 A, do fornecedor Albatroz   2  000   D   2 000
Ltda., através da Nota Fiscal
432.
Venda à vista, via banco, de
6 unidades da mercadoria
15/09 tipo A, ao cliente Comércio 1 200 C 800
MM Ltda., através da Nota
Fiscal 001.
  SALDO MÊS             D   800
FONTE: O autor

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

QUADRO 4 – LIVRO RAZÃO – VEÍCULO


Conta: VEÍCULO             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Aquisição de 01 veículo
marca/modelo MB 2428,
do fornecedor Carro Bom
 04/09   10  000   D   10 000
Ltda., através da Nota Fiscal
234.239 – pago pelo cheque
001 BB.
  SALDO MÊS             D   10 000
FONTE: O autor

QUADRO 5 – LIVRO RAZÃO – COMPUTADOR

Conta: COMPUTADOR             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Aquisição de 01 computador
modelo Windows XP 4600,
do fornecedor Computel
 08/09   1  000   D   1 000
Ltda., através da Nota Fiscal
4.899 – pago pelo cheque
002 BB.
  SALDO MÊS             D   1 000

FONTE: O autor

QUADRO 6 – LIVRO RAZÃO – FORNECEDOR

Conta: FORNECEDOR             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Compra a prazo de 10
unidades da mercadoria tipo
 10/09 A, do fornecedor Albatroz          2 000  C   2 000
Ltda., através da Nota Fiscal
432.
Pagamento da compra
efetuada em 10-09, do
 20/09 fornecedor Albatroz Ltda.   2 000    D   0 000
Nota Fiscal 432- pago pelo
cheque 003 BB.
  SALDO MÊS               0 000

FONTE: O autor

23
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

QUADRO 7 – LIVRO RAZÃO – SALÁRIOS A PAGAR


Conta: SALÁRIOS A PAGAR             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
 30/09 Provisão de salários no mês         600 C   600
  SALDO MÊS             C   600
FONTE: O autor

QUADRO 8 – LIVRO RAZÃO – CAPITAL


Conta: CAPITAL             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Integralização de capital em
dinheiro do sócio Ademar
 02/09          50 000  C   50 000
Bel numa conta corrente no
Banco do Brasil.
  SALDO MÊS             C   50 000
FONTE: O autor

QUADRO 9 – LIVRO RAZÃO – RECEITA DE VENDA


Conta: RECEITA DE VENDA             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Venda à vista, via banco, de
6 unidades da mercadoria
 15/09 tipo A, ao cliente Comércio          2 280 C   2 280
MM Ltda., através da Nota
Fiscal 001.
  SALDO MÊS             C   2 280
FONTE: O autor

QUADRO 10 – LIVRO RAZÃO – CUSTO DA MERCADORIA


Conta: CUSTO DA MERCADORIA
VENDIDA             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
Venda à vista, via banco, de
6 unidades da mercadoria
 15/09 tipo A, ao cliente Comércio   1  200   D   1 200
MM Ltda., através da Nota
Fiscal 001.
  SALDO MÊS             D   1 200
FONTE: O autor

24
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

QUADRO 11 – LIVRO RAZÃO – SALÁRIOS


Conta: SALÁRIOS             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 
 15/09 Provisão de salários no mês     600   D   600
  SALDO MÊS             D   600
FONTE: O autor

Este também é apenas um simples exemplo de escrituração.


Automaticamente, as outras informações que deveriam ser lançadas no campo
histórico apareceriam também no Livro Razão. Nota-se que aparece a palavra
código nas fichas do Livro Razão. Este código será o número da conta que aparece
no plano de contas do sistema contábil.

Perceba que o Livro Razão é escriturado seguindo a ordem do plano de contas,


ou seja, primeiro as contas do ativo, depois passivo e em seguida as de resultado.

6 LIVROS FISCAIS
São os livros exigidos pelos governos federal, estadual e municipal. Dentre
os mais importantes destacam-se:

• Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR (apura o lucro tributá­vel base para
cálculo do Imposto de Renda);

• Livro de Apuração do IPI: utilizado pelos estabelecimentos industriais


e equiparados a industrial, para controle do Imposto sobre Produtos
Industrializados;

• Registro de Entrada de Mercadorias: utilizado para registro de todas as


entradas de produtos ou mercadorias;

• Registro de Saída de Mercadorias: utilizado para registro de todas as saídas


de produtos ou mercadorias;

• Livro de Apuração do ICMS: utilizado para registro de todas as entradas


e saídas de produtos ou mercadorias, independente se houver ou não a
tributação do ICMS;

• Livro de Inventário: utilizado pelos estabelecimentos que mantiverem


estoques, prontos ou em elaboração;

• Livro Registro de Apuração do ISSQN: utilizado para escriturar as prestações


de serviços da empresa e o respectivo imposto devido sobre essas;
25
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

• Registro de Impressão de Documentos Fiscais: utilizado pelos estabelecimentos


que confeccionarem documentos fiscais, para o uso próprio ou para terceiros;

• Registro de Empregados: utilizado em todas as atividades, para registrar


informações acerca dos funcionários e sua movimentação. Poderá ser feito
através de livros, fichas ou sistema eletrônico.

7 DOCUMENTOS FISCAIS
Há vários tipos de documentos fiscais a serem emitidos, dentre os principais
destacam-se:

a) Nota Fiscal - modelo 1


b) Nota Fiscal de Produtor - modelo 4
c) Nota Fiscal Avulsa
d) Nota Fiscal Conta de Energia - modelo 6
e) Nota Fiscal de Venda a Consumidor - modelo 2 série D
f) Cupom Fiscal
g) Nota Fiscal Eletrônica - modelo 55
h) Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas - modelo 8
i) Nota Fiscal de Serviço de Comunicação - modelo 21
j) Nota Fiscal de Serviço de Telecomunicação - modelo 22

Porém, nas empresas comerciais, o documento fiscal mais comum a ser


utilizado nas saídas, mais comumente as vendas, é a Nota Fiscal, modelo 1, a Nota
Fiscal de Venda a Consumidor, modelo 2 série D, o Cupom Fiscal e a Nota Fiscal
Eletrônica, modelo 55, as quais são utilizadas na comercialização de mercadorias.

Já nas entradas, mais comumente as compras, a empresa poderá receber


qualquer tipo de documento, dependendo de sua operacionalidade.

8 SISTEMA PÚBILICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL - SPED


Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o projeto do
Sistema Público de Escrituração Digital - SPED faz parte do Programa de
Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e, conforme
a Receita Federal do Brasil – RFB (2011), constitui-se em mais um avanço na
informatização da relação entre o fisco e os contribuintes.

De acordo com a RFB (2011), o SPED consiste na modernização da


sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos
contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-
se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos,
garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital.

26
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

Dentre as principais características do SPED destaca-se que:

• É composto por três grandes subprojetos: Escrituração Contábil Digital,


Escrituração Fiscal Digital e a NF- e - Ambiente Nacional.

• Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três


esferas governamentais: federal, estadual e municipal.

• Possibilita, com as parcerias fisco-empresa, planejamento e identificação de


soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face às
exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias.

• Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na definição dos meios
de atendimento às obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação
tributária contribua para aprimorar esses mecanismos e confira a esses
instrumentos maior grau de legitimidade social.

• Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua,


com reflexos positivos para toda a sociedade.

O SPED tem como objetivos, entre outros:

• Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e


compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as
restrições legais.

• Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes,


com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações
acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores.

• Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do


controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização
mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica.

FONTE: Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sobre-o-projeto/objetivos.htm>.


Acesso em: 16 jan. 2011.

Quanto aos principais benefícios do SPED (Sistema Público de Escrituração


Digital), destacam-se:

• Redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de


documentos em papel e até mesmo a eliminação do papel.

• Redução de custos com a racionalização e simplificação das obrigações


acessórias.

27
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

• Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas


unidades federadas.

• Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas.

• Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas


instalações do contribuinte.

• Simplificação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da


administração tributária (comércio exterior, regimes especiais e trânsito
entre unidades da federação).

• Fortalecimento do controle e da fiscalização por meio de intercâmbio de


informações entre as administrações tributárias.

• Rapidez no acesso às informações.

• Aumento da produtividade do auditor através da eliminação dos passos


para coleta dos arquivos.

• Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes a


partir de um leiaute padrão.

• Redução de custos administrativos; melhoria da qualidade da informação.

• Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais.

• Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos


distintos e concomitantes.

• Redução do “Custo Brasil”.

• Aperfeiçoamento do combate à sonegação.

• Preservação do meio ambiente pela redução do consumo de papel.

FONTE: Adaptado do site: <http://www.fiscosoft.com.br/a/4idu/sistema-publico-de-escritura-


cao-digital-sped-glauce-vianna>. Acesso em: 16 jan. 2011.

A facilidade de acesso à escrituração, ainda que não disponível em tempo


real, amplia as possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da realização
de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua execução.

A maioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de informática


para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil. As imagens em papel
simplesmente reproduzem as informações oriundas do meio eletrônico.

28
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

8.1 SPED CONTÁBIL


O SPED contábil também é conhecido pela sigla ECD – Escrituração
Contábil Digital. De acordo com a RFB (2011), é a substituição da escrituração
em papel pela Escrituração Contábil Digital - ECD, também chamada de SPED-
Contábil. Trata-se da obrigação de transmitir em versão digital os seguintes livros:

I - Livro Diário e seus auxiliares, se houver;

II - Livro Razão e seus auxiliares, se houver;

III - Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias


dos assentamentos neles transcritos.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2007/in7872007.htm>.


Acesso em: 16 jan. 2011.

Segundo a Instrução Normativa RFB nº 787, de 19 de novembro de 2007,


estão obrigadas a adotar a ECD em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir
de 1º de janeiro de 2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento
econômico-tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7
de novembro de 2007, e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no
Lucro Real (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 926, de 11 de março
de 2009); em relação aos fatos contábeis desde 1º de janeiro de 2009, as demais
sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no
Lucro Real. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 926, de 11 de março
de 2009). Para as demais sociedades empresárias a ECD é facultativa.

As sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte


optantes pelo Simples Nacional estão dispensadas desta obrigação.

8.2 SPED FISCAL


O SPED fiscal também é conhecido pela sigla EFD – Escrituração Fiscal
Digital. De acordo com a RFB (2011), a Escrituração Fiscal Digital - EFD é um
arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos
fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e
da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de
impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte.

Dentro da EFD já está em andamento o Projeto Nota Fiscal Eletrônica


(NF- e), o qual está sendo desenvolvido, de forma integrada, pelas Secretarias
de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Brasil, desde a assinatura do
Protocolo ENAT 03/2005, de 27/08/2005, que atribui ao Encontro Nacional de
Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT) a coordenação
e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto NF- e.

29
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

De forma geral, o SPED fiscal já vem sendo utilizado por várias empresas
desde o ano de 2005 e, segundo a RFB (2011), a tendência é que todas as empresas
venham a adotar essa sistemática eletrônica.

DICAS

Maiores informações sobre o SPED podem ser obtidas no site da Receita Federal
do Brasil em:<http://www.receita.gov.br.>. Neste site você poderá verificar quais empresas
estão obrigadas a utilizar o SPED e a partir de que período.

TUROS
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura


complementar do texto a seguir, do livro Contabilidade Comercial, de autoria de Eurídice
Mamede de Andrade (2002, p. 16-18). A partir dele teremos condições de compreender que
a função do contador já não é apenas a escrituração, mas também, a consultoria.

30
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

Eurídice Mamede de Andrade

Antes da constituição da sociedade, o profissional da área contábil é


comumente chamado a opinar sobre os diversos aspectos dos novos negócios ou
sobre as necessárias alterações dos já existentes.

Durante a entrevista inicial com o empreendedor é necessário averiguar


alguns aspectos fundamentais para o início e o sucesso do empreendimento, ou seja:

1) Oportunidade

2) Projeto

3) Recursos

4) Capacidade

Para tornar viável a prestação de um bom serviço é necessário que o


con­sultor mantenha-se sempre informado, ou seja, adquira cultura geral inces­
santemente e, antes da entrevista, informe-se sobre as características particu­
lares daquele negócio, através de contato com as associações de classe, revis­tas
especializadas etc.

No quesito “oportunidade” é fundamental avaliar se o momento é


oportuno para o início da atividade proposta. Questões relacionadas com o
mercado consumidor, o momento econômico, condições climáticas, cultura
socioeconômica da região, à sazonalidade, dentre outras, devem ser avaliadas em
conjunto com o empreendedor.

O projeto do futuro empresário, em geral, não está formalizado. Normal­


mente, encontra-se apenas em sua ideia, sem nenhuma anotação em papel ou
meio magnético. A formalização do projeto é fundamental para um início pro­
missor. O projeto nada mais é do que um plano, um estudo, com desenho e
descrição de qualquer coisa que se deseja realizar. Pode configurar-se, também,
como o conjunto de medidas que se devem tomar para realizar alguma coisa.

Ao discriminar, no papel, o tipo, as dimensões, a estrutura física, o nível de


estoques, a quantidade de empregados, os móveis, os utensílios, as máquinas, os
equipamentos, dentre outros itens necessários ao início e à manutenção das atividades,
o empreendedor terá uma visão geral do negócio que preten­de realizar; terá, ainda, a
oportunidade de visualizar falhas ou pontos fracos do próprio projeto. Nesta fase, o
consultor deverá auxiliar na elaboração ou reformulação do projeto inicial, de modo
a viabilizar a implantação do negó­cio, no menor prazo e custo possíveis.

31
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Uma vez aprovado o projeto, será necessário identificar as fontes de re­


cursos para realizá-lo. Normalmente, a fase de alocação de recursos é paralela
à fase de ajuste e reformulação do projeto, ou seja, o projeto se submeterá aos
recursos disponíveis e estes devem ser aplicados de forma a oferecer o melhor
retorno possível.

Nessa avaliação devem estar incluídos não só os recursos financeiros


próprios ou de terceiros, como os recursos humanos e os recursos materiais. Com
esta finalidade, convém avaliar a disponibilidade de:

• Recursos financeiros próprios - se suficientes para montar e manter o negócio


durante seu prazo de maturação, ou seja, período necessário para atingir e
ultrapassar o ponto de equilíbrio.

• Linha de crédito liberada para utilização imediata, com amortização prevista


no médio prazo.

• Recursos humanos residentes próximos ao local do estabelecimento - seu


nível de conhecimentos e habilidades, se algum treinamento será preciso, e
apreciação de outras alternativas.

• Recursos materiais para aquisição ou necessidade de encomendas prévias;


possibilidade de escassez devido à conjuntura econômica e social ou situação
climática iminentes.

Por último, porém tão importante quanto as demais, deve-se avaliar a


questão da capacidade pessoal dos sócios para gerenciar o negócio. Pelo me­nos um
deles deve possuir conhecimentos indispensáveis sobre o ramo de atividade que vão
operar. Não basta apenas que o conheça superficialmente. A operacionalidade do
processo poderá fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento.
Deve-se conhecer todo o giro do negócio, des­de as particularidades até as
generalidades. Alguns itens devem fazer parte desses conhecimentos, não apenas
teóricos, mas também colhidos na prática; dentre outros, a saber:

• Principais fornecedores e suas condições de vendas.

• Processamento do material, principais problemas e suas soluções.

• Alternativas de produção, terceirização, importação.

• Rede de distribuição, logística.

• Hábitos, localização, perfil dos clientes.

• Fatia do mercado que pretende alcançar.

• Principais concorrentes.
32
TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

• Associações de classe.

• Condições gerais do mercado.

FONTE: Adaptado de: ANDRADE, Eurídice Mamede de. Contabilidade comercial: teoria e prática.
Rio de Janeiro: Campus, 2002.

Em resumo, o contador deve averiguar, junto ao empreen­dedor, suas reais


condições de desenvolver o projeto com a eficiência e eficá­cia, que poderão fazer
dele um referencial no mercado em que operará. Para que isso ocorra, o contador
precisa estar atento ao mercado de trabalho e às necessidades do empreendedor,
buscar fontes de informações confiáveis e participar de cursos de educação
continuada, eventos, palestras etc. constantemente, uma vez que a legislação
brasileira e o próprio mercado globalizado mudam rapidamente.

NOTA

Sempre quando formos prestar quaisquer serviços de consultoria, temos


que estar profundamente atualizados. Em função disso, o profissional contábil jamais
para de estudar, uma vez que sempre haverá novas empresas, novas atividades e clientes
necessitando de informações fidedignas, as quais, nós, contadores, temos como fornecer.

33
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos a definição de contabilidade comercial e a posição
que um contador deve tomar frente às atividades exigidas diariamente em seu
trabalho. Observamos também que a contabilidade comercial está amarrada a
várias obrigações, sejam elas fiscais, contábeis ou administrativas, mas todas com
suas características que devem ser seguidas. Percebemos que o contador, a partir
de agora, deve ser muito mais do que um simples prestador de serviços, o qual
está ali para cumprir as obrigações junto ao fisco, ou seja, ele deverá ser a pessoa
que dará pontos norteadores capazes de direcionar as empresas para a melhor
tomada de decisão.

34
AUTOATIVIDADE

1 Qual função o contador de empresas comerciais vem assumindo? Por quê?

2 Complete a seguinte sentença:


As práticas existentes no ato do comércio possibilitam definir a Empresa
Comercial como sendo aquela que serve de _______________________ou
_____________________ entre o produtor e o consumidor, ou usuário dos
bens, para obtenção de resultados positivos.

3 Explique esta afirmação:


A parir do momento em que a sociedade é constituída e registrada, assume
personalidade jurí­dica própria, ou seja, personalidade independente dos
sócios.

4 Complete a seguinte sentença:


Nas sociedades comerciais, o Livro obrigatório é o _____________. Porém,
tão importante quanto ele é o Livro _________________, uma vez que:____
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________.

5 O Código de Ética do Profissional Contabilista – CEPC define como o


contabilista deve se portar frente ao mercado de trabalho. Quando o
contabilista deseja opinar sobre determinado caso, o que o CEPC enuncia
sobre esta situação? Por quê?

6 Cite os principais diferenciais entre uma empresa que seja considerada


prestadora de serviços, comércio e indústria.

7 Qual a diferença entre uma Microempresa (ME) e uma Empresa de Pequeno


Porte (EPP)?

8 Quais as três principais formas de tributação existentes hoje no mercado?

9 Qual o livro contábil que pode ser considerado como o Razonete da conta
contábil? Por quê?

10 Qual a diferença entre SPED Fiscal e SPED Contábil?

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 6 resolução da questão 10

35
11 Com base nas informações a seguir, escriture o Livro Diário, em seguida o
Livro Razão:

A Cia. Camargo Ltda. teve as seguintes operações no mês de setembro:

02-09 – Integralização de capital social no valor de $ 60.000 pelo sócio João


Matos em dinheiro, cujo depósito foi feito no Banco do Brasil em conta corrente.

04-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 001, um veículo marca/
modelo VW 160, no valor de $ 16.000. O veículo foi adquirido do fornecedor
FeedCar Ltda., através da Nota Fiscal 309. Conferir pontuação.

10-09 – Compra a prazo de 40 unidades da mercadoria tipo A, para o estoque,
no valor total de $ 6.000. A mercadoria foi adquirida do fornecedor Belano
Ltda., através da Nota Fiscal 987.542.

15-09 – Venda à vista, via banco, de 26 unidades da mercadoria tipo A, no valor


total de $ 6.500. A mercadoria foi vendida ao cliente Macedo Ltda., através da
Nota Fiscal 001.

LIVRO DIÁRIO

DATA CONTA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO

36
Total

LIVRO RAZÃO

Conta: BANCO DO BRASIL             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS            

Assista ao vídeo de
resolução da questão 11

37
Conta: ESTOQUE             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS          

Conta: VEÍCULO             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS            

Conta: FORNECEDOR             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS              

Conta: CAPITAL             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS            

38
Conta: RECEITA DE VENDA             RAZÃO
Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS            

Conta: CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA             RAZÃO


Código Ano            
Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo
   SALDO ANTERIOR                0 00 

  SALDO MÊS            

39
40
UNIDADE 1
TÓPICO 2

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

1 INTRODUÇÃO
A Demonstração do Resultado do Exercício, também conhecida pela sigla
DRE, é a apresentação, em forma resumida, da movimentação econômica da
empresa em um determinado período, com o intuito de evidenciar o resultado
líquido, seja este negativo, positivo ou nulo.

Neste segundo tópico veremos a forma como a Demonstração do


Resultado do Exercício deve ser apresentada, desde as receitas brutas de vendas
até o resultado líquido do exercício. Analisaremos os princípios contábeis que
devem ser seguidos quando se trata dessa demonstração contábil voltada a
evidenciar informações de caráter econômico.

NOTA

Enquanto o Balanço Patrimonial evidencia valores de caráter financeiro, como,


por exemplo, capacidade de pagamento, valores a receber e a pagar, investimentos etc., a
Demonstração do Resultado do Exercício evidencia valores de caráter econômico, como,
por exemplo, receitas, custos, despesas, lucro ou prejuízo etc.

2 CRITÉRIOS BÁSICOS CONTÁBEIS


A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que rege as Sociedades
por Ações e, por conseguinte, as demais sociedades, inclusive as Sociedades
Limitadas, estabelece em seu art. 187 a ordem em que a Demonstração de
Resultado do Exercício deve ser apresentada, para fins de publicação, além de
outras providências.

41
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

NOTA

O resultado constante na Demonstração do Resultado do Exercício é


frequentemente usado como medida de desempenho ou como base para outras avaliações,
tais como o retorno do investimento ou resultado por ação.

O Resultado na Demonstração do Resultado do Exercício é obtido através


da confrontação entre receitas e despesas. De acordo com a Norma Brasileira de
Contabilidade Técnica - NBC T 1, as receitas e despesas podem ser apresentadas na
demonstração do resultado de diferentes maneiras, para que auxilie o usuário da
informação contábil na tomada de decisão. Por exemplo, é comum a distinção das
receitas e despesas recorrentes das atividades operacionais daquelas resultantes
das atividades descontinuadas. Essa distinção é feita porque a fonte de uma receita
é relevante, na avaliação da capacidade que a entidade tenha de gerar caixa ou
equivalentes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriundas de atividades
descontinuadas, como a venda de um investimento de longo prazo, normalmente
não se repetem numa base regular. Nessa distinção leva-se em conta a natureza
da entidade e suas operações, suas atividades principais e secundárias.

Na maioria das vezes é mais interessante que as receitas da empresa sejam


provindas da sua atividade operacional, uma vez que esta é considerada constante,
facilitando, dessa forma, as projeções e/ou orçamentos que a empresa venha a fazer.

As receitas são os benefícios econômicos da entidade que surgem


normalmente, através das atividades operacionais por meio das vendas ou
aumentos de ativos e redução de passivos, que resultem no aumento do
patrimônio líquido, por exemplo: vendas de mercadorias, juros recebidos na
cobrança de clientes, descontos obtidos no pagamento de duplicatas etc.

Segundo Sprouse e Moonitz, citado por Iudícibus (2009, p. 149), “receita de


uma empresa durante determinado período de tempo representa uma mensuração
do valor de troca dos produtos (bens ou serviços) durante aquele período”.

Para Iudícibus (2009, p. 149), “esta definição é uma das melhores, pois
caracteriza o que é essencialmente a receita e dá margem a uma ampla gama
de formas pelas quais pode ser reconhecida, colocando bem o fato de que o
mercador deverá validar o esforço desenvolvido pela empresa, atribuindo um
valor de troca à produção de bens e serviços”.

Já os ganhos são benefícios econômicos da entidade, que podem surgir


através das atividades não operacionais e que resultem no aumento do patrimônio
líquido, por exemplo: na venda de ativos pelo registro do valor vendido,
reavaliação, entre outros.

42
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

De acordo com Iudicibus (2009, p. 159), “especificamente, um ganho


representa um resultado líquido favorável resultante de transações ou eventos
não relacionados às operações normais do empreendimento”.

Por sua vez, as despesas podem ser consideradas o oposto das receitas, pois
é o decréscimo nos benefícios econômicos da entidade que surge normalmente,
através das atividades operacionais, por meio dos custos ou redução de ativos
e aumento de passivos, que resultem na redução do patrimônio líquido. Por
exemplo: custo das mercadorias vendidas, descontos concedidos na cobrança de
clientes, juros pagos, pagamento de duplicatas etc.

Para Iudícibus (2009, p. 153), “despesa, em sentido restrito, representa a


utilização ou consumo de bens e serviços no processo de produzir receitas”.

As despesas ocorrem pelo simples fato da necessidade de geração de


receitas, por exemplo: as despesas com as compras só existem porque estas
compras serão revendidas ou utilizadas no processo produtivo, onde ambas
contribuirão no processo de geração de receita. As despesas de salários e encargos
só existem pelo fato dos colaboradores estarem contribuindo para a venda de
produtos e serviços, o que consequentemente irá gerar receita. E assim, ao se
analisar a entidade, todas as despesas que ali estão deveriam ser geradas com
intuito de geração de receitas, se não agora, mas num futuro próximo.

Assim, segundo Iudícibus (2009, p. 153), “o que caracteriza a despesa é


o fato de ela tratar de expirações de fatores de serviços, direta ou indiretamente
relacionados com a produção e a venda do produto ou serviço da entidade”.

Já as perdas também podem ser consideradas o oposto dos ganhos, uma


vez que são reduções de benefícios econômicos da entidade que podem surgir
através das atividades não operacionais e que resultem na redução do patrimônio
líquido. Por exemplo: na venda de ativos pelo registro de sua baixa, sinistros
como incêndios, vendavais, entre outros.

Para entender melhor a Demonstração do Resultado do Exercício é preciso


analisar os princípios contábeis que norteiam a contabilidade das empresas no que
tange ao reconhecimento das receitas, custos e despesas, assunto esse expresso no
§ lo também do art. 187 da Lei nº 11.638/2007, como segue:

Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua


realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes


a essas re­ceitas e rendimentos.

43
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Dessa forma, esses aspectos são condizentes a dois princípios contábeis


denominados, respectivamente, como sendo:

● Princípio da Realização da Receita.

● Princípio do Confronto das Despesas.

2.1 PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA


Com base nesse princípio, as receitas são reconhecidas a partir do momento
em que são realizadas, ou seja, quando há o repasse de mercadorias, produtos ou
serviços, indiferente se nestas transações houver ou não o pagamento à vista.
Segundo Iudícibus e Marion (2002, p. 105), “escolhe-se como ponto normal de
reconhecimento da receita aquele em que produtos ou serviços são transferidos
ao cliente e não, propriamente, o ponto em que o dinheiro é recebido”. Esse é o
motivo da diferença entre o Regime da Competência e o Regime de Caixa.

Um exemplo simples e prático seria o seguinte: a empresa Alfa vende à


empresa Beta 10 unidades de uma determinada mercadoria por $ 100 a unidade
no dia 10/02/2008, logo, o total da venda é de $ 1.000. No entanto, a empresa
Beta irá pagar 30% à vista ($ 300) e o restante ($ 700) daqui a 60 dias, ou seja, em
10/04/2008. Neste caso, pelo princípio da Realização da Receita, quanto de receita
a empresa Alfa deve reconhecer contabilmente? Resposta: A empresa Alfa deverá
reconhecer em sua Demonstração de Resultado do Exercício, a receita de $ 1.000,
uma vez que, economicamente, o ato contábil já foi registrado pela ocasião da
venda, indiferente do recebimento.

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 8), “as receitas e despesas


são apropriadas ao período em função de sua incorrência e da vinculação da
despesa à receita, independente de seus reflexos no caixa”.

2.2 PRINCÍPIO DO CONFRONTO COM AS DESPESAS


Este princípio está intimamente ligado ao princípio da Realização da
Receita, ou seja, as despesas devem ser reconhecidas contabilmente a partir do
momento ou do período em que gerarem receitas.

44
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

NOTA

As despesas existem com uma única finalidade na empresa, que é gerar receitas.
Por exemplo: as despesas com mão de obra, aluguel, energia elétrica, salários administrativos
etc. são realizadas com o intuito de que mais tarde seus benefícios sejam maiores do que
seus custos, caso contrário não seriam mais úteis, podendo até serem cortadas.

Conforme Iudícibus e Marion (2002, p. 114), “todas as despesas e perdas


ocorridas em determinado período deverão ser confrontadas com as receitas
reconhecidas nesse mesmo período [...]”.

Tendo como base o exemplo visto anteriormente, da empresa Alfa e Beta,


pode-se considerar o seguinte: a empresa Alfa efetuou a venda de 10 unidades
a $ 100 cada, onde reconheceu, em 10/02/2008, uma receita de $ 1.000. Porém,
para que a empresa Alfa pudesse vender essas 10 unidades, ela teve que se
desfazer de parte de seu estoque. Se, por acaso, cada uma das 10 unidades que
vendeu estivesse avaliada no estoque por $ 60, então a empresa Alfa precisaria
reconhecer o custo da mercadoria vendida no valor de $ 600. Dessa forma, tem-
se o confronto da receita ($ 1.000) com a despesa ($ 600) necessária para que tal
venda pudesse acontecer, onde ambas estarão registradas na Demonstração do
Resultado do Exercício para expressar economicamente as operações ocorridas
num determinado período, indiferente se ali houve pagamento ou recebimento
em dinheiro.

As receitas e seu confronto com as despesas são geralmente reconhecidas


na contabilidade no momento em que produtos ou serviços são transferidos ao
cliente, coincidente, muitas vezes, com o ponto de venda. Segundo Iudícibus
(2009, p. 47), a Contabilidade assim o faz, porque:

1) o ponto em que ocorre a transferência é, usualmente, aquele em que a maior


parte do esforço em obter a receita já foi desenvolvida;

2) o ponto de transferência é o ideal para estabelecer um valor objetivo de


mercado para a transação; e

3) no ponto de transferência normalmente se conhece todo o custo de produção


do produto ou serviço vendido e outras despesas diretamente associáveis,
embora os desembolsos com tais despesas possam ocorrer após a venda
(como, por exemplo: devedores duvidosos, comissão sobre a venda, gastos
com consertos derivados de concessão de garantia etc). É possível, pelo
menos em um bom número de casos, prever ra­zoavelmente tais encargos no
ato da venda.

45
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Conforme o autor, é importante notar que a observância das três condições


é que de­veria propiciar a escolha do melhor ponto para reconhecer a receita e
consequente confronto com as despesas. O ponto de venda somente deveria ser
escolhido se verificassem as três condições em mais alto grau naquele ponto (o
que quase sempre ocorre, mas não exclusivamente).

2.3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE APRESENTAÇÃO DE ACORDO


COM A LEI Nº 11.638/07

TUROS
ESTUDOS FU

Você poderá observar as principais contas da DRE no Caderno de Estudos de


Contabilidade, na Unidade 2, Tópico 1. Sendo assim, faz-se necessário você ter em mãos
o plano de contas já apresentado no Item 3 daquela Unidade, para melhor aproveitamento
do aprendizado.

A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que rege as Sociedades


por Ações e, por conseguinte, as demais sociedades, inclusive as Sociedades
Limitadas, alterada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, estabelece em
seu art. 187 a ordem em que a Demonstração de Resultado do Exercício deve ser
apresentada, para fins de publicação, além de outras providências.

Para que a Demonstração do Resultado do Exercício forneça aos seus


usuários dados básicos sobre o resultado econômico da empresa, lucro ou
prejuízo, o art. 187 da Lei das Sociedades por Ações dispõe sobre a sua correta
apresentação. Sendo assim, destacam-se os principais pontos:

Artigo 187. A Demonstração do Resultado do Exercício discriminará:

1) a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos


e os impostos;

2) a receita operacional líquida das vendas e serviços, o custo operacional das


mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;

3) as despesas operacionais referentes às despesas administrativas, comerciais


e com vendas. Logo após, o resultado financeiro composto de receitas e
despesas financeiras;

4) o resultado operacional, as outras receitas e outras despesas operacionais;

46
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

5) o resultado do exercício antes do Imposto de Renda e Contribuição Social e


a provisão para o imposto;

6) o lucro ou prejuízo líquido do exercício.

FONTE: Adaptado do site: <http://www.oconsultorcontabil.com.br/demonstracao-do-resultado-


-do-exercicio-dre/>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica - NBC T 3.3,


a partir dessa estrutura a Demonstração do Resultado do Exercício objetiva
evidenciar a composição do resultado, formado num determinado período de
acordo com as operações da Entidade.

De acordo com Marion (2008, p. 91), “a Demonstração do Resultado


do Exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em
determinado período, normalmente 12 meses.”

Para Iudícibus e Marion (2002), a Demonstração do Resultado pode ter


mais poder preditivo do que o próprio Balanço Patrimonial, pois este último alinha
o saldo das contas num determinado momento, evidenciando os saldos ano após
ano e, consequentemente, sendo mais útil para se avaliar uma situação estática,
ao passo que a Demonstração de Resultado refere-se a somente um determinado
período e descreve as causas do aparecimento de determinado resultado.

Por ser uma demonstração voltada a evidenciar os valores econômicos da


entidade, ao final do período pode-se calcular o lucro ou prejuízo e a rentabilidade
da empresa, além de todos os custos e despesas inerentes à sua operacionalidade.

Para facilitar o aprendizado em relação à classificação das contas que


compõem a Demonstração de Resultado do Exercício, apresenta-se a seguir um
exemplo dessa demonstração:

47
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

MAIS BAHIA LTDA

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010 E 2009 - EM R$

2010 2009
  RECEITA OPERACIONAL BRUTA 12.000.00 9.500.00
VENDA DE PRODUTOS 6.000.00 5.000.00
VENDA DE MERCADORIAS 4.000.00 3.000.00
VENDA DE SERVIÇOS 2.000.00 1.500.00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (4.600.00) (3.350.00)


DEVOLUÇÕES (100.00) (50.00)
IMPOSTOS (4.500.00) (3.300.00)

= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 7.400.00 6.150.00

(-) CUSTOS OPERACIONAIS (5.000.00) (4.100.00)


CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (2.000.00) (1.500.00)
CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (2.500.00) (2.200.00)
CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS (500.00) (400.00)

= LUCRO BRUTO     2.400.00 2.050.00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (1.100.00) (1.000.00)


DESPESAS ADMINISTRATIVAS (900.00) (700.00)
DESPESAS COM VENDAS (400.00) (200.00)
OUTRAS DESPESAS (200.00) (400,00)
OUTRAS RECEITAS 400.00 300.00

+/- RESULTADO FINANCEIRO 50.00 200.00


+ RECEITAS FINANCEIRAS 200.00 300.00
(-) DESPESAS FINANCEIRAS (150.00) (100.00)

= RESULTADO OPERACIONAL   1.350.00 1.250.00

(-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (130.00) (110.00)


(-) PROVISÃO P/ IMPOSTO DE RENDA (240.00) (200.00)

= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 980.00 940.00

FONTE: O autor

48
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

As contas constantes na DRE são sintéticas, ou seja, são contas somadoras


de outras contas, por exemplo:

1) Em venda de produtos pode-se ter: venda do produto A, venda do produto B etc.

2) No grupo Deduções, em impostos sobre vendas, pode-se ter: ICMS, IPI, ISS,
entre outras.

3) No grupo Custos Operacionais, em custo dos produtos vendidos pode-se ter:


compras, fretes sobre compras etc.

4) No grupo Despesas Operacionais, em despesas administrativas, pode-se ter:


salários, aluguel, telefone, entre outras.

5) No grupo Resultado Financeiro, em receitas financeiras, pode-se ter: juros


recebidos, descontos obtidos, entre outros.

E assim por diante, em toda a DRE apresentam-se contas sintéticas, as


quais expressam, na maioria das vezes, dezenas ou centenas de contas analíticas.

NOTA

Agora, analisaremos a composição de cada uma das contas sintéticas que


compõem a DRE, caracterizando conceitualmente e destacando alguns exemplos de
contas analíticas que ali poderiam ser contabilizadas.

No grupo Receita Operacional Bruta estão alocadas todas as vendas


normais que a entidade teve naquele período, a prazo ou à vista, no mercado
interno ou externo, inclusive valores de impostos sobre vendas que ainda não
foram subtraídos, devoluções e abatimentos sobre vendas. Indiferente se for
venda de produtos, mercadorias ou serviços, todas essas receitas devem ser
evidenciadas nesse grupo.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 361), “[...] a contabilização


das vendas deve ser feita pelo seu valor bruto [...] impostos, devoluções e
abatimentos deverão ser registrados em contas devedoras específicas”.

Conforme Matarazzo (2003, p. 67), somente as receitas de vendas normais


devem ser alocadas no Resultado Bruto da entidade, uma vez que as “outras
receitas de caráter operacional secundário devem figurar após o lucro bruto,
reservando-se para este, portanto, o papel de mostrar o resultado bruto da
atividade operacional da empresa”.

49
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Já no grupo Deduções da Receita Bruta estão alocados os tributos e


abatimentos sobre vendas e as possíveis vendas canceladas.

Os tributos sobre vendas são aqueles gerados no ato da venda, através
de algum documento fiscal. São alguns dos principais tributos incidentes
sobre as vendas:

• ICMS - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.

• IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados.

• ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.

• PIS - Programa de Integração Social.

• COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

As devoluções de vendas ou vendas canceladas podem acontecer por


vários motivos, dentre alguns se destacam: problemas nas embalagens ou nos
próprios produtos, que podem estar inconsistentes com o pedido e data de
entrega em atraso, dentre outros.

Por sua vez, os abatimentos sobre vendas acontecem geralmente
quando o cliente constata que sua compra, por qualquer motivo, não atendeu
às expectativas do pedido. O cliente poderá pedir um abatimento no preço de
compra. O abatimento ocorre normalmente por algum defeito, avaria ou algo que
esteja em inconformidade com o pedido.

A Receita Operacional Líquida representa as vendas líquidas da empresa. É


o resultado obtido pela seguinte equação: Receita Bruta (-) Deduções. É de fato o que
realmente interessa para a empresa, uma vez que é a sobra em termos de receita.

Para Marion (2008, p. 93), “[...] os impostos sobre vendas não pertencem à
empresa, mas ao governo. Ela é uma mera intermediária (veículo de arrecadação)
que arrecada impostos junto ao consumidor e recolhe ao governo”. Por isso,
é importante que se separe das vendas tais tributos, e que se analise a carga
tributária, uma vez que não se pode contar com esta parte da receita bruta.

Logo após a receita líquida estão alocados os custos operacionais da


entidade. Para Martins (1998, p. 25), o custo é considerado um “gasto relativo a
bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”.

50
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Os custos podem ser diretos, quando apropriados diretamente aos


produtos fabricados, ou indiretos, quando se faz necessário algum método de
rateio para sua apropriação. Dentre os principais custos destacam-se: matéria-
prima, mão de obra, energia elétrica, material de embalagem, depreciação etc.

Os custos podem ser classificados também de acordo com seu volume de


atividade numa unidade de tempo, ou seja, podem ser fixos ou variáveis. Os custos
fixos são aqueles que não se alteram em função de aumentos ou diminuições do
volume de produção do período, por exemplo: aluguel da fábrica, seguros da
fábrica, salários de vigias etc. Por sua vez, os custos variáveis são aqueles que
variam diretamente de acordo com o volume produzido, por exemplo: matéria-
prima, material de embalagem, energia elétrica etc.

NOTA

Os custos passam a ter essa nomenclatura e, consequentemente, são


reconhecidos na Demonstração do Resultado do Exercício, quando já contribuíram para a
geração de receitas, ou seja, no momento em que a entidade reconhece a receita de venda,
ela passa a reconhecer também os custos, pois até então estes últimos são considerados
apenas investimentos.

Segundo Martins (1998, p. 25), “todos os sacrifícios havidos pela aquisição


de bens ou serviços (gastos) que são estocados nos Ativos da empresa para baixa
ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento
ou de sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos”.

Abaixo dos custos, a Demonstração do Resultado evidencia o Lucro Bruto


que é resultante da equação: Receita Operacional Líquida (-) Custos Operacionais.

Logo após o Lucro Bruto, a Demonstração do Resultado apresenta as


despesas operacionais, as quais são divididas em despesas administrativas,
comerciais e de vendas, outras despesas e outras receitas.

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 383), “as despesas


operacionais constituem-se das despesas pagas ou incorridas para vender
produtos e administrar a empresa”.

São as despesas necessárias para manter a operacionalidade da entidade.


Isso significa que, em qualquer empresa ativa, indiferente de sua forma jurídica
ou de tributação, se for comércio, indústria ou prestadora de serviços, terá na
demonstração de resultado alguma despesa operacional.

51
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 383) destacam que “as despesas


de vendas representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos
produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda [...]”. São as
despesas necessárias para manter e proporcionar maior volume de vendas dentro
daquilo que é estabelecido pela entidade. São alguns exemplos de despesas com
vendas: salários e encargos do pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas,
propaganda, publicidade, garantia de produtos etc.

Já as despesas administrativas, como o próprio nome já diz, são aquelas


necessárias para manter, dirigir ou administrar a empresa. Segundo Iudícibus,
Martins e Gelbcke (2007, p. 383), essas despesas “representam os gastos, pagos
ou incorridos, para direção ou gestão da empresa, e constituem-se de várias
atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social”.

São alguns exemplos de despesas administrativas: honorários da


administração, incluindo conselho fiscal e diretoria, salários e encargos do pessoal
da área administrativa, despesas legais e judiciais, material de escritório etc.

Quanto às Outras Despesas e Outras Receitas, até a Lei nº 11.941/2009 eram


classificadas como sendo receitas não operacionais e despesas não operacionais,
ou seja, aquelas despesas não relacionadas diretamente às atividades principais
da empresa.

NOTA

Conforme o art. 60 da Lei nº 11.941/2009, o tratamento fiscal das outras receitas


e despesas até então consideradas não operacionais permanece o mesmo.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007) consideram as outras despesas e outras


receitas operacionais como sendo atividades acessórias do objeto da empresa.

São alguns exemplos de outras receitas operacionais: venda de ativo


imobilizado, resultado positivo obtido pelo ganho do investimento em empresas
coligadas ou controladas, amortização de deságio etc. Já em outras despesas
operacionais podem ocorrer: custo pela baixa ou venda de um ativo imobilizado,
resultado negativo obtido pela perda do investimento em empresas coligadas ou
controladas, amortização de ágio etc.

52
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

DICAS

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você irá conhecer detalhadamente


os métodos de investimentos, dentre eles o Método de Custo e o Método de Equivalência
Patrimonial, aprofundando seus conhecimentos em empresas coligadas e controladas,
aquisição com ágio e deságio e toda a estrutura conceitual e prática desses itens.

Abaixo das Despesas Operacionais está evidenciado o resultado financeiro,


composto por receitas e despesas financeiras. Dentre as principais despesas
financeiras destacam-se: juros passivos, descontos concedidos, multas sobre
pagamentos em atraso etc. Já as receitas financeiras são consideradas ganhos, os
quais não podem ser reconhecidos na receita bruta da entidade. Dentre as principais
receitas financeiras destacam-se: juros recebidos, descontos obtidos, entre outras.

São juros passivos quando paga-se um valor a maior do que o principal


devido. Isso ocorre, por exemplo, em empréstimos e/ou financiamentos, em
decorrência do prazo contratado, em fornecedores quando a empresa paga esses em
atraso, nos impostos quando paga fora do prazo, dentre outras situações prováveis.

São juros ativos quando a empresa recebe um valor a maior do que o


principal. Por exemplo, quando um cliente paga em atraso a empresa pode cobrar
juros pela demora. Quando a empresa aplica seu capital de giro numa aplicação
financeira e essa a remunera.

Já os descontos têm praticamente a mesma natureza, ou seja, são despesas ou


receitas financeiras pela cobrança de um direito ou pagamento de uma obrigação.

São descontos obtidos quando a empresa, em relação às suas obrigações,


paga essas a menor em decorrência, por exemplo, da quitação antes do prazo do
vencimento ou de algum acordo entre o credor.

São descontos concedidos quando a empresa, em relação aos seus direitos,


cobra esses a menor em decorrência, por exemplo, da quitação por parte do cliente
antes do prazo de vencimento ou de algum acordo entre esse e a empresa.

O Resultado Financeiro pode ser tanto positivo quanto negativo. Será


negativo quando as despesas financeiras forem superiores às receitas financeiras,
e será positivo quando ocorrer o inverso, ou seja, as receitas financeiras forem
superiores às despesas financeiras.

53
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Depois que a Demonstração do Resultado evidenciou as despesas


operacionais e o resultado financeiro, apresenta-se o Resultado Operacional ou
Lucro Operacional, formado pela seguinte equação: Lucro Bruto (-) Despesas
Operacionais +/- Resultado Financeiro.

Já nas últimas linhas, a Demonstração do Resultado apresenta a provisão


para Imposto de Renda e contribuição social, impostos esses calculados
diretamente sobre o resultado da empresa ou por estimativa de suas vendas
brutas, dependendo de sua forma de tributação.

A maioria das empresas, em sua forma de tributação, opta por ser lucro
real, lucro presumido ou simples. Generalizando, aquelas optantes pelo lucro
real terão Imposto de Renda e contribuição social, apenas se obtiveram ao
final do exercício (anual ou trimestral) lucro fiscal. Aquelas optantes pelo lucro
presumido terão Imposto de Renda e contribuição social indiferente se obterem
ou não lucro no exercício, uma vez que as bases de cálculo desses dois tributos
são as vendas brutas. Já aquelas empresas optantes do Simples não terão ao final
da Demonstração do Resultado do Exercício as linhas que cabem ao Imposto de
Renda e contribuição social, uma vez que esse contribuinte, ao invés de apurar
os oito tributos abrangidos pelo regime unificado (IRPJ, IPI, CSLL, COFINS,
PIS/PASEP, Contribuição Previdenciária Patronal, ICMS e ISS) separadamente,
apura os valores devidos em um único aplicativo de cálculo, que emite também
uma única guia de pagamento, denominada DAS (Documento de Arrecadação
Simplificado), e sua provisão é evidenciada no grupo deduções da receita bruta
na demonstração do resultado.

Ao final, a Demonstração do Resultado evidencia o resultado econômico


da entidade, ou seja, o lucro ou prejuízo.

Para Marion (2008, p. 99), “o lucro líquido é a sobra líquida à disposição


dos proprietários (sócios ou acionistas)”.

A partir da Lei nº 11.638/07, art. 178, o lucro deve ser totalmente destinado para
capitalização ou distribuição, não podendo permanecer na conta lucros acumulados,
porém o artigo ainda prevê que poderá existir a conta prejuízos acumulados.

Sendo assim, após a verificação do resultado na demonstração contábil,


esse resultado, se negativo, poderá ser compensado com possíveis reservas no
patrimônio líquido, as quais são constituídas para esse fim, compensado com
a própria conta capital social, ou permanecer na conta prejuízos acumulados.
Entretanto, se o resultado for positivo, esse deve ser destinado a alguma conta do
patrimônio líquido ou distribuído, parcialmente ou não, o importante é que não
mais poderá ser deixado na conta lucros acumulados.

54
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

NOTA

A conta lucros acumulados ainda deve permanecer no plano de contas, uma


vez que a destinação de seu resultado somente ocorrerá após decisão da assembleia
realizada pelos sócios ou acionistas.

Observa-se também que a Demonstração do Resultado está evidenciada


com valores de dois anos. Isso é uma das características qualitativas das
demonstrações contábeis, a qual permite que o usuário da informação contábil
acompanhe a evolução da entidade, ou seja, possibilita o conhecimento da evolução
da informação, de forma a identificar as variações de um período para outro.

Exige-se que, ao menos, sejam divulgados dois anos em todas as


demonstrações contábeis, para fins de comparação entre um período e outro;
sendo assim, por exemplo, nas demonstrações contábeis referentes ao ano de
2010 haverá mais uma coluna, com os valores de 2009.

De acordo com a NBC T 1, os usuários devem poder comparar as


demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar
e analisar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho.
Os usuários devem também ser capazes de comparar as demonstrações contábeis
de diferentes entidades a fim de avaliar, em termos relativos, a sua posição
patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira
e econômica. Consequentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos
financeiros e econômicos de transações semelhantes e outros eventos devem
ser feitas de modo consistente pela entidade, ao longo dos diversos períodos, e
também por entidades diferentes.

3 EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO


EXERCÍCIO
A seguir, será apresentado um exemplo contendo diversas operações, onde
será elaborada a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial.

NOTA

Todas as operações apresentadas neste exemplo serão detalhadas e explicadas


no decorrer deste Caderno de Estudos. O exemplo tem como objetivo apenas evidenciar a
Demonstração do Resultado do Exercício de forma mais prática.

55
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

A Empresa Estrelar Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em


30/04/x8:

Caixa 40.000,00
Aplicações financeiras 20.000,00
Clientes 2.000,00
Estoque de mercadorias 8.000,00
Estoque de produtos 11.000,00
Fornecedores 5.000,00
Capital 76.000,00

Em 05/x8, a Empresa Estrelar Ltda. teve as seguintes operações:

02/05/x8 (1) – Receita de venda de mercadorias no valor de 12.000,00,


à vista. O imposto sobre o valor da venda é de 17%. O custo das mercadorias
vendidas equivale a 80% das mercadorias em estoque.

04/05/x8 (2) – Receita de venda de produtos no valor de 15.000,00 a prazo.


O imposto sobre o valor da venda é de 17%. O custo dos produtos vendidos
equivale a 70% dos produtos em estoque.

09/05/x8 (3) – Receita de prestação de serviços no valor de 5.000,00 a prazo.


O imposto sobre a prestação equivale a 5%.

15/05/x8 (4) – Devolução de 10% da mercadoria vendida em 02/05/x8. O


valor foi pago à vista.

21/05/x8 (5) – Rendimento da aplicação financeira no valor de 2.000,00.

24/05/x8 (6) – Pagamento via caixa do saldo de fornecedores em 30/04/x8.


Foram pagos 200,00 de juros.

27/05/x8 (7) – Cobrança via caixa do saldo de clientes em 30/04/x8. Foram


cobrados 300,00 de juros.

31/05/x8 (8) – Provisão de despesas de salário administrativo no valor de


2.000,00 e despesas de salário com vendas no valor de 800,00.

31/05/x8 (9) – Provisão de custos, como salários no setor de produção no


valor de 3.000,00, custos como salários no setor comercial no valor de 1.000,00 e
custos como salários no setor de prestação de serviços no valor de 900,00.

31/05/x8 (10) – Provisão para Imposto de Renda Pessoa Jurídica no valor


de 1.500,00 e Contribuição Social Sobre o Lucro no valor de 1.000,00.

Sabe-se que, neste exemplo:

56
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

• O imposto sobre venda de Mercadorias e Produtos será o ICMS – imposto sobre


operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, equivalente a
17% sobre o valor da venda.

• O imposto sobre prestação de Serviços será o ISSQN – Imposto sobre Serviços


de Qualquer Natureza, equivalente a 5% sobre o valor da prestação.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual


do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faremos:

• Os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes.

• A Demonstração do Resultado do Exercício.

• O Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

57
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

58
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Estrelar Ltda.,


em 31/05/x8

Balanço Patrimonial da Empresa Estrelar Ltda., em 31/05/x8

59
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Quanto aos lançamentos registrados no período destaca-se que:

No dia 02/05 (1): Receita de venda de mercadorias:

D – Caixa 12.000,00 (venda à vista)

C – Venda de Mercadorias 12.000,00 (registro da receita)

D – CMV 6.400,00 (reconhecimento do custo da


mercadoria vendida)

C – Estoque 6.400,00 (80% do saldo em estoque: 8.000,00)

D – ICMS sobre Venda 2.040,00 (17% sobre a venda: 12.000,00)



C – ICMS a Pagar 2.040,00 (reconhecimento da obrigação).

No dia 04/05 (2): Receita de venda de produtos:

D – Clientes 15.000,00 (venda a prazo)

C – Venda de Produtos 15.000,00 (registro da receita)

D – CPV 7.700,00 (reconhecimento do custo do produto


vendido)

C – Estoque 7.700,00 (70% do saldo em estoque: 11.000,00)

D – ICMS sobre Venda 2.550,00 (17% sobre a venda: 12.000,00)



C – ICMS a Pagar 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 09/05 (3): Receita de prestação de serviços:

D – Clientes 5.000,00 (prestação de serviço a prazo)

C – Prestação de Serviços 5.000,00 (registro da receita de prestação de serviço)

D – ISSQN sobre Receita 250,00 (5% sobre a receita de prestação de serviço:


5.000,00)

C – ISSQN a Pagar 250,00 (reconhecimento da obrigação)

60
TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

No dia 15/05 (4): Devolução de 10% da mercadoria vendida em 02/05/x8:

D – Devolução de Venda 1.200,00 (registro da despesa: 10% de 12.000,00)

C – Caixa 1.200,00 (pagamento pela devolução da venda)

D – Estoque 640,00 (entrada no estoque: 10% de 6.400,00)

C – CMV 640,00 (estorno do registro do custo da


mercadoria vendida)

D – ICMS a Compensar 204,00 (reconhecimento do direito pela entrada de


mercadoria)

C – ICMS sobre Venda 204,00 (estorno do registro da despesa: 17% de


1.200,00)

No dia 21/05 (5): Rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira 2.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros


no ativo)

C – Rendimento Aplicação 2.000,00 (registro da receita financeira)

No dia 24/05 (6): Pagamento via caixa do saldo de fornecedores em 30/04/


x8 com juros:

D – Fornecedores 5.000,00 (Baixa da obrigação)

D – Juros Pagos 200,00 (Despesa de juros)



C – Caixa 5.200,00 (Pagamento com 200,00 de juros)

No dia 27/05 (7): Cobrança via caixa do saldo de clientes em 30/04/x8


com juros:

C – Clientes 2.000,00 (Baixa do direito)

C – Juros Ativos 300,00 (Receita de juros)



D – Caixa 2.300,00 (Cobrança com 300,00 de juros)

61
UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

No dia 31/05 (8): Provisão de despesas de salários administrativos e


de vendas:

D – Salários Administrativos 2.000,00 (Reconhecimento da despesa)

D – Salários Vendas 800,00 (Reconhecimento da despesa)

C – Salários a Pagar 2.800,00 (Reconhecimento da obrigação)

No dia 31/05 (9): Provisão de custos como salários no setor produtivo,


comercial e serviços:

D – Custo Salários Produção 3.000,00 (Reconhecimento do custo)



D – Custo Salários Comércio 1.000,00 (Reconhecimento do custo)

D – Custo Salários Serviços 900,00 (Reconhecimento do custo)

C – Salários a Pagar 4.900,00 (Reconhecimento da obrigação)

No dia 31/05 (10): Provisão para Imposto de Renda Pessoa Jurídica e


Contribuição Social Sobre o Lucro:

D – Imposto de Renda 1.500,00 (Reconhecimento da despesa)



C – Imposto de Renda a Pagar 1.500,00 (Reconhecimento da obrigação)

D – Contribuição Social 1.000,00 (Reconhecimento da despesa)



C – Contribuição Social a Pagar 1.000,00 (Reconhecimento da obrigação)

NOTA

A habitualidade de se distinguir as contas do Ativo, Passivo e Resultado gera


o aperfeiçoamento na prática de registros contábeis. É uma forma simples e prática de
aprender. Dessa maneira, verifique na Demonstração do Resultado do Exercício a posição
e a influência de cada uma das CONTAS DE RESULTADO (receitas e despesas) evidenciadas
neste exemplo.

62
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que a Demonstração do Resultado do Exercício tem
como objetivo apresentar as contas de natureza econômica da empresa, ou
seja, as receitas, despesas, lucros ou prejuízos. Conhecemos de que forma as
contas devem ser reconhecidas, tanto as despesas como as receitas. Além disso,
aprendemos que as contas ali evidenciadas são apenas contas sintéticas, uma vez
que por trás delas há diversas outras contas analíticas que poderiam detalhar qual
a composição de seus saldos. Verificamos que há uma ordem para se reconhecer
as contas na demonstração do resultado, começando pelas vendas brutas até se
chegar ao resultado do exercício.

63
AUTOATIVIDADE

1 Dê um exemplo prático, diferente do apresentado neste Caderno de Estudos,


de realização de receita e confronto com as despesas.

2 A Empresa Praiana Ltda. apresentou as contas com os seguintes saldos em


31/12/2007;

Contas Valor Contas valor


Caixa 1.400 Aplicações Financeiras 10.300
Venda de Mercadorias 40.000 Duplicatas a Receber 8.000
ICMS 8.000 Cheques em Cobrança 2.000
Devoluções de Vendas 1.000 Mercadorias 12.000
ICMS a Recolher 2.000 Títulos a Receber – 1,5 1.500
INSS a Recolher 800 Terrenos 50.000
Seguros a Pagar 1.000 Veículos 20.000
Salários – Venda 1.200 Custo da Mercadoria Vendida 15.000
Seguros – Adm. 600 Salários – Adm. 2.000
Manutenção – Adm. 100 Propaganda – Venda 500
Telefone – Adm. 50 Fornecedores 4.400
Juros Recebidos 40 Descontos Concedidos 20
Contribuição Social 1.370 Receita não Operacional 200
Empréstimos Bancário 2.500 Imposto de Renda 2.200
Empréstimos Bancário – 1,5 4.500 Capital 81.800

Sua tarefa será distribuir cada uma dessas contas no Balanço Patrimonial
e na Demonstração do Resultado do Exercício, levando em consideração que:

• As contas do Ativo e Passivo que possuem a expressão “1,5” possuem sua


realização em 18 meses, portanto, precisam ser lançadas no Longo Prazo.

• As contas de receitas e despesas são analíticas, portanto, sua tarefa será


distribuir na DRE em contas sintéticas de acordo com a Lei 6.404/76. Se, por
exemplo, tiver a conta “salários – vendas”, significa que a conta deve ser
lançada no Grupo Despesas Operacionais em despesas com vendas, mas
se por acaso fosse “salários – adm.”, deveria ser lançada no mesmo grupo,
porém em despesas administrativas.

• O resultado obtido na DRE deve ser transferido para a conta de Lucros


Acumulados, para que o total do ativo seja igual ao do passivo.

64
• Você deve ter em mãos o plano de contas já apresentado no Caderno de
Estudos de Contabilidade, Unidade 2, Tópico 1.

Balanço Patrimonial da Empresa Praiana Ltda. em 31/12/2007

Ativo 2007
  Circulante .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  Não Circulante .......................
  Realizável a Longo Prazo .......................
  ......................................................................................................... .......................
  Permanente .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
Total do Ativo .......................

Passivo 2007
  Circulante .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
  Não Circulante .......................
  Exigível a Longo Prazo .......................
  ......................................................................................................... .......................
  Patrimônio Líquido .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
Total do Passivo .......................

65
Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Praiana Ltda. em
31/12/2007

2007
Receita Operacional Bruta .......................
  ......................................................................................................... .......................
(-) Deduções da Receita Bruta .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Receita Operacional Líquida .......................
(-) Custos Operacionais .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Lucro Bruto .......................
(-) Despesas Operacionais .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
+/- Resultado Financeiro .......................
  ......................................................................................................... .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Resultado Operacional .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Resultado Antes da Provisão para Contribuição Social .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Resultado Antes da Provisão para Imposto de Renda .......................
  ......................................................................................................... .......................
= Lucro Líquido do Exercício .......................

3 Por qual motivo existem despesas nas entidades contábeis? Dê um exemplo.

4 Assinale a alternativa correta. Na Demonstração do Resultado do Exercício,


no grupo deduções da receita bruta, podem ser incluídas as seguintes contas:

a) ( ) Custo da mercadoria vendida, impostos sobre vendas, devoluções de


vendas e despesas operacionais.
b) ( ) Custo dos produtos vendidos, impostos sobre compras e as devoluções
de vendas.
c) ( ) Impostos sobre vendas e devoluções de vendas.
d) ( ) Custo da Mercadoria, Produto ou Serviço Vendido, impostos sobre
vendas e devoluções de vendas.

66
5 Complete com V para verdadeiro e F para falso.

( ) O objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer aos


usuários das demonstrações financeiras da empresa os dados básicos e
essenciais sobre a movimentação financeira da empresa.

( ) Uma receita realizada para recebimento futuro representa um aumento


de ativo e um aumento da situação líquida.

( ) As contas de despesas e receitas têm a fun­ção de registrar informações


de gastos e ganhos, e não representam nenhum elemento patrimonial de
bem, direito, obrigação ou patrimônio líquido.

67
68
UNIDADE 2

OPERAÇÕES ENVOLVENDO
COMPRAS E VENDAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• distinguir os principais tributos incidentes sobre as compras e vendas de


produtos, mercadorias e serviços;

• calcular e contabilizar os tributos incidentes nas operações de compra e


venda de produtos, mercadorias e prestações de serviços;

• contabilizar e analisar as mais variadas operações com mercadorias, en-


volvendo vendas, compras, devoluções, descontos e abatimentos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos. Em cada um deles
você encontrará os principais tributos incidentes sobre compras e vendas,
respectivos cálculos e contabilizações, diversas operações envolvendo com-
pra e venda de mercadorias, bem como os exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E


VENDAS DE MERCADORIAS

Assista ao vídeo
desta unidade.

69
70
UNIDADE 2
TÓPICO 1

TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico conheceremos os principais tributos incidentes
sobre as compras e vendas de produtos, mercadorias e serviços. Calcularemos e
contabilizaremos esses impostos de tal forma que seja possível analisar o impacto
causado por estes sobre o resultado das empresas.

Veremos que a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas do


mundo e que pesa fortemente para as empresas e, consequentemente para os
consumidores finais.

Os tributos poderão ser inclusos ou adicionados no valor das mercadorias,


dependendo aqui da sua espécie, onde os mesmos podem ser divididos em
impostos, taxas e contribuições.

Nesta disciplina veremos, principalmente, os impostos e contribuições


incidentes sobre o preço de venda, ou seja, aqueles que guardam alguma
proporcionalidade ou percentual sobre este.

Dentre os principais tributos incidentes sobre as vendas, podemos citar:

● ICMS - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.

● IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.

● ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.

● PIS - Programa de Integração Social.

● COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

71
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Porém, destaca-se que nas empresas comerciais, foco principal dos nossos
estudos, os tributos incidentes sobre as vendas mais comuns são: ICMS; IPI (em
alguns casos); PIS sobre Faturamento; COFINS e ISSQN (em alguns casos).

2 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E


SERVIÇOS – ICMS
O ICMS é um imposto estadual e representa uma das mais importantes
fontes de arrecadação. Com os recursos do ICMS, o poder público atende
de diversas formas à população, por exemplo, com a construção de rodovias,
hospitais, creches, postos de saúde etc.

O ICMS, como o próprio nome já diz, incide sobre operações relativas


à compra e venda de mercadorias, porém, cabe ressaltar que nos serviços de
transporte interestadual haverá também a incidência desse imposto.

NOTA

Nos demais serviços haverá apenas a incidência do imposto sobre serviços, o


ISSQN, ou seja, não haverá dupla tributação. Sendo assim, as receitas serão tributadas pelo
ICMS ou pelo ISSQN, mas não pelos dois ao mesmo tempo.

O ICMS é um imposto seletivo em função da essencialidade da mercadoria


e serviços, conforme disposição contida no artigo 155, § 2º, inciso III, da
Constituição Federal de 1988. Entretanto, os serviços de telefonia e o consumo de
energia elétrica e combustíveis são essenciais à boa qualidade de vida do cidadão,
entretanto, são excessivamente onerados pelo ICMS, cujas alíquotas são as mais
elevadas previstas na legislação, ou seja, 25%.

Porém, há os seguintes casos quando se trata do ICMS:

• Não incidência - É a ocorrência de um ato jurídico que não está compreendido


no campo de incidência do tributo, ou seja, o ato praticado não se enquadra
em nenhum dos casos previstos na legislação tributária como hipótese de
incidência tributária. São alguns exemplos da não incidência do ICMS,
conforme o Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina - RICMS/SC
art. 6º Capítulo II, Inciso I: operações com livros, jornais etc.

72
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

• Isenção - É uma situação devidamente estabelecida em lei, que dispensa o


pagamento do tributo. Embora ocorra o fato gerador do tributo, o contribuinte
fica desobrigado do seu pagamento. Excepcionalmente, as isenções do
pagamento do ICMS são concedidas e revogadas, através de convênios
firmados pelos representantes dos Estados e do Distrito Federal. São alguns
exemplos da isenção do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 2, Capítulo I, Seção
I, art. 2º Inciso I: abóbora, abobrinha, acelga, agrião etc.

• Base de cálculo reduzida - Algumas unidades da Federação entendem que


a redução da base de cálculo é uma espécie de isenção parcial. Por exemplo,
conforme o RICMS/SC Anexo 2, Capítulo II, Seção I, art. 7º Inciso III - em
58,823% (cinquenta e oito inteiros e oitocentos e vinte e três milésimos por
cento) nas saídas de tijolo, telha, tubo e manilha.

• Suspensão - É o adiamento temporário da exigência de pagamento do tributo,


mesmo ocorrendo o seu fato gerador, mediante o cumprimento de certas
condições estabelecidas em lei. Caso essas condições não sejam integralmente
cumpridas, caberá ao contribuinte beneficiado recolher o imposto dispensado
na época. São alguns exemplos da suspensão do ICMS, conforme RICMS/SC
Anexo 2, Capítulo IV, art. 27 Inciso I – a saída de qualquer mercadoria, para
conserto, reparo ou industrialização, desde que retorne ao estabelecimento de
origem, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da saída.

• Diferimento - É a postergação temporária do pagamento do imposto para


uma etapa posterior de operação ou prestação, desde que cumpridos todos os
requisitos legais. Desta forma é transferida a obrigatoriedade de recolhimento
do imposto ao próximo contribuinte, adquirente da mercadoria ou tomador
do serviço. São alguns exemplos de diferimento do ICMS, conforme RICMS/
SC, Anexo 3, Capítulo II, Inciso V: leite fresco, pasteurizado ou não.

O ICMS é considerado um imposto por dentro, pois seu valor está incluído
no valor das mercadorias ou dos serviços constantes da nota fis­cal. Por exemplo:
determinada mercadoria custou R$ 100,00, mas terá a incidência de ICMS de 17%
quando for vendida. Sendo assim, terá que ser embutido no preço de venda o percentual
do ICMS, uma vez que o consumidor final arcará com esse imposto. Pergunta-se: qual
o valor de venda dessa mercadoria se fosse vendida pelo preço de custo?

Resposta: Se aplicarmos os 17% diretamente sobre os R$ 100,00 o preço


de venda ficaria em R$ 117,00, porém, o ICMS deve ser calculado sobre o valor
da venda e não sobre o custo da mercadoria, dessa forma o preço teria que ser de
R$ 120,48 para que fosse vendida pelo preço de custo. Observe o cálculo a seguir:

73
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Calculando o preço de venda:

Forma errada Forma correta


Custo da mercadoria 100,00 100,00
+ ICMS 17% 17,00 20,48
= Preço de venda 117,00 120,48

Quando a empresa vender essa mercadoria, ela deverá calcular o ICMS


sobre o preço de venda e, esse valor terá que ser pago ao Governo Estadual. O
saldo que sobrar é o que realmente ficará para a empresa.

Prova real: para ver se realmente a mercadoria foi vendida pelo preço
esperado, nesse caso, o de custo:

Forma errada Forma correta


Preço de venda 117,00 120,48
(-) ICMS 17% 19,89 20,48
= Preço líquido de venda 97,11 100,00

Observe que se fosse apenas lançado o ICMS sobre o custo, a venda teria
sido feita por R$ 97,11, abaixo do resultado esperado, porém, se fosse vendida por
R$ 120,48, o valor que sobraria seria exatamente o pretendido, ou seja, os R$ 100,00.

Um dos métodos para calcular corretamente o ICMS sobre o custo é:

Divide-se o custo pelo valor restante entre o percentual do imposto e


100%, assim feito:

Preço de Venda = 100,00 / (1 – 0,17) = 120,48.



Veja outro exemplo a seguir:

A empresa Vende Mais S/A está querendo saber qual o valor que deve
cobrar de um de seus clientes, sabendo que:

Valor do custo da mercadoria: 1.000,00.


Margem de ganho esperada sobre venda: 11,45%.
Alíquota incidente de ICMS: 17%. Qual valor que a empresa Vende Mais
S/A deverá cobrar?

74
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Resposta: 11,45% + 17% = 28,45 – 100 = 71,55 ou 0, 7155.


1.000,00 / 0,7155 = 1.397,62 (preço de venda a cobrar).

Prova real:
1.397,62 x 17% = 237,60
1.397,62 x 11,45% = 160,02

Dessa forma, a empresa Vende Mais S/A venderá o produto a R$ 1.397,62,


descontará o ICMS no valor de R$ 237,60 e ficará com um lucro de R$ 160,02.

Portanto, 1.397,62 (-) 237,60 (-)160,02 = 1.000,00, ou seja, não influenciou


no preço de custo.

Como foi demonstrado, o ICMS é calculado mediante a aplicação de um


percentual, denominado alíquota, que pode variar de acordo com o tipo da mercadoria
ou do ser­viço, sua origem e destinação. Por exemplo, na venda de produtos da cesta
básica, a alíquota é de 7% e energia elétrica em geral é 12% ou 25%.

As alíquotas do ICMS podem ser de 7%, 12%, 17%, 18% ou 25%.

Veja, a seguir, a alíquota interna de ICMS praticada por cada Estado:

Região Norte:
Estado Alíquota
Acre 17%
Amapá 17%
Amazonas 17%
Pará 17%
Rondônia 17%
Roraima 17%
Tocantins 17%

Região Nordeste:
Estado Alíquota
Alagoas 12%
Ceará 17%
Bahia 17%
Maranhão 17%
Paraíba 12%
Pernambuco 17%
Piauí 17%
Rio Grande do Norte 17%
Sergipe 17%

75
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Região Centro-Oeste:
Estado Alíquota
Goiás 12%
Mato Grosso 17%
Mato Grosso do Sul 17%

Região Sudeste:
Estado Alíquota
Espírito Santo 17%
Minas Gerais 18%
Rio de Janeiro 18%
São Paulo 18%

Região Sul:
Estado Alíquota
Paraná 17%
Rio Grande do Sul 17%
Santa Catarina 17%

Sendo assim, se uma mercadoria tributada normalmente é vendida dentro


do Estado de São Paulo, a alíquota de ICMS será de 18%, porém, se a mesma
mercadoria, também tributada normalmente, for vendida dentro do Estado de
Santa Catarina, a alíquota será de 17%.

Já nas vendas interestaduais, ou seja, de um Estado para outro, as alíquotas


do ICMS são diferentes. Veja a seguir as alíquotas do ICMS nas operações
interestaduais:

Região Alíquota
Norte 7%
Nordeste 7%
Centro-Oeste 7%
Sudeste 12%
Sul 12%

O quadro a seguir evidencia mais detalhadamente as alíquotas do ICMS


nas operações interestaduais:

76
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

QUADRO 12 – ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS DO ICMS


                      D E S T I N O                  
    AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PR PE PI RN RS RJ RO RR SC SP SE TO
  AC 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  AL 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  AM 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  AP 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
BA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
CE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
DF 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
O ES 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
R GO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
I MA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
G MT 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
E MS 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
M MG 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 12 7 7
PA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
PB 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  PR 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 7 7 7 12 12 7 7 12 12 7 7
  PE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  PI 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  RN 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  RS 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 7 7 12 12 7 7
  RJ 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 7 7 12 12 7 7
  RO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  RR 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  SC 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 7 7
  SP 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 7 7
  SE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
  TO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

FONTE: Portal Contábil 2010

NOTA

É preciso observar no Regulamento do ICMS de cada Estado sobre alíquotas a


serem utilizadas, quando o destinatário não for contribuinte do ICMS e sobre produtos com
alíquotas diferenciadas.

Dessa forma, se uma empresa situada no Estado de São Paulo vende


mercadorias para outra empresa situada no Estado do Rio Grande do Sul (Região
Sul), a alíquota de ICMS será de 12%. Porém, se a mesma empresa, situada no
Estado de São Paulo, vender mercadorias para outra empresa situada no Estado
do Pará (Região Norte), a alíquota de ICMS será de 7%.

77
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

2.1 DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS DE ICMS - DIFA


Entretanto, nas compras interestaduais é necessário averiguar se a
mercadoria adquirida está ou não sujeita ao Diferencial de Alíquota - DIFA.
O DIFA é um percentual de ICMS que o comprador paga ao seu Estado, pelo
fato da compra ter sido efetuada por um percentual menor do que o praticado
internamente por esse, que é o Estado de destino. Por exemplo: no exemplo
anterior, a empresa situada no Estado do Rio Grande do Sul comprou mercadorias
com incidência de 12% de ICMS, porém a alíquota interna desse Estado é de 17%.
Nesse caso, a mercadoria poderá estar sujeita ao DIFA de 5% (17% menos 12%),
onde esse deverá ser calculado sobre o valor da mercadoria adquirida e pago ao
Estado do Rio Grande do Sul pelo comprador.

Todos os contribuintes do ICMS são obrigados a recolher o ICMS relativo


à diferença existente entre a alíquota interna (praticada no Estado destinatário) e
a alíquota interestadual nas seguintes operações e prestações: 

● na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para


uso e consumo;

● na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para o


ativo imobilizado;

● na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual, cuja prestação


tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de
materiais para uso e consumo;

● na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação


tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de
materiais para o ativo imobilizado. 

FONTE: Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/artigos/diferencialaliquotasicms.


htm>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Somente existirá diferencial de alíquotas a ser recolhido caso o percentual da


alíquota interna seja superior ao da alíquota interestadual. Por exemplo: a alíquota
interna do Estado de Alagoas é de 12%, então, se uma empresa situada no Estado
de Goiás vende mercadorias para outra empresa situada no Estado de Alagoas, a
alíquota de ICMS será de 12%, não havendo assim o diferencial de alíquota.

A base de cálculo do diferencial de alíquota é o valor da operação que


decorrer a entrada da mercadoria ou da prestação do serviço.  

Veja o exemplo: (compra de material de uso e consumo, despesa).

A Empresa A, estabelecida no Estado do Acre, efetuou a compra à vista de


uma determinada mercadoria da Empresa B, com sede no Estado do Rio Grande
do Sul, pelo valor de R$ 10.000,00.
78
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

ICMS destacado na NF: R$ 700,00 = (R$ 10.000,00 x 7%).


ICMS alíquota interna ES: R$ 1.700,00 = (R$ 10.000,00 x 17%).
Diferencial de alíquota: R$ 1.000,00 = (R$ 1.700,00 – R$ 700,00).

Sendo assim, a Empresa A, situada no Estado do Acre, que adquiriu a
mercadoria deverá R$ 1.000,00 de DIFA ao seu estado, onde o valor poderá ser
adicionado junto com os demais valores de ICMS a recolher ou compensado em
conta gráfica (apuração do ICMS).

Neste caso, os lançamentos contábeis seriam assim evidenciados:

D – Despesa de Material de Consumo 11.000,00 (material de consumo


mais o DIFA)

C – ICMS a Pagar 1.000,00 (10% de DIFA sobre o total
da compra)

C – Caixa 10.000,00 (compra à vista)

Se a compra dessa mercadoria fosse destinada à revenda e não ao consumo


interno, então não haveria o diferencial de alíquota.

NOTA

Cabe ressaltar que de acordo com a Seção IV da Constituição Federal de 1988, nem
todas as mercadorias estão sujeitas ao ICMS: há mercadorias que não sofrem a sua tributação
por estarem imunes ou isentas; há aquelas que, mesmo sofrendo a incidência, tendo em vista
benefícios fiscais (podendo ser estaduais), poderão estar isentas por determinado período; há
aquelas com redução da base de cálculo ou que não sofrem incidência do imposto.

2.2 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA


É muito comum as mercadorias serem tributadas por substituição
tributária. Dessa forma, as mercadorias são tributadas na fonte, ou seja, no
momento que saem da fábrica e não nos comércios onde são revendidas. Essa
modalidade é mais prática, uma vez que o Estado precisa fiscalizar apenas a
retenção do ICMS nas vendas em suas fontes e não nos revendedores.

Um dos produtos que é tributado por substituição tributária é o refrigerante.


Por exemplo: um Estado possui 4 fábricas de refrigerantes e 25.000 revendedores.
Quem irá recolher ou pagar o ICMS serão as 4 fábricas, retendo o imposto quando
essas efetuarem as vendas de refrigerantes. As vendas que ocorrerão nas etapas
seguintes, que serão dos revendedores a outros revendedores ou a consumidores
finais, não serão tributadas, uma vez que o ICMS já foi pago antecipadamente
pelas 4 fábricas.

79
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Sendo assim, nas operações com Substituição Tributária há o Substituto


e o Substituído. No exemplo anterior, o Substituto é sujeito passivo, diverso
do contribuinte, a quem a lei atribui o dever de recolher o imposto relativo às
operações subsequentes àquela por ele praticada, portanto, as 4 fábricas de
refrigerantes. Já o substituído promove a operação de circulação de mercadorias
(contribuinte), cujo recolhimento a legislação atribuiu ao substituto, no exemplo
anterior os 25.000 revendedores.

O regime de substituição tributária não se aplica às operações realizadas


pelo estabelecimento substituto para uso ou consumo ou para integração ao ativo
permanente do destinatário, exceto quando se tratar de operação interestadual
com mercadoria sujeita à substituição destinada ao uso ou consumo ou ao ativo
permanente do destinatário, hipótese em que a substituição recairá somente sobre
o diferencial de alíquota.

Veja os exemplos a seguir, de substituição tributária em Empresas Normais


(não optantes do Simples Nacional):

Deve ser utilizada a seguinte fórmula para se calcular o ICMS


Substituição tributária:

ICMS ST = (Al x BC ST) – ICMS operação própria onde:

a) ICMS ST = imposto a recolher por substituição tributária.


b) Al = alíquota interna aplicável ao produto.
c) BC ST = base de cálculo da substituição tributária apurada conforme regra
aplicável ao produto.
d) ICMS operação própria = ICMS incidente sobre a operação praticada pelo
próprio remetente.

Exemplo: Substituto sujeito ao regime Normal de apuração do ICMS (não


optante pelo Simples Nacional).

QUADRO 13 – OPERAÇÃO INTERNA COM SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Base de cálculo da operação própria R$ 1.000,00


Base de cálculo da substituição R$ 1.400,00
Alíquota interna 17%
ICMS operação própria 1.000 x 17% R$ 170,00
ICMS-ST 1.400 x 17% – 170 R$ 68,00

FONTE: O autor

80
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

O lançamento contábil do substituto (vendedor) será o seguinte:

D – Caixa R$ 1.068,00 (venda à vista mais R$ 68,00 do ICMS ST)



C – Receita de Venda R$ 1.068,00 (registro da receita com R$ 68,00 do
ICMS ST)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido: R$ 1.000,00)



C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação:
ICMS próprio)

D – ICMS ST sobre Venda R$ 68,00 (ICMS ST conforme exemplo)



C – ICMS ST a Pagar R$ 68,00 (reconhecimento de uma obrigação: ICMS ST)

Ainda neste lançamento seria necessário reconhecer o Custo da Mercadoria


Vendida – CMV, mas pelo fato de não interferir no exemplo não está sendo reconhecido.
Perceba que os R$ 68,00 do ICMS ST são agregados ao valor de R$ 1.000,00 da venda,
ou seja, o substituto já está cobrando antecipadamente o ICMS para repassar ao fisco,
uma vez que este irá pagar R$ 170,00 de ICMS próprio mais R$ 68,00 de ICMS ST.
Quanto ao valor de R$ 1.400,00, que é a base de cálculo do ICMS ST, ele não aparece
nos lançamentos contábeis, uma vez que é apenas utilizado no cálculo do ICMS ST.

NOTA

Ressalta-se que os R$ 68,00 reconhecidos também como receita de venda, não


farão parte da base de cálculo dos demais impostos, como, por exemplo, do PIS, COFINS,
IRPJ, CSLL etc., ou seja, para cálculo desses impostos, a receita de venda será de R$ 1.000,00
e não de R$ 1.068,00. Em resumo, deve-se excluir o ICMS ST da base de cálculo.

Suponhamos agora que o substituído (comprador), um comércio varejista,


por exemplo, tenha adquirido essa mesma mercadoria. Os lançamentos contábeis
seriam estes:

D – Estoque R$ 1.068,00 (entrada pelo valor total com ICMS)

C – Caixa R$ 1.068,00 (compra à vista)



Perceba que o substituído (comprador) não está se creditando do ICMS,
pois nessa modalidade que é a substituição tributária, o ICMS deixa de ser
creditado e consequentemente debitado nas etapas seguintes, uma vez que o
substituto (vendedor) já havia recolhido o ICMS próprio e o ICMS ST.

81
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Agora, digamos que este, o substituído, que é um comércio varejista,


revenda esta mercadoria por R$ 1.400,00. Os lançamentos contábeis seriam estes:

D – Caixa R$ 1.400,00 (venda à vista)



C – Receita de Venda R$ 1.400,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 1.068,00 (reconhecimento do custo para geração


da receita)

C – Estoque R$ 1.068,00 (100% da mercadoria adquirida)

Note que nesta etapa o varejista não está provisionando o ICMS a


pagar, uma vez que não há necessidade, porque este ICMS já foi recolhido
antecipadamente pelo substituto.

Sendo assim, com a substituição tributária, o ICMS é recolhido


antecipadamente e, mesmo que nas etapas seguintes os varejistas não emitam
Nota Fiscal, o governo estadual não sai perdendo, uma que vez que já recebeu
antecipadamente o ICMS.

A substituição tributária é a forma que o fisco adotou para garantir a


arrecadação, pois é muito comum que as Indústrias, atacadistas, importadores
em geral que são os substitutos, emitem as Notas Fiscais de Venda, porém, nas
etapas seguintes, quando fica a cargo dos varejistas, o índice de sonegação (não
emissão da Nota Fiscal) é alto.

Veja a seguir os mesmos dados do exemplo anterior, mas com Operação


Interestadual (fora do estado) com destino ao Estado de Santa Catarina:

QUADRO 14 – OPERAÇÃO INTERESTADUAL COM SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Base de cálculo da operação própria R$ 1.000,00


Base de cálculo da substituição R$ 1.400,00
Alíquota interna 17%
Alíquota interestadual 12%
ICMS operação própria (1.000 x 12%) R$ 120,00
ICMS-ST (1.400 x 17%) – 120 R$ 118,00

FONTE: O autor

Note que a única diferença é o valor do ICMS próprio, que é calculado


de acordo com a alíquota interestadual e não mais com a alíquota interna e,
consequentemente, o ICMS ST é majorado, uma vez que seu cálculo depende do
ICMS próprio.

82
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Os lançamentos contábeis, neste exemplo, ficam da mesma forma que


o exemplo anterior, porém, ressalta-se que os ICMS próprio será menor e o
ICMS ST maior.

O ICMS próprio deve ser recolhido (pago) ao Estado de origem da empresa,


ou seja, onde esta estiver estabelecida. Já o ICMS ST deve ser recolhido ao Estado
de destino da mercadoria, ou seja, conforme o exemplo anterior, o ICMS ST deve
ser pago ao Estado de Santa Catarina.

A base de cálculo do imposto, para os fins de substituição tributária, será


o valor correspondente ao preço único ou máximo de venda a varejo, fixado pelo
órgão público competente. Portanto, nos exemplos, os R$ 1.400,00 da Base de
cálculo da substituição já seriam previamente estabelecidos pelo fisco, ou seja,
não importa se a mercadoria for vendida a R$ 1.000,00 ou R$ 800,00, a Base de
cálculo da substituição será de R$ 1.400,00, pois é o preço que o fisco estima
que esta mercadoria seja revendida nas etapas seguintes pelos varejistas. Sendo
assim, o fisco antecipa a arrecadação do ICMS, uma vez que a venda seria por R$
1.000,00, mas o recolhimento do ICMS está sendo feito já por R$ 1.400,00.

O fisco pode estabelecer a base de cálculo do imposto, para os fins de


substituição tributária, através de um valor fixo já estipulado ou também através
de uma margem, ou seja, um percentual, para que seja inserido no preço para
que, então, se encontre a base de cálculo do ICMS ST. Essa margem é definida
pelo fisco como sendo a Margem de Valor Agregado – MVA.

A MVA será determinada com base em preços usualmente praticados no


mercado, obtidos por levantamento, ainda que por amostragem, ou através de
informações e outros elementos fornecidos por entidades representativas dos
setores, adotando-se a média ponderada dos preços coletados. A mercadoria
submetida ao regime de substituição tributária em operação interestadual terá a
margem de valor agregado, estabelecida em Convênio ou Protocolo. 

Quando a operação for interna (dentro do Estado), a MVA será a original,


porém quando for interestadual, a MVA será ajustada, mas ambas já definidas
por cada Estado.

No exemplo anterior, a base de cálculo da operação própria era de R$


1.000,00. Sendo assim, o fisco pode estabelecer que a base de cálculo do imposto,
para os fins de substituição tributária seja de R$ 1.400,00, ou simplesmente atribuir
uma MVA de 40%. Neste caso, não haveria diferença.

Entretanto, quando utilizada a MVA e não um preço fixo, no cálculo com


a MVA será também reconhecido como base de cálculo de substituição tributária.
Outros valores, como por exemplo: IPI, seguros, fretes e outras despesas que
poderão fazer parte da Nota Fiscal. Veja o exemplo a seguir:

83
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Venda INTERNA de R$ 80,00 em cosméticos (água de colônia) com os


seguintes valores a embutir: frete R$ 10,00, seguro R$ 5,00 e outras despesas
R$ 5,00. Sabe-se que a venda está sendo realizada dentro do Estado de Santa
Catarina (mercadoria destinada para revenda). Margem de Lucro R$ 62,99%.
Alíquota interna 25%.

QUADRO 15 – OPERAÇÃO INTERNA ST COM MVA


Valor da mercadoria 80,00
(+) Valor do frete 10,00
(+) Valor do seguro 5,00
(+) Valor de outras despesas 5,00
(=) Valor de partida 100,00
(+) Margem de lucro 62,99
(=) BASE DE CÀLCULO DO S.T. 162,99
(x) Alíquota interna 25%
(=) ICMS apurado 40,75
(-) ICMS do remetente 25,00
(=) ICMS Substituição Tributária 15,75

FONTE: O autor

Note que a base de cálculo do ICMS é soma do valor da mercadoria e das


demais despesas. No exemplo, a alíquota do ICMS para este produto é de 25%.
Esta operação gerou então o ICMS próprio a pagar, no valor de R$ 25,00 e o ICMS
ST, no valor de R$ 15,75.

A legislação dispõe que somente o ICMS próprio pode ser compensado


com eventual crédito existente em conta gráfica, ou seja, compensado com a
apuração do ICMS. Dessa forma, o ICMS-ST deve ser pago, não podendo ser
compensado, a não ser com créditos de ICMS que porventura também sejam
provindos de substituição tributária

DICAS

Você verá, detalhadamente, as operações com substituição tributária no


decorrer do curso de Ciências Contábeis.

84
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

2.3 ICMS SOBRE COMPRAS E VENDAS NORMAIS


O ICMS, por ser o imposto mais comum entre as operações realizadas
pelas empresas comerciais, na maioria das compras e vendas de mercadorias é
registrada a ocorrência desse imposto.

O ICMS é imposto não cumulativo, ou seja, os valores devidos do imposto


pelas vendas poderão ser compensados com os créditos obtidos nas compras,
sendo assim, o valor do imposto pago em uma operação é compensado no valor
do imposto a pagar na operação subsequente.

Exemplo: Digamos que a sua empresa compre determinada quantidade


de mercadorias de um fornecedor, pagando R$ 1.000,00, com ICMS incluso no
valor de R$ 170,00. Seu fornecedor, ao rece­ber os R$ 1.000,00 deverá repassar R$
170,00 ao Governo do Estado, uma vez que ele efetuou a venda a você. Assim
sendo, você pagou ao forne­cedor R$ 1.000,00 sendo R$ 830,00 correspondente ao
custo das mercadorias adquiridas e R$ 170,00 cor­respondente ao ICMS. Porém,
digamos, agora, que você venda a mesma quantidade de mercadorias a um cliente
por R$ 1.500,00, com ICMS incluso no valor de R$ 255,00. Dos R$ 1.500,00 que você
recebeu (recei­ta bruta de vendas), R$ 1.245,00 correspondem à receita líquida de
vendas e R$ 255,00, ao ICMS, que você talvez recolherá ao Governo do Estado.
É isso mesmo, talvez recolha, pois sendo o ICMS um imposto não cumulativo,
você poderá compensar (abater) desses R$ 255,00, devidos em função da venda
do lote de mercadoria, os R$ 170,00 de ICMS que pagou pelo mesmo lote quando
o comprou de seu fornecedor. Dessa forma, você recolherá ao governo apenas R$
85,00, ou seja, R$ 255,00 menos R$ 170,00. Assim, pode-se concluir que:

• O valor do ICMS, obtido nas compras junto aos fornecedores, representa um


direito para sua empresa com o Governo do Estado.

• O valor do ICMS, gerado nas vendas junto aos clientes, representa uma
obrigação da sua empresa com o Governo do Estado.

• Somente no final do mês, quando sua empresa apurar todas as vendas e compras
desse período é que se saberá se o saldo de ICMS será a pagar ou a compensar.

NOTA

Nem todas as compras geram crédito para a empresa que adquire os produtos.
Dependerá, por exemplo, da forma de tributação do fornecedor, do tipo da mercadoria que
se está comprando, sua destinação etc.

85
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

A apuração do ICMS, que tem como objetivo levantar o saldo de ICMS do


mês, bem como, relacionar todas as entradas (compras) e saídas (vendas), deve
ser feita mensalmente para que a empresa possa fiscalmente e gerencialmente
saber como se comportam as operações no período. Essa apuração é feita da
seguinte forma:

• somam-se os valores do ICMS incidentes em todas as compras que geram


direito efetuadas durante o referido mês;

• somam-se os valores do ICMS incidentes em todas as vendas que geram


obrigação efetu­adas no mesmo mês, mesmo aquelas mercadorias vendidas
que não correspondam àquelas compradas no mesmo mês;

• caso o total do ICMS calculado sobre as compras seja superior ao calculado


sobre as vendas, a diferença ficará em favor da empresa (direito), porém, se o
ICMS calculado sobre as compras for inferior ao calculado sobre as vendas, a
diferença ficará em favor do governo estadual (obrigação);

• se a diferença for um direito para a empresa, ela poderá utilizar este valor para
compensação de seus débitos (obrigações) nos próximos períodos, até que seja
totalmente compensado, indiferente do prazo. Contudo, se a diferença for uma
obrigação para a empresa, ela terá que pagar este valor já no mês subsequente
ao da apuração.

Acompanhe o seguinte exemplo:

A Empresa Fiel Ltda. teve as seguintes operações em 10/x8 envolvendo


compras e vendas de mercadorias que geram, respectivamente, direitos e
obrigações em relação ao ICMS:

Obs.: Em 30/09/08, a empresa teve um saldo de R$ 10.000,00 em caixa, R$


10.000,00 em capital e nenhum saldo de ICMS a compensar ou a pagar. Sabe-se que a
empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e que o Custo das Mercadorias
Vendidas – CMV é definido com base no percentual líquido das compras.

10/10/x8 (1) – Compra de mercadorias à vista no valor de R$ 5.000,00, com


17% de crédito de ICMS.

29/10/x8 (2) – Venda de 50% da mercadoria, adquirida em 10/10/x8, por


um total de R$ 4.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS.

Apuração do ICMS em 31/10/x8 (no final do mês):

86
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Entradas (compras): 5.000,00 x 17% = 850,00 (direito), também considerado


como crédito.

Saídas (vendas): 4.000,00 x 17% = 680,00 (obrigação), também considerado


como débito.

Saldo em 31/10/x8: 850,00 – 680,00 = 170,00 de crédito, que poderá ser


utilizado em períodos posteriores para compensação de outros débitos, que
possam vir a surgir em decorrência das operações da empresa.

Já no mês 11/x8, a Empresa Fiel Ltda. teve as seguintes operações:

03/11/x8 (3) – Compra de mercadorias à vista no valor de R$ 2.000,00, com


17% de crédito de ICMS.

18/11/x8 (4) – Venda do saldo da mercadoria adquirida em 10/10/x8, por


um total de R$ 4.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS.

18/11/x8 (5) – Venda de 80% da mercadoria adquirida em 03/11/x8, por um


total de R$ 3.000,00 a prazo, com 17% de débito de ICMS.

Apuração do ICMS em 30/11/x8 (final do mês):

Saldo de ICMS a compensar (crédito) do mês anterior (31/10/x8): R$ 170,00.

Entradas (compras): 2.000,00 x 17% = 340,00 (direito), também, considerado


como crédito.

Saídas (vendas): 7.000,00 x 17% = 1.190,00 (obrigação), também considerado


como um débito.

Saldo em 30/11/x8: 170,00 (saldo anterior) + 340,00 – 1.190,00 = 680,00 de


débito, que deverá ser pago já em 12/x8.

NOTA

Observe que no mês 10/x8, as compras foram maiores que as vendas, em


função disso, a empresa ficou com um saldo de ICMS a compensar para o mês seguinte.
Entretanto, no mês 11/x8, as vendas foram superiores às compras e, mesmo utilizando o
saldo de ICMS a compensar de 10/x8, a empresa ficou com um saldo de ICMS a pagar.

87
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

O ideal é que sejam contabilizados tanto os valores a crédito (entradas)


como a débito (saídas), em contas distintas, uma vez que são registradas,
respectivamente, no ativo e passivo da empresa, onde facilitará a análise gerencial
desse imposto. Sendo assim, somente no final do mês uma das contas é zerada,
no caso a que tiver menor saldo. Mas como poderia ser feita essa contabilização?

Levando em consideração as operações da Empresa Fiel Ltda., a seguir serão


contabilizados por meio de Razonetes os valores de 10/x8 e logo após de 11/x8.

DICAS

Utilizaremos, nesse exercício, o controle de estoque permanente, que também


será visto no decorrer desta Unidade, no Tópico 2.

Lançamentos da Empresa Fiel Ltda. em 10/x8.

Obs.: Será posta a numeração de cada lançamento para facilitar a


aprendizagem. Em que: S.A. - significa Saldo Inicial da conta, AP - Apuração de
ICMS e TR – Transferência do valor obtido na Demonstração do Resultado do
Exercício para a Conta do Patrimônio Líquido.

FIGURA 1 – LANÇAMENTOS DA EMPRESA FIEL LTDA. EM 10/x8

FONTE: O autor

88
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Demonstração do Resultado do Exercício da Fiel Ltda. em 31/10/x8

QUADRO 16 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Fiel Ltda. em 31/10/x8

QUADRO 17 – BALANÇO PATRIMONIAL


Ativo 31/10/x8 Passivo 31/10/x8
  Circulante 11.245.00   Patrimônio Líquido 1.245.00
  Caixa 9.000.00   Capital 10.000.00
  Mercadorias 2.075.00   Lucros Acumulados .245.00
  ICMS a Compensar 170.00    
Total do Ativo 11.245.00 Total do Passivo 1.245.00
FONTE: O autor

Observa-se que no lançamento (1), o total de mercadorias que entram


no estoque está avaliado pelo valor líquido, ou seja, R$ 5.000,00 menos 17% de
ICMS, que totaliza R$ 4.150,00. Também, nessa operação, o total de lançamentos
necessário para registrar a entrada é 3:

D – Estoque R$ 4.150,00 (entrada pelo valor líquido (sem


ICMS))

D – ICMS a Compensar R$ 850,00 (17% de ICMS sobre o total da compra:


5.000,00)

C – Caixa R$ 5.000,00 (compra à vista)

Já no lançamento (2), pode-se dividir a operação em três partes distintas:

1) Reconhecimento da receita e entrada de um bem ou direto.

2) Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e baixa do estoque.

89
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

3) Provisionamento da despesa de ICMS sobre vendas e reconhecimento do passivo.

No lançamento (2), o total de lançamentos necessários para registrar a


saída é 6:

D – Caixa R$ 4.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 2.075,00 (reconhecimento do custo para geração


da receita)

C – Estoque R$ 2.075,00 (50% da mercadoria adquirida sem ICMS


em 10/10/x8)

D – ICMS sobre Venda R$ 680,00 (17% sobre o total vendido)



C – ICMS a Pagar R$ 680,00 (reconhecimento de uma obrigação)

Percebe-se que, no final do mês, a conta ICMS a compensar possui um


saldo de R$ 850,00, enquanto a conta de ICMS a Pagar possui apenas R$ 680,00.
Isso ocorreu pelo fato das compras terem sido maiores do que as vendas nesse
mês. Sendo assim, pela Apuração do ICMS (AP), é zerada a conta que possui o
saldo menor, nesse caso, a conta ICMS a Pagar:

D – ICMS a Pagar R$ 680,00 (zeramento da obrigação, uma vez que tem


saldo menor)

C – ICMS a Compensar R$ 680,00 (compensação com ICMS a Pagar)

No final do mês existirá apenas uma das contas acima com saldo, ou seja,
ou haverá ICMS a Pagar ou ICMS a Compensar. Na empresa Fiel Ltda., o saldo
positivo ficou na conta ICMS a Compensar, num valor de R$ 170,00 que poderá
ser utilizado já no mês 11/x8.

No mês 10/x8, a empresa apresentou um lucro de R$ 1.245,00, que está


evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício. A transferência (TR)
pode ser feita através do zeramento das contas de resultado dessa demonstração,
onde são transferidos todos os saldos dessas contas para o Patrimônio Líquido,
neste caso, para a conta lucros acumulados.

Este zeramento é feito somente no final do exercício nas empresas, que no


Brasil coincide em 31/12, porém, para fins didáticos, será considerado o zeramento
já no final de cada mês para melhor visualização das transações ocorridas no
mês. Sendo assim, o resultado apresentado na Demonstração do Resultado do
Exercício já estará lançado dentro do Patrimônio Líquido e as contas de resultado
serão consideradas zeradas sempre no início de cada mês, desse exemplo.

90
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Levando em consideração os saldos da Empresa Fiel Ltda. em 10/x8, serão


contabilizados a seguir, por meio de Razonetes, os valores de 11/x8. As contas de
resultado estarão com seus saldos zerados, uma vez que, para fins didáticos, os
valores de 10/08 já foram transferidos para a conta Lucros Acumulados.

Demonstração do Resultado do Exercício da Fiel Ltda. em 30/11/x8

QUADRO 18 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

  RECEITA OPERACIONAL BRUTA 7.000,00


  VENDA DE MERCADORIAS 7.000,00
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (1.190,00)
  IMPOSTOS (1.190,00)
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 5.810,00
(-) CUSTOS OPERACIONAIS (3.403,00)
  CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (3.403,00)
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 2.407,00

FONTE: O autor

91
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Balanço Patrimonial da Fiel Ltda. em 30/11/x8

QUADRO 19 – BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo 30/11/x8 Passivo 30/11/x8


  Circulante 14.332.00 Circulante 680.00
  Caixa 11.000.00 ICMS a Pagar 680.00
  Clientes 3.000.00 Patrimônio Líquido 13.652.00
  Mercadorias 332.00 Capital 10.000.00
      Lucros Acumulados 3.652.00
Total do Ativo 14.332.00 Total do Passivo 14.332.00

FONTE: O autor

Da mesma forma como o lançamento (1), o lançamento (3) evidencia a


entrada de mercadorias pelo valor líquido, apurando separadamente o ICMS
a Compensar. Já os lançamentos (4) e (5), que refletem as vendas do mês, são
lançadas separadamente da seguinte forma:

1) Reconhecimento da receita e entrada de um bem ou direto.

2) Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e baixa do estoque;

3) Provisionamento da despesa de ICMS sobre vendas e reconhecimento do passivo.

Porém, percebe-se que no mês 11/x8 as vendas foram superiores às


compras, o que ocasionou saldo de ICMS a Pagar. Neste caso, a conta zerada
(AP) foi a de ICMS a Compensar, uma vez que seu saldo foi inferior a de ICMS a
Pagar. O saldo de R$ 170,00 de crédito de 10/x8 foi utilizado em 11/x8, entretanto,
mesmo assim, não foi suficiente para compensar os débitos, o que resultou em R$
680,00 a pagar de ICMS.

No mês 11/x8, a empresa apresentou um lucro de R$ 2.407,00 que está


evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício. A transferência (TR)
desse resultado foi para a conta Lucros Acumulados, que totalizou, nesses dois
meses, R$ 3.652,00.

92
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

NOTA

Não confunda Débitos e Créditos no financeiro da empresa. Quando os direitos


são superiores às obrigações, a empresa possui um crédito (financeiro), no entanto, quando
as obrigações são superiores aos direitos, a empresa possui um débito (financeiro). Mas
contabilmente, quando os direitos são superiores às obrigações, a empresa possui um débito
(contábil), no entanto, quando as obrigações são superiores aos direitos, a empresa possui
um crédito (contábil). Esse é o motivo por a maioria de leigos na área contábil não entender a
linguagem do contador. Por isso, quando você for explanar determinados saldos, tente sempre
expô-los numa linguagem financeira. A empatia deve ser uma das virtudes do contador.

2.4 ICMS INCIDENTE SOBRE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO


No geral, as compras que dão direito a crédito de ICMS são aquelas
utilizadas como insumos na produção ou como mercadorias para comercialização,
porém, quando a empresa compra bens que integrarão seu imobilizado, ela poderá,
também, em alguns casos, se creditar do ICMS constante na respectiva nota fiscal.
Isso mesmo, em alguns casos, porque nem todas as compras do imobilizado dão
direito a crédito, pois depende da destinação (onde será utilizado) e procedência
(forma de tributação do fornecedor) desse bem. Mas, nesta disciplina, serão
analisados somente os bens que dão direito a crédito do imposto.

A partir da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, os bens


relacionados à operacionalidade da empresa (ativo imobilizado) têm direito a
crédito do valor do ICMS. Como, por exemplo, máquinas e equipamentos,
veículos, móveis e utensílios, computadores etc.

Naquela época, a empresa que comprasse o bem poderia creditar de uma


só vez todo o ICMS constante na nota fiscal (regra válida até 31/12/2000). Por
exemplo: se a empresa comprasse um veículo (financiado ou não), em 10/12/2000,
por R$ 120.000,00 com 17% de ICMS, o registro contábil seria este:

D – Veículos R$ 99.600,00 (entrada no imobilizado


sem o ICMS)
D – ICMS a Compensar R$ 20.400,00 *
C – Financiamento/Caixa R$ 120.000,00 (indiferente à forma de
pagamento)

* 17% de ICMS para utilizar de imediato e compensar com os possíveis


débitos da empresa, valor este lançado no Ativo Circulante da empresa.

93
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

No entanto, com a Lei Complementar nº 102, de 11 de julho de 2000, a


partir de 01/01/2001, os créditos de ICMS correspondentes às compras para o
Ativo Imobilizado poderão ser utilizados em 48 parcelas mensais. Sendo assim,
o crédito do referido imposto não pode ser apropriado de uma só vez, deve ser
dividido em 48 parcelas iguais e apropriado uma a uma durante 48 meses.

Utilizando o exemplo anterior, mas supondo que o mesmo tenha sido


adquirido em 01/01/2001, ficaria assim:

D – Veículos (1) R$ 99.600,00 (entrada no imobilizado


sem o ICMS)
D – ICMS sobre Ativo Imobilizado (1) R$ 5.100,00 **
D – ICMS sobre Ativo Imobilizado (1) R$ 15.300,00 ***
C – Financiamento/Caixa (1) R$ 120.000,00 (indiferente à forma
de pagamento)

** Esse valor corresponde ao seguinte cálculo: 20.400,00 dividido por 48


multiplicado por 12. Ou seja, as 12 parcelas lançadas no Ativo Circulante - AC.

*** Esse valor corresponde ao seguinte cálculo: 20.400,00 dividido por 48


multiplicado por 36. Ou seja, as 36 parcelas lançadas no Ativo Realizável a Longo
Prazo - ARLP.

Dessa forma, a empresa poderá se creditar do imposto nas aquisições de


bens destinados ao ativo imobilizado, na proporção de 1/48 avos por mês.

Com base na compra de 01/01/2001 e tendo em vista que contas ICMS a


Compensar, ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC e ICMS sobre Ativo Imobilizado
– ARLP são contas distintas, os lançamentos contábeis de apropriação do imposto
seriam feitos mensalmente da seguinte forma:

a) Em 31/01/2001, através do reconhecimento de 1 parcela na apuração do ICMS


(conta gráfica):

D – ICMS a Compensar (2) R$ 425,00


C – ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC (2) R$ 425,00

Transfere-se uma parcela que está no Ativo Circulante para outra do


Ativo Circulante, porém, somente será utilizado na apuração do ICMS o valor
que estiver na conta ICMS a Compensar. Ou seja, as parcelas que estão na conta
ICMS sobre Ativo Imobilizado não poderão integrar a apuração de ICMS até que
sejam apropriadas uma a uma, em 48 meses.

b) Em 31/01/2001

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC (3) R$ 425,00

94
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

C – ICMS sobre Ativo Imobilizado – ARLP (3) R$ 425,00

Transfere-se uma parcela do longo para o curto prazo, ou seja, o curto


prazo deve ficar com 12 parcelas, uma vez que caracteriza os direitos utilizáveis
nesse período.

Nos Razonetes, os lançamentos ficariam assim:

FIGURA 2 – LANÇAMENTOS NOS RAZONETES

FONTE: O autor

NOTA

Caso o bem for vendido antes dos 4 anos, contados da data de aquisição, o
saldo remanescente do crédito de ICMS deve ser estornado e de preferência lançado contra
o custo do bem, ou seja, incorporado ao preço desse.

Se o bem adquirido para o ativo imobilizado seja de procedência interestadual,


ou seja, uma compra fora do estado, será necessário verificar se não há incidência do
diferencial de alíquota do ICMS. É admissível o crédito do valor do ICMS destacado
na nota fiscal e no conhecimento de transporte de carga, inclusive o diferencial de
alíquota do ICMS devido na entrada do bem e do serviço de transporte destinados
ao ativo imobilizado e que estiver vinculada à atividade-fim da empresa, à razão de
1/48 por mês, conforme rege a Lei Complementar nº 87/96. Veja o exemplo a seguir:

Em 01/05/2010, a Indústria de Metais MM Ltda., situada no Estado do


Paraná (EMPRESA NORMAL) adquiriu de Equipa Máquinas S/A, situada no
Estado de SC, um transformador para uso operacional no valor de R$ 80.000,00 à
vista com ICMS incluso na alíquota de 12%. Houve também frete sobre a compra
no valor de R$ 2.000,00, à vista, com ICMS incluso na alíquota de 12%. Tanto a
compra da máquina como o frete têm incidência de 5% de diferencial de alíquota.

95
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

1) Qual a correta contabilização dessa operação?

2) Qual o valor de crédito de ICMS que a Indústria de Metais MM Ltda. poderá


utilizar em conta gráfica (apuração do ICMS), já em 05/2010, referente a essas
duas operações?

Resposta da questão 1:

Lançamento em 01/05/2010 (compra da máquina com 12% de ICMS):

D – Máquinas e Equipamentos R$ 70.400,00 (entrada no


imobilizado sem o ICMS)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 2.400,00 (crédito 12 avos no valor


de 200,00)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 7.200,00 (crédito 36 avos no valor


de 200,00)

C – Bancos R$ 80.000,00 (pagamento à vista)

Lançamento em 01/05/2010 (diferencial de ICMS na compra da máquina:


5% de R$ 80.000,00):

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 1.000,00 (crédito 12 avos no


valor de 83,33)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 3.000,00 (crédito 36 avos no


valor de 83,33)

C – ICMS a Pagar R$ 4.000,00 (Diferencial de alíquota a


pagar: 5%)

Lançamento em 01/05/2010 (frete sobre a compra da máquina com 12%


de ICMS):

D – Máquinas e Equipamentos R$ 1.760,00 (entrada no imobilizado


sem o ICMS)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 60,00 (crédito 12 avos no


valor de 5,00)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 180,00 (crédito 36 avos no


valor de 5,00)

C – Bancos R$ 2.000,00 (pagamento à vista)

96
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Lançamento em 01/05/2010 (diferencial de ICMS sobre o frete da compra


da máquina: 5% de R$ 2.000,00):

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 25,00 (crédito 12 avos no valor


de 2,08)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 75,00 (crédito 36 avos no valor


de 2,08)

C – ICMS a Pagar R$ 100,00 (Diferencial de alíquota a


pagar: 5%)

Note que a Indústria de Metais MM Ltda. terá que pagar o diferencial de


alíquota nos dois casos, porém, poderá se creditar do valor em 48 meses.

Quanto ao valor do frete, está sendo incorporado ao valor da máquina no


ativo imobilizado, pois faz parte de seu custo.

Resposta da questão 2:

Neste caso, a Indústria de Metais MM Ltda. poderá se creditar do seguinte


valor do ICMS em conta gráfica já em 05/2010:

Crédito no valor de R$ 200,00 pela compra da máquina.


Crédito no valor de R$ 83,33 pelo diferencial de alíquota da compra da máquina.
Crédito no valor de R$ 5,00 pelo frete sobre compra da máquina.
Crédito no valor de R$ 2,08 pelo diferencial de alíquota sobre o frete da
compra da máquina.

Total de crédito originado nesta transação para já ser utilizado em 05/2010:


R$ 290,41.

Sendo assim, durante os próximos 48 meses, a Indústria de Metais MM


Ltda. poderá se creditar de uma parcela de R$ 290,41 em decorrência dessa
operação de compra, frete sobre compra e diferencial de alíquota.

3 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI


O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, como o próprio nome já
diz, e conforme o Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, incide sobre produtos
industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes
da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI.

Ainda segundo o Decreto nº 7.212/10, considera-se como industrialização


qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a
apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo.

97
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Conforme Teixeira (2010, p. 7), “o imposto sobre produtos industrializados


– IPI é um dos tributos típicos da sociedade industrial do Brasil. Ele surgiu com a
Lei nº 25, de 03/12/1891, embora alguns historiadores tenham localizado indícios
do tributo na época do império”.

Dessa forma, o IPI é exigido, principalmente, nas empresas industriais. É


de competência federal e seu cálculo é feito através de uma alíquota que varia em
função do tipo do produto, incide sobre o próprio valor dos produtos e a estes é
adicionado.

O IPI será calculado mediante aplicação das alíquotas, constantes da


Tabela do IPI - TIPI, sobre o valor tributável dos produtos, conforme dispõe o
Art. 189 do Decreto nº 7.212/10.

Também fazem parte da base de cálculo do IPI, além do valor dos produtos,
os valores de frete, descontos incondicionais, despesas acessórias, seguros etc.,
desde que evidenciados na Nota Fiscal.

Da mesma forma que o ICMS, o IPI não incide sobre todos os produtos
e também é considerado imposto seletivo, ou seja, quanto mais secundária for
sua utilidade, maior será sua tributação. Também é um imposto não cumulativo,
uma vez que gera direito nas compras e obrigação nas vendas em que no final do
período é feita a apuração do imposto, que poderá estar com saldo devedor (a
pagar) ou credor (a compensar).

NOTA

O Decreto nº 7.212/10, artigo 226, inciso I, veda o crédito de IPI nas compras
destinadas ao ativo imobilizado e ao material de uso e consumo que NÃO seja utilizado
na produção, como, por exemplo, o material de escritório. Ainda conforme o Decreto nº
7.212/10, artigo 228, as aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo SIMPLES
NACIONAL também não geram créditos.

O exemplo a seguir evidencia a contabilização do IPI sobre as compras e


vendas de produtos:

A Indústria Girassol Ltda. teve as seguintes operações em 01/x8,


envolvendo compras e vendas de produtos que geram, respectivamente, direitos
e obrigações em relação ao IPI:

Obs.: Em 31/12/x7, a empresa teve um saldo de R$ 15.000,00 em caixa, R$


15.000,00 em capital e nenhum saldo de IPI ou ICMS a compensar ou a pagar. Sabe-
se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e que o Custo dos
Produtos Vendidos – CPV- é definido com base no percentual líquido das compras.
98
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

12/01/x8 (1) – Compra de matéria-prima (produtos) a prazo, no valor de


R$ 10.000,00, com 17% de crédito de ICMS e 10% de IPI, perfazendo um total de
R$ 11.000,00.

31/01/x8 (2) – Venda de 80% do estoque (produtos) adquiridos em 12/01/


x8, por um total de R$ 9.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS e 10% de IPI,
perfazendo um total de R$ 9.900,00.

Contabilização por meio de Razonetes:

Demonstração do Resultado do Exercício da Indústria Girassol Ltda.


em 31/01/x8

QUADRO 20 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

99
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Balanço Patrimonial da Indústria Girassol Ltda. em 31/01/x8

QUADRO 21 – BALANÇO PATRIMONIAL DA INDÚSTRIA


Ativo 31/01/x8 Passivo 31/01/x8
  Circulante 26.830.00 Circulante 11.000.00
  Caixa 24.900.00 Fornecedores 11.000.00
  Produtos 1.660.00 Patrimônio Líquido 15.830.00
  IPI a Compensar 100.00 Capital 15.000.00
  ICMS a Compensar 170.00 Lucros Acumulados 830.00
Total do Ativo 26.830.00 Total do Passivo 26.830.00

FONTE: O autor

No dia 12/01 (1), a compra foi registrada da seguinte forma:

D – Estoque R$ 8.300,00 (entrada pelo valor líquido (sem


ICMS e IPI)

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos:
10.000,00)

D – IPI a Compensar R$ 1.000,00 (10% de IPI sobre os produtos:


10.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Se, por acaso, a empresa que tivesse adquirido esses produtos não tivesse
direito a compensar o IPI, se fosse um comércio, por exemplo, o registro ficaria
dessa forma:

D – Estoque R$ 9.300,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS,


mas com IPI)

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos:


10.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)



No dia 31/01 (2), a venda foi registrada da seguinte forma:

D – Caixa R$ 9.900,00 (venda à vista)


C – Receita de Venda R$ 9.900,00 (registro da receita – mercadoria mais IPI)

D – CPV R$ 6.640,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)


C – Estoque R$ 6.640,00 (80% dos produtos adquiridos sem ICMS e IPI)

100
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

D – ICMS sobre Venda R$ 1.530,00 (17% sobre a mercadoria 10.000,00)


C – ICMS a Pagar R$ 1.530,00 (reconhecimento da obrigação)
D – IPI sobre Venda R$ 900,00 (10% sobre a mercadoria 10.000,00)
C – IPI a Pagar R$ 900,00 (reconhecimento de uma obrigação)

As compras foram maiores que as vendas no período, dessa forma:

• IPI: R$ 1.000,00 de crédito menos R$ 900,00 de débito – saldo de R$ 100,00 a


compensar.

• ICMS: R$ 1.700,00 de crédito menos R$ 1.530,00 de débito – saldo de R$ 170,00


a compensar.

Percebe-se que o ICMS já está incluso na mercadoria, porém o IPI é somado


a ela. Enquanto o ICMS é calculado por dentro, já fazendo parte da mercadoria,
o IPI é calculado por fora, ou seja, tem como base o valor da mercadoria, onde é
apenas somado o valor do IPI para se chegar ao total da venda, por exemplo:

Custo dos produtos vendidos: R$ 6.640,00 (8.300,00 x 80%)


Valor dos produtos vendidos: R$ 9.000,00
IPI: R$ 900,00
Valor total da venda: R$ 9.900,00

Sabe-se que dentro dos R$ 9.000,00 já está incluso o ICMS. Então, R$ 9.000,00
menos 17% R$ 1.530.00 é igual a R$ 7.470,00. A diferença dos R$ 7.470,00 para os R$
6.640,00 equivale ao ganho embutido no preço de venda que é de R$ 830,00. Já os R$
9.900,00 são decorrentes da soma: produtos (9.000,00) + mais IPI (900,00).

Em resumo, pode-se concluir que:

• Custo dos produtos vendidos: R$ 6.640,00 (8.300,00 x 80%).

• Preço Líquido de Venda: R$ 7.470,00 (R$ 6.640,00 mais R$ 830,00 de ganho).

• Valor dos produtos vendidos: R$ 9.000,00 (R$ 7.470,00 divididos por 0,83).
Aqui se insere o valor do ICMS por dentro. Este cálculo já foi evidenciado no
início desta Unidade.

• Valor da venda: R$ 9.900,00 (pode-se dizer que o IPI é calculado parte sobre o
valor dos produtos e parte sobre o ICMS. Calcula-se um imposto sobre outro, uma
vez que na Base de Cálculo do IPI, que é de R$ 9.000,00, já está incluso o ICMS).

Quando a empresa não tem direito a crédito do IPI, ou seja, quando a


compra não se destinar à industrialização ou à comercialização, o IPI deve ser
considerado um custo, que deve ser agregado ao produto, uma vez que a empresa
compradora pagará para o fornecedor a mesma quantia (com ou sem IPI), porém
não se beneficiará com o respectivo crédito. Veja o exemplo a seguir:
101
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Informações da operação:

Custo do produto R$ 100,00


ICMS 17%
IPI 10%

• 1 ° Exemplo: Produto destinado a comercialização

> Cálculo do ICMS

100,00 / 083 = 120,48

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 120,48

ICMS = 120,48 X 17% = 20,48

> Cálculo do IPI

120,48 + 10% IPI = 132,53

IPI = 12,05

Nesse caso: 132,53 – 12,05 – 20,48 = 100,00 (= custo)

Perceba que os R$ 100,00 do preço de custo não estão sendo alterados.

• 2° Exemplo: Produto destinado ao uso e consumo

> Cálculo do ICMS

100,00 / 083 = 120,48

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 132,53

ICMS = 132,53 X 17% = 22,53 (note que agora na base de cálculo do ICMS
está incluso o IPI)

> Cálculo do IPI

120,48 + 10% IPI = 132,53

IPI = 12,05

Nesse caso: 132,53 – 12,05 – 22,53 = 97,95 (abaixo do custo)

102
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Pelo fato de pagar 17% sobre o IPI, deve-se acrescentar mais 1,7% no preço
de venda, ou seja, 17 x 10% = 1,7. Então teríamos o seguinte preço:

> NOVO CÁLCULO DO ICMS (17 + 1,7) = 18,70

100,00 / 0,8130 = 123,00

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 135,30

ICMS = 135,30 X 17% = 23,00

> NOVO CÁLCULO DO IPI

123,00 + 10% IPI = 135,30

IPI = 12,30

Nesse caso: 135,30 – 12,30 – 23,00 = 100,00 (= custo)

Veja que o preço de venda possui as seguintes variações:

• Quando destinado a industrialização ou comercialização = R$ 132,53

• Quando destinado ao uso e consumo = R$ 135,30*

* essa variação é decorrente do acréscimo do ICMS sobre o IPI

Tanto o ICMS como o IPI, que são impostos não cumulativos, podem ser
reconhecidos contabilmente da seguinte forma:

• como parte integrante do custo dos produtos ou mercadorias adquiridos


(estoque), se assim estiverem relacionadas;

• como impostos a compensar para que então, na respectiva apuração, sejam


confrontados com os débitos dos impostos a pagar;

• como simples despesas, se não estiverem relacionadas à compra de produtos


ou mercadorias, como, por exemplo, aquisição de material de consumo,
limpeza, expediente etc.

Para estar ciente do ideal tratamento desses impostos é preciso estar


frequentemente atualizado em suas legislações específicas.

103
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

4 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA –


ISSQN
De acordo com a CF – Constituição Federal de 1988, Seção V, Art. 156,
inciso III:

Compete aos municípios instituir impostos sobre serviços de qualquer


natureza, definidos em lei complementar.

O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN está


regulamentado pela Lei Complementar 116, de 31 de julho de 2003 e incide
sobre a receita de serviços prestados, seja por empresas, profissionais liberais ou
trabalhadores autônomos.

Por ser um imposto municipal, sua alíquota varia de município para município,
uma vez que cabe a eles regulamentá-lo, porém, a Lei Complementar nº 116/03 define
que a mínima será de 2% e a máxima de 5% sobre o total da receita.

Seu cálculo é feito mensalmente, e já é recolhido no mês subsequente ao


de apuração.

Conforme a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, fica definido


que o imposto não incide sobre:

• as exportações de serviço, para o exterior do País;

• a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos,


dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de
sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-
delegados;

• o valor intermediário no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor


dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos
a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/LCP/Lcp116.htm>. Acesso em:16


jan. 2011.

De acordo com a Lei Complementar nº 116/03, o ISS será devido, na


maioria das atividades, no local da prestação do serviço, ou seja, quem tem o
direito de receber o ISS é a prefeitura onde está situado o tomador do serviço,
desde que tal serviço tenha sido prestado ali. Por exemplo:

A empresa A, situada no município de Blumenau/SC, prestou serviços


à empresa B, situada no município de Indaial/SC. A empresa A se deslocou até
o município de Indaial para efetuar a prestação de serviços, logo, o ISS gerado
nessa operação é devido à prefeitura de Indaial, pelo fato dos serviços terem sido
prestados naquela cidade.

104
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Porém, se a empresa A, situada no município de Blumenau/SC, tivesse prestado


serviços a empresa B, situada no município de Indaial/SC, mas não se deslocado até
a cidade de Indaial para executar os serviços, ou seja, se tivesse prestado os serviços
na própria cidade de Blumenau, então o ISS seria devido à prefeitura de Blumenau.

Quando o ISS é devido fora do domicílio do prestador, ou seja, quando o serviço


é executado fora do município, então há a situação de ISS substituição tributária.

TUROS
ESTUDOS FU

Neste Caderno de Estudos veremos apenas o ISS normal. O ISS substituição


tributária será estudado no decorrer do curso de Ciências Contábeis.

E
IMPORTANT

Enquanto as vendas de mercadorias em geral são tributadas pelo ICMS, os


serviços são tributados pelo ISSQN, ou seja, ou um ou outro.

Exemplo: A Oficina Automotiva JJ Ltda. obteve as seguintes receitas no mês


12/x7:

04/12/x7 (1) – Venda de prestação de serviços no valor de R$ 1.000,00 à vista.

12/12/x7 (2) – Venda de mercadorias no valor de R$ 3.000,00 a prazo.


Foram vendidas 60% das mercadorias em estoque.

Obs.: Sabe-se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e


que o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual
do saldo em estoque.

Levando em consideração os seguintes saldos, em 11/x7:

Caixa: R$ 5.000,00
Estoque: R$ 4.000,00
Capital: R$ 9.000,00

E que as vendas de mercadorias têm incidência de ICMS de 17% e as


vendas de prestação de serviços têm incidência de ISSQN de 3%, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;


105
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

• a apuração dos impostos;


• a Demonstração do Resultado do Exercício;
• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamento por meio dos Razonetes:

Demonstração do Resultado do Exercício da Oficina Automotiva JJ Ltda.


em 31/12/x7

QUADRO 22 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

QUADRO 23 – BALANÇO PATRIMONIAL


Ativo 31/12/X7 Passivo 31/12/X7
  Circulante 10.600.00   Circulante 540,00
  Caixa 6.000.00   ICMS a Pagar 510,00
  Clientes   3.000.00   ISSQN a Pagar 30,00
  Estoque 1.600.00   Patrimônio Líquido 10.060,00
      Capital 9.000,00
        Lucro Acumulado 1.060,00
Total do Ativo 10.600.00 Total do Passivo 10.600,00
FONTE: O autor

106
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

No dia 04/12 (1), a venda de prestação de serviços foi registrada da


seguinte forma:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)

C – Venda de Serviços R$ 1.000,00 (registro da receita)

D – ISSQN sobre Venda R$ 30,00 (3% sobre a receita de venda de serviços


1.000,00)

C – ISSQN a Pagar R$ 30,00 (reconhecimento da obrigação)

Considera-se como prestação de serviço o resultado de um trabalho


realizado por um indivíduo, que tem como consequência uma remuneração.
Ocorre a circulação econômica, não de um bem material, mas sim, de capital
intelectual, ou seja, é fornecido o trabalho, e não a mercadoria.

Neste caso, não há nenhum custo a ser baixado, uma vez que na
receita de serviços nenhuma mercadoria foi vendida, fato este que não origina
tributação de ICMS.

NOTA

Gerencialmente, os custos sobre os serviços podem ser considerados como


sendo: mão de obra, depreciação, energia elétrica, dentre outros custos indiretos ou até diretos,
dependendo dos controles da empresa, porém, estes custos são lançados na Demonstração
do Resultado do Exercício para que, quando gerarem receitas, sejam confrontados.

No dia 12/12 (2), a venda de mercadorias foi registrada da seguinte forma:

D – Caixa R$ 3.000,00 (venda a prazo)

C – Receita de Venda R$ 3.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.400,00 (reconhecimento do custo para geração


da receita)

C – Estoque R$ 2.400,00 (60% das mercadorias em estoque)

D – ICMS sobre Venda R$ 510,00 (17% sobre a venda de mercadorias


3.000,00)

C – ICMS a Pagar R$ 510,00 (reconhecimento da obrigação)

107
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Percebe-se que as vendas de mercadorias e prestação de serviços foram


tributadas pelo ICMS e ISS respectivamente, no entanto, a que foi tributada por
um não poderá ser tributada por outro, ou seja, ou há incidência de ICMS ou ISS.

5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E


CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL – COFINS
A COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e o
PIS (Programa de Integração Social) são contribuições que as empresas, em geral,
devem recolher mensalmente, ao Governo Federal, em decorrência de suas receitas,
produtos, mercadorias ou serviços, ou seja, são calculadas sobre as vendas.

As alíquotas do PIS e da COFINS são diferentes uma da outra e, indiferente
da forma em que forem calculadas (cumulativa ou não cumulativa), têm grande
representatividade na tributação das empresas, sejam essas comerciais, industriais
ou prestadoras de serviços.

As alíquotas do PIS são:

• 0,65% quando cumulativo

• 1,65% quando não cumulativo

As alíquotas da COFINS são:

• 3,00% quando cumulativo

• 7,60% quando não cumulativo

A primeira impressão é que, uma vez que ambos são calculados sobre as
vendas, é muito mais vantajoso optar em tributar pela cumulatividade, pois a
alíquota é menor tanto no PIS como na COFINS, porém, na não cumulatividade, as
empresas conseguem obter créditos por algumas de suas compras e estas podem
ser compensadas com o imposto, o que muitas vezes o torna menos oneroso.

A seguir serão apresentadas as duas formas de tributação dessas duas


contribuições, porém, a viabilidade de se optar por uma ou outra depende muito
da atividade da empresa, suas compras e vendas, principalmente, no qual poderá
talvez escolher sua forma de tributação. Não cabe aqui, neste Caderno de Estudos,
apontar a melhor ou a pior forma, mas sim, evidenciar a sua existência para que,
através de um rigoroso estudo, se busque a melhor alternativa para a empresa.

108
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

5.1 REGIME NÃO CUMULATIVO


O regime não cumulativo do PIS foi instituído pela Lei nº 10.637, de 31 de
dezembro de 2002. Já o regime não cumulativo da COFINS foi instituído pela Lei
nº 10.833, de 31 de dezembro de 2003.

As alíquotas para o PIS e a COFINS são, respectivamente, 1,65% e 7,6%


sobre as receitas mensais e sobre os possíveis créditos apurados.

A COFINS e o PIS, com a incidência não cumulativa, têm como fato


gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas
pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação
contábil. Ambos têm a mesma característica, pois permitem o desconto de créditos
apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica.

NOTA

Desde 01.04.2005, está reduzida a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidente


sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de
hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não cumulativa.
O benefício não se aplica aos juros sobre o capital próprio. Consideram-se como receitas
financeiras: juros recebidos, descontos obtidos, receita de aplicação financeira etc.

A principal receita tributária por esse regime é o faturamento da empresa,


porém, pode-se excluir da base de cálculo:

• Exportação de mercadorias para o exterior.

• Prestação de serviços para pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior,


com pagamento em moeda conversível.

• Vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação.

• IPI sobre vendas.

• Vendas Canceladas.

• Vendas do Ativo Permanente.

• Receitas de Exportação ou com fim específico de exportação.

Dentre os principais créditos admissíveis apurados por esse regime para


compensação com os débitos destacam-se:

109
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

I - Bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias sujeitas à


substituição tributária do PIS e COFINS.

II - Bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na


produção ou fabricação de bens ou produtos destinados a venda, inclusive
combustível e lubrificante.

III- Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da Pessoa Jurídica.

IV - Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica,


utilizados nas atividades da empresa.

V - Despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e o


valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de
pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno
Porte – SIMPLES.

VI - Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado


adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na
prestação de serviços.

VII – Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados


nas atividades da empresa.

VIII - Bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado


faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada pela COFINS na
modalidade não cumulativa.

IX - Armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/tributos/cofins_mp135.html>. Aces-


so em: 16 jan 2011.

A seguir será apresentado um exemplo contendo diversas operações, em


que, após sua resolução, o mesmo será apresentado no regime cumulativo do PIS
e COFINS, para melhor entendimento do assunto.

A Empresa Alfa Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em 30/04/x8:

Caixa R$ 30.000,00
Aplicações Financeiras R$ 50.000,00
Capital R$ 80.000,00

Em 05/x8, a Empresa Alfa Ltda. teve as seguintes operações:

110
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

02/05/x8 (1) – Compra de mercadorias para revenda no valor de R$


10.000,00, via caixa.

05/05/x8 (2) – Despesa com energia elétrica, paga via caixa, no valor de R$
1.000,00. Esta operação não gerou crédito de ICMS.

07/05/x8 (3) – Venda de mercadorias no mercado interno (Brasil), no valor


de R$ 15.000,00, à vista. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 60% do saldo
em estoque.

12/05/x8 (4) - Venda de mercadorias para o mercado externo (EUA), no


valor de R$ 4.000,00 a prazo. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 80% do
saldo em estoque.

31/05/x8 (5) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 1.000,00.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime não cumulativo.

• As vendas de exportação são isentas de PIS, COFINS e ICMS, ou seja, não se


incluem na base de cálculo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual


do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

111
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 24 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


  RECEITA OPERACIONAL BRUTA 19.000.00
  VENDA DE MERCADORIAS - Mercado Interno 15.000.00
  VENDA DE MERCADORIAS - Mercado Externo 4.000.00
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (3.937.50)
  IMPOSTOS (3.937.50)
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 15.062.50
(-) CUSTOS OPERACIONAIS (6.785.00)
  CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (6.785.00)
= LUCRO BRUTO 8.277.50
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (907.50)
  DESPESAS ADMINISTRATIVAS E VENDAS (907.50)
+ RESULTADO FINANCEIRO 1.000.00
  RECEITAS FINANCEIRAS 1.000.00
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 8.370.00
FONTE: O autor

112
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Balanço Patrimonial da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 25 – BALANÇO PATRIMONIAL


Ativo 31/05/08 Passivo 31/05/x8
  Circulante 89.590.00   Circulante 1.220.00
  Caixa 34.000.00   ICMS a Pagar 850.00
  Aplicações Financeiras 51.000.00   COFINS a Pagar 304.00
  Clientes   4.000.00   PIS a Pagar 66.00
  Estoque   590.00   Patrimônio Líquido 88.370.00
        Capital 80.000.00
        Lucro Acumulado 8.370.00
Total do Ativo 89.590.00 Total do Passivo 89.590.00
FONTE: O autor

Apuração dos Débitos e Créditos PIS/COFINS

QUADRO 26 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULOS PIS/COFINS – DÉBITOS

FONTE: O autor

QUADRO 27 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULOS PIS/COFINS – CRÉDITOS

FONTE: O autor

113
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

QUADRO 28 – APURAÇÃO DOS SALDOS FINAIS

FONTE: O autor

Tanto o PIS como a COFINS apresentaram débitos bem superiores ao saldo


final a pagar de ambos. Isso representa que, os créditos obtidos no período foram
relevantes na apuração por esse regime. Outro fator importante na apuração foi
a isenção das exportações, que não entraram na base de cálculo, o que, de certa
forma, favorece a empresa, uma vez que ela não precisará pagar tributos sobre
essas vendas.

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

No dia 02/05 (1): compra de mercadorias para revenda:

D – Estoque R$ 7.375,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS, PIS


e COFINS))

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos: R$


10.000,00)

D – PIS a Compensar R$ 165,00 (1,65% de PIS sobre os produtos: R$


10.000,00)

D – COFINS a Compensar R$ 760,00 (7,6% de COFINS sobre os produtos: R$


10.000,00)

C – Caixa R$ 10.000,00 (pagamento à vista)

No dia 05/05 (2): despesa de energia elétrica:

D – Energia Elétrica R$ 907,50 (registro pelo valor líquido (sem PIS e


COFINS))

D – PIS a Compensar R$ 16,50 (1,65% de PIS sobre a despesa: 1.000,00)

114
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

D – COFINS a Compensar R$ 76,00 (7,6% de COFINS sobre a despesa:


1.000,00)

C – Caixa R$ 1.000,00 (pagamento à vista)

No dia 07/05 (3): venda de mercadorias no mercado interno (Brasil):

D – Caixa R$ 15.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 15.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 4.425,00 (reconhecimento do custo para geração da


receita)

C – Estoque R$ 4.425,00 (60% do estoque líquido dos impostos: R$


7.375,00)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.550,00 (17% sobre a venda: R$ 15.000,00)



C – ICMS a Pagar R$ 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

D – PIS sobre Venda R$ 247,50 (1,65% sobre a venda: R$ 15.000,00)



C – PIS a Pagar R$ 247,50 (reconhecimento da obrigação)

D – COFINS sobre Venda R$ 1.140,00 (7,6% sobre a venda: R$ 15.000,00)



C – COFINS a Pagar R$ 1.140,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 12/05 (4): venda de mercadorias para o mercado externo (EUA):

D – Clientes R$ 4.000,00 (venda a prazo: reconhecimento de


um direito)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.360,00 (reconhecimento do custo para geração da


receita)

C – Estoque R$ 2.360,00 (80% do saldo em estoque: 2.950,00)

No dia 31/05 (5): rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira R$ 1.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros


no ativo)

C – Rendimento Aplicação R$ 1.000,00 (registro da receita)

115
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Nas operações de compras que envolvem crédito de PIS e COFINS são


lançados os valores líquidos, tanto na despesa quanto no estoque, uma vez que no
ato é registrada a conta de crédito desses tributos. Este cálculo está evidenciado
no item (1) e (2).

Da mesma forma em que se apura o saldo de ICMS a pagar ou a compensar,


faz-se também a apuração do PIS e da COFINS. Neste exemplo, o saldo dos
débitos (3) foi superior aos dos créditos, resultando, dessa forma, PIS e COFINS a
pagar. Entretanto, nos períodos em que os créditos (compras) forem maiores que
os débitos (vendas), haverá saldo a compensar.

NOTA

Veja que nas vendas destinadas ao mercado externo (4) há isenção dos tributos
aqui calculados. Esse é um benefício que o governo dá às empresas, incentivando esse tipo
de operação. Dessa forma, as empresas que têm boa parte de seu faturamento destinado
ao mercado externo, mesmo tendo sempre as vendas superiores às compras, terão saldo de
ICMS, PIS e COFINS a compensar. Esses impostos, por sua vez, poderão ser compensados com
outros de sua mesma natureza, o que aumenta ainda mais o benefício de se exportar. Porém,
outros fatores devem ser analisados em relação ao custo/benefício de se vender ou não para
o mercado externo, como, por exemplo: fretes, preparação dos produtos, valor da moeda etc.

5.2 REGIME CUMULATIVO


O regime cumulativo do PIS e da COFINS foi instituído pela Lei nº
9.718, de 27 de novembro de 1998. As alíquotas para o PIS e a COFINS são,
respectivamente, 0,65% e 3% sobre as receitas brutas.

De acordo com o artigo 2º da Lei nº 9.718/98, entende-se por receita bruta


a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, desde que seja de sua
atividade operacional, primária ou secundária.

A partir da Lei nº 11.941, de 28 de abril de 2009, as empresas não precisarão


tributar PIS e COFINS sobre receitas que não são exclusivamente de sua atividade,
como, por exemplo, as receitas financeiras de juros recebidos, descontos obtidos,
receitas de aplicação financeira, as receitas de aluguéis recebidos etc.

A principal receita tributada por esse regime é o faturamento da empresa,


porém, pode-se excluir da base de cálculo:

• Receitas de Exportação.
• Receitas Isentas não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, com
Suspensão ou Sujeitas à Alíquota Zero.

116
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

• IPI e ICMS/Substituto Tributário.


• Receitas de Variações Cambiais Auferidas no Mês.
• Reversão de Provisões e Recuperação de Créditos Baixados como Perda.
• Resultados Positivos em Participações Societárias e em SCP.
• Vendas de Bens do Ativo Permanente.
• Vendas de Produtos Sujeitas à Substituição.
• Vendas de Produtos com Alíquotas Diferenciadas.
• Vendas Sujeitas a Alíquotas por Unidade de Produto.
• Receitas de Vendas Auferidas no Âmbito do MAE.
• Exclusões Permitidas às Sociedades Cooperativas

Neste regime de apuração, além das alíquotas serem menores, a empresa


não gera créditos para compensar com seus possíveis débitos do PIS e COFINS.

Agora, com base nas mesmas informações do exemplo da Empresa Alfa


Ltda., faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;


• a apuração dos impostos (créditos e débitos);
• a demonstração do resultado do exercício;
• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

117
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 29 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 30 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

118
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

Apuração dos Débitos e Créditos PIS/COFINS

QUADRO 31 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO PIS/COFINS – DÉBITOS

FONTE: O autor

Neste regime não há créditos de PIS e COFINS a serem calculados, entretanto,


as alíquotas desses tributos são menores do que no regime não cumulativo. Da
mesma forma, as exportações são isentas, ou seja, não foram tributadas. Pelo fato
de haver créditos com valores relevantes, no regime não cumulativo, foi apurado
um saldo de PIS e COFINS a pagar, inferior ao regime cumulativo:

Regime cumulativo
PIS: R$ 97,50
COFINS: R$ 450,00
Saldo a Pagar: R$ 547,50

Regime não cumulativo


PIS: R$ 66,00
COFINS: R$ 304,00
Saldo a Pagar: R$ 370,00

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

No dia 02/05 (1): compra de mercadorias para revenda:

D – Estoque R$ 8.300,00 (entrada pelo valor líquido


(sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os


produtos: 10.000,00)

C – Caixa R$ 10.000,00 (pagamento à vista)


119
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

No dia 05/05 (2): despesa de energia elétrica:

D – Energia Elétrica R$ 1.000,00 (registro pelo valor total)

C – Caixa R$ 1.000,00 (pagamento à vista)

No dia 07/05 (3): venda de mercadorias no mercado interno (Brasil):

D – Caixa R$ 15.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 15.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 4.980,00 (reconhecimento do custo para geração


da receita)

C – Estoque R$ 4.980,00 (60% do estoque líquido dos impostos:


8.300,00)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.550,00 (17% sobre a venda: 15.000,00)



C – ICMS a Pagar R$ 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

D – PIS sobre Venda R$ 97,50 (0,65% sobre a venda: 15.000,00)



C – PIS a Pagar R$ 97,50 (reconhecimento da obrigação)

D – COFINS sobre Venda R$ 450,00 (3% sobre a venda: 15.000,00)



C – COFINS a Pagar R$ 450,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 12/05 (4): venda de mercadorias para o mercado externo (EUA):

D – Clientes R$ 4.000,00 (venda a prazo: reconhecimento de


um direito)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.656,00 (reconhecimento do custo para geração


da receita)

C – Estoque R$ 2.656,00 (80% do saldo em estoque: 3.320,00)

120
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

No dia 31/05 (5): rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira R$ 1.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros


no ativo)

C – Rendimento Aplicação R$ 1.000,00 (registro da receita)

As compras são lançadas pelo valor total, apenas descontando o ICMS


quando houver. Este cálculo está evidenciado no item (1) e (2). Dessa forma, os
valores registrados nas compras são superiores pelo fato de não estarem sendo
descontados créditos de PIS e COFINS, o que, consequentemente, provoca um
saldo maior no estoque final pelo regime cumulativo.

DICAS

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura


complementar do texto a seguir, de parte do artigo de Manuel Perez Matinez (2002),
originalmente publicado no IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. A partir
dele, você terá mais visível o papel do contador frente ao atual cenário tributário brasileiro.

121
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

LEITURA COMPLEMENTAR

O CONTADOR DIANTE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Manuel Perez Matinez

O mundo globalizado, o mercado competitivo e o pesado ônus tributário


que sufoca as empresas requerem do profissional da contabilidade, a todo
instante, práticas de gerenciamento eficazes para preservar a continuidade do
empreendimento. Procurar formas lícitas para reduzir o pagamento de tributos
e ao mesmo tempo estar atento às mudanças da legislação é uma necessidade
imprescindível para maximização dos lucros das empresas, para manutenção dos
negócios e melhorar os níveis de empregos. Esses fatos importantes requerem a
participação ativa do contador.

Conforme a Consultoria Trevisan, “gerenciar impostos é administrar


custos – particularmente no Brasil, cujo sistema tributário, além de complexo,
passa por frequentes alterações, acrescentando dificuldades imprevistas para o
gerenciamento dos negócios”.

Em época de mercado competitivo e recessivo, de aumento da concorrência


entre as empresas nacionais, o planejamento tributário assume um papel
de extrema importância na estratégia e finanças das empresas, pois, quando
se analisam os balanços das mesmas, percebe-se que os encargos relativos a
impostos, taxas e contribuições são, na maioria dos casos, mais representativos
do que os custos de produção.

Quando se pensa em realizar algo de forma clara e objetiva no âmbito


empresarial está se decidindo pelo planejamento, isto é, por um projeto de
previsão das necessidades e realizações, sendo o contador figura de destaque
no instante de implementar esse ferramental valioso de gestão: o planejamento
tributário. Com isso, estará colaborando decisivamente para a continuidade do
negócio e consequente manutenção de empregos.

Em nosso entendimento, o planejamento tributário consiste em um


conjunto de medidas contínuas que visam à economia de tributos, de forma legal,
levando-se em conta as possíveis mudanças rápidas e eficazes, na hipótese do
fisco alterar as regras fiscais.

Quando se trabalha o planejamento tributário, busca-se, através da ação


do contador ou em conjunto com profissional da área jurídica, promover menor
impacto no fluxo de caixa da empresa. As grandes empresas já contemplam, hoje, em
sua estrutura organizacional, um Comitê de Planejamento Tributário, constituído
por pessoas de várias formações e segmentos para tratar especificamente desse
grande projeto.

Dentre as finalidades do planejamento tributário, destaca-se:


122
TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

• evitar a incidência do tributo - nesse caso, adotam-se procedimentos com o


fim de evitar a ocorrência do fato gerador;

• reduzir o montante do tributo - as providências serão no sentido de reduzir a


base de cálculo ou alíquota do tributo;

• retardar o pagamento do tributo - o contribuinte adota medidas que têm por


fim postergar o pagamento do tributo, sem ocorrência da multa.

O planejamento tributário existe para todas as esferas do Poder Legislativo,


quer seja municipal, estadual ou federal, e a pergunta que se faz é: estão os
contadores preparados adequadamente para efetuar o planejamento tributário?
Estão efetivamente gerenciando os impostos de seus clientes ou empregador? Estão
procurando formas lícitas de pagar menos tributos? Estão preferindo aplicar opções
legais mais simplificadas que lhes tiram maiores responsabilidades e competências?

FONTE: Adaptado de: MARTINEZ, Manuel Perez. O contador diante do planejamento tributário.
Disponível em: <http://www.classecontábil.com.br>. Acesso em: 15 out. 2008.

O autor deixa as perguntas no ar para que nós, da área contábil, possamos


nos perguntar: qual a minha participação nas possíveis resoluções dessas
indagações? O que eu faço ou posso fazer? Estou preparado profissionalmente?

Procurar novos conhecimentos e estar sempre atualizado faz parte do


cotidiano do contador. Ninguém mais do que ele pode dar direção ao tumultuado
mundo da legislação tributária.

Realmente, a carga tributária no Brasil é uma das mais altas e complexas


do planeta. Este é um dos motivos que levam boa parte das empresas a contratar
consultorias voltadas a esta área, para que possam, de alguma forma, reduzir
seus tributos. O contador, por sua vez, é a pessoa qualificada e preparada para
dar essa consultoria.

Gerenciar não só os tributos, mas também os demais setores das empresas,


como os de produção, compras, vendas etc. e fazer parte da própria administração,
está cada vez mais se tornando realidade para os contadores.

Entretanto, as várias mudanças que vêm acontecendo na área fiscal, nos


últimos anos, estão tomando muito tempo do contador. As principais mudanças
que merecem ser destacadas são: a adoção da substituição tributária e do SPED.

Esse tempo, tão precioso para o contador, que deveria ser destinado ao
planejamento tributário e à contabilidade gerencial, está absorvido para resolver
problemas relacionados à substituição tributária e o SPED. Porém, espera-se que,
a partir do momento em que essas mudanças estejam sob controle, o contador
volte às áreas gerenciais e de planejamento com até mais tempo disponível do
que tinha antes.

123
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos os principais tributos incidentes sobre as compras e
vendas de mercadorias, desde o cálculo até sua contabilização e evidenciação na
Demonstração do Resultado do Exercício e no Balanço Patrimonial. Observamos
a cumulatividade e não cumulatividade, o efeito que ambos geram nas
demonstrações contábeis. Destacamos a importância de o contador estar atento
à legislação, pois depende dele, principalmente, o planejamento tributário das
empresas. Observamos que os tributos são destinados a três esferas: federal,
estadual e municipal, entretanto, depende, principalmente, da atividade da
empresa qual a melhor forma de tributação a ser escolhida.

124
AUTOATIVIDADE

1 A Empresa Malta Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em


30/06/08:

Caixa R$ 20.000,00
Aplicações Financeiras R$ 30.000,00
Capital R$ 50.000,00

No mês 07/x8 ela apresentou a seguinte movimentação:

04/07/x8 (1) - Compra de mercadorias a prazo, no valor de R$ 5.000,00, com


17% de crédito de ICMS.

05/07/x8 (2) – Venda de 50% da mercadoria (no mercado interno (Brasil),


adquirida em 04/07/x8, por um total de R$ 4.000,00 a prazo, com 17% de débito
de ICMS.

10/07/x8 (3) – Rendimento da aplicação financeira, no valor de R$ 800,00.

21/07/x8 (4) – Despesa com energia elétrica, paga via caixa, no valor de R$
2.000,00. Esta operação não gerou crédito de ICMS.

28/07/x8 (5) - Venda de mercadorias para o mercado externo (EUA), no valor


de R$ 6.000,00 a prazo. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 80% do
saldo em estoque.

Sabe-se que:

A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

• As vendas de exportação são isentas de PIS, COFINS e ICMS, ou seja, não se


incluem na base de cálculo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV- é definido com base no


percentual do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração do PIS e COFINS;


125
• a demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

Caixa     Capital     Estoque


D C     D C     D C
                   
                   
                   
                   
Clientes     ICMS a Compensar     Venda de Mercadorias
D C     D C     D C
                   
                   
                   
                   
C.M.V.     ICMS sobre Vendas     ICMS a Pagar
D C     D C     D C
                   
                   
                   
                   
COFINS sobre
    PIS sobre Vendas     Aplicações Financeiras
Vendas
D C     D C     D C
                   
                   
                   
                   
Rendimento
    Energia Elétrica     COFINS a Pagar
Aplicações
D C     D C     D C
                   
                   
                   
Fornecedores     PIS a Pagar   Lucros Acumulados
D C   D D     D C
           
           

126
Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício

127
Balancete Patrimonial da Empresa Malta Ltda.

Ativo 31/07/x8 Passivo 31/07/x8


  Circulante ...................   Circulante ...................
  .................................. ...................   .................................. ...................
  .................................. ...................   .................................. ...................
  .................................. ...................   .................................. ...................
  .................................. ...................   Patrimônio Líquido ...................
  .................................. ...................   .................................. ...................
  .................................. ...................   .................................. ...................
Total do Ativo   Total do Passivo  

2 A empresa Vende Mais S/A está querendo saber qual o valor que deve
cobrar de um de seus clientes, sabendo que:

Valor do custo da mercadoria: R$ 1.000,00


Margem de ganho esperada sobre venda: 11,45%
Alíquota incidente de ICMS: 17%. Qual valor que a empresa Vende Mais
S/A deverá cobrar?

3 Assinale a alternativa correta. Haverá o DIFA nos seguintes casos:

a) ( ) Venda de mercadoria destinada à industrialização.


b) ( ) Venda de mercadoria destinada à revenda.
c) ( ) Caso o percentual da alíquota interna seja inferior ao da alíquota
interestadual
d) ( ) Na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas
para o ativo imobilizado, desde que o percentual da alíquota interna
seja superior ao da alíquota interestadual ou que não haja qualquer
tipo de benefício fiscal.

4 Em 01/03/2010, o Comércio de Peças LL Ltda. (EMPRESA NORMAL),


adquiriu DENTRO DO ESTADO, um caminhão para uso operacional,
no valor de 129.960,00 com ICMS incluso em 17%. O valor totalmente
financiado. Qual o valor de crédito de ICMS que a empresa poderá utilizar
em conta gráfica já em 03/2010, referente a esta operação?

5 No mês de janeiro de 2010, a empresa LL Calculadoras S/A, optante pelo


lucro real, comprou mercadorias para revenda, no valor total R$ 78.000,00
à vista, as quais geraram créditos de PIS em 1,65%, COFINS em 7,6% e
ICMS em 17%. Faça a contabilização dessa operação.

128
D/C Conta Contábil Valor em R$
...... ...................................................... . ...............................
...... ...................................................... . ...............................
...... ...................................................... . ...............................
...... ...................................................... . ...............................
...... ...................................................... . ...............................

6 Assinale a alternativa correta. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL)


comprou mercadorias, onde a Nota Fiscal era assim composta: R$ 10.000,00
o valor das mercadorias, com 17% de ICMS e 15% de IPI, resultando num
total de R$ 11.500,00 o valor total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa
pode se creditar do ICMS, mas não do IPI. Nesse caso, o valor a ser lançado
no estoque é de:

a) ( ) R$ 8.300,00.
b) ( ) R$ 9.800,00.
c) ( ) R$ 11.500,00.
d) ( ) R$ 10.00,00.

7 Assinale a alternativa correta. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL)


comprou produtos onde a Nota Fiscal era assim composta: R$ 11.000,00 o
valor das mercadorias, com 17% de ICMS e 10% de IPI, resultando num
total de R$ 12.100,00 o valor total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa
pode se creditar do ICMS e do IPI. Nesse caso, o valor a ser lançado no
estoque é de:

a) ( ) R$ 12.100,00.
b) ( ) R$ 9.130,00.
c) ( ) R$ 11.000,00.
d) ( ) R$ 8.833,00.

Tendo como base, as informações referentes ao Balanço Patrimonial –


Cia. do Vale (EMPRESA NORMAL), responda as questões 8 e 9, a seguir:

Cia. do Vale informações do Balanço Patrimonial encerrado em


31/12/2007:

Caixa R$ 10.000,00
Estoque R$ 24.600,00
Capital R$ 34.600,00

Assista ao vídeo de Assista ao vídeo de


resolução da questão 5 resolução da questão 6

129
8 Assinale a alternativa correta. Em 01/2008, a única transação da Cia. do Vale
foi a venda de 10% do saldo em estoque, apurado em 31/12/2007, por R$
5.000,00 a prazo com incidência de 17% de ICMS. Em 31/01/2008, no balancete
de apuração, foi então constatado que:

a) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 5.000,00.


b) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 1.690,00.
c) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 4.150,00.
d) ( ) Havia um resultado líquido negativo de R$ 2.460,00.

9 Assinale a alternativa correta. Em 01/2008, a única transação da Cia. do Vale


foi a venda de 10% do saldo em estoque, apurado em 31/12/2007 por R$
5.000,00 a prazo com incidência de 17% de ICMS. Em 31/01/2008, no balancete
de apuração, foi então constado que:

a) ( ) Houve um aumento do passivo e uma redução do resultado líquido da


empresa.
b) ( ) Houve um aumento do ativo e do resultado líquido da empresa.
c) ( ) Não houve alteração do saldo do ativo, mas o resultado líquido da
empresa aumentou.
c) ( ) Não houve alteração do saldo do ativo, mas o passivo aumentou.

10 Calcule o quadro a seguir com as seguintes informações: Venda INTERNA


de R$ 200,00 em latas de tinta e com 10% de IPI, dentro do Estado de Santa
Catarina (mercadoria destinada para revenda). Margem de Lucro 35%.
Alíquota interna 17%.

Valor da Mercadoria
(+) Valor do IPI
(=) Valor de partida (mercadoria + IPI)
(+) Margem de Lucro 35%
(=) BASE DE CÁLCULO DO S.T.
(x) Alíquota Interna 17%
(=) ICMS Apurado
(-) ICMS do Remetente (próprio)
(=) ICMS Substituição Tributária

130
UNIDADE 2 TÓPICO 2

OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E


VENDAS DE MERCADORIAS

1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico veremos as principais operações que afetam as
compras e vendas de mercadorias. Conheceremos operações envolvendo métodos
de registros contábeis diferentes, gastos que podem ser incorporados ao custo
das mercadorias adquiridas e transações relacionadas às compras, às vendas, às
devoluções, aos abatimentos e descontos.

Veremos que as empresas têm a possibilidade de não manter um registro


contábil de estoque para cada compra ou venda que efetuar, podendo assim,
registrar tudo em contas de despesas e receitas, para que somente no final do
período se apure quanto de estoque há e qual o custo da mercadoria vendida.
Esse método chama-se Sistema de Inventário Periódico. Até o momento vínhamos
estudando o Sistema de Inventário Permanente, em que para cada transação era
movimentada conta estoque no ativo circulante.

2 REGISTRO EM CONTAS DESDOBRADAS


Para que a contabilidade seja mais eficaz na análise gerencial de todas as
operações que envolvam as compras e vendas de mercadorias, a empresa deve
utilizar contas desdobradas, ou seja, ela deverá criar tantas contas quanto necessário
para registrar suas operações, por exemplo: Estoque de Mercadorias, Vendas,
Compras, Devolução de Compras, Devolução de Vendas, Fretes sobre Compras,
Frete sobre Vendas, Abatimentos sobre Compras, Abatimentos sobre Vendas etc.

Para melhor entendimento de todas essas nomenclaturas de contas,


faz-se necessário conhecer o Sistema de Inventário Periódico e o Sistema de
Inventário Permanente.

131
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

NOTA

A empresa não precisará, necessariamente, manter um controle de estoque


atualizado por operação na contabilidade, ou seja, para cada venda ou compra que efetuar,
não precisará dar a entrada ou a saída da conta estoque, reconhecendo assim o Custo
da Mercadoria Vendida somente no final do período, com a contagem do mesmo. Nas
compras, por exemplo, é debitada uma conta de despesa, ao invés da conta estoque. Essa
forma de registro será vista no decorrer desse tópico.

3 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO E SISTEMA DE


INVENTÁRIO PERMAMENTE
No Sistema de Inventário Periódico é feita a contagem do estoque
ocasionalmente, dessa forma, o Custo das Mercadorias ou Produtos vendidos é
conhecido somente nessa fase. Essa contagem, geralmente, é feita no final do mês,
trimestre, semestre ou ano.

De acordo com Iudícibus e Marion (2008, p. 86):

No final do período é feito um inventário físico das mercadorias


existentes, o qual, após valorado, passa a se constituir no valor do
Estoque Final. Como era conhecido o valor do Estoque Inicial e como
as Compras foram registradas, o fato de estar sendo conhecido o
valor do Estoque Final (via inventário físico) permite obter o CMV do
período através da fórmula: CMV = EI + C – EF.

No qual:

CMV = Custo das Mercadorias Vendidas.


EI = Estoque Inicial.
C = Compras (lançadas diretamente na Demonstração do Resultado do
Exercício).
EF = Estoque Final.

Esse é um sistema simplificado que dispensa controles contábeis rigorosos


e pessoal especializado para sua execução, porém, uma vez que a contagem é feita
de tempos em tempos, e na contabilidade será utilizado como base o relatório de
estoque final, é preciso ter os seguintes cuidados:

a) Se relatório de estoque final estiver incorreto e lançado, a maior haverá CMV


menor do que o real.

b) Se relatório de estoque final estiver incorreto e lançado, a menor haverá CMV


maior do que o real.

132
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Por exemplo, suponhamos que a Empresa Mais Controle Ltda. apresente


os seguintes saldos e operações:

a) Saldo de Estoque Inicial em 31/12/x7:

100 unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 1.000,00 em estoques.

b) Operações realizadas em 10/01/x8:

Compra de 30 Unidades a R$ 10,00 cada, por um total de R$ 300,00, à vista.

Venda de 80 Unidades, por um total de R$ 1.600,00, à vista.

c) Relatório de Estoque Final cedido pela empresa (através de contagem física),


em 31/01/x8.

50 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 500,00 em estoques.

Contabilmente, os registros contábeis seriam feitos dessa forma:

No dia 10/01: compra de 30 Unidades

D – Compra de Mercadorias R$ 300,00 (lançamento como despesa na DRE)


C – Caixa R$ 300,00 (venda à vista)

No dia 10/01: venda de 80 Unidades

D – Caixa R$ 1.600,00 (venda à vista)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.600,00 (lançamento como receita na DRE)

Perceba que em nenhum momento foi movimentado, contabilmente, o


estoque, ou seja, após essas operações, o estoque contábil ainda é de R$ 1.000,00.
Apenas as contas de resultado são movimentadas nas operações, facilitando
os registros contábeis. Contudo, de que forma ajustar o estoque em 31/01/x8 e
reconhecer o CMV do período?

Através da seguinte fórmula: CMV = EI + C – EF. Então, teríamos:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 500,00 = 800,00.

Porém, sabe-se que o estoque está avaliado por R$ 1.000,00 no ativo


circulante e na DRE já estão lançados como despesas os R$ 300,00 da compra
efetuada em 10/01/x8. Sendo assim, parte dos R$ 800,00 do CMV calculado já está
lançado como compras no valor de R$ 300,00, então, contabilmente, é necessário
lançar apenas a diferença entre o saldo inicial de estoques e o seu saldo final: EI –
EF, ou 1.000,00 – 500,00 = 500,00, para não incorrer em erro e baixar mais do que
o necessário da conta estoque.

133
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

NOTA

Assim que o CMV for calculado, basta apenas lançar a diferença entre o estoque
já constante (EI) e o relatório cedido pela empresa (EF).

O lançamento contábil de ajuste em 31/01/x8, seria esse:

D – CMV R$ 500,00 (reconhecimento do custo, diferença entre o EI - EF)


C – Estoque R$ 500,00 (baixa do estoque)

Esse lançamento de “ajuste de estoques” é feito somente no final do


período, após estar ciente do saldo de estoque final fornecido pela empresa. O
lançamento de ajuste é de R$ 500,00 e não de R$ 800,00 pelo fato de se reconhecer
somente a diferença nos estoques e dos R$ 300,00 já reconhecidos como despesas.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00
- CMV R$ 800,00 (R$ 300,00 de compra + R$ 500,00 da variação de estoques)
= Lucro R$ 800,00

Entretanto, caso a empresa tivesse fornecido o relatório de estoque final


incorreto, por exemplo, 60 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 600,00 em
estoques, teríamos o seguinte CMV:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 600,00 = 700,00.

Veja que, por um descuido, a empresa estaria reconhecendo um estoque a


maior (R$ 600,00 ao invés de R$ 500,00), valorizando o mesmo e, consequentemente,
um CMV a menor, aumentando os lucros do período.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00
- CMV R$ 700,00 (R$ 300,00 de compra + R$ 400,00 da variação de estoques)
= Lucro R$ 900,00

Porém, se caso a empresa tivesse fornecido o relatório de estoque final


incorreto a menor, por exemplo, 40 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 400,00
em estoques, teríamos o seguinte CMV:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 400,00 = 900,00.

134
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Dessa forma, também por um descuido, a empresa estaria reconhecendo


um estoque a menor (R$ 400,00 ao invés de R$ 500,00), desvalorizando o mesmo
e, consequentemente, um CMV a maior, diminuindo os lucros do período.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00
- CMV R$ 900,00 (300,00 de compra + 600,00 da variação de estoques)
= Lucro R$ 700,00

Por isso, sugere-se que quando se utiliza o Sistema de Inventário Periódico,


o relatório de estoques final, que é fornecido pela empresa, deve estar totalmente
correto, caso contrário, contabilmente, se terá além de estoques avaliados
incorretamente também um resultado do exercício inconsistente.

Já no Sistema de Inventário Permanente as variações nos estoques são


lançadas no ato da compra, venda ou qualquer operação que possa vir a modificá-
lo, não necessitando, dessa forma, que a empresa forneça o relatório de estoques
existentes para que se apure o CMV.

Segundo Iudícibus e Marion (2008, p. 86), “no inventário permanente, a


cada venda efetuada, a empresa controla cada item de estoque negociado. Isso
permite que se conheça após cada operação (quer de compra quer de venda) o
nível de seus estoques”.

NOTA

Mesmo utilizando o Sistema de Inventário Permanente, é preciso que, de


tempos em tempos, haja a confrontação do estoque contábil e o físico da empresa. Essa
operação tende a impedir, por exemplo, o furto ou extravio de materiais, além de manter o
saldo contábil de estoques sempre atualizado.

Tendo como base o exemplo a Empresa Mais Controle Ltda., serão


demonstrados, a seguir, os lançamentos pelo Sistema de Inventário Permanente:

No dia 10/01: compra de 30 Unidades

D – Estoque de Mercadorias R$ 300,00 (lançamento no ativo circulante)


C – Caixa R$ 300,00 (compra à vista)

No dia 10/01: venda de 80 Unidades

135
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

D – Caixa R$ 1.600,00 (venda à vista)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.600,00 (lançamento como receita na DRE)
D – CMV R$ 800,00 (reconhecimento do custo)
C – Estoque de Mercadorias R$ 800,00 (baixa do estoque)

Note que, no Sistema de Inventário Permanente as compras são lançadas


diretamente no estoque e, nas vendas, o CMV já é reconhecido durante a operação.
Diferente do Sistema de Inventário Periódico, neste é movimentado o estoque e
reconhecido o CMV em cada operação.

Nesse caso a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00
- CMV R$ 800,00
= Lucro R$ 800,00

No final do mês não há nenhuma diferença nos saldos, ou seja, o estoque


totalizou R$ 500,00 e o lucro ficou em R$ 800,00, igual nos dois métodos.

O resultado em si não se altera, apenas a forma em que se chega até ele.


Quando se utiliza o Sistema de Inventário Permanente, os controles precisam ser
mais rigorosos, além de aumentar o número de lançamentos contábeis e tomar
mais tempo de contador. Porém, as informações sobre saldos de estoques e
custos desses são apuradas a qualquer tempo, o que de fato propicia uma grande
vantagem na tomada de decisão.

Não há nenhum impedimento das empresas utilizarem o Sistema de


Inventário Periódico ou o Sistema de Inventário Permanente, porém, destaca-se
que os registros devem ser feitos em contas desdobradas.

Por exemplo, uma compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00 à vista,


poderia ser registrada:

a) No inventário Periódico – é registrada qualquer operação que envolva o


estoque em contas de despesas na Demonstração do Resultado do Exercício -
DRE e, no final do período, é contado o estoque e apurado o CMV:

D – Compra de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como despesa na DRE)


C – Caixa R$ 1.000,00 (compra à vista)

b) No inventário Permanente - as operações são lançadas em contas diretamente


no estoque dentro do Ativo Circulante e se passa a conhecer o CMV já no ato
da venda:

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento no Ativo Circulante - AC)


C – Caixa R$ 1.000,00 (compra à vista)

136
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Já uma venda, por exemplo, no valor de R$ 1.000,00 à vista, poderia ser


registrada da seguinte forma:

No Inventário Periódico:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

No Inventário Permanente: nesse sistema é necessário reconhecer qual o


valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo.
Suponhamos, então, que o CMV seja de R$ 400,00:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 400,00 (reconhecimento do custo na DRE)


C – Estoque de Mercadorias R$ 400,00 (baixa do estoque – atualização
instantânea no AC)

4 FRETES E SEGUROS SOBRE COMPRAS


Algumas despesas necessárias para a aquisição de mercadorias podem
ser agregadas aos seus custos, como é o caso, por exemplo, de fretes e seguros
sobre compras.

Conforme Iudícibus e Marion (2008, p. 97), “o custo real de uma


mercadoria adquirida não é somente o constante de nota fiscal, mas o que resulta
da soma desta com todas as despesas necessárias para a colocação do produto em
condições de venda”.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Só Parafuso Ltda., determinada


mercadoria adquirida por R$ 900,00 teve também despesas com fretes no valor de
R$ 100,00 e seguros no valor de R$ 50,00, ambas à vista. Sabe-se que a empresa adota
o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que tanto a mercadoria
adquirida como o frete têm incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia
ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 747,00 (despesa da compra de mercadoria – valor


sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo


Circulante)

D – Frete sobre Compras R$ 83,00 (despesa do frete sobre compra – valor


sem ICMS)
137
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (ICMS sobre o frete – Ativo Circulante)

D – Seguro sobre Compras R$ 41,50 (despesa do seguro sobre compra – valor


sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 8,50 (ICMS sobre o seguro – Ativo Circulante)

C – Caixa R$ 1.050,00 (pagamento à vista)

Pelo registro com inventário permanente:

D – Estoque de Mercadorias R$ 747,00 (ativo circulante: compra de mercadoria:


valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria –


Ativo Circulante)

D – Estoque de Mercadorias R$ 83,00 (ativo circulante: frete sobre compra:


valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (ICMS sobre o frete – Ativo Circulante)

D – Estoque de Mercadorias R$ 41,50 (ativo circulante: seguro sobre


compra: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 8,50 (ICMS sobre o seguro – Ativo Circulante)

C – Caixa R$ 1.050,00 (pagamento à vista)

Percebe-se que pelos dois métodos as despesas referentes às compras são


agregadas a ela. No cálculo do valor unitário de cada mercadoria, utilizando o
registro com inventário permanente, deve ser considerado o valor total do estoque,
inclusive com os valores de fretes e seguros sobre as compras. Nesse caso, por
exemplo, se caso houvesse R$ 1.000 unidades no estoque, o custo unitário seria
de R$ 0,8715 (871,50 / 1000 un). Entretanto, se, por exemplo, na venda dessas
mercadorias houver frete, esse deve ser considerado como frete sobre vendas e
não deve ser agregado às compras, uma vez que já faz parte do processo de venda.

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um


lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que o
valor da mercadoria, do seguro e do frete seja reconhecido pelo seu valor líquido.
Nesta operação, o saldo de ICMS a Compensar totalizou 178,50 (153,00 + 17,00
+ 8,50). Esse valor poderá ser compensado com os possíveis débitos das vendas,
conforme já exposto neste Caderno de Estudos na Unidade 2, Tópico 1.

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo
“cálculo dos impostos”:

138
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

QUADRO 32 – NOTA FISCAL – FRETE E SEGURO SOBRE COMPRAS


BC DO ICMS VALOR DO VALOR DOS
BASE DE CÁLCULO
ICMS ICMS ST PRODUTOS
ICMS ST
R$ 1.050,00 R$178,50 R$ 900,00
FRETE SEGURO IPI VALOR TOTAL DA
DESCONTOS
NOTA
R$ 100,00 R$ 50,00 R$ 1.050,00
FONTE: O autor

5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS


Quando na compra de mercadorias constatar se o fornecedor, por qualquer
motivo, não atendeu às expectativas do pedido, a empresa compradora poderá
pedir um abatimento no preço de compra. O abatimento ocorre normalmente por
algum defeito, avaria ou algo que esteja em inconformidade com o pedido.

O abatimento sobre compra ocorre depois que a mercadoria for recebida,


pois é somente nesta fase que é descoberto o problema. Uma vez dado o abatimento
sobre o preço, que é uma redução dele, a empresa compradora poderá optar em
ficar com as mercadorias ao invés de devolvê-las.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Estamparia Ltda. determinada


mercadoria foi adquirida por R$ 900,00 a prazo, e ao ser conferida na entrega,
constatou-se que a cor era diferente daquela que havia sido solicitada no pedido.
Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de R$ 100,00 sobre o total da
Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS
e da COFINS e que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Essa
operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 747,00 (despesa da compra de mercadoria – valor


sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria –


Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 900,00 (reconhecimento da obrigação)

D – Fornecedores R$ 100,00 (compensação de parte da obrigação pelo


abatimento)

C – Abatimento s/ Compra R$ 100,00 (receita obtida pelo abatimento - DRE)

Pelo registro com Inventário Permanente:

139
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

D – Estoque de Mercadorias R$ 747,00 (ativo circulante: compra de mercadoria: valor


sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria


– Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 900,00 (reconhecimento da obrigação)

D – Fornecedores R$ 100,00 (compensação de parte da obrigação pelo


abatimento)

C – Estoque de Mercadorias R$ 100,00 (baixa de parte do custo do estoque no ativo


circulante)

Nota-se que a obrigação junto ao fornecedor, é, no ato, diminuída pelo


abatimento. No sistema de Inventário Periódico, o abatimento é registrado
numa conta de resultado a crédito, gerando, assim, uma receita para contrapor a
despesa gerada na compra. Já no sistema de Inventário Permanente, o abatimento
é registrado na conta estoque do ativo circulante, uma vez que dessa forma, por
haver alguma imperfeição na mercadoria, essa estará avaliada por um valor
inferior à compra, gerando um CMV menor quando for vendida. Nesse caso, por
exemplo, caso houvesse 100 unidades no estoque, o custo unitário seria de R$ 6,47
(900,00 – 153,00 - 100,00 / 100 un).

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um


lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que
o valor da mercadoria seja reconhecido pelo seu valor líquido. Nesta operação,
o saldo de ICMS a Compensar totalizou R$ 153,00. Esse valor poderá ser
compensado com os possíveis débitos das vendas.

Neste caso, na Nota Fiscal, não é destacado nenhum valor que evidencie
o abatimento, uma vez que este é apenas constatado após a emissão da referida
nota, ou seja, no recebimento das mercadorias.

6 DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS


Diferente do abatimento, o desconto incondicional obtido é aquele que
a empresa compradora consegue junto ao fornecedor no ato da compra, dessa
forma, na própria Nota Fiscal já é destacado o desconto.

Esse fato, geralmente, ocorre para bonificar o comprador pela quantidade


comprada, pelo tempo de relação comercial e entre outros motivos internos, que
não contemplam quaisquer problemas nas mercadorias.

Pelo fato do desconto estar na própria nota fiscal, não há motivo para o
seu lançamento contábil, por exemplo: suponhamos que na empresa Aço Brasil

140
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Ltda., determinada mercadoria foi adquirida por R$ 900,00 a prazo, mas, no


ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota fiscal
foi emitida no valor total de R$ 850,00, valor este que será lançado na empresa
compradora. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do
PIS e da COFINS e que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS.
Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 705,50 (despesa da compra de mercadoria – valor


sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 144,50 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo


Circulante)

C – Fornecedores R$ 850,00 (reconhecimento da obrigação)

Pelo registro com Inventário Permanente:

D – Estoque de Mercadorias R$ 705,50 (ativo circulante: compra de mercadoria:


valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 144,50 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo


Circulante)

C – Fornecedores R$ 850,00 (reconhecimento da obrigação)

Verifica-se que não há menção do desconto, uma vez que o total da Nota Fiscal
é de R$ 850,00. No sistema de Inventário Permanente, caso houvesse, por exemplo,
10 unidades no estoque, o custo unitário seria de R$ 70,55 (850,00 – 144,50 / 10 un).

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um


lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que
o valor da mercadoria seja reconhecido pelo seu valor líquido. Nesta operação,
o saldo de ICMS a Compensar totalizou R$ 144,50. Esse valor poderá ser
compensado com os possíveis débitos das vendas.

NOTA

Quase todos os impostos incidem sobre o valor líquido destacado no exemplo,


ou seja, sobre os R$ 850,00. Porém, se a empresa que estivesse vendendo fosse contribuinte
do IPI, esse desconto não influenciaria no cálculo, uma vez que o IPI seria calculado sobre
os R$ 900,00, desconsiderando assim os descontos incondicionais concedidos e, os demais
impostos como ICMS, PIS, COFINS etc. teriam como base de cálculo os R$ 850,00.

141
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo


“cálculo dos impostos”

QUADRO 33 – NOTA FISCAL – DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS


BC DO ICMS VALOR DO VALOR DOS
BASE DE CÁLCULO
ICMS ICMS ST PRODUTOS
ICMS ST
R$ 850,00 R$ 144,50 R$ 900,00
FRETE SEGURO DESCONTOS IPI VALOR TOTAL DA
NOTA
R$ 50,00 R$ 850,00
FONTE: O autor

7 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS
As devoluções de compras podem acontecer por vários motivos, dentre
alguns se destacam: problemas nas embalagens ou nos próprios produtos que
podem estar inconsistentes com o pedido, data de entrega em atraso, dentre outros.

Por exemplo, suponhamos que na empresa HG Eletrodomésticos Ltda.
foram adquiridas 10 unidades de uma determinada mercadoria, por um total de
R$ 1.000,00 a prazo, porém, 4 unidades foram devolvidas ao fornecedor por não
estarem de acordo com o pedido. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo
no cálculo do PIS e da COFINS, que a mercadoria adquirida tem incidência de 17%
de ICMS e que o valor devolvido será compensado com o total a pagar para o
fornecedor. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

Na compra:

D – Compra de Mercadorias R$ 830,00 (despesa da compra de mercadoria –


valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 170,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria –


Ativo Circulante)

C – Fornecedor R$ 1.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Na devolução de 4 unidades:

D – Fornecedores R$ 400,00 (compensação de parte da obrigação


pela devolução)

C – Devolução de Compra R$ 332,00 (receita obtida pela devolução: 4


unidades)

142
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

C – ICMS a Pagar R$ 68,00 (17% sobre o total da mercadoria


devolvida - Passivo Circulante)

Pelo registro com Inventário Permanente:

Na compra:

D – Estoque de Mercadorias R$ 830,00 (lançamento no ativo circulante: compra


de mercadoria)

D – ICMS a Compensar R$ 170,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria –


Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 1.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Na devolução de 4 unidades:

D – Fornecedores R$ 400,00 (compensação de parte da obrigação


pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 332,00 (baixa de 4 unidade do estoque no


ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 68,00 (17% sobre o total da mercadoria


devolvida - Passivo Circulante)

Nota-se que a obrigação junto ao fornecedor é, no ato, diminuída pela


devolução. No sistema de Inventário Periódico, a devolução é registrada numa
conta de resultado a crédito, gerando, assim, uma receita para contrapor a
despesa gerada na compra. Já no sistema de Inventário Permanente, a devolução
é registrada na conta estoque do ativo circulante, uma vez que o estoque é
atualizado em cada operação.

O valor de R$ 400,00 pode ser obtido da seguinte forma: R$ 1.000,00 / 4


unidades = R$ 100,00 cada unidade. Uma vez que foram devolvidas apenas 4
unidades, então: 4 unidades X 100,00 = 400,00.

O valor de R$ 332,00 pode ser obtido da seguinte forma: 400,00 – 17% = 332,00,
onde a diferença dos R$ 400,00 para os R$ 332,00 é justamente os R$ 68,00 de ICMS.

NOTA

Na compra é utilizada a conta ICMS a Compensar, enquanto na sua devolução,


é ICMS a Pagar. Isso ocorre pelo fato de sair mercadoria da empresa, o que caracteriza
como uma venda, logo, na venda é utilizada a conta ICMS a Pagar, em que somente no final
do período será feita a apuração do ICMS.

143
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

8 DEVOLUÇÕES DE VENDAS
Assim como acontece a devolução de compra para quem está adquirindo
a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, a devolução de venda para
quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor que está recebendo a mercadoria de
volta de seu cliente.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Papelart Ltda. foram vendidas


10 unidades de uma determinada mercadoria, por um total de R$ 1.000,00 a prazo,
porém, 4 unidades foram devolvidas pelo cliente, por não estarem de acordo com
o pedido. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e
da COFINS, que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS e que o
valor devolvido será compensado com o total a receber do cliente. Essa operação
poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

Na venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)
D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)
C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Na devolução de 4 unidades:

D – Devolução de Vendas R$ 400,00 (despesa obtida pela devolução de 4 unidades)


C – Clientes R$ 400,00 (compensação de parte do direito pela
devolução)

D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de 400,00 – direito adquirido)


C – ICMS sobre Venda R$ 68,00 (estorno da despesa)

Pelo registro com Inventário Permanente – Nesse sistema é necessário


reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle
é simultâneo. Suponhamos então que o CMV seja de 60% do valor da venda:

Na venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

144
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

C – ICMS a Pagar R4 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Na devolução de 4 unidades:

D – Devolução de Vendas R$ 400,00 (baixa de parte da receita de venda pela


devolução)

C – Clientes R$ 400,00 (compensação de parte do direito pela


devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 240,00 (retorno do estoque vendido -


atualização instantânea)

C – CMV R$ 240,00 (estorno do CMV: 60% de 400,00)


D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de 400,00 – direito adquirido)
C – ICMS sobre Venda R$ 68,00 (estorno da despesa)

NOTA

Perceba que as contas em geral são as mesmas utilizadas nas vendas de


mercadorias, porém:

1. Ao invés de utilizar o estorno da conta receita de vendas é debitado “Devolução de Vendas”,


que constará nas deduções da receita bruta na Demonstração do Resultado do Exercício.

2. Quanto ao ICMS, na venda é utilizado ICMS a pagar, entretanto, na devolução é utilizado


ICMS a Compensar. Isso ocorre pelo fato de entrar mercadoria na empresa, o que
caracteriza uma compra, logo, na compra é utilizada a conta ICMS a Compensar.

3. Somente no final do período será feita a apuração do ICMS, do PIS e da COFINS.

Verifica-se que o direito junto ao cliente é, no ato, diminuído pela devolução.


No sistema de Inventário Periódico, a devolução é registrada numa conta de resultado
a débito, gerando assim, uma despesa para contrapor a receita gerada na venda. Já
no sistema de Inventário Permanente, a devolução é registrada na conta estoque do
ativo circulante, uma vez que o estoque é atualizado em cada operação.

O valor de R$ 400,00 pode ser obtido da seguinte forma: 1.000,00 / 4


unidades = 100,00 cada unidade. Uma vez que foram devolvidas apenas 4
unidades, então: 4 unidades X 100,00 = 400,00.

De acordo com os lançamentos, o saldo de ICMS a Pagar seria de R$


102,00 (R$ 170,00 – R$ 68,00). Já a base de cálculo do PIS e da COFINS seria de:
600,00 (1.000,00 – 400,00), e seus respectivos valores a uma alíquota de 0,65% e 3%
seriam de R$ 3,90 e R$ 18,00.
145
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

9 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS


Assim como acontece nos abatimentos sobre compras para quem está
adquirindo a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, o abatimento
sobre venda para quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Mega-Esporte Ltda.


determinada mercadoria foi vendida por R$ 1.000,00 a prazo e ao ser conferida
na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito, mas que ainda
permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o comprador solicitou
um abatimento de R$ 100,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa
adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que a mercadoria
vendida tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da
seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.000,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 100,00 (lançamento como despesa na DRE)


C – Clientes R$ 100,00 (compensação de parte do direito pelo
abatimento)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa


na DRE)
C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente – Nesse sistema é necessário


reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o
controle é simultâneo. Suponhamos então que o CMV seja de 60% do valor da
venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização
instantânea)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 100,00 (lançamento como despesa na DRE)


C – Clientes R$ 100,00 (compensação de parte do direito pelo
abatimento)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na


DRE)
C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

146
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Percebe-se que o direito, junto ao cliente, é, no ato, diminuído pelo


abatimento. Tanto no sistema de Inventário Periódico como no sistema de
Inventário Permanente, o abatimento é registrado numa conta de resultado a
débito, gerando, assim, uma despesa para contrapor a receita gerada na venda.
A conta estoque, não é alterada no abatimento sobre venda, uma vez que não há
o retorno para o fornecedor, sendo, então, considerada como uma despesa de
venda na Demonstração do Resultado do Exercício.

Neste caso, na Nota Fiscal, não é destacado nenhum valor que evidencie
o abatimento, uma vez que este é apenas constatado, após a emissão da referida
nota, ou seja, na entrega das mercadorias ao cliente.

10 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS


Assim como acontece nos descontos incondicionais obtidos para quem
está adquirindo a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, o desconto
incondicional concedido para quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Alvorada Ltda. determinada
mercadoria foi vendida por R$ 1.200,00 a prazo, mas no ato foi concedido um
desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$
1.150,00, valor este que será lançado na empresa vendedora como valor efetivo
da venda. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS
e da COFINS e que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS. Essa
operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.150,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.150,00 (lançamento como receita na DRE)

D – ICMS sobre Venda R$ 195,50 (17% sobre o total vendido – despesa


na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 195,50 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente

Nesse sistema é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está


sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos, então, que o
CMV seja de 50% do valor da venda:

D – Clientes R$ 1.150,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.150,00 (lançamento como receita na DRE)

147
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

D – CMV R$ 575,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 575,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 195,50 (17% sobre o total vendido – despesa


na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 195,50 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Nota-se que não houve influência do desconto de R$ 50,00, uma vez que a
Nota Fiscal foi emitida pelo valor de R$ 1.150,00.

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo


“cálculo dos impostos”:

QUADRO 34 – NOTA FISCAL – DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS


BC DO ICMS VALOR DO VALOR DOS
BASE DE CÁLCULO
ICMS ICMS ST PRODUTOS
ICMS ST
R$ 1.150,00 R$ 195,50 R$ 1.200,00
FRETE SEGURO DESCONTOS IPI VALOR TOTAL DA
NOTA
R$ 50,00 R$ 1.150,00
FONTE: O autor

11 FRETES SOBRE VENDAS


Diferente do frete sobre compras, o frete sobre vendas não é adicionado ao
custo da mercadoria, mas sim, considerado como sendo uma despesa de venda
na DRE, indiferente se for adotado o sistema de Inventário Periódico ou o sistema
de Inventário Permanente.

Em alguns casos, o frete sobre vendas dá o direito de crédito de ICMS,


dependendo da empresa que presta este serviço de transporte.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Bergamota Ltda. determinada


mercadoria foi vendida por R$ 1.200,00 a prazo e teve R$ 100,00 de despesas de
frete a prazo. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do
PIS e da COFINS e que tanto a mercadoria vendida como a despesa de frete sobre
venda tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da
seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.200,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.200,00 (lançamento como receita na DRE)

148
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

D – ICMS sobre Venda R$ 204,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)
C – ICMS a Pagar R$ 204,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Frete sobre Venda R$ 83,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)


C – Fretes a Pagar R$ 100,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente:

Nesse sistema, é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está


sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos, então, que o
CMV seja de 50% do valor da venda:

D – Clientes R$ 1.200,00 (reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 1.200,00 (lançamento como receita na DRE)

D – ICMS sobre Venda R$ 204,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 204,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Frete sobre Venda R$ 83,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)


C – Fretes a Pagar R$ 100,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização
instantânea)

Perceba que a despesa de frete gera um crédito de ICMS, o qual poderá


ser compensado com ICMS a Pagar. No exemplo, a apuração do ICMS seria esta:

ICMS a Pagar: R$ 204,00


ICMS a Compensar: R$ 17,00
Saldo de ICMS a Pagar: R$ 187,00

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo


“cálculo dos impostos”:

149
UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

QUADRO 35 – NOTA FISCAL – FRETE SOBRE VENDA


BC DO ICMS VALOR DO VALOR DOS
BASE DE CÁLCULO
ICMS ICMS ST PRODUTOS
ICMS ST
R$ 1.200,00 R$ 204,00 R$ 1.200,00
FRETE SEGURO DESCONTOS IPI VALOR TOTAL DA
NOTA
R$ 1.200,00
FONTE: O autor

Neste caso, na Nota Fiscal não é destacado nenhum valor que evidencie o
frete sobre venda, uma vez que este é uma despesa e não um valor cobrado do cliente.

Para que gere o direito a crédito de frete sobre venda, a empresa que está
vendendo a mercadoria, em nosso exemplo, a empresa Bergamota Ltda., teria
que contratar uma transportadora, onde esta última emitiria um Conhecimento
de Transporte Rodoviário de Cargas – CTRC para cobrar tais serviços.

O frete sobre venda nada mais é do que uma despesa para a empresa que
está vendendo, despesa esta, comprovada por documento fiscal.

NOTA

Ressalta-se que o crédito do imposto pago, relativo ao frete sobre serviços


de transporte, não cabe às empresas do SIMPLES NACIONAL, mas somente às empresas
NORMAIS, optantes de outras formas de tributação, como Lucro Real ou Lucro Presumido.

150
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico conhecemos as principais operações com mercadorias. Vimos
que a empresa pode adotar tanto o Sistema de Inventário Periódico, calculando
assim o CMV a cada contagem de seu estoque físico, como o Sistema de Inventário
Permanente, onde o estoque e o CMV são apurados, simultaneamente, a cada
operação envolvendo: compras, vendas, devoluções e abatimentos.

Constatamos através de exemplos, alguns em documentos fiscais, a


influência de cada operação no cálculo do ICMS e do estoque.

Conhecemos a utilização da conta mista, onde é registrada qualquer
operação que envolva o estoque numa única conta, denominada mercadoria, e
a utilização das contas desdobradas onde é registrada qualquer operação que
envolva o estoque em contas distintas.

151
AUTOATIVIDADE

1 O Comércio de Peças BBR Ltda. apresentou as seguintes operações em 03/x8:

03/03 (1) – Compra de 800 unidades de mercadorias para revenda a prazo, no


valor de unitário de R$ 10,00 cada, totalizando R$ 8.000,00, com 17% de crédito
de ICMS.

03/03 (2) – Devolução de 100 unidades compradas em 03/03. O valor foi


compensado com fornecedores.

03/03 (3) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre o saldo da


compra efetuada em 03/03 no valor de R$ 490,00.

03/03 (4) – Fretes sobre compras no valor de R$ 168,67, pago via caixa, com 17%
de crédito de ICMS.

04/03 (5) – Venda de 600 unidades a prazo, por um total de R$ 9.000,00, com 17%
de débito de ICMS. O CMV unitário é 7,80, conforme memória de cálculo a seguir.

04/03 (6) – Devolução de 100 unidades vendidas em 04/03. O valor foi


compensado com clientes. Sabendo que o preço de venda é unitário é de R$
15,00 (9.000,00 / 600un) e o valor do custo unitário é de 7,80 (valor conforme
memória de cálculo).

04/03 (7) – Abatimento sobre a venda a prazo efetuada em 04/03, no valor de


R$ 500,00.

04/03 (8) – Fretes sobre vendas, no valor de R$ 200,00, pago via caixa, com 17%
de crédito de ICMS.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;

• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente;

• no controle do estoque é utilizada a média ponderada;

• o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV - é definido com base no


percentual do saldo em estoque;

• os saldos iniciais em 01/03/08 eram: R$ 10.000,00 em caixa e R$ 10.000,00 em


capital.

152
Memória de cálculo. Sabendo que o valor unitário do estoque é assim
composto (média ponderada):

Data Operação Valor Quantidade saldo saldo Valor Unitário


03/03 compra 6.640,00 800 800 6.640,00 8,30
03/03 devolução 830,00 100 700 5.810,00 8,30
03/03 abatimento 490,00 700 5.320,00 7,60
03/03 frete 140,00 700 5.460,00 7,80
04/03 venda 4.680,00 100 780,00 7,80
10/03 devolução 780,00 100 200 1.560,00 7,80

Com base nessas informações, realize:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração do PIS e COFINS;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

153
Apuração do PIS e COFINS

154
Demonstração do Resultado do Exercício

Balancete Patrimonial

155
2 Assinale a alternativa CORRETA. Determinada empresa (EMPRESA
NORMAL) que adota o Sistema de Inventário Permanente teve a seguinte
operação: Devolução de venda no valor de R$ 15.000,00 com incidência de
17% de ICMS, sendo que o valor da mercadoria (estoque) representa R$
5.000,00. Nesse caso:

a) ( ) Deve ser debitado o estoque, no valor de R$ 4.150,00.


b) ( ) Deve ser debitado o CMV, no valor de R$ 6.000,00.
c) ( ) Deve ser debitado o ICMS sobre Vendas, no valor de R$ 2.550,00.
d) ( ) Deve ser debitado o ICMS a Recuperar, no valor de R$ 2.550,00

3 Assinale a alternativa CORRETA. Determinada empresa (EMPRESA


NORMAL) que adota o Sistema de Inventário Permanente teve a seguinte
operação: Devolução de compra com incidência de 17% de ICMS. A Nota
Fiscal de devolução totalizou R$ 6.000,00. Nesse caso:

a) ( ) Deve ser creditado o estoque, no valor de R$ 6.000,00.


b) ( ) Deve ser creditado o ICMS a Pagar, no valor de R$ 1.020,00.
c) ( ) Deve ser debitado o estoque, no valor de R$ 4.980,00.
d) ( ) Deve ser debitado o ICMS a Recuperar, no valor de R$ 1.020,00.

4 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa (EMPRESA NORMAL) adota o


sistema de Inventário Permanente e teve frete sobre venda de mercadorias,
no valor de R$ 1.500,00, pago via caixa, com crédito de 17% de ICMS. Nesse
caso deve-se:

a) ( ) Debitar de R$ 1.500,00 em despesa de frete.


b) ( ) Debitar ICMS a Compensar, no valor de R$ 255,00.
c) ( ) Debitar ICMS a Pagar, no valor de R$ 255,00.
d) ( ) Creditar ICMS a pagar, no valor de R$ 255,00.

5 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa (EMPRESA NORMAL)


adota o sistema de Inventário Permanente e obteve junto ao fornecedor um
abatimento sobre a compra, no valor de R$ 500,00. Nesse caso deve-se:

a) ( ) Debitar o estoque, no valor de R$ 500,00.


b) ( ) Creditar o estoque, no valor de R$ 500,00.
c) ( ) Debitar em receitas sobre abatimentos na DRE, o valor de R$ 500,00.
d) ( ) Creditar em receitas sobre abatimentos na DRE, o valor de R$ 500,00.

6 Assinale a alternativa CORRETA. Adotando-se duas contas para o


registro do ICMS incidente nas compras e nas vendas, no final do mês, para
regularização, a empresa deverá:

a) ( ) Deixar os saldos intactos.


b) ( ) Transferir os dois saldos para o próximo mês.

156
c) ( ) Compensar ambos os saldos, debitando a conta que representa a
obrigação e creditando a que representa direito, considerando o menor
dentre os dois saldos.
d) ( ) Recolher o saldo da obrigação e manter o saldo do direito no Balanço.

7 Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O Abatimento é oferecido pela empresa, gratuitamente ao cliente, e


vem destacado na Nota Fiscal, enquanto que o desconto é oferecido ao
cliente em decorrência de problemas no recebimento das mercadorias,
como avarias, desconformidade com o pedido etc.
b) ( ) Incondicional é o desconto oferecido pelo vendedor independentemente
de impor ao cliente alguma condição, e deve ser destacado na própria
Nota Fiscal de Venda.
c) ( ) O valor dos fretes incidentes sobre as compras de mercadorias para
revenda será contabilizado diretamente na DRE como despesas de
fretes sobre compras, quando o Sistema for de Inventário Permanente.
d) ( ) O ICMS é considerado um imposto “por fora”, pois seu valor está incluído
no valor das mercadorias ou dos serviços constantes da nota fis­cal.

Tendo como base as informações referentes ao Balanço Patrimonial –


Cia. do Vale (EMPRESA NORMAL), responda à questão 8:

Cia. do Vale informações do Balanço Patrimonial encerrado em


31/12/2007:

Caixa R$ 10.000,00
Estoque R$ 24.600,00
Capital R$ 34.600,00

8 Assinale a alternativa CORRETA. Em 31/12/2007, a Cia. do Vale apresentou


em seu estoque um valor de R$ 24.600,00, que era composto por 100 unidades
de uma determinada mercadoria. Em 05/01/2008, a empresa adquiriu mais
50 unidades da mesma mercadoria, por um total de R$ 15.000,00 com
incidência de 17% de ICMS. Sabe-se que a empresa mantém um controle
de estoque permanente, o qual controla pela média ponderada e não houve
mais nenhuma movimentação desse a não ser esta compra. Sendo assim, a
valor de cada mercadoria constante no estoque em 05/01/2008 será de:

a) 264,00 b) 247,00 c) 396,00 d) 249,00

9 Suponhamos que em 27/04/2009, a empresa Malha Fina Ltda. (EMPRESA


NORMAL) efetuou uma compra à vista, por R$ 3.000,00, onde teve também
despesas com fretes no valor de R$ 150,00 à vista. Sabe-se que tanto as
mercadorias adquiridas como o frete têm incidência de 17% de ICMS.

157
Pede-se:

• O registro contábil dessa operação levando em consideração que a empresa


trabalha com o registro de inventário permanente.
• O total de ICMS a compensar dessa operação.
• O custo unitário da mercadoria levando em consideração que foram
adquiridas 100 unidades de uma mesma mercadoria.

10 Suponhamos que na empresa Estamparia Ltda. (EMPRESA NORMAL),


determinada mercadoria foi adquirida por R$ 600,00 a prazo e ao ser
conferida na entrega, constatou-se que a cor era diferente do que havia sido
solicitado no pedido. Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de
R$ 50,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que mercadoria adquirida tem
incidência de 17% de ICMS. Proceda ao registro contábil dessa operação,
levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de
Inventário Permanente.

11 Suponhamos que na empresa Mega-Esporte Ltda. (EMPRESA NORMAL),


determinada mercadoria foi vendida por R$ 1.450,00 a prazo e ao ser
conferida na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito,
mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim,
o comprador solicitou um abatimento de R$ 160,00 sobre o total da Nota
Fiscal. Sabe-se que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS.
Proceda ao registro contábil dessa operação, levando em consideração que
a empresa trabalha com o registro de Inventário Permanente e que o custo
da mercadoria representa R$ 990,00.

12 Suponhamos que na empresa Aço Brasil Ltda. (EMPRESA NORMAL),


determinada mercadoria foi adquirida por R$ 500,00 a prazo, porém, no
ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota
fiscal foi emitida no valor total de R$ 450,00. Sabe-se que a mercadoria
adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Proceda ao registro contábil
dessa operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o
registro de Inventário Permanente.

13 A empresa Metal Ilha Ltda. (EMPRESA NORMAL) iniciou suas atividades


em 01/02/2009. Já em 02/02/2009 foram adquiridas 40 unidades de uma
mesma mercadoria, para revenda por um total de R$ 3.000,00 a prazo.
Entretanto, no mesmo dia, 4 unidades foram devolvidas ao fornecedor por
não estarem de acordo com o pedido. Sabe-se que a mercadoria adquirida
tem incidência de 17% de ICMS e que o valor devolvido será compensado
com o total a pagar para o fornecedor. Proceda ao registro contábil dessa
operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o registro
de Inventário Permanente.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 13

158
UNIDADE 3

OPERAÇÕES DIVERSAS EM
CONTABILIDADE COMERCIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• contabilizar as operações de juros e descontos nos pagamentos e recebi-


mentos de duplicatas;

• contabilizar e analisar os efeitos da Provisão para Devedores Duvidosos


sobre as demonstrações contábeis.

• analisar de forma integral as principais operações constantes no Caderno


de Estudos de Contabilidade Comercial, tendo como base de controle de
estoque o Sistema de Inventário Permanente.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará operações envolvendo: juros ativos e passivos, descontos obtidos
e concedidos, provisão para créditos de liquidez duvidosa, variações no sis-
tema de inventário permanente, bem como, os exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – JUROS E DESCONTOS

TÓPICO 2 – PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO


DUVIDOSA – PCLD

TÓPICO 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE

Assista ao vídeo
desta unidade.

159
160
UNIDADE 3
TÓPICO 1

JUROS E DESCONTOS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico analisaremos as principais operações envolvendo
juros e descontos ativos e passivos. Os juros podem ser pagos ou recebidos e, da
mesma forma, os descontos podem ser concedidos ou recebidos, dependendo das
operações que os originaram.

2 JUROS ATIVOS, JUROS PASSIVOS, DESCONTOS OBTIDOS


E DESCONTOS CONCEDIDOS
Habitualmente, costumam ocorrer situações que envolvem juros ou
descontos nas atividades operacionais da empresa, como, por exemplo, no
pagamento de fornecedores ou cobrança de clientes.

São juros passivos quando se paga um valor a maior do que o principal


devido. Isso ocorre, por exemplo, em empréstimos e/ou financiamentos, em
decorrência do prazo contratado, em fornecedores, quando a empresa o paga em
atraso; nos impostos, quando paga fora do prazo; dentre outras situações prováveis.

São juros ativos quando a empresa recebe um valor a maior do que o


principal. Por exemplo, quando um cliente paga em atraso, a empresa pode
cobrar juros pela demora. Quando a empresa aplica seu capital de giro numa
aplicação financeira e esta a remunera.

Sendo assim, pode-se dizer que são juros passivos quando a empresa
paga a maior alguma dívida, porém, são juros ativos, quando a empresa recebe
um valor a maior num direito que lhe é devido, mas ambos são registrados na
Demonstração do Resultado do Exercício como despesa e receita, respectivamente.

Já os descontos têm praticamente a mesma natureza, ou seja, são despesas ou


receitas financeiras pela cobrança de um direito ou pagamento de uma obrigação.

161
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

São descontos obtidos quando a empresa, em relação às suas obrigações,


paga essas a menor, em decorrência, por exemplo, da quitação antes do prazo do
vencimento ou de algum acordo entre o credor.

São descontos concedidos quando a empresa, em relação aos seus direitos,


cobra esses a menor, em decorrência, por exemplo, da quitação por parte do
cliente, antes do prazo de vencimento ou de algum acordo entre esse e a empresa.

Por exemplo, suponhamos que a empresa Beta Ltda. tenha os seguintes


saldos em 30/04/x8:

Capital: R$ 50.000,00
Veículos R$ 30.000,00
Caixa R$ 20.000,00

E que teve as seguintes operações no mês 05/x8:

01/05/x8 (1) – Compra a prazo de 100 unidades de uma determinada


mercadoria para revenda, no valor de R$ 11.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

02/05/x8 (2) – Venda a prazo de 70 unidades da mercadoria adquirida em


01/05/x8, no valor de R$ 7.000,00, com 17% de débito de ICMS.

04/05/x8 (3) – Cobrança de R$ 2.000,00, da conta clientes via caixa. Foram


cobrados juros de 10% sobre o valor.

10/05/x8 (4) – Pagamento de R$ 3.000,00 da conta fornecedores via caixa.


Foram pagos juros de 4% sobre o valor.

17/05/x8 (5) – Despesa com energia elétrica, no valor de 500,00, via caixa.

20/05/x8 (6) – Pagamento de R$ 4.000,00, da conta fornecedores via caixa.


Foi obtido um desconto de 5% sobre o valor.

26/05/x8 (7) – Cobrança de R$ 3.000,00 da conta clientes via caixa. Foi


concedido desconto de 5% sobre o valor.

27/05/x8 (8) – Devolução de 10 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/


x8. O valor será compensado com o saldo a pagar do fornecedor. ICMS 17%.

31/05/x8 (9) – Devolução de 15 unidades da mercadoria vendida em 02/05/


x8. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

162
TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;

• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

163
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Beta Ltda. em


31/05/x8

164
TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

QUADRO 36 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 37 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA

FONTE: O autor

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

Em 01/05 (1), compra a prazo de 100 unidades por 11.000,00, com 17% de
crédito de ICMS.

D – Estoque R$ 9.130,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 1.870,00 (17% de ICMS sobre o total da


compra: 11.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)

165
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Em 02/05 (2), venda a prazo de 70 unidades por R$ 7.000,00, com 17% de


débito de ICMS.

D – Clientes R$ 7.000,00 (reconhecimento do direito)


C – Receita de Venda R$ 7.000,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 6.391,00 (reconhecimento do custo para


geração da receita)

C – Estoque R$ 6.391,00 (70 unidades da mercadoria


adquirida: sem ICMS)

D – ICMS sobre Venda R$ 1.190,00 (17% sobre o total vendido)



C – ICMS a Pagar R$ 1.190,00 (reconhecimento de uma obrigação)

Em 04/05 (3), cobrança de 2.000,00 da conta clientes, com juros de 10%


sobre o valor.

D – Caixa R$ 2.200,00 (Cobrança com 10% de juros)


C – Clientes R$ 2.000,00 (Baixa do direito)
C – Juros Ativos R$ 200,00 (Receita de juros)

Em 10/05 (4), pagamento de R$ 3.000,00 da conta fornecedores com juros


de 4% sobre o valor.

C – Caixa R$ 3.120,00 (Pagamento com 4% de juros)


D – Fornecedores R$ 3.000,00 (Baixa da obrigação)
D – Juros Passivos R$ 120,00 (Despesa de juros)

Em 17/05 (5), despesa com energia elétrica, no valor de 500,00.

D – Energia Elétrica R$ 500,00 (Reconhecimento da despesa)


C – Caixa R$ 500,00 (Pagamento à vista)

Em 20/05 (6), pagamento de R$ 4.000,00 da conta fornecedores, com


desconto de 5% sobre o valor.

C – Caixa R$ 3.800,00 (Pagamento com 5% de desconto)


D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)
C – Desconto obtido R$ 200,00 (Receita de desconto)

Em 26/05 (7), cobrança de R$ 3.000,00 da conta clientes, com desconto de


5% sobre o valor.

D – Caixa R$ 2.850,00 (Cobrança com 5% de desconto)


C – Clientes R$ 3.000,00 (Baixa do direito)
D – Desconto Concedido R$ 150,00 (Despesa de desconto)
166
TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

Em 27/05 (8), devolução de 10 unidades da mercadoria adquirida, em


01/05/x8.

D – Fornecedores R$ 1.100,00 (compensação de parte da obrigação


pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 913,00 (baixa de 10 unidades do estoque no


ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 187,00 (17% sobre o total da mercadoria


devolvida - Passivo Circulante)

Em 26/05 (9), devolução de 15 unidades da mercadoria vendida em 02/05/x8.

D – Devolução de Vendas R$ 1.500,00 (baixa de parte da receita de venda


pela devolução)

C – Clientes R$ 1.500,00 (compensação de parte do direito pela


devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.369,50 (retorno do estoque vendido -


atualização instantânea)

C – CMV R$ 1.369,50 (estorno do CMV: 15 unidades)

D – ICMS a Compensar R$ 255,00 (17% de 1.500,00 – direito adquirido)


C – ICMS sobre Venda R$ 255,00 (estorno da despesa)

Nota-se que, nas cobranças de clientes, quando o valor é recebido a maior


(1), gera-se uma receita financeira denominada juros ativos, porém, quando a
menor (6), gera-se uma despesa financeira, denominada desconto concedido.
Já nos pagamentos, quando o valor é pago a maior (2), gera-se uma despesa
financeira, denominada juros passivos, porém, quando o valor é pago a menor
(5), gera-se uma receita financeira, denominada desconto obtido.

Na Demonstração do Resultado do Exercício, os juros e descontos são


lançados no resultado financeiro, sendo que, no grupo de despesas financeiras
são somados os juros passivos e descontos concedidos; por sua vez, nas receitas
financeiras, são somados os juros ativos e descontos obtidos.

167
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

NOTA

Para facilitar o aprendizado: um ponto importante a ser observado na ORDEM


DE CONTABILIZAÇÃO dos juros ou descontos é:

1. dar entrada ou saída de caixa/bancos pelo valor efetivo do pagamento ou recebimento;


2. dar baixa da obrigação ou direito, indiferente do valor que se está pagando ou recebendo;
3. reconhecer os juros ou descontos pela diferença da entrada/saída caixa e o valor da
obrigação ou direito que se está baixando.

Sendo assim, por exemplo, no pagamento de um fornecedor, no valor de


R$ 2.000,00, indiferente do valor que se paga, deve-se debitar a conta fornecedor
no valor de R$ 2.000,00, em que a diferença será lançada em juros ou descontos.
Da mesma forma, na cobrança de um cliente no valor de R$ 2.000,00, indiferente
do valor que se recebe, deve-se creditar a conta clientes no valor de R$ 2.000,00,
em que a diferença será lançada em juros ou descontos.

168
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico vimos algumas operações envolvendo juros e descontos.


Distinguimos, contabilmente, as operações de juros ativos, juros passivos,
descontos obtidos e descontos concedidos, bem como, suas respectivas
apresentações na Demonstração do Resultado do Exercício.

169
AUTOATIVIDADE

1 A empresa Gasparzinho Ltda. obteve os seguintes saldos, em 30/04/x8:

Capital: R$ 80.000,00
Veículos R$ 50.000,00
Caixa R$ 30.000,00

Porém, no mês 05/x8, teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Compra a prazo de 10 unidades de uma determinada mercadoria


para revenda no valor de R$ 14.000,00, com 17% de ICMS.

02/05/x8 (2) – Venda a prazo de 6 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/


x8, no valor de R$ 15.000,00, com 17% de débito de ICMS.

02/05/x8 (3) – Frete sobre venda no valor de R$ 800,00, pago via caixa, com 17%
de crédito de ICMS.

04/05/x8 (4) – Cobrança de R$ 5.000,00 da conta clientes, via caixa. Foi concedido
desconto de 5% sobre o valor.

10/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 4.000,00 da conta fornecedores, via caixa. Foi


obtido um desconto de 10% sobre o valor.

17/05/x8 (6) – Despesa com telefone, no valor de R$ 400,00, via caixa.

20/05/x8 (7) – Pagamento de R$ 6.000,00 da conta fornecedores, via caixa.


Foram pagos juros de 1% sobre o valor.

26/05/x8 (8) – Cobrança de R$ 2.000,00 da conta clientes, via caixa. Foram


cobrados juros de 2% sobre o valor.

27/05/x8 (9) – Devolução de 2 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/x8.


O valor será compensado com o saldo a pagar do fornecedor. ICMS 17%.

31/05/x8 (10) – Devolução de 1 unidade da mercadoria vendida em 02/05/x8. O


valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;


• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;
• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
170
Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

171
Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Beta Ltda. em


31/05/x8

172
Balanço Patrimonial da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

173
2 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa Petropar Ltda. pagou uma
duplicata com R$ 600,00 de juros. Nesse caso, os R$ 600,00 representam
para a empresa contabilmente:

a) ( ) Juros ativos.
b) ( ) Juros passivos.
c) ( ) Descontos obtidos.
d) ( ) Descontos concedidos.

3 Assinale a alternativa CORRETA. Os juros passivos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do


que o principal.
b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do
que o principal.
c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do
que o principal.
d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do
que o principal.

4 Assinale a alternativa CORRETA. Os juros ativos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do


que o principal.
b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do
que o principal.
c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do
que o principal.
d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do
que o principal.

5 Assinale a alternativa CORRETA. Os descontos obtidos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do


que o principal.
b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do
que o principal.
c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do
que o principal.
d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do
que o principal.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 4

174
6 Assinale a alternativa CORRETA. Os descontos concedidos acontecem
quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do


que o principal.
b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do
que o principal.
c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do
que o principal.
d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do
que o principal.

175
176
UNIDADE 3
TÓPICO 2

PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO


DUVIDOSA – PCLD

1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 2 veremos o que é a Provisão para Créditos de Liquidez
Duvidosa - PCLD e qual seu efeito nas demonstrações contábeis. Entenderemos
seu cálculo e sua contabilização.

A PCLD pode ser realizada em qualquer tipo de empresa comercial,
industrial ou prestadora de serviços. Não é obrigatória, porém, principalmente
para fins gerenciais, ou seja, internamente, torna-se imprescindível na análise de
seus créditos.

O objetivo dessa provisão é cobrir possíveis perdas no recebimento de


suas contas a receber, sendo assim, é reconhecida antecipadamente uma despesa
de perda para que, no efetivo recebimento dessas, a empresa já esteja preparada
financeiramente e economicamente.

As contas a receber, que são comentadas aqui, são em geral provenientes


das vendas que as empresas efetuam aos seus clientes, porém, outros valores,
como, por exemplo, cheques em cobrança, podem fazer parte do cálculo da PCLD.

2 CÁLCULO DA PCLD
A forma de apurar o valor da PCLD varia de empresa para empresa, ou
seja, cada uma faz o que lhe for mais coerente, obviamente, dentro da realidade.
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 81), “a apuração do valor da
provisão pode variar, pois cada empresa pode ter aspectos peculiares a respeito
de seus clientes, ramo de negócios, situação de crédito em geral e a própria
conjuntura econômica do momento”.

177
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Entretanto, recomenda-se que a PCLD seja feita individualmente por


cliente, uma vez que depende dele honrar ou não sua dívida. Outros fatores,
como, por exemplo, o levantamento do histórico do cliente, quando e como ele
costuma pagar suas dívidas, condições de vendas, concordatas, falências etc.
também devem ser levados em consideração.

Muitas empresas adotam o tempo de atraso da dívida para fazer a PCLD.


Sendo assim, se o valor está há 30 dias atrasado, faz-se uma provisão de 1% sobre
esse, se 60 dias 2%, 90 dias 3%, 120 dias 4% e assim por diante.

Pelo exemplo a seguir, adaptado do modelo de Iudícibus, Martins e


Gelbcke (2007), o Comércio de Parafusos ABC Ltda. constatou que parte de seus
clientes está com dívidas em atraso na seguinte ordem:

QUADRO 38 – DÍVIDAS EM ATRASO

Cliente Valor total Dias em atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a receber

A 20.000,00 30 2% 400,00 19.600,00

B 30.000,00 90 6% 1.800,00 28.200,00

C 30.000,00 120 8% 2.400,00 27.600,00

D 40.000,00 60 4% 1.600,00 38.400,00

TOTAL 120.000,00 6.200,00 113.800,00

FONTE: Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007)

O cálculo leva em consideração cada cliente, individualmente, e a


quantidade de dias em atraso, dessa forma, tem-se um total R$ 120.000,00 a
receber, porém, por meio da PCLD, a empresa está assumindo que, possivelmente,
receberá somente R$ 113.800,00.

NOTA

No exemplo estão sendo levados em consideração os dias em atraso e um


determinado percentual para a PCLD, porém, nada impede que cada empresa estipule
quando e como fazer a PCLD, de tal forma, que evidencie de fato a realidade de sua
operacionalidade.

178
TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

Segundo Iudícibus e Marion (2008), na PCLD devem ser excluídas do


saldo de Contas a Receber aquelas com garantia real (provenientes de vendas
com reserva de domínio e de alienação fiduciária), ou seja, aquelas contas cuja
cobrança seja garantida, não necessitando, então, a PCLD.

3 CONTABILIZAÇÃO DA PCLD
Na contabilização da PCLD é debitada uma despesa operacional (despesa
com vendas), na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, e creditado
uma conta denominada PCLD no Ativo. É creditado uma conta do Ativo e, como
este é de natureza devedora, ou seja, todas as contas do ativo apresentam-se com
saldo a débito, a PCLD estará sendo evidenciada de forma negativa, uma vez que
seu saldo é credor.

Como exemplo serão utilizados os valores do Comércio de Parafusos


ABC Ltda.:

D – Despesa com PCLD R$ 6.200,00 (registro da despesa na DRE)


C – PCLD R$ 6.200,00 (registro da provisão no ativo circulante)

Note que não é necessário fazer a provisão individualmente, apenas o


cálculo dessa despesa é recomendado. A partir do momento em que os meses
passam, o cálculo deve ser revisto, para que haja o devido ajuste, provisionando
dessa forma, apenas a diferença.

Na DRE, a despesa estaria assim evidenciada:

QUADRO 39 – DESPESAS NA DRE

FONTE: O autor

179
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Já no ativo, os saldos seriam estes:

QUADRO 40 – DESPESAS NA DRE


Ativo  
  Circulante 113.800.00
  Clientes   120.000.00
  (-) PCLD   (6.200.00)
Total do Ativo 113.800.00
FONTE: O autor

Na DRE, o lançamento gera uma despesa que, consequentemente, gera


perdas. Como não há receitas, o prejuízo é a própria despesa de PCLD. No Ativo, a
conta clientes não é alterada, apenas é inserida a conta PCLD, que evidenciará, no
geral, que a empresa possui apenas um líquido, de R$ 113.800,00 a serem cobrados.

Essa operação faz com que a administração esteja preparada para receber
apenas R$ 113.800,00, ao invés de esperar pelos R$ 120.000,00. Dessa forma, a
empresa espera contar com os recursos líquidos e, sendo conservadora, não
gastará mais do que receberá, evitando a falta de capital de giro para pagar suas
contas no futuro.

No entanto, segundo Iudicibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 83), “quando um


saldo se torna efetivamente incobrável, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso
os meios possíveis de cobrança, sua baixa da conta de clientes deve ser feita [...]”.

Sendo assim, não haveria motivos de manter um saldo de contas a receber


sabendo que esse não é cobrável, mesmo que haja 100% de PCLD sobre tal valor.
A seguir, será apresentado de que forma efetuar a baixa total da conta a receber,
tendo essa já feita a PCLD. Nesse caso, haverá a reversão da PCLD.

4 REVERSÃO DA PCLDA
A reversão da PCLD ocorre quando a conta a receber é parcialmente ou
totalmente paga ou quando já não há mais expectativas de cobranças. Nesse caso,
deve-se efetuar a baixa de contas A Receber.

Como exemplo, serão utilizados os valores do Comércio de Parafusos


ABC Ltda., sabendo que:

a) O Cliente A pagou R$ 19.600,00 dos R$ 20.000,00 que devia e a PCLD era de R$


400,00.

b) O Cliente B pagou R$ 25.000,00 dos R$ 30.000,00 que devia e a PCLD era de R$


1.800,00.
180
TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

c) O Cliente C pagou inteiramente os R$ 30.000,00 que devia e a PCLD era de R$


2.400,00.

d) O Cliente D pagou R$ 20.000,00 dos R$ 40.000,00 que devia e a PCLD era de R$


1.600,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais a possibilidade
de cobrar o restante.

e) Um antigo cliente E pagou R$ 10.000,00 que haviam sido considerados


incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

Dessa forma, fazem-se necessários os seguintes lançamentos:

No Cliente A:

D – Caixa R$ 19.600,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 19.600,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 400,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 400,00 (baixa do saldo de contas a receber pela PCLD)

Repare que não é gerada nenhuma despesa na cobrança, uma vez que o
valor pago equivale ao valor líquido esperado do Cliente A. Nesse caso, é zerado
o total A Receber de R$ 20.000,00 do Cliente A.

No Cliente B:

D – Caixa R$ 25.000,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 25.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 1.800,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 1.800,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 3.200,00 (conta de despesa na DRE - perda)


C – Clientes R$ 3.200,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Desta vez, o saldo da PCLD não foi suficiente, gerando assim uma despesa
de R$ 3.200,00 na cobrança. Nesse caso, é zerado o total a receber de R$ 30.000,00
do Cliente B.

No Cliente C:

D – Caixa R$ 30.000,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 30.000,00 (baixa total do valor em contas a receber)

D – PCLD R$ 2.400,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Outras Receitas Operacionais R$ 2.400,00 (conta de receita na DRE)

181
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Já o Cliente C pagou o total de sua dívida, sendo assim, a despesa de R$


2.400,00, gerada antecipadamente pela PCLD, foi revertida, gerando uma receita
para a empresa.

No Cliente D:

D – Caixa R$ 20.000,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 20.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 1.600,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 1.600,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 18.400,00 (conta de despesa na DRE - perda)


C – Clientes R$ 18.400,00 (baixa do saldo de contas a receber)

O Cliente D pagou apenas metade de sua dívida, porém, como não há mais
a possibilidade de cobrança do restante, não há motivos de manter a PCLD ou até
mesmo ajustar essa para R$ 20.000,00, cabendo aqui, a baixa integral do direito.

No Cliente E:

D – Caixa R$ 10.000,00 (entrada no caixa)


C – Outras Receitas Operacionais R$ 10.000,00 (conta de receita na DRE)

No Cliente E já não havia a PCLD, uma vez que essa havia sido baixada
junto com o direito de cobrança. Nesse caso, resta à empresa dar a entrada de
caixa e reconhecer a receita pelo seu valor integral.

Sendo assim, a PCLD é apenas uma antecipação de uma possível perda que
a empresa possa vir a ter em suas cobranças, em que ele será ou não reconhecida
como tal, dependendo do efetivo pagamento.

Agora, os saldos nas demonstrações contábeis estariam assim evidenciados:

No Ativo da empresa:

QUADRO 41 – SALDO NO ATIVO DA EMPRESA


Ativo  
  Circulante 104.600.00
  Caixa   104.600.00
  Clientes   0.00
  (-) PCLD   0.00
Total do Ativo 104.600.00
FONTE: O autor

182
TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

Note que todo o saldo de clientes foi baixado, nesse caso, a PCLD deve
estar zerada também.

Já na DRE:

QUADRO 42 – DEMONSTRAÇÃO NA DRE

FONTE: O autor

A conta Perda com Incobráveis não foi maior porque parte já havia sido
lançada como despesa na PCLD. Dessa forma, a empresa anteviu a possível
ocorrência. Entretanto, houve R$ 12.400,00 de outras receitas, que é justamente, a
recuperação das contas Despesa com PCLD e Despesas com incobráveis desse e
de outros períodos.

5 PCLD CONFORME O REGULAMENTO DO IMPOSTO DE


RENDA

TUROS
ESTUDOS FU

Recomenda-se a leitura do Regulamento do Imposto de Renda para melhor


entendimento das formas de tributação, possíveis adições e exclusões. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3000.htm>.

183
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Para as empresas que tributam seus lucros (Optantes do Lucro Real), a


despesa da PCLD não pode ser deduzida para fins fiscais. Dessa forma, precisa ser
adicionada na apuração. Por isso, cada empresa faz a PCLD conforme lhe for mais
condizente com realidade, uma vez que não há vantagens fiscais na operação.

Outra conta que deve ser analisada para fins tributários é aquela que
registra a perda obtida pela empresa na baixa de contas incobráveis. De acordo
com o Regulamento do Imposto de Renda de 26 de março de 1999 – RIR/99, Artigo
340, somente pode ser deduzida a baixa dos seguintes créditos:

I. quando já existe declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada


do Poder Judiciário;
II. sem garantia de valor:
a) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
b) acima de R$ 5.000,00 até 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um
ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento, porém mantida a cobrança administrativa;
c) superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e
mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;
III. haja garantia (venda com reserva de domínio, de alienação fiduciária em
garantia ou de operações com outras garantias reais, tais como o penhor de
bens móveis e a hipoteca de bens), vencidos há mais de dois anos, desde que
iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou
o arresto das garantias;
IV. haja declaração de falência ou concordata da pessoa jurídica, relativamente
à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar.

FONTE: Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: <http://www.planalto.gov.


br/ccivil_03/ decreto/D3000.htm.>. Acesso em: 12 dez. 2008.

NOTA

Nem sempre o resultado contábil é o resultado que será tributado. Há exclusões


e adições que devem ser feitas para então se chegar ao resultado fiscal.

Sendo assim, de acordo com a Demonstração do Resultado do Exercício


do Comércio de Parafusos ABC Ltda., o prejuízo contábil foi de R$ 15.400,00,
porém, para fins fiscais, teríamos que analisar as seguintes contas:

184
TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

Despesa com PCLD:


R$ 6.200,00 (não pode ser dedutível).

Perdas com incobráveis: R$ 21.600,00.

a) R$ 3.200,00 do Cliente B (não pode ser dedutível ainda – abaixo de R$ 5.000,00,


porém não está vencido há mais de seis meses.).

b) 18.400,00 do Cliente D (pode ser dedutível, uma vez que esse declarou falência).

Então, para fins fiscais, o prejuízo do Comércio de Parafusos ABC Ltda.


seria este:

= Prejuízo contábil: (R$ 15.400,00)


+ Despesa com PCLD: R$ 6.200,00
+ Reversão de Perdas: R$ 3.200,00
= Resultado Fiscal: R$ (6.000,00)

Pelo fato da empresa ainda apresentar prejuízo, não haverá tributação,


porém, caso houvesse um resultado fiscal positivo (lucro fiscal), esse teria que ser
tributado, indiferente do prejuízo contábil.

TUROS
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a


leitura complementar do texto a seguir, que é parte do artigo de José Carlos Marion e
Márcia Carvalho dos Santos (2008). A partir dele, você irá entender que dentre as principais
atribuições do contador não estão apenas os registros contábeis por meio de lançamentos,
mas sim, competência e ética.

185
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

O PERFIL DO FUTURO PROFISSIONAL E SUA RESPONSABILIDADE


SOCIAL: OS DOIS LADOS DE UMA PROFISSÃO

José Carlos Marion e Márcia Carvalho dos Santos



Estamos diante de uma nova etapa na área contábil, ou seja, a fase mecânica
cedeu lugar à fase técnica e esta está cedendo lugar à fase da “informação”. Sendo
assim, fica evidente a queda nos empregos pelo fato de estarmos vivendo um
momento de transição. Para Perez (1997, p. 68), o objetivo da profissão contábil:

“vai mais além de acumular cifras para preparar um balanço para


efeitos impositivos. Vai mais além de registrar automaticamente uma ou várias
operações: um software adequado pode produzir melhor as rotinas”.

Os profissionais contábeis são necessários a estes serviços ligados à


produção (engenharia, informática, pesquisas, design...), aos serviços ligados
à distribuição (comércio), aos serviços sociais (educação, saúde, higiene,
gastronomia, segurança...) e outros.

Todavia, apesar das inúmeras vantagens, não existem milagres no processo


de obtenção de sucesso profissional nesta área ou em qualquer atividade. Há
necessidade do desenvolvimento equilibrado das “duas pernas” que permitem a
realização profissional: a competência e a ética.

Um profissional da área contábil é um agente de mudanças, e como tal


este profissional deve mostrar suas diversas habilidades. O contador é o “anjo da
guarda” de uma empresa, tornando-se seu profundo conhecedor, podendo desta
forma atuar em sua continuidade e crescimento.

O contador deve se apresentar como um “tradutor”, e não simplesmente


como um apurador de dados. Não basta elaborar os relatórios contábeis/
financeiros, mas fazer com que os gestores consigam entender o que esses
relatórios estão informando. Sob este aspecto, um tradutor é aquele que consegue
interpretar as informações e adequá-las à tomada de decisão com eficiência e
rapidez. O profissional contábil, neste contexto, deve estar mais preocupado com
a utilidade, transparência, clareza e objetividade das demonstrações contábeis
para o usuário do que com a beleza intrínseca dessas demonstrações.

Acreditamos que seja importante o contador buscar e revelar as informações


nas diversas atividades que compõem a empresa, neste momento o profissional
contábil está se passando por um “repórter”. A função de um repórter é a busca
de informações importantes, tratar estas informações sem distorcê-las e repassá-
las fidedignamente, o mais breve possível.

186
TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

A vantagem de deter informações imprescindíveis é a possibilidade


de poder planejar, simular e criar diversas alternativas, as quais possibilitem a
empresa atingir a sua meta, alcançando o sucesso.

A profissão contábil, assim como qualquer outra, é exercida na combinação


da competência com a ética. Ou melhor, é o exercício da competência conduzida
pela ética. A competência é fazer aquilo que é certo. A ética exige que seja feito de
forma correta, consistente com boa reputação da profissão.

De todas as profissões, o profissional contábil é o que mais está sujeito


a partilhar de esquemas espúrios já que sua atividade está intimamente ligada
com repórter de dados, cifras, apuração de resultado, e, consequentemente, exibe
dados que geram montantes referentes a impostos, taxas, dividendos, encargos,
valor patrimonial da ação, lucro etc.

Há empresas que estão preocupadas em reduzir seus custos e desembolsos


através de um planejamento tributário, de um orçamento operacional, de uma
cuidadosa política de dividendos, de modernas técnicas de controles internos (no
sentido de evitar desperdícios) e de outros instrumentos eficazes e sadios que
proporcionam economias para as mesmas e benefícios para a nação, e ninguém
melhor que o profissional contábil para coordenar e orientar este tipo de trabalho.

Por outro lado, há empresas que, achando-se vítimas de uma carga


tributária e previdenciária excessivamente onerosas, e até mesmo justificando-se
em circunstância do elevado ônus financeiro imposto pelos bancos emprestadores
de recursos e outros motivos, julgam-se no direito de reduzir os seus encargos
e consequentemente seus desembolsos, através de omissão de dados contábeis,
subtraindo fraudulentamente montantes devidos ao fisco ou a terceiros,
procedimentos estes que levam à sonegação, fraudes, evasão fiscal etc.

Poucas profissões se expõem tanto à corrupção quanto a Contabilidade. Ao


mesmo tempo em que estamos tão ameaçados à sedução da corrupção, formamos
os agentes que combatem ou contribuem decisivamente no processo de evitar a
corrupção: auditores, investigadores de fraudes contábeis, peritos contábeis etc.

É provado em países, onde a relação auditores externos/número de


habitantes é maior, a corrupção é pequena (Holanda, Inglaterra, EUA...). Por
outro lado, em países como o Brasil, onde o número de auditores externos é
irrelevante, a corrupção está livre para expansão sem limite.

De maneira geral, o profissional contábil gerencia todo o sistema de


informação, os bancos de dados que propiciam tomada de decisões tanto dos usuários
internos como os externos. Toda sociedade espera transparência dos Informes
Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas,simultaneamente,
de postura ética.

FONTE: Adaptado de: MARION, José Carlos; SANTOS, Márcia Carvalho. O perfil do futuro profis-
sional e sua responsabilidade social: os dois lados de uma profissão. Disponível em: <http://www.
marion.pro.br/portal/modules/wfsection/article. php?articleid=8>. Acesso em: 10 nov. 2008.

187
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Nota-se que os autores buscam evidenciar que a função do contador está


muito além do que somente fazer os registros contábeis, pois são eles quem têm
a base de informação mais completa da empresa, capazes de reduzir custos,
aumentar receitas, reduzir impostos por meio de um planejamento tributário,
além de otimizarem os recursos disponíveis.

Mas para que isso aconteça, além de muita competência profissional, é


preciso que se tenha ética. Não se fala aqui em ser apenas um bom profissional,
mas também que se tenha caráter.

No tratamento que se dá às pessoas com quem se trabalha, sejam clientes,


fornecedores, fiscais, auditores, colegas de trabalho etc., não importa; acima de
tudo, espera-se do contador uma postura transparente, que saiba ouvir e entender,
interpretar e solucionar os problemas.

DICAS

Você poderá analisar o Código de Ética do Profissional Contabilista no site:


<http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803>. Acesso em:
12 jun. 2008.

188
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico vimos o que é a PCLD e qual sua influência no Balanço Patrimonial
e na Demonstração do Resultado do Exercício. Analisamos as possibilidades de
cálculo da PCLD e o que deve ser levado em consideração em relação ao levantamento
e análise de créditos em atraso da empresa. Através de exemplos práticos, fizemos a
reversão da PCLD e analisamos sua adição no lucro fiscal.

189
AUTOATIVIDADE

1 O Comércio da Motos MM constatou que parte de seus clientes está com


dívidas em atraso, na seguinte ordem:

Cliente Valor Total Dias em Atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a Receber
A 32.000,00 30 1% 320,00 31.680,00
B 15.000,00 60 2% 300,00 14.700,00
C 12.000,00 120 4% 480,00 11.520,00
D 18.000,00 180 6% 1.080,00 16.920,00
TOTAL 77.000,00     2.180,00 74.820,00

Sabe-se que, logo após essa constatação, houve as seguintes cobranças:

a) O Cliente A pagou R$ 30.000,00 dos R$ 32.000,00 que devia e a PCLD era de


R$ 320,00.

b) O Cliente B pagou inteiramente os R$ 15.000,00 que devia e a PCLD era de


R$ 300,00.

c) O Cliente C pagou R$ 11.520,00 dos R$ 12.000,00 que devia e a PCLD era de


R$ 480,00.

d) O Cliente D pagou R$ 10.000,00 dos R$ 18.000,00 que devia e a PCLD era


de R$ 1.080,00. Esse, por sua vez declarou falência, não havendo mais a
possibilidade de cobrar o restante.

e) Um antigo cliente E pagou R$ 6.000,00 que haviam sido considerados


incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

Sua tarefa será:

a) lançar a despesa da PCLD no valor de R$ 2.180,00;

b) lançar as cobranças efetuadas e fazer a reversão da PCLD.

Resolução:

a) Lançamento da despesa da PCLD

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

b) Lançamento das cobranças e reversão da PCLD:

190
No Cliente A:

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

No Cliente B:

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

No Cliente C:

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

No Cliente D:

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

No Cliente E:

D –.................................................................................. ...................................
C –.................................................................................. ...................................

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1

191
192
UNIDADE 3
TÓPICO 3

INVENTÁRIO PERMANENTE

1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 3 estudaremos a influência causada no Sistema de Inventário
Permanente pelas principais operações relacionadas à Contabilidade Comercial
apresentadas neste Caderno de Estudos.

Faremos uma mesclagem das 3 unidades vistas até o momento. Serão


analisadas operações com ICMS, IPI, ISSQN, PIS, COFINS, vendas no mercado
interno e externo, receitas financeiras, fretes sobre compras e vendas, abatimentos
sobre compras e vendas, descontos condicionais obtidos e concedidos, devoluções de
compras e vendas, juros ativos e passivos, descontos obtidos e concedidos e PCLD.

Será utilizado como base o Sistema de Inventário Permanente, controlado


pela média ponderada, em que, no final, serão elaborados os devidos lançamentos
diários, Razonetes e controles de impostos, juntamente com as Demonstrações
Contábeis de acordo com a Lei nº 6.404/76.

2 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE


Foi apresentado na Unidade 2, Tópico 2, item 3, deste Caderno de Estudos,
que as variações nos estoques do Sistema de Inventário Permanente são lançadas
no ato da compra, venda ou qualquer operação que possa vir a modificá-lo,
não necessitando, dessa forma, que a empresa forneça o relatório de estoques
existentes para que se apure o CMV, porém, faz-se necessário que haja, de tempos
em tempos, uma recontagem dos estoques, para evitar possíveis problemas
físicos, financeiros e contábeis.

Tendo como base o exemplo a seguir, serão analisadas as variações


ocorridas no Sistema de Inventário Permanente, juntamente com a revisão de
algumas das principais operações comerciais vistas neste Caderno de Estudos:

193
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

A Cia. Ômega apresentou os seguintes saldos, em 30/04/x8:

Capital R$ 90.000,00
Reservas de Lucros R$ 11.510,00
Aplicação Financeira R$ 10.000,00
Veículos R$ 50.000,00
Caixa R$ 20.000,00
Clientes R$ 22.000,00*
PCLD R$ 490,00

* a conta clientes está assim representada:

QUADRO 43 – CONTA CLIENTE


Cliente Valor total Dias em atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a receber
A 4.000,00 30 1% 40,00 3.960,00
B 3.000,00 60 2% 60,00 2.940,00
C 6.000,00 60 2% 120,00 5.880,00
D 9.000,00 90 3% 270,00 8.730,00
TOTAL 22.000,00     490,00 21.510,00
FONTE: O autor

Já no mês 05/x8 teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Venda de serviços a prazo ao Cliente H no valor de R$


5.000,00, com incidência de 3% de ISSQN.

01/05/x8 (2) – Compra a prazo de 50 unidades da mercadoria “A” para


revenda no valor de R$ 15.200,00, com 17% de crédito de ICMS, porém, no ato,
o fornecedor concedeu um desconto de R$ 200,00. Nesse caso, a nota fiscal foi
emitida no valor total de R$ 15.000,00.

01/05/x8 (3) – Frete sobre compra da mercadoria “A” em 01/05/x8, no valor


de R$ 800,00, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

03/05/x8 (4) – Devolução de 10 unidades compradas em 01/05/x8. O valor


foi compensado com fornecedores.

04/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 4.000,00, via caixa da compra efetuada em


01/05/x8. Foi obtido um desconto de 4% sobre o valor.

06/05/x8 (6) – Venda a prazo de 30 unidades da mercadoria “A” para o


mercado interno ao Cliente W, no valor de R$ 12.600,00, com 17% de débito de
ICMS. Ao ser conferido na entrega, junto ao cliente, constatou-se um pequeno
defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o
Cliente W solicitou um abatimento de R$ 600,00 sobre o total da Nota Fiscal.

194
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

08/05/x8 (7) – Compra a prazo de 30 unidades da mercadoria “A” para


revenda no valor de R$ 12.000,00, sendo que na Nota Fiscal há incidência de 10%
de IPI e 17% de ICMS, perfazendo uma compra total de R$ 13.200,00.

08/05/x8 (8) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre a


compra efetuada em 08/05/x8, no valor de R$ 300,00.

09/05/x8 (9) – O Cliente A pagou R$ 3.960,00 dos R$ 4.000,00, que devia e


a PCLD era de R$ 40,00. O valor foi pago, via caixa.

10/05/x8 (10) – Cobrança de R$ 4.000,00 do cliente W, via caixa, referente à


venda efetuada em 06/05/x8. Foi concedido desconto 2% sobre o valor.

11/05/x8 (11) – O Cliente B pagou R$ 2.800,00, via caixa, dos R$ 3.000,00


que devia e a PCLD era de R$ 60,00. Já foi confirmado que o restante não será
pago pelo cliente.

15/05/x8 (12) – Venda a prazo de 10 unidades da mercadoria “A” para o


mercado externo, ao cliente F, no valor de R$ 5.000,00.

15/05/x8 (13) – Frete sobre venda no valor de R$ 400,00, pago via caixa,
com crédito de 17% de ICMS.

18/05/x8 (14) – O Cliente C pagou inteiramente, via caixa, os R$ 6.000,00


que devia e a PCLD era de R$ 120,00.

24/05/x8 (15) – Venda a prazo de 20 unidades da mercadoria “A” para


o mercado interno ao cliente Q, no valor de R$ 9.600,00, com 17% de débito de
ICMS, porém, no ato, foi concedido um desconto de R$ 400,00. Nesse caso, a nota
fiscal foi emitida no valor total de R$ 9.200,00.

25/05/x8 (16) – O Cliente D pagou R$ 3.000,00 dos R$ 9.000,00 que devia e


a PCLD era de R$ 270,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais
a possibilidade de cobrar o restante.

26/05/x8 (17) – Devolução de 3 unidades da mercadoria vendida em 24/05/x8


ao cliente Q. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

27/05/x8 (18) – Pagamento de R$ 4.000,00 via caixa, da compra efetuada


em 01/05/x8. Foram pagos juros de 2% sobre o valor.

28/05/x8 (19) – Cobrança de R$ 4.000,00 do cliente W via caixa, referente à


venda efetuada em 06/05/x8. Foi cobrado 3% de juros sobre o valor.

29/05/x8 (20) – Despesa com energia elétrica no valor de R$ 900,00, via caixa.

195
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

29/05/x8 (21) – Um antigo cliente denominado R pagou R$ 3.500,00, que


haviam sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos
anteriores.

31/05/x8 (22) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 800,00.

31/05/x8 (23) – Provisão para Créditos de Liquidez Duvidosa de 1% da


venda de serviços, efetuada em 01/05/x8 ao Cliente H.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• No controle do estoque é utilizada a média ponderada.

Com base nessas informações, faça:

• a Memória de cálculo da ficha de controle de estoque;

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Memória de cálculo da ficha de controle de estoque

QUADRO 44 – MEMÓRIA DE CÁLCULO

FONTE: O autor

196
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

197
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Apuração dos impostos

QUADRO 45 – APURAÇÃO DOS IMPOSTOS

FONTE: O autor

198
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

Demonstração do Resultado do Exercício

QUADRO 46 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

199
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Balancete Patrimonial

QUADRO 47 – BALANCETE PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:



Em 01/05/x8 (1):

D – Caixa R$ 5.000,00 (venda à vista)


C – Venda de Serviços R$ 5.000,00 (registro da receita)

Em 01/05/x8 (2):

D – Estoque R$ 12.450,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS)


D – ICMS a Compensar R$ 2.550,00 (17% de ICMS sobre o total da compra:
15.000,00)

C – Fornecedores R$ 15.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Em 01/05/x8 (3):

D – Estoque R$ 664,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS)


D – ICMS a Compensar R$ 136,00 (17% de ICMS sobre o total do frete: 800,00)
C – Caixa R$ 800,00 (pagamento à vista)

Em 03/05/x8 (4):

D – Fornecedores R$ 3.000,00 (compensação de parte da obrigação


pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 2.490,00 (baixa de 10 unidades do estoque no


ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 510,00 (17% sobre o total da mercadoria


devolvida - Passivo Circulante)

200
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

Em 04/05/x8 (5):

C – Caixa R$ 3.840,00 (Pagamento com 4% de desconto)


D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)
C – Desconto obtido R$ 160,00 (Receita de desconto)

Em 06/05/x8 (6):

D – Clientes R$ 12.600,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 12.600,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 7.968,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 7.968,00 (baixa do estoque – atualização
instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.142,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)
C – ICMS a Pagar R$ 2.142,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 600,00 (lançamento como despesa na DRE)


C – Clientes R$ 600,00 (compensação de parte do direito
pelo abatimento)

Em 08/05/x8 (7):

D – Estoque R$ 11.160,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS


com IPI)

D – ICMS a Compensar R$ 2.040,00 (17% de ICMS sobre a mercadoria: 12.000,00)


C – Fornecedores R$ 13.200,00 (reconhecimento da obrigação)

Em 08/05/x8 (8):

D – Fornecedores R$ 300,00 (compensação de parte da obrigação


pelo abatimento)

C – Estoque de Mercadorias R$ 300,00 (baixa de parte do custo do estoque no


ativo circulante)

Em 09/05/x8 (9):

D – Caixa R$ 3.960,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 3.960,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 40,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 40,00 (baixa do saldo de contas a receber pela PCLD)

201
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Em 10/05/x8 (10):

D – Caixa R$ 3.920,00 (Cobrança com 2% de desconto)


C – Clientes R$ 4.000,00 (Baixa do direito)
D – Desconto Concedido R$ 80,00 (Despesa de desconto)

Em 11/05/x8 (11):.

D – Caixa R$ 2.800,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 2.800,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 60,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 60,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 140,00 (conta de despesa na DRE - perda)


C – Clientes R$ 140,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Em 15/05/x8 (12):

D – Clientes R$ 5.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)


C – Venda de Mercadorias R$ 5.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 3.379,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 3.379,00 (baixa do estoque – atualização
instantânea)

Obs.: Não há provisão do ICMS em exportações.

Em 15/05/x8 (13):

D – Frete sobre Venda R$ 332,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)


C – Caixa R$ 400,00 (valor pago à vista)

Em 18/05/x8 (14):

D – Caixa R$ 6.000,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 6.000,00 (baixa total do valor em contas a receber)

D – PCLD R$ 120,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Outras Receitas R$ 120,00 (conta de receita na DRE – receitas operacionais)

Em 24/05/x8 (15):

D – Clientes R$ 9.200,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)

202
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

C – Venda de Mercadorias R$ 9.200,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 6.758,00 (reconhecimento do custo)


C – Estoque de Mercadorias R$ 6.758,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 1.564,00 (17% sobre o total vendido – despesa


na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 1.564,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Em 25/05/x8 (16):

D – Caixa R$ 3.000,00 (entrada no caixa)


C – Clientes R$ 3.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 270,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)


C – Clientes R$ 270,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 5.730,00 (conta de despesa na DRE - perda)


C – Clientes R$ 5.730,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Em 26/05/x8 (17):

D – Devolução de Vendas R$ 1.380,00 (baixa de parte da receita de venda


pela devolução)

C – Clientes R$ 1.380,00 (compensação de parte do direito pela


devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.013,70 (retorno do estoque vendido -


atualização instantânea)

C – CMV R$ 1.013,70 (estorno do CMV: 3 unidades)

D – ICMS a Compensar R$ 234,60 (17% de 1.380,00 – direito adquirido)


C – ICMS sobre Venda R$ 234,60 (estorno da despesa)

Em 27/05/x8 (18):

C – Caixa R$ 4.080,00 (Pagamento com 2% de juros)


D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)
D – Juros Passivos R$ 80,00 (Despesa de juros)

Em 28/05/x8 (19):

D – Caixa R$ 4.120,00 (Cobrança com 3% de juros)


C – Clientes R$ 4.000,00 (Baixa do direito)

203
UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

C – Juros Ativos R$ 120,00 (Receita de juros)

Em 29/05/x8 (20):

D – Energia Elétrica R$ 900,00 (despesa de energia na DRE)


C – Caixa R$ 1.200,00 (valor pago à vista)

Em 29/05/x8 (21):

D – Caixa R$ 3.500,00 (entrada no caixa)


C – Outras Receitas R$ 3.500,00 (conta de receita na DRE – receita
operacional)

Em 31/05/x8 (22):

D – Aplicação Financeira R$ 800,00 (entrada na aplicação – conta do AC)


C – Rendimentos Aplicações R$ 800,00 (conta de receita na DRE – receita financeira)

Em 31/05/x8 (23):.

D – Despesa com PCLD R$ 50,00 (registro da despesa na DRE)


C – PCLD R$ 50,00 (registro da provisão no ativo circulante)

Observe que na memória de cálculo da ficha de controle de estoque há


diversas variações que não fazem parte das simples compras ou vendas, como,
por exemplo, abatimentos, fretes e devoluções.

Quanto às demais operações vistas especificamente e separadamente em


cada uma das 3 unidades, agora aparecem numa só empresa, facilitando a análise
e o entendimento do assunto.

204
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico vimos as principais operações relacionadas à Contabilidade


Comercial, apresentadas neste Caderno de Estudos, porém, agrupadas num
único exemplo para facilitar o entendimento do assunto.

Tendo como base o sistema de Inventário Permanente, controlado pela


média ponderada, analisamos, desde os lançamentos diários e Razonetes até as
Demonstrações Contábeis, de acordo com a Lei nº 11.638/2007.

205
AUTOATIVIDADE

A Cia. Mascavo apresentou os seguintes saldos em 30/04/x8:

Capital R$ 134.250,00
Aplicação Financeira R$ 20.000,00
Veículos R$ 60.000,00
Caixa R$ 20.000,00
Clientes R$ 35.000,00*
PCLD R$ 750,00

* a conta clientes está assim representada:

Cliente Valor Total Dias em Atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a Receber
A 12.000,00 45 1,5% 180,00 11.820,00
B 13.000,00 90 3,0% 390,00 12.610,00
C 8.000,00 60 2,0% 160,00 7.840,00
D 2.000,00 30 1,0% 20,00 1.980,00
TOTAL 35.000,00     750,00 34.250,00

Já no mês 05/x8 teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Venda de serviços a prazo ao Cliente H no valor de R$ 3.000,00,


com incidência de 3% de ISSQN.

01/05/x8 (2) – Compra a prazo de 200 unidades da mercadoria “A” para


revenda no valor de R$ 10.100,00, com 17% de crédito de ICMS, porém, no ato,
o fornecedor concedeu um desconto de R$ 100,00. Nesse caso, a nota fiscal foi
emitida no valor total de R$ 10.000,00.

01/05/x8 (3) – Frete sobre compra da mercadoria “A” em 01/05/x8 no valor de R$


361,44, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

03/05/x8 (4) – Devolução de 50 unidades compradas em 01/05/x8. O valor foi


compensado com fornecedores.

04/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 2.500,00, via caixa, da compra efetuada em


01/05/x8. Foi obtido um desconto de 3% sobre o valor.
06/05/x8 (6) – Venda a prazo de 100 unidades da mercadoria “A” para o
mercado interno ao Cliente W no valor de R$ 8.000,00, com 17% de débito de
ICMS. Ao ser conferido na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno
defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim,
o Cliente W solicitou um abatimento de R$ 400,00 sobre o total da Nota Fiscal.

206
08/05/x8 (7) – Compra a prazo de 100 unidades da mercadoria “A” para revenda
no valor de R$ 4.000,00, sendo que na Nota Fiscal há incidência de 10% de IPI e
17% de ICMS, perfazendo uma compra total de R$ 4.400,00.

08/05/x8 (8) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre a compra


efetuada em 08/05/x8, no valor de R$ 150,00.

09/05/x8 (9) – O Cliente A pagou R$ 11.820,00 dos R$ 12.000,00 que devia e a


PCLD era de R$ 180,00. O valor foi pago via caixa.

10/05/x8 (10) – Cobrança de R$ 2.100,00 do cliente W, via caixa, referente à


venda efetuada em 06/05/x8. Foi concedido desconto 3% sobre o valor.

11/05/x8 (11) – O Cliente B pagou R$ 12.000,00 via caixa dos R$ 13.000,00 que
devia e a PCLD era de R$ 390,00. Já foi confirmado que o restante não será pago
pelo cliente.

15/05/x8 (12) – Venda a prazo de 90 unidades da mercadoria “A” para o mercado


externo ao cliente F, no valor de R$ 7.000,00.

15/05/x8 (13) – Frete sobre venda no valor de R$ 700,00, pago via caixa, com
crédito de 17% de ICMS.

18/05/x8 (14) – O Cliente C pagou inteiramente, via caixa, os R$ 8.000,00 que


devia e a PCLD era de R$ 160,00.

24/05/x8 (15) – Venda a prazo de 50 unidades da mercadoria “A” para o


mercado interno ao cliente Q no valor de R$ 3.700,00, com 17% de débito de
ICMS, porém, no ato, foi concedido um desconto de R$ 200,00. Nesse caso, a
nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 3.500,00.

25/05/x8 (16) – O Cliente D pagou R$ 800,00 dos R$ 2.000,00 que devia e a


PCLD era de R$ 20,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais
a possibilidade de cobrar o restante.

26/05/x8 (17) – Devolução de 10 unidades da mercadoria vendida em 24/05/x8


ao cliente Q. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS
17%.

27/05/x8 (18) – Pagamento de R$ 3.000,00 via caixa, da compra efetuada em


01/05/x8. Foi pago juros de 1% sobre o valor.

28/05/x8 (19) – Cobrança de R$ 3.500,00 do cliente W via caixa, referente à venda


efetuada em 06/05/x8. Foi cobrado 2% de juros sobre o valor.

29/05/x8 (20) – Despesa com energia elétrica no valor de R$ 600,00 via caixa.

207
29/05/x8 (21) – Um antigo cliente denominado R pagou R$ 2.000,00, que haviam
sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

31/05/x8 (22) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 400,00.

31/05/x8 (23) – Provisão para Créditos de Liquidez Duvidosa de 1% da venda


de serviços, efetuada em 01/05/x8 ao Cliente H.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• No controle do estoque é utilizada a média ponderada.

Com base nessas informações, resolva:

• a Memória de cálculo da ficha de controle de estoque;

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Memória de cálculo da ficha de controle de estoque

208
Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

209
210
Apuração dos impostos

211
Demonstração do Resultado do Exercício

212
Balancete Patrimonial

213
214
REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: Campus, 2001.

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______. Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009. Institui o regime tributário de


transição, alterando a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/
leis/2009/lei11941.htm>. Acesso em: 20 dez. 2010.

______. Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de nº 2007. Altera e revoga


dispositivos da Lei. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei 6.385, de 7
de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições
relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>.
Acesso em: 20 dez. 2010.

______. Lei nº 10.833, de 30 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária


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Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios
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______. Lei nº 10.637, de 31 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não


cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração
Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), nos
casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos tributários
federais, a compensação de créditos fiscais, a declaração de inaptidão de
inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/2002/lei10637.
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Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
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______. Lei Complementar nº 102, de 11 de julho de 2000. Altera dispositivos da Lei


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Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias
e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
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______. Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o


imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação
de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. (LEI KANDIR).
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217

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