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Abstract: Today when they intented are to think in the Africa quickly, make a stereotyped
form of unit, misery and backwardness. This image naturalized today not that had different
societies at different times in history, is the result a process of social construction. Realize that
there was a construction of the image of Africa, artifice that we consider intrinsic relationship
with the nineteenth-century European imperialism. This article, which casts more questions
than conclusions, proposes to address through the factors that led to this construction imagery.
Also analyzing how the textbook addresses this issue leading to continuity of this image;
pointed possibilities for teachers to conduct a discussion about this topic with greater
ownership and adopting a posture afrocentred.
Keywords: History Education. History of Africa. Afrocentrism
Primeiras notas
Este trabalho pretende reunir uma série de discussões que se centram, de maneira
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História - UFRGS
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visíveis no tocante a este assunto, e mais ainda, perceber os pontos que dificultam uma real e
proveitosa apreensão deste conteúdo por parte dos discentes.
Parto da consideração de que a imagem recorrente de África, tanto nos bancos
escolares quanto disseminada na sociedade pelos meios de comunicação é uma imagem
estereotipada. Este continente é marcado essencialmente pelo estigma da pobreza, do atraso e
da unidade. Todavia, a esta imagem que hoje se apresenta de forma naturalizada podemos
contrapor as que possuíam gregos entre os séculos VI a. C e II, ou ainda as populações
medievais e os ibéricos do século XV e XVI.
Este trabalho pretende em sua parte inicial apontar alguns traços deste processo de
criação de primeiras impressões da África. Empreenderemos inicialmente uma breve análise
das considerações a respeito do continente em diferentes tempos históricos: como este era
percebido, quais características eram-lhe atribuídas. Dado este quadro, empenhar-nos-emos na
discussão a respeito do momento em que consideramos ocorrer à mudança fundamental da
caracterização da África: o Imperialismo do século XIX.
A segunda parte deste trabalho é dedicada a ponderações a respeito de como esta
temática vem sendo trabalhada na sala de aula. A partir da análise de um livro didático
propomos espaço para a atuação do professor, visando a problematização desta imagem hoje
recorrente e contribuindo acrescentando a literatura escolar elementos que vem sendo
desenvolvidos nas discussões mais recentes sobre a temática.
As várias Áfricas
Se hoje quando buscamos construir imagens relacionadas a África somos tentados
imediatamente a procurar retratos de miséria na totalidade do continente, devemos perceber
que na antiguidade este continentes despertava a imaginação de escritores e soberanos.
Na antiguidade clássica, Heródoto relata uma expedição marítima1 ocorrida em
meados do século VI a.C onde fenícios circulam à Líbia (sic). Estas viagens eram
importantes, “pois o Egito dependia materialmente da venda de determinados produtos
africanos” (UNESCO, 2010, p. 112). Após 2 anos estes viajantes regressaram, “foi assim que
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Estamos nos referindo à expedição ocorrida entre – 610 e -595 durante o reinado do Faraó Necau II (LICHT,
1986, p 18)
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1324 pelo soberano do Mali, Mansa Mussa2. A reprodução do Mansa no Atlas Catalão em
1375 (conforme Figura 1), segurando uma pepita de ouro é extremamente significativa - e
simbólica; de poder, riqueza e respeito, por parte dos europeus responsáveis por esta
produção.
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Segundo Ribeiro, “nessa peregrinação, conta-se que sua prodigalidade nos gastos e despesas com ouro foi tal
que, devido à quantidade despendida, o valor do metal caiu, e os níveis de então só foram retomados doze anos
depois” (RIBEIRO, 2008, p. 33).
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PELLEGRINI, Marcos, DIAS, Adriana e GRINBERG, Keila. Novo Olhar História – Volume 3. São Paulo,
FTD, 2010.
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A exceção da Libéria e da Etiópia que permaneceram independentes, todo o continente foi formalmente
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A Conferencia de Berlin realizada em 1895 é exemplar neste sentido, líderes com interesses imperialista
reúnem-se para diplomaticamente dividirem um continente inteiro (RANGER, 2010, p. 323).
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Este ponto possibilita que se teçam paralelos com a situação no Brasil durante o início do período republicano,
quando, frente a uma série de mudanças (de ordem política no Brasil e de âmbito cultural, político e econômico
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no continente africano) desenvolve-se uma série de movimentos de caráter milenaristas que propõe formas de
integração destas populações às mudanças que ocorreram na sociedade. Igualmente, a principal ideia motivadora
das resistências era o principio de soberania, que possibilita uma discussão extremamente produtiva com os
alunos.
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É interessante neste momento conduzir uma discussão a respeito das interpretações que são realizadas hoje
sobre estes movimentos, o que possibilita os alunos desenvolverem uma pesquisa relacionando elementos da
prática do historiador, construindo o conhecimento.
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Ultimas palavras
Ao longo deste trabalho tentou-se afirmar que o imperialismo foi o contexto onde se
fundamentou a mudança na maneira de se perceber e representar o continente africano.
Imagens pejorativas geradas neste período contribuem para alimentar o estereótipo que hoje
emana a África. A obrigatoriedade de tratar da História da África e da cultura Afro reveste-se
de maior importância ainda, frente a este desafio de, ao menos, questionarmos esta imagem.
Contudo, conforme expomos muitas vezes este espaço acaba também reproduzindo, e
contribuindo para a continuidade desta imagem. Pereira (2009) frente a este contexto fala da
necessidade de se realizar dois movimentos distintos, mas simultâneos. Ao passo que se faz
necessário ampliar o acesso de estudantes e professores de história a História da África,
trabalho este desenvolvido pela pesquisa universitária; o segundo movimento é político, “uma
vez que os professores precisam sentir a importância dessa história para a formação do aluno”
(PEREIRA, 2009, p. 6).
Sendo a pesquisa em História da África um campo relativamente recente no Brasil, no
estado ainda mais, somando-se à grade curricular eurocêntrica que podemos perceber como
predominante nos cursos de licenciatura em História monta-se o quadro que tem gerado
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convite para a produção e pesquisa, dado que temas instigantes a respeito do continente
africano, e a própria possibilidade de perceber a história a partir de um outro centro – até
mesmo questionar a necessidade da existência de um centro! – colocam-se como novos
elementos para contribuir para o currículo escolar.
Referencias
Artigos periódicos:
MELO, Marcos Souza. Novas perspectivas para o Ensino de História da África: uma conversa
sobre legislação, Fernand Braudel e Flávio Josefo. Revista Eletrônica de Antiguidade.
NEArco. Vol. I, n.6, s/a.
Figura:
Livros:
LICHT, Henrique. O remo através dos tempos. Porto Alegre, CORAG, 1986.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2009.
Livros em co-autoria
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Capítulos de livros
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RIBEIRO, Luiz Dario. A África antes do século XV: os grandes reinos. In: MACEDO, J.
Rivair, Viajando pela África com Ibn Battuta. Porto Alegre, Vigraguas, 2008.
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