Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gestão Por Processos (BPM) - Uma Mudança de Filosofia Gerencial
Gestão Por Processos (BPM) - Uma Mudança de Filosofia Gerencial
O tema "Gestão por Processos" está ganhando notoriedade ao redor do mundo. O recente
crescimento do número de associados da ABPMP (Association of Business Process
Management Professionals), sediada nos Estados Unidos, é indicador da relevância que o tema
tem apresentado nos cenários acadêmicos e profissionais mundiais.
Com capítulos em diversos estados norte-americanos, além de Brasil, Chile, Colombia, México,
Austrália, Alemanha, Noruega, Paquistão e outros, a ABPMP está conseguindo integrar um
corpo de especialistas ao redor do mundo que poderá desenvolver as teorias acerca do tema
"Processos" até hoje inéditas. O compartilhamento de experiências e práticas interculturais
viabilizará um incremento significativo no corpo de conhecimento sobre o assunto. Os
principais beneficiados? Organizações que poderão contar com tecnologias e teorias mais
estruturadas, visando incrementos de produtividade, eficácia e eficiência. Em última análise, a
eficiência de países com esforços alinhados aos pressupostos mundiais serão os reais
beneficiados.
É o caso do Brasil, que obteve suas primeiras 29 certificações profissionais CBPP (Certified
Business Process Professional). Esta é a titulação concedida a profissionais que aplicam
metodologias bem sucedidas de BPM (Business Process Management) e que possuem
especialização no assunto, devidamente avaliada pela ABPMP. Espera-se um crescimento do
número destes profissionais no mercado nos próximos anos, o que profissionalizará a gestão
das empresas sob a perspectiva de processos e, sem dúvida nenhuma, trará benefícios
concretos. E o Brasil faz parte desta vanguarda.
O interesse pelo assunto BPM é relativamente novo. Enxergar a organização sob a ótica de
processos e geri-los de forma a promover resultados mais alinhados às expectativas do cliente
e dos acionistas tem se mostrado uma prática extremamente compatível com as demandas
empresariais existentes nos mais diversos nichos de mercados. De fábricas a prestadoras de
serviço, de micro a grandes empresas, do segmento da saúde à indústria moveleira: são muitos
os exemplos de aplicações bem sucedidas da nova "filosofia gerencial" que procura identificar
os processos multifuncionais de uma empresa e prover valor e eficiência às organizações.
Refiro-me ao tema como "filosofia gerencial" porque temos um grande paradigma a ser
quebrado. Mais de 100 anos se passaram desde a revolução industrial e o Taylorismo continua
a ser o grande mote de estilo de gerenciamento organizacional: áreas funcionais especializadas
no assunto, promovendo uma cadeia de relações clientes-fornecedores internos à
organização, de forma com que o trabalho das unidades funcionais resulta em um produto
demandado pelo cliente final. Esta a lógica organizacional, proposta formalmente por Adam
Smith, que é usualmente praticada e vem gerando resultados positivos há décadas.
Quem já não telefonou para um SAC e se deparou com analistas de atendimentos carentes de
informações? Ou com promessas de vendedores que, na prática, não foram cumpridas pelo
pessoal operacional? Reflexo de improdutividade nos processamentos internos (entre áreas)
da companhia.
A Gestão por Processos (BPM) consiste essencialmente em uma quebra deste paradigma
funcional, propondo uma visão interfuncional de como os processos ponta-a-ponta poderiam
ser melhor geridos visando eliminar os efeitos maléficos destes conflitos internos.
Neste contexto absolutamente focado nos processos, as necessidades e anseios do cliente são
tratados por "donos de processo" (e não por "gerentes de departamento"), como
responsabilidades de prestação de contas sobre o desempenho de todo o fluxo de atividades
que agregam valor para transformar insumos em produtos (ou serviços). Este processo "ponta-
a-ponta", necessariamente interfuncional (ou seja, permeando funcionários de diversos
departamentos diferentes) é gerido pelo seu dono, que possui autonomia para modelar,
analisar e transformar a cadeia produtiva interna visando o atendimento direto das
necessidades do cliente, sem que as tradicionais barreiras departamentais configurem
resistências relevantes para a fluidez deste fluxo.
E é exatamente neste ponto que os benefícios surgem, pois todas as decisões gerenciais
(desde a mensuração de desempenho por meio de indicadores até a operacionalização das
estratégias corporativas) passam a ser internalizadas, compreendidas e decididas pela ótica de
processos. De maneira objetiva: maior eficiência e eficácia.
A adoção de cada uma delas de maneira excelente resulta em melhorias tangíveis e objetivas.
E esta é a intenção final dos profissionais de processos: estudar os impactos destes paradigmas
e alavancar eficiência, eficácia e resultados sistemáticos à gestão das organizações.