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3 setembro/dezembro 2006
Salvador-BA
ISSN 1808-124x
265
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Editor: Dr. José Albertino Carvalho Lordelo.
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Quadrimestral
ISSN 1808-124x
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266
Sumário/Summary
Editorial
269
Editorial
José Albertino Carvalho Lordelo
267
Cultura nacional, cultura das organizações escolares e a gestão
democrática: algumas reflexões 367
National culture, culture of the school organization and the democratic management: some reflections.
Joyce Mary Adam de Paula e Silva
268
Editorial
Nesta edição de Gestão em Ação os pes- periores, tomando com campo de análise, o
quisadores retomam os temas da agenda Sistema Municipal de Ensino de Recife.
política da educação: avaliação institucional,
gestão educacional, cultura e valores na Recorrendo as metáforas para analisar as
organização escolar e as relações entre edu- organizações, Joyce de Paula e Silva apre-
cação e sociedade, postos em relevo e ana- senta um estudo da organização escolar
lisados cientificamente. como fenômeno cultural e aponta os fatores
que dificultam o estabelecimento de uma
Dante Moura analisa as relações entre a cultura de participação na gestão escolar.
reforma da educação profissional e a identi- Gicele Carvalho nos mostra a relação entre
dade institucional, o contexto externo e o a leitura e o imaginário como valores cultu-
planejamento escolar e vai além ao formular rais, produto de suas observações realiza-
proposições para construir a nova identi- das em salas de aulas e na biblioteca de uma
dade de uma instituição tomada como caso escola particular.
na sua pesquisa.
Katia Freitas aborda a gestão da educação
Claudia Silva faz um balanço da eleição de presencial e a distância. Ela mostra como a
diretores escolares e conclui que, sozinha, qualidade da educação está associada com
a prática da eleição do diretor não é capaz a formação e o desempenho do gestor con-
de garantir o exercício da democracia na es- tudo, defende que a capacitação não fique
cola e nos convida a propor caminhos para restrita unicamente ao dirigente mas a toda
superar os atuais modelos de gestão. Já equipe gestora. A pesquisadora finaliza seu
Amarildo Silva, Ana Oliveira dos Santos e artigo levantando novas questões e provo-
Ricardo Behr mergulham na fenomenologia cações que representam um convite a no-
hermenêutica para compreender as relações vos estudos, análises e pesquisas sobre
entre a formação social e histórica de uma esse tema recorrente da Gestão em Ação.
professora e seu estilo de direção. Os auto-
res mostram como essas dimensões estão Renata Cunha e Guilherme Prado discutem
imbricadas. Edson Francisco de Andrade as representações que o coordenador tem
analisa o papel dos Conselhos Escolares, da ação do professor e de sua formação. A
centra sua discussão na questão da auto- partir da escuta de cinqüenta coordenado-
nomia e sua relação com as instâncias su- res os autores concluem que a comunica-
Alexandre Neto e Lizete Maciel nos ajudam Nesta edição, Gestão em Ação confirma sua
a compreender as transformações sociais tradição de periódico diverso e aberto,
ocorridas durante o processo de implanta- acolhendo contribuições e análises de pes-
ção do modo de produção capitalista a par- quisadores, docentes, gestores e pós-
tir do século XV e como elas afetaram a vida graduandos que, direta ou indiretamente
humana, tornando-nos prisioneiros do ca- tocam no seu objeto central, a gestão edu-
pital e privando-nos de liberdade. cacional.
Boa leitura.
Dr. José AlbertinoCarvalho Lordêlo
Editor
2
MOURA, D. H. La Autoevaluación como instrumento de mejora de calidad: un estudio de caso (El Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio Grande do Norte/CEFET-RN / Brasil). 2003. 516 f. Tese (Doutorado em educação) – Faculdade Educação da Universidade
Complutense de Madrid. Madri.
3
Em função de não ser o objetivo fundamental do trabalho, não aprofundaremos a análise sobre o neoliberalismo. Para isso, sugerimos ver
ANDERSON (1996); FRIGOTTO (1999); e BURBULES e TORRES (2004).
4
Durante a coleta de dados e até a conclusão da pesquisa em dezembro de 2003, essa era uma situação de difícil solução, já que o Decreto nº
2.208/97 impedia a integração entre os currículos do ensino médio/técnico Entretanto, em 2004, a Instituição estudava outras formas de minimizar
a separação médio/técnico à medida que acompanhava o trâmite do que seria o Decreto ne 5.154/2004. Assim, logo que entrou em vigor esse
instrumento legal o CEFET-RN redirecionou suas atividades para a (re)construção do currículo integrado, que já vigora em 2005.
5
O Decreto nº 5.154/2004, entre outros aspectos, alterou a denominação dos cursos da EP, os quais passaram a denominar-se: EP técnica de
nível médio; EP tecnológica de graduação e de pós-graduação; e formação inicial e continuada de trabalhadores. Apesar disso, como à época
da coleta de dados a denominação era distinta, em alguns casos, optamos por manter a nomenclatura de então: níveis básico, técnico e
tecnológico da EP.
1. A va liação inicial
d iagn óstica: esta do da
2. E laboração do q uestão sobre o cen tro
program a de (critérios e in dicadores)
in terven ção
In ovação do
plan o de Ino va ção e m ud ança orienta da à m elhoria da
gestão qualid ade educativa
Aspectos contextuais
específicos e
características
Objetivos e planos
Estruturas
Sistema relacional
O conhecimento
Utilizando o Quadro 2 como roteiro e fa- Para isso, cruzamos cada elemento estru-
zendo uma profunda reflexão e estudos de tural com todos os elementos dinâmicos,
documentos institucionais, construímos produzindo as categorias da auto-avalia-
as categorias que orientaram o processo ção, ou seja, definindo o que avaliaría-
de auto-avaliação. mos.
10
A consulta a documentos foi utilizada para a coleta e para a análise de dados
283
Auto-avaliação institucional orientada à ampliação da responsabilidade social: o caso do CEFET-RN
Agentes externos 10 - - - -
Outros chefes de
hierarquia inferior a - 9 9 38 23,68
dos gerentes
Alunos do ensino
- 180 180 1.776 10,13
médio
Alunos do nível
- 50 50 12.227 0,41
básico da EP
Alunos do nível
- 320 320 3.186 10,04
técnico da EP
Alunos do nível
- 55 55 525 10,48
tecnológico da EP
truímos a visão de cada grupo relativamen- O primeiro eixo diz respeito à postura
te às categorias de auto-avaliação. institucional frente às demandas da socie-
dade e do mundo do trabalho em particu-
Depois, realizamos a triangulação, contras- lar. Sobre isso, concluímos que a Institui-
tando as visões de todos os grupos que ção se conduz mais por reação às ações
responderam aos questionários e os en- do entorno do que em função de um pla-
trevistados, além da análise documental. nejamento prévio, elaborado a partir de
Esta última, utilizada para complementar e seus objetivos, fins e prioridades. Além
aprofundar a análise de algumas categori- disso, concluímos que isso ocorre porque
as cujas contribuições proveniente das o CEFET-RN e seus agentes não compre-
outras fontes não foi suficiente para cons- endem totalmente a sociedade onde estão
truir um indicador confiável relativo à ca- inseridos, nem sabem utilizar adequada-
tegoria abordada. mente, os meios disponíveis para melho-
rar essas relações, por falta de
Dessa maneira, a triangulação capacitação/decisão política de fazê-lo.
correspondeu à fase final da análise dos Apesar disso, também apreendemos que é
dados e funcionou como um operador que muito boa a infra-estrutura e que parte do
transformou a visão dos grupos de infor- pessoal está capacitado/capacitando-se e
mantes, classificadas de acordo com as 52 motivado para realizar essa função.
categorias, em indicadores institucionais,
ou seja, a partir de cada categoria constru- O segundo relaciona-se com a redução do
ímos um indicador através da triangulação. financiamento público que resulta numa
situação-problema: a manutenção e, inclu-
Finalmente, a partir da síntese dos indica- sive, a tentativa de ampliar a função social
dores elaboramos as conclusões da pes- do CEFRET-RN versus a necessidade de
quisa e respectivas propostas de melhora buscar estratégias de complementação or-
(MOURA, 2003). çamentária através da interação com o en-
torno. Nesta esfera, a conclusão funda-
mental é que o CEFET-RN e o governo fe-
CONCLUSÕES deral estão de acordo que a Instituição
deve ampliar a sua interação com o entor-
Para os fins deste trabalho resumimos as no e a sociedade em geral. Entretanto, para
conclusões em três grandes eixos temáticos, o CEFET-RN essa interação deve estar pau-
apesar de que, ao finalizar a pesquisa, em tada pela ampliação de sua função social,
dezembro de 200312 , extraímos muito mais enquanto para a administração federal o
conclusões sobre o CEFET-RN do que as foco deve ser o aumento da capacidade
aqui tratadas. institucional de autofinanciamento13.
11
A íntegra do trabalho está em disponível em http://www.cefetrn.br/academico/projeto_pedagogico/Projeto_Pedagogico.pdf
13
Neste ponto cabe destacar que chegamos a essa conclusão a partir da análise de dados que foram coletados entre outubro e dezembro
de 2001, portanto durante o governo FHC.
projeto político-pedagógico com o fim de dos planos dos novos cursos técnicos
integrar todas as suas ofertas educacio- de nível médio integrados, que voltaram
nais em um conjunto sistêmico, consis- a fazer parte da realidade acadêmica
tente, coerente e intencionado de ativi- institucional após 7 anos em que foram
dades acadêmicas,orientadas, indisso- proibidos por força da legislação vigen-
ciavelmente, às do ensino, pesquisa e ex- te.
tensão, as quais, deveriam ocorrer em um
ambiente de constante interação com o Dessa forma, em 2005, estamos constru-
mundo do trabalho e a sociedade (MOURA, indo os planos dos cursos superiores de
2003). tecnologia e das licenciaturas, de forma
que em futuros relatos trataremos do
Aceita a proposta, começamos uma nova respectivo processo.
fase do processo integrado do plano de
gestão e de pesquisa auto-avaliativa do Artigo recebido em: 08/09/2005.
funcionamento do CEFET-RN 15 , a qual Aprovado para publicação em: 02/10/2006.
15
Nesse ínterim, houve eleições para a direção geral do CEFET-RN e eu fui convidado para ocupar a direção de ensino do Centro e, em
decorrência, disso, coordenar o processo de (re)construção do projeto político pedagógico do CEFET-RN
Resumo: Este artigo aborda o tema da eleição de modo que, em ordens sucessivas,
diretor escolar como um dos construtos que vêm a União, o Estado e o Município
contribuindo para exercício da gestão democrática se vejam com parcelas diversas e
da educação, possibilitando o envolvimento da conjugadas de poder e responsa-
comunidade no processo decisório sobre a bilidade (TEIXEIRA, 1967,
organização e o funcionamento da escola. p.67).
Estabelece uma discussão sobre as diferentes formas
de provimento do cargo de diretor e suas
implicações para o desempenho das atividades e o Além disso, defendia para a administração
sucesso da escola, desvelando que a prática da
eleição do diretor não garante o exercício da gestão
da educação local um modelo de gestão
democrática, na qual o comprometimento com o democrática no qual órgãos colegiados, de
sucesso da instituição deve estar no centro das
ações. composição leiga, Conselhos de Educação,
com um alto grau de autonomia administra-
Palavras-chave: Eleição de diretores escolares;
Gestão democrática da educação. tiva, participariam do processo de tomada
de decisão sobre o funcionamento do sis-
tema educacional. Os conselheiros seriam
representantes diretos dos pais de família e
INTRODUÇÃO da comunidade, eleitos ou nomeados por
autoridades eleitas, competindo-lhes a no-
A discussão sobre a participação da socie- meação e supervisão das autoridades exe-
dade civil na gestão da educação não é algo cutivas.
recente na literatura educacional brasileira.
Na década de 1930, Anísio Teixeira já con- A Constituição Federal do Brasil, promul-
cebia a municipalização da educação como gada em 1988, traz a gestão democrática
um mecanismo de descentralização, que como um dos princípios norteadores da
dotaria as instâncias públicas de autono- oferta do ensino público no país. A inclu-
mia, favorecendo a democratização da edu- são desse princípio no texto legal é resul-
cação. Defendia para a administração edu- tado de reivindicações de movimentos po-
cacional pulares, sindicais e outros segmentos da
[...] um regime especial de distri- sociedade civil pela publicização do Estado,
buição dos poderes públicos en-
carregados de ministrá-la, de uma vez que o país passava por um regime
militar autoritário e centralizador que se es- agentes escolares, significando uma forma
tendeu no período de 1964 até 1985. de toda a equipe escolar tornar-se co-res-
ponsável pelo sucesso do aluno e, conse-
Em 1996, com a aprovação da Lei de Diretri- qüentemente do funcionamento da unida-
zes e Bases da Educação Nacional, Lei nº de escolar.
9.394/96, se intensifica a discussão sobre a
participação da sociedade nas questões Já o conselho escolar idealizado pela LDB
educacionais. Em seu Artigo 14, a Lei nº deve compor a organização da própria es-
9.394/96 detalha os mecanismos de cola, responsabilizando-se pela tomada de
viabilização da participação das comunida- decisões em todas os campos que envolve
des escolar e local na gestão democrática o trabalho na escola, não restringindo-se
da escola. somente a gestão de recursos financeiros,
como vem se percebendo com a criação e
Art. 14 - Os sistemas de ensino implementação dos órgãos colegiados que
definirão as normas de gestão
democrática do ensino público na executam, basicamente, a gestão dos re-
educação básica, de acordo com
as suas peculiaridades e confor-
cursos do Programa Dinheiro Direto na
me os seguintes princípios: Escola (PDDE). Cury citando Antonio
I - participação dos profissionais Gramsci (2001, p.50) define conselho
da educação na elaboração do como
projeto pedagógico da escola; [...] o lugar onde a razão se apro-
xima do bom senso e ambos do
II - participação das comunida- diálogo público, reconhecendo
des escolar e local em conselhos que todos são intelectuais, ainda
escolares ou equivalentes. que nem todos façam do intelec-
to uma função permanente (grifos
do autor).
A idéia de gestão democrática expressa na
Lei abrange a existência de um projeto peda-
gógico da escola; a participação de profes- GESTÃO DEMOCRÁTICA E DESCEN-
sores e demais trabalhadores da educação TRALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
da escola na sua elaboração e a gestão
colegiada da implantação e execução desse Nos últimos anos, a discussão sobre a ges-
projeto, através de órgãos colegiados com- tão democrática da educação vem consti-
postos por representantes da comunidade tuindo-se em tema recorrente na literatura.
escolar e outros segmentos da sociedade. Essa atenção é decorrente do caráter
centralizador, burocrático, autoritário e
De acordo com Libâneo (2003) o projeto cerceador de práticas participativas que
pedagógico tem por objetivo descentrali- caracterizam o sistema público educacio-
zar e democratizar a tomada de decisões nal brasileiro. Por muitos anos, principal-
pedagógicas, jurídicas e organizacionais na mente no período em que a administração
escola, buscando maior participação dos do Estado brasileiro esteve sob o poder dos
militares, a administração educacional as- res e dos sistemas de ensino, que para
sumiu um caráter tecnocrático e capitalis- Vitor Paro pode ser concebida como aque-
ta. As escolas se configuravam como um la que está:
lócus de formação dos trabalhadores ne-
Inspirada na cooperação recípro-
cessários para a consolidação do capita- ca entre homens, deve ter como
meta a constituição, na escola de
lismo no país, reprodutores de uma ideo- um novo trabalhador coletivo
logia que visava a construção de uma so- que, sem os constrangimentos da
gerência capitalista e da parce-
ciedade não-participativa e alienada, na lização desumana do trabalho,
qual seus integrantes não exerciam a sua seja uma decorrência do trabalho
cooperativo de todos envolvidos
cidadania. no processo escolar, guiados por
uma 'vontade coletiva', em dire-
ção ao alcance dos objetivos edu-
O início da década de 80 está marcado como cacionais da escola (PARO apud
VINHAES; GRACINDO, 1995,
o período em que o debate sobre os temas
p.161).
da gestão e da autonomia escolar desta-
cou-se nas discussões sobre o funciona- A realização das primeiras eleições diretas
mento da escola pública. Esse período coin- para governador de Estados no Brasil, efe-
cide com o momento de reconstrução da tivadas em 1982, e a posse desses novos
democracia na sociedade brasileira, que governadores no ano seguinte viabilizou a
enfatizava a necessidade de descentra- concretização de muitas experiências de
lização e democratização dos processos participação democrática. Entre os proje-
sociais no Brasil, atribuindo uma forte rea- tos desenvolvidos entre 1983 e 1984,
ção ao centralismo do poder na adminis- Gadotti (1993) destaca o Fórum de Educa-
tração do Estado. No campo educacional, ção do Estado de São Paulo e o Congresso
algumas das maiores conquistas foram a Mineiro de Educação. As Sessões Públicas
liberdade de ação e de decisão em relação do Fórum de Educação do Estado de São
aos órgãos superiores da administração e Paulo propiciaram, pela primeira vez na
a maior participação da comunidade esco- história da educação brasileira, que educa-
lar nos espaços de poder da escola, por dores participassem do processo de elabo-
meio de instâncias como os conselhos es- ração das políticas públicas de educação.
colares. A luta pela democratização da gestão edu-
cacional foi intensa entre 1985 e 1988, ano
De acordo com Mendonça (2001) o proces- da promulgação da Constituição que con-
so de democratização da educação no sagrou o princípio da "gestão democrática
Brasil passou por vários estágios. Inicial- do ensino público".
mente, houve o direito universal ao acesso A participação e a democratiza-
a escola e, posteriormente, o direito a um ção num sistema público de ensi-
no é a forma prática de formação
ensino de qualidade e à participação de- para cidadania. A educação para a
mocrática na gestão das unidades escola- cidadania dá-se na participação no
daqueles que o indicaram. Essa prática ba- O concurso público pode ser realizado, pelo
seia-se muito mais em critérios político- menos, de duas formas. Por meio de prova
clientelistas que técnico-acadêmicos. ou através de provas e títulos, que se pro-
põem a aferir o grau de conhecimento
Segundo Paro (1996), o principal problema técnico e a comprovação de formação aca-
com relação à nomeação como critério de dêmica específica para o exercício das fun-
escolha do diretor é a garantia de ções inerentes ao cargo de diretor de esco-
favorecimento dos interesses de políticos la.
clientelistas. Pois, ao servir-se da prática
da nomeação sem adoção de outros critéri- Apesar de apresentar algumas virtudes
os de escolha democráticos que garantam necessárias ao diretor para o exercício do
o respeito aos interesses da comunidade cargo, tais como: a objetividade, a coibição
escolar e local, bem como a coibição de prá- do clientelismo e a possibilidade de aferi-
ticas que resultem em favorecimento ilícito ção do conhecimento técnico, esse meca-
de pessoas, o diretor tende a comprome- nismo vem sofrendo críticas pela própria
ter-se muito mais com os interesses do in- comunidade escolar porque ele acentua a
divíduo ou força política que o nomeou, adoção de critérios objetivos e técnicos e
sem comprometer-se politicamente com os não afere a capacidade de liderança dos
interesses da comunidade que compõe a candidatos. Além disso, o candidato apro-
unidade escolar. Até a promulgação da cons- vado, na maioria das vezes, escolhe a esco-
tituição federal de 1988 esse era o mecanis- la onde vai trabalhar, mas a comunidade
mo que mais prevalecia para a ocupação do escolar não participa do processo de sele-
cargo de diretor escolar. ção desse diretor. Dessa forma,
tica do diálogo na escola e resulta em maior Em uma pesquisa realizada em 1999 que
distribuição de poder dentro e fora da es- objetivou fazer o mapeamento da
cola, bem como o alcance do equilíbrio en- descentralização da educação brasileira nas
tre a competência técnico-acadêmica e a redes estaduais do ensino fundamental,
sensibilidade política necessárias ao dire- Parente e Luck (1998) constataram que os
tor para o exercício do cargo (GADOTTI; mecanismos mais utilizados para preenchi-
ROMÃO, 2004). mento do cargo de diretor escolar eram a
indicação e nomeação direta pelas lideran-
Por último, o mecanismo de esquema misto ças partidárias e dirigentes governamentais
combina duas ou mais fases no processo e a eleição direta e outras modalidades. O
de escolha dos diretores. Essas fases po- resultado do estudo apontou a seguinte
dem se constituir em provas que aferem a situação nas escolas: das 26 unidades
competência técnica e a formação do can- federadas pesquisadas, 17 realizavam elei-
didato, e eleições que verificam sua experi- ção direta com a participação da comunida-
ência administrativa, capacidade de lideran- de escolar e local. Dessas, oito utilizavam
ça etc. Nesse mecanismo a comunidade es- como critério de seleção e escolha apenas
colar tem a possibilidade de participar de a eleição; cinco utilizavam um sistema mis-
uma ou mais fases do processo de seleção, to adotando critérios técnicos e eleição;
resultando em um maior vínculo e compro- duas adotavam somente prova de conheci-
misso do diretor com aqueles que o esco- mentos específicos; uma utilizava curso de
lheram. qualificação com aprovação do candidato;
uma adotava como critério a análise do cur-
De acordo com Paro (1996) a defesa da rículo para selecionar os candidatos à elei-
eleição como critério para a escolha de di- ção. Outros seis estados recorriam a forma
retor de escola está baseada em seu caráter tradicional com indicação e nomeação de
democrático. É contraditório pensar na exis- lideranças locais diretamente pelos diri-
tência de uma sociedade democrática, sem gentes políticos.
considerar a democratização das institui-
ções que compõem essa sociedade, possi- De acordo com as autoras supracitadas, a
bilitando, inclusive, à população controlar prática da escolha de diretores escolares
o Estado no provimento de serviços coleti- através de eleição teve início no ano de 1984,
vos em quantidade e qualidade compatí- no Estado do Paraná. Posteriormente, en-
veis com as obrigações do poder público e tre 1985 e 1987, os Estados do Rio Grande
em atendimento aos interesses dessa soci- do Sul, Acre, Mato Grosso e o Distrito Fe-
edade. deral adotaram essa prática. No Distrito
Daí a relevância de se considerar Federal o processo foi interrompido por
a eleição direta, por parte do
pessoal escolar, alunos e comuni- questões políticas e a eleição foi embargada,
dade, como um dos critérios para voltando a ser implementado no ano 1996.
a escolha do diretor de escola pú-
blica (PARO, 1996, p.26-27). Foi no período compreendido entre os anos
1990 e 1997 que ocorreu uma expansão das utilize o poder como instrumento de con-
eleições para diretor no âmbito dos esta- quista e atendimento dos interesses da
dos, com o início de processo eletivo em maioria.
oito sistemas estaduais de ensino no país.
A escolha pela eleição de diretor escolar LIMITES E POTENCIALIDADES DO
destaca-se entre as práticas mais MECANISMO DE ELEIÇÃO DE DI-
adotadas, como a que melhor representa RETOR
o desenvolvimento de uma gestão demo-
crática. É importante ressaltar que esse Apesar de ser apontado por pesquisado-
mecanismo não resolverá sozinho todo o res como o mecanismo que mais propicia
problema da escola, pois o verdadeiro o exercício da democracia na gestão edu-
exercício desse modelo de gestão requer cacional, a eleição de diretor escolar apre-
a participação da comunidade escolar e senta algumas limitações que põem em
local no processo de tomada de decisão questio-namento a sua eficácia no que se
sobre as diferentes dimensões - política, refere ao exercício da gestão democráti-
pedagógica e financeira - da gestão da ca. Estudos realizados em diferentes es-
educação. tados brasileiros, na última década, reve-
lam algumas dessas limitações.
A eleição de diretores não pode,
todavia, ser tomada como uma
panacéia que resolverá todos os No Mato Grosso, foram desveladas práti-
problemas da escola e muito me- cas condizentes com a cultura política
nos, em particular, os de nature-
za política. Esta, aliás, tem sido a brasileira nos espaços escolares. O contra-
alegação mais freqüente dos que to clientelístico com os eleitores decorren-
resistem à eleição como alterna-
tiva para a escolha do diretor, ou tes de compromissos e acordos sigilosos
seja, descarta-se a eleição porque pré-eleitorais termina por consolidar
'não é possível atribuir a existên-
cia da democracia a apenas uma distorções e privilégios que comprometem
variável, seja ela o concurso, os a gestão e o funcionamento da escola
cursos, ou, menos ainda, a elei-
ção' (PARO, 1996, p.28-29). (TORRES; GARSKE apud LORDELO,
2003).
Para a escola constituir-se verdadeira-
mente em um espaço de exercício da de- A eleição também consolida o cor-
mocracia é preciso que ocorra mudança porativismo de determinados grupos den-
nas práticas de exercício de poder. É tro da escola, que querem tirar proveito
necessário que os sistemas de ensino da situação, buscando o alcance de bene-
rompam com a verticalização dos proces- fícios para o grupo, sem se comprometer
sos e com as relações de dominação exis- com o coletivo da escola.
tentes na administração da educação pú-
blica, possibilitando que a comunidade Pode-se ainda acrescentar o fortalecimen-
educacionais que partam de dentro da es- The election of school principals: advances
and backward movements in the exercise of
cola, atendendo às suas necessidades e as- the democratic management
segurando a descentralização do processo
Abstract: This article discusses the election of
de tomada de decisão. school principals as one of the constructs that
are contributing to exercise of democratic school
governance, allowing for community
O processo de eleição de diretores escola- involvement in the decision-making process
res é apenas um dos componentes da ges- concerning the organization and the running of
schools. It discusses different forms of
tão democrática do ensino público, que só appointment to the post of principal and its
terá efeito prático eficaz se associada a ou- implications for the development of the
activities and the success of the school, revealing
tras medidas que garantam a participação that the practice of electing the principal does
efetiva dos representantes dos segmentos not guarantee the exercise of democratic
governance, which should comprehend
escolares e da comunidade. A forma de es-
commitment to the success of the institution as
colha e a atuação do diretor escolar podem the center of all actions.
contribuir para a superação de conflitos, Keywords: Election of school principals;
para a melhoria do trabalho, para as rela- Democratic education governanc.
na própria estrutura da escola e nas rela- Resumen: Este artículo aborda el tema de la
ções que nela se desenvolvem. elección de director escolar como una de las
construcciones que viene contribuyendo al ejercicio
de la gestión democrática de la educación,
Repensar os modelos de gestão atuais e posibilitando el involucramiento de la comunidad
en el proceso decisorio sobre la organización y el
a noção de democratização da escola é
funcionamiento de la escuela. Establece una
fundamental para o aperfeiçoamento dos discusión sobre las diferentes formas de cubrir el
mecanismos de participação existentes. É cargo de director y sus implicaciones para el
desempeño de las actividades y el éxito de la escuela,
preciso considerar a reestruturação dos develando que la práctica de la elección del director
espaços de exercício da gestão democráti- no garantiza el ejercicio de la gestión democrática,
en la cual el compromiso con el éxito de la
ca da educação, atribuindo responsabili- institución debe estar en el centro del las acciones.
dades e significado aos diversos conse-
Palabras clave: Elección de directores escolares;
lhos existentes nas escolas públicas como Gestión democrática de la educación
o conselho/colegiado escolar, o conselho de
classe, a coordenação pedagógica, o grêmio
estudantil e outros, que se constituem em REFERÊNCIAS
espaços privilegiados de democracia na es-
cola e, funcionam de maneira precária e de- BOBBIO, N. O futuro da democracia. São
Paulo: Paz e Terra, 2000.
ficiente.
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ago, 2001.
claro, a la frontera que se existe entre y si bien, la diferencia hay que respetarla,
México y Estados Unidos, y específi- ella también, en esencia, implica la
camente a la frontera que hay entre Baja existencia de lo otro –sea cosa o sujeto-,
California y California y que me ha tocado lo que pone automáticamente en
vivir (a ambos lados) durante más de 25 funcionamiento la autoafirmación, que
años. no siempre es un proceso pasivo por
ninguna de las partes (las partes que viven
Finalmente la tercera. La razón de ser a entre fronteras). Es decir que en la frontera
partir del diálogo, que puede ser escaso conlleva múltiples dificultades poner la
ahora, pero que se puede enriquecer otra mejilla. Por el contrario, en esencia, la
posteriormente, cuando luego de leer este frontera es campo predilecto de lucha de
escrito, algo, poquito de lo aquí leído, siga contrarios y de allí su esencia conflictiva,
resonando en nuestro interior hacién- más allá de los ecotonos, que sólo implican
donos preguntar: “¿Y bueno, qué carajos una nueva reubicación territorial y un
fue lo que quiso decir el profe Sergio?” De matizado y en ocasiones temeroso
antemano lo expreso: intento hoy escribir intercambio de experiencias sociales.
algo simple, algo sencillo: plantear nuevos
retos, nuevos paradigmas para acercarnos Esa esencia conflictiva de lo fronterizo se
al estudio de la frontera desde el terreno exacerba cuando la frontera hace referencia
de las ciencias sociales. Por razones a territorios geográficos habitados por
expositivas tan sólo, las ejemplificaciones humanos y sobre todo cuando, como hoy
utilizadas se refieren a este lado de la sucede en el caso de nuestra frontera, ella
“Línea”; aunque, sin duda, muchas marca límites entre Norte y Sur y
afirmaciones pueden ser válidas también arropa allí, por ende, toda la violencia que
para el otro lado. ello conlleva. En nuestra frontera – la de
México - Estados Unidos -, socialmente
Corre y se va - como en la Lotería de hablando, el ecotono desaparece y el límite
Tijuana - con… El Valiente… no se presta a dudas: de un lado están los
que aparentemente casi todo lo pueden,
NUESTRA FRONTERA DE TODOS LOS mientras que del otro la pobreza es una
DÍAS marca indeleble desde tiempo atrás. A partir
de ello no debe sorprender la manera en
Visualizar la frontera, cualquier frontera, que los fenómenos sociales que en ella se
desde un punto de vista etno- registran desde hace varios años (quizá
antropológico implica situarnos siempre, veinte o treinta años atrás) y cuya raíz
y quizá antes que nada, en un terreno de esencial han sido y siguen siendo los
conflictos. Toda frontera – en cualquier procesos migratorios (que le dan vida no
terreno - implica límite, es decir diferencia, sólo a los éxodos de indocumentados
Pero, ¿por qué razón tanta crema en los Por un lado subjetividad, por el otro
tacos para ser sociólogo? objetividad, aunque ambas sometidas a una
“vida desequilibrada”, cuya estructura de
Bueno, fundamentalmente, porque vamos saqueo está arrasando tanto al hombre
a ver de qué mundo estamos hablando y como a su entorno espacial. Como sea
así poder estimar el costeo de la tarea. (AREA CIEGA, 2004),
como lo escribe José Manuel Naredo Sobre ambos temas, la respuesta gira en
(2004, p. 13), torno a la modificación sustantiva del
modelo capitalista en la etapa actual,
[...] en el marco de la llamada
“globalización”, el objetivo caracterizada por Horowicz (2004, p.10)
generalizado del crecimiento
económico promueve la
por el fin de la demanda insuficiente, dada
progresiva explotación y uso la existencia de una producción suficiente
humano masivo de la biosfera, la
corteza terrestre, la hidrosfera y y por ende la existencia de un consumo
la atmósfera, unidos a la esquizofrénico
expansión de asentamientos e
infraestructuras, a ritmos muy El placer ya no determina la dieta
superiores al del crecimiento alimentaria, la salud no determina
demográfico, que están dejando más la dieta alimentaria, la
huellas de deterioro territorial Indumentaria determina todo:
evidentes: ocupación de los suelos una dictadura más imbécil y más
de mejor calidad agronómica para profundamente deshumanizada no
usos extractivos, urbano- se ha visto jamás (HOROWICZ,
industriales e implantación de 2004, p.10).
infraestructuras, reducción de la
superficie de bosques y otros
ecosistemas naturales con gran Y lo que se puede decir de la Indumentaria
diversidad biológica e interés
paisajístico, avance de la erosión, se puede extender a diversas actividades
los incendios y la pérdida de la
humanas igualmente alienantes; es decir
cubierta vegetal etc.
que vivimos en un mundo en donde ya no
¿No acaso lo anterior tiene que ver existen necesidades insatisfechas por
muchísimo con nuestro entorno, con incapacidad productiva (hoy como nunca
nuestra frontera, que sufre la instalación se produce mucho más de lo que se
de regasificadoras, carencia creciente de necesita), sino por problemas de
agua, urbanización siempre al borde del distribución de lo producido, dado que
colapso, cultivos agrícolas extensivos en entre la generación de riquezas y su
las cada vez más escasas tierras agrícolas, apropiación media la propiedad privada,
expansión esquizofrénica de maquila y pues (HOROWICZ, 2004, p.9) hoy como
paisajes costeros dominados cada vez nunca “El capitalismo es esquizofrenia, el
más por edificios de todo tipo destinados capitalismo produce esquizofrenia y
para satisfacer indistintamente al turismo funciona esquizofrénicamente. La esquizo-
y a la industria? frenia es su lógica funcional”.
nos gobiernan o nos van a gobernar aquí tienen territorio delimitado, sino que ya
en la frontera verdaderos gángsteres, y son capaces de moverse indistintamente
qué hacemos frente a ello?), no siempre desde San Francisco a Panamá y
y no todos estamos concientes de eso. Colombia- , ese neotribalismo sin duda
Es decir que paulatinamente se impone ha afectado la vida cotidiana de nuestros
un estado de indolencia generalizado jóvenes en la frontera, conservando, sí,
frente a la crisis, lo cual dificulta muchos de sus rasgos originales - sus
primero su reconocimiento y luego ya construcciones comunicativas y
no se diga el luchar por transformarla. mediáticas, su tendencia hacia lo icónico,
su marginalidad etcétera (VALEN-
Pero, segunda premisa, también es ZUELA, 1988)-, pero añadiendo hoy a
indudable el hecho de que ese presente ello otros rasgos quizás hasta hoy no
complejo, en donde la vida desequilibrada suficientemente valorados –no por mí,
tiene lugar, trae consigo nuevas realidades reconozco- : una movilidad sorprendente,
que, en un plazo de tiempo muy corto, han que no reconoce territorios ni soberanías
modificado sustantivamente la esencia de nacionales, y sobre todo poseedores de
los fenómenos que desde tiempo atrás, un caudal de prácticas violentas que se
por ejemplo en nuestra frontera, se extienden y enriquecen sin cesar, al
manifiestan cotidianamente. Pongo, al grado de estar convertidos estos grupos
respecto, dos ejemplos, entre un verda- neotribales en verdaderos ejércitos de
dero cúmulo que se pudieran plantear. mercenarios que recorren y dominan
extensiones territoriales cada vez más
Uno, el fenómeno de las tribus urbanas amplias y cuya capacidad de convo-
(COSTA, PÉREZ TORNERO, TROPEA, catoria no tiene límite. ¿Qué tanto este
1996), que nos ilustra sobre los neotribalismo ha rebasado la existencia
problemas de la identidad juvenil en un tradicional de rockers, mods, hippies,
mundo – el de los jóvenes - que se mueve skinheads, punks, chavos banda y
agitadamente entre el culto a la imagen, cholos, que se han considerado en
la autoafirmación y la violencia, y que diferentes momentos los grupos
si bien originalmente se vinculó sobre marginales dominantes de nuestra
todo a las “gangas” de las ciudades sociedad fronteriza? ¿Qué tanto su
norteamericanas o a la mezcla explosiva existencia obliga a revisar más
de interculturalidad de las ciudades rigurosamente nuestro sistema social
europeas o de nuestra misma frontera, hoy complejo de la frontera, para darnos
aparece diseminado y brutalmente cuenta de cómo la operación de las
enriquecido en las zonas más disímbolas neotribus está hoy vinculada al fluir de
del planeta. Llevado a sus extremos por las aguas subterráneas de la política o del
los “marasalvatruchas” – que hoy ya no crimen organizado? ¿Qué tanto su actuar
Sintetizo otra vez mis ideas (todas ellas Finalmente, lo que considero más tras-
vinculadas, y precisamente por ello cendente, la neomigración resultado del
polémicas, con la neomigración), centrán- nomadismo hoy, vuelve a decir Braidotti
dome sobre todo en lo que tiene que ver (2003, p.74), es necesaria “[...] como proceso
específicamente con México, reconociendo político y, por lo tanto, como proyecto trans-
de antemano, pero de manera muy versal, a través de una multiplicidad de
diferente a lo planteado por Huntington, espacios y estructuras”. Esa nueva realidad
que, en efecto, la presencia de población política que conforma la presencia de
Hoy, tales utopías se han venido al piso. complejos, que en lugar de disminuir
El tercero de esos escenarios lo enuncia consolidan el poder de las mega-
así Wallerstein (1998, p.98) en los futuros corporaciones. Digamos que es el caos
inmediatos y remotos supuestamente el que fortalece a las
sociedades dominantes actuales, pues
[…] se librará una lucha en formas ellas, en la medida que dicho caos se
múltiples: violencia abierta,
batallas electorales y legislativas incrementa, se tornan más consistentes y
casi corteses, debates teóricos expoliadoras. Dado lo anterior, establece
dentro de las estructuras del
conocimiento y llamamientos González Casanova (2004, p. 12), pareciera
públicos a una retórica desco- ser que la única salida opcional para las
nocida y con frecuencia acallada.
organizaciones alternativas es jugar al
mismo juego: la teoría del caos; es decir
Pero dentro de esas luchas atercio-peladas
irá aumentado paulalatinamente el libre
Frente a las organizaciones
albedrío de sectores cada vez más simples a que estamos acostum-
brados, con centralización
amplios de la población y entonces esas
piramidal de decisiones [es decir
luchas se transformarán y mul-tiplicarán partidos políticos actuales o
sindicatos tradicionales], es
y nosotros, dice Horowicz (2004, p. 11)
necesario pensar siempre en
términos de organizaciones de
[…] vamos a aprehender de corporaciones y de complejos
millones de luchas que se van a que combinen las redes con
librar, y esas nuevas luchas nos autonomías y con jerarquías. Las
van a enseñar, como en su organizaciones alternativas no se
momento la Comuna de París, cuál
van a distinguir por mayores
es el nuevo camino […] Nadie
autonomías y menores jerarquías,
sabe cómo va a ser eso.
sino por la mayor participación
de sus integrantes en la rede-
Este tercer escenario, pues, no es ni pesi- finición de unas y de otras.
enseñanzas del Maestro Eckhart y que yo, con los ojos abiertos, nada veía y
esa nada era Dios; puesto que,
resumiendo burdamente, identificaría con cuando ve a Dios, lo llama una
el respeto a los seres y saberes de todos, a nada. El segundo [sentido es]: al
levantarse, allí no veía nada sino
la impermanencia, al fluir de la conciencia a Dios. El tercero: en todas las
y a la búsqueda continua del punto de cosas nada veía sino a Dios. El
cuarto: al ver a Dios veía a todas
equilibrio. O, si se quiere, tiene que ver las cosas como una nada.
también con lo que José Antonio Marina
(2000, p.229) llama “La inteligencia ética”, ¿Una respuesta es la válida o todas las
la que en términos de ultramodernidad respuestas valen? O, como yo he tratado
nos permite afirmar “[…]que la ética es el de plantear aquí el saber social: ¿qué caso
gran proyecto que la inteligencia humana tiene la pregunta, si no estamos
hace sobre sí misma”. ¿Que allí se encierra capacitados antes para formularla? En otras
el contenido de todos nuestros saberes? palabras, escojan su carta; con qué carta
Puede ser, pero lo que debemos pregun- les gustaría ganar este juego de la Lotería
tarnos más bien es por qué no lo aplicamos. de Tijuana… Cuando lo decidan, todos
Sólo al irle dando respuesta a esa pregunta, juntos podremos gritar: “¡Lotería!”
la ética allí implícita, al consolidar al
sujeto, logrará que éste, entonces sí, Artigo recebido em: 24/08/2005
cambie su presente complejo y vislumbre Aprovado para publicação em: 10/05/2006.
registrados, para poder visualizar o presente e HARDT, M.; NEGRI, A. Imperio. Barcelona:
antever o futuro desse território complexo. Esse Paidós, 2002.
é o conteúdo básico deste trabalho, traçar uma
rota breve sobre a realidade social onde as interse- HOROWICZ, Alejandro. Una máquina de
ções são multiplas e como estas se retro-alimen- pensamientos. Buenos Aires, Política
tam e se convertem na fonte que fomenta a ino- Internacional. Net: Argentina, 2004.
vação contínua de saberes pondo em discussão
todo um conjunto de sujeitos e instituições que se HUNTINGTON, S. P. ¿Quiénes somos?,
movem em torno da fronteira. Barcelona: Paidós, 2004.
Palabras-chave: Fronteira; Sociologia; Migração. JANTSCH, E.; KAHN, H. et al. Pronósticos del
futuro. Madrid: Alianza Editorial, 1970.
HAGEN, S. How the world can be the way it Endereço Postal: en EU: PMB-017, P.O. Box
is. USA: Quest Books, 1995. 189003, Coronado, CA, 92178-9003.
Resumo: Neste artigo tem-se como objeto de periência e como ela se manifesta para uma
análise as implicações entre o processo de
aprendizagem pretérita e presente do sujeito e a determinada consciência. Para tanto, a es-
gestão de uma unidade educacional de ensino
fundamental. O objetivo principal do texto é
colha da entrevistada, deu-se em função da
analisar e interpretar a experiência vivida do fazer relação existente entre os membros de um
reflexivo exercendo o ofício de gestora numa
unidade educacional de nível fundamental. Utiliza- grupo de estudos na área da Psicope-
se como arcabouço teórico alguns pressupostos dagogia. A paixão, o entusiasmo, a serieda-
da formação centrada na pessoa. O artigo é
eminentemente qualitativo. A abordagem da de, e o embasamento teórico-prático, no
pesquisa ancora-se no método de fenomenologia pensar, no sentir e no agir de forma crítica e
hermenêutica. Utiliza-se como procedimento de
coleta de dados a técnica de entrevista em criativa demonstrada ao longo desses es-
profundidade de três etapas. O resultado da análise
tudos, nos apontou alguém especial, sin-
e da interpretação da história de vida da gestora
Carmem indica que a sua formação social e gular e acima de tudo, admiravelmente com-
histórica tem implicações no seu modo de atuar
profissionalmente. Indica também implicações
prometida e empenhada com a educa-
noutros papéis que a referida diretora cumpre na ção, nossa atriz social Carmem.
sociedade mais ampla.
PERSPECTIVA METODOLÓGICA
Através do enfoque fenomenológico, pro-
curou-se entender o significado desta ex- Buscar o significado da experiência vivida
Por sugestão de Van Manen (1990, p.25), Para entrevistar nossa atriz social, utilizou-
um dos aspectos do método fenomeno- se a técnica de entrevista sugerida por
lógico é a identificação de temas. Segun- Seidman (1998), que foi desenvolvida em
do ele, três etapas. Foram realizados então, três en-
contros com a entrevistada em seu próprio
Temas fenomenológicos podem local de trabalho. O intervalo entre as en-
ser entendidos como as estrutu-
ras da experiência. Assim, quan- trevistas foi de uma semana seguindo a
do nós analisamos um fenôme-
no, estamos tentando determi-
sugestão de Seidman (1998, p.15), já que o
nar o que os temas são, as estru- espaçamento de três dias a uma semana
turas de experienciar que com-
põem aquela experiência. Seria consiste em um tempo que no entendimen-
simplista, porém, pensar em te- to do autor, "é bom para o entrevistado re-
mas como formulações concei-
tuais ou declarações categóricas. fletir sobre a primeira entrevista, mas não é
Afinal de contas, é experiência tempo o bastante para esquecê-la". [...] Para
vivida que nós estamos tentan-
do descrever, experiência vivi- o entrevistador, esse tempo é bom porque
da não pode ser capturada com
“evita entrevistas idiossincráticas na qual
abstrações conceituais.Nesta
pesquisa, a técnica utilizada foi o participante pode ter tido um dia terrível,
a de campo. Como primeira fase
dela, realizou-se uma pesquisa bi-
estar doente etc."
bliográfica utilizando-se de pu-
blicações que fornecessem a
fundamentação teórico-prática No processo de coleta e registro dos da-
sobre à evolução do conceito de dos, utilizaram-se gravações em áudio e
aprendizagem ao longo do tem-
po, aprendizagem de adultos, anotações de campo, este processo foi
aprendizagem gerencial, bem complementado com a transcrição literal das
como aspectos relacionados ao
método fenomenológico her- gravações efetuadas, realizadas logo após
menêutico que deu suporte à
interpretação dos dados .
as entrevistas. Observaram-se ainda, aspec-
tos não-verbais subjacentes às referidas
Em seguida coletaram-se dados primários entrevistas.
sobre a experiência vivida de uma atriz so-
cial, exercendo o oficio de diretora escolar. No primeiro encontro, enfatizou-se o con-
Para a coleta desses dados foi enfatizado texto da experiência através da reconstru-
como se deu o processo de aprendizagem ção da história de vida da entrevistada.
dessa atriz no exercício de sua função. Os Essa entrevista teve duração de noventa e
estudos de natureza descritiva propõem-se oito minutos. Seu objetivo principal foi
investigar o que é determinado fenômeno, contextualizar a experiência de vida da en-
ou seja, a descobrir as características de trevistada que lhe permitiu ascender ao cargo
um fenômeno como tal. Nesse sentido, são de Supervisora Escolar, Diretora Geral e
considerados como objeto de estudo uma Diretora Pedagógica. Sobre o contexto é
situação específica, um grupo ou um indi- importante ressaltar o pensamento de
víduo (RICHARDSON, 1999, p. 71). Patton (apud SEIDMAN, 1998?, p.10) de
que, "[...] sem o contexto existe pouca pos- rente? Qual foi a sua maior dificuldade na
sibilidade de explorar o significado de uma transição de professora para diretora (ge-
experiência". rente)?
No último encontro, foi pedido para que a Todos esses momentos serão relatados nas
nossa atriz refletisse sobre o significado da próximas seções. Para destacar a experiên-
experiência de ser gerente na sua vida pes- cia de nossa entrevistada das citações di-
soal, profissional, bem como na sua rede retas deste texto, optamos por utilizar-se
de relações e no seu contexto mais amplo. do recurso itálico nas declarações de nossa
Essa entrevista teve duração de oitenta e atriz.
cinco minutos. O objetivo principal desta
entrevista foi a busca de significado na ex- A EXPERIÊNCIA VIVIDA DO SER, DO
periência vivida de ser gerente, bem como FAZER E DO APRENDER GERENCIAL
as conexões intelectuais e emocionais en-
tre o trabalho gerencial e a vida pessoal de Esta seção tem o propósito de empreender
nossa atriz (entrevistada). Utilizaram-se as a compreensão da experiência gerencial de
seguintes questões norteadoras: Como Carmem levando em conta a sua história de
você compreende a atividade gerencial em vida.
sua vida? Que sentido isso tem para você?
O que você acha mais desafiador na prática A experiência vivida como experienciada: o
gerencial? Como você aprendeu a ser ge- caminho para aprender, crescer e mudar vis-
lumbrando a busca de humildade e de sa- Apesar dessa vivência, desse clima de di-
bedoria reção escolar, Carmem nunca pensou em
tornar-se diretora. Na verdade o seu gran-
Carmem nasceu na ilha de Santa Catarina de desejo era tornar-se professora, por
e tem raízes culturais africanas e portu- isso, foi pega de surpresa quando foi
guesas. Durante sua infância, morou no promovida para ser Diretora Escolar. Em
centro da cidade. A partir dos nove anos suas palavras "ser professora foi sempre
começou a veranear numa praia localizada minha vocação", nossa atriz argumenta:
no norte da ilha e importante reduto da
cultura açoriana. Mora lá até hoje. "desde minha infância sem-
pre tive espírito de liderança.
Todavia na escola eu sem-
"Jamais a natureza, reuniu tanta beleza [...] pre procurei ficar quieta, em
meu canto, porém chegava
pedacinho de terra, beleza sem par [...]".
um momento em que eu aca-
Foi nesse pedacinho de terra, com praia bava tomando a iniciativa
de águas calmas e quentes que Carmem se em relação às tarefas e às
atividades do grupo".
estabeleceu. Tal como as águas da praia,
seu ambiente familiar, de acordo com suas
palavras, era muito calmo, tranqüilo e com Aprendeu sozinha a tocar violão e o faz
muita liberdade. Por conseqüência dessa desde os dez anos. Sempre gostou de mú-
liberdade fez muitos amigos. Sempre gos- sica e seu gosto era tanto, que no colégio
tou de estar com as pessoas e lhe agrada Menino Jesus onde estudou, aprendeu a
muito participar do contexto social. tocar também escaleta, flauta e piano. Mais
tarde utilizou-se da linguagem musical para
Seu pai foi e é seu grande modelo. Sua figu- ficar mais próximo das crianças e ministrar
ra como Diretor de Ensino marcou profun- o ensino, num trabalho voluntário desen-
damente a vida de Carmem. Para ela até volvido na escola onde seu irmão estuda-
hoje, ele é um espelho, um exemplo de li- va. Começava então, sua carreira de pro-
derança, autonomia, ética, de postura e fessora. Aos dezesseis anos foi para a sala
principalmente, de humildade e sabedo- de aula propriamente dita, e desde de en-
ria. Nos seus tempos de infância eles pou- tão, não saiu mais, exercendo funções como
co se viam, pois o pai trabalhava nos perí- professora, supervisora e atualmente como
odos matutino, vespertino e noturno. No diretora pedagógica. Acrescenta que depois
entanto, quando entrava na sala de seu do seu casamento, dar aulas particulares,
pai, nossa atriz pensava: "um dia quero ter foi uma fonte de renda significativa.
uma mesa como essa [...] tantos papéis,
horários de aula, planejamento de ensi- Em sua trajetória de formação acadêmica,
no [...]". cursou o Núcleo Comum Aprofundamento
em Ciências no segundo grau. Iniciou Nu-
dade para enxergar, ela nunca viu ou ouviu tão de autoridade, responsabilidade e prin-
sua mãe reclamar. cipalmente sobre a questão de confiar de
modo integral nas outras pessoas que fa-
Contou também que seu esposo sempre a zem parte de sua rede de relacionamentos
apoiou. Quando montaram a escola ele foi (sócia, marido, filhos, alunos, educadores,
durante seis anos, o contador e administra- educadoras, membros da igreja, membros
dor da escola. Foi muito compreensivo com da comunidade etc.). Carmem conclui refle-
ela, durante os dois primeiros anos de fun- tindo que um dos requisitos para ser uma
cionamento da escola, que absorveu todo diretora eficiente é a humildade, pois, esta
o seu tempo e dedicação. Atualmente, a atitude ajuda a conquistar as pessoas no
entrevistada conta com uma sócia que com- ambiente de trabalho, dentre outras coisas.
partilha com ela as questões administrati-
vas, bem como as questões pedagógicas. Com respeito à formação de seu quadro
Isso tem lhe permitido ter mais tempo para docente, destacou que no início da escola,
dedicar-se a sua família e aos trabalhos as educadoras contratadas não tinham ex-
voluntários e viver melhor sua religiosida- periência e nem formação de terceiro grau.
de. Acredita que, associando sua persona- O quadro foi formado durante o processo e
lidade forte, sua conduta autônoma e sua que a princípio tudo dependia dela, por
religiosidade, poderá prestar bons serviços isso, ter desenvolvido sobremaneira o seu
à comunidade. lado centralizador.
Ao falar de sua relação com os aspectos Sobre as tarefas da escola, Carmem disse
econômicos e financeiros, observou que que durante dois anos fez a faxina. Come-
tem investido muito na escola, e que geral- çou a delegar e que não deu certo, faziam
mente seu rendimento é menor em relação tudo errado, em função dos erros, voltou a
àquele que recebia como funcionária públi- centralizar e a não confiar, abraçando tudo,
ca. Ao longo do tempo, foi aprendendo a para que ninguém fizesse nada errado.
separar a questão profissional da questão
familiar. Salienta sua dificuldade em dizer Salientou que nos primeiros cinco anos da
não, principalmente atuando como diretora escola ela e a empresa se confundiam. Hoje,
escolar. consegue separar o que é pessoa jurídica e
sua atribuição, de sua pessoa física. Aduziu
Como aspecto negativo de sua experiência que nas atividades da escola procura ser
como supervisora e como gerente da sua justa, jamais procurou utilizar dois pesos e
escola, argumentou que seu maior defeito duas medidas. Explicita que o fato de não
foi ser centralizadora e naturalmente muito ter medo de dizer o que pensa, tem lhe aju-
mandona. Tem refletido sobre suas atitu- dado na direção e condução da escola, pois,
des centralizadoras, bem como sobre a ques- considera, que apesar de ser uma escola
pequena (cento e quarenta alunos) é uma las particulares. A outra parte de seu tem-
instituição de ensino, e como tal, possui po será investida em trabalhos comuni-
normas, valores e uma cultura que deve tários. A religião ajuda a consolidar essa
ser respeitada pelos seus usuários. Sali- idéia, um desejo latente, pois, desde
enta que tanto os educadores como as muito pequena já gostava de prestar so-
educadoras que trabalham na sua escola lidariedade. Enfatiza que quando tinha
viram-na ministrando aulas, ou seja, antes treze anos ganhou algum dinheiro do
de ser só diretora, ela também foi profes- seu pai no natal. Usou este dinheiro com-
sora e isso lhe dá mais credibilidade como prando presentes para crianças carentes.
diretora. Este veio de voluntariedade é algo mui-
to forte, que geralmente vem à tona. Nu-
A aprendizagem a partir da experiência, tre ainda, o desejo de voltar a trabalhar
permite a Carmem argumentar, com seu na escola pública. Gostaria de contribuir
quadro docente com relação ao ensino e a com ela, pois sabe que a escola pública
pesquisa, com experiência de causa. A precisa de educadores comprometidos
fala da entrevistada vai de encontro com o seriamente com a questão da educação.
pensamento de Rogers sobre tornar-se
pessoa, de Van Manen sobre tornar-se ser Ao falar de sua religiosidade disse que
humano e de Berger e Luckmann sobre aos catorze anos em função de traumas
papéis. Para Rogers (1997), todo o indiví- da infância teve problemas emocionais e
duo sente necessidade de buscar a si espirituais. Uma amiga levou-a para as-
mesmo e de tornar-se ele próprio. Cada sistir uma palestra sobre o movimento
passagem da vida, cada experiência vivi- espírita. Desde então esta tem sido a sua
da contribui para se tornar um ser humano religião. Salienta que encontrou harmo-
melhor. De acordo com Van Manen (1990), nia nessa religião, tendo em vista que
a pessoa não nasce ser humano, ela se esta trabalha austeramente a questão de
torna humana. O real ser humano é aquele valores e regras de conduta na socieda-
que passa por um processo. Berger e de. Neste período fez diversos trabalhos
Luckmann (1985, p. 103) sobre o desem- voluntários em creches e outras institui-
penho de papéis dizem: ções filantrópicas. Foi com base nessa
experiência que decidiu trabalhar na Es-
[...] ao desempenhar papéis, o cola Pública. No começo de sua carreira
indivíduo participa de um mun-
do social. Ao interiorizar estes como educadora de ensino infantil traba-
papéis, o mesmo mundo torna-
se subjetivamente real para ele.
lhou na escola pública e na seqüência
veio trabalhar no Instituto onde seu pai
Nossa atriz enfatizou também que, caso era diretor.
a escola venha a não dar certo, ela se
garante financeiramente ministrando au- Ainda sobre religiosidade, ressalta que
sua religião procura ensinar valores pe- O medo de ficar sozinha deve-se ao fato
renes e que a vida é nossa caixa de resso- de seus irmãos mais velhos a excluírem.
nância. Em suas palavras "a vida é um O trauma e o medo da solidão relaciona-
espelho, ela dá de volta o que tu és". Com se com o que era dito pelos irmãos ao
relação à amabilidade no tratamento com afirmarem que ninguém gostava dela, que
as outras pessoas, lembrou a regra de tinham achado ela numa lata de lixo. Ob-
ouro, ou seja, colhemos aquilo que plan- serva que este fato marcou sua infância e
tamos, nem mais, nem menos. Enfocou lhe trouxe problemas emocionais na ado-
também que o ser humano não é perfeito, lescência. Acrescenta que procurou ori-
e em função dessa imperfeição, deve ser entação com pessoas amigas, pois, neste
equilibrado e misericordioso. período de sua vida, tinha uma baixa auto-
estima, problema superado hoje.
"Aprendi que devemos aceitar
as pessoas como elas são. Esta
postura de empatia tem me A experiência de ser gerente: a franqueza e
ajudado na direção da escola, a transparência como código de conduta,
pois todas as crianças e seus de autodesenvolvimento e de auto-realiza-
respectivos pais, possuem per-
sonalidades diferentes. Aque- ção
les pais com os quais é mais
difícil tratar, levo em conta o Ao discorrer a respeito de sua experiência
fato de serem humanos e im-
perfeitos". como gerente, Carmem confirmou o apren-
dizado de sua experiência de supervisora
Ainda para a nossa atriz: escolar como um marco significativo em
sua vida. Propriamente sobre gerencia-
“ Tenho uma outra caracterís- mento, ela relata que começou aos dezesseis
tica forte, marcante: sou eu
mesma e gosto de dizer o que anos, dada sua capacidade espontânea para
penso, expressar minha pró- liderança. Nessa época já participava do
pria opinião. Meu pai foi a grupo espírita de jovens, fazendo parte da
pessoa que me ensinou e me
incentivou a ter minha própria coordenação de encontros regionais e atu-
personalidade. Defendo sem- ando como coordenadora musical em um
pre meus pontos de vista, res- programa de evangelização.
peito os outros, e aprendi com
o tempo, a não ter medo da
crítica. Quando critico, por Nossa atriz ressaltou que foram estas ex-
exemplo, procuro fazê-lo a um periências que permitiram a sua atuação
fato, não à pessoa. Detesto
falsidade. Também não gosto como líder, planejando, organizando e ava-
de ficar sozinha, a solidão me liando a realização de atividades diversas.
incomoda. Por isso, sempre O ensino de música e sua importância no
tive namorado. Gosto de co-
mungar com os outros, de me
processo de evangelização, também fize-
sentir amada”. ram parte dos desdobramentos do pro-
cesso de liderança.
As portas da Escola de Aplicação foram Fica evidente que Carmem não planejou
abertas para Carmem devido ao seu desem- ser supervisora escolar. A primeira vista
penho como organizadora e coordenadora ficou muito confusa, porém, a imagem de
voluntária do programa musical para seu pai como diretor, a lhe lembrar que
evangelização realizado num grupo de jo- era uma oportunidade e que ela tinha ca-
vens. A diretora da escola conhecia esse pacidade, a fez encarar o convite como um
trabalho e convidou-a para trabalhar na ins- desafio. Esta reflexão levou a entrevistada
tituição como supervisora escolar. Antes, a aceitar a promoção, tendo em vista que
porém, havia sido professora da pré-escola se ela não conseguisse, teria adquirido al-
na referida instituição. Ganhou destaque guma experiência. Ter sido promovida para
nas reuniões escolares, participando das ocupar o cargo de supervisora foi para
discussões e dos grupos de estudos. O fato ela, uma experiência muito triste, pois
de ter concluído o curso de Pedagogia tam-
bém se constituiu um fator decisivo para “não tinha condições e nem o
preparo que eu tenho hoje, me
sua ascensão profissional. faltava a experiência, até então
eu estava dando aula para edu-
A diretora da escola de aplicação também cação infantil e de quinta a oi-
tava série, eu não dava aula de
foi mentora de Carmem, uma pessoa muito primeira a quarta série, e fui
importante, uma peça chave. Nas palavras ser supervisora de primeira a
quarta, de professoras com mais
de Carmem:
tempo de magistério e mais ex-
periência em administração es-
“Meu pai era importante para colar. Dessa forma, fui jogada
mim como postura de uma di- no rolo, foi muito ruim para
reção de ensino, mas Lúcia foi mim, foi uma frustração muito
meu espelho em termos de grande, pois eu sentia que fal-
como conduzir a direção de uma tava a experiência e o conhe-
escola. Em se tratando de dire- cimento de professora de primei-
ção escolar, Lúcia representa o ra a quarta série”.
meu modelo ideal, pois ela é
um ser humano espetacular: sua
postura, sua ética, sua tranqüi- Esta passagem ratifica o aprendizado atra-
lidade, seu conhecimento de- vés da experiência com erros e acertos
monstrado, Lúcia foi muito im- descrito por Rogers (1997) anteriormente.
portante para mim. Enquanto
fui supervisora eu errei demais,
Ratifica também o pensamento de Van
por não dispor de preparação, Manen (1990) de tornar-se ser humano no
mas sempre dei o melhor de processo vivencial e experiencial.
mim, tentei desempenhar a
função da melhor forma possí-
vel. Refletindo sobre este perío- Ainda com relação a experiência no cargo
do, hoje, tenho consciência que de supervisora, a entrevistada enfatizou
foi de muito aprendizado ape-
com veemência que sua dificulda de
sar de na época ter sido frus-
trante”.
deu-se principalmente pela falta de ex-
periência e de conhecimento prático. Esta rito de liderança. Para ela, ser um líder
passagem reforça o pensamento de Hill efetivo representa:
(1993) sobre as dificuldades encontradas
“ser um espelho, pois, precisa
pelos gerentes no processo de transição
dar exemplo aos liderados.
de produtor para gerente. Também está ligado à capaci-
dade de influenciar os outros,
pois, provoca reações
No que diz respeito ao relacionamento comportamentais naqueles que
com as professoras por ela lideradas, estão ao seu redor. Dessa for-
Carmem disse que foi terrível e que algu- ma, a recompensa vem através
dos resultados positivos que são
mas pessoas, observando a sua falta de alcançados. Tem que agir como
experiência, causaram-lhe de modo pro- motivador e inspirador, coor-
posital, vários problemas. Relata que por denando as atividades e articu-
lando ações para que as coisas
desconhecer totalmente a prática de alfa- aconteçam. Como diretora, devo
betização de primeira a quarta série, obri- coordenar e articular os sabe-
gou-se a ouvir as professoras que tinham res do meu quadro docente. O
diretor de escola enquanto líder
experiência. Observa que sofria da tem que ter metas, saber aonde
síndrome do domingo à tarde, pois pensar quer chegar, traçar um cami-
em ter que na segunda de manhã enfrentar nho, assumir riscos, tomar de-
cisões e ser responsável por
as dificuldades da sua inexperiência e a aquilo que faz”.
maldade dos invejosos, lhe causava uma
sensação de mal estar. Mesmo assim, quan- Fica evidente com a observação acima, a
do montou a sua escola, relembra em tom importância de se ter claro os propósitos
divertido, já estava calejada e preparada norteadores da direção de uma escola. A
para as situações cotidianas de uma escola efetividade da liderança segundo Carmem,
de educação infantil e ensino fundamental. também está ligada à capacidade do líder
em lapidar os fatores contextuais adequan-
Considera que naquele período em que do-os e adaptando-os aos objetivos traça-
foi supervisora, além das dificuldades da dos, saber priorizar, ter clareza de propósi-
atividade de supervisão, deparou-se ain- to, fazer uma coisa de cada vez.
da com uma questão pessoal, pois, na-
quele período morava muito longe e ti- O aprendizado gerencial, em se tratando de
nha que levantar muito cedo para levar pessoas, deve ser norteado por princípios
seus filhos ao colégio. Enfatiza que na- e valores que direcionam a própria vida.
quele ano fez muito frio, e o fato de ter que Para ela, o grande aprendizado que a vida
acordar as crianças muito cedo lhe cau- nos oferece, refere-se a ter, desenvolver e
sou mais trauma ainda. manter a paciência, a calma e a tranqüilida-
de nas situações de tribulação. O líder
A rápida ascensão profissional de deve assumir o grupo e ser responsável
Carmem pode ser relacionada ao seu espí- pelos resultados, sejam eles, favoráveis ou
A entrevistada observa que começou sua Quanto à mudança pessoal afirma que o tra-
escola com doze alunos e no final do ano balho de gerenciamento na escola tem lhe
de 2001 contava com cento e quarenta e ajudado a reduzir sua ansiedade. Continu-
seis, e um quadro docente de dezesseis ando declara:
educadores. Em suas palavras:
“tenho aprendido a saber es-
perar. Negativamente posso di-
“ fui ao longo do tempo e zer que o fato de estar sempre
gradativamente construindo a exigindo demais de mim mesma
escola e a sua cara: educação tem interferido muito na minha
infantil e fundamental, institui- vida familiar. Delegar e des-
ção de ensino, não é uma cre- centralizar têm sido o grande
che. A cara da escola foi desafio, ou seja, tem sido mui-
construída pela minha aptidão to difícil. Sinto-me frágil prin-
com a educação, pelo prazer. cipalmente com a questão de
Ser gerente-proprietária é di- espelho, imagem pública. A
ferente de ter um emprego, é parceria com o sindicato das
fazer aquilo que a gente gosta escolas particulares foi muito
permite correr riscos e apren- timos num domínio semântico criado pelo
dermos algo novo. A experi-
ência tem me possibilitado um nosso linguageamento. Finalmente, a
aprendizado efetivo, não autopercepção surge quando usamos a
repetitivo, e este aprendizado noção de um objeto e os conceitos abstra-
tem me influenciado a arris-
car e desenvolver novos pro- tos associados para descrever a nós mes-
jetos profissionais, bem como, mos. Desse modo, o domínio lingüístico dos
novos projetos pessoais. Es- seres humanos se expande mais, de modo a
tar vivo envolve riscos, signi-
fica agir de modo incerto, sig- incluir a reflexão e a consciência.
nifica estar comprometido com
a vida”. Capra (1996, p. 227) enfatiza sobre distin-
ções lingüísticas que
Um outro aspecto ressaltado pela entrevis-
tada com relação ao tema experiência refe- “a unicidade do ser humano re-
side na nossa capacidade para
re-se à questão de comunicação empática
tecer continuamente a rede lin-
tão necessária para o gerenciamento admi- güística na qual estamos embu-
nistrativo e pedagógico de uma escola de tidos. Ser humano é existir na
linguagem. Na linguagem, co-
ensino infantil e de ensino fundamental. A ordenamos nosso comporta-
experiência, nos seus oito anos como dire- mento, e juntos, na linguagem,
tora administrativa (seis anos) e diretora criamos o nosso mundo. O mun-
do que todos vêem, não é o mun-
pedagógica (dois anos) tem lhe ensinado do, mas um mundo, que nós cri-
muito sobre a importância da comunicação amos com os outros. Esse mun-
e da linguagem. do humano inclui fundamental-
mente o nosso mundo interior
de pensamentos abstratos, de
Linguagem e comunicação representam conceitos, de símbolos, de re-
presentações mentais e de
outros temas que pôde ser identificado, os
autopercepção. Ser humano é
quais consideramos de grande importância ser dotado de consciência refle-
para o processo de gerenciamento efetivo, xiva: à medida que sabemos
como sabemos, criamos a nós
bem como, no desempenho dos diversos
mesmos”.
papéis que assumimos em nossa vida. A
respeito de comunicação e linguagem, Por fim, baseada no pensamento
Capra (1996, p. 226, grifo nosso) reportan- vygotskyano a entrevistada diz que "o ser
do-se a teoria de Santiago de Humberto humano é fruto principalmente de seu con-
Maturana e Francisco Varela, enfatizam que texto, de sua capacidade inata e da relação
nossas distinções lingüísticas não são iso- entre ambos". Essas afirmações corroboram
ladas, mas existem na rede de acoplamentos de modo contundente, com as especulações
estruturais que continuamente tecemos por teóricas e com a importância deste tema na
meio do linguageamento. O significado sur- prática de uma liderança efetiva, atuando
ge como um padrão de relações entre essas como líder, administrador, professor, pai ou
distinções lingüísticas, e, desse modo, exis- qualquer papel que tenhamos que assumir.
cou, nunca mais serei a mesma pessoa!" Resumen: En este artículo se tiene como objeto
de análisis las implicaciones entre el proceso de
aprendizaje pasado y presente del sujeto y la
Para aprender, é preciso ter flexibilida- gestión de una unidad educacional de enseñanza
de para mudar a partir do aprendido. Por- fundamental. El objetivo principal del texto es
analizar e interpretar la experiencia vivida del
tanto, aprendizagem gerencial envolve: hacer reflexivo ejerciendo el oficio de gestora en
una unidad educacional de nivel fundamental.
Utiliza como andamiaje teórico algunos
a) interesse individual;
presupuestos de la formación centrada en la
b) mentoria; persona. El artículo es eminentemente cualitativo.
El abordje de la investigacón se basa en el método
c) processo de reflexão-ação. de fenomenología hermenéutica. Se utiliza como
procedimiento de recolección de datos la técnica
A essência do trabalho de liderança efeti- de entrevista de profundidad de tres etapas. El
resultado del análisis y de la interpretación de la
va está em ouvir e ajudar os outros. Nele, historia de vida de la gestora Carmen indica que su
formación social e histórica tiene implicaciones
a linguagem é fundamental. O diretor não en su modo de actuar profesionalmente. Indica
é mais aquele que controla as atividades, también implicaciones en otros papeles que la
referida directora cumple en la sociedad.
mas aquele que age como facilitador auxi-
liando o grupo a atingir seus objetivos. Palabras-clave: Proceso; Aprendizaje; Gestión.
______. Um jeito de ser. São Paulo: EPU, 1983. Endereço Postal: Universidade Federal do Espírito
Santo, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos Avenida Fernando Ferrari, s/n, Goiabeiras, CEP:
e técnicas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 29060-900, Vitória/ES, Brasil.
trabalho, que estava quase em seu limite. indústria moderna, caracterizado pela
Assim, a solução encontrada foi reduzir o introdução da maquinaria e o surgimento
nível mínimo de subsistência do servo e a das fábricas.
degradação cada vez maior da força de
trabalho, que tendia a cada dia produzir Segundo Marx (1987), a manufatura,
menos. caracterizada pelo exercício dos ofícios dos
trabalhadores em único local pertencente
Segundo Mariano F. Enguita (1989), o ao capitalista, representa o marco inicial da
sistema feudal, enquanto modelo de sociedade e predomina como forma
produção não era tão eficaz quanto possa característica do modo de produção
parecer, pelos altos custos e pela baixa capitalista aproximadamente entre meados
produtividade e complementa, supondo do século XVI e XVIII. O período
que o sistema de produção assalariado é manufatureiro tem duas origens: a forma
mais vantajoso, em termos de produtividade complexa - onde trabalhadores de
e custos, para o capital do que sua forma diferentes ofícios executam suas
antecessora. atividades; a forma simples - formado pela
aglomeração de trabalhadores do mesmo
Cabe aqui uma observação, mesmo após ofício. Portanto, a manufatura é o período
esse processo de transformação e de em que os trabalhadores apesar de
implantação do modo de produção venderem sua força de trabalho ao
capitalista, logo após a Revolução Industrial capitalista, ainda exercem seus ofícios de
durante algum tempo ainda encontra-se forma manual, ou seja, atuam sobre uma
vestígios do antigo sistema de produção realidade objetiva que é o trabalho.
feudal na nova sociedade. Fato represen-
tado, fundamentalmente, pela produção e por A maquinaria emerge no seio do período
uma população essencialmente agrícola e manufatureiro, o período manufatureiro vai
num comércio relativamente pequeno. É preparar e proporcionar as condições
o contraste entre duas sociedades, uma em favoráveis ao advento da fábrica. O
decadência, a sociedade feudal e outra em processo de industrialização não é um
ascensão, a sociedade capitalista. processo fortuito e sem propósito, não
ocorre de forma natural, mas surge
justamente com o propósito de reduzir
O MODO DE PRODUÇÃO CAPITA- custos e aumentar o lucro do capitalista
LISTA como bem explica Marx,
1
Alexandre Shigunov Neto
Doutorado em Engenharia e Gestão do Endereço Postal: Universidade Estadual de
Conhecimento. Universidade Federal de Santa Maringá (UEM).Centro de Ciências Humanas
Catarina (UFSC). Mestre em Educação pelo Letras e Artes, Departamento de Teoria e Prática
Programa de Pós-Graduação em Educação da da Educação. Av. Colombo, 5790. Jardim
UEM. Especialista em Economia Empresarial Universitário. CEP: 87.020-900 - Maringa/PR,
pela Universidade Estadual de Londrina. Brasil.
Resumo: O artigo analisa o papel desempenha- das políticas educacionais como sujeito de
do pelos Conselhos Escolares no Sistema Munici-
pal de Ensino do Recife, considerando como ele- direitos, em condições de intervenção na
mento preponderante do estudo às questões que proposição de decisões que atendam a rea-
incidem no exercício da autonomia desses
colegiados. O texto ainda instiga a reflexão sobre lidade em que sua comunidade está
a importância da atuação dos Conselhos Escola- inserida. Logo, no cerne desse movimento
res na relação com as instâncias superiores do
Sistema, pressupondo a necessária intervenção do de mudanças na gestão educacional, a cri-
conjunto das instâncias de participação munici- ação de instâncias de participação popular,
pal na proposição de políticas educacionais como
garantia da democratização da gestão dos proces- como parte integrante dos sistemas de en-
sos que envolvem o Sistema e não apenas a gestão sino, passou a ser exigida de forma
escolar.
consensual por autores que defendem a
Palavras-chave: Conselho Escolar; Instâncias
democratização da gestão da educação pú-
de participação; Autonomia; Sistema de Ensino.
blica (GADOTTI, 1997; WERLE, 2003;
WITTMANN, 1993).
Cabe, então, perguntarmos: Uma vez insti- O CME é o órgão do Sistema Municipal de
tuídos, que elementos interferem no exercí- Ensino que tem organização prevista em
cio da autonomia dos Conselhos Escolares Lei, de forma democrática, com caráter de
para o desempenho de suas atribuições no entidade pública de constituição paritária
interior da escola e na sua relação com as e participativa, com representação dos
instâncias superiores do Sistema Municipal segmentos da sociedade civil vinculados
de Ensino do Recife? à educação, assegurada sua autonomia em
relação ao Poder Executivo e as entidades
2
A Conferência Municipal de Educação – COMUDE, constitui a instância de participação, que envolve representantes de conselhos setoriais,
membros de entidades da sociedade civil, dos poderes legislativo e executivo, professores, servidores e estudantes, com o objetivo de
discutirem questões relativas ao Sistema Municipal de Ensino, para dali oferecer propostas de diretrizes e políticas.
3
As comissões Regionais são instâncias de participação eleitas pelos conselheiros escolares de cada RPA e referendadas pelo Conselho
Municipal de Educação para funcionar como fóruns colegiados do processo de avaliação-planejamento-gestão da educação na RPA.
mantenedoras das escolas privadas insta- Administrativa (RPA), ocorre de forma es-
ladas no Recife. porádica, quando a própria Secretaria de
Educação tem interesse em promover en-
Fica evidente no texto da Lei Municipal contros com o conjunto das RPA's.
nº 16.190/96, a indicação da COMUDE como
instância de participação do Sistema Mu- Desta feita, os atuais embates a serem en-
nicipal de Ensino de Recife (SMER), da qual frentados para que os Conselhos Escola-
espera-se uma contribuição efetiva para a res (CE's) exerçam seu papel de co-gestor
proposição de políticas educacionais que do Sistema dizem respeito à criação de me-
deverão ser analisadas pela Secretaria de canismos que fortaleçam o contato entre
Educação quanto às possibilidades de im- os colegiados escolares para que o exercí-
plantação pelo poder público, sendo todo cio de sua autonomia dentro do Sistema seja
o processo acompanhado pelo CME. a expressão do sentimento externado pelo
conjunto dos segmentos da comunidade
O grande desafio que está posto é justa- escolar.
mente construir as condições necessári-
as para que a realização da Conferência É justo concebermos que numa gestão edu-
Municipal de Educação esteja de fato em cacional que se pretende o cumprimento
consonância com as reais necessidades dos princípios da vivência democrática, a
educacionais do município, no que atuação dos conselhos não pode ser pre-
concerne à sistematização dos conteúdos miada tão-somente pelo seu êxito na con-
a serem discutidos durante a realização dução dos processos de implementação
do evento, considerando, de forma im- das normas e medidas emanadas das ins-
prescindível, a participação dos sujeitos tâncias superiores. É imperativo, portanto,
envolvidos com a promoção da educação pensarmos o papel do conselho como par-
escolar ao longo do processo de elabora- ticipante direto das definições daquilo que
ção das normas que definirão a organiza- será implementado em nível de Sistema.
ção e funcionamento do SMER.
Conforme enfatizamos na leitura do marco
Há também uma atenção de nossa parte legal, a COMUDE constitui o espaço legiti-
com as condições em que é planejada a mamente instituído para fins de proposi-
COMUDE, a forma de debate e sistematiza- ção dos diversos olhares de seus partici-
ção das temáticas e, sobretudo, o tratamen- pantes. Ao consultarmos uma representan-
to a posteriori das suas proposições junto te do segmento pais de um dos quatro con-
às instâncias superiores. Em face das Co- selhos que desenvolvemos a pesquisa, a
missões Regionais de Educação não esta- depoente evocou a seguinte resposta, re-
rem ativas, o contato entre os Conselhos ferindo-se ao questionamento da COMUDE
Escolares de uma mesma Região Político- enquanto espaço de proposição de normas
5
O que nós temos hoje é um sistema hierárquico que pretensamente coloca o poder nas mãos do diretor. Esse diretor, por um lado, é
considerado a autoridade máxima no interior da escola, e isso, pretensamente, lhe daria um grande poder e autonomia, mas, por outro
lado, ele acaba se constituindo, de fato, em virtude de sua condição de responsável último pelo cumprimento da lei e da ordem na escola,
em mero preposto do Estado (PARO, 2003, p.11).
respeito aos interesses de sua comunidade de que é preciso resistir e atuar numa pos-
escolar, passam a desenvolver um discur- tura de embate à lógica de dominação em
so, em que a linguagem da crítica e a lin- que historicamente foi circunscrita a esco-
guagem da possibilidade constituem o eixo la. Para isso, a persistência pela
central de todas as iniciativas que pleitei- materialização dos princípios do regime
am a melhoria da qualidade dos serviços democrático deve constituir o principal
públicos prestados pela escola. sustentáculo ao exercício de suas atribui-
ções.
As linguagens da crítica e da possibilidade
são propriedades inerentes ao papel de- Dentre as possibilidades que podemos re-
sempenhado pelos Conselhos Escolares. conhecer como decorrentes do processo de
No cumprimento de suas atribuições, cada redemocratização das instâncias públicas
colegiado deve decidir sobre questões que brasileiras, referentes ao contexto educaci-
exigem um posicionamento crítico no sen- onal - notavelmente marcado pelas campa-
tido de perceber o implícito; como também, nhas protagonizadas pelos educadores nos
de alertar-se para as intenções ocultas dos anos 1980 - têm como pressuposto para sua
discursos que emanam das instâncias su- materialização, a instituição dos Conselhos
periores, exigindo dos membros do Escolares, bem como sua efetiva atuação,
Colegiado a capacidade de dialogar com militando em favor da melhoria do ensino
seus pares e elaborar estratégias que pos- público, através da coordenação de proces-
sam facilitar o acordo, sempre na perspecti- sos substanciais, como:
va de propor soluções em benefício dos que
confiaram a esses representantes o poder I - A eleição direta para diretor escolar;
de decidirem em seus nomes.
II - A elaboração do Projeto Político-
Isto significa apenas admitirmos como pos- Pedagógico sob a exigência de que seja
sibilidade de atitude prol democratização construído à luz dos reais interesses da
da gestão educacional, aquela voltada: a) escola e com a participação de suas
para a defesa inconteste dos direitos igua- comunidades escolar e local;
litários entre os segmentos da escola; b)
para o exercício do dissenso, sempre que III - A instituição, em diplomas legais,
suas convicções lhes certificarem de uma das condições objetivas para a con-
leitura diferente dos fatos; c) para a exigên- quista da autonomia da escola;
cia do cumprimento das incumbências do
poder público; d) para a participação do IV - O reconhecimento dos Conselhos
colegiado, respaldado na ética e na autori- Escolares como mecanismo de democra-
dade para contestar posturas autoritárias. tização da gestão escolar.
No que se refere às possibilidades, os Con-
selhos Escolares devem partir da premissa Ressalta-se esses elementos, acima relaci-
dos colegiados com a máxima de estar ma, presuponiendo la necesaria intervención del
conjunto de las instancias de participación mu-
contribuindo com a democratização da nicipal en la proposición de políticas
gestão educacional do Sistema, sendo as- educacionales como garantía de la
democratización de la gestión de los procesos
sim, suas intervenções transcendem que envuelven al Sistema y no sólo a la gestión
inexoravelmente o espectro restrito do escolar.
REFERÊNCIAS
Artigo recebido em: 01/05/2006.
Aprovado para publicação em: 19/12/2006. BARROSO, João. O reforço da autonomia das es-
colas e a flexibilização da gestão escolar em Por-
tugal. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.).
Gestão Democrática da Educação: atuais ten-
dências, novos desafios. São Paulo: Cortez,
The paper of the pertaining to school advice 2003.
in the Municipal System of Education of
Recife BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia:
uma defesa das regras do jogo. 5.ed. Rio de
Abstract: The article analyzes the role played Janeiro: Paz e Terra, 1986.
for the Pertaining to school Advice in the
Municipal System of Education of Recife, BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Soletrar a letra P:
considering as preponderant element of the study povo, popular, partido e política - a educação de
to the questions that happen in the exercise of vocação popular e o poder de Estado. In:
the autonomy of these collegiate ones. The text FÁVERO, Osmar e SEMERARO, Giovanni (Orgs).
still instigates the reflection on the importance Democracia e construção do público no pen-
of the performance of the Pertaining to school samento educacional brasileiro. Rio de Ja-
Advice in the relation with the higher stages of neiro, Vozes, 2002.
appeal of the System, estimating the necessary
intervention of the set of the instances of BRASIL. Constituição da República Federa-
municipal participation in the proposal of tiva do Brasil. Brasília,DF: 1988.
educational politics as guarantee of the
democratization of the management of the ________. MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E
processes that involve the System not only and CULTURA. Lei nº 9394/96 Lei de Diretrizes e
the pertaining to school management. Bases da Educação Brasileira. Brasília: DF, 1996.
Resumo: Tomando-se como objeto de análise tura provê os grupos e nações com um
alguns aspectos presentes na LDB e na política
educacional implementada pelo governo do Estado referencial que permite ao homem dar um
de São Paulo na última década, serão analisadas sentido para o mundo em que vive e a
neste artigo a viabilidade da implementação de
propostas de democratização da gestão da escola, suas próprias ações.
contempladas nessas políticas, à luz da cultura
escolar e da cultura nacional. O referencial teórico
que orienta as análises deste trabalho, o do estudo A cultura, no entanto, segundo Geertz
das organizações como cultura, tem como (1973), não é uma qualidade e nem um
pressuposto que as organizações possuem, além de
um referencial interno, um referencial mais amplo poder que determina o comportamento
que se relaciona ao universo cultural peculiar às dos indivíduos,mas sim um sistema de
diferentes nações para constituição de sua cultura.
relações e significados que torna inteli-
Palavras-chave: Cultura Escolar; Gestão da
gível e descritível os comportamentos,
Educação; Política Educacional.
valores, crenças e princípios dos diferen-
tes grupos sociais.
cultura das organizações pode ter como lógico a respeito das soluções imaginá-
referencial essas diferentes abordagens, rias para conflitos e contradições que a
pela complementaridade que as mesmas realidade não dá conta. Toma um sentido
apresentam. psicanalítico também, quando significa
um impulso à repetição de algo imaginá-
CULTURA DAS ORGANIZAÇÕES NO rio, que cria um bloqueio à percepção
BRASIL E CULTURA NACIONAL da realidade e impede lidar com ela.
Por meio dessa metodologia de análise é Essa forma de conceber as relações esta-
que Da Matta (1994) apresenta algumas belece uma estrutura das organizações so-
análises sobre a cultura brasileira, análi- ciais e políticas que não permite a partici-
ses essas que contribuem para a com- pação dos dominados nem pelo exercício
preensão da influência desses elementos do poder e nem pela representação. A tutela
na construção da cultura das organizações. e o favor são as principais formas de poder,
fato que se manifesta historicamente no
Ao citar a frase de Oliveira Vianna "sou Brasil, através do populismo, uma das
capaz de todas as coragens, menos a cora- principais formas de exercício do poder po-
gem de resistir aos amigos!", Da Matta lítico.
(1994) destaca a importância de entender-
mos a realidade brasileira nos termos da Transferindo a idéia do mito fundador
relação entre a lei, escrita e promulgada e para as organizações sociais, teríamos
os amigos. Com esta argumentação, eviden- como uma das características principais,
cia uma característica importante que é a a ausência de participação dos envolvi-
compreensão das redes de relações pessoais dos no processo, uma forte centralização
em contraposição às normas e leis do poder, hierarquização das relações e
estabelecidas. Nesse sentido, o que preva- controle estrito das informações. Os ní-
leceria nesse contexto seria muito mais as veis hierarquicamente superiores é que
relações pessoais do que propriamente as têm as informações, o saber e o significa-
regras de um contrato social. do da lei, podendo tutelar os desprovi-
dos desse conhecimento.
Voltando a falar sobre o mito fundador,
relacionado à figura do governante, Chauí Tais características estão fortemente pre-
(2000, p.86) destaca o modo diferenciado sentes na estrutura da sociedade brasi-
de representação do mesmo, nas diferen- leira, embora Faoro (MENDONÇA, 2000)
e avanço social. Tocqueville (1998, p.99) Todos os aspectos aqui levantados, au-
observa ainda que: xiliam na compreensão da cultura que
permeia as organizações sociais no Bra-
A centralização administrativa, é
verdade, consegue reunir em de- sil, sendo que as organizações educacio-
terminada época e em certo lugar
todas as forças disponíveis da
nais não ficam fora desse processo.
nação, mas é nociva à reprodu-
ção das forças. Ela a faz triunfar
no dia do combate, mas diminui Algumas características que têm sido
com o correr do tempo sua po- apontadas por diferentes autores (PARO,
tência. Portanto pode contribuir
admiravelmente para a grandeza 1998; OLIVEIRA; DUARTE, 2003;
passageira de um homem, mas ADRIÃO; CAMARGO, 2001; MENDON-
não para a prosperidade duradou-
ra de um povo. ÇA, 2000, 2001), a respeito das estru-
turas gestionárias da educação no
Historicamente, a estrutura patrimonial Brasil, são :
brasileira, ressalta a centralização gover-
namental e a desintegração dos núcleos • excessivo grau de centralização ad-
locais e provinciais conferindo à função ministrativa e monopólio de infor-
pública um patriciado administrativo fiel mações;
ao rei, cujo compromisso se dá em • rigidez hierárquica e excessiva bu-
relação a este último e não à sociedade rocracia;
(FAORO, 1984). Nesse sentido, a "buro-
• supervalorização das estruturas
cracia", formalmente, toma um aspecto intermediárias de gestão em detri-
impessoal, mas as relações cotidianas, mento da autonomia das escolas;
se revestem muito mais de um caráter
pessoal, de favores e de amizades. As- • separação entre o planejamento e
a execução;
sim, as leis ficam condicionadas a essas
formas de interação, constituindo-se no • alijamento da comunidade e pais
que Roberto Da Matta (1994, p.139) defi- no processo decisório da escola.
ne como a diferença entre a casa e a rua:
Tudo isso nos leva a entender O mito fundador, já citado, que caracteri-
melhor os mesquinhos rituais de za o processo participativo e decisório e
fuga da isonomia política, como
o 'sabe com quem está falando?!' as relações Estado e Sociedade, também
e o 'jeitinho, que são formas bra- nas organizações educacionais está pre-
sileiras de 'corromper' e - eis o
ponto que não é percebido - de sente. De um lado, a excessiva centrali-
relacionar a letra dura (porque es- zação e monopólio de informações que
crita, fixa, universal, automática
e anônima) da lei com as gradações estão presentes nas diferentes camadas
e posições hierarquicamente di- da estrutura decisória no sistema edu-
ferenciadas que cada 'conhecido'
ocupa numa rede socialmente de- cacional dificultam tanto a autonomia da
terminada de relações pessoais. escola quanto a participação dos envol-
Keywords: School Culture; Educational Adminis- ______. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de
tration; Educational police Janeiro: Rocco,1986.
LÉVI-STRAUSS. Antropologie Structurale. SÃO PAULO. Parecer CEE 67/98. Normas Re-
Paris: Poln, 1958. gimentais Básicas das Escolas do Estado de
São Paulo. D. O. de 21 de março 1998.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da es-
cola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, ______. Secretaria de Educação. Lei Comple-
2004. mentar, n. 444 de 27/12/1985. São Paulo, 1985.
PARO, V. Gestão democrática da escola pú- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
blica. São paulo: Ática, 1998. Filho, Instituto de Biociências de Rio Claro, De-
partamento de Educação. Av. 24a, n.1515 -Vice-
Diretoria. BELA VISTA, CEP 13506-900 - Rio
Claro/SP - Brasil
1
Renata C. O. Barrichelo Cunha
2
Guilherme do Val Toledo Prado
4
Assumimos a idéia de mediação como definida por Placco (2002, p.95): “a reflexão e os questionamentos do professor quanto à sua
prática pedagógica se encontram e se confrontam com os questionamentos e fundamentos teóricos evocados pelo Coordenador Pedagógico-
Educacional, num movimento em que ambos se formam e se transformam”. Essa parceria seria traduzida em um processo formativo
de ambos.
tos, pessoas, acontecimentos, enquadran- Leme (1993, p.49) confirma que nas repre-
do-os em modelos partilhados pelo gru- sentações sociais prevalecem as memóri-
po, permitindo interpretar, distinguir e co- as e conclusões preestabelecidas e argu-
nhecer o sentido das coisas; e prescrever, menta que classificamos e rotulamos para
influenciando a mente de cada sujeito, de organizarmos a realidade. "O rótulo con-
maneira a serem re-pensadas e re-citadas. fere uma afiliação e uma posição em uma
matriz de identidades" que se converte
Integrar a novidade, interpretar a realida- numa imagem comunicável. Nesse proces-
de e orientar condutas e relações sociais so atribuímos um valor positivo e ou ne-
seriam mecanismos de funcionamento das gativo, e uma certa posição numa ordem
representações (TURA, 2004) que traba- hierárquica.
lham em paralelo a um processo definido
por Moscovici como ancoragem. As pessoas e grupos criam representa-
ções através da comunicação e da co-
Ancorar significa classificar e nomear/ro- operação. As representações brotam da
tular algo. Para Moscovici, a representa- comunicação social, das inter-relações
ção é um sistema de classificação e de sociais e depois de criadas "circulam, se
alocação de categorias e nomes que re- encontram, se atraem e se repelem e dão
velam uma "teoria" da sociedade e da na- oportunidade ao nascimento de novas
tureza humana. Essas classificações são representações, enquanto velhas repre-
feitas a partir de aproximações com pro- sentações morrem" (MOSCOVICI, 2003,
tótipos que pretendem "reconhecer" um p.41).
padrão. Os protótipos favorecem opiniões
feitas e conduzem a decisões supera- Produzem na comunicação uma visão co-
pressadas, com base em generalizações ou mum (leitura do mundo cotidiano), dizen-
particularidades. O que está em jogo nas do sobre o estado da realidade. Partindo
classificações de coisas não-familiares é a do princípio de que cada vez que expo-
necessidade de definir o que está conforme mos uma idéia dizemos algo de nós mes-
ou divergente da norma, o que pode pro- mos, de nossa identidade e de nossa vi-
mover estigmatiazações. são sobre a realidade, conhecer as repre-
sentações traduzidas na comunicação
Ancorar implica, portanto, "prioridade do permite acessar diferentes facetas da re-
veredicto sobre o julgamento e do alidade (JODELET, 2005).
predicado sobre o sujeito" (MOSCOVICI,
2003, p.64). A conclusão tem prioridade so- Fica claro que são através dos intercâm-
bre a premissa e antes de ver e ouvir uma bios comunicativos, num esforço de com-
pessoa, nós já a julgamos, classificamos e preensão do mundo através de idéias es-
criamos uma imagem dela. pecíficas que as representações sociais
como destaca Heller (2000), como pessoas social. As coordenadoras, a partir das
comuns que somos, tendemos a considerar representações expressas nos diálo-
e analisar o mundo de uma maneira seme- gos entre os grupos, confirmam suas
lhante. Nessa perspectiva isso acontece maneiras de se relacionar com os
porque nunca conseguimos nenhuma in- professores, a partir do olhar que lhes
formação que não tenha sido distorcida por dirigem.
representações e por imagens e hábitos
aprendidos, recordações preservadas e ca- Considerando, portanto, as falas das coor-
tegorias culturais estabelecidas (DUVEEN, denadoras como representações, retoma-
2003, p. 33). mos a questão que orienta parte da investi-
gação: o que dizem alguns coordenadores
As representações enquanto visões com- sobre a formação dos professores e de sua
partilhadas pelos grupos são inferidas disponibilidade nos momentos de formação
nesse trabalho a partir das "falas" trans- e trabalho docente coletivo? Vejamos:
critas dos registros em áudio e também a
partir de registros escritos produzidos na “Ano a ano encontro dificulda-
des para trabalhar com os pro-
avaliação final do trabalho. fessores em função da forma-
ção”.
Como saber se temos realmente "represen-
“De um modo geral, as pro-
tações sociais" a analisar nesse trabalho? fessoras esperam coisas pron-
Recorremos aos critérios de Xavier (2002) tas, esperam que o coordena-
dor traga receitas prontas. Às
para responder a essa questão: vezes embarco nessa demanda
e dou pronto mesmo. Fico an-
• As representações constituem uma gustiada em ter que esperar ou
na falta de reação do profes-
modalidade de conhecimento parti- sor”.
cular que traduzem teorias sobre o
mundo social e que viabilizam a co- “Tem muito professor com pre-
guiça de ler e estudar e que não
municação e a organização dos com-
reflete sobre o trabalho.
portamentos. Essa "teoria" sobre os
professores, explicitada ou inferida Existe dificuldade [dos profes-
sores] de integrar o que estu-
nas falas das coordenadoras nos in-
dam com a ação”.
formam uma certa representação.
“As professoras não têm inte-
resse. As que tem interesse, às
• As representações sociais como sis-
vezes, depois de aprender tudo,
temas de organização da realidade saem da escola e é preciso re-
organizam as relações dos indivídu- começar a equipe novamente”.
os com o mundo e orientam suas
“O professor tem preguiça de
condutas e comportamentos no meio
ler...”
permite reconocer el tipo de formación que es como formador de professores: sua identidade,
posible establecer en los horarios de trabajo docente competências e expectativas. In: Congresso Inter-
colectivo en la escuela, encontrar y confrontar nacional Educação e Trabalho, 2005, Aveiro. Re-
posiciones, analizar las contradicciones y evidenciar sumos das Publicações. Aveiro: Universidade,
discusiones que apelen la resignificación de las 2005.Disponível em http://www.dce.ua.pt/congres-
relaciones y prácticas de formación. so/congreductrab-220p.pdf. Acesso em 22.11.2006.
queira mais viver sob a hegemonia dos sis- Gianni Rodari (1982) defende assim seu
temas impostos hierarquicamente. ponto de vista:
No livro O menino que aprendeu a ver, Aqui insere-se o trabalho da gestão esco-
Ruth Rocha (1997) nos apresenta uma his- lar. Uma escola gerida de maneira autoritá-
tória cujo personagem foi associando cada ria não contribui para a construção efetiva
palavra decifrada ao mundo que o rodeava, da participação de todos os membros da
ao mesmo tempo que se inseria enquanto comunidade escolar na definição das polí-
ser criativo. Muito antes de decodificar os ticas que regulam os espaços de convivên-
nomes que João passou a ler, ele já os tinha cia coletiva e na elaboração dos projetos
marcado na sua história de vida, nas suas pedagógicos e administrativos.
brincadeiras, nas suas curiosidades e des-
cobertas e todas as palavras antes vividas Partindo de livres interpretações da reali-
no seu imaginário, puderam ser dade de cada um, a troca de informações
decodificadas e tornadas reais. aumenta e as mentalidades (trans)formam-
se, permitindo que o processo educacional
Em, O papel roxo da maçã, de Marcos seja viabilizado nessa constante inter-rela-
Bagno (1995), a menina Rosa, alimenta o ções de saberes. Além disso, valoriza-se
seu imaginário quando transcende os sen- também outras fontes de sabedoria, so-
tidos de visão, audição e tato ao pegar o bretudo aquela relacionada à história oral,
papel roxo da maçã, e travar com ele um repassada pelas lideranças comunitárias,
diálogo cheio de mistérios e descobertas. pelas pessoas mais velhas, pela "gente an-
tiga", conferindo um grau de sabedoria ge-
Textos literários criativos acenam para a li- rada principalmente pela experiência de vida.
beração do imaginário do leitor, estimulan-
do a sua participação na história. Além A construção da leitura no espaço escolar
disso, o exercício da ludicidade, implícito merece cuidados especiais por parte do
no ato de ler e imaginar, permite a leitura de professor. O livro de literatura é um objeto
mundo e expande a capacidade da criança rico e cheio de oportunidades para o lei-
para compreender e interpretar sua histó- tor, na constante busca de cultura e
ria, realizando sonhos, (trans)formando apreensão de valores, por isso precisa ser
valores e atualizando experiências. analisado na sua forma e no seu conteúdo.
gramas de variedades) sua principal fonte se apresenta com pouca e até mesmo au-
de referência, pelo convívio social, incluin- sência de oportunidades para experimen-
do os acontecimentos familiares, pela lite- tar atividades onde a imaginação tenha
ratura e por outras manifestações expres- lugar de destaque em contra partida en-
sivas da produção humana. contra-se presente freqüentemente a im-
posição do gramaticismo, dificultando a
Esses "saberes" modificam hábitos, pen- prática da reflexão da criação e da escrita
samentos e posturas, agregando valores por parte do aluno.
ou contra-valores ao sujeito, construindo,
então, novos conhecimentos, que vão Qualquer educador, pai, professor, biblio-
sendo processados para o seu aprimora- tecário, pedagogo etc., quando leva o li-
mento intelectual, social e moral. vro à criança tem o mesmo objetivo - criar
nos pequenos o hábito de ler para que a
No Brasil, durante muitos anos, a discri- literatura seja uma forma de enriqueci-
minação social, se apoiava entre outros mento cultural. Quanto mais e melhor uma
fatores na posse do diploma de bacharel, criança lê, mais ela gosta de ler; quanto
de doutor, contra o analfabeto, o iletrado. mais hábil na leitura, mais autonomia tem
A letra era usada para dominar, para con- para buscar os livros como fonte de co-
trolar a vida dos que não sabiam ler. nhecimento, informação e prazer.
A organização social da cultura sempre foi A literatura é, sem dúvida, uma das formas
direcionada para marcar posições de poder de recreação mais importantes na vida da
e classe social, no entanto, boa parte das criança por manipular a linguagem verbal,
classes pobres, tem uma forte e rica heran- pelo papel que desempenha no seu cres-
ça cultural popular. cimento psicológico, intelectual e espiri-
tual, pela riqueza de motivações, de su-
A cultura popular registrada e difundida gestões e de recursos que oferece ao ima-
através de contos, mitos, crendices, repen- ginário.
tes, cantigas, compõem um acervo literário
que não pode ser relegado, mas sim legiti- A atuação do imaginário, proporcionada
mado por ser historicamente construído pela literatura, na sua própria experiência
ao longo da nossa formação, alimentando de vida através está assim descrita por
nossa história, a história do Brasil. Lygia Bojunga (apud MIGUEZ, 2000):
meio feiticeira.Achei tão bom po- los, pois a criatividade trabalha com ma-
der transformar o que eu sentia
em história que eu resolvi que era teriais colhidos da realidade.
assim que queria viver: transfor-
mando. Foi por isso que eu me
É criativa a mente que trabalha, que
virei em escritora (MIGUEZ,
2000, p.82). sempre faz perguntas, que descobre pro-
blemas onde os outros encontram res-
A imaginação é necessária até para se postas satisfatórias, que recusa o codifi-
refazer o caminho de volta. Quando as cado, e não se deixar inibir pelo confor-
histórias imaginárias são narradas pelas mismo.
crianças, possuem variados graus da coe-
rência interna: algumas são desconexas, E como as práticas pedagógicas vêm
outras articuladas promovendo o pensamen- sendo realizadas para estimular a cria-
to reflexivo. Estas construções fantásticas tividade o não o conformismo? Elas es-
preparam a "estrada" para a construção do timulam o pensar, provocam a reflexão
pensamento lógico, crítico e autônomo. e o questionamento?
Rodari (1982) apresenta a perspectiva de
Dewey sobre a função da imaginação: Germes da imaginação criativa, reforça
Vygotski (apud RODARI, 1982, p.139),
A função própria da imaginação é a visão manifestam-se nas brincadeiras dos ani-
de realidades e possibilidades que não se mais: assim, manifestam-se ainda mais
mostram nas condições normais da per- na vida infantil.
cepção sensível. Seu objetivo é penetrar
claramente no remoto, no ausente, no Se a criatividade é tão importante no de-
obscuro. Não só a história, a literatura, a senvolvimento das habilidades e compe-
geografia, os princípios das ciências, mas tências do educando, o professor deve
também a geometria, e a aritmética contêm promovê-la, pois não é mais ele que trans-
uma quantidade de argumentos sobre os mite o saber pronto. Ele é sim um adulto
quais a imaginação deve operar, para que pronto a desenvolver em si mesmo hábi-
possam ser compreendidos (RODARI, tos de criação, da imaginação, de constru-
1982, p.142). ção em uma série de atividades (produção
pictórica, plástica, dramática, musical,
Todos podem ser criativos, se não quise- afetiva, moral, lúdica, lógica, lingüística),
rem viver em uma sociedade repressiva, abordando todos os aspectos cognos-
em uma família repressiva, em uma escola citivos.
repressiva. É possível uma educação pela
"criatividade", quando permitimos que o Em uma escola que tenha essa prática pe-
pensamento seja divergente, quando pro- dagógica, o educando não é mais um con-
porcionamos um ambiente rico de estímu- sumidor de cultura e valores, é um criador
Muitas vezes o termo valor está corre- Antenor Gonçalves Filho (1992) citando
lacionado ao aspecto econômico, porém Max Weber apresenta sua posição na
sua utilização também pode significar seguinte afirmativa:
o que vale para o homem e que está implí-
O destino de uma época cultural
cito nos seus bens morais e culturais. que "provou da árvore do conhe-
cimento" é ter de saber que pode-
mos falar a respeito do sentido
Max Weber, já nos advertia em algum lugar do devir do mundo, não a partir
de sua obra (apud FILHO, 2000, p.90) do resultado de uma investigação,
por mais perfeita que seja, mas a
dizia que a pretensão de que o conheci- partir de nós próprios que temos
mento deve ser "isento de valores" é, em de ser capazes de criar este senti-
do. Temos de admitir que "cos-
si, um juízo de valor. mo-visões" nunca podem ser o
resultado de um avanço do co-
nhecimento empírico, e que,
Assim sendo, caberia a questão que
portanto, os ideais supremos que
explicita quais os juízos de valor implíci- nos movem com a máxima força
possível, existem, em todas as
tos em um estudo sobre a literatura, pois
épocas, na forma de uma luta com
ela não tem uma proposta de neutralidade. outros ideais que são, para outras
pessoas, tão sagrados como o são
Mesmo sem ter a pretensão de ensinar,
para nós os nossos (GONÇALVES
acaba nos ensinando e muito. Esse ensino FILHO, 1992, p.113).
nou os objetivos da mesma se colocando A ilustração, feita pelo autor do livro, foi
contra a realização da tarefa de "enfeitar influenciada pelo pintor surrealista belga
carrinho de boneca", uma vez que, segun- Magritte, o que oportunizou a pesquisa
do ela, colocava seu filho em uma situa- sobre este movimento artístico e literário
ção constrangedora e numa posição ridí- de origem francesa e uma releitura de obras
cula. Ainda segundo os pais, seu filho de grandes mestres como Salvador Dali e
estava se sentindo envergonhado. Miró.
O texto de literatura infantil é hoje um Abstract: The aim of this article is to present
experiences and thoughts about working with
objeto real, com uma linguagem verbal e
literature, establishing the double relation between
ou visual que realiza uma revisão de mun- reading and imaginary as cultural aspects. We
propose a reflection upon the pedagogical
do, na perspectiva da infância, apresentan-
practice, emphasizing the pleasure of reading and
do-lhe valores e conceitos para serem ava- giving importance to situations when the reader
gets involved with the story, stimulating the
liados, criticados e reformulados, tendo
common reading, allowing interaction with the
ainda a propriedade de informar. Coloca a imaginary. According to Baudelot Cartier and
Detz's research (1999), the relationship between
criança a par do que ela tem o direito de
the reader and the text is affective - it can be seen
saber, refletir e discutir, facilitando sua through his/her identification with the story and
characters prolonging at the same time at reading
compreensão e apresentando novas pers-
practice, experiences or personal questions.
pectivas para as várias situações que lhe
Keywords: Reading; Creativity; Values; Culture.
afligem.
Formar crianças leitoras num mundo ma- La doble relacion: lectura y el imaginario
como valores culturales
terialista onde o consumo exagerado de
supérfluos predomina e imperiosamente Resumen: Este artículo tiene como objetivo
presentar experiencias y reflexiones en el trabajo
sobrepõe-se ao ato de ler, tão significati- con la literatura, estableciendo la doble relación
vo para a construção de uma sociedade lectura e imaginario como valores culturales. Se
propone una reflexión sobre la práctica pedagó-
que necessita resgatar os valores éticos, gica enfatizando el placer de leer y valorizando
morais e culturais, é um compromisso da situaciones de involucramiento del lector con la
historia en el estímulo a la lectura común,
escola que deve promover uma educação permitiendo la interacción como el imaginario.
de qualidade, resgatando um direito que Según la investigación de Baudelot, Cartier y Detz
(1999), la relación del lector con la obra es
é de todos, o de saber ler e utilizar-se da afectiva, ella se manifiesta por su identificación
leitura para sua inserção social num mun- con la historia, con los personajes, prolongandose
al mismo tiempo en las lecturas, experiencias o
do mais justo e cheio de oportunidades cuestionamientos personales.
para aqueles que conquistaram o saber
Palabras clave: Lectura; Creatividad; Valores;
pelo sabor das leituras. Cultura.
AZEVEDO, Ricardo. Aviãozinho de Papel. São ______. O menino que aprendeu a ver. São
Paulo: Cia das Letrinhas, 1994. Paulo: Quinteto Editorial, 1997.
BAGNO, Marcos. O papel roxo da maçã. Belo RODARI, Gianni. Gramática da Fantasia. São
Horizonte: Lê,1995. Paulo: Summus, 1982.
FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura TONUCCI, Francesco. Com os olhos de crian-
infantil na sala de aula. São Paulo: Contexto, ça. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
2004.
WARSCHAUER, Cecília. A roda e o registro:
GONÇALVES FILHO, Antenor. Educação e li- uma parceria entre professor, alunos e co-
teratura. Rio de Janeiro: DP&A,2000. nhecimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
MIGUEZ, Fátima. Nas Arte-Manhas do Ima- WENECK, Vera Rudge. Cultura e Valor. Rio de
ginário Infantil:o lugar da literatura na sala Janeiro: Forense Universitária, 2003.
de aula. Rio de Janeiro: Zeus, 2000.
vado em 2001- dispõe sobre a ampliação uma preparação especifica para conviver
da oferta de cursos de formação em admi- com as novas demandas que enfrentam e
nistração escolar nas instituições públi- resolver os desafios de modo satisfatório
cas de nível superior, afirmando que em com transparência e ética.
cinco anos, 50% dos diretores, pelo me-
nos, possuam formação específica em ní- Usando as palavras de Norberto Bobbio
vel superior e que, no final da década, to- ( 2004, p.77)
das as escolas contem com diretores ade-
[...] por sistema democrático en-
quadamente formados em nível superior, tende-se hoje preliminarmente
um conjunto de regras proce-
preferencialmente com cursos de especia- dimentais, das quais a regra da
lização. Estamos em 2007 e, apesar do gran- maioria é a principal mas não a
única...
de esforço político que vem sendo empre-
endido, não há dados que indiquem que o Essa é uma das transformações que fazem
Brasil conseguiu atingir esta meta ou que parte do mundo de todos os gestores de
vá conseguir em curto prazo. Os dados do educação (quer sejam gestores escolares,
INEP já citados, evidenciam que a situa- municipais, de IES ou de universidades),
ção da formação dos gestores do ensino logo é precisa aprender a lidar democrati-
básico era gritante em 2004 e não há da- camente com situações conflitantes, é pre-
dos novos que indiquem mudança subs- ciso vivenciar experiências práticas e
tancial. aprofundar o estudo teórico.
A GESTÃO EM AÇÃO (GA) é uma publicação quadrimestral e irá considerar para fins de
publicação trabalhos originais que sejam classificados em uma das seguintes modalidades:
GESTÃO EM AÇÃO (GA) is published quarterly and considers for publication original works that are classified
in one of the following areas:
– Os trabalhos deverão ser entregues em três vias impressas e em disquete WinWord 7.0
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justificado.Na etiqueta do disquete deverá constar o título do trabalho, o nome do
autor, a instituição a que está vinculado, e-mail e telefone de contato.
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Times New Roman 12 with justified paragraphs.
– Indicate, on the label of the floppy or compact disc, the title of the work, the name of the author, the
institution the author is affiliated with, email and telephone number.
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acadêmica, cargo, função e vinculação institucional) e o título completo do artigo,
devem ser colocados em página de rosto. Mestrandos e doutorandos devem indicar o
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to do artigo, omitindo-se o nome do autor.
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space, indicating the author, year and page.
– Figuras, gráficos, tabelas, mapas etc. devem ser apresentados em folhas separadas
do texto (com a devida indicação dos locais onde serão inseridos); devem ser numera-
dos, titulados e apresentar indicações sobre as suas fontes.
– Figures, graphs, tables, maps etc. should be on separate pages of the text (with indication of the
places where they are to be inserted); all should be numbered, titled and with sources specified.
– Siglas e abreviações, quando mencionadas pela primeira vez no texto deverão estar
escritas por extenso.
– Acronyms and abbreviations should be spelled out when first mentioned in the text.
TÍTULO I - DO OBJETIVO
Art. 1º A Gestão em Ação (GA), editada sob a parceria e responsabilidade da Linha de Pesquisa Políticas
e Gestão em Educação (LPGE), do Programa de Pós-Graduação em Educação da FACED/UFBA e do
Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público (ISP/UFBA)- tem por objetivo a difusão de
estudos, pesquisas e documentos relativos à educação superior, à pós-graduação e aos processos da
gestão, da educação presencial, aberta,continuada e a distância, bem como questões relativas às políticas
públicas, planejamento, descentralização e municipalização do ensino, autonomia, avaliação e financi-
amento.
Art. 2º A Gestão em Ação (GA) tem como público-alvo docentes e alunos de pós-graduação, pesquisa-
dores e gestores de instituições de ensino superior e de pesquisa, gestores de associações científicas e
profissionais, dirigentes e técnicos da área da Educação e demais órgãos envolvidos na formação de
pessoal e produção científica.
Art. 3° As responsabilidades da Gestão em Ação (GA) serão exercidas por um Editor, um Conselho
Editorial e um Comitê Científico.
Art. 5° O Comitê Científico tem por competência emitir pareceres sobre as contribuições encaminhadas
à GA e opinar sobre sua qualidade e relevância.
§1° O Comitê Científico será constituído por membros, escolhidos por sua competência acadêmi-
ca e científica em áreas relacionadas à pós-graduação, podendo ser substituídos a critério do
Conselho Editorial.
Art. 8º A Gestão em Ação terá periodicidade quadrimestral e contará com as seguintes seções:
- Editorial;
- Estudos - divulga trabalhos de caráter acadêmico-científico (conforme especificado no
Art.10º).
Art. 10º Serão aceitos trabalhos originais que sejam classificados em uma das seguintes moda-
lidades: resultados de pesquisas sob a forma de artigos: ensaios; resumos de teses; dissertações;
monografias; estudos de caso.
Art. 11º O autor será comunicado do resultado da avaliação do seu trabalho em até 90 (noventa)
dias.
Art. 12º Serão remetidos a cada autor 05(cinco) exemplares do número em que for publicada a
sua colaboração.
Art. 13º A publicação de artigos não é remunerada, sendo permitida a reprodução total ou parcial
dos mesmos, desde que citada a fonte.
Art. 14º Os artigos assinados serão de responsabilidade exclusiva de seus autores, não refletindo,
necessariamente, a opinião da GA/PGP/LIDERE/ISP/FACED.
Art. 15º A critério do Conselho Editorial da GA, poderão ser aceitas e publicadas colaborações
em língua estrangeira.
Art. 16º Os originais podem ser adaptados para fins de editoração, em adequação às normas da GA.
Art. 17° As colaborações para a GA devem ser enviadas à redação, de acordo com as normas
editoriais.
Art. 18° Toda autoria dos pareceres e dos artigos, durante o processo de avaliação, será mantida
em sigilo.
Art. 19° Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na aplicação do presente Regimento serão
dirimidos pelo Conselho Editorial da GA.