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Temática Livre

Educação Ambiental e Candomblé: afro-


religiosidade como consciência ambiental 
Environmental Education and Candomble: african religiosity as environmental
awareness

Felipe Rodrigues Martins 1

Resumo
O ser humano está situado no mundo e dispõe de inteligência e capacidade de refletir sobre ele
com o objetivo de transformá-lo por meio do trabalho e ações políticas. A participação do homem
como sujeito na sociedade, na cultura e na história se faz à medida que educado para
conscientizar-se, assume suas responsabilidades como cidadão. Assim, o homem é o elemento e o
sujeito da educação, que é sempre uma ação política transformadora. A educação ambiental é
definida no Tratado de Educação Ambiental para a Sociedade Sustentáveis, como um processo
dinâmico em permanente construção, que é orientado por valores que promovem a transformação
social. Esta proposta educacional encontra equivalência na constituição e nas práticas da cultura
afro-brasileira, mais especificamente o Candomblé. Os orixás são “forças inteligentes da natureza”
e “entidades espirituais regentes”. Enquanto forças inteligentes da natureza vinculam-se ao
cosmos, identificando-se com os elementos e manifestações naturais. Enquanto entidades
espirituais regentes vinculam-se às pessoas, funcionando como arquétipos da personalidade
humana. Seres complexos, os orixás permitem múltiplas classificações, conforme a genealogia, as
características e a metodologia ritualística. Sua identificação maior, porém, está no vínculo de cada
qual com os elementos da Natureza. Relacionados esses conhecimentos, com entrevistas feitas
com lideres religiosas do Candomblé, tornou-se possível discutir a relação entre o Candomblé e a
educação ambiental. O trabalho foi desenvolvido de acordo com a pesquisa etnográfica e teve
como objetivo analisar as contribuições da cultura religiosa do Candomblé na cidade de Belém – PA
para a formação de um modelo de consciência ambiental, que entende a importância do meio
natural, para os seus adeptos e para todos.

Palavras-chave: Cultura. Afroreligiosidade. Ecologia. Sociedade. Meio Ambiente.

Abstract
The human being is in the world and has the intelligence and ability to reflect on himself in order to
transform him through work and political action. The participation of man as a subject in society,
culture and history is made as educated to become aware assumed his responsibilities as citizen.
Thus man is the element and the subject of education, which is always a transformative political
action. Environmental education is defined in the Treaty of Environmental Education for Sustainable
Society, as a dynamic process in permanent construction, which is guided by values that promote
social transformation. This educational proposal is equivalence in the constitution and practices of
the African-Brazilian culture, specifically the Candomblé. The deities are "intelligent forces of

 Este texto foi formulado com parte de minha Dissertação de Mestrado “Candomblé e Educação Ambiental:
uma possível e construtiva relação”, defendida neste ano corrente, pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciências e Meio Ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará.
1
Bacharel em Ciências Ambientais pelo Centro Universitário do Estado do Pará. Mestre pelo Programa de
Mestrado em Ciências e Meio Ambiente da UFPA. Tem experiência na área de Ciências Ambientais, com
ênfase nas temáticas de Ecologia, Unidades de Conservação, Gestão e Educação Ambiental, Comunidades
Tradicionais e Afro-Religiões Amazônicas.
Paralellus, Recife, v. 6, n. 12, p. 265-278, jan./jun. 2015.
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nature" and "ruling spiritual entities". While intelligent forces of nature are linked to the cosmos,
identifying with the elements and natural manifestations. While regents spiritual entities are linked
to people, working as archetypes of human personality. Complex beings, deities allow multiple
classifications, according to genealogy, features and ritualistic methodology. His greatest
identification, however, is the link of each with the elements of nature. Relating this knowledge to
interviews with religious leaders of Candomblé, made it possible to discuss the relationship
between Candomble and environmental education. The study was conducted according to
ethnographic research and aimed to analyze the contributions of the religious culture of Candomblé
in Belém - PA to the formation of a model of environmental awareness, which takes into
consideration the importance of the natural environment for its adepts and for all.

Keywords: Culture. Afroreligiosity. Ecology. Society. Environment.

1 Introdução

Dentro do enredo da atual crise pesquisa, a Iyálorixá Rosalidia Sutelo


socioambiental caracterizada pela quando diz que a área da cachoeira com
globalização e exploração exacerbada a floresta, os animais, todo o ciclo que
dos recursos naturais e pela acontece dentro da natureza tem um
desvalorização de antigos costumes orixá responsável. Orixá é energia em
culturais, a Educação Ambiental tem se movimento, é asé, é vida. Para que você
firmado como um dos temas mais possa cultuar seu orixá é preciso haver o
discutidos na área ambiental, da elemento que ele representa no nosso
educação e cultura nos últimos anos. O mundo, Ossae as folhas, Oya os ventos e
ambiente academico e científico têm raios, Yemonjá os mares, então quando
tratado do assunto exaustivamente, você não respeita esses elementos você
reavaliando valores culturais e mudando está desrespeitando o Orixá, que além
suas práticas pedagógicas até então de se tratar de um Deus, é também seu
voltadas unicamente para a transmissão ancestral.
de conhecimentos, quando na verdade a Nesse argumento podemos
educação ambiental visa não só a identificar a relação entre o conjunto de
utilização racional dos recursos naturais, saberes tradicionais envolvendo os
mas também a valorização da cultura e elementos culturais e ambientais da
formação de cidadãos capazes de refletir religião; é nessa relação que podemos
e participar das discussões e decisões sugerir algumas reflexões e composições
sobre as questões socioambientais entre Educação ambiental e a Cultura
(MARTINS, 2015, p. 22). Religiosa de Matriz Africana. De acordo
Fato esse que pode ser com Martins (2015, p. 22), para o
comprovado com o seguinte depoimento Candomblé, a natureza é um espaço
de uma das senhoras entrevistadas na sagrado, de comunhão entre o mundo

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espiritual e o material, que deve ser fortemente envolvida com o viés


respeitado e bem cuidado. Esta ecocêntrico3 (MARTINS, 2015, p. 26).
concepção alinha o culto milenar a uma De acordo com os aspectos
das maiores preocupações da ressaltados, a problemática que motiva
atualidade: a preservação da biodi- essa pesquisa ultrapassa o âmbito
versidade. restrito a religião, o problema imprime
O aspecto que mais se destaca uma reflexão em um âmbito mais amplo
dessas religiões com relação à questão indo às questões especificas de
ambiental está no fato de a natureza ser cidadania, sociedade e ambiente. Assim,
um elemento central no seu modo de é preciso analisar sob outros parâmetros
perceber o divino, pois é nos rituais e essas questões, indo além da politica,
cultos aos Orixás que a matriz africana ética ou mesmo preservação do lugar.
se revela mais intensamente (MARTINS, Dessa forma a questão que fica vem a
2015, p. 25). O funcionamento e ser aquela que indaga quais elementos
interpretação de crenças e valores nessa existem na Cultura Afro-Brasileira do
tradição se dá na relação do homem com Candomblé capazes de desenvolver
a sua ancestralidade, seus mitos e posicionamentos frente a essa complexa
dogmas, ligação essa que ocorre por situação observada atualmente.
meio do constante manejo dos
elementos naturais como a água, o fogo,
a terra e as florestas, enfim, a força da
vida materializada pelos Orixás nos
ambientes.
O trabalho foi desenvolvido de
acordo com a metodologia de pesquisa
etnográfica no município de Belém, no
estado do Pará e contou com a
colaboração de líderes religiosas que são
envolvidas também com o movimento
político e ações sociais relacionadas a
cultura e religião afro. De acordo com
essas informações foi formulada a
hipótese norteadora dessa pesquisa
quem veio a ser a do Candomblé sendo
viver africano, seu modo de organização social,
desenvolvimento com uma cosmovisão 2 seus valores e formas de ver e entender o
mundo.
3
Termo aqui utilizado com base no conceito de
egocentrismo, onde nesse o homem é o centro
2
De acordo com Oliveira (2003), cosmovisão de tudo, já o ecocentrismo é o ambiente e tudo o
africana é a ótica africana sobre o mundo e suas que está inserido nele, inclusive o próprio
relações; representa princípios que orientam o homem.
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2 Educação Ambiental e Candomblé: uma possível relação

Segundo Pelicioni e Philippi Jr cotidiano das relações afetivas,


(2002, p. 349), a educação ambiental educacionais e sociais (REIGOTA, 1995,
(EA) é um processo de educação política p. 24).
que possibilita aquisição de De acordo com Layrargues (1999,
conhecimentos e habilidades, bem como p. 02), a promoção da educação
a formação de atitudes que se ambiental por meio da resolução de
transforma necessariamente em práticas problemas locais, carrega um valor
de cidadania que garantam uma altamente positivo, pois foge da
sociedade sustentável. Em razão da tendência desmobilizadora da percepção
complexidade da questão ambiental, de problemas globais, distantes da
surge a necessidade de que os processos realidade local, e parte do principio de
educativos venham a dar condições para que é indispensável que o cidadão
que as pessoas desenvolvam participe da organização e gestão de seu
conhecimentos, habilidades e atitudes ambiente e objetivos de vida cotidiana.
podendo dessa forma intervir de forma Segundo Castro e Canhedo Jr.
significativa nos processos decisórios. (2005, p. 406), cabe à EA como
(MARTINS, 2015, p. 26) processo político pedagógico, formar
A EA nos seus aspectos de para o exercício da cidadania,
educação política visa à participação do desenvolvendo conhecimento interdis-
cidadão na busca de alternativas e ciplinar baseado em uma visão integral
soluções aos graves problemas de mundo, permitindo que cada
ambientais locais, regionais e globais. indivíduo investigue, reflita e aja sobre
Ela não deve perder de vista os inúmeros efeitos e causas dos problemas
e complexos desafios políticos, socioambientais que afetam a qualidade
ecológicos, sociais, econômicos e de vida e a saúde da população.
culturais que tem pela frente, seja no A interdisciplinaridade4 visa a su-
momento presente, seja no futuro, sob peração da fragmentação dos diferentes
uma visão de médio e longo prazo. campos do conhecimento, buscando
(MARTINS, 2015, p. 108) Os aspectos campos de convergência e propiciando a
políticos de educação ambiental
envolvem o campo da autonomia, da 4
Interdisciplinaridade implica a existência de um
conjunto de disciplinas interligadas e com
cidadania e da justiça social, cuja relações definidas, que evitam desenvolver as
suas atividades de forma isolada, dispersa ou
importância às transforma em metas que fraccionada. Dentro do contexto da Educação
Ambiental, trata-se de um processo dinâmico
não podem ser conquistadas no futuro que procura solucionar diversos problemas
distante, mas devem ser construídas no ambientais através de uma análise complexa e
interligada.
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relação entre os vários saberes. (assentamentos) dos orixás e em muitos


Concepção essa que pode ser encaixada elementos rituais (MARTINS, 2015, p.
e práticada no Candomblé, visto que 119).
nessa religião há uma transmissão de Outro fator presente na religião
valores muito semelhantes as definições que também ressalta a questão
e conceitos desenvolvidos na Educação ambiental é a importância atribuída às
Ambiental. folhas que atesta a vinculação entre a
Levando em consideração os ritualística das religiões afro-brasileiras e
aspectos religiosos do Candomblé e os os elementos naturais:
conceitos e objetivos da Educação [...] As plantas são utilizadas
Ambiental, torna-se possível discutir a para lavar e sacralizar objetos,
para purificar a cabeça e o corpo
relação de pertença entre religiões afro- dos sacerdotes nas etapas
iniciáticas, para curar doenças e
brasileiras e a natureza. Conforme afastar males de todas as
Gonçalves (2008, p. 391), o processo de origens. Mas, a folha ritual não é
simplesmente a que está na
5
antropomorfização das divindades natureza, mas aquela que sofre o
poder transformador operado
parece ter modificado o caráter da pela intervenção de Ossaim,
natureza divinizada. Assim, Ogum não é cujas rezas e encantamentos
proferidos pelo devoto propiciam
mais o ferro ou todos os metais, mas o a liberação do axé nelas contido
(PRANDI, 2005, p. 103).
dono deles; Iemanjá não é o mar, mas a
dona do mar, Oxum não é o rio, mas a A consciência ambiental é
dona das águas doces. primordial para os seguidores e
De qualquer modo, o processo de seguidoras dos Orixás. A Cosmovisão
antropomorfização atribui uma nova Africana e Afro-Brasileira identifica os
leitura entre os orixás (senhores Orixás como sendo a natureza, assim é
protetores) e a natureza (vista agora natural que nos Candomblés, se aprenda
como objeto dos orixás). Tal processo a conservar e conviver com a natureza,
iniciara-se, ainda, em território africano, tornando cada Ilê (templo), um pólo de
com a expansão política de algumas resistência aos descuidos com o Meio
comunidades e o desenvolvimento cada Ambiente, e no qual, cada habitat ou
vez maior das atividades como a elemento natural está relacionado a um
manufatura, a metalurgia, etc; onde no Orixá, que por sua vez, tem como uma
Brasil, as referências à natureza foram de suas características, preservar o
preservadas simbolicamente nos altares planeta com sua natureza e a

5
humanidade (MARTINS, 2015, p. 119).
Para Gonçalves 2008, antropomorfização seria o
processo no qual os Orixás passaram após a Nos rituais do Candomblé a
diáspora africana e ao chegarem no Brasil, pois
na África são vistos somente como elementos ou utilização e a identificação com os
fenômenos da natureza, ao contrário de como
são vistos no Brasil que além dessas elementos da natureza são
características possuem também forma e
sentimentos humanos. fundamentais. Sem natureza não há
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orixás. Como destaca Prandi (2001, p. maneira, preservar, cuidar e manter o


20), o candomblé conserva a ideia de meio natural, é condição fundamental
que as plantas são fontes de axé, a força para os seguidores do Candomblé, visto
vital sem a qual não existe vida ou que, os ritos e rituais só acontecem e
movimento e sem a qual o culto não são feitos propiciados por meio de
pode ser realizado. “Kosi ewê Kosi folhas, banhos e elementos naturais
orixá”, que pode ser traduzida por “não consagrados aos Orixás (MARTINS,
se pode cultuar orixás sem usar as 2015, p. 119).
folhas”, resume bem a importância da O Candomblé possibilita aos seus
natureza para o candomblé. participantes, leituras do mundo, das
Todo o ritual exige a utilização de relações humanas harmoniosas e de
recursos provenientes da natureza, convivências igualitárias, em que todos
desde a preparação da terra para a podem viver com autoconfiança,
construção de um terreiro de candomblé, dignidade e respeito e, também, que se
pois o solo é sagrado, ele é quem dá a deve ter respeito pelo planeta que os
licença inicial para os ritos sacramentais acolhe. Da mesma forma que os
do candomblé; até as festividades seguidores do Candomblé quando
periódicas que acontecem nos terreiros. recolhidos para iniciação, passam pelos
Nos terreiros de candomblé esta analogia ciclos de morte e renascimento, é
entre natureza e religião, na qual estes necessário renascer para novas ideias,
elementos estão intimamente ligados, valores e culturas (MARTINS, 2015, p.
constitui um terreno fértil ao processo de 119).
respeito e conservação ambiental É preciso que, os conhecimentos
(ARAÚJO, 2009, p. 11). dos Quilombolas, do Povo de Santo, das
Para que cada ecossistema6 tenha comunidades da floresta, de grupos que
o seu representante responsável, o ser carregam o respeito à natureza, sejam
supremo Oludumaré, designou cada multiplicados, criando-se assim, uma
divindade com um atributo para auxiliá- “Rede de Consciência Ambiental”. A terra
lo na grande obra de perpetuação da acolhe, as águas curam e acalmam, as
humanidade (PRANDI, 2001, p. 503). folhas carregam sabedoria. A natureza é
Dessa forma, as forças da natureza dadivosa com a humanidade. O que
tornam-se reflexos das emanações dos resta a todos, é exercitar o que se
Orixás no planeta viabilizando o encontro aprendeu.
do sagrado com o homem, dessa Segundo Santos (2008, p. 76), a

6
mãe natureza através dos orixás, repõe
Ecossistema são os organismos junto com os
elementos físicos e químicos relacionados no o equilíbrio da ação humana junto à
meio em que vivem, unificados pela dependência
dos organismos em suas vizinhanças físicas e por natureza na prática do culto. Durante os
suas contribuições para a manutenção das
condições e composição do mundo físico. ritos, determina que as imagens sejam
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cultuadas em comunhão com a natureza, Da nação Angola, foi entrevistada


pois essa é o espelho material do Orum7, a Mametu9 Oneide Monteiro (Nangetu). A
portanto a missão é cuidar dela em entrevista, realizada em Novembro de
todos os seus aspectos. A comunidade 2013, com o proposito de analisar de
afro-brasileira encontra na sua estrutura forma empirica, se, de fato, o candomblé
os mecanismos motores ancestrais: possui relação com a educação
lugar, sociedade, gestos e memória ambiental e qual o nível de compreenção
constituem uma só unidade. de uma líder religiosa do Candomblé
Da nação Jeje foi entrevistada a quanto as questões e conceitos da área
8
Iyalorixá Rosalidia Sutelo (Oya Nyrolê). ambiental? Foi muito interessante, pois
Durante a entrevista, realizada em por se tratar de uma sacerdotisa que
outubro de 2013, com o proposito de entre todas as entrevistadas é a que
analisar de forma empirica, se, de fato, o possui mais idade, passou, através da
candomblé possui relação com a entrevista e dos questionamentos,
educação ambiental e qual seria o nível informações baseadas em seu
de compreenção de uma líder religiosa conhecimento empírico de religião.
do Candomblé quanto as questões e Exemplo disso foi quando indagada sobre
conceitos da área ambiental? Mãe Rosa o que vem a ser Educação Ambiental, de
demonstrou possuir algum conhecimento acordo com a religião, a mesma
sobre as questões ambientais, pois a respondeu:
mesma possui filhos de santo que são
É você não deixar sua casa, sua
acadêmicos e esses passam a ela um roça, o espaço aonde você vive,
sujo e maltratado. É cuidar de
pouco da noção das coisas, no entanto,
tudo aquilo que você usa e sabe
quando se aprofundou a conversa a nível que são os inkisses! É colher uma
folha para fazer um banho, mas
religioso, Mãe Rosa demonstrou possuir
pegar uma quantidade que não
significativo conhecimento sobre a maltrate a planta e a deixe
continuar vivendo (informação
relação do candomblé com a natureza,
verbal).
respondendo em quase todas as
Da nação Ketu, a entrevista,
perguntas que a importância de um meio
realizada em Novembro de 2013, com o
ambiente equilibrado é total para o
proposito de analisar de forma empirica,
desenvolvimento da religião, pois os
se, de fato, o candomblé possui relação
orixás são a própria natureza (MARTINS,
com a educação ambiental e qual o nível
2015, p. 122).
de compreenção de uma líder religiosa
do Candomblé quanto as questões e

7 conceitos da área ambiental? Foi


Segundo os fundamentos do Candomblé Orum é
o mundo espiritual.
8
Termo utilizado na língua Iorubá para sacerdotisa
9
da religição Candomblé, das nações Jeje-Nagô e Termo utilizado na língua Bantu para sacerdotisa
Ketu. da religição Candomblé, da nação Angola.
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realizada com a Iyalorixá Virginia entende-se, que a falência dos


Lunalva (Ominisaá). Com esta, por sua elementos naturais resulta em falência
vez, a entrevista foi um pouco mais espiritual e religiosa, o fim de tudo.
demorada, pois a mesma além de já De maneira geral, todas as
desenvolver projetos com a sua ONG entrevistadas demonstraram possuir a
Aciyomi, também é envolvida com uma noção de que o meio ambiente está
série de conselhos e grupos de trabalho, diretamente relacionado aos Orixás, ou
que envolve as causas das Comunidades seja, independente da nação os Orixás
Tradicionais de Terreiro, dessa forma são a própria Natureza e para
trouxe uma gama de conhecimentos não desenvolver a religião é preciso haver
somente sobre os fundamentos da um meio ambiente equilibrado. Mãe
religião, mas também como a mesma se Nalva destacou em sua fala:
desenvolve atualmente. Para Mãe Nalva,
O culto aos orixás tem muita
Educação Ambiental no candomblé é fundamentação capaz de
responder às necessidades da
Todo aprendizado desenvolvido conservação ambiental, e até
dentro dos Ilês (terreiros), é a mesmo de desenvolvimento
educação primaria que os sustentável e educacional,
iniciantes possuem, pois é através bem mais do que a forma
dessa educação que são passados capitalista desenvolvida
os valores que o candomblé atualmente (informação
desenvolve e assim desenvolvida verbal).
a noção do respeito que se deve
ter pela natureza como um todo A utilização dos recursos
(informação verbal).
ambientais nas práticas religiosas do
Além disso, Mãe Nalva ressaltou candomblé é de forma equilibrada e
que a forma de pensamento consciente, podendo caracterizar esse
desenvolvido pela noção de respeito do processo como um manejo sustentável10.
Candomblé pode ajudar na proteção do Cada elemento ou item utilizado nos
meio ambiente através da passagem de rituais representa um orixá: a terra, a
valores que ocorre no cotidiano dos água, as plantas, o raio, a chuva, todo o
terreiros onde são desenvolvidos o amor ciclo ecossistêmico é considerado
e o carinho que deve haver pelos orixás sagrado e ao fazer uso desses
e através desses sentimentos incutidos elementos, os iniciados recebem a
nos seguidores é desenvolvida a ideia de energia dos orixás, o axé, conservando e
que se deve proteger o meio ambiente. renovando a energia vital de si próprios
Ou seja, pelo importante papel que o e do meio (MARTINS, 2015, p. 119).
meio ambiente representa para a
espiritualidade afro-brasileira, a religião 10
Manejo Sustentável é a administração dos
deve torna-se responsável por estruturar recursos naturais e ambientais para obtenção de
benefícios econômicos, sociais e ambientais,
a conscientização. No candomblé respeitando-se os mecanismos de sustentação do
ecossistema.
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Banhos ritualísticos como os abôs vistas à conservação ambiental, visto


e amacis, por exemplo, utilizam as folhas que cada recurso existente na natureza
de plantas sagradas no candomblé, como representa um orixá e que deve ser
citado na entrevista pela Mametu preservado para manter a ligação com o
Nangetu, “no momento da coleta ao divino e assegurar de alguma forma a
invés da planta em si são retiradas subsistência no planeta.
somente a quantidade necessária de Traçada, então, uma linha de
folhas” (informação verbal), conservando raciocínio entre os assuntos e de acordo
desta forma, o princípio vital do recurso com a ideia passada pelas entrevistas,
ambiental. Este manejo garante a todos os orixás estão intimamente
utilização do recurso em momentos ligados ao meio ambiente, e à medida
diversos dos rituais. Este tipo de que se destrói um elemento da natureza,
manuseio pode ser considerado causa-se uma reação em cadeia que
desenvolvimento sustentável, o que na pode ser considerada como um castigo
cosmovisão africana, chama-se de dos orixás por tal violalção (MARTINS,
respeito. O culto aos orixás transmite 2015, p. 124). Dessa forma, é correto
uma coerência que é a de se relacionar pensar na possibilidade de conhecer os
com a natureza, produzindo a prática da princípios éticos e filosóficos do
conservação, através do sentimento de candomblé para fundamentar uma
pertencimento a natureza e não o de educação ambiental que contribua para a
posse. formação de uma consciência ambiental.
Fazendo um contraponto entre as Para Botelho (2008, p. 214), esta
informações obtidas na pesquisa e o que formação
vem a ser conservação ambiental ou da além de promover o respeito por
natureza segundo o Vocabulário uma prática sócio-religiosa her-
dada pelos negros e negras
Brasileiro Básico de Recursos Naturais e africanos e afro-brasileiras (as),
ainda pode facilitar aos educa-
Meio Ambiente, que diz: dores uma ação pedagógica mais
solidária em relação ao meio
Utilização racional dos recursos ambiente.
naturais renováveis (ar, água,
solo, flora e fauna) e obtenção
Santos (2007, p. 24), afirma que
de rendimento máximo dos não
renováveis (jazidas minerais), de a distinção reside em que as crenças são
modo a produzir o maior
benefício sustentado para as parte integrante da nossa identidade e
gerações atuais, mantendo suas
potencialidades para satisfazer
subjectividade, enquanto as ideias são
as necessidades das gerações algo que nos e exterior. Enquanto as
futuras (IBGE, 2004, p. 84).
nossas ideias nascem da dúvida e
Pode-se perceber que o permanecem nela, as nossas crenças
candomblé se encaixa nessa definição de nascem da ausência dela. No fundo, a
utilização racional dos recursos com

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distinção e entre ser e ter: somos as Cultura e natureza são indis-


nossas crenças, temos ideias . sociáveis e levando em consideração,
Outro fator muito citado nas por exemplo, as Comunidades Tradi-
entrevistas é a questão da cionais, que desenvolvem suas culturas
sustentabilidade que além de ser de de acordo com a Biodiversidade presente
grande importância ambiental também no seu território, na constituição dos
se caracteriza por um grande desafio, cultos do Candomblé elas são os
pois, há a necessidade de utilizar os elementos primordiais da construção da
recursos ambientais de forma racional, identidade cultural do povo de santo
para Leff (2001, p. 15), ela surge no brasileiro (MARTINS, 2015, p. 126).
contexto da globalização como marca de Desta forma, as práticas
uma transformação de pensamento e desenvolvidas pelo candomblé e a
sinal que reorienta o processo educação ambiental são o resultado de
civilizatório da humanidade. dois fatores: a complexidade do processo
A correta utilização dos recursos educativo presente na religião e a
naturais, com garantia do manejo e complexidade da teoria ecossistêmica
conservação, são práticas do candomblé relacionada de forma empírica aos
para que estes possam ser utilizados por orixás, onde se ambas forem analisadas
gerações futuras nos seus rituais e pela vertente pedagógica-ambiental,
possam manter o próprio orixá em seu resultaram em uma interessante
princípio vital. Afinal, este princípio rege concepção dita por Leff (2002), quando
não só os princípios e fundamentos da sugere que essa complexidade é o ato de
religião como também a vida dos seres apreender o mundo, como parte do
humanos pois é da natureza que é próprio ser de cada sujeito.
retirado todo o sustento da humanidade
(MARTINS, 2015, p. 125).
Dentro da visão apresentada
pelas entrevistadas podemos ressaltar
que o conhecimento trazido por elas pela
religião encaixa-se perfeitamente no que
Carvalho (2008, p. 38) diz quando
afirma que a educação ambiental é um
“campo de interações entre a cultura, a
sociedade e a base física e biológica dos
processos vitais, no qual todos os termos
dessa relação se modificam dinâmica e
mutuamente,” e dessa forma não pode
ser visto de maneira separada.
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3 Considerações finais

Nessa pesquisa foram Na cosmovisão africana a relação


relacionados com o Candomblé os três homem-natureza é simbiótica 11 , tal que
pilares da educação ambiental: um deve ser adaptado ao outro, e
sustentabilidade, complexidade, e através do desenvolvimento dessa visão
interdisciplinaridade. Essa nova proposta ocorre à conservação e a conscientização
encontra equivalência na fundamentação ambiental. Esse valor de pertencimento
e práticas do candomblé, que contribuem à natureza favorece a formação de uma
para a formação de um sujeito consciência ambiental, que compreende
ambientalmente consciente. Além disso, de forma empírica a multidimen-
12
as bases definidas no Tratado de sionalidade a sustentabilidade e a
Educação Ambiental reforçam a interdisciplinaridade essencial à
interação homem-natureza, interação mitigação13 da problemática ambiental.
essa já existentes nos cultos afro- No entanto, com a escravidão no
brasileiros que pode ser considerada Brasil, a cultura africana foi subjulgada e
uma identidade cultural, fator esse que subtraída, surgindo assim várias
confirma que estudos culturais e interpretações erradas, esses fatores
ecológicos além de possuirem certo grau provocam o medo, preconceito e até
de interligação se tornam um importante mesmo a negação da construção de uma
instrumento de analise da sociedade identidade brasileira com a cultura
conteporânea . africana, deixando excluídas, as
A ancestralidade está ligada à contribuições deste povo à sociedade
natureza nas religiões africanas, cuja como um todo.
herança transmite a reverência à O resgate da cosmovisão
“natureza” aos ritos das religiões afro- africana, neste momento de grande crise
brasileiras, constituindo responsabilidade ambiental, se faz muito necessário, pois
de seus adeptos. Mais do que presente traz contribuições do povo africano para
na natureza, os orixás são
11
Relação simbiótica é aquela relação mutuamente
transfigurações dos elementos naturais. vantajosa entre dois ou mais organismos vivos
de mesma espécie ou de espécies diferentes.
Esta relação favorece nos seguidores do 12
A palavra multidimensionalidade é a contração
de muitas + dimensões, que no espiritualismo se
culto um sentimento de pertença visto
refere aos planos terrenos ou espirituais
que para o Candomblé todos somos sobrepostos, dentro da vertente da Educação
Ambiental, pode ser definida como a forma mais
descendentes diretos dos orixás que nos correta de análise do meio ambiente, onde todos
os fatores que fazem parte do meio são
regem e assim devemos cultuar, amar e analisados de maneira interligada, onde possuem
influências diretas uns sobre os outros.
proteger nossos antepassados através de 13
Dentro do contexto ambiental, Mitigação é a
ação em um ambiente que consiste numa
suas representações na natureza. intervenção humana com o intuito de reduzir ou
remediar um determinado impacto ambiental.
Paralellus, Recife, v. 6, n. 12, p. 265-278, jan./jun. 2015.
~ 276 ~ Felipe Rodrigues Martins – Educação Ambiental e Candomblé...

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Recebido em 30/07/2014.
Aceito para publicação em 26/06/2015.

Paralellus, Recife, v. 6, n. 12, p. 265-278, jan./jun. 2015.

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