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Nouveau traité de l’accompagnement du clavecin, de l’orgue, et des autres

instruments
Par Monsieur de Saint-Lambert
Novo tratado de acompanhamento para cravo, órgão e outros instrumentos
Tradução de Anaïz Dessartre
TCC – UFPR

CAPÍTULO V – ​Do Movimento das Mãos​.


Há no Acompanhamento várias regras a observar no que diz respeito ao movimento
das mãos.
1. A primeira, que as mãos devem sempre fazer movimento contrário; quer dizer que
o Baixo subindo o acompanhamento deve descer, e o Baixo descendo o
acompanhamento deve subir.
Observamos isto para evitar que uma mesma Parte faça duas vezes seguidas a Oitava
ou a Quinta contra o Baixo, o que é absolutamente proibido.
2. A segunda regra é, que a mão direita deve sempre tomar os acordes no lugar mais
próximo àquele em que eles se encontram, e nunca procurá-los longe dela. Assim
acordes serão mal escolhidos, se estiverem na ordem seguinte.

Para acompanhar regularmente, deve-se escolhê-los da maneira a seguir.

Assim o acompanhamento faz sempre na progressão de seus acordes os menores


intervalos possíveis, não fazendo mesmo nenhum quando o Baixo pode permiti-lo,
como veremos no Capítulo seguinte.
3. A Parte superior do acompanhamento nunca deve subir mais alto do que o ​Mi da
última Oitava do Cravo, ou no máximo até o ​Fá​, de passagem; exceto quando o Baixo
torna-se Haute-contre: pois estão sobe-se ainda mais alto.
4. Quando o Baixo faz um grande intervalo dentro da progressão das notas, seja
subindo ou descendo, as duas mãos podem fazer movimentos semelhantes.
Os grandes intervalos são a ​Quarta​, a ​Quinta​ e todos os que vêm acima destes.
Os pequenos intervalos são a ​Segunda​, e a ​Terça​.
5. Ao ir-se para um acorde dobrado, ou ao sair ​dele, as duas mãos podem fazer
movimentos semelhantes, mesmo quando o Baixo só fizer um pequeno intervalo.
Exemplo.

6. No penúltimo acorde de uma Cadência, se a nota que faz a terça é a mais alta das
três, o acorde seguinte deve subir, esteja o Baixo subindo ou descendo.
Exemplo.

7. Quando as duas mãos se encontram tão próximas uma da outra que a direita não
pode fazer seu acorde de três notas sem que as duas mãos subam ao mesmo tempo;
fazemos então apenas duas notas, e aquela das três que suprimimos é a que faz a
Oitava contra o Baixo.
Exemplo.

Depois destes acompanhamentos de duas notas somente as duas mãos podem fazer
movimento semelhante; elas fazem mesmo por vezes obrigatoriamente, como na
segunda parte do exemplo acima; a menos que se façam logo em seguida vários
acordes de duas notas; o que é permitido.
8. Depois da quarta 4. a falsa-quinta 5. a sétima 7. e a nona 9. o acompanhamento
deve sempre descer, não absolutamente por todas as Partes, mas ao menos pela Parte
que faz um destes quatro intervalos.
Exemplo.

9. Depois do Trítono 4ӿ, a quinta aumentada [​superfluë]​ 5ӿ. A sexta maior cifrada 6ӿ,
e a sétima maior 7ӿ, feitos de passagem sobre uma nota de Baixo que permanece
estável; o acompanhamento deve subir, ou por todas as Partes, ou ao menos por
aquela que tiver feito qualquer uma destas cifras.
Exemplo.

Se no arranjo das Partes, aquela que faz a quinta aumentada [​superfluë​] se encontrar
como a mais baixa, ou aquela do meio, e não a mais alta como aqui acima,
desceremos o acorde seguinte, e não o dobraremos.
Exemplo.

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