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A FUNDAMENTAÇÃO KANTIANA
DO E S T A D O D E D I R E I T O
sofia política, que entende o contrato social como uma "associação para
defender a pessoa e a propriedade de cada membro, na qual, cada um,
unindo-se a todos, somente obedece a si mesmo e permanece tão livre
quanto antes" . Por isso, Kant enuncia também duas formas distintas de
2
'ROUSSEAU, J.-J. Discours sur l 'origine et !es fondements de i'inégalité parmi les
homines, p. 107.
2
14., Du contraí social, 1 V I . p. 522.
Philosophica, 24, Lisboa, 2004, pp. 5-20
6 Aylton Barbieri Durão
grupo de obras serve unicamente como fio condutor que indica como a
espécie humana deve sair do erro dos males gerados por sua própria
culpa, o que permite, no segundo grupo, constituído pelo Contrato social
e o Emilio, solucionar um problema mais complicado que consiste em
explicar como a cultura deve progredir para desenvolver as disposições
da espécie humana em um sentido moral, sem entrar em contradição com
seu sentido natural . 6
3
KANT, (. Kant: Antologia, p. 156.
4
Ibid., p. 157.
5
Id., Anthropologie in pragmatischer Hinsicht. IKW V I I I . p. 221.
6
Id., Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte. IKW VII. p. 334. Cf. também: Anthro-
pologie in pragmatischer Hinsicht, IKW VIII. p. 220-1 c Antropologia practica, p. 78.
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7
Id., Idee zu einer allgemeinem Geschichte in weitbürgerlicher Absicht. IKW IV. p. 151.
5
Ibid., 151.
9
Ibid., 159-60.
10
Id., Antropología practica, p. 74-5.
" Id., Idee zu einer allgemeinem Geschichte in weltbürgerlicher Absicht. IKW IV. p. 155.
8 Aylton Barbieri Durão
12
Ibid., p. 155.
1 3
Id., Zum ewigen Frieden. IKW V I . p. 452.
A fundamentação Kantiana ao cstaao ae uireuo
1 4
BAYNES, K. The normative grounds of social criticism, p. 12.
1 5
"As etapas naturais não coincidem com as específicas do estado civil, o que origina
uma antinomia do bem e do mar'. KANT, I . Antropologia práctica p. 76. Cf. também:
Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte. IKW IV, p. 334.
10 Aylton Barbieri Durão
1 6
Id., Antropologiapráctica. p. 75.
1 7
Id., Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte. IKW IV. p. 329.
18 Ibid., p. 66.
1 9
Id., Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. IKW V I . p. 237-8.
2 0
Id., Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte. IKW IV. p. 336 n.
2 1
Id., Antropologia práctica. p. 75.
2 2
"Não obstante, as incitações aos vicios - que costumam ser responsabilizadas - são em
si mesmas boas e adequadas enquanto disposições naturais, mas estas disposições são
prejudicadas pelo progresso, porque estão ajustadas, ao estado de natureza, até que o
aperfeiçoamento da cultura se torne novamente natureza: o que constitui o fim último
do destino da espécie humana" Id., Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte.
I K W IV. p. 335-6.
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2 3
Id., Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. IKW V I . p. 239-42.
2 4
Id., Antropología práctica, p. 75.
Ayiwn tsaroieri uurao
2 5
Id., Mutmaßlicher Anfang der Menschengeschichte. IKW IV. p. 338.
2 6
ROUSSEAU, J.-J. Discours sur ¡'origine et les fondements de l'inégalité parmi les
hommes. p. 107.
A fundamentação Kantiana ao tLsiaao ae uireito
2 7
Id., Du contrai social. 1 V I p. 522.
2 8
KANT, I . Über dem Gemeinspruch: das mag in der Theorie richtig sein, taugt aber
nicht für die Praxis. IKW V I . p. 380.
2 9
Id., Zum ewigem Frieden. IKW V I . p. 458.
3 0
Id., Kant: antologia, p. 95.
3 1
Id., Zum ewigem Frieden. IKW V I . p. 458.
3 2
Isso também é corroborado nas reflexões não publicadas por Kant sobre filosofia do
direito, onde nega que o contrato primitivo seja a origem, ou princípio do estabeleci-
mento ou o princípio de explicação, quer dizer, o princípio constitutivo fático do estado
civil, porque um príncipe usurpou o poder, instituiu o estado civil e utiliza o contrato
social como a regra para a administração do estado como um ideal da legislação, do
governo e da justiça pública com o propósito de implantar um estado perfeito indepen-
dentemente da opinião do povo. Id., Kant: antologia, p. 95.
14 Aylton Barbieri Durão
3 3
Id., Über dem Gemeinspruch: das mag in der Theorie richtig sein, taugt aber nicht für
die Praxis. IKW V I . p. 372.
34 Ibid., p. 381.
3
5 Id., Die Metaphysik der Sitten. IKW V I I . § 47. p. 122. *.
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3 6
Id., Über dem Gemeinspruch: das mag in der Theorie richtig sein, taugt aber nicht für
die Praxis. I K W V I . p. 381.
3 7
Ibid., p. 372.
3
« Ibid., p. 380.
3 9
Id., Die Metaphysik der Sitten. IKW V I I . § 44. p. 119.
Ib Ayuon tsaroieri uurao
objetos utilizáveis e haveria coisas sem dono ou res nullius. Mas, este
postulado é uma lei permissiva da razão e demonstra simplesmente que a
liberdade externa inata regula a forma de relação externa entre os
arbítrios de modo que o livre arbítrio de um pode se conciliar com o
arbitrio de todos os demais no uso de objetos externos. Contudo, o direito
privado não pode ser deduzido analiticamente da liberdade externa, mas
apenas sinteticamente, mediante a vontade unida do povo (contrato
originário): todos os homens estão originariamente na posse comum inata
do solo e manifestam a vontade de usá-lo, embora o antagonismo
recíproco que surgiria entre eles anularia todo o uso do solo se não fosse
permitida sua posse privada; então, o primeiro ocupante toma posse .de
um terreno particular por um ato do arbitrio privado, mas sua vontade
unilateral não pode garantir a posse, porque somente a vontade universal
pode gerar a obrigação para todos os demais de se afastar de seu terreno.
Por conseguinte, a posse jurídica de objetos do arbítrio só é possível
precisamente porque o contrato originário é uma idéia da razão com
realidade prática que orienta o comportamento externo dos arbítrios, mas
esta posse permanece provisória enquanto a vontade unida do povo não
se tornar efetiva no estado civil.
Por isso, Kant considera que o estado de natureza é um estado não-
-jurídico, no qual os ocupantes mediante seu arbítrio privado somente
possuem uma presunção de direitos, o que torna esses direitos privados
provisórios enquanto não se dispõe de todas as formas da justiça pública.
A justiça pública constitui o princípio formal que define a possibilidade
de uma relação entre homens segundo a qual cada um pode participar do
seu direito quando que este concorda com a vontade universalmente
legisladora. Há três formas da justiça pública, correspondentes respecti-
vamente à possibilidade, realidade e necessidade da posse dos objetos
externos do arbítrio: a justiça protetora (iustitia tutatrix), cuja lei enuncia
qual comportamento é internamente justo segundo a forma, uma vez que
o arbítrio de um pode se conciliar com o arbítrio de todos os demais, a
justiça comutativa (iustitia commutativa), que enuncia a lei que é externa-
mente legal segundo a matéria, o que determina a posse jurídica do objeto
externo do arbítrio, e a justiça distributiva (iustitia distributiva), que
enuncia a lei a partir da qual o tribunal pode emitir a sentença adequada
para um caso particular e, em conseqüência, o que é juridicamente cor-
reto . No estado de natureza somente se podem encontrar as duas
40
40/óíí/., § 4 1 . p . 112-3.
rUfiuumeniuçuv rtimttunu ao asiuuit ue utrcuu
4 1
Ibid., § 41. p. 112-3.
4 2
Ibid., § 41, p, 113.
4 3
ROUSSEAU, J. J. Du contraí social, 1 IX. p. 524.
18 Aylton Barbieri Durão
4 4
KANT, I . Die Metaphysik der Sitten. ÍKW V I I . § 42. p. 113-4.
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