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Modernidade – Notas de estudo

Seis conceitos centrais estão na base do que veio a ser conhecido


como "modernidade": (cf. Habermas, 1987)

1. a epistemologia racional crítica;


2. a "universalidade";
3. o ideal iluminista de progresso;
4. a diferenciação estrutural;
5. a integração funcional; e o
6. determinismo.

A modernização incorpora duas tradições que, em certa medida,


reforçam-se reciprocamente: 1. a corrente "emancipatória" e a 2.
corrente "tecnológica".

1. corrente emancipatória: Exemplo Revolução Francesa;


2. corrente "tecnológica: Revolução Industrial

Constituição dos saberes disciplinares

Segurança certeza, universalidade

Superação do pensamento religioso; dos dogmas para a verdade que se


constrói pelo uso da razão

o homem moderno, classificado como empreendedor, centrado na razão e no


discurso da ciência, promove um autocentramento no eu e na consciência e
teria, assim, essa condição modificada para um tipo de servidão agora
denominada de voluntária.

Estado moderno: Organização dos feudos para organização em Estados-


Nação. poder absoluto, que revelou ao mundo uma nova ordem: a dominação
sobre os homens deslocando-se do céu estrelado para o mundo sublunar.
A quebra do monopólio da Igreja Católica implicou a emergência de uma gama
de saberes que forçaram o homem a realizar sua filiação simbólica: a tradição,
marca do mundo medieval, proporcionava, de certa forma, uma possibilidade
de localização do sujeito, pois explicitava o que era esperado de cada um, de
acordo com seu lugar de nascimento. A religião, dominante, oferecia sentidos e
respostas para a vida e também para a morte e ainda orientava no que diz
respeito às escolhas morais. A modernidade destituiu Deus de algumas de
suas funções.

Reforma protestante: democratização do saber. Lutero: direcionava-se a um


retorno ao Cristianismo primitivo, não contaminado, e com alianças com o
poder profano. A consequência disso foi uma pluralização da verdade da fé.

Fim do escambo: Trocas mediadas pelas moedas; estabelecimento da


mercadoria com um valor diferente de seu uso através das relações
capitalistas.

Navegações: provocou certa relativização das convicções morais e sociais


europeias, devido à circulação das notícias da existência de outros povos que
se organizavam socialmente de forma diferenciada.

Individualismo: ênfase no indivíduo. [Homem vitruviano]

alçado à condição fundamental de medida de todas as coisas

Dadas a conjunturas sociais, políticas e uma economia capitalista que começa


a se desenvolver, é necessário que os homens sejam legalmente livres e
possam responder juridicamente pelos seus atos. Isso tem implicações para a
constituição de mão-de-obra, bem como para a incipiente construção de
consumidores.

Kehl (2002, p. 13) acrescenta que as sociedades ditas modernas enfatizam


como pilares a liberdade, a autonomia individual e a valorização narcísica, que
se constituem em novos modos de alienação e que orientam em direção ao
gozo e ao consumo. (FLECHA, 2011, p.32)
Autonomia dos sujeitos: autonomia que se exercita pelo uso da razão.

em uma sociedade na qual se valoriza a autonomia do indivíduo, o sujeito se


vê obrigado a recorrer e a referir-se a si próprio, imerso em uma busca
narcísica de perfeição e completude, evitando, dessa forma, um confronto com
sua condição de ser marcado pelo falta e pela castração, que impõem limites.

Autonomia que se

O corpo: ainda lugar de impulso, excesso e do desejo desmedido. Sanções


sociais são aplicadas; uma microfísica do poder se instala sobre os corpos, a
partir do exercício dos saberes disciplinares e das extensões dos braços das
instituições disciplinares (discursos da saúde – psicologia; da educação; do
direito); sem Deus para punir, o que passa a vigorar é uma renúncia de si pelas
vias da constituição de um imperativo moral da autonomia e responsabilidade
pelos seus atos. Tal imperativo viabilisa a renúncia de si por meio de uma
relação com a norma que o joga para o campo da vergonha, da imperfeição, da
falta. O descontrole é a falta de uso da faculdade da razão, arrastando os
sujeitos para o campo da loucura. Não mais o homem como imagem e
semelhança de Deus, mas como princípio racional, como ser que se diferencia
dos animais pela sua capacidade de uso da razão. Os apetites do corpo
continuam sendo lugar de expiação e expurgo da desordem, do caos, do
impuro, que mancha a racionalidade do homem.

Desenvolvimento tecnológico

Na modernidade, a tecnologia expressa três imperativos inevitáveis.


Primeiro, a tecnologia significa arregimentação numa escala jamais
vista, o que contrasta totalmente com a maioria dos ofícios pré-
modernos ou mesmo com as antigas atividades manufatureiras. O
trabalho e os trabalhadores devem ser arregimentados, disciplinados
e as tarefas transformadas em funções e integradas. A máquina
tornou-se a palavra-chave para a tecnologia moderna. A configuração
das fronteiras foi aqui central, estendendo-se à ciência, às disciplinas
científicas e à comunicação entre elas, na mesma medida que à
produção tecnológica. Segundo, a tecnologia estava ligada à ideologia
comteana do progresso científico e humano. Esse conceito de
progresso inevitável tinha sido inicialmente enunciado, no final do
século xviii, por Condorcet com referência ao conceito de progresso
humano; assim, a filosofia de Condorcet e de Comte fundiram-se
para tornar-se uma peça central da modernidade. Para Weber, esse
amálgama de progresso técnico inevitável, o qual se estende para
sempre e é fomentado pela força implacável da burocracia, aprisiona
o homem em sua "gaiola de ferro".

Desencanto. O desencantamento do indivíduo deriva da falta de


perspectiva, do fracasso ou da desesperança na felicidade devido a
certos progressos agressivos da máquina tecnológica. Porque a
espécie humana nunca pode esgueirar-se no passado, nem perscrutar
seu destino futuro, não há lugar seja para o desencantamento, seja
para a esperança perplexa. Terceiro, a tecnologia reduziu a margem
de liberdade do indivíduo. Embora a modernidade represente um
avanço nos direitos e deveres individuais, os espaços da liberdade e
da liberação estão limitados, na modernidade, pelos imperativos da
universalidade homogeneizadora, pela racionalidade inconstante e
pela integração e funcionalidade tecnologicamente impostas. A
obediência e o alinhamento constituem o âmago da hierarquia, a
qual, por sua vez, constitui o fundamento da burocracia tecnológica e
civil.

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