ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE por modificações ambientais
LEISHMANIOSES TENDO COMO associadas à migração humana de
VETOR PRINCIPAL áreas endêmicas para periferias FLEBOTOMÍNEOS (DIPTERA: urbanas, tem transformado cães PSYCHODIDAE) NO ESTADO DO domésticos e humanos em MARANHÃO: UMA REVISÃO. alternativas alimentares viáveis para os flebotomíneos vetores de Leishmania Visceral. Devido ao A Leishmania Visceral faz crescimento constante de casos de parte do grupo que detém as sete LV na América Latina, foi aprovado, endemias consideradas prioritárias no ano de 2017, o Plano de Ação de das ações de saúde no mundo, Leishmanioses nas Américas, tendo estando incluída ainda na lista de por objetivo reduzir sua doenças tropicais negligenciadas, morbimortalidade a partir da segundo a Organização Mundial da facilitação de diagnóstico, Saúde (OMS). O Brasil é tratamento, reabilitação, prevenção, responsável por 90% dos casos de vigilância e controle da infecção LV registrados na América Latina, (Michalsky et al., 2009). situando-se na terceira posição no ranking de países com maior Em estudo realizado em 1997 ocorrência no mundo, sendo a região foi constatada a evolução da LV na nordeste líder no número de casos Ilha de São Luís, mostrando que a notificados. No Estado do Maranhão letalidade hospitalar, anteriormente é considerada nosologia importante de 3,9%, situava-se em 6,7%, em desde 1982, ano em que se decorrência dos óbitos que estabeleceu como endemo- ocorreram nas residências de epidemia em São Luis, levando ao pacientes não notificados. Em 2002, registro total de 1089 casos de LV a equipe do Centro de Referência em 15 anos (Caldas AJM et al., em Doenças Infecciosas e 2015; Mendes WS et al., 2000). Parasitárias (CREDIP) da Universidade Federal do Maranhão Desde os anos 90, a fauna (UFMA), levantando os dados de flebotomínica do Estado do calazar encontrou uma letalidade de Maranhão, em especial a da 11,7%; no ano seguinte, o percentual Amazônia Maranhense e a da Ilha de de letalidade subiu para 12,5%. São Luís, vem sendo estudada, objetivando conhecer a fundo as A doença pode evoluir para diversas espécies de flebotomíneos formas graves e apresentar elevada e determinar quais seus agentes letalidade quando não tratada etiológicos mais frequentes das adequadamente. No Brasil, todo leishmanioses, onde se caso suspeito ou confirmado de LV é determinaram mais de quarenta notificado, obrigatoriamente a partir espécies de Lutzomyia (Rebêlo, J. da ficha específica para LV do M. M. et al., 1999). Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) devendo ser A crescente diminuição na completamente preenchida, e disponibilidade de animais encaminhada para a investigação selvagens, causada principalmente epidemiológica realizada em até 48 horas após a notificação do caso (Silva AR cols, 2008; Almeida CP cols, 2020). A falta de conhecimento referente as formas de transmissão e prevenção da doença configura fator predisponente em sua elevada incidência, como exposto em um estudo realizado em uma área endêmica do Equador, que constatou que a população conhecia a enfermidade, porém poucos sabiam que a transmissão ocorre por meio da picada de flebotomíneos. O flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, é considerado o principal vetor de LV, tendo relação direta com fatores climáticos, ambientais e sociais. (Lobo KS et al., 2013; Reis LL et al., 2019). O presente estudo tem por objetivo analisar o perfil epidemiológico de leishmanioses tendo como vetor principal flebotomíneos (diptera: psychodidae) no estado do Maranhão, bem como caracterizar as áreas de maior incidência de leishmania, verificar o nível de informação da população maranhense, quanto as leishmanioses e descrever as principais espécies de flebotomíneos responsáveis pelos casos da doença no Maranhão.